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Revista análise social, vol. XXV (105-106), 1990. (1º, 2º), 139-165.
José Machado salienta que havia uma visão criada pela mídia de massa como jovens
passivos e desencantados com o mundo, que saíram da realidade de socialização de
produção para a socialização do consumo, apegados aos fatos do dia a dia. De forma,
entende-se que se criou uma cultura juvenil baseada no senso comum, que se
popularizou negativamente, com isso os estudos em vez de analisarem a realidade,
tomam como medida esses dizeres como indiscutíveis.
Há uma representação social da juventude que funciona mais como um mito do que
como realidade. Por sua vez, a sociologia entra para reconstruir o conceito de juventude
a partir de uma percepção científica.
Neste ponto do texto o que o autor elenca são as duas concepções de juventude, uma
compreendida a partir do conceito etário, de igualdade, por que todos contemplam os
mesmos atributos, ou seja, possuem a mesma idade, são aqueles que se enquadram
dentro do espaço que cabe a população coloca entre a infância e a fase adulta
(homogênea). A segunda concepção, já assume um sentido contrário, o da diferença, são
jovens porque são diversos, alguns estudam, outros trabalham, uns vivem com os pais,
outros não, uns curtem funk, outros são religiosos, uns são de classe alta, outros da
classe baixa, e assim podem por formar pequenos grupos que se combinam entre si, mas
si divergem dos demais.
Não há, de facto, um conceito único de juventude que possa abranger os campos
semânticos que lhe aparecem associados (p.151).
Corrente geracional
De acordo com esta corrente, a transição dos jovens para a vida adulta encontrar-
se-ia sempre pautada por mecanismos de reprodução classista, não apenas ao nível da
divisão sexual do trabalho, mas também a outros níveis (p.157)
O «cabelo à punk», os «lábios pintados de roxo», os «medalhões» ou os
«remendos nas calças» seriam, nesta ordem de ideias, signos de «cultura juvenil»
utilizados para desafiar os «consensos dominantes», isto é, a ideologia dominante, das
classes dominantes
As distinções simbólicas entre os jovens (diferenças de vestuário, hábitos
linguísticos, práticas de consumo, etc.) são sempre vistas como diferenças interclassistas
e raramente como diferenças intra-classistas (p.158).
Esses processos (que afetam os jovens) têm também de ser compreendidos, por
exemplo, à luz das lógicas de participação ao nível dos diferentes sistemas de interacção
locais, através dos quais também se modulam e afirmam as suas trajectórias sociais
(p.160, parte em negrito adicionada por mim)
Conclusões