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SER ADOLESCENTE NO SÉCULO XXI


Marcelo Afonso Ribeiro
Maria da Conceição Coropos Uvaldo
Guilherme Fonçatti
Débora Amaral Audi
Marcelo Lábaki Agostinho
Yara Malki

Globalização, desenvolvimento de tecnolo- poucas referências e modelos, que, muitas


gias de comunicação e de armazenamento vezes, são confusos, ambíguos e contraditó-
de informações, mudanças sociais marcan- rios, e se vê compelido a praticamente criar
tes e flexibilização laboral geraram uma fra- referências e construir formas de ser em um
gilização das estruturas sociais vigentes com mundo contemporâneo caracterizado como
consequências diretas e profundas sobre as complexo, heterogêneo e flexibilizado.
pessoas e seus projetos de vida. A orienta- Quem são esses adolescentes de hoje?
ção profissional e de carreira, como área O que as pesquisas nos mostram sobre eles?
de pesquisa e atuação, defronta-se, nesse Lançado o desafio, este capítulo, longe de
cenário, com a premência de repensar suas oferecer uma resposta única e conclusiva,
teorias e práticas (Guichard, 2012), partin- tem como objetivo refletir sobre essa ques-
do necessariamente do entendimento não tão, apresentando, se possível, questões que
apenas dessas mudanças, mas, principal- possam auxiliar nas pesquisas e discussões
mente, do impacto delas nas pessoas. Nes- dos profissionais da área de orientação pro-
te capítulo, centraremos nossa atenção no fissional e de carreira.
adolescente, principal alvo de nossas prá-
ticas.
Ser adolescente no século XXI tem se EM BUSCA DO CONCEITO
mostrado um desafio importante para to- DE ADOLESCÊNCIA
dos: para o mundo adulto, no qual é neces-
sário lidar com padrões de referência e mo- Vários campos do saber, por motivos distin-
delos de ação no mundo muito distintos dos tos, dedicaram-se a compreender a adoles-
seus; para o Estado, que tem no adolescente cência e produzir teorias e conceituações,
um problema central em termos de forma- visando a elaborar definições que abranges-
ção, inserção no mercado de trabalho, se- sem a temática adolescente. Entre as quais
xualidade, saúde, segurança, consumo e fa- citamos: a ordenação jurídica e legal, co-
mília; e para o próprio adolescente, que tem mo o ECA (Estatuto da Criança e do Ado-
de lidar com um mundo adulto que lhe dá lescente), no direito; o estudo do desenvol-
14 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)

vimento biológico e psicológico individual Já Aberastury (1981) centra sua com-


na medicina e na psicologia do desenvolvi- preensão da adolescência como um perío-
mento; a tipificação dos jovens em grandes do marcado pela vivência de perdas e lutos
grupos homogêneos, como são as propos- gerados pelo desamparo da desidealização
tas da Geração Y (1980 a 2000) e da Gera- das figuras parentais e da ruptura da oni-
ção Z (2000 em diante), oriundas da admi- potência.
nistração; a compreensão da juventude co- Carvajal (1998) concebe a adoles-
mo grupo ou condição social, na sociologia; cência como um grupo de fenômenos que
ou como identidade e papel psicossocial, na eclode em um dado momento da vida até
psicologia social. a consolidação da vida adulta (definida pe-
Segundo Matheus (2007), etimologi- lo trabalho, pela independência e pela in-
camente, adolescência vem de adolescere, timidade). Caracterizada pelo enlace entre
que significa desenvolver-se, ou crescer, en- mudanças biológicas, psíquicas e sociais, a
tretanto, também guarda relação com addo- adolescência é uma etapa importante do
lescere, que significa adoecer. É devido a is- desenvolvimento e fundamental para os
so que se tem a ideia de crise para definir a processos de escolha profissional.
adolescência. Para esses autores, portanto, esse perío­
Na tradição mais biológica e psicoló­ do envolve uma grande crise, com desestru-
gica individual, a adolescência tem iní- turações e reestruturações de personalidade,
cio com a puberdade e se encerra com a principalmente no tocante à crise de identi-
possibilidade­de assumir papéis sociais adul- dade (necessidade de ser ele mesmo), à crise
tos. Além disso, ela é caracterizada pela uni- de autoridade (enfrentamento de normas ou
versalidade das transformações biológicas e imposição de modelos) e à crise sexual (po-
psicológicas. sicionamento sexual e de gênero) – sem esta-
Erikson (1976) define adolescência belecer faixas etárias determinadas.
como a transição da infância à vida adul- As ciências sociais têm abandonado
ta basicamente marcada por uma morató- a ideia de adolescência e utilizado o termo
ria psicossocial, ou seja, pela liberdade pa- juventudes, no plural, para indicar que não
ra experimentar livremente papéis sexuais, se trata de uma fase normativa do ciclo vi-
sociais e ocupacionais até definir-se. Consti- tal, nem estaria psicológica e biologicamen-
tui-se como uma crise normativa que ocor- te determinada. Contudo, a fase se confi-
reria entre os 12 e 18 anos, em que a pes- guraria como condições psicossociais de vi-
soa em desenvolvimento teria de resolver o da fortemente marcadas pelos backgrounds
dilema central entre construir uma identi- socioeconômicos e culturais da pessoa em
dade e viver uma difusão de papéis, sendo desenvolvimento e não obedeceria, obriga-
o modelo de construção identitária marca- toriamente, a uma cronologia de vida, nem
do pela escolha e a reprodução de referên- existiriam posições e conquistas sociais cla-
cias sociais (identidade como reprodução). ras, como anteriormente eram a formação
Knobel (1981) postulou a existência educacional e profissional, a inserção no
de uma “Síndrome da adolescência nor- mercado de trabalho e a constituição da fa-
mal”, na qual alguns padrões e comporta- mília, tornando a separação entre juventu-
mentos psicopatológicos são esperados e de e vida adulta mais complexa (Camarano,
considerados normais para a vivência da 2006; Coimbra, Bocco, & Nascimento, 2005;
adolescência e para a sua estabilização em Dayrrel, 2003; Guimarães, 2004; Organiza-
um momento de busca identitária, carga ção Internacional do Trabalho [OIT], 2009).
emocional intensa, autocentramento, an- A psicologia social, por sua vez, busca
gústia extrema e criatividade. relacionar a psicologia mais individual com
Orientação vocacional e de carreira em contextos clínicos e educativos 15

a sociologia e compreender como se proces- econômicas e culturais, não podemos ne-


sa a construção de si mesmo e a construção gar que parte da população não passa pe-
identitária nas variadas relações que cada los processos ou apresenta as característi-
jovem produz com o mundo. Tais relações cas descritas, sendo que, em alguns casos,
se dão a partir das referências legitimadas a passagem da infância para o mundo adul-
que o mundo disponibiliza para cada um e to ocorre diretamente (adolescência ampu-
que sofrem restrições e possibilidades so- tada, como denomina Carvajal, 1998). Con-
ciais, econômicas e culturais. Dessa manei- tudo, as mudanças sociais e o mundo do
ra, é possível afirmar que a adolescência é trabalho afetam a todos direta ou indireta-
mais construída do que psicológica ou bio- mente, de formas possivelmente diferentes
logicamente determinada, ou seja, o ado- e com menor ou maior intensidade.
lescente cria sentido sobre si e constrói um
lugar para si no mundo de referências so-
ciais (Bock & Liebesny, 2003; Bohoslavsky, ADOLESCÊNCIA NO SÉCULO XXI
1983; Dubet, 1998; Lehman, Uvaldo, & Sil-
va, 2006; Ribeiro, 2011). Atualmente, ser adolescente é viver em um
Por último, a administração e parte da mundo em transição, com variados mode-
psicologia organizacional e do consumidor los sociolaborais de referência para guiar a
têm produzido tipificações dos jovens em construção da vida, tanto aqueles mais tra-
grandes grupos homogêneos, como estraté- dicionalmente constituídos quanto os mais
gia de compreensão de suas vivências. Is- contemporâneos (Birman, 2006; Lehman
so resultou nas propostas da Geração Y, re- et al., 2006). Por exemplo, trabalhar, em
lativa aos nascidos entre 1980 e 2000, e a boa parte do século XX, se resumia basica-
atual Geração Z, relativa aos nascidos de- mente a ter uma boa formação, conseguir
pois de 2000, que, em sua grande maioria, um bom emprego e mantê-lo até o final
ainda não chegaram às universidades e ao da vida em uma situação que possibilitava
mundo­do trabalho (Ramos, Casa Nova, & certa previsão do futuro. No entanto, hoje,
Carvalho, 2012). além desses aspectos, trabalhar também é
Diante de um mundo flexibilizado, não ter clareza se a formação é suficiente,
complexo e heterogêneo, conforme ante- é mudar constantemente de emprego, tra-
riormente descrito, partilhamos da noção balho, cidade e, muitas vezes, de profissão
de que, independentemente de definirmos e nunca ter segurança, estabilidade e con-
como “adolescência” ou “juventudes” – o fe- tinuidade definitivas, como nos modelos
nômeno sobre o qual nos propusemos a fa- anteriormente predominantes, constituí-
zer uma reflexão –, o adolescente, ou o jo- dos ao longo do século XX (Castel, 2009;
vem, vive um momento marcado pela tran- Sennett, 1998, 2006; Touraine, 2006).
sição de modelos, no qual velhos modelos Além disso, não é somente na dimen-
ainda existem e novos modelos ainda não são do trabalho que mudanças acontece-
se consolidaram. Essa transição relega o su- ram, pois as referências de família, gêne-
jeito a experienciar desafios sociolaborais ro, sexualidade, formação, cronologia da
e culturais ambíguos e contraditórios que vida e modelo de vida adulta estão igual-
não guardam relação direta com os mode- mente flexibilizadas, o que coloca desafios
los adultos consolidados, gerando mais dú- enormes, tanto para os adolescentes quan-
vidas e incertezas do que garantias. Salien- to para os adultos. Isso ocorre porque os
tamos que, ao entender a adolescência ou primeiros não têm mais referências adul-
a juventude como um processo necessaria- tas se­guras e predominantes às quais se ba­
mente atravessado pelas condições sociais, sear na construção de suas vidas, ao mes-
16 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)

mo tempo em que os últimos não conse- oferecido múltiplas referências significa-


guem oferecer modelos aos adolescentes, tivas e legitimadas psicossocialmente pa-
ou seja, a estrutura social oriunda da tra- ra guiar a vida das pessoas, constituindo-
dição não responde mais totalmente à or- -se em verdadeiros outros generalizados,
ganização e nor­matização da vida sociola- ou referências múltiplas e plurais. Des-
boral (Birman, 2006; Duarte, 2009; Lipo- sa forma, não existe plenamente uma úni-
vetsky & Serroy, 2011). ca ­referência a seguir devido ao reconhe­
Essa situação promove, por um lado, cimento social de mais de uma referência
uma situação de sofrimento e angústia pe- como legítima e aceita, o que torna a ta-
la falta de referências, mas, por outro la- refa de transição para a vida adulta mais
do, propicia um espaço maior de abertura complexa.
e criação, em termos psicossociais, princi- No campo do trabalho, por exemplo, a
palmente para os adolescentes (subjetivos, tarefa básica, para o adolescente, era esco-
identitários e sociais). Isso tudo é muito dis- lher um curso de formação (técnico ou su-
tinto da tradicional reprodução de modelos perior, dependendo de suas condições so-
adultos, configurada basicamente ao lon- cioeconômicas) e conseguir e manter um
go do século XX (Giddens, 2002; Ribeiro, emprego na sua área de atuação. Atualmen-
2014; Silva, 2005). te, esse modelo ainda é vigente, entretan-
George Mead, importante pensador to, não se configura como modelo predomi-
do campo da psicologia social, postulou, nante, nem como o mais valorizado social-
nos anos 1950, que a base para a constru- mente, pois concorre com outros modelos
ção de si, em termos da subjetividade, das que falam sobre a insuficiência da forma-
identidades construídas e dos papéis sociais ção para a atuação no mercado de traba-
incorporados, seria o outro generalizado. Es- lho, a necessidade de aprendizagem contí-
se conceito pode ser entendido como o mo- nua e a mudança constante, a relativa des-
delo de referência adulto ao qual a pessoa cartabilidade das pessoas, a existência e a
em desenvolvimento deveria se basear pa- consolidação de outras formas de vínculo
ra a construção de si e de suas ações no ao mercado de trabalho (terceirização, te-
mundo, marcado pela ordem social vigente letrabalho, microempreendedorismo indi-
e que demandava uma reprodução de mo- vidual) e a demanda pelo desempenho de
delos para o reconhecimento de si (Mead,­ várias funções em vários locais de trabalho
1953), sendo que tudo que não obedecia simultaneamente (polivalência e multifun-
claramente a esses modelos era considera- cionalidade). É esse contexto sociolaboral
do desviante (Becker, 2008). que o adulto não compreende plenamente
O reconhecimento de si como adulto, nem consegue contribuir como modelo pa-
por exemplo, se dava a partir da conquis- ra o adolescente (OIT, 2009; Ribeiro, 2014;
ta de realizações e posições sociais crono- Sennett, 2006).
logicamente determinadas, ou seja, a pas- Assim, diante desse breve quadro
sagem da adolescência para a vida adulta apresentado, a própria compreensão da
acontecia, progressivamente, pela finaliza- adolescência se torna complexa, e conceitos
ção da formação educacional e profissional, e teorias têm sido problematizados, entre
pela obtenção de um emprego e pela consti- eles a questão de devermos ou não pensar
tuição da própria família, conferindo ao su- em adolescência da forma como é classica-
jeito independência e lugar social próprios mente postulada na psicologia. A adoles-
(Calligaris, 2000; OIT, 2009). cência, para a psicologia, é uma fase nor-
Malo (2007), atualizando Mead (1953), mativa do ciclo vital psicológica e biologi-
aponta que o mundo contemporâneo tem camente determinada, marcada por crises,
Orientação vocacional e de carreira em contextos clínicos e educativos 17

principalmente sexuais e identitárias, en- da e indefinida. As consequências diretas


tre elas a crise vocacional e ocupacional disso são a desvalorização da maturidade e
(Bohoslavsky, 1977). Esta última teria co- da velhice, entendidas como diminuição da
mo principal função a preparação para a vi- produtividade ou estagnação, e o encurta-
da adulta, como definiram autores clássicos mento da infância e da velhice.
da temática adolescente (Aberastury, 1981; A luta contra a passagem do tempo é
Erikson, 1976; Knobel, 1981). uma das características marcantes em nos-
sa sociedade – o corpo moldado em aca-
demias, cirurgias rejuvenescedoras, padro-
O QUE É SER ADOLESCENTE nização da forma de se vestir (as crianças
NO SÉCULO XXI? sendo vestidas como adolescentes precoce-
mente e a ausência quase absoluta de rou-
Para responder a essa pergunta, apresen- pas desenvolvidas para a chamada terceira
taremos e discutiremos o pensamento e idade). A consequência disso para o mundo
propostas de alguns autores contemporâ- do trabalho é clara.
neos acerca da experiência de ser adoles- O tempo cronológico e as marcas da
cente no século XXI, sintetizados em cinco­ maturidade e da velhice devem ser apaga-
eixos: dos, e o desenvolvimento, parado. Em con-
trapartida, o desenvolvimento tecnológico
1. crise do mundo adulto; propõe um tempo presente absoluto – não
2. impulsividade e falta de limites; é necessária a espera, pois a informação é
3. individualização da vida; instantânea. As relações podem ser media-
4. multiplicidade de referências legitima- das pelo computador, pelas redes sociais; as
das; informações e as relações são virtualizadas,
5. dificuldade de se projetar no futuro. ou seja, se tornam não presentes, subme-
tendo a narrativa à prova de uma unidade
de tempo sem unidade de lugar. Dessa ma-
CRISE DO MUNDO ADULTO neira, essa nova configuração de tempo-es-
COMO MODELO: INDEFINIÇÃO paço produz uma nova construção da sub-
DO QUE É SER ADOLESCENTE jetividade.
E DO QUE É SER ADULTO Nesses moldes, para Calligaris (2000),
a adolescência deve ser concebida como
Um aspecto a ser considerado nesta refle- tempo de suspensão na tentativa de tornar
xão é a supervalorização da chamada juven- o adolescente independente, que tem condi-
tude nas sociedades capitalistas atuais. ções de ser adulto, mas não está autorizado
­Juventude hoje é um bem a ser manti- psicossocialmente a sê-lo, ou seja, um tempo
do e cultuado e, portanto, a ser prolongado, de transição com duração desconhecida, ge-
com o auxílio das conquistas da medicina, rador de frustação pela moratória e a impo-
que aumentaram significativamente o tem- sição de uma felicidade pela idealização da
po e a qualidade de vida. adolescência. No entanto, a questão central
Birman (2006, p. 25) aponta que a não é quando começa a adolescência, e sim
temporalidade da juventude modificou-se quando se sai dela, pela resposta à pergun-
de forma significativa, então, “. . . seja na ta dirigida aos adultos: “O que eles esperam
transformação da infância que a precede, de mim?” (Calligaris, 2000, p. 23).
seja na vida adulta que a sucede”, gerando As dúvidas quanto à resposta certa pa-
um alongamento da adolescência, por seu ra essa questão trazem insegurança, tentati-
início antecipado e sua finalização estendi- va de interpretação do mundo adulto e con-
18 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)

tradição, pois os adultos querem que o ado- que são redirecionados aos jovens. Dessa
lescente seja autônomo (exigência de ter maneira, é trazida, então, uma das questões
uma posição social de destaque), mas lhe já postuladas: o que diferenciaria o adoles-
recusam a autonomia; querem que tenha cente do adulto na atualidade?
sucesso social (exigências de performan- As diferenças estão cada vez mais di-
ce), mas postergam essa situação para que fusas, mas há uma característica que parece
ele possa se preparar melhor. Além disso, aproximar os dois momentos de vida com
não fica claro se desejam que o adolescen- impactos distintos para ambos: uma dificul-
te aceite ou desafie a moratória imposta, o dade enorme de compreender o que o mun-
que traz outra questão importante: como do deseja e, consequentemente, como agir
conseguir ser reconhecido e admitido como no mundo, a partir de escolhas e projetos, e
adulto? Afinal, o principal objetivo da ado- como se projetar no futuro.
lescência ainda se configura como o desejo No jovem, a falta de parâmetros cla-
de ser adulto. ros gera a busca mais individualizada da
O problema atual, já postulado, é que construção identitária e do lugar no mun-
os adultos oferecem referências e modelos do, marcando uma dificuldade de fortale-
ambíguos, imprecisos, múltiplos, difusos, cimento identitário pela falta de reconheci-
heterogêneos e contraditórios, dificultando mento do outro significativo. Além disso, a
muito a resposta à pergunta colocada por ação sobre o mundo por meio da estratégia
Calligaris (2000, p. 23): “O que eles espe- impulsiva de tentativa e erro redunda em
ram de mim?”. falta de limites.
Ao mesmo tempo, uma parte dos ado- No adulto, há a emergência de crises
lescentes vive uma falta de limites, com o mais frequentes pela dificuldade de com-
declínio da autoridade parental e dos inter- preensão dos critérios para ser desejável e
ditos próprios desta e dos representantes invejável e por movimentos complicados,
paternos, e uma cobrança para seguirem como a tentativa de voltar, concretamen-
as normas sociais, por exemplo, ter sucesso te, a ser jovem. Isso configura um dos gran-
profissional; ou os jovens são supercuida- des problemas atuais: se o dever dos adul-
dos e, ao mesmo tempo, deixados à deriva, tos é envelhecer, o que acontece quando o
em uma economia dos cuidados igualmente ideal dos adultos é rejuvenescer? Assim, a
ambígua, segundo Birman (2006). ação no presente e a projeção para o futuro
Para Calligaris (2000), no contexto di- tornam-se uma ação complexa e enigmática
fuso atual, haveria duas qualidades subja- para o jovem, pois não há referências clara-
centes importantes postas ao adolescente mente colocadas como predominantes, em-
pelo mundo adulto: ser desejável e ser inve- bora coexistam no mundo atual desde mo-
jável. Em outras palavras, um adoles­cente delos tradicionais que garantem segurança,
deve enfrentar dois pontos centrais na sua estabilidade e uma referência clara a seguir
vivência atual: o sucesso nas relações amo- até modelos mais abertos e flexíveis (Ribei-
rosas e sexuais e a conquista do poder, o ro & Uvaldo, 2011).
que o levaria às crises contemporâneas, in- O adolescente, então, vê-se diante da
tensificadas pela enorme exposição a que impossibilidade de definir o que é ser adul-
estão submetidos nas redes sociais virtuais. to, pois há várias formas socialmente legi-
Vale salientar que esses também são timadas de ser adulto hoje em dia, muitas
dois objetivos centrais para os adultos, que delas não conhecidas ou reconhecidas pelos
igualmente enfrentam dificuldades para próprios adultos, que são referência presen-
compreender e alcançar tais ideais sociais, te direta para esses adolescentes.
Orientação vocacional e de carreira em contextos clínicos e educativos 19

O que nos traz novamente a questão: (passado, presente e futuro), do


O que é ser adulto na contemporaneidade? ponto de vista do sujeito, o tempo
Reações comuns a essa situação, por não é uma sucessão ordenada, mas
parte dos adultos, corporificam-se na restri- uma dimensão de certo modo ‘cons-
truída’ a partir de cada presente.
ção e no engaiolamento espacial dos filhos
como estratégia de proteção, o que oca­
siona ausência de convívio com outras pes- A percepção subjetiva do tempo, como
soas nos espaços públicos, a fim de evitar vem ocorrendo desde o início do século XXI,
contato com modelos sociais não reconheci- tem sua forma pautada pela urgência: é ne-
dos. Exemplo disso é a autorização dos pais cessário assimilar a novidade de forma rápi-
para que os filhos permaneçam na casa pa- da, mesmo que esta venha incessantemen-
terna, com a devida proteção, mas com a te, pois há uma promessa de que aí haveria
ativa vida sexual de adultos. formas instantâneas de satisfação. A media-
ção tecnológica das relações está cada vez
mais presente nesse processo, o que, por
Impulsividade um lado, acelera oportunidades de conta-
to e facilidade de acesso, mas, por outro, to-
Ramos e colaboradores (2012) re­ferem que ma o lugar outras formas de relacionamen-
a impulsividade e a baixa tolerância à frus- to entre pessoas e ideias, pessoas e seus so-
tração seriam características entre os jovens nhos e projetos e pessoas entre si.
nascidos de 1980 a 2000, nomeados de Ge- Essa temporalidade, marcada pela­
ração Y, características analisadas por Ou- urgência notória entre os jovens e adoles­
teiral (2003). O autor afirma que, ao lon- centes, torna essas outras formas de expe­
go do século XX, o modelo de ação sobre o riência que não são caracterizadas pela
mundo era marcado pela lógica de IMPUL- pressa nem pela velocidade desvaloriza-
SO-PENSAMENTO-AÇÃO, ou seja, havia das. São cada vez mais raras as oportuni-
uma intermediação social das referências dades que os jovens têm de vivenciar ou-
incorporadas pelos adolescentes que os le- tras formas de se relacionar com o corpo,
vavam a agir a partir de parâmetros social- com as ideias e com os outros que não se-
mente configurados que nem sempre garan- jam as das sensações momentâneas e das
tiam sucesso ou desejo atendidos de forma percepções e decisões instantâneas (Kehl,
imediata. Por exemplo, no mercado de tra- 2009).
balho, as promoções eram conquistas que Essa forma de estar no mundo e nas
demandavam muito tempo e investimento relações valoriza cada vez mais o produto
e poderiam não acontecer. em detrimento do processo, em uma tenta-
O tempo, ou, na verdade, a percep- tiva de antecipar os resultados. É como se o
ção subjetiva do tempo, sempre foi uma das viver fosse um presente absoluto, pois, se o
questões importantes a serem considera- sujeito não passar pelo processo, o passa-
das em qualquer orientação profissional e do torna-se descartável, uma vez que se tem
de carreira ou mesmo em qualquer trabalho a sensação de que ele não está exatamente
com adolescentes, pois, como pondera Bo- direcionado ao resultado. Portanto, o futu-
hoslavsky (1977, p. 99), ro, que seria o produto do processo, “esgo-
ta-se no instante seguinte”, convocado a se
. . . embora, como observadores ex- tornar presente o quanto antes. Sem algu-
ternos, possamos analisar a dimen- ma experiência de processo, o envolvimento
são temporal em três momentos subjetivo e o trabalho psíquico dos jovens –
20 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)

fundamentais para a orientação profissional Individualização da vida


e de carreira – ficam empobrecidos. “Desli-
gado o fio que ata o presente à experiência Esse modelo da tentativa e erro de ação so-
passada, como se voltar ao futuro?” (Kehl, bre o mundo, bem como a falta de referên-
2009, p. 168). cias claras sobre o que é ser adulto, faz com
Outeiral (2003) aponta que a configu- que o adolescente, muitas vezes, se veja so-
ração contemporânea de ação sobre o mun- zinho diante dos desafios e das tarefas im-
do se dá pelo modelo IMPULSO-AÇÃO, ou postas pelo mundo. Somam-se a isso, se-
seja, a tolerância à frustração e a posterga- gundo Birman (2006), uma vivência de
ção ou compensação dos desejos parecem maior solidão na família, pela diminuição
não ser possibilidades aos adolescentes que da quantidade de irmãos, por ter pais sepa-
buscam recarga imediata dos impulsos pa- rados e pela agenda intensa de todos. Além
ra novos investimentos. O tempo de espera disso, o autor ressalta que os pais passaram
para as realizações mostra-se curto e, dian- a se dar o direito de ter projetos existenciais
te de impossibilidades, o sujeito decide-se próprios, independentes do projeto familiar.
mais por mudar do que por investir forte- Tudo isso contribui para a vivência do
mente no desejo que demorará a se reali- individualismo negativo, no qual há uma
zar. No mesmo exemplo antes colocado, no priorização de valores e projetos individuais
mercado de trabalho, as promoções preci- sobre os coletivos pela falta ou ambiguida-
sam ser conquistas rápidas, caso contrário, de das referências sociais, o que pode gerar
o adolescente pode mudar de trabalho em as características, comumente atribuídas à
busca dessa rapidez na conquista, sem mui- Geração Y, de desejo de liberdade em tudo
to tempo e investimento para que isso acon- que se faz, afirmação das vontades e a cus-
teça. tomização do mundo, obtendo dos meios o
Outeiral (2003) e Tapscott (2010) que deseja (Ramos et al., 2012).
complementam que a velocidade dos ga- Essa situação acontece, também, em
mes e das comunicações virtuais propor- função da perenidade das conquistas, tor-
cionadas pela tecnologia desponta co- nando tudo muito transitório, sendo essa a
mo a forma predominante de ação sobre característica central da vida: mas como fi-
o mundo, ou seja, os adolescentes agem ca a necessidade de segurança e constância
com impulsividade e, dessa forma, têm, que a psicologia sempre colocou como im-
como principal estratégia de ação, o mo- portante para a manutenção da vida?
delo da tentativa e erro, em vez de inves- Isso traz novamente a questão: o que
tir tempo e dinheiro em espaços de apren- é ser adulto? Esse movimento de individua­
dizagem formal para essas situações. Esse lização da vida e de desejo de liberdade, pre-
processo deixa-os, muitas vezes, sozinhos conizado como característico da Geração Y,
para tomar decisões e fazer escolhas, re- seria mesmo emblemático dos adolescentes
dundando em uma individualização da vi- contemporâneos ou seria a possibilidade de
da, não por opção, mas por falta dela. Is- existir diante da falta de referências claras?
so é o que Castel (2009) chamou de in-
dividualismo negativo, definido como um
individualismo pela desagregação das re- Multiplicidade de
ferências coletivas, e não por uma afirma- referências legitimadas
ção de si sobre a sociedade, ou seja, um
individualismo em função do enfraqueci- A multiplicidade de referências legitimadas
mento ou da perda das referências socio- traz uma possibilidade de abertura e cria-
laborais. ção para o adolescente, sendo a criativida-
Orientação vocacional e de carreira em contextos clínicos e educativos 21

de e a inovação também colocadas como ca- uma mudança radical na contemporaneida-


racterísticas comumente atribuídas à Gera- de, pois, de forma contrária ao projeto so-
ção Y (Ramos et al., 2012). Entretanto, isso cial configurado ao longo do século XX, a
deixa o adolescente, como discutido na se- supervalorização do futuro tem cedido lu-
ção anterior, perdido no mundo, sem refe- gar ao superinvestimento no presente, e,
rências, o que tem trazido impactos sociola- em curto prazo, há uma preocupação pre-
borais importantes, na carreira e na trajetó- coce com o futuro, conforme aponta Birman
ria de formação. (2006). Além disso, há uma vivência no
Guimarães (2004) aponta que há presente com grande dificuldade de proje-
uma mudança no sentido do trabalho pa- tar o futuro, devido à ambiguidade das refe-
ra o adolescente, passando de um valor éti- rências e dos modelos adultos disponíveis.
co central, como foi para o mundo adulto, Dessa maneira, pensar a adolescên-
ao longo de quase todo o século XX, para cia do século XX era concebê-la como proje-
uma preocupação e uma demanda impor- ção da vida adulta futura, mas, agora, tam-
tante, mas não central, pois bém devemos olhar para a experiência de
vida adolescente presente, pois, antes, seu
. . . sua centralidade não advém de investimento era concretizado no futuro,
seu valor ético, e sim de sua urgência mas, agora, ele também precisa realizar-se
como problema, ou seja, o sentido no presente para poder ter algum futuro,
do trabalho seria antes o de uma de-
em função, por exemplo, da impulsividade
manda a satisfazer que o de um va-
lor a cultivar. (Ribeiro, 2011, p. 62). adolescente e da cobrança precoce por par-
te dos adultos. Se a adolescência era a pre-
O trabalho seria, basicamente, uma ati- paração para os papéis sociais adultos, pa-
vidade para resolver necessidades de sobre- rece que, agora, as coisas têm acontecido si-
vivência e uma possibilidade de fazer víncu- multaneamente.
los sociais, característica mais importante.
Além disso, há uma mudança no sen-
tido da educação que, para muitos, seria
Proposta de orientação
apenas uma autorização para pleitear uma profissional e de carreira
vaga no mercado de trabalho, mesmo por-
que os principais requisitos apontados pa- Diante desse cenário de falta de referências
ra o sucesso no trabalho estariam relaciona- e de uma realidade efêmera e instantânea,
dos mais às características pessoais do que à como a orientação profissional e de carrei-
formação educacional – que é um dos atuais ra pode auxiliar esses adolescentes/jovens
discursos sociais ambíguos, pois a qualifica- em suas escolhas e trajetórias profissionais?
ção formal ainda é condição básica para in- Um desafio que se coloca para a orien-
gresso e ascensão no mercado de trabalho. tação profissional e de carreira e para os
Essas duas características da constru- orientadores profissionais do século XXI é o
ção de si no mundo também impactam a de não formatar a sua prática à temporali-
projeção de si no futuro, como veremos a dade contemporânea, apressada e atropela-
seguir. da, que desvaloriza a duração do tempo de
compreender, em nome de uma busca por
resultados, que, sem as condições que uma
Projetos de futuro experiência de processo produz, não se sus-
tentam.
Lipovetsky e Serroy (2011) dizem que a Assim, o objetivo de uma orientação
projeção da vida em direção ao futuro teve profissional e de carreira deve ser auxiliar
22 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)

o jovem na construção de si no mundo por REFERÊNCIAS


meio de um projeto. O projeto é composto
por uma articulação das escolhas que a pes- Aberastury, A. (1981). O adolescente e a liberdade.
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