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INTRODUÇÃO
O presente ensaio objetiva escrever sobre o jovem e sua jornada por protagonismo no
mundo. Ao iniciar a minha jornada pela escrita tomei contato com um artigo jornalístico do
portal Terra que intitulava: “Waka Waka” na Maré: o influenciador Raphael Vicente recria hit
de Shakira para copa. O artigo apresenta o esforço do Raphael em juntar a comunidade da
Maré e gravar o vídeo, com a coreografia da música da cantora e fez sucesso instantâneo na
internet. Ele desabafa: Eu nunca chorei tanto como estou chorando, por causa desse vídeo. A
gravação, a repercussão, os comentários. Nessa semana a Maré teve uma das operações
policiais mais violentas e só tinha isso nas mídias. Poder trazer a real imagem daqui com
esse vídeo é muito importante. Antes de continuarmos vamos contextualizar quem é Raphael.
Morador do complexo da Maré, conjunto de favelas do Rio de Janeiro. Raphael Vicente
acumula cerca de 3 milhões de seguidores no Tic Toc, rede social que o tornou famoso ao
compartilhar conteúdo que produziu ao lado de sua família. Com dose de bom humor,
criatividade e uma pitada de sorte, Raphael se destacou no universo da internet.
Raphael é exatamente o repŕesentante do perfil de jovens que (Oliveira, 2006)
considera que devem ser valorizados mais como produtores, que consumidores de bens
culturais, e iremos recortar o enfoque do acesso a cultura como tema deste texto acadêmico.
DESENVOLVIMENTO
Para alguns autores, situar os adolescentes sobre seu enfoque psicobiológico é tão
importante para compreender as transformações e oferecer suporte às angústias e dilemas do
adolescente, quanto para a família. Neste grupo de autores situou a autora Lídia Rosenberg
Aratangy que assegura que a adolescência se inaugura com a descoberta da solidão (2010,
74). Mas o “estar só” significa estar consigo mesmo, com seus desejos, inquietações,
aspirações e memórias; é uma solidão fecunda.
1
Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica (IFMT), na linha de pesquisa em práticas educativas em
educação profissional e tecnológica (EPT). Especialista em Gestão Pública (UFMT). Tecnóloga em Gestão de
Recursos Humanos (UNOPAR) Atualmente é Servidora do IFMT .
Adolescente pode ser definido sob diversos aspectos, desde o técnico científico da
organização mundial da saúde OMS que define adolescente como ser de 15 a 19 anos cujos
processos biológicos, orgânicos e de estruturação da personalidade estão em
desenvolvimento, até o aspecto jurídico e de direitos humanos que consideram adolescente a
pessoa de doze anos (completos) até dezoito anos, do estatuto da criança e do adolescente
ECA. Considerando que o adolescente, no contexto escolar é mais que um ser psicobiológico
em ação, perdido no tempo entre a ingenuidade da infância e sensatez da maturidade, cujo
frenético desenvolvimento orgânico e cognitivo está em curso, decidimos para oportunizar ao
ensaio um enfoque mais amplo do público em foco, e denominá-los de jovens.
Os jovens, em nossa sociedade, propensa a julgar o que vê pela frente, não está imune
às interpretações crivadas de senso comum, como por exemplo que o jovem é apático,
descompromissado ou mesmo alheio a realidade, imersos em “coisas de jovens”, como se,
nesta fase da vida fossem mais criança que adulto, sem situá-los na fase em que se encontram
realmente, de efervescência, e não somente de hormônios. É na juventude que passamos a
enxergar o mundo e buscar a interligação e a significação do mundo do eu no mundo do
outro, para Severino (2001) a presença do jovem no ensino médio clareia as mediações
históricas no qual ele está inserido e as necessidades da formação para o trabalho, para a
participação social e na vida cultural. Para o autor é a educação que media a concretização da
existência. A compreensão do jovem como uma construção histórica, mais que simplesmente
o adolescente, reduzido aos aspectos biológicos típicos desta fase da vida, é uma aparição
recorrente em artigos sobre a juventude em suas dimensões do trabalho, escola e cultura.
O TEMA DE PESQUISA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre o tema, fui tragado de volta às minhas memórias juvenis, no interior
do estado de Mato Grosso, da década de 80. Estranhamente similar o contexto da juventude
da periferia das grandes Metrópoles atualmente, e da interiorana cidade mato grossense
guarda grandes diferenças e algumas similaridades. Não havia acesso à cultura. A dança, a
música, o teatro, tudo eram vistos com maus olhos pela sociedade da época. A única
lembrança que tenho é dos desfiles de 7 de setembro. A prática esportiva e os jogos de futebol
eram considerados satânicos. Considero que a ausência da arte, na construção da minha
identidade juvenil, mediada pela cultura, fez-me muita falta. Consigo sentir o buraço cinza e
vazio, em minha alma. Enxergo que o estado brasileiro evoluiu muito em espaço, políticas
públicas e condições de oferecer ao jovem a oportunidade de acesso à educação e a cultura, no
entanto, não foi um avanço uniforme, pois exclui grande parte dos jovens que cujos territórios
de origem são periféricos ou rurais. Aos jovens das grandes periferias, a saída é produzir a sua
cultura, sua dança, sua expressão cultural e a verdade da sua existência, como faz o Raphael,
do complexo da Maré.
Seguramente, produzir inovação na forma de olhar-se no processo de relacionar-se
com outros seres humanos é, mais que nunca, necessário considerando o contexto social do
país, perpassado por excessos e transformações.
REFERÊNCIAS
CARRANO, Carlos Henrique. Paulo Cesar Rodrigues. A escola diante das culturas juvenis:
reconhecer para dialogar. Educação, v. 36, n. 1, p. 43-56, 2011.
DAVIM, Rejane Marie Barbosa et al. Adolescente/adolescência: revisão teórica sobre uma
fase crítica da vida. Ceará. v.10. n. 2. p. 131-140, abril/junho, 2009.
ISTVÁN, Mészáros. Educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005. 80 p.
LEON, O, D; ABRAMO, W; FREITAS, V; (org.). Juventude e adolescência no Brasil:
referências conceituais. São Paulo: Editora ação educativa, 2005. 40 p.
OLIVEIRA, Júlia Ribeiro de; SILVA, Lúcia Isabel C.; RODRIGUES, Solange S. Acesso,
identidade e pertencimento: relações entre juventude e cultura. Democracia viva, v. 30, p.
62-65, 2006.
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais // Marshall B. Rosenberg:[tradução Mário Vilela].
- São Paulo: Ágora, 2006.