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FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS - FFC

CURSO CIÊNCIAS SOCIAIS

DÉBORA RODRIGUES VIANA

NOVAS FORMAS DE VIVER A VELHICE NO SÉCULO XXI:


Desafiando estigmas e Valorizando a Experiência

MARÍLIA
2023
Ao passar dos anos novos debates são levantados sobre a concepção de
velhice, apesar de não despertar tanto interesse por parte da academia essa fase da
vida gera debates que permeiam o questionamento sobre suas limitações e os
estigmas que acompanham o processo do envelhecer. Na atualidade em uma
sociedade permeada pela valorização do trabalho, do homem como objeto de
produtividade e troca de mercadorias é mais do que previsível a desvalorização de
uma fase não produtiva no que diz respeito às relações trabalhistas, em detrimento
de uma supervalorização da fase adulta (fase ativa economicamente). Os indivíduos
que vivem este ciclo mesmo sob o jugo dos rótulos e estigmas sociais aos quais são
submetidos, não se limitam às concepções pré estabelecidas e estão cada vez mais
rompendo com os estigmas da velhice.

A ideologia da velhice é elemento fundamental à reprodução das relações


capitalistas na medida em que a produção das relações capitalistas implica a
reprodução de ideias, valores, princípios e doutrinas, o conjunto de representações
sobre a etapa final da vida humana é organizado segundo as determinações básicas
do modo capitalista de produção (HADDAD, 1986, p. 16).

Em meados do século XIX o aumento do número de velhos nos índices


populacionais era motivo para celebração, visto que este aumento estaria
relacionado aos avanços tecnológicos e aos direitos do cidadão, sendo
caracterizado pelo aumento da longevidade em paralelo a redução da taxa de
natalidade nesse período. À medida que aumenta a longevidade, são produzidos
novos ideais sociais sobre a necessidade de cuidados, atenção e maior fragilidade
dessa fase da vida. Por outro lado, nos países em que foram aplicadas políticas de
‘bem-estar social’, por possibilitar maior poder de consumo e acesso a serviços, a
velhice assume novas características e a ela são voltados novos olhares. Em países
onde há maior expectativa de vida, há também uma maior participação política
dessa população.
No Brasil o envelhecimento da população possui características próprias
como a maior longevidade das mulheres em relação aos homens e redução da
população mais velha nos ambientes rurais, devido a oferta de serviços de saúde,
saneamento básico e outros facilitadores do cotidiano nos grandes centros urbanos
(IBGE,2010). É importante ressaltar que nos últimos anos os censos indicam um
envelhecimento cada vez mais rápido da população brasileira.
A mudança da faixa etária média da população brasileira e o aumento
significativo da população velha prevista para os anos de 2025 e 2050 impacta
diretamente nas políticas sociais aplicadas sobre o território. alguns estudos sobre
velhice realizados a partir do século XX relacionam os membros dessa faixa etária a
uma condição de classe excluída da sociedade, sendo o velho discriminado,
desrespeitado e, muitas vezes, não tendo seus direitos garantidos enquanto
cidadão. No entanto, apesar dos desafios e das injustiças enfrentadas pelos idosos,
estamos testemunhando o surgimento de novas formas de viver a velhice no século
XXI. As pessoas estão questionando os estereótipos e valorizando a experiência e a
sabedoria que os idosos possuem.

Uma mudança fundamental está ocorrendo na maneira como enxergamos a


velhice. Não se trata mais apenas de uma fase de declínio e limitações, mas sim de
uma oportunidade para continuar contribuindo para a sociedade de formas
significativas. Os idosos estão buscando novas maneiras de se envolver ativamente
em diferentes áreas, compartilhando seus conhecimentos, habilidades e talentos
com as gerações mais jovens.

Além disso, as políticas sociais estão começando a se adaptar a essa realidade em


transformação. Os governos e as organizações estão implementando programas e
iniciativas que promovem o envelhecimento saudável, a inclusão social e a
participação ativa dos idosos na comunidade. Isso inclui oportunidades de
aprendizado ao longo da vida, acesso a cuidados de saúde adequados e programas
de bem-estar que promovem o bem-estar físico e mental dos idosos.

É importante destacar também a importância de uma mudança de mentalidade por


parte de toda a sociedade. Devemos combater os estigmas e preconceitos
relacionados à velhice, reconhecendo o valor intrínseco de cada pessoa,
independentemente de sua idade. A sociedade como um todo se beneficia ao
valorizar e respeitar a diversidade de idades e ao promover a inclusão e o respeito
aos direitos dos idosos.
À medida que avançamos no século XXI, é crucial aproveitar as oportunidades que
surgem com o envelhecimento da população. Os idosos têm muito a oferecer, seja
por meio de suas experiências de vida, sabedoria acumulada ou habilidades
profissionais. A promoção de uma cultura que valorize e respeite os idosos contribui
para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e solidária.

Em suma, o século XXI está trazendo consigo novas perspectivas sobre a velhice.
Estamos presenciando uma transformação na concepção dessa fase da vida, em
que os idosos estão desafiando estigmas, buscando oportunidades de crescimento e
participação ativa na sociedade. À medida que avançamos, devemos continuar
promovendo uma cultura de respeito, inclusão e valorização dos idosos, garantindo
que eles possam viver plenamente e contribuir para o bem-estar de todos.
REFERÊNCIAS

ENVELHESCÊNCIA. Direção: Gabriel Martinez. Produção: Samarah Kojima. São


Paulo: ProacSP, 2015. 1 DVD (84 min). Disponível em: <https://goo.gl/YN2zQO>.
Acesso em: 19 junho 2023.

MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,


2001.Acesso em: 19 junho 2023.

NOBRE, Julio Cesar de Almeida et al. O envelhecimento na atualidade: uma


controvertida produção coletiva. Cader-nos UniFOA, Volta Redonda, n. 33, p. 69-86,
abr. 2017.

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