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Objetivos
Este valor, porém, considerado em relação ao total da área estudada, pode não traduzir
a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada em
certas zonas e mais dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo coeficiente de
localização.
A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A primeira reside
isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive nas cidades ou em
povoações de certa importância populacional.
Sob o ponto de vista estatístico é necessário distinguir os aglomerados urbanos e rurais.
Um centro urbano designa uma localidade, qualquer que seja a categoria legal (cidade,
vila, aldeia) que, na sua área urbana seja demarcada pela respetiva Câmara Municipal e
que conta com 10 000 ou mais habitantes.
Como vimos anteriormente, a Demografia trata, pois, dos aspetos estáticos de uma
população num determinado momento - tamanho e composição -, assim como também
da sua evolução no tempo e da inter-relação dinâmica entre as várias variáveis
demográficas.
Estamos, assim, perante uma população fechada quando a sua estrutura é mantida ou
alterada apenas pelos nascimentos e óbitos, isto é, não afetada por migrações
exteriores. Neste caso existem três tipos de modificações anuais: aumento por meio da
natalidade, diminuição através da mortalidade e envelhecimento de um ano de todos os
sobreviventes (Leston Bandeira, 2004).
A estas modificações, acrescem, no caso de uma população aberta (quando está sujeita
a fenómenos migratórios): as entradas de indivíduos de diferentes idades e as saídas de
indivíduos de diferentes idades.
Finalmente, uma população estacionária diz respeito a uma população estável em que a
taxa de natalidade é igual à taxa de mortalidade, sem mudanças no tamanho da
população, logo com uma taxa de crescimento nulo (Nazareth, 2004).
O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial define-
se como volume populacional. Uma população não tem sempre o mesmo número de
habitantes, evolui a um determinado ritmo (que pode ser diferente consoante os
períodos):
Suponhamos uma população que num momento 0 é P0, num momento 1 é P1, num
momento 2 é P2, num momento n é Pn e que cresce a uma taxa a.
Pn = P0 e an (e = 2,718282)
Pn = P0(1+a) n
Pn/P0 = (1+a) n
Nota: O Log pode ser facilmente calculado na máquina de calcular, bastando acionar a
função Log.
O resultado “a” lê-se “Em média por ano cresceu x”. Se multiplicarmos a por 100, a*100,
lê-se “Por ano, por cada 100 indivíduos aumentou (ou diminuiu ou manteve-se) x, em
média anual entre P0 e P1”.
Com base no cálculo do ritmo de crescimento geométrico podemos calcular a taxa de
variação e o tempo de duplicação em anos.
População em Portugal
- 15/12/1960: 8 889
- 15/12/1970: 8 663
a = - 0,25 %
Taxa de variação:
Em Portugal, no período de 1960/70, por ano e por cada 100 pessoas, a população
diminui 0,25.
Se uma população mantivesse as suas taxas atuais de natalidade e mortalidade ano após
ano, quanto tempo levaria para duplicar de tamanho? Os demógrafos às vezes usam a
Regra de 69,3 (logaritmo natural de 2 X 100) para perceber se a taxa de crescimento de
uma população é rápida ou lenta.
Exemplo:
Este é um cenário improvável do mundo real, uma vez que as taxas de natalidade e
mortalidade raramente são constantes, mas permite avaliar a importância de uma
determinada taxa percentual de mudança populacional (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).
Em terceiro, ao nível individual, idade e sexo são as duas primeiras características que
reconhecemos numa pessoa, principalmente com base nas aparências externas.
A Demografia lida, deste modo, não apenas com o tamanho e crescimento da população,
mas também com a composição da população. As dimensões mais importantes da
composição, indiscutivelmente, são a idade e o sexo. A idade, em particular, está a
passar por um grande fluxo, à medida que as populações do mundo envelhecem. O
envelhecimento da população será o principal foco demográfico do século XXI.
Em 2050, pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais idosos do que
crianças no mundo. Isso deve-se principalmente às reduções de fecundidade, mas
também reflete o fato de que a expectativa de vida aumentou.
Viver vidas mais longas é talvez a maior história de sucesso da história moderna, graças
às inovações na saúde pública, medicina e desenvolvimento económico. Ao mesmo
tempo, o envelhecimento da população pode trazer sérios desafios para a sociedade. A
dependência da velhice pode levar a uma produtividade económica reduzida e
sobrecarregar os sistemas de saúde e previdência. Mas se esses desafios forem
antecipados, podem ser compensados com as políticas sociais e económicas. Não
esquecendo que, a transição do envelhecimento precoce de uma população dependente
de jovens, para uma população em idade ativa, traz grandes oportunidades, fenómeno
conhecido como “dividendo demográfico” (Poston & Bouvier, 2017).
As sociedades constroem papéis e atribuem status com base na idade e sexo mais do
que em quaisquer outras características. Consequentemente, as nações incluem
questões sobre a idade e sexo nos questionários dos Censos. Tão importante é a
composição idade-sexo, que muitos demógrafos lhe dão um rótulo especial: a estrutura
populacional.
As mudanças em qualquer um dos processos demográficos fornecem informações,
igualmente importantes, de como as populações são compostas na sua estrutura.
Em relação à natalidade, nascem mais homens que mulheres (cerca de 105 homens para
100 mulheres).
Em relação à mortalidade, isto é, a frequência com que ocorre a morte numa população,
as mulheres têm taxas mais baixas de mortalidade do que os homens em qualquer idade.
Além disso, a mortalidade por causas específicas está geralmente também relacionada
com a idade. Justamente, no que concerne a relação entre a idade e o risco de morte,
a idade pode ser considerada a variável demográfica mais importante na análise de
mortalidade.
A idade e sexo não são as únicas variáveis importantes na Demografia e outras variáveis
estão também intimamente relacionadas com o processo demográfico. O casamento e
o estado civil são importantes quando se estuda a fecundidade. A educação é uma
variável especialmente importante a considerar. Regra geral, quanto maior a educação,
menor é a fecundidade e menor é a mortalidade. De facto, todas estas variáveis são
tanto a causa quanto o efeito da mudança populacional.
A definição de idade é direta. É uma característica atribuída, embora mutável. Nos censos
da população, geralmente é definida em termos da idade de uma pessoa no seu último
aniversário.
Na maioria dos Censos, pede-se ao entrevistado que forneça a sua idade atual, bem
como a data em que nasceu, permitindo assim que se corrija qualquer discrepância na
idade relatada do entrevistado. Este método ajuda a minimizar o efeito acumulado de
idade.
Uma pirâmide populacional nada mais é do que dois histogramas comuns (gráficos de
barras), representando as populações masculina e feminina, geralmente agrupados em
categorias etárias de 1 ou 5 anos, posicionados lado a lado.
Trata-se, assim, de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum (vertical)
- que representa as idades (aniversários) – e duas abcissas, que representam os efetivos,
respetivamente do sexo masculino (à esquerda) e do sexo feminino (à direita).
Em suma, a construção das pirâmides de idades tem como base os grupos de idades
consideradas e os sexos correspondendo aos retângulos dos histogramas.
Convencionou-se que os efetivos do sexo masculino figuram à esquerda do eixo e os
efetivos do sexo feminino à direita do eixo do gráfico.
A pirâmide em Urna remete para populações onde se assiste a uma progressiva quebra
da fecundidade e da mortalidade. Neste tipo de pirâmide, a base destaca-se como a
parte mais reduzida do gráfico (baixas proporções de jovens) e apresenta um topo mais
cheio (elevadas proporções de pessoas idosas). Nestes casos, a pirâmide toma o formato
de uma urna e é típica dos países desenvolvidos que se encontram na última fase da
transição demográfica.
Este gráfico assume a forma de um Às de Espadas ou maçã, pois a parte mais larga da
pirâmide corresponde às idades intermédias. Face à diminuição da fecundidade, a
natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base da pirâmide diminui – a
representatividade dos idosos na população torna-se superior à dos jovens. Nestes
casos, os níveis de natalidade já estão muito baixos e, por isso, a base da pirâmide é
alimentada com menos indivíduos, o que provoca o seu estreitamento – trata-se do
envelhecimento na base da pirâmide.
Por outro lado, a mortalidade também é baixa, o que provoca um aumento das classes
correspondentes aos idosos – trata-se do envelhecimento no topo da pirâmide.
<1 ano, de ano a ano até aos 4 anos inclusive, por grupos de cinco anos (desde os 5
anos aos 84 anos), de 85 e mais anos.
Sempre que a distribuição por idades é feita em grupos etários de diferentes amplitudes,
torna-se necessário reduzir os efetivos a uma unidade comum.
Exemplo:
0 X Y
1-4 X+1 Y +1
10 - 14 X+3 Y+3
Assim, temos:
..
..
75 – 79 10 14 0,7 0,9
80 + 15 25 1,0 1,7
No caso do último grupo de idades (aberto), se os seus valores forem superiores aos do
grupo fechado anterior dividem-se esses valores por 2 até se obterem valores
dificilmente representáveis.
85 - 89 0,3 0,4
3.º. Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida (por hipótese 6%)
4.º O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos: à esquerda (sexo
masculino), à direita (sexo feminino) - (cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%) - e fixa-
se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1 cm).
5.º. Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde se irão colocar
os grupos de idades).
6.º A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte princípio:
altura = 2/3 da base. (altura = 2/3 *12 cm ou seja = 8 cm)
7.º. Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se a altura total
pelo número de grupos de idade considerados.
8.º. Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada GI (sexos separados),
as % correspondentes, sendo o comprimento de cada retângulo proporcional a essas
percentagens.
Deve-se sempre complementar uma pirâmide de idades com o cálculo das relações de
masculinidade por grupos de idade.
De facto, as pirâmides de idades não são simétricas. Em primeiro lugar nascem mais
rapazes que raparigas o que faz com que a base de uma pirâmide seja sempre maior do
lado masculino do que do lado feminino.
Em segundo lugar, a mortalidade que é o fator decisivo na redução dos efetivos é sempre
mais precoce no sexo masculino. Assim, conforme avançamos na idade, a superioridade
dos efetivos masculinos vai diminuindo, geralmente entre os 20-30 anos de idade a
importância dos sexos é igual, e nos últimos grupos de idades o sexo feminino apresenta
sempre maior volume populacional do que o sexo masculino.
“Este modelo natural, que é formado apenas pela evolução e pelos níveis de mortalidade
e de natalidade, pode, no entanto, ser perturbado por outros fatores, tais como: as
migrações, por serem movimentos que normalmente incidem mais em determinados
grupos etários” (Nazareth, 2004, p. 113).
Em cada população ou em cada classe etária, torna se por estes motivos necessário
analisar a representação quantitativa dos efetivos masculinos e dos efetivos femininos.
Rm = Pm / Pf x 100
Exemplo:
Segundo o recenseamento de 1991, residiam em Portugal 9 862 540 pessoas, das quais
4 754 632 do sexo masculino e 5 107 908 do sexo feminino. Na classe etária dos 10 aos
15 anos tínhamos 398 442 rapazes e 383 142 raparigas. Nesse ano nasceram 116 383
crianças, dos quais 59 953 eram do sexo masculino e 56 430, do sexo feminino. Logo:
Significa que no conjunto da população portuguesa, em 1991, por cada 100 pessoas do
sexo feminino havia 93,08 do sexo masculino e que por cada 100 raparigas dos 10 aos
15 anos havia 104,0 rapazes. Nesse ano, houve 106,24 nascimentos masculinos por cada
100 nascimentos femininos (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).
A população passa a estar dividida em três grandes grupos etários, sexos separados ou
reunidos:
Jovens J 0 -19 anos ou 0 - 14 anos
Os grupos funcionais expressam, assim, essencialmente o peso relativo dos três grandes
grupos sociodemográficos presentes em qualquer população.
O grupo dos 65 e mais anos, traduz um grupo com uma produtividade reduzida, mas
ainda com um menor índice de consumo comparado com o grupo de população com
menos de 15 anos (Nazareth, 2004).
Na análise da estrutura etária das populações devem calcular-se certas relações entre
efetivos, não só para observar a sua evolução ao longo dos anos, mas também para
avaliar certas implicações socioeconómicas.
Temos assim:
O conjunto destes indicadores permite fazer a seguinte leitura: Por cada 100 pessoas
temos x jovens, y potencialmente ativos, e z idosos.
Leitura dos indicadores: Por cada 100 idosos existem x jovens (Índice de Juventude) e
por cada 100 jovens existem x idosos (Índice de Envelhecimento).
• Índice de Dependência de Jovens : (pop. 0-14 anos/ população 15-64 anos) x 100
Leitura dos indicadores: Por cada 100 potencialmente ativos temos x jovens e y idosos.
Pensou-se durante muito tempo que o envelhecimento demográfico teve a sua origem
na baixa da natalidade e da mortalidade. Atualmente, pensa-se ainda que o aumento da
esperança de vida e a baixa da mortalidade determinaram o envelhecimento
demográfico. Não obstante, verificou-se que nas populações onde esse fenómeno
predomina, foi provocado essencialmente pela quebra da natalidade e não pela baixa da
mortalidade. Constata-se, assim, que o envelhecimento acontece nas populações onde
tendencialmente a natalidade é baixa (Leston Bandeira, 2004).
Mas a verdade é que a população mundial está a envelhecer e todos os países do mundo
estão a assistir a um crescimento no número e na proporção de pessoas idosas da sua
população.
Estima-se que o número de idosos, com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do
que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050
e 3,1 mil milhões em 2100.
Em todo o mundo, a população com 60 anos ou mais está a crescer mais rapidamente
do que todos os grupos etários mais jovens. A população com mais de 60 anos está a
crescer a uma taxa de cerca de 3% por ano. Em 2017 estimava-se que, em todo o
mundo, 962 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais – representando 13% da
população global. Atualmente, a Europa tem a maior percentagem da população com 60
anos ou mais (25%). O envelhecimento rápido também ocorrerá noutras partes do
mundo e até 2050 todas as regiões do mundo, exceto África, terão quase um quarto ou
mais das respetivas populações com mais de 60 anos.
Globalmente, o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar até 2050
passando de 137 milhões, em 2017, para 425 milhões em 2050. As pessoas mais velhas
são cada vez mais vistas como contribuintes para o desenvolvimento, cujas
competências devem estar interligadas com políticas e programas transversais.
No entanto, nas próximas décadas, muitos países irão enfrentar pressões fiscais e
políticas na esfera dos sistemas públicos de saúde, providência e proteção social para a
população com a faixa etária mais avançada (Organização das Nações Unidas, 2021).
Ana Alexandre Fernandes foi das autoras que mais se debruçou sobre esta temática do
envelhecimento demográfico. Analisou os problemas decorrentes do envelhecimento e
das soluções encartadas para lhe fazer face, as transformações respeitantes à velhice
integradas nas alterações observadas na sociedade portuguesa, especialmente, as
alterações na estrutura familiar bem como as transformações da política social do Estado
dirigida aos problemas da velhice. Segundo Fernandes (2001), o envelhecimento
demográfico das populações é um fenómeno irreversível das nossas sociedades
modernas. Os impactos que se têm vindo a fazer sentir, entre os quais sobressai a
sustentabilidade financeira dos sistemas de reformas, interferem nos equilíbrios
individuais e colectivos, relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário. « Velhos »
e reformados » são agora duas categorias sociais, dois conceitos que tendem a
demarcar-se. A velhice surge então associada às dificuldades decorrentes da aquisição
gradual de incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as políticas
sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores soluções e as
respostas mais adequadas à diversidade dos problemas (Fernandes, 2001 ; 2007).
Também Maria João Valente Rosa tem inúmeras publicações na área do envelhecimento.
No ensaio sobre o envelhecimento da Sociedade Portuguesa (Valente Rosa, 2012)
começa por falar das razões que conduziram à situação demográfica em que nos
encontramos. Argumenta que a aflição com o envelhecimento da população é muito
explicada por um outro envelhecimento mais profundo: a incapacidade de a sociedade
adaptar as suas estruturas sociais e mentais à evolução dos factos. Propõe um rumo
alternativo de organização social sintonizado com as realidades sociodemográficas em
curso. Todos envelhecemos, por isso o envelhecimento individual (de cada um de nós)
faz parte do nosso quotidiano. Porém, começámos recentemente a ser confrontados com
um outro envelhecimento, de tipo coletivo: o envelhecimento da população em geral. A
população envelhece porque a Humanidade cresceu em conhecimento técnico-científico
e as condições de vida das populações melhoraram. Mas, apesar de o envelhecimento
populacional poder ser percebido como uma história de sucesso, é frequentemente
entendido como uma verdadeira ameaça ao futuro da sociedade em que vivemos
(Valente Rosa, 2012). Pode-se falar em longevidade em vez de envelhecimento.
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