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4.

A DINÂMICA POPULACIONAL POR SEXO E IDADES

Objetivos

1.Descrever a evolução dos volumes populacionais de uma população, com base


no cálculo de medidas de variação desses volumes: taxas de variação, taxas de
crescimento anual médio e tempo de duplicação em anos;
2.Descrever a evolução da estrutura etária portuguesa;
3.Determinar a composição da população, segundo a idade e o sexo;
4. Perceber a metodologia de construção das pirâmides de idade e saber
identificar cada uma delas;
5. Saber calcular as Relações de masculinidade e o seu contributo na analise
demográfica;
6. Saber determinar e interpretar grupos funcionais e Índices Resumo;
7. Saber definir e analisar o envelhecimento demográfico.

4.1. TIPOS, VOLUMES E RITMOS DE CRESCIMENTO DE UMA


POPULAÇÃO

Como já vimos no capítulo 1, sobre o crescimento demográfico e a distribuição da


população, ao caracterizar uma população humana, pensamos inicialmente no seu
tamanho: quantas pessoas existem numa localidade, num determinado momento?

A distribuição geográfica pode ser avaliada pelo conhecimento da densidade da


população, isto é, a população por quilómetros quadrados (número de habitantes /
Km2).

Este valor, porém, considerado em relação ao total da área estudada, pode não traduzir
a verdadeira distribuição da população, pois esta encontra-se mais aglomerada em
certas zonas e mais dispersa noutras. Esta situação é traduzida pelo coeficiente de
localização.

Para estudar a densidade populacional é conveniente dividir o território em zonas mais


pequenas - no caso de um país, podem adotar-se as divisões administrativas, no caso
de uma cidade, podem considerar-se os bairros, etc.

A população pode ainda distribuir-se por aglomerados rurais e urbanos. A primeira reside
isolada no campo ou em pequenos núcleos. A segunda vive nas cidades ou em
povoações de certa importância populacional.
Sob o ponto de vista estatístico é necessário distinguir os aglomerados urbanos e rurais.
Um centro urbano designa uma localidade, qualquer que seja a categoria legal (cidade,
vila, aldeia) que, na sua área urbana seja demarcada pela respetiva Câmara Municipal e
que conta com 10 000 ou mais habitantes.

Pensamos também sobre a sua composição: quantas pessoas maiores de 50 anos


existem? quantas são do sexo feminino? quantas são economicamente ativas? quantas
estão casadas? Uma outra questão importante que surge é: como é que as mudanças
num ou mais destes componentes da população poderiam afetar os outros
componentes?

Como principais variáveis demográficas temos então: o tamanho da população;


distribuição por sexo, idade, estado civil; distribuição segundo a região geográfica de
residência atual, anterior e de nascimento; natalidade, fecundidade, mortalidade.

Como vimos anteriormente, a Demografia trata, pois, dos aspetos estáticos de uma
população num determinado momento - tamanho e composição -, assim como também
da sua evolução no tempo e da inter-relação dinâmica entre as várias variáveis
demográficas.

4.1.1. Tipos de População

Imaginemos a população de uma determinada área geográfica, num determinado


momento. Suponhamos também que, a partir de uma população inicial num passado
longínquo, não tenha havido entrada e saída de pessoas da área. Trata-se de uma
população fechada, isto é, sem movimentos migratórios. A trajetória entre aquela
população inicial e a população atual é totalmente explicada pelas mortes e nascimentos
ocorridos no período.

Estamos, assim, perante uma população fechada quando a sua estrutura é mantida ou
alterada apenas pelos nascimentos e óbitos, isto é, não afetada por migrações
exteriores. Neste caso existem três tipos de modificações anuais: aumento por meio da
natalidade, diminuição através da mortalidade e envelhecimento de um ano de todos os
sobreviventes (Leston Bandeira, 2004).

Se uma população fechada à migração sofre comportamentos constantes de taxas de


fecundidade e mortalidade específicas por idade, ela desenvolverá uma distribuição de
idade constante e crescerá a uma taxa constante, independentemente da distribuição
de idade inicial da mesma. Assim, os demógrafos às vezes afirmam que “populações
estáveis esquecem o seu passado.” A distribuição por idade da população estável
depende de dois itens, a saber, as taxas de mortalidade específicas por idade
subjacentes e a taxa de crescimento (Poston & Bouvier, 2017).

A estas modificações, acrescem, no caso de uma população aberta (quando está sujeita
a fenómenos migratórios): as entradas de indivíduos de diferentes idades e as saídas de
indivíduos de diferentes idades.

A população é assim de tipo Progressivo quando apresenta um número crescente de


nascimentos ano a ano. A população será de tipo Regressivo quando apresenta um
número decrescente de nascimentos ano a ano.

Finalmente, uma população estacionária diz respeito a uma população estável em que a
taxa de natalidade é igual à taxa de mortalidade, sem mudanças no tamanho da
população, logo com uma taxa de crescimento nulo (Nazareth, 2004).

4.1.2. As medidas do crescimento

Ao longo do tempo o número de habitantes de um determinado espaço modifica-se.

O número de pessoas que estão presentes num determinado espaço territorial define-
se como volume populacional. Uma população não tem sempre o mesmo número de
habitantes, evolui a um determinado ritmo (que pode ser diferente consoante os
períodos):

• Se o crescimento for positivo (crescimento positivo): a população está a aumentar

• Se o crescimento for negativo (crescimento negativo): a população está a diminuir

•Se o crescimento for nulo (crescimento zero): a população mantém-se igual.

“O jogo de entradas e saídas na população constitui o movimento de qualquer população


e o seu crescimento.” (Leston Bandeira, 2004, p 166)

A dinâmica da população está dependente de três acontecimentos relevantes:


nascimentos, óbitos e mobilidade da população. O crescimento da população tem duas
componentes: o crescimento natural e o crescimento migratório ou balança migratória.

A alteração do volume populacional é o resultado do efeito combinado destes dois


fatores: saldo natural (diferença entre nascimentos e mortes) e o saldo migratório
(diferença entre o número de pessoas que entraram e saíram do espaço territorial em
análise).
A equação demográfica seguinte significa populção no momento 1 é igual *à população
do momento 0 mais o saldo natural e o saldo migratório.

Pn=P0+(N0-O0)+(I0-E0) ou Px + n= Px+ N- O + I –E, ou seja seja Pn+1 ou Px+n =


P0 + Saldo natural + Saldo Migratório.

Suponhamos uma população que num momento 0 é P0, num momento 1 é P1, num
momento 2 é P2, num momento n é Pn e que cresce a uma taxa a.

Existem essencialmente três processos para medir o ritmo de crescimento de uma


população: o contínuo, o aritmético e o geométrico.

Para o ritmo de crescimento contínuo temos:

Pn = P0 e an (e = 2,718282)

Ln (Pn/P0) = an a = (ln (Pn/P0)) / n

No caso do ritmo de crescimento aritmético temos: a = (Pn - P0) / (P0 x n)

Para o ritmo de crescimento constante ou geométrico temos:

Pn = P0(1+a) n onde a = ritmo de crescimento que é o que quero conhecer: Log(1+a)


n nLog (1+a)

Pn = P0(1+a) n

Pn/P0 = (1+a) n

Log Pn/P0 = Log (1+a) n

Log Pn/P0 = nLog (1+a)

Nota: O Log pode ser facilmente calculado na máquina de calcular, bastando acionar a
função Log.

O resultado “a” lê-se “Em média por ano cresceu x”. Se multiplicarmos a por 100, a*100,
lê-se “Por ano, por cada 100 indivíduos aumentou (ou diminuiu ou manteve-se) x, em
média anual entre P0 e P1”.
Com base no cálculo do ritmo de crescimento geométrico podemos calcular a taxa de
variação e o tempo de duplicação em anos.

A taxa de variação tem a seguinte fórmula:

a = (Pn – P0 / P0) x 100

Exemplo: Cálculo da taxa de crescimento anual médio da população de Portugal entre


1960 e 1970, através do ritmo do crescimento aritmético e da taxa de variação.

População em Portugal

- 15/12/1960: 8 889

- 15/12/1970: 8 663

Fonte : Nazareth, 1988b, 2004, 2007

Ritmo de crescimento aritmético

a = (P1970 - P1960) / (P1960 x n)

a = (8 663 – 8 889) / (8 889 x 10)

a = - 226 / 88 890 = - 0,00254

a = - 0,25 %

Fonte : Nazareth, 1988b, 2004

Taxa de variação:

a = (Pn – P0 / P0) x 100

a = (8 663 – 8 889 / 8 889) x 100

a = (- 226 / 8 889) x 100 = - 0,02542 x 100

a = - 2,54% A dividir por 10 anos é de – 0,25%

Em Portugal, no período de 1960/70, por ano e por cada 100 pessoas, a população
diminui 0,25.

Fonte : Nazareth, 1988b, 2004


Tempo de duplicação em anos

Com base na lógica do cálculo da taxa de crescimento geométrica podemos calcular o


tempo de duplicação em anos. Se a taxa a é uma taxa de crescimento constante, ao fim
de quantos anos n duplicará a população? Assim temos:

n = log 2/log (1+a)

Se uma população mantivesse as suas taxas atuais de natalidade e mortalidade ano após
ano, quanto tempo levaria para duplicar de tamanho? Os demógrafos às vezes usam a
Regra de 69,3 (logaritmo natural de 2 X 100) para perceber se a taxa de crescimento de
uma população é rápida ou lenta.

Ou seja, se dividirmos 69,3 pela taxa de crescimento positivo da população expressa em


percentagem, saberemos quantos anos levará a população a duplicar de tamanho
mantendo as suas taxas atuais de natalidade e mortalidade.

Exemplo:

Vamos comparar as taxas de crescimento populacional de dois países com


aproximadamente o mesmo tamanho em quilómetros, mas com taxas de crescimento
muito diferentes. A Nigéria tem uma população de 18 milhões com uma taxa bruta de
natalidade de 50 e uma taxa bruta de mortalidade de 11, o que equivale a uma taxa de
crescimento de 3,9 por cento. A Holanda tem uma população de pouco menos de 17
milhões de pessoas, com uma taxa bruta de natalidade de 10 e uma taxa bruta de
mortalidade de 8, resultando numa taxa de crescimento populacional de 0,2 por cento.

Qual é a diferença das duas taxas de crescimento de 3,9% e 0,2%?

A população da Nigéria duplicaria em menos de 18 anos e a população da Holanda


duplicaria em quase 347 anos!

Este é um cenário improvável do mundo real, uma vez que as taxas de natalidade e
mortalidade raramente são constantes, mas permite avaliar a importância de uma
determinada taxa percentual de mudança populacional (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).

4.2. ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DEMOGRÁFICAS: A REPARTIÇÃO POR


SEXO E IDADES

A idade e o sexo são as características mais importantes e relevantes das populações


para os demógrafos. Em primeiro lugar, os processos demográficos de fecundidade,
mortalidade e migração produzem a idade e a estrutura sexual da população, que por
sua vez influencia os processos demográficos.

Em segundo lugar, a divisão do trabalho nas sociedades tradicionais baseia-se quase


inteiramente na idade e no sexo.

Em terceiro, ao nível individual, idade e sexo são as duas primeiras características que
reconhecemos numa pessoa, principalmente com base nas aparências externas.

Em quarto, no estudo do curso de vida e do desenvolvimento humano, a idade e o sexo


permitem-nos comparar o momento dos eventos com nossas expectativas ou
cronogramas sociais.

Em quinto, ao nível social, as mudanças na distribuição de idade e sexo têm implicações


importantes para o desenvolvimento socioeconómico e demográfico, bem como para a
participação na força de trabalho e as relações de género.

A Demografia lida, deste modo, não apenas com o tamanho e crescimento da população,
mas também com a composição da população. As dimensões mais importantes da
composição, indiscutivelmente, são a idade e o sexo. A idade, em particular, está a
passar por um grande fluxo, à medida que as populações do mundo envelhecem. O
envelhecimento da população será o principal foco demográfico do século XXI.

Em 2050, pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais idosos do que
crianças no mundo. Isso deve-se principalmente às reduções de fecundidade, mas
também reflete o fato de que a expectativa de vida aumentou.

Viver vidas mais longas é talvez a maior história de sucesso da história moderna, graças
às inovações na saúde pública, medicina e desenvolvimento económico. Ao mesmo
tempo, o envelhecimento da população pode trazer sérios desafios para a sociedade. A
dependência da velhice pode levar a uma produtividade económica reduzida e
sobrecarregar os sistemas de saúde e previdência. Mas se esses desafios forem
antecipados, podem ser compensados com as políticas sociais e económicas. Não
esquecendo que, a transição do envelhecimento precoce de uma população dependente
de jovens, para uma população em idade ativa, traz grandes oportunidades, fenómeno
conhecido como “dividendo demográfico” (Poston & Bouvier, 2017).

As sociedades constroem papéis e atribuem status com base na idade e sexo mais do
que em quaisquer outras características. Consequentemente, as nações incluem
questões sobre a idade e sexo nos questionários dos Censos. Tão importante é a
composição idade-sexo, que muitos demógrafos lhe dão um rótulo especial: a estrutura
populacional.
As mudanças em qualquer um dos processos demográficos fornecem informações,
igualmente importantes, de como as populações são compostas na sua estrutura.

Em relação à natalidade, nascem mais homens que mulheres (cerca de 105 homens para
100 mulheres).

A fecundidade, que é a possibilidade de gerar essas crianças, é possível nas mulheres


geralmente entre os 15 e os 49 anos e nos homens entre os 15 e os 79 anos.

Em relação à mortalidade, isto é, a frequência com que ocorre a morte numa população,
as mulheres têm taxas mais baixas de mortalidade do que os homens em qualquer idade.
Além disso, a mortalidade por causas específicas está geralmente também relacionada
com a idade. Justamente, no que concerne a relação entre a idade e o risco de morte,
a idade pode ser considerada a variável demográfica mais importante na análise de
mortalidade.

A migração também difere por idade e sexo. Tradicionalmente, os homens e as mulheres


não migraram para os mesmos lugares e ambientes da mesma forma e em igual número.
A migração de longa distância tende a ser maior entre os homens enquanto que as de
curta distância são predominantes no caso das mulheres, especialmente no caso nos
países em desenvolvimento. No entanto, com a maior equidade de género, a migração
feminina tende a aproximar-se da masculina. De fato, quase metade dos migrantes
internacionais agora são mulheres. A migração interna também é seletiva, com o maior
número de migrantes encontrados entre os jovens adultos.

A idade e sexo não são as únicas variáveis importantes na Demografia e outras variáveis
estão também intimamente relacionadas com o processo demográfico. O casamento e
o estado civil são importantes quando se estuda a fecundidade. A educação é uma
variável especialmente importante a considerar. Regra geral, quanto maior a educação,
menor é a fecundidade e menor é a mortalidade. De facto, todas estas variáveis são
tanto a causa quanto o efeito da mudança populacional.

A definição de idade é direta. É uma característica atribuída, embora mutável. Nos censos
da população, geralmente é definida em termos da idade de uma pessoa no seu último
aniversário.

As Nações Unidas definem idade como “o intervalo de tempo estimado ou calculado


entre a data de nascimento e a data do censo, expresso em anos solares completos”.

Na maioria dos Censos, pede-se ao entrevistado que forneça a sua idade atual, bem
como a data em que nasceu, permitindo assim que se corrija qualquer discrepância na
idade relatada do entrevistado. Este método ajuda a minimizar o efeito acumulado de
idade.

Quando os demógrafos identificam o sexo de uma pessoa ou a sua distribuição na


população, usam a definição social de auto-identificação e não considerações biológicas.

Os demógrafos, em particular, estão interessados na composição de idade e sexo das


populações, porque a estrutura de idade e sexo de uma população ajuda a compreender
a história demográfica de uma população.

Pessoas da mesma idade constituem um grupo ou coorte de pessoas que nasceram


durante o mesmo período e, portanto, foram expostas a fatos e condições históricas
semelhantes. Muitas vezes, essas experiências também variam de acordo com o sexo.

Resumindo, uma população é composta por um conjunto de pessoas, as quais não se


distribuem de forma idêntica pelas várias características. Isto significa que o número de
homens não é igual ao número de mulheres, que o número de pessoas cujo estado civil
é casado, ou solteiro, viúvo ou divorciado é diferente, que o número de pessoas nas
idades jovens, ativas ou idosas não é semelhante.

Em termos demográficos existe um traço particularmente importante desse perfil, que é


a composição da população segundo a idade ou também designado por estrutura etária.

Os efetivos de uma população são o número de indivíduos que compõem essa


população. Esses efetivos são identificados nos recenseamentos.

Os recenseamentos dão a conhecer o estado de uma população num determinado


momento do tempo. Conhecer o estado da população remete para a sua caracterização,
segundo diferentes critérios, como sejam o estado civil, a atividade económica, o grau
de instrução, o lugar de residência. A delimitação de qualquer um desses critérios conduz
à definição de diferentes subpopulações da população: população casada, população
ativa, população analfabeta, população urbana, etc.

Mas as categorias primordiais de qualquer população são como vimos rigorosamente


duas: a idade e o sexo. A bipolarização entre população masculina e população feminina
traduz diferenças de género essenciais do ponto de vista demográfico, que decorrem de
clivagens incontornáveis não apenas biológicas – em particular, no que concerne à
procriação – mas também sociais e culturais.

Quanto à importância da idade, ela decorre essencialmente de dois aspetos:

1) A ação permanente do tempo provoca mudanças das características dos indivíduos e


da população, que condicionam as suas aptidões e capacidades (efeito de idade).
2) Os comportamentos e o significado sociodemográfico de cada classe etária variam
consoante as épocas (efeito de geração) (Nazareth, 2004).

4.2.1. Pirâmide de idades

A pirâmide de idades ou pirâmide populacional é uma representação gráfica da estrutura


de idade/sexo da população. A pirâmide de idades sintetiza o estado da população num
dado momento.

Uma pirâmide populacional nada mais é do que dois histogramas comuns (gráficos de
barras), representando as populações masculina e feminina, geralmente agrupados em
categorias etárias de 1 ou 5 anos, posicionados lado a lado.

Trata-se, assim, de um duplo histograma, formado por uma ordenada comum (vertical)
- que representa as idades (aniversários) – e duas abcissas, que representam os efetivos,
respetivamente do sexo masculino (à esquerda) e do sexo feminino (à direita).

Em suma, a construção das pirâmides de idades tem como base os grupos de idades
consideradas e os sexos correspondendo aos retângulos dos histogramas.
Convencionou-se que os efetivos do sexo masculino figuram à esquerda do eixo e os
efetivos do sexo feminino à direita do eixo do gráfico.

Existem três grandes tipos de pirâmides de idade:

1. Em Acento Circunflexo – populações jovens

Figura 3. Pirâmide em acento circunflexo


Esta pirâmide tem uma base muito larga (elevadas proporções de jovens), que diminui
rapidamente conforme se evolui para as idades mais avançadas, pelo que apresenta um
topo com efetivos reduzidos (diminutas proporções de pessoas idosas). Justamente,
trata-se de uma pirâmide de países com elevados níveis de natalidade e mortalidade. A
pirâmide em acento circunflexo é típica de populações de países em vias de
desenvolvimento, das populações do Antigo Regime ou das sociedades tradicionais.

2. Em Urna – muita população a meio da pirâmide

A pirâmide em Urna remete para populações onde se assiste a uma progressiva quebra
da fecundidade e da mortalidade. Neste tipo de pirâmide, a base destaca-se como a
parte mais reduzida do gráfico (baixas proporções de jovens) e apresenta um topo mais
cheio (elevadas proporções de pessoas idosas). Nestes casos, a pirâmide toma o formato
de uma urna e é típica dos países desenvolvidos que se encontram na última fase da
transição demográfica.

Figura 4 - Pirâmide em urna


3. Em Às de Espadas - população envelhecida

Figura 5 - Pirâmide em Às de Espadas

Este gráfico assume a forma de um Às de Espadas ou maçã, pois a parte mais larga da
pirâmide corresponde às idades intermédias. Face à diminuição da fecundidade, a
natalidade acaba por cair para valores muito baixos e a base da pirâmide diminui – a
representatividade dos idosos na população torna-se superior à dos jovens. Nestes
casos, os níveis de natalidade já estão muito baixos e, por isso, a base da pirâmide é
alimentada com menos indivíduos, o que provoca o seu estreitamento – trata-se do
envelhecimento na base da pirâmide.

Por outro lado, a mortalidade também é baixa, o que provoca um aumento das classes
correspondentes aos idosos – trata-se do envelhecimento no topo da pirâmide.

A distribuição da população por sexo e idade é registada na altura dos recenseamentos


da população. Os efetivos da população masculina e feminina são dados por cada ano
de idade, constituindo uma informação exaustiva de base.

Como não é prático trabalhar a informação assim apresentada, convencionou-se agrupar


as idades em classes, para facilitar a leitura e a análise dos dados.
A OMS recomenda os seguintes agrupamentos para fins gerais:

<1 ano, de ano a ano até aos 4 anos inclusive, por grupos de cinco anos (desde os 5
anos aos 84 anos), de 85 e mais anos.

O efetivo de cada grupo de idades (absoluto ou relativo) é representado por um


retângulo cuja área é proporcional ao efetivo respetivo. Quando a distribuição por idades
é dada por classes de igual intervalo, a construção do gráfico não oferece dúvida, pois
as bases do retângulo correspondem à amplitude das classes e o comprimento aos
efetivos correspondentes.

Sempre que a distribuição por idades é feita em grupos etários de diferentes amplitudes,
torna-se necessário reduzir os efetivos a uma unidade comum.

Exemplo:

Idades Efetivos masculinos Efetivos femininos

0 X Y

1-4 X+1 Y +1

5-9 X+2 Y+2

10 - 14 X+3 Y+3

Fonte : Nazareth, 1988b, 2004

Assim, temos:

A altura ou base do retângulo que corresponde ao número de anos ou do grupo de


idades considerado.

O comprimento do retângulo que corresponde ao efetivo E do grupo de idades


considerado dividido pelo intervalo de classe, isto é, E/N. A área do retângulo é igual ao
produto do comprimento pela altura.

Construção das Pirâmides de idade (estruturas relativas e grupos de idades


quinquenal)

1.º – Calcula-se a estrutura etária relativa – sexos separados:

Divide-se a população (sexos separados) de cada grupo de idades pelo total da


população (sexos reunidos) e multiplica-se cada resultado por 100.
Grupos de Idade Homens Mulheres Homens (%) Mulheres (%)

0–4 30 25 2,0 1,7

5–9 25 22 1,7 1,5

..

..

75 – 79 10 14 0,7 0,9

80 + 15 25 1,0 1,7

Total 1500 100 100

No caso do último grupo de idades (aberto), se os seus valores forem superiores aos do
grupo fechado anterior dividem-se esses valores por 2 até se obterem valores
dificilmente representáveis.

Objetivo: não deformar o topo da pirâmide.

Grupos de idades (Anos) Homens (%) Mulheres (%)

80 -84 0,5 0,9

85 - 89 0,3 0,4

90+ 0,2 0,4

2.º. Conta-se o número de G.I que se vão considerar

(no caso: do GI de 0 - 4 ao GI de 90 e mais anos existem 19 GI )

3.º. Verifica-se qual a percentagem (%) máxima obtida (por hipótese 6%)

4.º O eixo das abcissas (horizontal) é constituído por dois sub-eixos: à esquerda (sexo
masculino), à direita (sexo feminino) - (cada sub-eixo vai variar de 0% a 6%) - e fixa-
se uma medida a atribuir a cada variação de 1% (por exemplo 1 cm).

5.º. Traça-se a base, deixando um espaço para o corredor central (onde se irão colocar
os grupos de idades).
6.º A altura da pirâmide deve ser encontrada após a aplicação do seguinte princípio:
altura = 2/3 da base. (altura = 2/3 *12 cm ou seja = 8 cm)

7.º. Determina-se a escala a atribuir a cada grupo de idades dividindo-se a altura total
pelo número de grupos de idade considerados.

(8 cm/19 GI = 0,4 cm - Se se considerar 0,5 cm para cada GI a altura total da pirâmide


(9,5 cm) continuará menor que a largura da base).

8.º. Por fim, traça-se o eixo vertical e representa-se, para cada GI (sexos separados),
as % correspondentes, sendo o comprimento de cada retângulo proporcional a essas
percentagens.

Os Gráficos seguintes mostram as pirâmides de Portugal nos Recenseamentos de 2001


e 2011.

Figura 6 - Pirâmides de Portugal nos Recenseamentos de 2001 e 2011

Fonte: INE – Recenseamento geral da população


Como se pode observar através da largura da base das pirâmides, o Continente
apresenta em 2001 uma população mais jovem do que em 2011. A pirâmide de 2011
apresenta uma forma mais estreita na base, denotando uma população envelhecida na
base e no topo.

A diminuição das taxas de natalidade é evidente no afunilamento das pirâmides, em


2001 e em 2011, nas classes dos 0 aos 15 anos.

Finalmente, para se comparar 2 pirâmides de idades ou 2 populações devem-se


comparar no tempo assim como comparar no espaço.

4.2.2. As relações de masculinidade

Deve-se sempre complementar uma pirâmide de idades com o cálculo das relações de
masculinidade por grupos de idade.

De facto, as pirâmides de idades não são simétricas. Em primeiro lugar nascem mais
rapazes que raparigas o que faz com que a base de uma pirâmide seja sempre maior do
lado masculino do que do lado feminino.

Em segundo lugar, a mortalidade que é o fator decisivo na redução dos efetivos é sempre
mais precoce no sexo masculino. Assim, conforme avançamos na idade, a superioridade
dos efetivos masculinos vai diminuindo, geralmente entre os 20-30 anos de idade a
importância dos sexos é igual, e nos últimos grupos de idades o sexo feminino apresenta
sempre maior volume populacional do que o sexo masculino.

“Este modelo natural, que é formado apenas pela evolução e pelos níveis de mortalidade
e de natalidade, pode, no entanto, ser perturbado por outros fatores, tais como: as
migrações, por serem movimentos que normalmente incidem mais em determinados
grupos etários” (Nazareth, 2004, p. 113).

Em cada população ou em cada classe etária, torna se por estes motivos necessário
analisar a representação quantitativa dos efetivos masculinos e dos efetivos femininos.

Esta representação é medida relacionando os efetivos masculinos com os efetivos


femininos e designa-se por relação de masculinidade.

A relação de masculinidade exprime-se pelo quociente seguinte:

Rm = Pm / Pf x 100

Podemos, também, medir a relação de masculinidade nas diferentes classes etárias x:


Rm (x) = Pm (x) / Pf (x) x 100

A comparação entre efetivos masculinos e femininos deve ser calculada no momento do


nascimento.

Porém, neste caso, a relação de masculinidade é medida a partir de dados do movimento


da população, os nascimentos.

Rm (n) = N (m) / N (f) x 100

Em qualquer população, a relação de masculinidade no nascimento varia entre 105 e


107 nascimentos masculinos para 100 nascimentos femininos. Esta assimetria altera-se,
contudo, com o efeito da idade.

Exemplo:

Segundo o recenseamento de 1991, residiam em Portugal 9 862 540 pessoas, das quais
4 754 632 do sexo masculino e 5 107 908 do sexo feminino. Na classe etária dos 10 aos
15 anos tínhamos 398 442 rapazes e 383 142 raparigas. Nesse ano nasceram 116 383
crianças, dos quais 59 953 eram do sexo masculino e 56 430, do sexo feminino. Logo:

Rm 1991 = 4 754 632 / 5 107 908 x 100 = 93,08

Rm (10-15) 1991 = 398 442 / 383 142 = 104,0

Rm (n) 1991 = 59 953 / 56 430 = 106,24

Significa que no conjunto da população portuguesa, em 1991, por cada 100 pessoas do
sexo feminino havia 93,08 do sexo masculino e que por cada 100 raparigas dos 10 aos
15 anos havia 104,0 rapazes. Nesse ano, houve 106,24 nascimentos masculinos por cada
100 nascimentos femininos (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).

4.2.3. Os Grupos Funcionais

Em análise demográfica, quando se quer ter uma visão rápida da evolução ou da


diversidade das estruturas, opta-se por compactar a informação segundo determinados
critérios. O mais importante é o da idade, ou seja, concentra-se num reduzido número
de grupos a totalidade da informação, tornando mais funcional a análise: são os grupos
funcionais.

A população passa a estar dividida em três grandes grupos etários, sexos separados ou
reunidos:
Jovens J 0 -19 anos ou 0 - 14 anos

Ativos A 20 - 59 anos ou 15 - 64 anos

Idosos I 60+ anos ou 65+ anos

Os grupos funcionais expressam, assim, essencialmente o peso relativo dos três grandes
grupos sociodemográficos presentes em qualquer população.

Geralmente, parte-se do princípio de que no grupo de menos de 15 anos, existe um


escasso potencial produtivo e grande consumo de bens.

No grupo dos 15 aos 64 anos, temos um grupo considerado economicamente ativo em


que geralmente a sua produção excede o consumo.

O grupo dos 65 e mais anos, traduz um grupo com uma produtividade reduzida, mas
ainda com um menor índice de consumo comparado com o grupo de população com
menos de 15 anos (Nazareth, 2004).

A importância relativa destes dois grupos mede o grau de envelhecimento da população.

Uma vez decomposta uma estrutura demográfica em grupos funcionais, torna-se


necessário proceder à sua manipulação no sentido de os transformar em indicadores
que resumam a informação existente numa repartição por sexos e idades: são os índices-
resumo (Nazareth, 1988b, 2004, 2016).

4.2.4. Índices Resumo

Na análise da estrutura etária das populações devem calcular-se certas relações entre
efetivos, não só para observar a sua evolução ao longo dos anos, mas também para
avaliar certas implicações socioeconómicas.

Temos assim:

• Percentagem de jovens: (pop. 0-14 Anos/ população total) x 100

Este indicador mede a importância da juventude na população, medindo de igual modo


o envelhecimento demográfico na base da pirâmide de idades.

• Percentagem de “potencialmente ativos”: (pop. 15-64 Anos/ população total) x 100

Este indicador mede o potencial demográfico dos ativos.

• Percentagem de idosos: (pop. 65 e + anos/ população total) x 100


Este indicador mede a importância dos idosos na sociedade, medindo igualmente o
envelhecimento demográfico no topo da pirâmide de idades.

O conjunto destes indicadores permite fazer a seguinte leitura: Por cada 100 pessoas
temos x jovens, y potencialmente ativos, e z idosos.

• Índice de Juventude: (pop. 0-14 anos/ população 65 e + anos) x 100

Este indicador mede igualmente o envelhecimento demográfico, e permite comparar


diretamente a população jovem com a população idosa.

• Índice de Envelhecimento: (pop. 65 e + anos/ pop. 0-14 anos) x 100.

Por sua vez, este indicador de medida do envelhecimento, compara diretamente a


população idosa com a população jovem.

Leitura dos indicadores: Por cada 100 idosos existem x jovens (Índice de Juventude) e
por cada 100 jovens existem x idosos (Índice de Envelhecimento).

A relação de dependência traduz o encargo que os grupos inativos representam para os


grupos ativos. Temos, assim:

• Índice de Dependência de Jovens : (pop. 0-14 anos/ população 15-64 anos) x 100

• Índice de Dependência de “Idosos”: (pop. 65 e + anos/ população 15-64 anos) x 100

• Índice de Dependência Total: (pop. 0-14 anos e 65 e + anos/população 15-64 anos) x


100

Leitura dos indicadores: Por cada 100 potencialmente ativos temos x jovens e y idosos.

4.2.5. O Envelhecimento da População

Em demografia existem dois tipos de envelhecimento, o envelhecimento de base,


quando o número de jovens começa a diminuir, e o envelhecimento de topo quando o
peso das pessoas de idade mais avançada aumenta.

As causas do envelheciemnto demográfico podem ser várias, a queda da fecundiade, a


melhoria das condições gerais de saúde, e os movimentos migratórios, que podem atuar
como travão ou acelaração do processo global de envelhecimento demográfico.
Uma população ou cresce ou envelhece. Em Portugal um fator que tem um lugar
importante na explicação da evolução das estruturas demográficas é a migração externa
e interna (Nazareth, 2009).

“(…) Na história das populações europeias, o envelhecimento demográfico é um fato


inteiramente novo que significa que, numa dada população, a proporção de idosos deixa
de ser estável (à volta de 5-6%) e começa a aumentar progressivamente, ultrapassando,
num dado momento, a fasquia dos 10%.” (Leston Bandeira, 2004, p. 183).

Pensou-se durante muito tempo que o envelhecimento demográfico teve a sua origem
na baixa da natalidade e da mortalidade. Atualmente, pensa-se ainda que o aumento da
esperança de vida e a baixa da mortalidade determinaram o envelhecimento
demográfico. Não obstante, verificou-se que nas populações onde esse fenómeno
predomina, foi provocado essencialmente pela quebra da natalidade e não pela baixa da
mortalidade. Constata-se, assim, que o envelhecimento acontece nas populações onde
tendencialmente a natalidade é baixa (Leston Bandeira, 2004).

Mas a verdade é que a população mundial está a envelhecer e todos os países do mundo
estão a assistir a um crescimento no número e na proporção de pessoas idosas da sua
população.

O envelhecimento populacional está prestes a tornar-se numa das transformações


sociais mais significativas do século XXI, com implicações transversais a todos os setores
da sociedade – no mercado laboral e financeiro; na procura de bens e serviços como a
habitação, nos transportes e na proteção social; e nas estruturas familiares e laços
intergeracionais.

Estima-se que o número de idosos, com 60 anos ou mais, duplique até 2050 e mais do
que triplique até 2100, passando de 962 milhões em 2017 para 2,1 mil milhões em 2050
e 3,1 mil milhões em 2100.

Em todo o mundo, a população com 60 anos ou mais está a crescer mais rapidamente
do que todos os grupos etários mais jovens. A população com mais de 60 anos está a
crescer a uma taxa de cerca de 3% por ano. Em 2017 estimava-se que, em todo o
mundo, 962 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais – representando 13% da
população global. Atualmente, a Europa tem a maior percentagem da população com 60
anos ou mais (25%). O envelhecimento rápido também ocorrerá noutras partes do
mundo e até 2050 todas as regiões do mundo, exceto África, terão quase um quarto ou
mais das respetivas populações com mais de 60 anos.
Globalmente, o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar até 2050
passando de 137 milhões, em 2017, para 425 milhões em 2050. As pessoas mais velhas
são cada vez mais vistas como contribuintes para o desenvolvimento, cujas
competências devem estar interligadas com políticas e programas transversais.

No entanto, nas próximas décadas, muitos países irão enfrentar pressões fiscais e
políticas na esfera dos sistemas públicos de saúde, providência e proteção social para a
população com a faixa etária mais avançada (Organização das Nações Unidas, 2021).

No contexto português vários são os autores e autoras que aprofundaram o tema do


envelhecimento demográfico, nas duas últimas décadas. No estudo coordenado por
Leston Bandeira (2014), é referido que o envelhecimento da população portuguesa
começou na década de 1960 – época em que a natalidade se mantinha ainda
relativamente elevada – sob o efeito de dois tipos de emigração: movimentos externos
para países europeus e movimentos internos para o litoral urbano. A emigração
portuguesa das décadas de 1960 e de 1970 foi a principal causa do início do processo
de envelhecimento da população, não apenas porque provocou um forte défice de
população adulta activa, mas também por que influenciou decisivamente o início da
revolução contraceptiva e da queda da natalidade, que serão os factores decisivos da
progressão do envelhecimento. No recenseamento de 2011, foi no grupo dos idosos,
dos maiores de 65 anos, que o acréscimo populacional foi mais intenso, rondando os
241 %. Quanto aos mais idosos, indivíduos com idade superior aos 75 anos, o aumento
foi de quase 40 %. Assim, de 1950 para 2011, a proporção de jovens na população
portuguesa diminui progressivamente dos quase 30 % para os 15 % (Leston Bandeira
(Coord., 2014). Houve um duplo processo de envelhecimento, que resultou num
aumento significativo do índice de envelhecimento, que passa dos cerca de 24 idosos
por cada 100 jovens, em 1950, para 128 em 2011. Progressivamente, o índice de
longevidade foi também apresentando ligeiros acréscimos, espelhando o aumento das
gerações mais idosas, isto é, o aumento crescente da população com mais de 75 anos
relativamente aos maiores de 65 anos (Leston Bandeira (Coord,, 2014).

Ana Alexandre Fernandes foi das autoras que mais se debruçou sobre esta temática do
envelhecimento demográfico. Analisou os problemas decorrentes do envelhecimento e
das soluções encartadas para lhe fazer face, as transformações respeitantes à velhice
integradas nas alterações observadas na sociedade portuguesa, especialmente, as
alterações na estrutura familiar bem como as transformações da política social do Estado
dirigida aos problemas da velhice. Segundo Fernandes (2001), o envelhecimento
demográfico das populações é um fenómeno irreversível das nossas sociedades
modernas. Os impactos que se têm vindo a fazer sentir, entre os quais sobressai a
sustentabilidade financeira dos sistemas de reformas, interferem nos equilíbrios
individuais e colectivos, relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário. « Velhos »
e reformados » são agora duas categorias sociais, dois conceitos que tendem a
demarcar-se. A velhice surge então associada às dificuldades decorrentes da aquisição
gradual de incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as políticas
sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores soluções e as
respostas mais adequadas à diversidade dos problemas (Fernandes, 2001 ; 2007).

Também Maria João Valente Rosa tem inúmeras publicações na área do envelhecimento.
No ensaio sobre o envelhecimento da Sociedade Portuguesa (Valente Rosa, 2012)
começa por falar das razões que conduziram à situação demográfica em que nos
encontramos. Argumenta que a aflição com o envelhecimento da população é muito
explicada por um outro envelhecimento mais profundo: a incapacidade de a sociedade
adaptar as suas estruturas sociais e mentais à evolução dos factos. Propõe um rumo
alternativo de organização social sintonizado com as realidades sociodemográficas em
curso. Todos envelhecemos, por isso o envelhecimento individual (de cada um de nós)
faz parte do nosso quotidiano. Porém, começámos recentemente a ser confrontados com
um outro envelhecimento, de tipo coletivo: o envelhecimento da população em geral. A
população envelhece porque a Humanidade cresceu em conhecimento técnico-científico
e as condições de vida das populações melhoraram. Mas, apesar de o envelhecimento
populacional poder ser percebido como uma história de sucesso, é frequentemente
entendido como uma verdadeira ameaça ao futuro da sociedade em que vivemos
(Valente Rosa, 2012). Pode-se falar em longevidade em vez de envelhecimento.
ATIVIDADES FORMATIVAS

1. Com base nos dados apresentados no quadro seguinte (população portuguesa,


distribuída por grupos etários quinquenais, para 1991 – sexos separados e reunidos):

Figura 7 - População portuguesa, distribuída por grupos etários quinquenais, para


1991 – sexos separados e reunidos

Grupos etários Homens Mulheres HM

0-4 278679 544309

5-9 331337 646161

10-14 398620 781933

15-19 428240 845588

20-24 386651 765248

25-29 359556 726628

30-34 340986 694606

35-39 321775 661076

40-44 307655 634519

45-49 271665 569623

50-54 265623 559346

55-59 263265 562041

60-64 245150 533325

65-69 211990 470049

70-74 149226 344747

75-79 109813 271089

80 + 86544 256859

Total 4 756 775 9 867 147

Fonte INE, recenseamento da população 1991.


a) Preencha a coluna do efetivo de mulheres.

b) Calcule a percentagem de jovens, de pessoas em idade ativa e idosos (sexos


reunidos)

c) Calcule, para os sexos reunidos, o índice de envelhecimento, a relação de


dependência total, a relação de dependência de jovens. Interprete cada um dos
resultados obtidos.

d) Construa a pirâmide de idades e o gráfico das relações de masculinidade.


Comente as figuras obtidas.

2. Observe o seguinte quadro:

Figura 8– Índices 1981 e 1991

Índices 1981 1991

% de Jovens 25,5 20,0

% pop. Ativa 63,0 66,4

% de Idosos 11,4 13,6

Índice de Envelhecimento- IE (%) 44,9 68,1

Relação de Dependência dos Jovens – RDJ


40,5 30,1
(%)

Relação de Dependência dos Idosos – RDI


18,2 20,5
(%)

Relação de Dependência Total – RDT (%) 58,6 50,6

a) Comente a evolução dos índices apresentados de 1981 para 1991.

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