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Demografia
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DEMOGRAFIA
1. A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO
Platão
O ideal demográfico de Platão, por razões de carácter político e social, é o de uma
população estacionária, ou seja o de uma população com crescimento igual a zero. Para
tornar este ideal de estacionaridade, Platão defende a existência de um conjunto de
medidas que visam proteger a família, assegurar a transmissão da terra a um único
herdeiro, dar aos magistrados o poder de aumentar ou diminuir o numero de casamentos
consoante o volume da população e as condições económicas e sociais do momento.
Aristóteles
É mais realista ao pensar que a preocupação fundamental é encontrar um número estável
de habitantes.
Defende o princípio da justa dimensão afim de evitar que uma população numerosa seja
fonte de pobreza, crimes, violência e agitação social. Tal como Platão defende o recurso
ao aborto, ao infanticídio, ao abandono e á exposição de crianças como forma de controlar
os nascimentos e de assegurar a qualidade dos cidadãos.
Maquiavel
Defende que uma população numerosa reforça o poder do príncipe, adopta uma atitude
claramente populacionista.
Campanela
Defende ideias muito próximas de Platão, em certa medida retoma a discussão dos
aspectos qualitativos da população, ao afirmar que as relações sexuais consistem em unir
mulheres belas com homens robustos. Lastima que se tenha tido tanto cuidado na melhoria
das espécies caninas e cavalar e tanta negligência no desenvolvimento da espécie humana.
Botero
Uma. Defende um populacionismo moderado, população numerosa deve ser a primeira
preocupação do estado advogando como Maquiavel, o recurso á colonização para evitar
o excesso de população em relação aos recursos alimentares.
Bodin
Uma população numerosa permite a valorização de um pais e numa terra bem explorada
não existe perigo de fome.
Montchrestien
Defende o ponto de vista de que a riqueza de França é a inesgotável abundância dos seus
homens, mas a abundância em causa é a de um grupo específico os artesãos.
Vauban
Preconiza um populacionismo mais racional. É populacionista ao defender que a falta de
população é a maior desgraça que pode acontecer ao reino. Foi o inventor do
recenseamento.
Thomas More
Ao estudar as causas da miséria do seu pais, pensa que esta é devida a três factores
fundamentais: o luxo da nobreza, a existência de muitos domésticos improdutivos e a
extensão das pastagens em prejuízo das terras cultivadas.
Francis Bacon
Preconiza um crescimento da população dominantemente qualitativo, Thomas Hobbes
concentra as suas atenções no equilíbrio entre a população e os recursos. Para que tal
equilíbrio exista é necessário um esforço produtivo, contenção no consumo, recurso á
emigração e, em caso extremo recurso á guerra.
Demografia qualitativa - ocupa-se das qualidades dos seres humanos e que diz respeito
aos aspectos qualitativos do fenómeno social das populações e ainda á genética
demográfica ou biologia das populações.
Objectivos da demografia:
• Analise de conjuntos de pessoas delimitadas espacialmente e com um certo
significado social.
• A dimensão significa o volume da população (milhões de habitantes)
• A estrutura significa a sua repartição (solteiro, casados, viúvos, divorciados)
• A distribuição diz respeito à sua repartição no espaço
Achille Guillard
Em 1855 inventou o nome “Demografia Comparada” para este autor, demografia em
sentido amplo abrange a historia natural e social da espécie humana em sentido restrito
abrange o conhecimento matemático das populações, dos seus movimentos gerais, dos
seus estados físico, intelectual e moral.
Henry
Demografia é a ciência que tem por objecto o estudo científico das populações humanas
no que diz respeito à sua dimensão, estrutura, evolução e características gerais analisadas
principalmente do ponto de vista quantitativo.
Ross
A demografia é o estudo quantitativo das populações humanas e das mudanças nelas
ocorridas devido à existência de nascimentos, óbitos e migrações.
Quando se consideram as determinantes biológicas, sociais, económicas ou legais, esta
disciplina toma o nome de estudos da população.
Quanto ao 1º tema o autor distingue 2 leis antagónicas: a lei da população que cresce em
progressão geométrica (1,2,4,8,16) e a da subsistência que cresce em progressão aritmética
(1,2,3,4,5,6).
Para Malthus a lei da população pode ser formulada nos seguintes termos: quando a
população não é controlada duplica todos os 25 anos crescendo de período em período
segundo uma progressão geométrica, enquanto os recursos tem tendência a crescer
segundo uma progressão aritmética.
Quanto ao 3º tema os remédios - Malthus afirma que o único remédio que não prejudica
nem a felicidade moral, nem a felicidade material é a obrigação moral
Charles Fourier - é contra as ideias malthusianas põe pensar que a sociedade deve criar
condições de crescimento harmónico, e que uma mudança nos costumes no domínio
alimentar, no trabalho das mulheres ou na educação física é suficiente para disciplinar
naturalmente a fecundidade.
Alfred Sauvy - substitui a ideia de óptimo da população pela ideia de crescimento óptimo
da população. Constatando que se existem populações que tem gente a mais devido ao
seu estádio de desenvolvimento tecnológico e económico, existem outras que têm gente a
menos.
• TRANSIÇÃO DEMOGRAFICA
Segundo esta teoria todos os países terão de passar por 4 fases de evolução:
1) Fase do quase-equilíbrio – caracterizada pela existência de uma mortalidade
elevada e uma fecundidade igualmente elevada. O crescimento natural da
população é muito reduzido.
2) Fase declínio da mortalidade como consequência de uma melhoria generalizada
das condições de higiene e de saúde, existe uma consequente aceleração do
crescimento natural da população.
3) Declínio da fecundidade como consequência de uma nova atitude face à vida
apoiada por meios modernos de intervenção na fecundidade.
4) Quase – equilíbrio uma mortalidade com baixos níveis e uma fecundidade
igualmente baixa. O crescimento natural da população tende para o zero.
Atendendo á crescente complexidade dos métodos e das técnicas empregues pela analise
demográfica várias disciplinas foram ganhando autonomia dentro deste ramo da
demografia: colheita de dados demográficos, análise demográfica com dados incompletos,
projecções demográficas, analise das migrações, análise da fecundidade, análise da
nupcialidade.
Também o seu desenvolvimento começou a fazer aparecer disciplinas como a sociologia
dos comportamentos demográficos, a economia da população, a antropologia da
população, etc. as quais rapidamente ganharam uma certa autonomia.
A demografia caminhou assim da unidade inicial, onde a sua problemática era formulada
em termos simples e fundamentalmente técnicos, para uma crescente diversidade e
complexidade. A demografia tem a vantagem de ser simultaneamente a mais exacta das
ciências sociais e de ser o ponto de encontro das ciências sociais e humanas com a
biologia, o direito, economia e ciências politicas.
A demografia é uma só apesar das diferentes especialidades, ou seja todos os ramos
perdem por completo o sentido sem a referência constante a um núcleo de base: a analise
demográfica.
A DEMOGRAFIA HISTÓRICA:
Estudo retrospectivo das populações numa determinada época pertencente ao passado, e
particularmente daquela em que não existem estatísticas do tipo moderno (estatísticas
demográficas ou recenseamentos), ou seja, cujos dados disponíveis não foram produzidos
com fins demográficos. Utilizam-se normalmente registos paroquiais, listas nominativas,
genealógicas, etc.
Após o fim da 2ª guerra mundial um conjunto de vários factores começam a convergir
para o aparecimento da demografia histórica como ramo autónomo da demografia.
A DEMOGRAFIA SOCIAL:
É o estudo das relações entre o estado das populações ou movimentos da população e a
vivência das sociedades.
Ex.:
⇒ As causas e consequências do declínio da natalidade
⇒ Os efeitos das migrações internas e externas no sistema demográfico e social
⇒ As consequências demográficas e sociais da luta contra a morte
⇒ A desigualdade sexual, social, e espacial face á morte
⇒ As desigualdades regionais e o ordenamento do território
⇒ As consequências do envelhecimento demográfico
Foi Kingsley Davis que em 1964 num trabalho intitulado DEMOGRAFIA SOCIAL
procurou definir o seu objecto de estudo. Estuda as causas do comportamento
demográfico.
AS POLITICAS DEMOGRAFICAS:
Consistem em actuar sobre os modelos (ou sobre os efectivos) tendo em vista
determinados objectivos, económicos e sociais.
Se queremos acelerar o crescimento da população, procurar-se-á fazer diminuir as saídas
(óbitos, emigrantes) ou aumentar as entradas (nascimentos, imigrantes). Inversamente se
queremos diminuir o ritmo de crescimento, procurar-se-á aumentar as saídas (óbitos,
emigrantes) ou diminuir as entradas (nascimentos, imigrantes).
A ECOLOGIA HUMANA:
É definida como o estudo das relações, em tempo e espaço, entre a espécie humana e as
outras componentes e processos do ecossistema de que é parte integrante. O seu objectivo
é conhecer a forma como as populações humanas concebem, usam e afectam o ambiente,
bem como o tipo de respostas existentes as mudanças ocorridas no ambiente biológico,
social e cultural.
2. A EXPLOSÃO DEMOGRAFICA
O século VII marca o ponto mais baixo do declínio demográfico europeu. Depois de um
máximo, que se estima em 44 milhões de habitantes no inicio da era cristã, da depressão
nos séc. VII e VIII, a população europeia, num espaço de quatro a cinco séculos, começa a
recuperar efectivos perdidos durante o período de declínio populacional. Esta tendência
para o crescimento demográfico vaie-se afirmando gradualmente á medida que se
começam a consolidar as estruturas medievais e acelera-se a partir do séc. XI.
No ano de crise, os óbitos quase duplicam em relação aos anos anteriores, enquanto os
nascimentos e os casamentos se reduzem consideravelmente. Passado o ano de crise, o
número de nascimentos aumenta progressivamente e os efectivos perdidos são
recuperados. Este aumento não é devido a uma alteração dos comportamentos
procriadores, mas sim a uma alteração dos níveis de nupcialidade.
2ª Etapa – (2ª metade do séc. XVIII) os acidentes sendo menos frequentes, diminuem a
mortalidade e a população aumenta, os coeficientes de nupcialidade diminuem, a idade
média do casamento aumenta, os jovens têm cada vez mais dificuldades em estabelecer-se;
a indústria nascente passa a dispor de uma reserva de mão-de-obra abundante a baixo
preço; as tensões sociais aumentam a aparecem conflitos de gerações.
3ª Etapa – (1ª metade do séc. XIX) a industrialização, ao permitir fazer baixar a idade no
casamento, relança o crescimento demográfico. A emigração para o outro lado do atlântico
vaie-se tornando cada vez mais importante.
Modelo Dupâquier
Arranque industrial
Explosão demográfica
Continente Asiático:
O continente asiático, que no início da nossa era tinha uma população estimada em cerca
de 170 milhões de habitantes, só consegue duplicar a sua população duplicar a sua
poluição por volta do séc. XIII altura em que atinge cerca de 260 milhões de habitantes.
Observa-se uma grande quebra no ritmo de crescimento da população que dura 3 séc.
O declínio da população foi portanto devido ao efeito das guerras, mas também uma
consequência da passagem de uma situação de elevada densidade de ocupação agrícola
para uma baixa densidade populacional, normalmente associada a situações onde
predomina a pastorícia.
China:
A partir de 1200 inicia-se o grande crescimento populacional da china:
1900 - 415 Milhões
1950 - 578 “
2000 - 1289 “
2025 - 1450 “
Continente Africano:
È com o fim do tráfico de escravos e com a progressiva libertação da tutela colonial que,
já em pleno séc. XX, a população africana começa a crescer:
1900 - 138 milhões
1940 - 176 milhões
1970 - 353 milhões
2000 - 861 milhões
2025 - 1289 milhões
Continente Americano:
As populações amerindias não estavam ao contrário das europeias, imunes a certos
micróbios e sofreram uma aniquilação quase total principalmente através da varíola. Só
em meados do séc. XIX se atinge um valor de 34 milhões de habitantes:
1900 - 75 milhões
1940 - 131 milhões
1960 - 212 milhões
2000 - 540 milhões
2025 - 700 milhões
A explosão demográfica não é um fenómeno novo mas nos dias de hoje apresenta
características diferentes:
• A 1ª reside no facto de globalmente a humanidade nos aparecer no séc. XX
dividida em dois blocos completamente diferentes um do outro:
- Os países desenvolvidos onde se concentra 80% da população
- Os países subdesenvolvidos onde temos 20% da população
Mundial
Tipos de População:
Tipo progressivo - que apresenta um numero crescente de nascimentos ano a ano
Tipo regressivo - que apresenta um numero decrescente de nascimentos ano a ano.
Tipo estável - apresenta leis invariáveis de mortalidade e fecundidade, segundo a idade, o
que traduz uma taxa de nascimento constante e uma estrutura por idades invariável.
Tipo estacionário - taxa de crescimento nulo
• AS ESTRUTURAS DEMOGRAFICAS
Pirâmides de idades – são gráficos que permitem ter uma visão de conjunto da repartição
da população por sexos e idades.
Calcula-se a estrutura etária relativa - sexos separados
Divide-se a população (sexos) de cada grupo de idades pelo total da população e
multiplica-se cada resultado por 100
Quanto ao seu processo de construção existem dois tipos fundamentais:
- Por idades
- Por grupos de idades
Pirâmide em urna - é uma pirâmide típica dos países desenvolvidos, que se encontram na
ultima fase de transição demográfica, os níveis de natalidade e de mortalidade são muito
baixos. (poucos jovens e muitos idosos).
Índice de longevidade – compara o peso dos idosos mais jovens com o peso dos idosos
menos jovens.
População com 75 e + anos x100
População com 65 e + anos
Índice de dependência dos jovens – compara o peso dos jovens com o peso da população
potencialmente activa.
População com 0-14 anos x100
População c/ 15-64 anos
Índice de dependência dos idosos – compara o peso dos idosos com o peso da população
potencialmente activa.
População com 65 e + anos x100
População 15-64 anos
O envelhecimento demográfico
Em termos demográficos existem dois tipos de envelhecimento demográfico:
• O envelhecimento na base – ocorre quando a percentagem de jovens começa a
diminuir de tal forma que a base da pirâmide de idades fica bastante reduzida
• Envelhecimento no topo – ocorre quando a percentagem de idosos aumenta
fazendo assim com que a parte superior da pirâmide de idades começa a alargar,
em vez de se alongar.
Os recenseamentos da população
Recenseamento de uma população é o conjunto de operações que consiste em recolher,
agrupar e publicar, os dados respeitantes ao estado da população. As nações unidas
recomendam a existência de um conjunto mínimo de informações por serem consideradas
como fundamentais:
• Informação sobre localização
• Informações demográficas
• Informações socioculturais
• Informações sociais e económicas
• Informações sobre habitação
Censo é a recolha de dados sobre a população levada a cabo de uma só vez num dado pais
e envolve a formulação de um questionário, planeamento e organização de uma equipa,
processamento e análise dos dados e divulgação dos resultados.
O índice de Whipple
Tem como objectivo analisar a qualidade dos recenseamentos.
Procura demonstrar se existe ou não determinado tipo de distorções, frequentemente
observadas em países (ou épocas) com estatísticas de má qualidade: a atracção pelos
números terminados em 0 e 5.
Cálculo:
- Somam-se as pessoas recenseadas entre 23 e 26 anos (inclusive)
- Somam-se as pessoas que no intervalo considerado tem idades que terminam em o e 5
- Multiplica-se a segunda soma por 5 e divide-se pela primeira
- O resultado obtido multiplica-se por 100.
O índice de regularidade
Serve para mostrar se existe ou não concentração em determinadas idades.(idêntico ao
índice de whipple)
Índice de concordância
A equação de concordância procura verificar se existe ou não uma concordância entre os
diversos sistemas de informação disponíveis.
Durante um determinado período (entre 2 recenseamentos) a população de uma região
aumenta ou diminui devido a nela existirem 2 tipos de movimentos - o natural e o
migratório,
• O DIAGRAMA DE LEXIS
Tábua de mortalidade - tábua que descreve, segundo uma escala de idades o surgimento
dos óbitos numa geração.
6. ANALISE DA MORTALIDADE
Óbitos médios
TBM = ----------------------- x 1000
População média
Taxa mortalidade infantil pós neo-natal: relação entre os óbitos pós neo-natais durante
um ano civil e os nascidos vivos durante esse ano. (de 28 a 365 dias)
Taxa de mortalidade por idades ou por grupos de idades: relação entre óbitos de uma
certa idade ou grupo de idades durante um ano e o efectivo médio da população com essa
idade ou grupos de idades.
As causas que originam a mortalidade infantil podem ser agrupadas em duas grandes
categorias:
Endógenas: deformações congénita, taras hereditárias ou de traumatismos causados pelo
parto. Obtém-se: total de óbitos endógenos
Nascimentos
A tábua descreve, segundo uma escala de idades, o surgimento dos óbitos numa geração.
As funções de uma taxa de mortalidade são as seguintes:
Nascimentos
Taxa bruta de natalidade: TBN= --------------------------- x 1000
População total
Nascimentos
Taxa fecundidade geral = ------------------------------ x 1000
Mulheres 15 – 49
Taxa de fecundidade por idade ou grupo de idades: relação entre os nascidos vivos de
mulheres de uma certa idade durante um ano e o efectivo médio da população feminina
com essa idade ou grupo de idade.
• PRNCIPIO DA TRANSLAÇÃO
CASAMENTOS
TNG= ----------------------------X 1000
Pop. c/ + 15 anos
Casamentos
TNGS= -------------------------------------- x 1000
Pop. Solteira c/ + 15 anos
Divórcios
TD= ------------------------ x 1000
População total
Viúvos
TBV= ------------------------- x 1000
População total
Emigrantes
TBE= --------------------------x1000
População
Imigrantes
TBI= ------------------------ x 1000
População
Emigrantes + imigrantes
TBM= -------------------------------- x 1000
População
Os métodos indirectos como o próprio nome indica servem para estimar a intensidade e a
direcção dos movimentos migratórios quando estes são passíveis de ser medidos
directamente.
A equação de concordância
Crescimento entre recenseamentos = Cr. Natural + Cr. Migratório
Crescimento migratório = Cr. Entre recenseamentos - Cr. Natural
O peso dos clandestinos é um problema, pois nem todas as migrações são oficiais