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41018-Demografia - Autor desconhecido

Demografia (Universidade Aberta)

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Demografia

Apontamentos de: Autor desconhecido


E-mail:
Data:

Livro: Joaquim Manuel Nazareth, Demografia – A Ciência da População, Editorial Presença,


Colecção Fundamentos, Lisboa, 2004.
Bárbara Bäckström, Demografia - Caderno de Apoio, Ed. Universidade Aberta, Lisboa, 2007.

Nota:

Este documento é um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor, para que possa auxiliar ao estudo dos colegas. O
autor não pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não pretende
substituir o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questão.

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DEMOGRAFIA
1. A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO

• AS PRIMEIRAS REFLEXÕES SOBRE A POPULAÇÃO

Platão
O ideal demográfico de Platão, por razões de carácter político e social, é o de uma
população estacionária, ou seja o de uma população com crescimento igual a zero. Para
tornar este ideal de estacionaridade, Platão defende a existência de um conjunto de
medidas que visam proteger a família, assegurar a transmissão da terra a um único
herdeiro, dar aos magistrados o poder de aumentar ou diminuir o numero de casamentos
consoante o volume da população e as condições económicas e sociais do momento.

Aristóteles
É mais realista ao pensar que a preocupação fundamental é encontrar um número estável
de habitantes.
Defende o princípio da justa dimensão afim de evitar que uma população numerosa seja
fonte de pobreza, crimes, violência e agitação social. Tal como Platão defende o recurso
ao aborto, ao infanticídio, ao abandono e á exposição de crianças como forma de controlar
os nascimentos e de assegurar a qualidade dos cidadãos.

Santo Agostinho e São Gregório


Defendem o carácter sagrado do casamento, encorajam a sua função procriadora, ao
condenar o infanticídio, o aborto, bem como qualquer acção tendente a limitar os
nascimentos. A fome ou qualquer outro cataclismo que se abata sobre a humanidade é
considerado um acidente que não pode por em causa a confiança na providência divina.

São Tomás de Aquino


Defende a submissão da actividade humana à moral, reforça a condenação do infanticídio
e do aborto, reconhece o valor do celibato religioso.
Cada individuo tem direitos e deveres é preciso dar ao trabalho a sua dignidade, o
crescimento da população é um favor divino, o casamento é sagrado e o celibato (com
excepção do religioso) é condenável.

Maquiavel
Defende que uma população numerosa reforça o poder do príncipe, adopta uma atitude
claramente populacionista.

Campanela
Defende ideias muito próximas de Platão, em certa medida retoma a discussão dos
aspectos qualitativos da população, ao afirmar que as relações sexuais consistem em unir
mulheres belas com homens robustos. Lastima que se tenha tido tanto cuidado na melhoria
das espécies caninas e cavalar e tanta negligência no desenvolvimento da espécie humana.

Botero
Uma. Defende um populacionismo moderado, população numerosa deve ser a primeira
preocupação do estado advogando como Maquiavel, o recurso á colonização para evitar
o excesso de população em relação aos recursos alimentares.

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Bodin
Uma população numerosa permite a valorização de um pais e numa terra bem explorada
não existe perigo de fome.

Montchrestien
Defende o ponto de vista de que a riqueza de França é a inesgotável abundância dos seus
homens, mas a abundância em causa é a de um grupo específico os artesãos.

Vauban
Preconiza um populacionismo mais racional. É populacionista ao defender que a falta de
população é a maior desgraça que pode acontecer ao reino. Foi o inventor do
recenseamento.

Thomas More
Ao estudar as causas da miséria do seu pais, pensa que esta é devida a três factores
fundamentais: o luxo da nobreza, a existência de muitos domésticos improdutivos e a
extensão das pastagens em prejuízo das terras cultivadas.

Francis Bacon
Preconiza um crescimento da população dominantemente qualitativo, Thomas Hobbes
concentra as suas atenções no equilíbrio entre a população e os recursos. Para que tal
equilíbrio exista é necessário um esforço produtivo, contenção no consumo, recurso á
emigração e, em caso extremo recurso á guerra.

• A questão da população no sec. XVIII e a emergência da demografia


como ciência

Demografia – é o estudo das populações humanas, claramente delimitadas no espaço e no


tempo.

Demografia quantitativa - estudos dos movimentos que se produzem numa população,


acompanhado dos resultados desses movimentos.

Demografia qualitativa - ocupa-se das qualidades dos seres humanos e que diz respeito
aos aspectos qualitativos do fenómeno social das populações e ainda á genética
demográfica ou biologia das populações.

Objectivos da demografia:
• Analise de conjuntos de pessoas delimitadas espacialmente e com um certo
significado social.
• A dimensão significa o volume da população (milhões de habitantes)
• A estrutura significa a sua repartição (solteiro, casados, viúvos, divorciados)
• A distribuição diz respeito à sua repartição no espaço

Achille Guillard
Em 1855 inventou o nome “Demografia Comparada” para este autor, demografia em
sentido amplo abrange a historia natural e social da espécie humana em sentido restrito
abrange o conhecimento matemático das populações, dos seus movimentos gerais, dos
seus estados físico, intelectual e moral.

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Henry
Demografia é a ciência que tem por objecto o estudo científico das populações humanas
no que diz respeito à sua dimensão, estrutura, evolução e características gerais analisadas
principalmente do ponto de vista quantitativo.

Ross
A demografia é o estudo quantitativo das populações humanas e das mudanças nelas
ocorridas devido à existência de nascimentos, óbitos e migrações.
Quando se consideram as determinantes biológicas, sociais, económicas ou legais, esta
disciplina toma o nome de estudos da população.

Em finais do sec. XVIII, na sequencia de um conjunto de ideias e métodos, que surgiram


em torno da problemática populacional, um acontecimento particularmente importante
veio marcar o desenvolvimento da Demografia como ciência da população - Malthus
publica o seu ensaio sobre o principio da população.

• A importância do pensamento de Malthus na emergência da ciência da


população

Thomas Malthus estabeleceu o paralelo entre a multiplicação do homem e a sua


subsistência. Em 1798 publica o ENSAIO SOBRE O PRINCIPIO DA POPULAÇÃO o
livro fez escândalo devido a uma das suas teses: a assistência aos pobres é inútil porque
não serve senão para os multiplicar sem os consolar
A sua teoria baseia-se no facto de uma população ter um aumento constante e esse
aumento ser mais rápido do que os meios de subsistência, sendo o equilíbrio entre o
tamanho da população e o nível de subsistência mantido através do controle do
crescimento da população.

O pensamento de Malthus pode ser sistematizado em torno de três temas


fundamentais:
• População e subsistência
• Obstáculos e remédios

Quanto ao 1º tema o autor distingue 2 leis antagónicas: a lei da população que cresce em
progressão geométrica (1,2,4,8,16) e a da subsistência que cresce em progressão aritmética
(1,2,3,4,5,6).
Para Malthus a lei da população pode ser formulada nos seguintes termos: quando a
população não é controlada duplica todos os 25 anos crescendo de período em período
segundo uma progressão geométrica, enquanto os recursos tem tendência a crescer
segundo uma progressão aritmética.

Quanto ao 2º tema os obstáculos ao crescimento da população, coexistem três tipos de


classificação nas sucessivas edições do ensaio:
• Vicio – distingue 2 tipos o vicio no celibato (celibato sem respeitar as regras da
castidade) e o vicio no casamento (infanticídio, aborto, métodos anticoncepcionais,
adultério)
• Miséria – este obstáculo engloba um conjunto de factores que levam à morte
prematura. Os agentes mais importantes são os que estão ligados à insuficiência
dos meios de subsistência (maus climas, trabalhos penosos, guerra)
• Obrigação moral – entende que se trata do celibato em conjunto com a castidade
prolongada, até ao momento em que se é capaz de alimentar uma família.

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Quanto ao 3º tema os remédios - Malthus afirma que o único remédio que não prejudica
nem a felicidade moral, nem a felicidade material é a obrigação moral

NEOMALTHUSIANISMO: aposta na limitação dos nascimentos (métodos


contraceptivos)

ANTIMALTHUSIANISMO: relaciona o número de habitantes com os meios de


subsistência (produtos alimentares, vestuário, habitação). É representado essencialmente
por A Dumont e Durkheim.

A Dumont – constata a existência de uma oposição entre o crescimento da população e o


desenvolvimento do individuo, porque os recursos limitados ou servem para o consumo
individual ou para o consumo familiar.

Durkheim – a expansão demográfica é acompanhada de uma mudança qualitativa da


sociedade

Charles Fourier - é contra as ideias malthusianas põe pensar que a sociedade deve criar
condições de crescimento harmónico, e que uma mudança nos costumes no domínio
alimentar, no trabalho das mulheres ou na educação física é suficiente para disciplinar
naturalmente a fecundidade.

Alfred Sauvy - substitui a ideia de óptimo da população pela ideia de crescimento óptimo
da população. Constatando que se existem populações que tem gente a mais devido ao
seu estádio de desenvolvimento tecnológico e económico, existem outras que têm gente a
menos.

• TRANSIÇÃO DEMOGRAFICA

A teoria da transição demográfica é definida por diversos autores (Notestein blacker)


do seguinte modo: Existem uma série de estádios durante os quais a população se move de
uma situação onde tanto a mortalidade como a natalidade são altas para uma situação onde
tanto a mortalidade como a natalidade são baixas.

Segundo esta teoria todos os países terão de passar por 4 fases de evolução:
1) Fase do quase-equilíbrio – caracterizada pela existência de uma mortalidade
elevada e uma fecundidade igualmente elevada. O crescimento natural da
população é muito reduzido.
2) Fase declínio da mortalidade como consequência de uma melhoria generalizada
das condições de higiene e de saúde, existe uma consequente aceleração do
crescimento natural da população.
3) Declínio da fecundidade como consequência de uma nova atitude face à vida
apoiada por meios modernos de intervenção na fecundidade.
4) Quase – equilíbrio uma mortalidade com baixos níveis e uma fecundidade
igualmente baixa. O crescimento natural da população tende para o zero.

A transição demográfica começou nos países mais avançados da Europa no século 18


quando a mortalidade começou a declinar de forma consistente e continuada. Á medida
que nos aproxima-mos do sec. 20 O declínio da mortalidade expande-se a todos os países
europeus e aos outros continentes tendo como consequência mais visível o aumento da
população.

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• O OBJECTO DE ESTUDO DA DEMOGRAFIA

A demografia tem por objecto o estudo científico da população.


1) É a análise de conjuntos de pessoas delimitadas espacialmente e com um
certo significado social. Esta análise é feita observando, medindo e
descrevendo a dimensão, estrutura, distribuição.
2) Preocupa-se em descrever o estado da população num determinado
momento no tempo, mas também saber quais as mudanças ocorridas e qual
será a intensidade e a direcção dessas mudanças.
3) Analisa os factores, ou as variáveis demográficas que são responsáveis
pelas variações ocorridas no estado da população. (natalidade, mortalidade
e migrações)
4) A demografia também se ocupa dos efeitos que cada uma das variáveis
demográficas tem nos aspectos globais e estruturais da população, bem
como os efeitos inversos.
5) A demografia também se preocupa com questões relacionadas com as
determinantes dos comportamentos demográficos e com as consequências
da evolução do estado da população.

• UNIDADE E DIVERSIDADE DA DEMOGRAFIA

Atendendo á crescente complexidade dos métodos e das técnicas empregues pela analise
demográfica várias disciplinas foram ganhando autonomia dentro deste ramo da
demografia: colheita de dados demográficos, análise demográfica com dados incompletos,
projecções demográficas, analise das migrações, análise da fecundidade, análise da
nupcialidade.
Também o seu desenvolvimento começou a fazer aparecer disciplinas como a sociologia
dos comportamentos demográficos, a economia da população, a antropologia da
população, etc. as quais rapidamente ganharam uma certa autonomia.

A demografia caminhou assim da unidade inicial, onde a sua problemática era formulada
em termos simples e fundamentalmente técnicos, para uma crescente diversidade e
complexidade. A demografia tem a vantagem de ser simultaneamente a mais exacta das
ciências sociais e de ser o ponto de encontro das ciências sociais e humanas com a
biologia, o direito, economia e ciências politicas.
A demografia é uma só apesar das diferentes especialidades, ou seja todos os ramos
perdem por completo o sentido sem a referência constante a um núcleo de base: a analise
demográfica.

A DEMOGRAFIA HISTÓRICA:
Estudo retrospectivo das populações numa determinada época pertencente ao passado, e
particularmente daquela em que não existem estatísticas do tipo moderno (estatísticas
demográficas ou recenseamentos), ou seja, cujos dados disponíveis não foram produzidos
com fins demográficos. Utilizam-se normalmente registos paroquiais, listas nominativas,
genealógicas, etc.
Após o fim da 2ª guerra mundial um conjunto de vários factores começam a convergir
para o aparecimento da demografia histórica como ramo autónomo da demografia.

Landry publica em 1945, o seu tratado de demografia


Sauvy lança em 1946 a revista Population, mas o que verdadeiramente se passou de novo
foi o aparecimento do método cientifico baseado na reconstituição das famílias,
inventando quase por P. Goubert e L. Henry.

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A DEMOGRAFIA SOCIAL:
É o estudo das relações entre o estado das populações ou movimentos da população e a
vivência das sociedades.
Ex.:
⇒ As causas e consequências do declínio da natalidade
⇒ Os efeitos das migrações internas e externas no sistema demográfico e social
⇒ As consequências demográficas e sociais da luta contra a morte
⇒ A desigualdade sexual, social, e espacial face á morte
⇒ As desigualdades regionais e o ordenamento do território
⇒ As consequências do envelhecimento demográfico

Foi Kingsley Davis que em 1964 num trabalho intitulado DEMOGRAFIA SOCIAL
procurou definir o seu objecto de estudo. Estuda as causas do comportamento
demográfico.

AS POLITICAS DEMOGRAFICAS:
Consistem em actuar sobre os modelos (ou sobre os efectivos) tendo em vista
determinados objectivos, económicos e sociais.
Se queremos acelerar o crescimento da população, procurar-se-á fazer diminuir as saídas
(óbitos, emigrantes) ou aumentar as entradas (nascimentos, imigrantes). Inversamente se
queremos diminuir o ritmo de crescimento, procurar-se-á aumentar as saídas (óbitos,
emigrantes) ou diminuir as entradas (nascimentos, imigrantes).

A conferência de BUCARESTE de 1974 defendia o crescimento da população e a


existência de uma estrutura jovem.

A conferência do CAIRO em 1994 conclui que é necessário um controlo do crescimento


demográfico.

A ECOLOGIA HUMANA:
É definida como o estudo das relações, em tempo e espaço, entre a espécie humana e as
outras componentes e processos do ecossistema de que é parte integrante. O seu objectivo
é conhecer a forma como as populações humanas concebem, usam e afectam o ambiente,
bem como o tipo de respostas existentes as mudanças ocorridas no ambiente biológico,
social e cultural.

2. A EXPLOSÃO DEMOGRAFICA

• A POPULAÇÃO ANTES DO APARECIMENTO DA ESCRITA:

A grande revolução do neolítico consistiu fundamentalmente em “fabricar homens”,


reprogramar a memoria cultural e conservar o homem vivo tanto tempo quanto possível. O
que impediu o homem do paleolítico de crescer foi a obrigação de errancia das tribos em
território de caça. Quando esta começava a rarear ocorriam grandes migrações que faziam
aumentar a mortalidade dos grupos populacionais mais vulneráveis. A vitória da agro-
pastoricia é antes de mais a estabilidade do lar e uma melhor protecção da mulher grávida
e da criança.
A passagem em 30 mil anos do quase nada para o homem acabado, atingindo o
Primeiro milhão (12000 anos a.C.), coincide com o aparecimento do cérebro
Grande da consciência da passagem do tempo da linguagem.

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• A ANTIGUIDADE DO CRESCIMENTO AO PRIMEIRO MUNDO CHEIO


(NEOLÍTICO)

A população começou a diminuir significativamente a partir do séc. III d.C. devido


Ao efeito combinado de vários factores:
- As crises de mortalidade
- As fomes
- Limitações de nascimentos
- A importância dos escravos

• O NASCIMENTO DO OCIDENTE MEDIEVAL E O DECLÍNIO DA


POPULAÇÃO

as invasões barbaras acabam por desmantelar o já frágil mundo da antiguidade, dando


progressivamente origem ao aparecimento do ocidente medieval. É de novo um
acontecimento demográfico que determina e define, durante uma lenta transição a
passagem do período antigo para o período medieval.

• A RECUPERAÇÃO DEMOGRÁFICA DO OCIDENTE MEDIEVAL


(SEGUNDO MUNDO CHEIO SEC. XII)

O século VII marca o ponto mais baixo do declínio demográfico europeu. Depois de um
máximo, que se estima em 44 milhões de habitantes no inicio da era cristã, da depressão
nos séc. VII e VIII, a população europeia, num espaço de quatro a cinco séculos, começa a
recuperar efectivos perdidos durante o período de declínio populacional. Esta tendência
para o crescimento demográfico vaie-se afirmando gradualmente á medida que se
começam a consolidar as estruturas medievais e acelera-se a partir do séc. XI.

• O MODELO DEMOGRAFICO DO ANTIGO REGIME

No ano de crise, os óbitos quase duplicam em relação aos anos anteriores, enquanto os
nascimentos e os casamentos se reduzem consideravelmente. Passado o ano de crise, o
número de nascimentos aumenta progressivamente e os efectivos perdidos são
recuperados. Este aumento não é devido a uma alteração dos comportamentos
procriadores, mas sim a uma alteração dos níveis de nupcialidade.

Para se compreender o rejuvenescimento das estruturas, ou seja esta recuperação dos


nascimentos depois de uma crise, existem três aspectos fundamentais caracterizadores do
casamento nas sociedades do antigo regime:
- Não existem relações sexuais fora do casamento
- Não existe coabitação de casais
- Não existe casamento sem casa

Mecanismo auto regulador:


É a morte dos pais que desencadeia todo o processo de dinamização da população:
um casal com cerca de 50 anos já infecundo é substituído por um jovem casal que
noutras circunstâncias teria de esperar mais uns anos. Uma crise de mortalidade faz
diminuir a idade média de casamento, aumenta o número de nascimentos e
rejuvenesce a população.
Na ausência de crises constitui-se um exército de reserva de rapazes e raparigas que
estão á espera da primeira oportunidade para se casarem. Logo que surge uma crise

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de mortalidade ficam disponíveis alguns lugares e os elementos do exército de reserva


avançam em primeiro lugar.

• O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO NA EUROPA OCIDENTAL (3º MUNDO


CHEIO)

O crescimento da população na segunda metade do século XVIII, é um fenómeno


Europeu que ultrapassa o quadro das regiões industrializadas e que não pode ser
Explicado por uma revolução agrícola.

Dupâquier: esquematiza o arranque demográfico da Europa Ocidental da seguinte forma:


1ª Etapa – (1650 - 1750) as populações submetidas a crises periódicas de mortalidade
põem a funcionar em pleno o mecanismo auto-regulador.

2ª Etapa – (2ª metade do séc. XVIII) os acidentes sendo menos frequentes, diminuem a
mortalidade e a população aumenta, os coeficientes de nupcialidade diminuem, a idade
média do casamento aumenta, os jovens têm cada vez mais dificuldades em estabelecer-se;
a indústria nascente passa a dispor de uma reserva de mão-de-obra abundante a baixo
preço; as tensões sociais aumentam a aparecem conflitos de gerações.

3ª Etapa – (1ª metade do séc. XIX) a industrialização, ao permitir fazer baixar a idade no
casamento, relança o crescimento demográfico. A emigração para o outro lado do atlântico
vaie-se tornando cada vez mais importante.

4ª Etapa – (2ª metade do séc. XIX) o recuo da mortalidade associado a um grande


progresso da medicina e das condições de higiene e saúde, acaba de vez com o mecanismo
auto-regulador.
A revolução industrial, a consequente destruição do mecanismo auto-regulador das
sociedades do Antigo Regime demográfico, a melhoria das probabilidades de
sobrevivência, vão criar condições para a existência de um grande crescimento
demográfico na Europa.

Modelo Dupâquier

Algum progresso Técnico

Outros factores Estruturas de populações cada


vez mais jovens

Arranque industrial

Declínio da idade media Melhoria das condições


casamento de higiene e saúde

Aumento dos nascimentos Diminuição dos obitos

Explosão demográfica

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População em 1950 = 2,5 mil milhões


População em 1987 = 5 mil milhões

• A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO NAS RESTANTES PARTES DO MUNDO

Continente Asiático:
O continente asiático, que no início da nossa era tinha uma população estimada em cerca
de 170 milhões de habitantes, só consegue duplicar a sua população duplicar a sua
poluição por volta do séc. XIII altura em que atinge cerca de 260 milhões de habitantes.
Observa-se uma grande quebra no ritmo de crescimento da população que dura 3 séc.
O declínio da população foi portanto devido ao efeito das guerras, mas também uma
consequência da passagem de uma situação de elevada densidade de ocupação agrícola
para uma baixa densidade populacional, normalmente associada a situações onde
predomina a pastorícia.

China:
A partir de 1200 inicia-se o grande crescimento populacional da china:
1900 - 415 Milhões
1950 - 578 “
2000 - 1289 “
2025 - 1450 “

Continente Africano:
È com o fim do tráfico de escravos e com a progressiva libertação da tutela colonial que,
já em pleno séc. XX, a população africana começa a crescer:
1900 - 138 milhões
1940 - 176 milhões
1970 - 353 milhões
2000 - 861 milhões
2025 - 1289 milhões

Continente Americano:
As populações amerindias não estavam ao contrário das europeias, imunes a certos
micróbios e sofreram uma aniquilação quase total principalmente através da varíola. Só
em meados do séc. XIX se atinge um valor de 34 milhões de habitantes:
1900 - 75 milhões
1940 - 131 milhões
1960 - 212 milhões
2000 - 540 milhões
2025 - 700 milhões

• A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA: (um fenómeno novo ou um velho problema


com nova características)

A 1ª grande conclusão a que chegámos é de que a preocupação com o excessivo numero


de habitantes não é um fenómeno exclusivo da época contemporânea e nem tão pouco a
explosão demográfica observada nos dias de hoje é um fenómeno inteiramente novo.

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A explosão demográfica não é um fenómeno novo mas nos dias de hoje apresenta
características diferentes:
• A 1ª reside no facto de globalmente a humanidade nos aparecer no séc. XX
dividida em dois blocos completamente diferentes um do outro:
- Os países desenvolvidos onde se concentra 80% da população
- Os países subdesenvolvidos onde temos 20% da população
Mundial

• A 2ª grande diferença é a unidade de contagem:


- No primeiro “mundo cheio” a unidade de contagem é o milhão
- No segundo mundo cheio a unidade passou a ser as centenas de milhão
- Terceiro mundo cheio a unidade de contagem passou a ser o milhar de milhão

• A 3ª diferença consiste na unidade de tempo utilizada na análise. Na 1ª e 2ª a


contagem é feita em séculos, mas nos dias de hoje a contagem é feita por anos

• Última diferença é a capacidade de previsão. A ciência demográfica ao


desenvolver um conjunto de técnicas de projecção ou de prospectiva demográfica
consegue explicitar as grandes características demográficas da sociedade de
amanhã.

3. ASPECTOS INICIAIS DE UMA INVESTIGAÇÃO EM ANALISE


DEMOGRAFICA: (ritmos de crescimento e analise das estruturas demográficas)

• VOLUMES, RITMOS DE CRESCIMENTO DE UMA POPULAÇÃO E


DENSIDAES

Para se medir o ritmo de crescimento de uma população existem fundamentalmente três


processos em análise demográfica:

Crescimento continuo – a = In (Pn/Po) /n

Crescimento aritmético – a = (Pn - Po) / Po x n

Crescimento geométrico – log (Pn/Po) = n log (1+a)

Cálculo das densidades populacionais – consiste em dividir o total de habitantes


existentes numa determinada unidade espacial, pela superfície dessa mesma unidade.

Tipos de População:
Tipo progressivo - que apresenta um numero crescente de nascimentos ano a ano
Tipo regressivo - que apresenta um numero decrescente de nascimentos ano a ano.
Tipo estável - apresenta leis invariáveis de mortalidade e fecundidade, segundo a idade, o
que traduz uma taxa de nascimento constante e uma estrutura por idades invariável.
Tipo estacionário - taxa de crescimento nulo

População fechada - quando a estrutura é mantida ou alterada apenas pelos nascimentos e


óbitos, ou seja não é afectada por migrações exteriores.
População aberta - quando não está sujeita a fenómenos migratórios.

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Volume populacional - o numero de pessoas que estão presentes num determinado


espaço territorial.

Crescimento positivo - população a aumentar


Crescimento negativo - população a diminuir
Crescimento zero - população está na mesma

• AS ESTRUTURAS DEMOGRAFICAS

Estruturas demográficas – são uma subdivisão em grupos a partir de determinadas


características demográficas.
Assim temos diversos de tipos de estruturas: - Sexo e idades
- Estado civil
- Actividade económica
- Níveis de instrução

Pirâmides de idades – são gráficos que permitem ter uma visão de conjunto da repartição
da população por sexos e idades.
Calcula-se a estrutura etária relativa - sexos separados
Divide-se a população (sexos) de cada grupo de idades pelo total da população e
multiplica-se cada resultado por 100
Quanto ao seu processo de construção existem dois tipos fundamentais:
- Por idades
- Por grupos de idades

Pirâmide em acento circunflexo - é uma pirâmide de idades típica dos países em


desenvolvimento, das populações do antigo regime ou das sociedades tradicionais.
A natalidade e a mortalidade são muito elevadas (base muito larga e topo reduzido).

Pirâmide em urna - é uma pirâmide típica dos países desenvolvidos, que se encontram na
ultima fase de transição demográfica, os níveis de natalidade e de mortalidade são muito
baixos. (poucos jovens e muitos idosos).

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As relações de masculinidade – as pirâmides de idades nunca são simétricas, nascem


mais rapazes do que raparigas.
A mortalidade que é o factor mais relevante na explicação da redução dos efectivos, é
sempre mais precoce no sexo masculino do que no sexo feminino.

Os índices-resumo - os mais utilizados em analise demográfica são os que agrupam a


informação respeitante à população potencialmente activa, os que aprofundam a analise do
processo de envelhecimento e os que procuram proceder a estimativas indirectas de
determinados parâmetros demográficos.
Os principais índices-resumo das estruturas demográficas são os seguintes:

Percentagem de jovens – divide-se a população com menos de 14 anos pela população


total.
População com – 14 anos x100
População total

Percentagem de potencialmente activos - divide-se a população potencialmente activa


ou seja a que se situa entre o fim da escolaridade obrigatória e o inicio da reforma, pela
população total
População entre 15-64 anos x100
População total

Percentagem de idosos – divide-se a população idosa com mais de 65 anos pela


população total
População com 65 anos e + anos x100
População total

Índice de juventude – compara directamente a população jovem coma idosa

População com 0 - 14 anos x100


População c/ 65 e + anos

Índice de envelhecimento ou índice de vitalidade – compara directamente a população


idosa com a população jovem
População com 65 e + anos x100
População com 0-14 anos

Índice de longevidade – compara o peso dos idosos mais jovens com o peso dos idosos
menos jovens.
População com 75 e + anos x100
População com 65 e + anos

Índice de dependência dos jovens – compara o peso dos jovens com o peso da população
potencialmente activa.
População com 0-14 anos x100
População c/ 15-64 anos

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Índice de dependência dos idosos – compara o peso dos idosos com o peso da população
potencialmente activa.
População com 65 e + anos x100
População 15-64 anos

Índice de dependência total – mede o grau de envelhecimento da população potencialmente


activa.
População com 0-14 anos + 65 e + anos X100
População com 15-64 anos

Índice de maternidade – é um indicador que relaciona a população com menos de 5 anos de


idade com a população feminina em período fértil.
População com 0-14 anos x100
População c/ 15-49 anos

O envelhecimento demográfico
Em termos demográficos existem dois tipos de envelhecimento demográfico:
• O envelhecimento na base – ocorre quando a percentagem de jovens começa a
diminuir de tal forma que a base da pirâmide de idades fica bastante reduzida
• Envelhecimento no topo – ocorre quando a percentagem de idosos aumenta
fazendo assim com que a parte superior da pirâmide de idades começa a alargar,
em vez de se alongar.

O principal factor natural responsável pelo envelhecimento demográfico foi o declínio da


natalidade. Uma redução no número de nascimentos produz na estrutura etária de uma
população uma diminuição progressiva dos efectivos mas jovens – o envelhecimento na
base – e consequentemente um aumento da importância relativa dos mais idosos – o
envelhecimento no topo.

6. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA E A ANALISE DA


QUALIDADE DE DADOS

• OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEMOGRAFICA

Os recenseamentos da população
Recenseamento de uma população é o conjunto de operações que consiste em recolher,
agrupar e publicar, os dados respeitantes ao estado da população. As nações unidas
recomendam a existência de um conjunto mínimo de informações por serem consideradas
como fundamentais:
• Informação sobre localização
• Informações demográficas
• Informações socioculturais
• Informações sociais e económicas
• Informações sobre habitação

Tem como características:


• A Simultaneidade da recolha - devem ser realizados num determinado ano e por
referencia a um determinado dia do mês

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• Exaustividade - é sempre o total da população que se procura conhecer e


caracterizar.

Censo é a recolha de dados sobre a população levada a cabo de uma só vez num dado pais
e envolve a formulação de um questionário, planeamento e organização de uma equipa,
processamento e análise dos dados e divulgação dos resultados.

Em Portugal os recenseamentos: 1º - 1 de Janeiro de 1864


2º - 1 de Janeiro de 1878
3º - 1 de Dezembro de 1890
4º - 1 de Dezembro de 1900

Estatísticas demográficas de estado civil


São o conjunto de informações sobre os nascimentos, óbitos, casamentos, divórcios e
separações judiciais, saídas ou entradas, ocorridas durante um determinado período.
Baseados nos boletins de registo civil desses acontecimentos com detalhes sobre a sua
repartição por unidades administrativas.
A partir de 1988 as estatísticas demográficas passaram a utilizar a Nomenclatura das
Unidades Territoriais para fins estatísticos (NUTS).
A primeira classificação foi a seguinte:
• NUT I - continente, Região autónoma dos açores, região autónoma da madeira
• NUT II - norte, centro, Lisboa vale Tejo, Alentejo, Algarve, açores, madeira
• NUT III

Outros sistemas de informação demográfica


- Estatísticas da saúde do INE
- Anuário estatístico do INE
- Estatísticas do ambiente
- Inquéritos, directos e indirectos
- Recenseamentos eleitorais que anualmente no fornecem uma base de dados

• ANALISE DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO

Antes de se proceder a qualquer análise mais sofisticada é necessário testar a fidelidade


dos dados disponíveis, dai a aprendizagem de algumas técnicas:

A relação de Masculinidade dos Nascimentos


Este indicador relaciona o nº de nascimentos masculinos por cada 100 nascimentos
femininos: R.M.N. = nascimentos masculinos x 100
Nascimentos femininos

É um índice frequentemente utilizado para apreciar a qualidade do registo dos nascimentos


por sexo. Permite observar se as declarações de nascimento acusam algum desequilíbrio
no que respeita ao sexo. (exemp. Se o índice for 105 significa que por cada 100 raparigas
nascem 105 rapazes)

O índice de Whipple
Tem como objectivo analisar a qualidade dos recenseamentos.
Procura demonstrar se existe ou não determinado tipo de distorções, frequentemente
observadas em países (ou épocas) com estatísticas de má qualidade: a atracção pelos
números terminados em 0 e 5.

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Cálculo:
- Somam-se as pessoas recenseadas entre 23 e 26 anos (inclusive)
- Somam-se as pessoas que no intervalo considerado tem idades que terminam em o e 5
- Multiplica-se a segunda soma por 5 e divide-se pela primeira
- O resultado obtido multiplica-se por 100.

O índice de regularidade
Serve para mostrar se existe ou não concentração em determinadas idades.(idêntico ao
índice de whipple)

Índice combinado das Nações Unidas


Procura medir a qualidade global de um recenseamento. É um índice que combina dois
indicadores de regularidade das idades (um para cada sexo) e um indicador de
regularidade dos sexos.

Grelha de análise: <20 - Bom


20 - 40 - Mau
>40 - Muito Mau

Índice de concordância
A equação de concordância procura verificar se existe ou não uma concordância entre os
diversos sistemas de informação disponíveis.
Durante um determinado período (entre 2 recenseamentos) a população de uma região
aumenta ou diminui devido a nela existirem 2 tipos de movimentos - o natural e o
migratório,

Crescimento entre recenseamentos = C. natural + C migratório

6. OS PRINCIPIOS DA ANALISE DEMOGRAFICA

A demografia ao analisar fenómenos e ao recolher acontecimentos pode ser redefinida


numa perspectiva de análise, como a ciência que estuda determinados fenómenos a partir
dos acontecimentos.

Fenómenos são aparecimento de acontecimentos de uma dada categoria:


Natalidade
Mortalidade
Migrações

Acontecimentos facto que se refere a um individuo e afectando a estrutura das populações


e a sua evolução:
Nascimentos
Óbitos
Migrantes

• O DIAGRAMA DE LEXIS

É um instrumento de análise demográfica na medida em que permite repartir os


acontecimentos demográficos por anos de observação e gerações.
• O eixo das idades - om ordenada (oy
• Eixo do tempo (ox anos de observação)

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• Eixo das gerações (linha em diagonal)


• Superfície (quadrados e triângulos) onde devem ser inscritos os acontecimentos
• Linhas onde devem ser inscritos os efectivos observados num dado momento

• PRINCÍPIOS GERAIS DA ANALISE DEMOGRÁFICA

Por princípios gerais da análise demográfica entendemos um conjunto de regras


fundamentais a que deve obedecer qualquer trabalho de investigação em demografia.
Princípios gerais em analise demográfica:

⇒ O estado puro e o estado perturbado


Estado puro o principio que consiste em analisar os fenómenos demográficos sem
interferências, ou seja analisar separadamente a natalidade, mortalidade, nupcialidade e os
movimentos migratórios, sem ter em conta as possíveis interferências que possam existir
entre eles
Estado perturbado principio que consiste em analisar os fenómenos demográficos com
interferências, por exemplo o estudo da natalidade de uma população é normalmente
perturbado pela interferência da mortalidade e das migrações.

⇒ Acontecimentos renováveis e não renováveis


Os acontecimentos não renováveis só podem ocorrer uma vez (mortalidade). Os
acontecimentos renováveis são os que podem ocorrer mais do que uma vez (natalidade,
nupcialidade, divorcio, migrações).

⇒ Analise transversal e longitudinal


Análise transversal ou análise do momento consiste fundamentalmente em observar os
acontecimentos demográficos num determinado período de tempo.
Analise longitudinal ou por coortes significa observar os acontecimentos ao longo da vida
dos indivíduos o que envolve vários anos de calendário.

Coorte - é um conjunto de pessoas que são submetidas a um mesmo acontecimento de


origem durante um mesmo período de tempo. Se o acontecimento de origem é o
nascimento, a coorte toma o nome de geração, se o acontecimento de origem é o
casamento ou outro qualquer a coorte passa a chamar-se promoção.

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• PRINCÍPIOS DA ANALISE LONGITUDINAL

Fixam-se os limites de observação entre 15 e os 50 anos, trata-se de um


Acontecimento renovável, visto cada mulher poder dar origem a mais do que um
Nascimento. A caracterização da distribuição destes acontecimentos entre os 15 e
Os 50, faz-se através de 2 medidas que são: intensidade e o calendário.

Intensidade - mede o numero médio de acontecimentos por pessoa

Calendário - obtém-se ponderando as idades dos efectivos no nascimento pelo


Numero dos nascimentos.

Tábua de mortalidade - tábua que descreve, segundo uma escala de idades o surgimento
dos óbitos numa geração.

⇒ Principio de analise em transversal


A tarefa da analise transversal é separar a estrutura e o volume da população de
Forma a medir o seu impacto na dinâmica populacional.

Estandardização - consiste em separar o impacto na dinâmica populacional.

Translação - este principio serve para designar os modelos e formulas permitindo


Estabelecer relações entre medidas longitudinais e medidas transversais dos
Fenómenos.

6. ANALISE DA MORTALIDADE

• AS TAXAS BRUTAS DE MORTALIDADE

A taxa bruta de mortalidade consiste em dividir o total de óbitos num determinado


período (um ano) pela população média existente nesse mesmo período (multiplicando o
resultado por 1000). A taxa bruta de mortalidade é um instrumento grosseiro que isola
muito rudimentarmente os efeitos de estrutura (idades).
Em Portugal no período 1950-90 tanto podem provir dos tx (modelos) como dos px
(estruturas). Variações entre modelos significam a existência de diferentes riscos de
mortalidade. Diferenças entre estruturas (maior ou menor envelhecimento) são
indiferentes á análise demográfica.

Óbitos médios
TBM = ----------------------- x 1000
População média

Mortalidade por idades e grupos de idades dividem-se os óbitos observados entre as


idades exactas pela população media existente entre essas mesmas idades.

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• AS MEDIDAS DE MORTALIDADE INFANTIL

As medidas de mortalidade infantil são frequentemente utilizadas como indicadores do


nível de desenvolvimento da sociedade.
Taxa de mortalidade infantil clássica relação entre os óbitos de crianças de menos de
um ano durante um ano civil e os nascidos vivos desse mesmo ano civil.
Tem a vantagem de relacionar directamente os óbitos no primeiro ano de vida com os
nascimentos.
TMI = Óbitos médios c/ menos de 1 ano x1000
Nascimentos médios

Taxa de mortalidade infantil neo-natal: relação entre os óbitos neo-natais durante um


ano civil e os nascidos vivos durante esse ano (com menos de 28 dias)

Taxa mortalidade infantil pós neo-natal: relação entre os óbitos pós neo-natais durante
um ano civil e os nascidos vivos durante esse ano. (de 28 a 365 dias)

Taxa de mortalidade por idades ou por grupos de idades: relação entre óbitos de uma
certa idade ou grupo de idades durante um ano e o efectivo médio da população com essa
idade ou grupos de idades.

As causas que originam a mortalidade infantil podem ser agrupadas em duas grandes
categorias:
Endógenas: deformações congénita, taras hereditárias ou de traumatismos causados pelo
parto. Obtém-se: total de óbitos endógenos
Nascimentos

Exógena: estão ligados a causas exteriores (doenças infecciosas, subalimentação,


cuidados hospitalares deficientes) obtêm -se: total de óbitos exógenos
Nascimentos

A mortalidade por meses:


Método das proporções (percentagens) Óbitos observados em cada mês x 1000
Total anual

Método das taxas mensais: óbitos mensais x 365 x 1000


População total

Método dos números proporcionais mesma lógica do anterior

A mortalidade por causas: As causas de morte são um excelente caminho para se


relacionar a mortalidade com as condições sanitárias, sociais, e económicas existentes num
determinado espaço ou num determinado período de tempo.
No estudo da mortalidade por causas podem utilizar-se os mesmos indicadores da
mortalidade geral: taxas brutas, taxas por idades, taxas estandardizadas. Em geral os
resultados são apresentados multiplicando os resultados obtidos por cem mil ou dez mil
para dar mais visibilidade aos resultados obtidos.

• A CONSTRUÇÃO DAS TABUAS DE MORTALIDADE

A tábua descreve, segundo uma escala de idades, o surgimento dos óbitos numa geração.
As funções de uma taxa de mortalidade são as seguintes:

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- Na primeira coluna de uma tábua de mortalidade são apresentadas as idades.


- A segunda coluna é constituída pelas taxas de mortalidade entre a idade x e x+n
- A terceira função aparece na terceira coluna e é constituída pelos quocientes de
Mortalidade.
7. ANALISE DA NATALIDADE E FECUNDIDADE

• AS TAXAS BRUTAS DE ANALISE DA NATALIDADE E DA


FECUNDIDADE

Natalidade = fenómeno relacionado com os nascimentos

Fecundidade = fenómeno relacionado com os nascimentos vivos considerados do ponto de


vista da mulher ou do casal.

Nascimentos
Taxa bruta de natalidade: TBN= --------------------------- x 1000
População total

A taxa bruta de natalidade é um instrumento grosseiro de medida, O facto de não


ocorrerem nascimentos em todos os grupos populacionais (todas as idades, os nascimentos
ocorrem entre os 15 e os 50 anos), é aconselhável servirmo-nos das taxas de fecundidade
por idades ou por grupos de idades.

Nascimentos
Taxa fecundidade geral = ------------------------------ x 1000
Mulheres 15 – 49

A taxa de fecundidade geral é a relação entre os nascidos vivos durante um período e o


efectivo conveniente de mulheres ou de casamentos. Relaciona-se com a parcela da
população de mulheres dos 15 aos 49 anos.

• TIPOS PARTICULARES DE NATALIDADE E FECUNDIDADE

Taxa de fecundidade por idade ou grupo de idades: relação entre os nascidos vivos de
mulheres de uma certa idade durante um ano e o efectivo médio da população feminina
com essa idade ou grupo de idade.

A fecundidade dentro do casamento: relaciona os nascimentos dentro do casamento com


as mulheres casadas no período fértil, ou seja no grupo dos 15 aos 49 anos.

Nascimentos dentro casamento


TFC=----------------------------------------------- x1000
Mulheres casadas 15 - 49 anos

A fecundidade fora do casamento: relaciona os nascimentos fora do casamento com as


mulheres não casadas em geral no período fértil

Nascimento fora casamento


TFFC=---------------------------------------------------- x 1000
Mulheres não casadas com 15 - 49 anos

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A natalidade por meses: o processo de cálculo e o tipo de representação gráfica é o


mesmo da mortalidade.

• PRNCIPIO DA TRANSLAÇÃO

Com a translação procura-se estimar a intensidade e o calendário a partir das frequências


calculadas em transversal.

DESCENDENCIA MÉDIA = numero médio de filhos de ambos os sexos por mulher

TAXA BRUTA DE REPRODUÇÃO = número médio de filhas

• ANALISE DA NUPCIALIDADE E DO DIVORCIO

Nupcialidade: fenómeno relacionado com os casamentos. Esta variável intervém na


dinâmica populacional indirectamente através da fecundidade. O processo mais simples de
medição do nível de nupcialidade consiste em dividir o total de casamentos observados
pela população total.

Total de casamentos observ.


T BRUTA Nupcialidade = --------------------------------------- x 1000
População total

Taxa de nupcialidade geral = relaciona os casamentos com as pessoas casáveis

CASAMENTOS
TNG= ----------------------------X 1000
Pop. c/ + 15 anos

Taxa de nupcialidade geral dos solteiros = relaciona os casamentos com as pessoas


casáveis excluindo os viúvos e os divorciados

Casamentos
TNGS= -------------------------------------- x 1000
Pop. Solteira c/ + 15 anos

Taxa de nupcialidade por grupos de idades e sexos = relaciona os casamentos num


determinado grupo de idades com a população do mesmo grupo.

Casamentos homens (25/29 anos)


TNGIS= ---------------------------------------------- x1000
População homens (25/29)

Taxa bruta de divórcio = relaciona o número de divórcios com o total da população.

Divórcios
TD= ------------------------ x 1000
População total

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Taxa bruta de viuvez = relaciona o número de viúvos com a população total

Viúvos
TBV= ------------------------- x 1000
População total

7. ANALISE DOS MOVIMENTOS MIGRATORIOS

Os movimentos integram a outra componente do crescimento total de uma população, a


qual em conjunto com o crescimento natural (natalidade, mortalidade) determina a
dinâmica de crescimento de um pais ou de uma região.
O crescimento migratório abrange 3 situações distintas:
1. A emigração (saída para um pais diferente)
2. A imigração (entrada de pessoas de um pais diferente)
3. As migrações internas (entradas e saídas de uma região para outra dentro do
mesmo pais)

As variações dos movimentos migratórios no tempo e no espaço dependem de factores


sociais e económicos complexos de natureza interna e externa em relação á unidade
espacial em estudo.

• OS METODOS DIRECTOS DE ANALISE DOS MOVIMENTOS


MIGRATORIOS

Taxa bruta de emigração = relação entre os emigrantes e a população total

Emigrantes
TBE= --------------------------x1000
População

Taxa bruta de imigração = relação entre os imigrantes e a população

Imigrantes
TBI= ------------------------ x 1000
População

Taxa bruta de migração = a relação entre os migrantes e a população

Emigrantes + imigrantes
TBM= -------------------------------- x 1000
População

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• METODOS INDIRECTOS DE ANALISE DOS MOVIMENTOS


MIGRATORIOS

Os métodos indirectos como o próprio nome indica servem para estimar a intensidade e a
direcção dos movimentos migratórios quando estes são passíveis de ser medidos
directamente.

A equação de concordância
Crescimento entre recenseamentos = Cr. Natural + Cr. Migratório
Crescimento migratório = Cr. Entre recenseamentos - Cr. Natural

O peso dos clandestinos é um problema, pois nem todas as migrações são oficiais

Os métodos da população esperada

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