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E JEAN VIOLLET
RELAÇÕES
ENTRE RAPAZES
E RAPARIGAS
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I N T R O D U Ç Ã O
N ÃO é aos dezoito anos que surge o problema das relações entre mpazes
e raparigas.
Nessa idade, o problema está resolm'do, bem ou mal, conforme a educação
recebida.
Os educadores nunca devem esquecer que são eles próprios os
responsáveis, na maior parte das vezes, pelas lev'ianilades e erros da juventUde.
Por falso '{YUd;!Yr .ou farisaísmo inconsciente, algu mas vezes, mas quase
sempre por leviandade e incomP't'6ensiio, deixaram passar os anos decisivos da
puberdade sem intervir, para esclarecer e 1orienfJar.
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O resultado é que as tendências instintivas e obscuras da natureza se
desenvolveram em detrimento das luzes que teriam sustado o adolescente no
declive dos e1·ros sexuais ou sentimentais.
O modesto trabalho que apresentamoH ao púlJlico interessa tanto aos
jovens wrolescentes como (f(}. }!ais. Não tem apenas em vista delimitar com
Jll't·d.lio aquilo que é permitido ou proíbido na.'l ·rdn.QtÍt'H t'IIÜt! rapazes e
malsão e evifxlr prooNl(!r t'lfml.tJ aqul·lr.s que negam à luz e não querem ve1·
com simplicidade
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Contudo, chamando às coisas pelo seu nome, esforçamo-nos em lhas
apresentar com delicadeza e sob o seu aspecto mai. s moral.
Apenas nos move um desejo: ajudar a juventude a bem preparar o
c01·ação para a alta vocação familia'r que a espera.
I
RAPAZES E RAPMIGAS
NA VIDA FAMILIM
raparigas
No decorrer dos anos de formação, tanto na infân cia como na
adolescência, vivem lado a lado, confundindo-se nas brincadeiras, sentimentos e
reflexões.
Os mais velhos interessam-se pelos irmãos e irmãs mais novos.
Nunca mãe de família numerosa se lembraria de recusar os serviços que a
filha mais velha lhe poderia
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VIOLLET
P: JEAN
prestar junto dos seus irmãozitos pela simples razão de estes não serem do
mesmo sexo.
Esta colaboração, desejada pela natureza. na vida familiar, previne e
desvia as tentações e as curiosidades malsãs que fatalmente se apresentam ll11
crlonças que vivem sõzinhas, fora do melo natural constltuido por irmãos e
irmãs, misturando os seus cnrnctere c obrigando cada um dos sexos a adaptar-se
oo outro.
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cam-se a tentações particularmente graves, devido ao isolamento em que
vivem.
Se passaram muito tempo debaixo das saias maternas, atingem a
puberdade com aspecto efeminado, perturbando-se logo que se encontram em
presença do sexo contrário.
Ou, então, não tendo sentido no meio familiar a influência normal do
outro sexo, deixam-se levar por curiosidades doentias que podem perturbar-lhes
a imaginação ou a sensibilidade no dia em que a idade neles despertar atractivos
até então desconhecidos.
A separação dos sexos excita frequentemente a imaginação sentimental.
Origina sonhos e inquietações que
podem falsear para sempre a orientação dos sentimentos, provocar mesmo
desvios graves sob o ponto de vista sexual.
Estas tentações ficam reduzidas ao mínimo no seio duma família
numerosa, pela simples razão de que a educação em comum facilita a evolução
normal dos sentimentos.
Se está averiguado que, chegados à idade da puberdade. os rapazes
procuram o convívio das raparigas, e reciprocamente, não há melhor solução
que a de reunir num meio naturalmente são e moral. como o da família, a
feminilidade das irmãs com a masculinidade dos irmãos.
P." JEAN
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Deus criou a humanidade, homem e mulher. Deu a cada um dos sexos
qualidades e tendências que se completam tão perfeitamente, que o homem,
mesmo destinado ao celibato, não possuiria o seu completo equilí
brio sentimental se não tivesse sofrido algumn Influência feminina, mesmo que
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da mãe.
Reciprocamente, aquela que, nos· seus anos de desen volvimento, apenas
tenha vivido num ambiente feminino, será frequentemente uma sentimental
emtiva, incapaz de lutar contra as dificuldades da existência.
P." JEAN
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16 VIOLLET
malsã, a influência do sexo oposto: as raparigas são obrigadas a contar com o
temperamento mais ou menos brutal dos rapazes, e os rapazes a contar com a
sentlmentalidade mais ou men<?s enervante das raparigas.
Na família, masculinidade e feminilidade compenetram-se sem esforço.
Rapazes e raparigas, mesmo arreliando-se mutuamente, sentem-se felizes por
estarem juntos e não é raro que entre irmãos e Irmãs haja confidências que
confortam os corações e evitam erros de -conduta. As influências benéficas não
se poderiam exercer se não fora a diferença dos sexos: o irmão confiou-se à
irmã porque era mulher, e reciprocamente.
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É a continuação da influência recíproca dos sexos, baseada
no respeito mútuo.
Conversas e distracções comuns ajudarão rapazes e raparigas
a compreenderemse e apreciaremse, sem que
a moral sofra com isso.
Não estando cada um dos sexos privado da pre sença do
outro, a rapariga atravessará incólume o pe ríodo perigoso da
adolescência, porque nunca lhe faltou
o seu complemento natural. a masculinidade. E, recipro-camente, o
rapaz não será tentado a procurar para o trato social raparigas
desconhecidas, pois estará em contacto com raparigas que sabem
fazerse respeitar. Receberá a feliz influência feminina naquilo que
tem de mais puro e delicado.
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P." JEAN VIOLLET
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Os directores de instituições e patronatos bem o sabem. Não se iludem a
esse respeito e não acreditam que a separação dos sexos baste para preservar os
adolescentes dos encontros tanto mais perigosos por se lhes apresentarem sob o
atractivo do froto proibido.
O problema não se resolve pois pela simples separação dos sexos em
determinadas circunstâncias. Esta separação é por vezes necessária, mas deixa
subsistir a
questão de saber como ensinaremos os rapazes e as raparigas a conviverem
respeitando-se e sem que de tal resulte perigo para a sua moralidade.
Este difícil problema não se resolve suprimindo-o, mas sim encarando-o
de frente, como vamos tentar fazer nas páginas que se seguem.
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É que, na verdade, a educação, os costumes e os temperamentos
desempenham importantíssimo papel no problema das relações entre rapazes e
raparigas.
Ouvi dizer que, em determinada grande ilha do Extremo-Oriente os
rapazes e as raparigas devem evitar qualquer contacto e, se precisam de
conversar, o fazem conservando-se a respeitosa distância um do outro.
No dizer de missionários desse país do Extremo-Oriente, é absolutamente
excepcional que rapazes e raparigas não se conservem puros até ao casamento.
Escusada será dizer que, para os habitantes desse país privilegiado, os costumes
do Ocidente ou da América eram considerados escandalosos.
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ser sempre acompanhadas por uma criada ou pela mãe, ou pelo menos por um
parente próximo, que servia de protector. As que pretendessem escapar a este
hábito provocavam escândalo.
Foi necessária a guerra e a penetração em França dos costumes
anglosaxões para que as raparigas pudes sem sair sem ser acompanhadas.
Deve daqui tirarse a conclusão de que os novos costumes -sejam mais
perigosos que os antigos?
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RAPARIGAS
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E 23
JEAN VIOLLET
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P."
Em poucos anos -ós costumes modificaramse de alto a baixo.
Rapazes e raparigas disfrutam pràticamente das mes mas liberdades.
Que grande número abusa, é evidente. Verificá lemos bastantes vezes no
decorrer deste trabalho.
Deverá daí concluirse que a única maneira de reagir contra os abusos
seja o regresso aos antigos métodos?
Esses métodos caducaram e os pais que resolvessem pô-los em prática
encontrariam resistências que depressa se transformariam em revolta.
Convém pois procurar antes a maneira de se fazer a adaptação aos
costumes novos, para que sirvam à for mação e não para a deformação dos
caracteres.
No fundo, a questão está em sabermos como pr ceder, junto dos
adolescentes, para a educação da liber dade. Não estando destinados a ficarem
crianças subme tidas à tutela dos educadores, é necessário preparálos para as
suas responsabilidades futuras.
Os novos costumes obrigamnos a considerar com mais atenção que
nunca o grave problema da educação do carácter. Isto não é um mal. antes pelo
contrário.
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E 25
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RAPARIGAS
céu, porque a filha goza duma liber dade que ela desconheceu no seu tempo.
estão uma perante a outra em situação bastante equívoca.
Para que as gerações encontrem o equilíbrio, é necessário que novos e
velhos se não considerem como pertencendo a dois mundos diferentes e
incompatíveis.
A formação do carácter exige que os adolescentes tenham a sensação de
serem compreendidos pelos mais velhos. Mas como o serão se estes se recusam
a explicar lhes a vida, a transmitirlhes a sua experiência, a ajudá-los a penetrar
no conhecimento do seu próprio sexo e a esclarecêlos sobre as tentações que
acompanham a eclo são da puberdade?
Pouco importa que um adolescente goze duma liberdade relativamente
grande, se a sua inteligência estiver impregnada de princípios morais que lhe
sirvam, ao
mesmo tempo, de luz e salvaguarda.
Pouco importa que rapazes convivam com raparigas da mesma idade
nas diversas circunstâncias da vida coti
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P."
Estas disposições íntimas exigem formação, a qual só pode ser dada se a
geração dos educadores considerar seu dever não tratar os adolescentes como
crianças, a quem se escondem sistemàticamente as realidades da vida, lançando-
os por ignorância nos piores perigos, sob o pretexto de lhes conservar a candura
e a inocência.
É um facto, bastas vezes verificado que as raparigas educadas em
conventos, até aos dezoito ou vinte anos, ficam geralmente sem defesa perante
as tentações da vida. Esta observação é particularmente verdadeira para as órfãs,
que não encontram na vida que as espera, a do trabalho em oficinas ou casas
burguesas, nenhum afecto familiar, nenhum apoio moral e espiritual.
Qualquer que seja a dedicação das freiras, esforçando-se por junto delas
substituir a mãe ausente, con-
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E 27
servandolhes o fervor religioso que lhes embalou a adolescência, nem por isso
estão menos sujeitas a passar bruscamente dum ambiente aconchegado para um
meio
agreste. Vão deixar a atmosfera dum convento, ondl! tudo é regulado e previsto
sem que, por assim dizer, a vontade tenha de intervir, para bruscamente se
encon trarem frente a frente com a vida real, isto é, com os mil acontecimentos
imprevistos para os quais é preciso um carácter habituado à luta, uma
inteligência esclarecida sobre os perigos da vida e uma vontade moldada para
as resistências necessárias.
Se a vitória contra o mal supõe uma graça do Senhor, esta não pode
substituir a formação do carácter, senão
a graça não seria um socorro, mas um milagre permanente de Deus, actuando
sem o concurso da vontade.
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RAPARIGAS
Preparar as vitórias futuras é pois habituar a pessoa a vencer as
dificuldades e as tentações de hoje. Mas como vencêlas, se o ambiente é tal que
as tentações são pràticamente inexistentes ou dum sistema absolu tamente
diferente daquele em que mais tarde se apre sentarão?
Eis uma órfã piedosa e de boa vontade. Segue com fervor as práticas de
piedade e nelas recolhe um amor por Jesus, de que é incapaz de verificar o valor
espiritual. Ama ela Jesus porque Ele ocupa na sua imaginação, sem que disso
tenha consciência, o lugar do amigo ausente
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P."
JEAN VIOLLET
por que aspira o seu coração, ou amaO porque Ele a ajuda a vencer as paixões
nascentes? Ela não o sabe e nem sequer é capaz de analisar o valor dos seus
sen timentos, que não sofrem a influência • de qualquer ten tação.
Por pouco que sinta uma amizade demasiado sen sível por uma amiga, é
de temer que ninguém a advirta de que esta amizade é um perigoso sintoma
que é preciso vigiar.
Certamente lhe dirão que o mundo está cheio de ciladas e que o
demónio espreita as almas inocentes, para as fazer cair no pecado.
Mas em que consistem precisamente estas ciladas e em que se
diferençam as malícias do demónio dum senti mento legítimo? Desconheceo
em absoluto.
Se é dotaa de boa vontade, vai encontrarse repenti namente no mundo
como um passarinho assustado. Con centrarseá devotamente em si mesma.
Está votada a um celibato sem grande valor moral. porque não foi voluntário e
a impede de aceitar corajosamente os perigos da vida. O seu ideal será
encontrar um emprego tranquilo, em casa duma senhora piedosa e velha, onde
possa continuar as práticas de devoção do convento.
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P."
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RAPARIGAS
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E 29
ignorância, lhe faz a corte, muito longe de reconhecer nele o hediondo demônio
que semeou o terror na sua imaginação infantil, abandonar-se-á com tanto
maior facilidade às suas impressões quanto será incapaz de lhes reconhecer o
prejuízo e o perigo.
Um dia cairá nos braços dum amável desconhecido e será o princípio
das misérias morais ou mesmo da perdição.
É por isso que importa formar a alma dos adolescentes no meio onde
devem viver.
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30 JEAN VIOLLET
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P."
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
VIOLLET
um facto que a maior parte dos educadores parece não dar pelo
desenvolvimento progressivo do corpo humano. Ao passo que, por maravilhosa
intuição, a mãe procura surpreender no rosto da criança as mais pequenas
impressões e, pelos gestos e jogo fisionómico se esforça por se colocar ao nível
dele e, por qualquer modo, ter a idade do filho, esquece muito depressa este
princípio essencial de toda a educação, .a saber que, para elevar uma criança ao
nosso nível, é preciso começar por descer ao dela.
Por outras palavras, para educar um homem, o educador deve abstrair da
sua própria evolução pessoal, para voltar a percorrer com o discípulo os
diferentes estados do conhecimento humano.
Se se recusa a este trabalho, que exige grande desinteresse e constante
esforço de adaptação, pertence a uma esfera diferente da esfera da criança, a
ponto de as duas pessoas- a criança e o educador- estarem justapostas sem se
compenetrarem.
Esta separação entre as duas gerações começa em geral muito cedo.
Desde qut; a criança está de posse das suas faculdades físicas, e começa a
dedicar-se a toda a -espécie de divertimentos que para ela representam a
expressão da sua vitalidade e a sua maneira natural de, cada dia, fazer novas
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P." JEAN
desinteressa, e o ensino pelo qual se esforça por meter na cabeça da criança os
seus próprios conhecimentos.
Quem avaliará os malefícios da frase que tantas vezes se ouve na boca
das mães: «Vai brincar e deixa-me sossegada . . . !». Frase, aparentemente
inofensiva, mas alicerce da separação das duas gerações.
Com efeito, a criança verifica, desde os primeiros anos, que não pode
contar com os adultos para a ajudarem a brincar, isto é, a descobrir o valor de
todos os exercícios aos quais espontâneamente se entrega.
Pelo contrário, o adulto vai arrancá-la constantemente a essas
brincadeiras, que para ela constituem o grande atractivo da vida, para a obrigar a
submeter-se
a disciplinas fatigantes, sob pretexto de aprender a ler, escrever e contar.
Acontece pois que é apenas a propósito de exercícios que a aborrecem o mais
possível que a criança se encontra submetida à influência dos seus educadores.
Como é que estes não compreenderam que, para exercerem sobre o
coração e a actividade da criança uma influência real. é necessário que se tornem
indispensáveis cada vez que ela se entregue aos exercícios espontâneos da sua
natureza?
34 VIOi.LET
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
Disto resulta que a criança depressa compreende que foi enganada ou
que os pais se recusam sistemàticamente a esclarecêla. Desde então a
separaÇão entre as duas gerações é completa.
A criança irá aclarar as suas dúvidas onde puder. geralmente junto de
camaradas que só parecem mais conhecedores por estarem já pervertidos.
Desde então os pais deixam de ter qualquer influência e a criança fica entregue,
sem defesa, aos acasos dos encontros e das conversas.
Aprendendo assim à sua custa que os pais se
recusam a explicarlhe a vida, a criança, chegada à adolescência, nada lhes
confiará das suas dificuldades ou das suas experiências sentimentais. Tornou-se
um adolescente que vive a sua vida independentemente dos pais.
E RAPARIGAS 35
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P." JEAN
que necessita para se orientar bem na vida. Mas, para isso, é indispensável que
tenham sido capazes de lhe conquistar a confiança, nos primeiros anos da vida. e
hajam demonstrado capacidade para tal orientação.
VIOLLET
E a tentação a dar esse passo será aumentada pelo facto de viver numa
atmosfera perturbada, cheia de inquietação pelo futuro, sem saber como
chegará a atingir uma situação. Assim, naturalmente, acusa a geração que o
precedeu de todos os males de que é vítima inocente.
Parte da nova geração compreendeu que o remédio
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
E RAPARIGAS 37
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IV
várias razões: a primeira é que a criança tem nos pais, em especial na mãe,
confiança sem limites e que convém manter esta confiança, particularmente a
respeito de casos delicados, se quisermos que, mais crescida, não se sinta
embaraçada para fazer as perguntas que a possam
preocupar e contar as suas primeiras emoções sentimentais.
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P." JEAN VIOLLET
Outra razão é a de que, não sendo ainda a criança objecto de nenhuma
imaginação sexual e não sentindo nenhuma sensação especial, é possível dar-
se-lhe expli
,
cações sem que ela experimente a mais pequena perturbação.
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RELAÇÕES ENTRE
Aos sete ou oito anos o rapaz não tem respeito pelas raparigas;
considera-as como camaradas de brincaeiras. São familiaridades sem perigo
enquanto jovens, mas que fàcilmente se podem tornar tentação quando
apareçam os primeiros sintomas da puberdade. As brincadeiras da criança
mudar-se-ão em meiguices e intimidades, tanto mais perigosas quanto mais
habituadas estiverem as crianças a tratar-se como camaradas.
Mas se a mãe tiver sabido aproveitar as primeiras revelações para
explicar ao filho que todas as raparigas podem ser destinadas à vocação
maternal, que um dia serão o tabernáculo no qual Deus talvez deposite uma
pequenina semente da qual se desenvolverá uma criança. ser-lhe-á fácil
despertar no rapazinho um sentimento de respeito para com o sexo feminino, o
que terá por resultado habituá-lo a tratar as raparigas, mesmo nas brincadeiras,
com a maior delicadeza.
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P." JEAN VIOLLET
Contou-nos um pai que, depois de ter explicado à sua filhinha, de oito
anos de idade, que Deus colocava as crianças a nascer perto do coração da mãe
e que esta as alimentava com o seu próprio sangue, tinha aproveitado a ocasião
para enumerar os defeitos da filha, dizendo-lhe quanto temia que os filhos que
ela viesse a ter se lhe assemelhassem. Não era ela uma criança desobediente,
que não respeitava ninguém, gostando de arreliar e de ser arreliada, tiendo
enfim uma série de defeitos que certamente passariam para o sangue de seus
filhos se não se
corrigisse?
Profundamente comovida e aterrorizada, compreendendo pela primeira
vez a grandeza das suas futuras responsabilidades, a criança decidiu que os seus
filhos não
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
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se pareciam com ela e que, por consequência, evia aplicar todas as suas forças
em se corrigir dos seus defeitos e das suas atitudes.
A partir deste momento, tornou-se de tal maneira diferente que irmãos e
camaradas sentiram nascer em seus corações um novo sentimento de respeito e
de admiração por aquela que lutava corajosamente contra si própria, por
antecipado amor aos filhos futuros.
por isso que, inconscientemente, não sintam o atractivo físico dos sexos.
Quer se queira ou não, o rapaz é tentado pelos encantos físicos da
mulher. As linhas do corpo feminino exercem sobre ele tamanha fascinação que
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P." JEAN VIOLLET
fàcilmente se pode tornar em obsessão. Ao mesmo tempo que teme o contacto
do corpo feminino, deseja-o e procura-o.
É na idade da puberdade que circulam entre camaradas folhas e
fotografias sórdidas e eróticas que apenas servem para excitar os apetites físicos
do sexo que des·
ponta.
Se a rapariga não parece, à primeira vista, sofrer com a mesma violência
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
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têm o cuidado de agradar aos jovens e que apenas cultivam os seus encantos
femininos por mero amor platónico da beleza. Têm um prazer infinito em se
sentir admiradas e desejam, mais ou menos inconscientemente, as homenagens
dos homens.
Quer isto dizer que a atracção física reveste aspectos complementares na
rapariga e no rapaz adolescentes. Ele gosta de ver, ela de ser vista.
.
Daí resultam tentações tanto mais perigosas quanto mais livres são as
relações entre os dois sexos e mais frouxas as barreiras sociais, que retêm e
prendem os instintos.
É então que se torna necessário intervir para esclarecer a inteligência e
conseguir que os cegos impulsos do instinto sejam orientads pelas normas da
razão.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
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P."
JEAN VIOLLET
de casamento. Assim, um rapaz não deve fazer a corte a uma rapariga se não
estiver na idade de se casar ou se as circunstâncias não permitem esperar uma
união normal. A rapariga não deve nunca aceitar a corte dum rapaz que não
tenha a intenção de com ela fundar um lar.
É preciso que os jovens se convençam de que o amor é uma potência
moral e espiritual com que se não pode brincar.
Por consequência, cada um dos sexos deve manter certa reserva para com
o outro.
A adolescência é um longo período de formação, durante o qual cada um
se empenha em formar e con quistar a sua personalidade moral ao mesmo tempo
que, sem nunca se cansar, desenvolve as qualidades próprias do seu sexo.
Quando soar a hora do casamento, o amor será tanto mais rico quanto
mais desenvolvidp estiver a personali dade e mais numerosas forem as
qualidades morais.
Cabe agora a oportunidade de algumas considerações sobre a
hereditariedade: mostrar que a hereditariedade física não basta e que é preciso
juntarlhe uma boa here ditariedade moral e espiritual que só será eficaz se os
adolescentes tiverem conquistado valorosamente as quali dades e virtudes que
querem transmitir aos filhos.
É para os obrigar a formar e a moldar a sua perso nalidade moral que
Deus permite aos adolescentes en
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P." JEAN VIOLLET
Estas tentações são, primeiro, de ordem física. É para os ajudar a
dominálas que convém dar algumas explicações precisas relativamente à
sexualidade.
Porque Deus depositou, em partes iguais, no corpo da mulher e no corpo
do homem, os elementos que, pela sua conjugação, darão origem à criança, os
dois corpos têm tendência a juntar;-se. Daí, nos rapazes, a tentação de olhar os
corpos das mulheres, para delas se aproximarem e, nas raparigas, a de aceitarem
as investidas do homem.
É apenas no casamento que o homem e a mulher têm o direito de
mutuamente manifestarem toda a ternura de um pelo outro.
Há familiaridades que são rigorosamente proibidas fora do casamento.
Constituem o pecado de im pureza.
Essas familiaridades, que excitam a vida sexual. começam pelos olhos e
continuamse pelos beijos e pelas mãos. Por essa razão os adolescentes devem
atentamente evitar que os seus olhos percorram as intimidades do corpo
feminino e lutar contra as imagens que lhes apresentem essas mesmas
intimidades.
Rapazes e raparigas devem cuidar do seu porte, das suas relações mútuas,
dos seus olhares e dos seus pensa-
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
Porque ignoram até onde podem ir as fraquezas da natureza e porque são
naturalmente presunçosos, os ado lescentes imaginam que saberão com
facilidade dominar as tentações, e que o que para os outros é perigoso não o é
para eles.
Não pensam que as tentações são •subtis e que é difícil descobrilas na
origem e no seu desenvolvimento· progressivo.
Começam por devaneios e sonhos aos quais se não dá importância por
não ·serem acompanhados de qualquer contacto físico. Não se percebe que,
pouco a pouco, se transformam em obsessão e que bastarão algumas circuns
tâncias favoráveis para provocar uma queda certa e que
se considerava impossível.
Há adolescentes que são verdadeiros intoxicados
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pela imaginação sexual. O seu cérebro está em perma nente ebulição. E como é
por intermédio das imaginações e representações cerebrais que, mais
frequentemente, se preparam as excitações sexuais, estão à mercê das piores
fraquezas.
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P." JEAN VIOLLET
puras e ino .centes, tornamse com frequência, pela leviandade, mesmo
inconsciente, do seu porte, grave ocasião de tentações para os rapazes.
Prevenilas das excitações que provocam é prestarlhes um imenso serviço, ao
mesmo tempo que lhes evita olhares e familiaridades culposas.
Também, pelos olhares que provoca, constitui tenta ção a apresentação de
mulheres e raparigas em grande número de praias ou em certas situações
equívocas em açampamentos. especialmente à hora da iktte.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
É pelo tacto que a tentação fecha o seu circuito.
Excitando a carne, as carícias do tacto excitam os sen-
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RELAÇÕES ENTRE RAPARIGAS
RAPAZES E 51
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O PUDOR
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P." JEAN VIOLLET
Mas é pura ilusão julgarse que o procedimento de rapazes e
raparigas, no decorrer da infância, seja coisa sem importância.
O comportamento deles, durante a adolescêrvda, de penderá, em
grande parte, da orientação dada aos senti mentos e aos hábitos
drtrante os primei-ros anbs da infância.
Não se lança um soldado na batalha sem primeiro o ter
preparado para vencer as fadigas e os perigos da
guerra.
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P."
54 JEAN VIOLLET
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VIOLLET
menos correctas, que lhe permitam surpreender alguma coisa do
que deseja ver.
As mães, porque têm o pudor do seu sexo e sabem por
experiência que o corpo feminino provoca as tenta-
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 55
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ausência de conhecimento provocará curiosidades, tornadas mais
perigosas pelo facto de o
jovem adolescente ser então tentado por desejos sexuais. Será de
recear que procure instruir-se junto de camaradas mais elucidados
ou que ele mesmo provoque ocasiões que lhe abrirão os olhos.
Há inúmeros exemplos de adolescentes que se lanaram nas
piores tentações porque queriam saber.
s6 P." JEAN
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VIOLLET
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RAPAZES
RELAÇÕES ENTRE E RAPARIGAS 57
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VIOLLET
Só mais tarde, quando um sincero sentimento de amor mútuo
tiver ligado um ao outro homem e mulher, decididos a juntos
fundarem uma família, só então o pudor
perderá os seus direitos. Porque estarão casados e porque terão por
missão .dar filhos ao mundo, os seus corpos pertencer-se-ão e
conhecerão intimidades nas quais se
misturarão simultâneamente os corações e os corpos.
Conforme o pudor tiver sido bem ou mal orientado, assim os
adolescentes serão mais ou menos tentados nas suas relações
mútuas.
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RAPAZES
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RAPAZES
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VIOLLET
6o P." JEAN
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RELAÇÕES ENTRE E RAPARIGAS ÓI
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RAPAZES
VI
A DANÇA
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O caso dos moralistas é mais complexo. Citaremos de
passagem os que a condenam em qualquer ocasião e quaisquer que
sejam as suas formas. Esquecem que David dançou diante da arca e
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P." JEAN VIOLLET
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 6S
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O minuete é uma escola de respeito mútuo. A har-
66
monia dos gestos e dos corpos não tende nunca a enlaçar os corpos.
mas antes a acentuar a delicadeza com que se devem abordar e
comportar os dançarinos de sexo diferente.
As danças em que rapazes e raparigas se enlaçam são mais
perigosas. Podem dar ocasião a atitudes lascivas. E, por pouco que
uma rapariga tenha a impressão que o seu par, intencionalmente, a
aperta demasiadamente, não deve hesitar em afastar-se. Se estiver
habituada a vigiar as suas sensações e a atitude do sexo masculino a
seu respeito, saberá ràpidamente distinguir o perigo e fugir-lhe.
Mas há danças infinitamente perigosas que parecem não ter
outro fim senão o de despertar a sensualidade dos pares. Aceitar
esta espécie de danças é expor-se deliberadamente à tentação. O
facto de deixarem insensível
esta ou aquela pessoa não basta para as justificar, pela mesma razão
de que não se tolerará a leitura dum
livro imoral a pretexto de· que não causa qualquer impressão.
De resto, é grande presunção acreditar que, em todas as
circunstâncias se terá o mesmo estado de insen
sibilidade. O gesto que hoje não produziu nenhuma impressão,
pode amanhã perturbar-nos, porque as nossas disposições
mudaram. A mesma dança com vinte pares· diferentes terá deixado
uma rapariga na mais perfeita
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P." JEAN VIOLLET
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 67
insensibilidade, a qual será perturbada pelo par vinte e um, apenas pela razão de
que a sensibilidade tem fre
quentemente bruscos e inexplicáveis despertares.
Mais uma vez. a vigilância de si mesmo é sempre a condição basilar da
boa conduta moral.
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raparigas de porte duvidoso e, se os condenam, é apenas para preservar do
contágio a parte sã do rebanho.
O que se dá com os bailes campestres dá-se também com certas reuniões
chamadas «mundanas» em que a elegância dos trajos não é senão um requinte e
um perigo mais. Os jovens misturam-se sem se conhecerem e os que têm menos
compostura nas conversas e nos gestos são os mais procurados.
É no baile que, em geral. se esboçam aventuras que acabam na
devassidão ou na imoralidade.
O baile pode ser ocasião de distracções sãs, mas sob condição de que os
convidados sejam escolhidos e a sua
moralidade garantida.
A melhor defesa contra os perigos dos bailes e da dança será sempre a
família. Dançar em família, com amigos conhecidos e. experimentados, só será
um perigo para os que deliberadamente o procuram.
VII
BRINCADEIRAS DE MAOS. ..
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P." JEAN VIOLLET
a origem e consequências. Na base de todas está a atracc;ão que os dois sexos
exercem um sobre o outro.
Primeiramente, são os olhos que se procuram, olhares mais ou menos
demorados e provocadores, como se o rapaz quisesse exprimir o seu poder
fascinador sobre o sexo fraco e como se o sexo fraco quisesse provocar o desejo
masculino lançando-lhe olhares que parecem apelos.
Outras vezes são uma espécie de lutas ou corridas
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A maior parte das vezes, as brincadeiras das crianças não têm perigo
algum, embora sejam comuns aos dois sexos e estes se persigam sem pejo.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 7i
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P." JEAN VIOLLET
72
chamamos «meigas», sentadas lado a lado, nalgum canto solitário, dando uma à
outra sinais de afei ção que as preparam para as mais perigosas intimidades.
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 73
É por meiguices e beijos que elas julgam inocentes que, pouco a pouco,
se insinuam as excitações sensuais propriamente ditas.
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P."
*
tanto mais que estão numa idade que já não suporta qualquer forma de aberta
vigilância.
74 JEAN VIOLLET
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Resumindo: as brincadeiras entre adolescentes são tanto menos perigosas
quanto melhor estes se tenham habituado a respeitarem-se mutuamente.
Mas, dessas brincadeiras, umas há que devem ser condenadas sem a mais
pequena hesitação.
As mais perversas são, sem dúvida, as que acabam por corpo-a-corpo.
Seria loucura admitir, por exemplo, desafios de futebol entre rapazes e raparigas
crescidas. Poder-se-ia estar antecipadamente certo de que provocariam
excitações que acabariam ràpidamente na imoralidade.
As brincadeiras em que jovens de sexo diferente têm de se agarrar
apresentam os mesmos perigos.
Quanto aos jogos que deixam a cada um dos corpos a sua plena e
completa independência, como o tênis, são pràticamente desprovidos de perigo
sob o ponto de vista físico. Podem vir a apresentá-lo pelo namoro, mas esse é
outro problema que apreciaremos a seguir.
VIII
O NAMORO
O
que é o namoro, tal como hoje correntemente se entende?
É uma maneira de brincar com o amor; uma brinca· deira do
coração à qual não se atribui consequências por não ligar por
compromisso as duas partes.
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P."
Como se fosse possível brincar com os mais elevados sentimentos da
alma humana, aqueles que encerram as mais graves responsabilidades, sem que
daí resultem graves danos!
Os namoros originam·se de maneira diferente, se· gundo as idades, as
tendências e as circunstâncias.
Durante os primeiros anos da puberdade, raparigas e rapazes observam-
se, contrariam·se e fazem partidas uns aos outros. Os rapazes, ostentando um
passam de imbecis, apenas têm um desejo, o de se faze rem notar pelo outro
sexo.
Os gestos, as atitudes, são como que provocações.
Os rapazes exibem a sua força física, fazem admirar a sua audácia, o seu desdém
pelo perigo, a sua dextreza desportiva.
As raparigas cochicham umas com as outras e falam dos rapazes ou,
então, riem ruidosamente. Cuidam das suas toilettes pessoais para se tornarem
reparadas.
Um belo dia, uma delas dá conta que determinado rapaz lhe agrada mais
que os outros; é distinto, usa uma gravata bonita e bem armada, o corte do fato e
do cabelo obedecem à última moda. Desejaria poder acercarse dele, mas não
sabe como fazêlo. Uma camarada complacente encarrega-se de transmitir a
declaração, escrita num pedaço de papel : Madalena gosta de Jorge.
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Jorge sente-se lisonjeado. Conhece Madalena : é graciosa. Porque não
aproveitar a ocasião? Aproveita-a e começa uma troca de missivas, que acabará
por um encontro.
Quando não é Madalena quem começa, é Jorge. Geralmente Jorge é mais
atrevido e vai direito ao àlvo, sem intermediários.
Estas primeiras tentativas de namoro são singular mente encorajadas
pelos costumes modernos, especial-
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P."
E RAPARIGAS 77
mente pelos espectáculos a que rapazes e raparigas assistem todos os dias nos
cinemas.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
JEAN VIOLLET
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P."
Não é raro que o namoro se esboce a pretexto de confidências, sem
qualquer intenção perversa, e apenas por simpatia mútua.
Não é a rapariga uma pobre incompreendida que em ninguém pode ter
confiança, nem mesmo nos pais, e o rapaz não tem no seu coração compaixão
por esta rapariga mais ou menos desamparada?
E começam as longas missivas, cheias de desabafos, as intermináveis
conversações sentimentais durante as quais cada um fala de si, das suas
esperanças e das suas decepções.
Insensivelmente, formamse laços que, mais tarde, já não poderão ser
desatados.
De resto, como não dar a prova, por meio de olhares, de apertos de mãos,
de delicados beijos, duma mútua
compreensão, e de que se é capaz de reciprocamente consolar as tristezas e
decepções da vida?
Começou o namoro. Porque os jovens são sérios, pode acontecer que
cheguem a promessas de casamento.
Mas que imprudência falar de casamento quando se tem quinze anos e
nada se conhece ainda quer do próprio ·coração quer do coração de comparte.
8o JEAN VIOLLET
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
Para as mais desenvoltas é muito difícil não namoriscar.
Fazem-se belas com a esperança de recolher homenagens e
cumprimentos. Se não os recebem prontamente,
provocam-os. A mulher, na verdade, não tem mil recursos para captar a
admiração dos homens 1
Vestidos e pinturas, atitudes e gestos, não são outros tantos meios de que
o sexo fraco dispõe para seduzir o sexo forte?
De resto, a maior parte das vezes, o sexo forte não pede senão que o
seduzam.
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P."
As mais belas são frequentemente as mais perigosas. Não se deixam
prender como as ingénuas que acreditam no amor. Brincam com o coração dos
homens, para se inebriarem com a própria capacidade de sedução.
Provocam-os para os excitar e perturbar e, se triunfam no seu abominável
desígnio, se o coração masculino se deixou captar, parecem experimentar uma
alegria doen
tia em o abandonar e fazer sofrer.
Não atraem para volta de si um homem· apenas, mas sim o maior número
possível de admiradores. Rainhas e soberanas, gozam com as paixões que
excitam e são
cruéis bastante para se regozijarem com os ódios e ciúmes de que são causa.
Frequentemente, são semi-virgens como as que foram
82 JEAN VIOLLET
descritas por Mareei Prévost. Pródigas em intimidades, quando não vão mesmo
até ao ponto de comprometer definitivamente a sua própria repótação.
Estimuladas sobre tudo pelo orgulho, ficam à mercê da personagem cuja
situação seja particularmente bri
lhante. Como não procurar esta embriaguez do êxito, obtendo as homenagens
do mais rico, do mais belo ou do mais célebre?
A rapariga que pretende dominar e escravizar os homens, servindo-se dos
seus encantos, esquece geralmente que é mulher e que, portanto, está à mercê
das suas impressões sentimentais. E a que pretenda dominar o sexo forte
arrisca-se bastante a ser um dia dominada por ele. Nesse dia, a rainha tornarse-á
escrava e, por
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES
não ter sabido formar a sua personalidade moral, abdicará nas mãos de
.qualquer aventureiro, tanto mais perigoso quanto está habituado a dominar o
sexo fraco, vergando-o aos caprichos e vícios próprios.
Aquelas que empregam os seus atractivos para com os homens, talvez se
casem um dia, mas casar-se-ão mal. Umas, cansadas dum jogo que não lqes,
pode satisfazer o coração, virão a encontrar-se sozinhas numa idade em que o
casamento é difícil e aceitarão o primeiro que lhes apareça. Outras casar-se-ão
com homem que não amam.
mas cuja fortuna ou cuja posição lhes satisfaz o orgulho;.
Qualquer que seja a sorte final das levianas, é sem-
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P."
83
É um homem belo ou, melhor, tem uma falsa beleza, cônscio da impressão que
produz nas mulheres. Geralmente de boa aparência, cuida de si como um
da.rtdy.
Oco de coração e de inteligência, tem predicados de sociedade. Dança
bem, está ao corrente dos últimos es cândalos e usufrui de outras prendas de
sala.
Presumido, porque se julga irresistível, ostenta certo cinismo, ainda que
só para excitar as cobiças mais ou menos mórbidas das mulheres que o rodeiam.
É um fascinador que sabe servirse dos olhos, da voz e dos gestos para
perturbar e dominar a sensibilidade feminina.
Sempre à cata de novas aventuras amorosas, conta aos amigos os triunfos
alcançados, troça das mulheres em geral e, mais especialmente, da que acaba de
seduzir ou conta seduzir em breve.
Aposta com camaradas, apostas que dizem respeito
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
JEAN VIOLLET
à desgraçada que espera seduzir para dela fazer a sua própria vítima.
As raparigas, porque não têm experiência e ignoram a perversidade de
certas naturezas masculinas, correm frequentemente o perigo de se deixarem
prender pelas manobras hábeis destes flibusteiros do coração feminino.
Admiram cegamente esse homem belo, que se apro veita da ingenuidade
delas para começar o seu atroz plano de D. João sem escrúpulos.
Quantos males se evitariam se, em vez de se abando narem as raparigas às
seduções instintivas da beleza das formas, lhes ensinassem a analisar os
caracteres e a des cortinarem o valor real dos corações e das almas, para
' além das aparências tantas vezes
ilusórias dos sentidos. Um curso de psicologia masculina para as raparigas, outro
de psicologia feminina para os rapazes, ajudariam uns e outros a melhor
desembaraçar a meada dos seus sentimentos instintivos e a resistir mais
convenientemente
às tentações que os espreitam durante os anos da ad lescência.
a sua eman cipação definitiva exige que ela o trate em pé de igual· dade. A
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P."
partir de então, nada se opõe a que discutam os mais árduos problemas da
filosofia e que ela considere imbuídos de preconceitos fora de moda aqueles que
a censurem por preparar os seus exames JlO quarto de um camarada ou por
receber este no dela.
Que perigo pode haver quando duas inteligências procuram em conjunto a
solução dos altos problemas da filosofia ou da ciência?
Os que se entregam a este jogo perigoso esquecem que se trata de
inteligências pertencentes a sexos diferen tes. Como foi que, desde o início das
suas relações, não suspeitaram que, se se procuraram um ao outro, foi por· que
uma secreta simpatia os atraía instintivamente?
Apenas viam a ciência, quando uma reflexão um pouco mais atenta lhes
poderia ter mostrado que a ciência nada mais era que um pretexto e que, no
fundo, eles se davam por serem de sexos diferentes.
Chegará um dia em que os olhares demonstrarão que, à força de contactos
íntimos, os problemas clen tíficos serão postos de parte e substituídos pela
alegria de estarem juntos, de apertarem as mãos um do outro, de trocarem
confidências e de se deleitarem em longas 86 JEAN VIOLLET
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
Se o namoro aparece por toda a parte, em todos os climas e em todos os
terrenos, se reveste aspectos dife· rentes e variados, nem por isso a sua origem
deixa de ser sempre a mesma.
Nasce dum certo sentimento de isolamento e de solidão que faz desejar a
cada um dos sexos preencher a penosa impressão do vazio do coração, por meio
de relações mais íntimas com o sexo complementar.
Estas diversões do amor não • podem senão magoar as mais elevadas
aspirações do coração humano. Brin· cando com o amor, quando o casamento é
impossível, e, a maior parte das vezes, nem sequer desejado pelos que a tal jogo
se entregam, o coração adquire hâbitos de leviandade que jamais na vida se
abandonarão.
Para ser forte, o amor deve ser preparado. Esta pre· paração implica que
cada um dos sexos cuide de moldar
a sua personalidade moral e de conquistar as qualidades destinadas a enriquecer
os seus sentimentos. Desprovidos 87
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P."
partos clandestinos em clínicas privadas. Isto prova que a humanidade é a
mesma em toda a parte e que, para resistir às tentações e às fraquezas, necessita
duma sólida estrutura moral e religiosa.
Para ajudar os adolescentes a triunfar das lutas difi c:eis que hão·de ter
entre a puberdade e a hora do casa· mento, importa dar·lhes fortes e claras
convicções a res· peito dos deveres que os esperam e não os abandonar.
sem luzes e sem armas, às perigosas sugestões da carne . e do coração.
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IX
DISTR.ACÇOES E óCIOS
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RAPAZES
é que não vêem que, inconscientemente, acabam por substituir o espírito pela
letra? Em lugar de cuidarem de tornar a sua alma mais pura e o seu carácter
mais viril. por entre a variedade das situações, contentam-se em respeitar
algumas prescrições puramente exteriores. sem se preocuparem com as
disposições profundas do coração e dos sentimentos.
No que respeita a distracções e ócios de rapazes e de raparigas, é
.impossível fixar, com precisão, os limites do bem e do mal. das distracções sãs
e das que o não são. A partir de que momento deixa de ser normal e legítima a
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P."
O nosso caminho será iluminado por uma regra que é a seguinte: as
distracções em comum serão tanto menos perigosas quanto as faculdades por
elas postas em jogo forem de ordem mais elevada e espirit1,1al e são-no tanto
mais quanto as faculdades que puserem em acção forem
mais de ordem sensível e corporal.
Ninguém achará mal, por exemplo, que rapazes e raparigas organizem em
conjunto concertos ou sessões de música. No entanto, deve distinguir-se a
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RAPAZES
que nelas tomam parte, de se interessarem como rapazes e raparigas, mas sim de
uns e outros se consagrarem a um mesmo apostolado.
De igual modo. não vemos o mais pequeno inconveniente, antes pelo
contrário. em que rapazes e raparigas se reunam sob a direcção dum sacerdote
esclarecido. para em comum estudarem certos problemas que dizem respeito à
vocação do casamento e à educação dos filhos.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES 3
E RAPARIGAS 9
Tais reuniões têm uma tripla vantagem : a de inte ressar os jovens, tanto
mais que não estudam os proble mas apenas com o cérebro do seu sexo, mas
também com o do outro, o que tem a maior importância para ajudar cada um
dos sexos a rectificar a sua maneira de ver e melhor a harmonizar com a do
outro. O facto de os dois
sexos aprenderem a conhecerse por intermédio de reflexões comuns a respeito
de assuntos elevados que inte ressam o seu comum futuro, e de as discussões
serem orientadas por uma pessoa na qual todos reconhecem competência e
autoridade moral. tem como resultado habituar uns e outros a tratarem-se com
deferência, e a estabelecer contacto sem que as paixões e as intrigas próprias da
idade se possam manifestar. Este é, talvez, um dos meios mais eficazes para
ensinar os adolescentes a conhecerem-se, sem que daí resulte o mais pequeno
inconveniente.
No entanto, acentuemos as condições graças às quais estes resultados
podem ser obtidos: a primeira, é que os assuntos tratados interessem todo o
auditório,
masculino e feminino, sem que nunca sejam escabrosos. A segunda é que os
adolescentes não sejam abandonados a si mesmos mas dirigidos e orientados
por pessoas experientes e que assim se leve a efeito o contacto das duas
gerações, a dos adultos e a dos adolescentes. Finalmente, que não se trata já de
distracções de casais separados, 94 JEAN VIOLLET
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P."
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES RAPARIGAS 5
Mas não pode negarse que, mesmo da parte dum irmão mais
crescido, haja por vezes, para com sua irmã, já núbil, brincadeiras e
partidas que, possivelmente, não são tão inocentes como parecem.
Com mais forte razão entre primos e primas e entre camaradas
improvisados de praia ou de campismo.
Se os seus hábitos morais travam geralmente os jogadores no
momento preciso em que determinado gesto se pode tornar
equívoco, nem por isso estas espécies de brincadeiras deixam de
provocar excitações cuja natureza é fácil descobrir. Basta
examinar, com um pouco de aten ção, durante a partida, o rosto
avermelhado das rapa rigas e os olhares por vezes fixos e
perturbados dos rapazes, para se chegar a tal conclusão.
De resto, a maior parte das vezes, os adolescentes evitam tais
brincadeiras quando os pais estão presentes, facto que é bastante
eloquente.
Outros exercícios e jogos há, nos quais o corpoa.-corpo não
desempenha nenhum papel. Tomese como
JEAN VIOLLET
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P."
da bola e, se se vence um parceiro do outro sexo, apenas se tem a
vaidade de se sentir mais forte ou mais hábil que ele.
Mas, se o jogo é inofensivo em si mesmo, nem sempre o são
as circunstâncias que o acompanham. Na maior parte dos casos,
não é o jogo o culpado, mas sim os jogadores, que no jogo apenas
procuraram o pretexto para se enco11trarem sõzinhos, fora da
vigilância da família. Pode perfeitamente imaginarse uma partida
de tens que seja ocasião para namorar e que permita dar início a
uma aventura sentimental.
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES RAPARIGAS 7
Aparentemente, estes exercícios nada têm de condenável. A
maior parte pertence à categoria dos desportos particularmente
favoráveis à saúde e ao equilíbrio físico.
Não são pois estes desportos, considerados apenas como tal.
que vamos submeter à crítica, mas sim considerados como ocasião
de contactos demorados e íntimos entre adolescentes de sexos
diferentes.
Comecemos por pôr de parte as viagens e passeios de
membros duma mesma família ou de amigos que ·se conhecem de
há muito. Não apresentam qualquer perigo, sob condição, no
entanto, de que a presença de pais ou de pessoas de confiança trave
os deslizes que poderão
produzir-se se os adolescentes dos dois sexos forem abandonados
às ·suas efusões.
Conhecemos um capelão da juventude católica que, todos os
anos, leva para os desportos de Inverno e para os acampamentos de
Verão um grupo de jovens adolescentes dos dois sexos. Começa
por fazer um cuidadoso exame dos candidatos, excluindo sem
piedade aqueles
7
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P." JEAN VIOLLET
cuja reputação ou cujos modos não lhe dão plena garantia. Assiste
sempre às refeições e às excursões em comum;
vela por que nunca uma palavra ou um gesto inoportuno perturbe a
delicadeza e a harmonia das relações. Todos os dias, exercícios
espirituais em comum lembram a uns e outros o ideal moral por
que devem orientar-se. Rapazes e raparigas vivem completamente
separados no que diz
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RAPAZES RAPARIGAS
Estas condições raramente se realizam, e não acreditamos
que haja muitos padres, mesmo entre os mais
bem intencionados, capazes de levar a bom termo tão delicada
empresa.
RELAÇÕES ENTRE E 99
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P." JEAN VIOLLET
Ora uma das maiores dificuldades em matéria de educação é
a de conhecer o comportamento dos adoles rentes nas suas mútuas
relações. Desde que dois deles
c sintam atraídos um pelo outro, procuram a solidão; ·romeçam
assim as mais graves tentações.
100
tivemos a triste experiência. Mas nada suprime ao que dissemos. Só serve para
marcar mais a obrigação que os pais têm de melhor compreender o seu
dever e os problemas de psicologia sexual e sentimental. Nem por isso é menos
verdadeiro que os desvios de con· duta sejam tanto mais raros quanto mais os
adolescentes
vivem no ambiente familiar.
O perigo aumenta à medida que os jovens dos dois sexos fazem vida à
parte e pretendem distrair·se. viajar, e acampar sõzinhos.
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RAPAZES RAPARIGAS
Muitos pais deixam andar porque é moda. E, para eles, a moda é uma
potência sacrossanta, à qual se sub·
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P." JEAN VIOLLET
IOI
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
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P." JEAN VIOLLET
IOJ
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
104 P." JEAN VIOLLET
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outros há que o são por associações socialistas e comunistas que
não partilham
105
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RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS
(1) Duas grandes associações têm como fim a multiplicação dos albergues para jovens.
Uma, neutra, de tendência moral e católica: a Liga Francesa dos Albergues para Jovens; outra,
igualmente neutra, mas de tendência socialista: o Centro Laico dos Albergues para Jovens.
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RELAÇÕES ENTRE
108 P." JEAN
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VIOLLET
RAPAZES E RAPARIGAS 109
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RELAÇÕES ENTRE
l iO P." JBAN
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VIOLLET
RAPAZES E RAPARIGAS Ili
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RELAÇÕES ENTRE
1 12 P." JEAN
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RELAÇÕES ENTRE
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RELAÇÕES ENTRE
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J J4 P." JEAN VIOLLET
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RELAÇÕES ENTRE
RAPAZES E RAPARIGAS 1 15
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NAS ESCOLAS E UNIVERSIDADES
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I I8 P." JEAN VIOLLBT
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O mesmo acontece com os estudantes de pintura. O hábito de
copiar modelos nus, que geralmente não são escolhidos em meios
duma moralidade rígida e intransi-
RELAÇÕES ENTRE RAPAZES E RAPARIGAS 1 19
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Não se deve esquecer que os estudantes não têm ainda uma
situação e não podem pensar em casamento. Assim, não serão
tentados a aceitar ligações ilícitas 1
Infelizmente, o facto não é inédito e demonstra que os
I:Zo P." JEAN VIOLLET
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No dia em que os estudantes se apercebam de que as suas
atitudes grosseiras deixam perfeitamente indi ferentes as
companheiras, compreenderão o erro em que incorrem e
corrigirseão.
XII
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Desde que as raparigas disfrutam duma liberdade tão grande
como a dos rapazes, parecem desforrar-se e terem abandonado a
compostura que, durante tanto tepo. caracterizou o seu sexo.
122 P." JEAN VIOLLBT
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independentemente da vocação familiar que os deve unir de corpo
e alma, a vontade divina quer que homem e mulher se completem e
auxiliem para, por intermédio um do outro, atingirem uma
perfeição mais alta.
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RElAÇÕES E RAPARIGAS 123
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ENTRE RAPAZES
124 P." JEAN VIOLLET
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sobre o outro uma influência feliz, sem nunca se tornarem causa de
queda.
RELAÇÕES E RAPARIGAS I 25
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ENTRE RAPAZES
O jovem desenvolverá a sua força porque sabe que se destina
a proteger os fracos e a dirigir a sociedade familiar. Sabe que as leis
da hereditariedade exigem que transmita a seus filhos um sangue
puro e que deve con-
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126
P." JEAN VIOLLET
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ENTRE RAPAZES
RELAÇÕES E RAPARIGAS 1 27
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128
P." JEAN VIOLLET
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XIII
A CAMINHO DO CASAMENTO
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130
vocação se pode realizar, cuidem com atenção de descobrir aquele
ou aquela a quem poderão unir o seu destino.
Mas é preciso que tal descoberta não se torne uma obsessão.
Esta obsessão é um perigo que ameaça mais os rapazes que as
raparigas.
Os rapazes estão de antemão convencidos que, no dia em que
se decidam a casar-se, encontrarão com. facilidade a rapariga dos
seus sonhos, no que se iludem. Nem sempre é fácil descobrir a
rapariga que possua as qualidades que permitam aos corações
expandir-se na intimidade do lar. É necessária perspicácia e
preocupações morais para descobrix\ o valor duma alma, para além
das aparências e dos encantos corporais. Quantos jovens se têm
enganado e lamentam por toda a vida terem-se deixado seduzir
pela beleza duma mulher!
Para as raparigas, o perigo é a ideia fixa do casamento. Esta
ideia fixa cria nelas uma verdadeira psicose, que as leva a procurar
a companhia dos rapazes, a entregarem-se a toda a espécie de
hábeis manobras para lhes
agradar, a não temer iniciar namoros perigosos, na esperança de
conquistar o coração de algum. Que valor moral
RAPAZES E RAPARIGAS 13X
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falta contra a moral familiar e tiram antecipadamente à sua união
todo o valor espiritual e religioso.
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RAPAZES E RAPARIGAS 133
todo o valor espiritual e obter para seus filhos as forças morais que,
naturalmente, os orientarão para o bem.
Tendo compreendido que o amor é a fusão de dois seres num
só, a harmonia de dois corações no mesmo ideal, terão tido o
cuidado de nunca caírem em aventuras sentimentais que, dando-
lhes a ilusão do amor, antecipa
damente destruirão a unidade a que aspiram e, com razão, lhes
aparece como uma consagração única e definitiva.
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Por custoso que, por vezes, num adolescente deslumbrado
pelas forças novas que descobre em si, seja o hâblto da oração, deve
sujeitar-se a orar todos os dias e dlrlnlr
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,
INDICE
PA.G.
INTRODUÇAO 7
v ( ) Jl/11 )0/? 53 63
Vl -· · A l lAN(.:A 69
Vlll - O NAMUN(> 89
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B A I M Mt/1.//UN PELO HOMEM 129
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