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Revista Thema

ISSN: 2177-2894 (online)

As percepções e as expectativas referentes ao


Futsal feminino de alunas concluintes do ensino
médio de uma escola pública de Pelotas/RS

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RESUMO

Texto do resumo deve conter entre 550 e 1200 caracteres, incluindo os espaços […].

Palavras-chave: Futsal; gênero; projeto extraclasse. (mínimo de 3 e máximo de 5)

ABSTRACT
Text of abstract […].

Keywords: Keyword1; keyword2; keyword3.

1. INTRODUÇÃO
O estudo de Tamashiro e Galatti (2018) revela que o futsal, assim como o futebol feminino são
modalidades com pouco tempo de prática oficial (somente no final do século XX) além de serem
pouco apreciadas e com poucos trabalhos oferecidos na literatura.

No caso específico do Futsal no Brasil, Santana e Reis (2003) apud Tamashiro e Galatti (2018,
p.796) destacam:
l[...] a prática do futsal feminino foi oficializada em 08/01/1983 pelo extinto
Conselho Nacional de Desportos (CND). Para, a prática do futsal feminino foi
autorizada pela FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão) em 23 de
abril de 1893.

O atraso na evolução da modalidade e ao esporte feminino é também devido a um histórico de


leis, como a lei de 14 de abril de 1941 “DL nº 3.199, artigo 54”, onde proibia as mulheres das
práticas esportivas que eram consideradas inadequadas a sua natureza. Esses fatores podem
ter favorecido a composição de preconceitos relacionados ao gênero feminino. (TAMASHIRO &
GALATTI, 2018).

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Gênero é aqui considerado uma construção social do sexo biológico e refere-se aos
comportamentos, atitudes ou traços de personalidade que a cultura coloca sobre um corpo de
homem ou de mulher. Feminilidade e masculinidade se definem sem a existência de uma
essência a priori, mas sim produzidos pela cultura (GOELLNER, 2007).

Um exemplo clássico dessa influência pode ser evidenciado quando pais estabelecem
brinquedos conforme o sexo se configura em uma identidade de determinada cultura. Esta
cultura constrói padrões de brinquedos e brincadeiras ditas como adequadas de acordo com
cada sexo. (SILVA & SANTOS, 2010).

Logo, a literatura indica ser necessário investigar os fatores/fatos históricos que podem ter
contribuído para a formação desse preconceito de gênero na sociedade sobre a mulher no
ambiente esportivo brasileiro.

A ampliação do futsal feminino deu-se pela necessidade, até certo ponto política, de difundir o
esporte de modo análogo para os gêneros masculino e feminino, de forma a torná-lo capaz de
ser reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (TAMASHIRO & GALATTI, 2018).

A seleção brasileira feminina de Futsal teve a primeira convocação em competição oficial, em


1992, para o desafio internacional com o Paraguai.
Atualmente, são contabilizados 55 países praticantes da modalidade, esse número
bastante inferior de países reflete a realidade do futsal feminino: não existe um
campeonato mundial, e tão pouco o futsal feminino não foi incluído sequer em
competições secundárias como os Jogos PanAmericanos. (TAMASHIRO & GALATTI,
2018, p.796).

De fato os estudos demonstram que houve um desenvolvimento tardio do Futsal feminino,


fatores culturais de preconceito de gênero contra a mulher podem ter atrapalhado a entrada e
aceitação das mesmas (SANTANA e REIS, 2003).

Esse estudo justificou-se por uma aproximação da vivência da autora, que pratica o Futsal em
equipe profissional e se interessa em aprofundar a temática, ao mesmo tempo, pelo pequeno
número de estudos sobre o desenvolvimento do Futsal Feminino em nosso país, tanto no nível
escolar como profissional.

Para dar conta dos interesses de pesquisa se optou por voltar o olhar para uma escola, mais
especificamente de projeto extracurricular de Futsal feminino. Um levantamento inicial, feito no
segundo semestre de 2019, indicou que duas escolas públicas de ensino médio tinham projeto
extraclasse desenvolvido o ano inteiro. A escola escolhida como campo de pesquisa foi a que,
além de ter projeto extraclasse o ano inteiro, ainda ofereceu no segundo semestre, uma

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parceria com uma Universidade e com um Clube de Futsal Feminino da cidade de Pelotas/RS
para realizar o que chamaram de Equipe de transição.

Essa parceria chamada de “Equipe de Transição” visou, entre outras coisas, estimular a prática
do Futsal Feminino; oportunizar mais dois dias de treino – um nas instalações da Universidade
e outro na própria escola – com uma equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, preparador físico,
preparador de goleiros, instrutor de musculação) bem como, apresentar a possibilidade das
meninas após concluírem o ensino médio, poderem seguir jogando Futsal pela Universidade,
clube, etc. Todas as participantes do projeto extraclasse, independente da idade foram
convidadas a participar da Equipe de Transição.

Com essas informações surgiu o tema principal do estudo que foi descrever a percepção e as
expectativas referentes ao Futsal feminino de alunas concluintes do ensino médio de uma
escola pública de Pelotas/RS, participantes de um projeto extraclasse e de uma equipe de
transição que se desenvolveu na parceria de uma escola com uma Universidade e um Clube de
Futsal feminino.

As questões escolhidas para dar conta do objeto de estudo e aprofundamento teórico foram:
Que percepção as alunas do projeto extraclasse de Futsal têm sobre o projeto de transição
realizado em parceria com uma universidade e um clube da cidade de Pelotas? Quais motivos
levaram as alunas a procurar o Futsal como atividade extraclasse na escola e também
participar do projeto de transição? Qual a estrutura física e de pessoal do projeto de
transição? Como a família e os amigos das alunas se posicionam sobre a prática deste esporte?
São a favor ou contra? Motivam? Como se dá o processo de treinamentos da equipe de
transição no que se refere ao ensino e aprendizagem? (Passo a passo desde que chega pra
treinar, aquecimento, alongamento...). Quais as impressões sobre o trabalho da comissão
técnica e seus auxiliares no comando os treinamentos da equipe de transição? Como as alunas
percebem a convivência interpessoal com as atletas das diferentes instituições que participam
da equipe de transição? Em que medida o projeto gera expectativas futuras? Quais são? O
projeto pode colaborar na sua vida nos aspectos sociais e profissionais? Como? Existem
dificuldades por parte das alunas para participar do projeto? Quais? Já sofreram algum
preconceito por praticar a modalidade? Na percepção das alunas, o preconceito sobre mulheres
praticando futsal/futebol diminuiu, continua como antigamente ou nunca existiu?

Com a definição das questões de pesquisa o objetivo geral foi apresentar as percepções e as
expectativas referentes ao Futsal feminino de alunas concluintes do ensino médio de uma
escola pública de Pelotas/RS, participantes de um projeto extraclasse e de uma equipe de
transição que se desenvolveu em parceria com a escola, com uma Universidade e um Clube de
Futsal feminino.

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Para possibilitar o detalhamento e as particularidades do objeto de pesquisa os objetivos


específicos formulados foram expor quais motivos levaram as alunas a procurar o Futsal como
atividade extraclasse na escola e também participar do projeto de transição; verificar se a
equipe conta com equipe multidisciplinar; averiguar se as alunas percebem evolução individual
na modalidade; perceber o posicionamento da família em relação a motivação para a prática
deste esporte; registrar o processo de treinamentos da equipe de transição no que se refere ao
ensino e aprendizagem; apontar quais as impressões sobre o trabalho da comissão técnica e
seus auxiliares no comando os treinamentos da equipe de transição; descrever como as alunas
percebem a convivência interpessoal com as atletas das diferentes instituições que participam
da equipe de transição; investigar em que medida o projeto gera expectativas futuras para as
praticantes do projeto; constatar se as alunas acham que o projeto pode colaborar sobre suas
vidas em aspectos sociais e de que forma; identificar e descrever possíveis dificuldades por
parte das alunas para participar do projeto; indagar se as alunas já sofreram algum tipo de
preconceito por praticar a modalidade; manifestar a opinião das atletas sobre mulheres
praticando futsal/futebol.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. METODOLOGIA

A referida pesquisa é qualitativa, segundo Michel (2009, p. 36-37)


A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica, particular,
contextual e temporal entre o pesquisador e o objeto de estudo. Por isso carece de
uma intervenção a luz do contexto, do tempo, dos fatos. O ambiente da vida real é
a fonte direta para a obtenção dos dados e a capacidade do pesquisador de
interpretar essa realidade, com isenção e lógica, baseando-se na teoria existente, é
fundamental para dar significado às respostas. [...] na pesquisa qualitativa, o
pesquisador participa, compreende e interpreta.

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Além da característica qualitativa a pesquisa é também descritiva:


A pesquisa descritiva se propõe a verificar e explicar problemas, fatos ou
fenômenos da vida real com a precisão possível, observando e fazendo relações,
conexões à luz da influencia que o ambiente exerce sobre eles; não interfere no
ambiente, seu objetivo é explicar os fenômenos, relacionando-os com o ambiente.
[...] está relacionada diretamente com a pesquisa qualitativa, na medida em que
levanta, interpreta e discute fatos e situações (MICHEL, 2009, p. 44).

Os sujeitos dessa pesquisa foram escolhidos a partir do tema e da intenção da autora de


pesquisar o Futsal Feminino escolar. Em 2019, o projeto contou com 24 a 26 participantes que
treinaram na escola duas vezes por semana. Além desse treinamento foi oferecido mais dois
dias para quem quisesse participar da equipe de Transição. Para fins de pesquisa ficou definido
como critério, escolher como sujeitos, as alunas concluintes do ensino médio e assíduas nos
treinos normais do projeto e também da equipe de transição.

Com esses critérios chegou-se a três participantes, que para terem suas identidades
preservadas, escolheram ser chamadas por codinomes, homenageando atletas de Futebol que
admiram.

Os nomes ficaram “Megan Rapinoe”; “Alexandra Morgan” e “Andressinha”.

Falar sobre termo de consentimento e sigilo

Quanto aos procedimentos técnicos à escolha foi de um questionário aberto, enviado às atletas
por e-mail. O questionário, preenchido sem a presença do investigador, é preenchido pela
pessoa que fornece as informações (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007, p. 50)

Segundo Cervo, Bervian e Da Silva (2007, p. 53):


O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com
mais exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra questionário refere-se a um
meio de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante
preenche. Assim, qualquer pessoa que preencheu um pedido de trabalho teve a
experiência de responder a um questionário. Ele contém questões, todas
logicamente relacionadas com um problema central.

O instrumento foi composto por 14 questões abertas, estas, destinadas à obtenção de


respostas livres, que possibilitam recolher dados ou informações mais ricas e variadas,
propostas de acordo com os objetivos e questões de pesquisa (CERVO; BERVIAN; DA SILVA,
2007).

2.2. DISCUSSÃO DOS ACHADOS


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2.2.1. OS OLHARES SOBRE A COMISSÃO DE TRABALHO

As participantes da pesquisa foram identificadas como ”Megan Rapinoe”, de 19 anos;


“Andressinha”, 18 anos e “Alex Morgan” de 19 anos.

O projeto de transição de Futsal, ocorrido de agosto a dezembro de 2019, contou com o


trabalho de uma equipe multidisciplinar (técnico, fisioterapeuta, preparador físico, preparador
de goleiros, instrutor de musculação). Nos treinamentos na escola estiveram presentes o
técnico, preparador físico e fisioterapeuta. Já nos treinamentos na Universidade, além desses
profissionais trabalhavam o preparador de goleiros e, em horários pré-agendados, o instrutor
de musculação. As três quando questionadas sobre trabalhar com equipe multidisciplinar
afirmaram

“Aprecio muito o trabalho da comissão, considero os profissionais qualificados e dedicados,


respeitando as limitações de todas as atletas” (Megan Rapinoe). “Muito atenciosos com as
nossas necessidades, pacientes com nossas dificuldades e “motivantes” durantes os treinos”
(Andressinha). “Acredito que eles estejam fazendo um ótimo trabalho, nos treinos da transição
sempre contamos com um suporte muito grande da comissão técnica, tanto de conhecimento
como da prática do futsal” (Alex Morgan).

Seguiram destacando suas percepções, enfatizando a estrutura profissional e física oferecidas


pelo projeto.

Vivenciei um projeto de extraclasse de futsal apenas aqui na escola, e sempre


considerei ele com um suporte de profissionais muito qualificado, e um incentivo
muito grande a participação de campeonatos, tanto por parte dos treinadores
quanto da instituição. Porém, a estrutura do futsal, do projeto extraclasse, assim
como de muitas outras escolas públicas, não conta com uma estrutura adequada,
pois, por exemplo, treinávamos em uma quadra de cimento e a mesma não é
adequada para a prática desportiva. Ao entrar no projeto de transição, vivenciamos
um número maior de responsáveis, e também uma estrutura mais adequada, pois
fazíamos um treino na quadra da Universidade (Alex Morgan).

O projeto é muito interessante e enriquecedor para ambas as partes, tenho certeza que tanto
as atletas quanto os profissionais envolvidos crescerão bastante com essa interação (Megan
Rapinoe).

Muda total a perspectiva de futuro e oportunidades. Onde na escola jogamos


algumas só por prazer e outras para competir, somente enquanto matriculada lá,
com o projeto de transição, além de trabalhar a motivação de todas ali (por estar
em um caminho onde pode levar a equipe principal), vem nos agregando muito
sobre o entendimento tático das quadras e ainda amadurecimentos a partir das
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vivências e oportunidades, por envolver uma grande equipe não só de técnicos,


mas também preparadores físicos, fisioterapeutas (Andressinha).

As falas revelam o quanto a estrutura e uma equipe multidisciplinar não só motivam como
qualificam o trabalho. [c1] Comentário: Trazer um estudo
que destaque o trabalho multidisciplinar
no futsal

2.2.2. AS ESCOLHAS E ENFRENTAMENTOS NO FUTSAL FEMININO

As três participantes afirmaram que sempre foram ligadas aos esportes, mesmo antes de
chegar ao ensino médio, Alex Morgan relatou:

Sempre gostei muito de praticar esportes, mas o esporte que pratico desde criança
é o voleibol. Ao entrar na escola, o treinador de futsal me viu jogando e me
convidou para treinar futsal com ele, a partir daí, comecei a treinar e gostar de
praticar futsal, e isso fez com que eu treinasse semanalmente e entrasse para o
projeto de transição.

Já as outras duas se identificavam mais com o Futsal: “Escolhi participar do projeto de


transição porque achei que seria uma oportunidade de desenvolver ainda mais minhas
habilidades” (Megan Rapinoe).

Foram questionadas também sobre a visão da família no que se refere à escolha da prática do
Futsal na escola. Apenas uma relatou ser motivada pela família. “Sempre contei com o apoio e
incentivo da minha família, em especial do meu pai que também sempre gostou muito do
esporte. Meus amigos mais próximos também me apoiam e já acompanharam alguns jogos”
(Megan Rapinoe).

Minha família nunca me apoiou em relação ao futsal, desde quando eu era


pequena até os dias de hoje. Sempre escutei coisas como “futebol é coisa de
menino” “tu tem que jogar vôlei que é coisa de menina e não futsal”, e outras além
dessa, mas sempre dei meu jeito e ia treinar futsal, mesmo muitas vezes eles nem
sabendo o que eu realmente estava treinando. Foi assim todo meu fundamental e
uma parte de minha trajetória na escola, sempre era criticada por ir treinar futsal
ou até mesmo não permitiam que eu fosse, até perceberem que eu realmente
gostava de jogar e acabaram cedendo (Alex Morgan).

Não costumavam motivar a prática da modalidade, mesmo sempre incentivando a prática


esportiva. A família não motiva por saber que é uma modalidade de contato forte, e acreditam
não ser muito apropriado para mulheres (Andressinha).

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Enfrentar o descontentamento familiar pode trazer desmotivação para buscar algo mais no
esporte.

A família é o ambiente social primário onde os atletas desenvolvem sua


identidade, auto-estima e motivação para o sucesso nos esportes. O bom
desenvolvimento do atleta se deve, muitas vezes, ao encorajamento da família,
atribuição de valores, além do apoio psicológico durante a carreira (VILANI;
SAMUSLKI, 2002 apud OLIVEIRA, 2008, p.31).

Duas participantes evidenciam também a forte cultura machista, estruturada e presente


socialmente nas famílias.

[...] mostram que o estigma atribuído às jogadoras pela


sociedade, infiltra-se no ambiente familiar muito mais pela sensação de vergonha
dos pais pelo que os outros vão pensar de sua filha, do que pela prática do
futebol/futsal em si. Enquanto a sociedade estiver pautada na masculinização do
corpo da mulher que “joga bola”, a família terá dificuldade para abandonar o medo
dos “perigos” presentes nesses esportes (OLIVEIRA, 2008, p. 30).

A própria história da Educação Física aponta que a medicina higienista desempenhou forte
alcance sobre a inserção morosa da mulher no âmbito esportivo, especialmente nos esportes
considerados de domínio masculino e isso culturalmente identificou diferentes papéis para
meninos e meninas. “Os discursos da eugenia afirmavam que a mulher deveria se dedicar à
maternidade e contribuir para a geração de uma “nova raça”. Dessa forma, a mulher era
proibida de praticar esportes que pudessem prejudicar sua saúde (MOURA, 2003, apud VIANA,
2012)”. Ainda sobre o assunto, Jennifer Hargreaves (2003), citada por Viana (2012, p. 69)
destaca.

De acordo com no esporte ainda existem atividades definidas como apropriadas e


inapropriadas para cada sexo/gênero. A autora afirma que alguns valores
machistas influenciam na decisão dos pais sobre quais práticas corporais são
permitidas ou aconselháveis para seus/suas filhos/as, principalmente para as
meninas. Dessa forma, determinadas práticas corporais são negadas a meninos e
meninas, os privando do contato com novas experiências.

Na sequência, quando abordadas sobre o tema preconceito no Futsal feminino em termos


pessoais, o posicionamento foi, “Não, nunca sofri nenhum preconceito dentro do futsal
feminino, porém, sempre fui incentivada pela família a praticar outros esportes, e não o futsal,
na verdade havia preconceito deles nisso” (Alex Morgan). “Felizmente, comigo não
diretamente, mas acredito que até mesmo a subestimação do futebol e futsal feminino seja
uma forma de preconceito” (Megan Rapinoe).

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Da pra dizer que sofri preconceito quando comecei q jogar na edf do fundamental,
meninos não gostavam de ter menina no time (às vezes tendo que pedir para o
professor intervir no jogo pra eu poder entrar). Como por exemplo, tirar os times
entre eles o mais rápido possível pra quando eu tivesse chegado já estariam
jogando, me fazendo esperar eternamente ou chamar o professor (Andressinha).

A escola, enquanto instituição social também apresenta e reproduz identidades e formas de


aceitação e controle. “É indispensável que reconheçamos que a escola não apenas reproduz ou
reflete as concepções de gênero e sexualidade que circulam na sociedade, mas que ela própria
produz” (LOURO, 1999, p. 80/81). [...] meninos e meninas aprendem, também desde muito
cedo, piadas e gozações, apelidos e gestos para dirigirem àqueles e àquelas que não se
ajustam aos padrões de gênero e de sexualidade admitidos na cultura em que vivem (LOURO,
1999, p. 29).
[c2] Comentário: Talvez trazer mais
jjj estudo que evidencie o preconceito na
escola e outros espaços quando se
trata de jogar futebol.

Quando perguntadas sobre o contexto maior do Futsal em termos de aceitação social


evidenciaram, “acredito que o preconceito venha diminuindo gradativamente ao longo do
tempo, isso provavelmente se deve ao fato de que preconceitos (machismo, lgbtfobia, racismo)
vêm sendo cada vez mais debatidos” (Megan Rapinoe).

Acredito que o preconceito a respeito das mulheres dentro do futsal vem


diminuindo com o decorrer do tempo, e isso graças ao maior número de pessoas
interessadas e dedicadas ao futsal/futebol feminino, que buscam principalmente,
direitos iguais ao futsal/futebol masculino. Para concluir, acredito que o preconceito
sob as mulheres nesta modalidade diminuiu sim com o tempo, mas nunca deixou
de existir (Alex Morgan).

E finalizando Andressinha afirma “Vem diminuindo, pois as mulheres estão cada vez mais
corajosas em conquistar seu espaço e a igualdade”.

As falas deixam evidente algo que o estudo de Oliveira (2008) observou

O número de mulheres brasileiras que hoje pratica o futebol em clubes e


áreas de lazer aumentou se comparado às décadas anteriores, bem como são
significativas às conquistas da seleção feminina que, desde o final dos anos 90,
vem marcando sua história em eventos de grande projeção internacional
(DACOSTA, 2005 apud OLIVEIRA, 2008, p. 14).
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É possível também analisar que essas conquistas se deram por um enfrentamento direto das
mulheres, muitas vezes sozinhas. O preconceito continua existindo, no entanto as
protagonistas da mudança são mulheres em diferentes movimentos, decididas a entrar nesse
espaço “masculino” e disputar território.

Nessa perspectiva, a mulher atleta de futsal, historicamente tem sido colocada à


margem, uma vez que tensiona algumas fronteiras ligadas ao gênero. Longe das
representações que envolvem a unidade e a estabilidade constituídas pelas
práticas normativas próprias das feminilidades referentes, as atletas de Futsal são
constituídas como marginais em seus processos identitários e de status na
hierarquia social (LOURO, 2012, apud SILVA E NAZÁRIO, 2017, p. 12)

Ao mesmo tempo

Uma matriz heterossexual delimita os padrões a serem seguidos e, ao mesmo


tempo, paradoxalmente, fornece a pauta para transgressões. É uma referência a
ele que se fazem não apenas aos corpos que se conformam às regras de gênero e
sexuais, mas também aos corpos que as subvertem (LOURO, 2016, p. 17).

O caminho parece ser esse, de participar de movimentos, setores no âmbito escolar, projetos
que deem visibilidade ao Futsal feminino, garantindo assim a diversidade e o respeito às
diferenças e, por conseguinte, a não exclusão dos sujeitos do referido movimento dentro e fora
do processo educacional.

2.2.3 OS PROCESSOS DE TREINAMENTO E RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO PROJETO DE


TRANSIÇÃO

Foram feitas questões referentes a rotinas de treinamento para trazer um pouco do processo
pedagógico realizado no projeto de transição. [c3] Comentário: Tenta fazer como
organizei até aqui, trazendo a fala das
meninas e apresentando um estudo.
Foca nas respostas da questão 6 e 8.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiro parágrafo do texto das considerações finais […].

4. REFERÊNCIAS

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LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da


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LOURO, Guacira Lopes. Sexualidade, gênero e educação.


Uma perspectiva pós-estruturalista. 3º ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.

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Guacira Lopes, FELIPE, Jane, GOERLLNER, Silvana Vilodre
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___________________. Um corpo estranho- ensaio sobre


sexualidade e teoria queer. 2ª ed. 3º reimp. Belo
Horizonte: Autêntica, 2016.

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ALINE EDWIGES DOS SANTOS VIANA AS RELAÇÕES DE


GÊNERO EM UMA ESCOLA DE FUTEBOL: QUANDO O JOGO É
POSSÍVEL? 2012

AUTOR, N. S. Título do livro. 2. ed. Cidade: Editora, 2019.

AUTOR, N. S. (Org.). Título do livro. Cidade: Editora, 2019.

AUTOR, N. S. Título do capítulo de livro: subtítulo do capítulo de livro. In: AUTOR, N. S.;
AUTOR, N. S. (Org.). Título do livro: subtítulo do livro. 1. ed. Cidade: Editora, 2019. p.56-72.

AUTOR, N. S. Título do trabalho. 2019. 65 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização


em Nome da Especialização) - Instituição, Cidade, 2019.

AUTOR, N. S. Título do trabalho. 2019. 105 f. Dissertação (Mestrado em Nome do Mestrado)


- Instituição, Cidade, Ano.

AUTOR, N. S. Título do trabalho. 2019. 175 f. Tese (Programa de Pós-graduação em Nome


do Programa) - Instituição, Cidade, 2019.

AUTOR, N. S. et al. (a partir de quatro autores) Título: subtítulo. Nome do Periódico


Científico, v.16, n.2, p.20-40, 2019. Disponível em: <http://...>. Acesso em: 17 mai. 2019.

AUTOR1, N. S.; AUTOR2, N. S.; AUTOR3, N. S. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO, 6.,
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TÍTULO do trabalho de autoria desconhecida. 1. ed. Cidade: Editora, 2019.

(Template atualizada em: 29 nov. 2019)

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