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PRÁTICAS ESPORTIVAS ESCOLARES: REFLEXÃO PIBIDIANA A

PARTIR DE VIVÊNCIA EM TORNEIO ESCOLAR(1)


Amanda Machado Teixeira(2), Gustavo Salgado Carrazoni(3), Mauren L. de Araújo
Bergmann(4)
(1)
Este trabalho recebeu apoio material e financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– Capes – Brasil;
(2)
Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Subprojeto Educação Física; Universidade
Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do Sul; amandateixeira.m@gmail;
(3)
Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Subprojeto Educação Física.
(4)
Professora Orientadora; Coordenadora de área do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID -
Licenciatura em Educação Física - Universidade Federal do Pampa;

RESUMO: O presente estudo teve como objetivo refletir as práticas esportivas escolares a partir da vivência dos
bolsistas de iniciação à docência, na organização de um torneio de integração escolar, na cidade de Uruguaiana/RS. O
evento ocorreu durante o mês de agosto e contou com mais de 30 escolas da rede pública e privada de ensino. Os
bolsistas auxiliaram no preenchimento das súmulas, e foram estimulados a analisar, refletir e questionar a postura de
professores, alunos, pais e público em geral, frente às diversas situações ocorridas ao longo do evento, bem como,
identificar se as aulas de Educação Física refletem no comportamento dos alunos diante de uma situação de
competição. Percebemos que a postura dos professores, pais, e até mesmo a arbitragem na condução dos jogos,
interferem significativamente no comportamento dos alunos. Do mesmo modo, a maneira com que alguns professores
conduzem suas aulas, foi identificada como fator determinante na postura de alguns estudantes frente à competição
esportiva. Com base nos aspectos observados, concluímos que nossa perspectiva de reflexão a partir das vivências de
uma competição escolar foi alcançada, pois nos possibilitou uma vivência significativa em nossa formação.

Palavras-Chave: Educação Física escolar, competição escolar, formação inicial, docência, PIBID.

INTRODUÇÃO

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a Educação Física integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às
condições da população escolar, de modo a contribuir para o desenvolvimento integral do educando. Os
sistemas de ensino proverão, em todos os níveis o desporto educacional e as práticas desportivas não
formais, tendo como objetivo a formação integral para a cidadania e o lazer, evitada as características de
seletividade e competitividade de outras manifestações desportivas (Art.37).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), dentro de uma mesma linguagem
corporal, um jogo desportivo, por exemplo, é necessário saber discernir o caráter mais competitivo ou
recreativo de cada situação, conhecer o seu histórico, compreender minimamente regras e estratégias e
saber adaptá-las. Por isso, é fundamental a participação em atividades de caráter recreativo, cooperativo,
entre outros, para aprender a diferenciá-las (BRASIL, 1997).
A competição é elemento fundamental do esporte, e quando se trata de uma competição escolar,
seus objetivos são voltados, essencialmente, para com a educabilidade do sujeito. “Logo, seus princípios e
condutas pedagógicas terão de responder os motivos (porquê), para quem, o quê, quando e como a
competição será apresentada e ensinada” (REVERGITO et al., 2008).
De acordo com Scaglia, Montagner e Souza (2001), Turpin (2002) e Mota (2003), citado por Revergito
et al. (2008), não podemos pensar em competição, principalmente para crianças e jovens, sem que sejam
conhecidos seus pressupostos e princípios pedagógicos, pois “é a partir deles que especificaremos aquilo
que será valorizado na ação da prática educativa, no delineamento procedimental e didático-metodológico”.
Com base nisto, o objetivo do presente estudo é refletir as práticas esportivas escolares a partir da
vivência dos bolsistas de iniciação à docência, subprojeto Educação Física, na organização de um torneio
escolar, ocorrido durante o segundo semestre de 2015, na cidade de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil.

METODOLOGIA

Participaram da organização do torneio escolar, 15 bolsistas e 02 supervisoras do Programa


Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto Educação Física da Universidade Federal
do Pampa.
Os bolsistas auxiliaram no preenchimento das súmulas, e foram estimulados previamente em reunião,
a analisar, refletir e questionar a postura de professores, alunos, pais e público em geral, frente às diversas
situações ocorridas ao longo da competição. E, concomitantemente, identificar se as aulas de Educação
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Física, observadas nas escolas participantes do PIBID, refletem no comportamento dos alunos diante de
uma situação de competição.
O evento ocorreu durante os dias 17 a 23 de agosto no Ginásio Municipal, nos turnos manhã, tarde e
noite, com as modalidades futsal, basquete, voleibol e handebol, nas categorias mirim, infantil e juvenil,
totalizando 174 jogos. A competição contou com mais de 30 escolas da rede pública e privada de ensino da
cidade de Uruguaiana/RS, bem como, escolas convidadas dos municípios de Alvorada e Parobé.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante os sete dias de torneio, deparamo-nos com as mais variadas situações. Percebemos que a
postura dos professores, pais, e até mesmo a arbitragem na condução dos jogos, interferem
significativamente no comportamento dos alunos.
Do mesmo modo, concordando com Revergito e colaboradores (2008), destacamos que permitir que
o aluno vivencie diferentes situações, como por exemplo, suas ações determinarem o resultado de um jogo,
preconiza as intenções educativas e metodológicas, diminuindo a ênfase sobre o produto e acentuando a
preocupação de um processo para o sujeito que aprende na e por meio da competição. Em algumas das
escolas observadas, onde o horário das aulas de Educação Física é disponibilizado para o treinamento das
equipes, e a maneira com que alguns professores conduzem suas aulas, foi identificada como fator
determinante na postura de alguns estudantes frente à competição esportiva.
Identificamos que uma competição escolar não deve ser reflexo do esporte institucionalizado, apesar
da forte influência da mídia, frente ao grande momento esportivo no qual o país passa. Nós, docentes e
discentes, professores de Educação Física e futuros professores de Educação Física temos o dever de
aproveitar esse grande momento de influência à prática esportiva. Porém, não sendo apenas meros
reprodutores do alto rendimento e do que a mídia nos impõe.
É importante ressaltar também, que ainda são poucos os autores e obras que se dedicam
efetivamente ao estudo da teoria e prática da competição escolar. Portanto, há muito ainda a ser refletido,
sobre o próprio sentido que essas práticas assumem nas relações entre instituições, professor e aluno
(GRAEFF; GHIGGI, 2012).
E por fim, completamos com a afirmação de que vários princípios norteiam uma competição
pedagógica, e o professor na condição de mediador do conhecimento, deve ensinar mais que competir. O
professor deve facilitar, por meio das vivências proporcionadas aos alunos, situações e ambientes que irão
guiá-lo para uma aprendizagem de comportamentos e atitudes, pois “a competição não pode ter um fim nela
mesma, mas um meio para a educação” (REVERGITO et al., 2008).

CONCLUSÕES

Com base nos aspectos observados, concluímos que nossa perspectiva de reflexão a partir das
vivências de uma competição escolar foi alcançada. Como bolsistas de iniciação à docência, a oportunidade
de nos fazermos presentes na organização do evento, possibilitou uma vivência significativa em nossa
formação, pois o currículo da Educação Física não consegue dar conta de todas as oportunidades contidas
em uma área tão multidisciplinar como a nossa.

REFERÊNCIAS

BASSANI, J. J.; TORRI, D.; FERNANDEZ VAZ, A. Sobre a presença do esporte na escola: paradoxos e ambiguidades.
Movimento, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 89-112, maio-ago. 2003.
BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Base da Educação. Brasília, 1996.
GRAEFF, B.; GHIGGI, M.V. Esporte e escola: as competições escolares e as disputas que estão em jogo dentro e fora
da escola. Revista Didática Sistêmica, v. especial, n.1, p. 231-245, 2012.
PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC,
1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf. Acesso em: 31 agost. 2015
REVERDITO, R. S.; SCAGLIA, A. J.; SILVA, S. A. D. da; GOMES, T. M. R.; PESUTO, C. de L.; BACCARELLI, W.
Competições Escolares: Reflexão e Ação em Pedagogia do Esporte para Fazer a Diferença na Escola. Pensar a
Prática, 11/1: 37-45, jan./jul. 2008.

Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

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