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O FUTSAL COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO PARA GAROTOS EM


SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL.

Thiago Fernandes Monteiro1


Gláucio Guimarães Silva2

RESUMO
Este artigo teve como objetivo principal analisar o atendimento do projeto “Inclusão pelo
Esporte”, promovido pela Associação Comunitária Desportiva União Marabá, que é voltada
para jovens em situação de vulnerabilidade social, a partir dos relatos e vivência dos
universitários e cidadãos que atuam como voluntários no referido Projeto, bem como dos
registros em documentos oficiais deste. Contextualizou-se que nas últimas décadas ampliou-se
o debate sobre as políticas sociais, no contexto das lutas pela democratização do Estado e da
sociedade brasileira, e que os Projetos Sociais subveniados pelas Políticas Públicas e práticas
extensionistas, se apresentam como alternativa para uma atuação mais localizada no âmbito
dos jovens em situação de exclusão social. A metodologia utilizada será a qualitativo descritivo,
tendo como instrumentos de coleta documentos do projeto Inclusão pelo Esporte e entrevistas
semiestruturadas aplicadas com instrutores do Projeto, também terá um caráter bibliográfico
com fundamentação teórica feita através de artigos e outros estudos da área. Os avanços no
projeto analisado são muito recentes e estão associados aos atendimentos para além das
quadras esportivas, envolvendo as famílias e as escolas dos jovens. Assim, propostas nas
aulas são de uma ideia em que prevalecem a cooperação e o trabalho em equipe; um fato
importante para qualquer projeto social por meio do esporte é que deve tomar cuidado para
que não se fixe somente dentro da quadra ou do campo, mas que se preocupe com os
indivíduos nos ambientes externos ao do projeto.

PALAVRAS-CHAVE: Vulnerabilidade social. Jovens. Projeto social. Contribuições.

1
Acadêmico de Educação Física da Universidade Tiradentes.
2
Acadêmico de Educação Física da Universidade Tiradentes. E-mail:
glaucio_guimarães@hotmail.com
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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país onde os problemas sociais são fatores geradores de


exclusão, e nesse contexto, os projetos sociais esportivos constituem uma
possibilidade concreta para mudar o futuro de crianças e adolescentes através
da prática esportiva. Considera-se que esses projetos passaram a se espalhar
pelo país, por instituições governamentais, empresas visando atingir
principalmente crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
A importância do esporte como ferramenta de inclusão social, que tem como
princípio o desenvolvimento físico e mental, serve também para a aquisição de
valores e competências sociais. (CAVALCANTE, 2022)
O esporte, em geral é reconhecido por sua importância na interação
social dos indivíduos, além de poder contribuir para transformação dos
mesmos, sendo uma atividade tanto de entretenimento para os apreciadores
quanto de lazer para os praticantes. Isso justifica-se no fato de que vários
projetos sociais no Brasil se utilizam do esporte como ferramenta de inclusão
social. De acordo com Paes e Balbino (2009), “A riqueza do esporte está, entre
outros aspectos, intensamente presente na sua diversidade de significados e
ressignificados, podendo, entre outras funções, atuar como facilitador na
busca. ”
Esse é o caminho que vai ser seguido neste estudo, focando em um
projeto social que trabalha com o esporte como ferramenta para contribuir no
crescimento e desenvolvimento desses jovens que frequentam o projeto
semanalmente, os quais se encontram em um contexto de vulnerabilidade
social. Neste estudo o termo “jovem” está inscrito dentro de um contexto
relacionado com o público que o projeto atende (10 a 20 anos de idade), bem
como aplicado nas políticas públicas (10 a 20) anos, em que se fala sobre as
questões de vulnerabilidade social desses jovens.
Para tanto esse estudo tem como objetivo geral analisar o atendimento
do projeto de extensão universitária, Inclusão pelo Esporte, para jovens em
vulnerabilidade social, a partir dos relatos e vivência dos universitários e
cidadãos que atuam como voluntários, bem como dos registros em
documentos oficiais do referido projeto. E como objetivos específicos: Discutir
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sobre a capacidade do futsal como ferramenta de inclusão e as práticas


educativas do futsal para professores de Educação Física; oferecer
oportunidade da aprendizagem dos fundamentos do futsal, contribuindo para o
desenvolvimento psicofísico-social de crianças e adolescentes; oportunizar os
benefícios da prática de futsal como atividade para desenvolvimento da
comunidade.
A escolha desse projeto é pela sua relevância social, uma vez que ele
atende um número significativo de jovens em situação de vulnerabilidade
social, no município de Propriá-SE, em um período de cerca de dois anos.
Assim, tem-se a expectativa de elucidar algumas inquietações quanto às
efetivas contribuições do projeto, na vida dos jovens, relacionadas às diferentes
atividades ofertadas por eles. Essas dúvidas se revelam em instâncias a serem
refletidas aos profissionais e às entidades que atendem ao contexto da
inclusão social, assim levando-os a ponderar e avaliar acerca dessa
vulnerabilidade que está em volta dos jovens e os fatores de risco que os
envolvem, sendo um isso uma problemática de nível global.
Inferimos que há uma relação entre esporte e educação que tende a se
propagar por todas as atividades desenvolvidas neste espaço e que por vezes
é colocada em segundo plano pelo poder público e educadores que não
compreendem a capacidade educadora do fenômeno esportivo, na medida em
que este é um grande agente de socialização, educação e cidadania
(CORDEIRO, et al, 2022).
O esporte permite a inserção no espaço do respeito às regras, do
autocontrole e do desenvolvimento de uma personalidade competitiva, ele
suscita em longo prazo a capacidade de crianças e adolescentes um
empoderamento, um distintivo de capital social valorizado por todos a sua
volta, principalmente em regiões menos favorecidas e consideradas em risco
social (BOURDIEU, 1992).
Visando dar assistência a estes atores é que a Associação se propõe a
realizar o projeto social, relacionado à prática de esportes, especificamente o
futebol, com as ações socioeducativas, de fomento a cidadania e a melhora na
qualidade de vida, levando em consideração que os esportes coletivos auxiliam
a formação de conceitos básicos de cidadania: os aspectos afetivos, sociais,
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cognitivos, culturais e biológicos, e o quanto mais cedo esses indivíduos tem


contato com essas atividades, melhor será sua possibilidade de desenvolver-se
integralmente.
A pedagogia do esporte não deverá ser analisada somente por
seus aspectos técnicos, até porque, quanto a este ponto de
vista, há inúmeros estudos sinalizadores de formas e
procedimentos pedagógicos para o ensino do esporte nas
agências do ensino formal e não formal. Os fatores
diferenciadores da análise aqui sugerida são o equilíbrio e a
harmonia entre os aspectos citados. (PAES E BALBINO, 2009,
p. 35)

Então, faz-se necessário tratar o futsal de forma mais educativa e


equilibrada nos aspectos lúdico e cooperativo, sem ênfase em ser somente
competitivo e de rendimento.
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2 REFERENCIAL DE LITERATURA

Tendo em vista a melhor estrutura para o trabalho e diante dos objetivos


apresentando o projeto ficou estruturado em: no primeiro capitulo teremos a
metodologia onde mostra-se os métodos utilizados para melhor construção e
abordagem da pesquisa. No segundo capítulo sobre a história do futebol e o
futebol como potencial social e comunitário no terceiro capítulo como revisão
de literatura onde será elucidado artigos e projetos já apresentados sobre o
tema de futebol como ferramenta social, buscou-se trazer artigos e projetos
recentes dado ao valor da pesquisa e como o tema mostra-se atual mesmo
diante do que já se trabalha dele. Em seguida no quarto capítulo vamos
apresentar o Projeto Marabá onde surgiu a ideia de trabalhar o tema e de onde
os autores tem ligação direta por atuarem nele e por fim considerações finais
para mostrar e responder a questão norteadora da introdução.

2.1 A HISTÓRIA DO FUTEBOL E O FUTEBOL COMO POTENCIAL SOCIAL E


COMUNITÁRIO

Durante o século XVII, o esporte era associado aos divertimentos das


classes altas inglesas. Mesmo o futebol sendo um fruto inglês de potentes
relações com as alterações na estrutura política daquele país, especialmente
no fim do século XIX, a ampliação do mesmo pelo mundo se deu
independentemente do desenvolvimento dos Estados-nações.
O futebol é o esporte com maior aceitação no mundo inteiro sendo até
hoje o também mais praticado, tendo também diversas competições de cunho
nacional e internacional. O futebol ao ser esportivizado possibilitou que
houvesse sua disseminação pelo mundo com regras, uniformes e organização
própria acabou sendo facilmente divulgado pelos seus praticantes.
No Brasil o futebol acaba sendo trazido por Charles Miller como um
esporte moderno em 1894, trazendo consigo da Inglaterra duas bolas de
futebol, um livro com as regras, uniformes, além do conhecimento adquirido na
“Banister Court School”.
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No Brasil o futebol tem atribuição que vai para mais de um esporte,


representa-se como um fenômeno a sociedade. Ao longo da história, é visível
em duas perspectivas: como meio de propagação ideológica e como
propagação de manifestação de cultura. A modalidade esportiva futebol é parte
adicional na cultura brasileira.
Segundo Da Matta (2002), o futebol exprime-se a população brasileira,
portanto, deve-se ter seu espaço no cenário cultural do país. As manifestações
culturais e ideológicas são uns dos diferentes enfoques para vê-se esse
fenômeno esportivo o futebol. O futebol assim como outros elementos da
cultura popular – carnaval, religião, arte, música e outros, são elementos
importantes a cultura do Brasil. Através do futebol a sociedade se expressa,
manifesta-se, deixando descobrir-se.
Segundo Da Matta (1982, p.21): “O futebol praticado, vivido, discutido e
teorizado no Brasil seria um modo específico, entre tantos outros, pelo qual a
sociedade brasileira fala, apresentasse, revela-se, deixando-se, portanto,
descobrir”. A identificação do futebol com a cultura brasileira refere-se
especialmente a subjetividade se suas junções, no que se encontra dentro do
campo ou extracampo, como infrações, das regras, da ordem e desordem,
aproximando torcedores da realidade festiva do prazer e lazer.
Eric Hobsbawn, deu grande relevo ao estudo do futebol enquanto objeto
das ciências sociais. De acordo o pensador:
“A adoção dos esportes, principalmente o futebol, como culto
proletário de massa é igualmente confusa, porém sem dúvida
igualmente rápida." Essa rápida propagação do futebol teve
como elemento essencial, o contraste entre a classe operária e
a burguesia: enquanto nos países civilizados (leia-se europeus)
o futebol foi adotado como principal momento de ócio pelos
operários. O próprio Hobsbawn discorre que "Sua estrutura
socioeconômica, porém, é mais compreensível. A princípio
desenvolvido como um esporte amador e modelador do caráter
pelas classes médias da escola secundária particular, foi
rapidamente (1885) proletarizado e, portanto, profissionalizado
(CAPRARO, 2002)

Ainda de acordo com Hobsbwan (2007), o futebol reproduz os


antagonismos do processo de globalização:
O futebol sintetiza muito bem a dialética entre identidade
nacional, globalização e xenofobia dos dias de hoje. Os clubes
viraram entidades transnacionais, empreendimentos globais.
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Mas, paradoxalmente, o que faz o futebol popular continua


sendo, antes de tudo, a fidelidade local de um grupo de
torcedores para com uma equipe. E, ainda, o que faz dos
campeonatos mundiais algo interessante é o fato de que
podemos ver países em competição. Por isso acho que o
futebol carrega o conflito essencial da globalização. (FOLHA
DE SÃO PAULO, 2007, s/n)2

Enfim, o futebol pode assumir caráter global ou local, de jogo ou esporte,


de entretenimento ou profissão, de luta social ou instrumento do capital. São
diversas as facetas que se pode atribuir a essa importante metáfora das
relações sociais. De modo que, ainda que se apropriem de seus símbolos, de
suas linguagens, o amor pelo futebol tem em si a capacidade de dar voz ao
povo.
Os programas e projetos aparecem no Brasil com destaque no cenário
das práticas educativas da década de 1990, tendo como objetivo promover o
exercício da cidadania. São implementados e fomentados por entidades que se
caracterizam como organizações não governamentais (ONG), entidades
filantrópicas, associações comunitárias, fundações e outros. (BORGES, 2009)
Os Projetos Sociais Esportivos no Brasil surgem através do Ministério
do Esporte, que adota a Política Nacional do Esporte (PNE), que visa beneficiar
a todos os brasileiros através do esporte, em especial aqueles excluídos
socialmente e economicamente. A prática esportiva propiciará e desenvolverá
no individuo mais disciplina, capacidade de liderança, respeito às regras e
noções de trabalho em equipe dentre outros valores (BRASIL, 2007)
Segundo o Ministério do Esporte (apud Borges, 2009), o esporte
desenvolvido em projetos sociais, que por sua própria característica de
socialização e inclusão social, poderá a longo ou médio prazo, enfatizar valores
morais e sociais como, por exemplo, a participação, cooperação, liderança,
respeito e outros valores nos sujeitos que foram atendidos pelas suas ações,
influenciando diretamente na comunidade em que essas crianças irão
participar.
Para Bretãs (2007), no que se diz respeito à Educação Física, é
comum surgir novos projetos destinados às crianças e aos jovens das camadas
menos favorecidas economicamente e socialmente. Essas iniciativas possuem
um forte caráter preventivo e sustentam o objetivo de livrar as crianças que
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deles participam dos perigos das ruas, das drogas, más companhias, enfim, da
marginalidade.
A prática esportiva tem se consolidado como instrumento de projetos
humanitários e que procuram o desenvolvimento social dos grupos
beneficiários, por meio da promoção da paz, igualdade racial, de gênero e
social além de contribuir para habilidades individuais. Assim também ocorre
com o futebol – esporte mais praticado no mundo –, no qual a prática coletiva é
valorizada, a inclusão de grupos estigmatizados ou marginalizados se torna
mais fácil.
O componente esportivo com ênfase no futebol foi incluído por
reconhecer que, fazendo parte da cultura, esse esporte tem um grande
potencial mobilizador de adultos, crianças, homens e mulheres e que, portanto,
poderia vir a ser uma ótima oportunidade para criarmos discussões importantes
sobre educação e relações baseadas na não–violência, direitos e saúde.
O futebol também pode ser capaz de elevar o nível de informação e
conhecimento entre as pessoas envolvidas. As reflexões suscitadas nas
quadras extrapolam “as quatro linhas”, estimulando a reflexão e as discussões
sobre os temas que podem ir parar no pátio da escola, nas associações ou
grupos de jovens, enfim, nos ambientes de encontro da comunidade.
O esporte também pode aparecer como um impulsionador de criação de
identidade coletiva entre jovens, independentemente de sexo, raça, orientação
sexual, assim como pode propiciar a formação de grupos com interesses em
comum. Por outro lado, por meio da prática esportiva os participantes podem
aprender a resolver conflitos sem uso da violência, aprendendo a respeitar as
divergências, buscando solucioná-las por meio do diálogo. Por fim, o futebol dá
as/aos jovens a oportunidade de aprenderem a lidar com situações de
‘sucesso’ e ‘fracasso’.

2.2 DISCURSÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO FUTEBOL E O


COMPORTAMENTO SOCIAL

Em A prática do futsal no início da adolescência e o desenvolvimento


sócio-comportamental de Cesco e Pereira trazem como o esporte representa
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uma ferramenta conjunta ao processo do desenvolvimento educacional, social


e comportamental do ser humano. O projeto teve como objetivo desenvolver a
iniciação desportiva na modalidade de Futsal, como instrumento pedagógico
que também visou à formação e os aspectos sócio-comportamentais dos
alunos utilizando-se do ensino dos fundamentos técnicos da modalidade, jogos
cooperativos e competitivos, além de filmes, debates e diálogos. Após a
conclusão do projeto percebeu-se mudanças significativas no comportamento
social dos alunos, principalmente dentro do ambiente escolar, porém a mesma
mudança não pode ser percebida do mesmo modo dentro de suas casas,
devido a interação e a relação entre os indivíduos não semelhantes e que
todas as relações são fruto de interação.
Já Cruz em O futebol e o futsal como instrumento de socialização entre
alunos na educação física escolar demonstra as diferenças entre a prática do
futebol/futsal por meninos e meninas ao longo dos anos. O objetivo deste artigo
foi realizar uma análise acerca do sexismo envolvido no futebol e como o
mesmo pode ser um instrumento de socialização de alunos no âmbito escolar.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando-se referências de autores
renomados nos estudos científicos acerca da Educação Física e do esporte
Futebol, demonstrando que é necessária uma mudança nos conceitos culturais
da sociedade brasileira, que discriminam as mulheres esportistas, onde são
excluídas da prática do futebol/futsal nas escolas. Assim, pode-se inferir que é
de responsabilidade do professor integrar e socializar alunos e alunas em
busca do desenvolvimento das capacidades cognitivas e corporais, e do
fortalecimento do esporte nas escolas brasileiras, para que aconteça sem
exclusões e preconceitos, incutindo nas crianças e jovens, valores e
conhecimentos que os acompanharão por toda sua vida.
Outro trabalho foi o de Santos, et al, O futsal como forma de
socialização: um relato de experiência onde apresentou o futsal aos alunos da
educação infantil, 1° e 4° anos, buscando a multidimensionalidade do ensino,
ou seja, unindo questões humanas, técnicas e político-sociais. Tendo como
objetivos específicos, fazer com que os alunos explanem sobre sua visão e
vivência do futsal, entendam criticamente as regras, vivenciem por meio de
brincadeiras os fundamentos, aprendam a socializar e cooperar com os demais
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e desenvolvam o seu lado afetivo através do futsal. Questões estas que devem
ser trabalhadas nas escolas por serem imprescindíveis para tornar-se um ser
capaz de viver harmoniosamente em sociedade.
Já Senabio (2018), relata a contribuição de um projeto social realizado
na cidade de Florianópolis (Gol e Vida) para o desenvolvimento positivo das
crianças participantes. Participaram deste estudo 10 alunos-atletas da
categoria sub-12, nascidos entre os anos de 2006 e 2007, regularmente
frequentes nas aulas do projeto desenvolvidas durante o primeiro semestre de
2018.

2.3 PROJETO MARABÁ

O reconhecimento do esporte como canal de socialização positiva ou


inclusão social, é revelado pelo crescente número de projetos esportivos
destinados aos jovens das classes populares, financiados por instituições
governamentais e privadas. Na literatura de Educação Física, Esportes, Lazer,
Sociologia e em outras áreas, são apresentadas indicações dos benefícios
proporcionados pela prática regular de esportes, na formação moral ou da
personalidade dos seus praticantes.
A adesão ao projeto é avaliada através da pontualidade, assiduidade,
disciplina e investimento nas técnicas ensinadas, reproduzindo, muitas vezes,
as estratégias didáticas da escola formal, replicando, em especial, a relação
professor-aluno. A educação através de técnicas corporais ou profissionais
ligadas aos esportes apresenta-se como espaço privilegiado para a
transmissão de valores físico-morais, julgados importantes pelos que os
empreendem.
O projeto social intitulado “Inclusão pelo Esporte”, é realizado pela
Associação Comunitária Desportiva União Marabá, no município de Propriá,
adaptando-se às políticas públicas relacionadas à crianças e adolescentes
oriundos de famílias de baixa renda e com acesso precário aos mínimos
sociais, através de atividades de caráter esportivo e educativo, por meio da
Escola de Futebol União Marabá.
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O Projeto propõe através da escola de futebol, desenvolver habilidades


físicas, cognitivas e motoras, identificadas à realidade social dos alunos,
através de atividades socioeducativas atreladas ao desenvolvimento de
habilidades e competências, tornando-os participantes da construção da
cidadania, em primeiro lugar, criando oportunidades para chamar a atenção
das crianças e dos adolescentes a uma nova percepção de futuro e ainda
distanciá-los da marginalidade. É comprovado, nas estatísticas, que o crime
organizado existe como organização estruturada e presente em todos os
lugares, onde o esporte, tem importante e difícil missão.
A ACD União Marabá - Propriá, iniciou suas atividades no ano de 2017,
através de uma parceria com o América Futebol clube, time de Futebol da
cidade. Tendo assim disputado o Campeonato Sergipano de Futebol de Campo
em 3 categorias diferentes sendo elas sub 16/18/20 nos anos de 2017 e 2018.
A associação de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, tem como slogan,
“Construindo gente, realizando sonhos…”, onde fica bem claro que o foco
principal é a formação do indivíduo com base nos ensinamentos do esporte,
desde os princípios até a identificação à carreira esportiva, ou simplesmente a
atuação do indivíduo na sociedade. E atende crianças e adolescentes de seis a
vinte anos, residentes em região de alto risco.
O Projeto social “Inclusão pelo Esporte”, configura-se no carro chefe das
atividades da Associação Comunitária Desportiva União Marabá. Este trabalho
de fundamental importância, carece de recursos básicos para sua manutenção
e uma das saídas encontradas é o envolvimento de todas as pessoas que
valorizam este trabalho, seja pela prestação de serviços de forma voluntária,
seja por colaboração financeira, através da criação da modalidade “sócio
contribuinte”.
Contando com profissionais experientes na área administrativa, a ACD
União Marabá utiliza-se das melhores técnicas de gestão, o que garante, como
retorno imediato aos seus parceiros, identificação à comunidade em que atua,
vinculação de sua imagem a diversas peças publicitárias veiculadas nos meios
de comunicação e em diversas redes sociais e associação de sua marca aos
valores relacionados ao esporte e responsabilidade social.
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No departamento esportivo, a ACD União Marabá utiliza-se de


profissionais experientes, com vasta vivência em clubes e escolas de futebol,
incluindo um eficiente acompanhamento dos atletas e sua evolução no meio
desportivo. A operacionalização das ações será desenvolvida, prioritariamente
com criança e adolescente que se encontra em situação de vulnerabilidade e
risco.
As ações serão desenvolvidas através da articulação da associação com
outras associações e/ou órgãos públicos, onde cada profissional ficará
responsável em desenvolver alguma atividade e/ou palestra de cunho
educativo, no que tange a mobilização do público alvo do projeto referente ás
temáticas pertinentes à prática esportiva e integração social.
A prática esportiva, direcionada a aulas de futebol, serão desenvolvidas
por pessoal capacitado, objetivando ensinar as crianças e adolescentes
habilidades e técnicas concernentes à prática esportiva, especificamente o
futebol. Ficará também sob a responsabilidade do coordenador realizar
reuniões com pais e responsáveis e visitas domiciliares e institucionais, a fim
de garantir que os autores do projeto tenham um acompanhamento quanto à
convivência familiar e permanência nas atividades desenvolvidas no âmbito
escolar.
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3 METODOLOGIA

Os métodos são de grande importância na vida do pesquisador, já que


estes fornecem o aperfeiçoamento dos procedimentos e critérios abordados em
uma pesquisa. Estes também possibilitam ao cientista alcançar seus objetivos,
trilhar caminhos a serem seguidos, metas e resultados. Desta maneira se tem
uma maior segurança em sua produção, auxiliando na identificação de seus
erros e assessorando suas decisões. (LAKATOS, 2003).
Trata-se de uma pesquisa documental com observação direta e revisão da
literatura já existente e mapeamento desses dados.
Segundo Gunther (2006, p. 205) “a análise de documentos é a variante
mais antiga para realizar pesquisa, especialmente no que diz respeito à revisão
de literatura”. Para Godoy (1995) pode parecer estranho, em um primeiro
momento, incluir a análise de documentos como uma possibilidade para a
abordagem qualitativa. Entretanto, em se tratando de abordagem de uma
proposta não rigidamente estruturada, que permite ao pesquisador a busca de
novos enfoques, a partir do uso da imaginação e criatividade, a pesquisa
documental adquire um caráter inovador.
Os documentos representam uma rica fonte de dados e, nesta
perspectiva, pode-se definir a pesquisa documental como sendo aquela que
busca um exame de materiais que ainda não foram observados de forma
analítica, buscando novas interpretações ou mesmo interpretações
complementares.
Para embasamento teórico foi utilizado o método de pesquisa
bibliográfica. Esta abordagem permite ao pesquisador conhecer toda a
produção sobre o tema, já tomada como pública, no intuito de “permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2002, p.45). Fonte abundante
de informação que facilita os procedimentos intelectuais possibilita o
conhecimento de todas as maneiras e de qualquer área, natureza, viabilizando
o saber (FACHIN, 2003).
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como
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livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico se


inicia com uma pesquisa bibliográfica que permite ao pesquisador conhecer o
que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que
se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências
teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos
prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA,
2002, p. 32).
A importância da pesquisa bibliográfica para o trabalho científico revela
as possibilidades de determinado estudo, tendo em vista as reflexões já
suscitadas por outros autores. A partir daí, cabe ao autor estabelecer uma
relação de continuidade e/ou aprofundamento do tema pesquisado em
questão.
É primordial reunir dados fundamentais sobre o que se deseja abordar,
dispondo de informações de qualidade para a fundamentação da presente
pesquisa. Tendo isso em vista os procedimentos adotados para o levantamento
bibliográfico foram as seguintes fontes de informação: Google Acadêmico,
Portal CAPES, no Scientific Electronic Library Online (SciELO), InCID,
Pergamum e os termos utilizados na estratégia de busca foram:
Vulnerabilidade social, Jovens, Projeto social, Contribuições.
O percurso metodológico será a base para as próximas etapas desta
pesquisa, pois as informações a serem coletadas, bem como as reflexões
realizadas à luz do referencial teórico, demonstrarão a contribuição deste
estudo para a área, ressaltando o papel do método científico para a
compreensão dos fenômenos sociais.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

São projetos e iniciativas como essa que colaboram para que vidas não
sejam perdidas e para que crianças tenham dignidade e o mínimo para viverem
suas infâncias. Acredita-se no poder do esporte e como ele fortalece o mental,
transforma ideias, ensina sobre perdas e vitórias e cria laços de amizade. Não
é uma fórmula mágica, é saber olhar a sociedade que vivemos, é investimento
na qualidade de vida, é imaginar o futuro de tantas crianças e jovens, é dar
oportunidade, é incluir, é entender que ter acesso à educação, cultura e
esporte é direito de todos e todas. De fato, se as políticas públicas e afirmativas
estivessem acontecendo no país, teríamos mais talentos revelados nesse meio
e menos crianças nas ruas.
A Inclusão social através do futebol surge da necessidade de se criar
respostas que promovam a ocupação salutar de tempos livres de jovens a par
com a promoção de hábitos de vida saudável. Esta abordagem constitui-se
também como uma tentativa de criar ferramentas que, de uma forma natural,
ajustada e inovadora lide com as questões da exclusão social de jovens.
Ressaltando que esta exclusão se caracteriza por inúmeros fatores.
Finalmente, a família ainda é um fator-chave para garantir o sucesso
desses programas. Identificar as condições socioeconômicas das famílias,
calibrar as expectativas entre uma academia de futebol tradicional e um
programa independente para fomentar habilidades para a vida e identificar
espaços para vincular os pais com as atividades são apenas alguns dos
aspectos que podem impactar positivamente na eficácia dessas iniciativas.
Finalmente, ressaltamos que a temática não se esgota com este
trabalho, pois a nossa proposição foi subsidiar os membros envolvidos direta e
indiretamente com projetos sociais esportivos, buscando refletir e analisar
pontos importantes deste trabalho. Assim, esperamos que este estudo possa
servir de estímulo às novas pesquisas e aos projetos comprometidos com a
emancipação e a justiça social.
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REFERÊNCIAS

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