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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO

Kauã Vinicius Alves Pereira

FUTEBOL COMO POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO


PROJETO SOCIAL BOLA DE OURO NA CIDADE DE GOIÂNIA

GOIÂNIA
2023
Kauã Vinicius Alves Pereira

FUTEBOL COMO POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO


PROJETO SOCIAL BOLA DE OURO NA CIDADE DE GOIÂNIA

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro de


Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da
Universidade Federal de Goiás, como requisito para
a conclusão do Ensino Médio.

Orientadora: Profa. Dra. Flávia Motta De Paula


Galvão

GOIÂNIA
2023

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Kauã Vinicius Alves Pereira

FUTEBOL COMO POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO


PROJETO SOCIAL BOLA DE OURO NA CIDADE DE GOIÂNIA

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da


Universidade Federal de Goiás, defendido, para a conclusão do Ensino Médio, aprovado em,
08/02/2023, pela Banca Examinadora constituída pelas seguintes professoras:

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Flávia Motta de Paula Galvão – CEPAE/UFG
Presidente da Banca

_______________________________________________________________
Profa. Ma. Fabiana Perpétua Ferreira Fernandes – CEPAE/UFG
Membro da Banca

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Fernanda Cruvinel Pimentel – CEPAE/UFG
Membro da Banca

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero agradecer ao Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação


(CEPAE), pela oportunidade de desenvolver vários métodos de ensinos diferentes, inclusive
o meu Trabalho de Conclusão do Ensino Médio (TCEM), tenho certeza que esses ensinos
ajudaram a minha formação acadêmica durante esses anos no colégio. Além disso, tenho um
carinho enorme por cada pessoa que se dispôs a me ajudar no desenvolvimento do TCEM.
Quero agradecer especialmente à professora Flávia Galvão, minha orientadora, que
me encorajou e mostrou que eu sou capaz de fazer uma iniciação científica com qualidade.
Sou grato por ter a oportunidade de ter trabalhado ao seu lado, além de me ensinar vários
aspectos que foram essenciais para o desenvolvimento do trabalho, a senhora me ensinou
fatores que vão contribuir para a minha carreira profissional e para a minha vida pessoal.
Parabéns pelo ótimo trabalho de orientadora, a senhora sempre se dispôs a me ajudar e
sempre me motivou a continuar lutando, a senhora cumpriu com o papel de me orientar.
Também quero agradecer à professora Fabiana Perpétua, professora do TCEM, que
me ajudou bastante tirando dúvidas quando era preciso e também por ter disponibilizado a
sala de informática para finalizar o meu trabalho. Quero aproveitar esse momento e dizer que
sou grato à professora Fabiana e a professora Fernanda que aceitaram o convite de participar
da banca. Obrigado por estarem ao meu lado nessa conclusão do meu trabalho.
Não posso deixar de agradecer aos meus pais, Alex e Keilla, que sempre me
motivaram e me disseram que eu sou capaz. Juntamente aos meus pais, quero agradecer ao
meu irmão, Matheus, que sempre está ao meu lado me auxiliando, tirando minhas dúvidas e
me colocando para cima mostrando que sou capaz.
Por fim, quero agradecer a todos os meus amigos que se disponibilizaram a caminhar
ao meu lado e me apoiar para poder concluir essa etapa. Giovani, Guilherme, Gabriel,
Gustavo, João Henrique, Maysa, Maria Paula, Isabella e Luana vocês são essenciais na minha
vida e eu sou grato a Deus por ter vocês comigo!

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RESUMO

O aumento populacional e o crescimento da desigualdade social nas zonas periféricas se


tornaram cada vez mais visíveis à sociedade e trouxeram mais vulnerabilidade social, com
isso, os projetos sociais de esporte e lazer têm um grande valor perante a sociedade,
sobretudo para as crianças e adolescentes. Então, como tema do Trabalho de Conclusão do
Ensino Médio (TCEM), foi decidido sobre a análise de projetos sociais, especificamente o
Bola de Ouro, que contribuem para a inclusão de adolescentes na sociedade e, que muitas
vezes, esses projetos são parceiros de ações estatais ou atuam de forma independente, sendo
uma alterativa quando há omissão da iniciativa pública. Eu participei desse projeto social e
ele tem uma grande importância na minha vida, pelo fato de ter me possibilitado passar por
experiências incríveis durante os campeonatos e de ter ajudado na minha formação de um
jovem cidadão. Por esse motivo, decidi investigar a questão da importância do projeto social
Bola de Ouro para os adolescentes que têm ou tiveram a oportunidade de participar da ação
social. Para desenvolvermos o trabalho, fizemos uma pesquisa bibliográfica e trabalhamos
com entrevistas feitas com ex-participantes da ação social. Como resultado, tivemos
diferentes aspectos, por exemplo, durante as pesquisas bibliográficas, entendemos que, no
Brasil, o processo do esporte como um método de auxílio para a inclusão social ainda é algo
pouco valorizado. Entretanto, com o passar do tempo, foram criadas leis e a possibilidade de
inclusão social por meio do esporte, em algumas situações, tornou-se realidade. Em relação
às entrevistas, compreendemos que o Bola de Ouro impactou de maneira positiva na vida dos
jovens em diferentes âmbitos e possibilitou a inclusão deles no meio social.

Palavras-chave: Projeto social. Futebol. Inclusão social. Adolescentes.

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INTRODUÇÃO

Projetos sociais - ações, feitas geralmente pela população, com o propósito ter um
impacto positivo no setor econômico, social, cultural de uma comunidade, zona periférica ou
grupo - têm uma grande importância na sociedade brasileira da atualidade, onde,
principalmente em zonas periféricas, muitos adolescentes ficam na rua, sem atividades,
podendo ter acesso a vários contextos vulneráveis com a possibilidade de inserção ao “mundo
do crime”, do tráfico de drogas, de roubos, de clonagem de cartões entre outros meios para
ter um meio de subsistência com um retorno rápido.
Com o aumento populacional e o crescimento da desigualdade social, esses
problemas nas zonas periféricas se tornaram cada vez mais visíveis à sociedade e trouxeram
mais vulnerabilidade social. De acordo com exchangedobem, "esse tipo de iniciativa é capaz
de reduzir o sofrimento de comunidades vulneráveis e, em alguns casos, possibilitar melhores
acessos através da capacitação educacional e profissional". Ou seja, os projetos sociais são
uma alternativa para preencher a ausência do Estado; projetos que objetivam diminuir e
eliminar os problemas por meio de atividades esportivas, musicais e artísticas.
O Estado tem como papel de dar apoio a essas ações sociais que são essenciais para a
sociedade em vários aspectos, como na área da saúde, e com a prática do esporte, que
repetitivamente desenvolve a coordenação motora, evita casos de doenças, leva a ter uma
vida saudável, além de ter vários impactos sociais, como a probabilidade de tirar esses jovens
de ter uma vida conturbada por conta das bebidas, drogas etc.
A Constituição Federal (CF) – promulgada em 1988 com a promessa de exercer a
todos os brasileiros os direitos iguais para toda a população – apresenta alguns artigos de
como o Estado deve agir para priorizar os esportes como um meio para ajudar a população.
Assim, na CF, temos:
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-
formais, como direito de cada um, observados:
I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a
sua organização e funcionamento;
II–a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-
profissional;
IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação
nacional.
§ 1o O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

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§ 2o A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3o O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
(Brasil, 1988, p. 128).

Neste trabalho, em virtude do não cumprimento, por parte de Estado, de todos os


artigos elencados na CF, abordamos, portanto, sobre a importância do Projeto Bola de Ouro
no Jardim Curitiba 3, na cidade de Goiânia. O bairro Jardim Curitiba, localizado na zona
noroeste de Goiânia, teve o seu surgimento no fim da década de 1970 1. Além disso, o setor é
marcado pela luta por causa da população ter ocupado essa região de um modo desordenado.
Com isso, tem o surgimento de alguns problemas, tais como: a falta de saneamento básico,
infraestrutura, equipamentos públicos, entre outros fatores. Com isso, resultou em um bairro
com alto nível de vulnerabilidade social. Na atualidade, existem aproximadamente 4.827
famílias que residem no bairro.
Participei dessa ação social e ela foi bastante importante para mim em vários sentidos,
um deles é a humildade e o respeito que foi passado pelos professores e organizadores do
projeto. Assim, apesar da minha experiência positiva com o Bola de Ouro, nossa pesquisa
busca investigar, por meio de relatos de outros participantes, se essa importância foi essencial
para outros jovens que passaram pelo projeto.
O projeto Bola de Ouro foi criado em 2015, através do Paulo Victor, que, por ter
participado de iniciações sociais por volta dos anos 2000, tomou a decisão de dedicar um
tempo a essa comunidade, que necessita de pessoas para ajudar uns aos outros. Para o projeto
acontecer, o idealizador buscou pessoas que passaram por essas experiências e apresentou
este projeto, desde então essas pessoas que ajudaram e apoiaram estão ajudando até os dias de
hoje.
O fundador do Bola de Ouro relata o motivo de ter iniciado este projeto: "Eu fui aluno
da iniciação esportiva em 1999, em 2001 também aqui na região e a prefeitura encerrou esse
projeto em 2004". Desse modo, Paulo Victor criou o projeto na tentativa de dar continuidade
a um projeto que já tinha sido iniciado com a Prefeitura de Goiânia e que foi encerrado pelo
poder estatal. Assim, entendemos que o Projeto Bola de Ouro busca tentar preencher um
espaço que foi aberto em virtude da ausência do poder público.
Após a criação do Bola de Ouro, a prefeitura de Goiânia voltou a usar esporte e lazer
com possibilidade de inclusão social. Para isso, o prefeito Rogério Cruz recriou a Secretaria

1 Informações obtidas por meio da Agência Goiânia de Habitação – AGEHAB. Disponível em:
file:///C:/Users/MASTER/Downloads/C-PAC-Jardim-Curitiba-Trabalho-Social-AGEHAB-GO.pdf. Acesso em
nov. 2022.

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Municipal de Esportes (SMESP) e, em setembro de 2021, criou o projeto social, Esporte nos
Bairros, dando oportunidade para crianças, jovens, adultos e idosos de praticar esportes.
No entanto, mesmo com algumas ações da Prefeitura de Goiânia, o Projeto Bola de
Ouro continua sendo presente e necessário para os moradores do Jardim Curitiba 3 e regiões
próximas. Frente a isso, buscamos responder as seguintes questões de pesquisa: i) De que
modo o Projeto Bola de Ouro impactou na vida de adolescentes moradores da zona noroeste
de Goiânia? ii) Em que medida o Projeto assume o papel do Estado no oferecimento de
acesso ao esporte e ao lazer?
Assim, nossos objetivos são, ao tentar responder a essas questões, compreender a
função social do Projeto na vida de jovens goianienses e investigar o papel que ele assume na
ausência do Estado.
A estratégia de pesquisa ocorreu por meio de pesquisa bibliográfica e de depoimentos
com sujeitos que passaram pelo projeto e estão dando seguimento em suas vidas com as
experiências. Para isso, baseamo-nos nos estudos sobre: i) a inclusão e exclusão social
(FLEURY, 1998); (NASCIMENTO, 1993); ii) a cidadania (MARSHALL, 1963); e iii) o
esporte (BENTO, 1991); (TUBINO, 1992).
O trabalho está dividido em 05 seções, incluindo a introdução e as considerações
finais: na primeira, apresentamos nosso referencial teórico; na segunda, uma descrição sobre
o Projeto Bola de Ouro; e, na terceira seção, são analisados os relatos dos participantes.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

Para ter melhor compreensão sobre esse tema, baseamo-nos nos estudos sobre: i) a
inclusão e exclusão social (FLEURY, 1998); (NASCIMENTO, 1993); ii) a cidadania
(MARSHALL, 1963); e iii) o esporte (BENTO, 1991); (TUBINO, 1992).

1.1 Inclusão social a partir do esporte

Vivemos em uma sociedade onde a desigualdade social é muito presente no Brasil e


no mundo todo, e o estado tem como objetivo buscar meios para diminuir essa discrepância
que existe no nosso cotidiano. Com isso, passou a se olhar o esporte de uma maneira
diferente, de um modo que o esporte possa gerar renda e também ser usado para ajudar a

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sociedade por meio de projetos sociais de esporte e lazer, para levar a possibilidade de
mudança de vida de jovens periféricos.
Para entendermos melhor sobre o tema, baseamo-nos em 2 países que têm uma grande
influência nessa área de inclusão social a partir do esporte, pelo grande número de eficácia
mesmo tendo uma diferença grande entre elas. Logo, os países são os Estados Unidos e Cuba.
Contudo, antes de falarmos das políticas públicas desses países, é preciso trazer dois
conceitos para melhor compreensão. Devemos definir assim a exclusão social e da cidadania.
A ideia de Fleury expõe o conceito de exclusão social da seguinte forma:

Um processo cultural que implica o estabelecimento de uma norma que


interdita a inclusão dos indivíduos, grupos e populações em uma comunidade
sócio-política. Assim sendo, os grupos excluídos estão, em geral, impedidos
de participar das relações econômicas predominantes - o mercado, como
produtores e/ou consumidores - e das relações políticas vigentes - os direitos
da cidadania. (Fleury apud ALVES B.A. J. 2000. pg. 16)

A autora cita, em relação à exclusão social, a questão de ser um grupo carente, o qual
tem a falta de oportunidades, de informações, a dificuldade de acesso, escolaridade entre
outros fatores. Com isso, o Estado tem que procurar maneiras para que esse grupo possa ter
os mesmos direitos que as demais pessoas presentes na sociedade.
Outro conceito importante, e que dialoga com a questão da exclusão, é o de cidadania.
O sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshall afirma que o conceito da cidadania está
dividido em três partes, que diz respeito:

Estarei fazendo o papel de um sociólogo típico se começar dizendo que


pretendo dividir o conceito de cidadania em três partes. Mas a análise é,
neste caso, mais ditada pela história do que pela lógica. Chamarei estas três
partes, ou elementos, de civil, política e social. O elemento civil é composto
dos direitos necessários à liberdade individual - liberdade de ir e vir,
liberdade de imprensa, pensamento e fé, o direito à propriedade e a concluir
contratos válidos e o direito à justiça. Este último difere dos outros porque é
o direito de defender e afirmar todos os direitos em termos de igualdade
com os outros e pelo devido encaminhamento processual. Isto nos mostra
que as instituições mais intimamente associadas com os direitos civis são os
tribunais de Justiça. Por elemento político se deve entender o direito de
participar no exercício do poder político, como um membro de um
organismo investido da autoridade política ou como eleitor dos membros de
tal organismo. As instituições correspondentes são o parlamento e conselhos
do governo local. O elemento social se refere a tudo o que vai desde o
direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de
participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser
civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. As
instituições mais intimamente ligadas com ele são o sistema educacional e
os serviços sociais. (Marshall apud ALVES B.A. J. 2000. pg. 19-20).

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Portanto, frente a essa divisão sobre a cidadania, em relação aos aspectos sociais, é
preciso haver bem-estar social, qualidade digna de vida, onde é o básico que o ser humano
deva ter. Para compreender melhor esses conceitos de cidade, inclusão e exclusão social,
abordamos a seguir os métodos de políticas públicas através do esporte. Ao analisarmos
outros métodos de políticas públicas, que incentivam e financiam o esporte, vemos métodos
que poderiam ser possibilidades para nossa realidade (ALVES, 2006). Para isso, fazemos
uma breve consideração sobre as realidades de Cuba e dos Estados Unidos, as quais, de
algum modo, podem nos auxiliar a pensar em alternativas para que o esporte seja de fato
meio para a inclusão social.
Em Cuba, de acordo com Alves (2006), o esporte é uma das maneiras de geração de
emprego e também existem programas elaborados de forma estatal. Além disso, no âmbito
educacional, o esporte é uma disciplina obrigatória, em que todos são obrigados a participar
dos esportes. E, aqueles que têm seus desempenhos acima da média, consequentemente,
despertam um interesse maior para o país, onde o Estado vai ajudar essas pessoas para se
manterem praticando o esporte e isso, muitas vezes, resulta em visibilidade nas olimpíadas, já
que se mantém entre os 10 países que conquistam mais medalhas.
Os Estados Unidos possuem uma realidade política muito distinta de Cuba, bem como
as políticas públicas para o esporte, pois muitas delas são privadas, em que não é algo
custeado pelo governo, porém tem um incentivo da prática do esporte. Segundo Alves (2006),
a política nacional do esporte aposta na interação entre o Estado, como um caráter eminente
regulador, notadamente no que tange ao nível armador, e a iniciativa privada, que comanda
os clubes e federações.
Um fator importante é a questão deles prezam bastante a educação, conforme explica
Alves (2006). Para um jovem sonhar em participar de um esporte de grande expressão, como
o basquete, ele necessita passar por uma sequência de fatores que é ter um bom desempenho
nos campeonatos de nível escolar, para conseguir um espaço nas faculdades, podendo até
ganhar bolsas para jogar nos clubes de faculdades específicas, e ter um ótimo desempenho
para entrar na maior liga de basquete, a NBA.
No Brasil, as coisas são um pouco diferentes pelo fato de clubes e federações serem
privadas. Para que um jovem possa sonhar com a possibilidade de se tornar um jogador
profissional de futebol, ele precisa passar por um processo que se inicia em uma Escolinha de
futebol e precisa se desempenhar muito bem para ter uma possibilidade de entrar em uma
categoria de base de futebol. Consequentemente, ao entrar nessa base, vai depender de como

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o jovem vai se adaptar para ter uma chance de poder atuar no time profissional. Porém, existe
um grande problema no meio desse caminho que é a questão de muitos terem que tomar uma
decisão importante em sua vida: estudar, trabalhar ou ir em busca de seus sonhos. E isso
acaba separando o esporte da educação, diferentemente das realidades dos EUA e Cuba, em
que esses dois âmbitos estão de alguma forma atrelados para o desenvolvimento do atleta.
Com isso, acaba que há uma grande desavença em ambas partes e acaba que isso
acontece por conta de que o Estado não tem uma preocupação muito explícita com o esporte
no Brasil. De acordo com Alves (2006), essa oposição e adoção de base diversa para o
esporte no Brasil foram procedimentos empreendidos sem a participação do Estado. É
evidente que essa separação do Estado com esporte e a educação resulta nesses problemas e o
estado tenta procurar meios para poder amenizar e buscar soluções dessas questões. Assim,
ao invés do oferecimento de esporte de qualidade nas escolas, muitas vezes, o esporte e o
lazer precisam ser encontrados em outros locais, seja por meio de iniciativa públicas,
privadas ou projetos sociais.

1.2 Responsabilidade do Estado na promoção do esporte

De acordo com Alves (2000), o esporte é um fator cultural, ou seja, é apresentado


desde a infância. Com isso, desde pequeno é criada uma ligação entre o esporte e a pessoa,
tendo um impacto grande nas vidas das pessoas. Além disso, o esporte pode diminuir a
questão da desigualdade social, a partir disso, abordamos a responsabilidade do estado
napromoção do esporte.
Tubino apud Alves (2000) relata sobre o esporte ser considerado como um dos
fenômenos sociais mais importantes do século XX. Por esse motivo, o esporte tem uma
tendência em se manter sendo um grande fenômeno social, afinal, a maioria pratica ou já
praticou algum tipo de esporte.
Além disso, Bento apud Alves (2000) investiga os motivos do esporte ser um meio de
inclusão e suas funções. Como resultado da prática do esporte, temos várias questões
positivas, como: a felicidade e a satisfação de praticar; a comunhão entre as pessoas; questões
relacionadas à saúde e o reconhecimento visual e reconhecimento atlético.
Com isso, temos as práticas esportivas como instrumentos de ações sociais, levando o
esporte a se tornar direito de um cidadão e causando um dever ao Governo ao ser responsável

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por buscar meios para incluir e apoiar tais ações que exercercem um favor em prol da
sociedade (Bracht,V: Almeida, F.Q apud Oliveira 2011).
Com o Estado tendo como obrigação exercer políticas públicas relacionadas ao
esporte, começa a desenvolver meios para incluir a possibilidade de direitos iguais para
todos. Consequentemente, surgiram leis que se tornaram importantes, como a Constituição
Federal, promulgada em 1988. Com isso, apresenta algumas ideias de como utilizar o esporte
para alcançar os seus objetivos, no artigo 217, aborda sobre o Estado ter como dever apoiar as
ações de esporte e lazer, além de proteger e estar ao seu dispor para regular novas leis em
prol de melhorias do esporte. (BRASIL,1988)
Outra lei que tem sua importância é a Lei 9.615 de 24 de março de 1998, conhecida
como Lei Pelé. Essa lei ajudou bastante a prática do esporte em vários sentidos, por exemplo,
o desporto educacional, a qual levanta a questão de ter atividades físicas durante o período da
educação. Esse fator citado se encontra no terceiro artigo, além disso, apresenta outras
questões importantes, como:
Art. 3o O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes
manifestações:
I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas
assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da
cidadania e a prática do lazer;
II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde
e educação e na preservação do meio ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e
regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de
obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de
outras nações.
IV - desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial
dos conhecimentos desportivos que garantam competência técnica na
intervenção desportiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento
qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos,
competitivos ou de alta competição. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
§ 1o O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado:
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.155, de 2015)
I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em
contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva;
II - de modo não-profissional, identificado pela liberdade de prática e pela
inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de
incentivos materiais e de patrocínio. (BRASIL,1998)

Juntamente com as outras Leis, temos a Lei 10.891, de junho de 2004, que legisla
sobre a questão da bolsa-atleta, em que os atletas que se mantêm em alto nível têm uma

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oportunidade de ser remunerados caso se encaixem em todos os requisitos necessários. Para
isso, o valor foi dividido em categorias de atletas, como: atletas de base, atletas estudantil,
atleta nacional, atletas olímpicos e paralímpicos e atleta pódio.

Art. 1º Fica instituída a Bolsa-Atleta, destinada prioritariamente aos atletas


praticantes do esporte de alto rendimento em modalidades olímpicas e
paraolímpicas, sem prejuízo da análise e deliberação acerca das demais
modalidades, a serem feitas de acordo com o art. 5º desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
§ 1º A Bolsa-Atleta garantirá aos atletas benefício financeiro conforme os
valores fixados no Anexo desta Lei, que serão revistos em ato do Poder
Executivo, com base em estudos técnicos sobre o tema, observado o limite
definido na lei orçamentária anual. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).
§ 2º Para efeito do disposto no § 1o, ficam criadas as seguintes categorias de
Bolsa-Atleta: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
I - Categoria Atleta de Base, destinada aos atletas que participem com
destaque das categorias iniciantes, a serem determinadas pela respectiva
entidade nacional de administração do desporto, em conjunto com o
Ministério do Esporte; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
II - Categoria Estudantil, destinada aos atletas que tenham participado de
eventos nacionais estudantis, reconhecidos pelo Ministério do Esporte;
(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
III - Categoria Atleta Nacional, destinada aos atletas que tenham participado
de competição esportiva em âmbito nacional, indicada pela respectiva
entidade nacional de administração do desporto e que atenda aos critérios
fixados pelo Ministério do Esporte; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
IV - Categoria Atleta Internacional, destinada aos atletas que tenham
participado de competição esportiva de âmbito internacional integrando
seleção brasileira ou representando o Brasil em sua modalidade, reconhecida
pela respectiva entidade internacional e indicada pela entidade nacional de
administração da modalidade; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
V - Categoria Atleta Olímpico ou Paraolímpico, destinada aos atletas que
tenham participado de Jogos Olímpicos ou Paraolímpicos e cumpram os
critérios fixados pelo Ministério do Esporte em regulamento; (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).
VI - Categoria Atleta Pódio, destinada aos atletas de modalidades
individuais olímpicas e paraolímpicas, de acordo com os critérios a serem
definidos pelas respectivas entidades nacionais de administração do
desporto em conjunto com o Comitê Olímpico Brasileiro - COB ou Comitê
Paraolímpico Brasileiro - CPB e o Ministério do Esporte, obrigatoriamente
vinculados ao Programa Atleta Pódio. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).(Brasil, 2004).

Juntamente com as outras leis, temos a Lei 11.438, de dezembro de 2006, que oferece
incentivos e benefícios para estimular atividades por meio do esporte, onde é citado que todos
os projetos aceitos pelo recurso desta lei terão o acompanhamento do Ministério do Esporte,
que oferece incentivos e benefícios para estimular atividades (Brasil, 2006).

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Art. 2º Os projetos desportivos e paradesportivos, em cujo favor serão
captados e direcionados os recursos oriundos dos incentivos previstos nesta
Lei, atenderão a pelo menos uma das seguintes manifestações, nos termos e
condições definidas em regulamento: (Redação dada pela Lei nº 11.472, de
2007)
I - desporto educacional;
II - desporto de participação;
III - desporto de rendimento.
§ 1º Poderão receber os recursos oriundos dos incentivos previstos nesta Lei
os projetos desportivos destinados a promover a inclusão social por meio do
esporte, preferencialmente em comunidades de vulnerabilidade social.
§ 2º É vedada a utilização dos recursos oriundos dos incentivos previstos
nesta Lei para o pagamento de remuneração de atletas profissionais, nos
termos da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, em qualquer modalidade
desportiva.
§ 3º O proponente não poderá captar, para cada projeto, entre patrocínio e
doação, valor superior ao aprovado pelo Ministério do Esporte, na forma do
art. 4º desta Lei. (BRASIL,2006).

2. O PROJETO BOLA DE OURO

A trajetória do projeto social esportivo, Projeto Social Bola de Ouro, se dá em


outubro de 2015, e tem uma atuação na Região Noroeste de Goiânia, no Setor Jardim
Curitiba 3. O Ex-Diretor do projeto social, Paulo Victor, foi o idealizador dessa ação social,
que transmite mais que um esporte, mas a cultura e a inclusão social, ensinando mais que
apenas jogar futebol, mas aprendendo a ser pessoas melhores. Além do Paulo Victor, outro
que ajudou a concretizar essa ideia foi o Cassio Vinicius.
O idealizador Paulo Victor relata nas suas entrevistas uma iniciativa que foi a questão
de ter participado de momentos parecidos em meados de 1999. Além disso, diz que teve sua
importância na adolescência, e tinha como dever de fazer esse ato de inclusão social para
crianças e jovens da periferia.
Um fator que é válido para ser lembrado é a questão da organização do projeto e dos
requisitos necessários para o Bola de Ouro. Todos os participantes dessa ação têm como
obrigação obter a sua carteirinha com suas informações, com o nome, número de celular dos
responsáveis, endereços, dentre outros; essas pequenas informações são necessárias para
saber sobre o jovem e para ter um meio de comunicação caso aconteça algum imprevisto. Da
mesma maneira, existem os pré-requisitos para participar do projeto, que são: estar
matriculado em uma escola, ter uma boa relação social, ter boas notas. As tais exigências são
para presar a educação, é um fator social, para formar homens e mulheres diante a sociedade.

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O Bola de Ouro tem um valor simbólico de R$ 10,00 reais, por participante, para
poder manter o local em perfeito estado e ter os equipamentos necessários para o ensino dos
alunos. Além disso, tem pessoas que ajudam nesse projeto com doações de alimentos,
dinheiro, materiais etc. Em relação ao Cassio Vinicius, ele tem a sua renda por meio dessas
doações dos patrocinadores e por meio da mensalidade obrigatória para cada participante da
ação social.
Durante a pandemia, no período de 2020 a 2022, surgiram vários desafios para o
projeto, pois foi necessário parar momentaneamente as atividades, evitando assim a
proliferação e os contatos com pessoas infectadas, assim protegendo a todos no local e outros.
Com o tempo e com a vacinação ocorrendo, foi permitido o contato com as pessoas, assim
voltando aos poucos os treinamentos com medidas protetivas.
O valor desse projeto vem ganhando espaço dentro da grande Goiânia-GO, com
campeonatos e torneios cada vez mais conquistando títulos com os jovens brilhantes. Por
meio disso, cada vez mais vem trazendo mais patrocinadores para apoiar um bem social, a
importância desses patrocinadores é de ajudar na estrutura para esses jovens, que por sua vez
tem ajudado assim a formar jovens para o próprio futebol e principalmente para um bem
social, possibilitando a inclusão desses jovens e a formação da cidadania.

3. ANÁLISE DOS RELATOS

Nós decidimos fazer as entrevistas pelo fato de termos notado que o trabalho tem um
valor afetivo, então queríamos compreender quais as impressões de outras pessoas sobre o
projeto Bola de Ouro. Assim, fizemos três entrevistas, sendo os entrevistados: dois homens,
PARTICIPANTES 2 e 3, e uma mulher, PARTICIPANTE 1. Nas entrevistas, utilizamos o
método da entrevista semiestruturada, com algumas perguntas, mas sem um rigor especifico,
de modo que os voluntários pudessem ter mais liberdade para fazer seus relatos pessoais
relacionados ao Bola de Ouro. As entrevistas foram realizadas no ano de 2022 via meio
digital.

3.1 Relatos de jovens atendidos pelo Bola de Ouro

Primeira pergunta: De que modo o Projeto Bola de Ouro impactou na vida de adolescentes da
região noroeste de Goiânia?

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3.1.1 Transcrição entrevista Participante 1
Bom minha experiência no projeto bola de ouro foi incrível, como sendo a primeira mulher
a entrar no time aprendi muitas coisas além de jogar bola, o respeito que todos tinham por
mim me deixava segura e a vontade. O treinador sempre muito atencioso não me excluía e
tbm não deixava que nenhum dos outros alunos fizesse isso, ter entrado na escolinha me
tornou uma pessoa melhor, com a disciplina, moral e educação ensinada a todos, sendo a
primeira mulher a insistir a ficar na escolinha abri portas para que outras garotas pudessem
ter a liberdade de se sentir confortável jogando bola, sem ter o medo de ser julgada por
terceiros simplesmente por ser mulher e jogar futebol; Quando fiz parte do projeto me
sentia bem, saúde e bem estar sempre, me ajudou bastante com alguns problemas como
ansiedade e depressão porque afinal não tinha tempo para pensar em outras coisas, quando
você está jogando é como se não houvesse mais nada além da bola e do gol, estando em
campo você tem somente um objetivo, vencer! mas não, não é sobre ganhar apenas o jogo,
ganhar batalhas consigo mesmo ter paciência consigo mesmo, calma, respeito não só com
vc mas com os outros também e a admiração é uma das principais coisas, foi isso uma boa
parte do que eu aprendi estando dentro daquele projeto que salva crianças e adolescentes
todos os dias das drogas, das ruas e do perigo. Infelizmente tive que sair da escolinha pois
comecei a trabalhar e hoje não tenho tanto tempo disponível pois trabalho e estudo, mas
depois que parei de correr com uma bola como muitos dizem, acabei me afundando na
depressão, meu sonho é voltar pra aquele lugar e treinar como nunca só pra poder ter o
privilégio de ficar bem de novo tanto de saúde e bem estar quanto de saúde mental. Esse
projeto me salvou por um bom tempo e eu só tenho a agradecer por tudo por ter me ajudado
e ajudado a minha família.

Em primeiro momento, vamos analisar a experiência da Kamilly, ex-participante do


Bola de Ouro. No depoimento dela, temos uma questão muito importante, que é o fato dela
ser a primeira mulher a participar da ação social. A presença da Kamilly é muito importante
para o projeto, pelo fato de defender as mulheres no futebol, pois o futebol não está apenas
reservado para um público alvo, mas deve ser para todos. Além disso, no mesmo depoimento
a ex-participante cita a questão de um fator psicológico: depressão e ansiedade. Por
consequência, a sua experiência com no Bola de Ouro ajudou levando-a a ter um foco e
tratando de uma maneira que ela, cada dia, se empenhava mais e se sentia motivada a

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continuar lutando. Com isso, percebemos a importância dessa ação na sociedade, atingindo
outras áreas fora do esporte e lazer e salvando vidas de vários jovens da depressão, ansiedade,
drogas entre outros.

3.1.2 Transcrição entrevista Participante 2

O projeto BOLA DE OURO foi um projeto que me ajudou bastante, além de jogar em uma
escolinha eu tinha uma segunda família , a escolinha livrou vários e vários jovens das
drogas e do crime , particularmente me livrou também em vez de ficar na rua eu estava lá
jogando. Bola de ouro ensinou mais que jogar bola ensinou a ser uma pessoa melhor ter
disciplina ter compromisso uma das coisas mais importantes me ensinou a ser transparente
independente da situação chegar e conversar , o professor Cássio Vinícius além de
professor hoje em dia um grande amigo . Minha história no bola de ouro foi grande eu era
muito querido na escolinha pelo fato de ter lesionado 2 vezes sendo que na 2º fui sujeito a
fazer uma cirurgia graças ao PV - PAULO VICTOR conhecido como PVZINHO DA
GALERA no dia que eu lesionei já cheguei no Hugol fazendo a minha cirurgia por conta de
sua visibilidade , ele já chegou conversando lá dando total apoio. Eu tive várias
experiências na escolinha várias viagens vários passeios coisas que eu nunca tive condições
financeiras para poder fazer graças a escolinha tive essas oportunidades , a escolinha
também deu grandes oportunidades para virarmos grandes jogadores exemplo: Cauã -
dybala treinou com a gente numa quadra na região noroeste uma quadra que ninguém dava
nada um projeto que não davam nada por ele hoje em dia ele atua em um grande clube, o
Atlético Mineiro.

Em segundo momento, o depoimento de Breno, ex-aluno de 17 anos traz a


importância do Bola de Ouro de algumas maneiras, como: o relato sobre ser sua segunda
família, a questão de ser muito querido no projeto, o auxílio do ex-presidente PV (Paulo
Victor) no momento em que ele fraturou e precisou de fazer uma cirurgia com urgência, entre
outros. Além disso, são levantados alguns fatores, como respeito, educação, responsabilidade,
ou seja, meios para que um cidadão do bem siga e tenha a maturidade para agir diante dos
problemas na vida. Com isso, mostra cada vez mais que o Bola de Ouro é um grande projeto

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e que vem combatendo contra as drogas, bebidas, tráfico fortemente, e vem salvando vidas de
muitos jovens.

3.1.3 Transcrição entrevista Participante 3

Nesse depoimento, o entrevistado optou por responder às perguntas feitas por nós,
pelo fato de achar melhor o meio de desenvolver o seu depoimento.

Como você conheceu o projeto Bola de Ouro?


Conheci o projeto através do grande PVZINHO DA GALERA, que me fez o convite de
jogar um amistoso com o time Bola De Ouro, na época eu ainda jogava.

Como foi a experiência de participar neste projeto?

Incrível, muito importante pra minha carreira como atleta na época, e na vida pessoal, pois
o projeto ensinava muito além do Futebol.

De que modo o Projeto Bola de Ouro influenciou na sua vida pessoal e profissional?

Minha vida pessoal me ajudou a olhar mais ao próximo e procurar ajuda. Na minha carreira
profissional foi o pontapé inicial, onde comecei, onde tive a primeira oportunidade como
Treinador De Goleiros, fiquei 2 anos Bola De Ouro, aprendi muito com PV, Cássio e Léo,
me ajudaram muito. O Bola De Ouro foi que me deu a oportunidade de mostrar meu
trabalho e me serviu como vitrine, após 2 anos lá fui contratado pelo Bela Vista FC onde
trabalhei por 3 anos nas categorias de Base e Profissional, hoje estou a mais o menos 6 a 5
meses no Atlético Clube Goianiense.

Conte um pouco de sua trajetória no Projeto.

Iniciei em 2018 logo após eu parar de jogar e iniciar minha carreira como treinador de
goleiros, tive várias oportunidades nesse projeto que foi muito importante na minha
vida ,conquistei vários títulos entre o principal na escola que foi a Copa Cerrado, tive
vários Goleiros como destaque em vários campeonatos.

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Em terceiro momento, analisamos a entrevista do Augusto, jovem de 23 anos. O
entrevistado apresenta uma temática importante, que é a oportunidade de se voluntariar e
ajudar na ação social. Após desistir da sua carreira como goleiro profissional, Augusto teve
oportunidade de se tornar preparador de goleiros do Bola de Ouro. Entretanto, ele não
esperava que, através do trabalho na ação social, ele tivesse a oportunidade de sair do Bola de
Ouro e ir trabalhar na categoria de base de um clube, o Bela Vista, time onde ele trabalhou
durante três anos e, logo após, recebeu a oportunidade para ser preparador físico do Atlético
Goianiense, clube onde ele está atuando no momento.

3.2 Análise do Projeto Social em relação ao papel do Estado

Em primeiro momento, temos que levantar a questão de que o Estado vem


demonstrando interesse no esporte na grande capital. Com o mandato de Rogério Cruz,
prefeito de Goiânia, tivemos a recriação da Secretaria Municipal de Esporte (SMESP). Além
disso, criou o projeto esporte nos bairros em setembro de 2021. Nessa ação, as inscrições são
gratuitas e atendem crianças, jovens, adultos e idosos; além de possibilitar a participação em
vários esportes, como: futebol, tênis, natação, basquete etc. O projeto atende cerca de oito
bairros das proximidades, contando com Setor Faicalville, Residencial Aquários, Jardim
Guanabara II, Vila Osvaldo Rosa, Jardim das Aroeiras, Conjunto Riviera, Jardim Cerrado III
e Vila Finsocial.
Além desse projeto, existe o Centro de referência da Assistência Social (CRAS), que
é responsável pela oferta de serviços de proteção básica do sistema único de assistência social
- SUAS, em locais de alta vulnerabilidade. Esse projeto tem mais tempo de iniciativa e locais
destinados para ação, porém ainda não está em todas as zonas periféricas de toda Goiânia.
Em segundo momento, notamos que, mesmo com a presença do Estado, continua
sendo projetos de difícil acesso em algumas regiões, ou seja, isso resulta na criação de
projetos iniciados pela sociedade para suprir uma obrigação que é dever do Estado, levando a
possibilidade de inclusão social para toda população.
Perante as leis criadas ao longo do tempo, o Estado tem como função auxiliar
projetos, como o Bola de Ouro, fundado pela população que têm como objetivo ajudar
crianças e adolescentes a saírem desse contexto de exclusão e vulnerabilidade social, e ter
como opção o esporte para mudar a sua vida em várias questões como a área da saúde,
financeira, física, mental entre outros benefícios que o esporte apresenta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nesses três anos de estudo, essa pesquisa teve como objetivo pesquisar o
papel do esporte no processo de inclusão social na Cidade de Goiânia, por meio do estudo do
Projeto Bola de Ouro, desenvolvido desde 2015, no Jardim Curitiba 3, região noroeste da
capital goiana.
Para começarmos a escrever, nós pontuamos tópicos que seriam importantes estar no
trabalho e, após conversarmos, decidimos trabalhar com o estudo do Projeto de Bola de Outro
e com relados de participantes, além das pesquisas bibliográficas. Para isso, dividimos em
duas etapas, sendo elas: a inclusão social a partir do esporte, onde buscamos sobre os
métodos de políticas públicas em outros países, como Estados Unidos e Cuba, para
compararmos com as medidas tomadas do nosso país. Após pesquisarmos, notamos que no
Brasil não existiam estratégias de políticas públicas, vimos que a prática do esporte foi
deixada de lado e apenas começaram a pensar em usar como meio de inclusão social quando
notaram que é um fator que está muito presente na vida de cada cidadão.
Na segunda etapa, pesquisamos sobre a responsabilidade do estado para a promoção
do esporte, em que citamos leis que foram criadas no decorrer dos anos mostrando um avanço
em relação ao esporte.
Ao finalizar essa parte, coletamos três depoimentos para acrescentarmos na pesquisa
por termos a impressão de que esse trabalho tem um valor pessoal, além de querer
compreender se o projeto tem importância na vida dos jovens e dos adolescentes da região.
Posteriormente, tivemos o resultado que mostra a eficácia da ação social na vida de cada
adolescente, além de ser citado que o Bola de Ouro não ensinava apenas o futebol, o projeto
educa e forma jovens do bem para a sua adaptação na sociedade.
Ao finalizar as pesquisas, notamos que teve um avanço em relação ao esporte, porém
ainda é algo que precisa ser mais desenvolvido e ser colocado em prática para que
futuramente tenha uma melhor eficácia nas ações sociais e até mesmo nas escolas.
Minha experiência ao escrever esse trabalho foi bem difícil, pelo fato de ter algumas
limitações, por exemplo, não ter um notebook ou um computador em casa para facilitar o
acesso para fazer as pesquisas e para desenvolver a escrita. Então, precisei me adaptar às
situações e procurar finalizar o trabalho da melhor maneira possível.

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Porém, após ter finalizado a pesquisa, posso confirmar que, mesmo sendo uma
experiência complicada, pude melhorar a minha escrita e perder o meu medo na hora de fazer
apresentações em público.

Referências bibliográficas

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Senado Federal, 1988.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508200/CF88_EC85.pdf

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Lei n° 10.891, de 09 de Julho de 2004. Institui a Bolsa-Atleta. Disponível em:


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Lei n° 11.438, de 29 de Dezembro de 2006. Dispõe sobre incentivos e benefícios para


fomentar as atividades de caráter desportivo e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11438compilado.htm

BENTO, Jorge Olímpio. Desporto, saúde, vida – em defesa do desporto. Lisboa: Livros
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Disponível em: https://exchangedobem.com/o-que-sao-projetos-sociais/ - Acesso em:
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FLEURY, Sônia. Estado sem cidadãos - seguridade social na América Latina. Rio de
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INSTITUTO BH FUTURO. Qual a importância de um projeto social para uma comunidade?,
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WITTER, José Sebastião. O que é futebol? São Paulo: Brasiliense, 1990

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23
APÊNDICE – A

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO
DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO

Sou KAUÃ VINICIUS ALVES PEREIRA, aluna do 3º ano do Ensino Médio do Centro de
Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação/CEPAE e solicito sua participação como voluntário/a
em minha pesquisa. Meu tema de estudo é “FUTEBOL COMO POSSIBILIDADE DE
INCLUSÃO SOCIAL: UMA ANÁLISE DO PROJETO SOCIAL BOLA DE OURO NA
CIDADE DE GOIÂNIA" e será apresentado como forma de aprovação na disciplina de
Trabalho de Conclusão do Ensino Médio/TCEM, sendo essencial para a minha formação
acadêmica. Sua participação acontecerá a partir de um questionário com perguntas sobre a
temática citada. As informações serão despersonalizadas e utilizadas unicamente como fonte
de dados para a pesquisa. Será garantido o direito de retirar o consentimento, aqui autorizado,
a qualquer momento sem nenhum ônus ao participante.

Desde já, agradeço sua colaboração.

1- O projeto tem algo relacionado a ONG?


2- O Bola de Ouro recebe algum valor da prefeitura para ajudar no projeto ?
3- O senhor como professor e agora coordenador, ganha algum valor por estar se
voluntariando ajudar ?
4- Hoje tem a média de quantos alunos treinam na Bola de Ouro?
5- Como está o horário de funcionamento?

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