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FALTA DE NEUROSES ENTRE OS SAMOANOS


● Fatores educacionais na 1ª infância

“Os achados dos behavioristas e dos psicanalistas dão grande ênfase


ao enorme papel desempenhado pelo desenvolvimento nos primeiros
anos da vida.”
Fazendo essa comparação de civilizações muito diferentes, há uma
consideração evidente, o excesso de neuroses em nossa sociedade e a falta
dela na civilização samoana. Crianças que tiveram um mau começo revelam
desajustamentos mais tarde. O texto exemplifica a última guerra, onde
possivelmente crianças afetadas na primeira infância por traumas e estresse
nesse período, nunca teriam dado frutos positivos o bastante para se
destacarem na sociedade.

AUSÊNCIA DE SITUAÇÕES DIFÍCEIS EM SAMOA


● Sem situações conflitantes ou ocasiões que causam medo e ansiedade,
é explicado a ausência de um desajustamento psicológico em Samoa

“Assim como uma pessoa com leve retardo mental não seria
irremediavelmente incapacitada em Samoa, embora fosse um fardo
público numa grande cidade americana...”

● Complexidade -> individualização -> desajuste psicológico


O grau de individualização em Samoa é muito menor. Da mesma forma como
em nossa sociedade o grau de desenvolvimento de personalidade é maior, é
gerado um grande número de pessoas que se dobram com esse peso e sofrem
diante de situações complicadas da vida moderna.

AMBIENTE INICIAL DA CRIANÇA SAMOANA COM FATORES FAVORÁVEIS


A ESTABILIDADE NERVOSA
“Crianças pequenas samoanas saem aparentemente incólumes de
experiências que com frequência têm graves efeitos sobre o
desenvolvimento individual em nossa civilização.”
A criança samoana é tratada com mais gentileza na sua cultura, juntamente é
mais bem equipada para lidar com as dificuldades que encontra. Por exemplo,
enquanto nossas histórias de vida são cheias de dificuldades e assuntos que
não se falam para as crianças, como sexo, nascimento ou morte, as crianças
de Samoa já estão familiarizadas com essas três coisas numa idade precoce,
sem terem descoberto por acidente. Isso gera uma estabilidade nervosa que
não encontramos na civilização americana.
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O AMBIENTE SOCIAL
● A maioria das diferenças gira em torno da situação familiar, o ambiente
que primeiro e mais intensamente afeta a consciência da criança.

“O bebê samoano aprende que seu mundo é composto por uma


hierarquia de homens e mulheres adultos, todos dignos de confiança e
que devem ser respeitados.”
O aspecto que mais diferencia a civilização samoana da nossa é a organização
do ambiente social, o lar em Samoa elimina muitas situações que se acredita
causarem atitudes emocionais indesejáveis e que nos tragam desconforto.
Títulos como o de irmão mais velho, caçula, filho único, simplesmente não
existem, não existe favoritismo nem merecimentos. Também não existe o
estreito relacionamento entre pai/mãe e criança, em que se vê aquela
submissão à figura paternal e o “amor de mãe”. As crianças samoanas são
criadas em casas onde existem muitas mulheres adultas que cuidam delas e
muitos homens que convivem juntos, todos fazendo parte de um mesmo círculo
“familiar”, muitos primos, tios, avós, irmãs e irmãos.

AUSÊNCIA DE SENTIMENTO ESPECIALIZADO


● Relações sexuais casuais não carregam nenhum ônus de forte ligação
● Casamento por conveniência ditados por considerações econômicas e
sociais
“Aqui a menina em desenvolvimento aprende a depender de poucas
pessoas, a esperar as recompensas da vida de certos tipos de
personalidade.”

A falta de sentimento especializado que resulta dessa organização de lar é


reforçada ainda com uma segregação entre meninos e meninas. Vem o sexo
oposto como parentes tabu e possíveis futuros amantes, tem preferência por
amizades com parentes. Qualquer atração pessoal entre parentes de sexo
oposto é motivo de zombaria. Tudo isso mostra que as relações sexuais,
casamentos, não são carregados de fortes emoções. Isso é um forte contraste
com o lar americano. As escolhas que as meninas samoanas terão que fazer já
são premeditadas, nunca experimentaram um amor romântico como
conhecemos, nem sofrem por ficarem velhas solteironas, simplesmente não
criam expectativas quando a isso. Nesse contexto temos a tendência de julgar
que temos melhores soluções que Samoa nesse aspecto, julgamos
relacionamentos frios e a falta de sentimento especializado, mas para alcançar
o que consideramos um padrão mais digno de relações pessoas, estamos
dispostos a pagar muita vezes coisas que acabam não sendo verdadeiras.
Mesmo discriminando o tipo de relações que Samoa se faz, ainda podemos
reconhecer que nossos métodos exigem demais.
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COMUNIDADE FAMILIAR MAIS AMPLA


● Qual a vantagem da especialização do afeto e de um círculo fechado de
afeição?
“É interessante observar que uma comunidade familiar mais ampla, em
que há vários homens e mulheres adultos, parece preservar a criança do
desenvolvimento das atitudes paralisantes que foram rotuladas de
complexos de Édipo, de Electra...”
“Em nossa visão ideal de liberdade do indivíduo e da dignidade das
relações humanas, não é agradável perceber que desenvolvemos uma
forma de organização familiar que muitas vezes aleija a vida emocional,
distorce e confunde, em muitos indivíduos, o desenvolvimento da
capacidade de viver com a consciência de suas próprias vidas.”
Talvez se pague um preço alto demais pela especialização de sentimentos e
emoções que se vê na pequena família biológica e fechada. O quadro de
Samoa mostra que não é necessário canalizar tão profundamente a afeição de
uma criança para seus pais, a presença de muitos pontos de vistas defendidos
e contraditórios na civilização americana e a enorme influência de indivíduos na
vida das crianças reforçam a produção de situações carregadas de emoção e
dor. Por exemplo, a diferença de temperamentos do pai de uma menina, para o
pai da prima ou o pai de outra prima, influenciará somente as três meninas em
um único aspecto: a escolha de um lar. A escolha não é baseada em
ressentimentos e em relação a sexo ou religião não será afetado, pois pra elas
eles desempenham papeis muito pequenos em suas vidas diante do exército
em de parentes que geram nelas conformidade geral. Os pais samoanos
rejeitariam nosso estilo apelativo nas relações familiares como por exemplo “vá
a igreja por amor a sua mãe”, “não faça isso ou aquilo porque deixa o papai
triste”. Em Samoa existe um padrão de conduta e essa confusão de ética do
que é certo e errado baseado em afeições felizmente é eliminada, pois onde há
muitos padrões e todos se esforçam desesperadamente para criar os filhos
para satisfazer as próprias expectativas, crenças e práticas são impostas as
crianças em nome de uma lealdade filial.
FAMÍLIA EXTENSA E HETEROGÊNEA, SEGREGRAÇÃO DOS SEXOS NA
INFÂNCIA E A CATEGORIZAÇÃO DE AMIZADES
A falta de especialização de sentimentos é atribuída a esses três fatores.
Embora paguemos o preço de vidas desajustadas e frustradas por querer uma
maior especialização do sentimento, vimos isso como um ganho de que não
abrimos mão. Mas o ideal seria achar um meio termo dentro desses fatores,
poderíamos alcançar o desenvolvimento de personalidade por meio da
coeducação e de amizades não sistematicamente arranjadas, nos livrando
também das relações familiares intimas demais, eliminando assim a cobrança
por expectativas gerada disso.
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SEXO, NASCIMENTO E MORTE


“Nenhum dos fatos do sexo ou do nascimento é considerado
inconveniente para as crianças, nenhuma criança precisa ocultar seu
conhecimento com medo de punição nem refletir penosamente sobre
ocorrências pouco compreendidas.”
“Falsas impressões, impressões parciais nojo, náusea, horror,
desenvolvem-se em torno de um fato experimentado somente uma vez,
sob intenso estresse emocional e numa atmosfera desfavorável à
consecução, pela criança, de alguma compreensão real.”
“As crianças têm conhecimento da patologia dos processos da vida,
assim como de seu curso normal.”

ATITUDE X PRÁTICA
“É no fato da diferença, não na sua natureza, que reside a tensão.”

Uma grande diferença entre a cultura de Samoa e a nossa é a diferença de


atitude em relação ao sexo e a educação da criança sobre nascimento e
principalmente a morte. O sexo sem a excitação, o nascimento sem as dores, a
morte sem a decomposição, todas essas principais falhas da filosofia de
poupar a criança do conhecimento horrível da verdade estão ausentes em
Samoa. Como as crianças samoanas participam intimamente da vida de um
grande número de parentes, tem muitas e diversas experiências para basear
suas emoções, diferentemente de uma criança que é confinada em um só
vínculo familiar, que está se tornando cada vez mais frequente com a
modernização e o crescimento das cidades e prédios, onde não se existe mais
vizinhança e sim andares. Essas crianças muitas vezes têm uma única
experiencia de nascimento e morte e seu conhecimento de sexo vem de uma
olhada acidental dos pais. Isso gera desvantagens óbvias. Como conclusões
vindas de uma mente inexperiente e ignorante, formando um campo fértil para
pensamentos equivocados, juntamente essas crianças extraem essas
experiências de uma área excessivamente emocional, acarretando
consequências indesejáveis. Temos um padrão de reserva que proíbe a criança
qualquer tipo de comentário sobre esses assuntos tabus, questões como “por
que os lábios da vovó estavam azuis?” são prontamente silenciadas, enquanto
que em Samoa, onde se vê a decomposição, é privado o aspecto físico da
morte de qualquer significação especial, é natural. Em Samoa o sexo, a
gravidez, o parto, a morte, todas essas coisas são ocorrências bem
conhecidas.
Não se deve supor, no entanto, que a exposição de cenas de nascimento e
morte garantam a impedimento de pensamentos e atitudes indesejáveis. Tudo
isso depende de uma total criação social baseada nesses aspectos. As
exceções de pais da civilização americana que acreditam nessa prática como a
samoana e permitem-na a seus filhos estão construindo sobre areia, pois assim
que se deixa o círculo protetor do seu lar a criança é bombardeada por
julgamentos, é possível que faça mais mal do que bem, pois a necessária
atitude de apoio social está ausente.

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