As diferentes populações do mundo possuem características que lhes
conferem suas singularidades – produto de seus atributos e dinâmicas particulares - assim como podem absorver ou incorporar aspectos de dinâmicas externas, que podem se reproduzirem a níveis mundiais. A transição demográfica que se inicia em países desenvolvidos decorrente das mudanças de estilo de vida básicos como acesso a higiene, educação, a vida na cidade e a expansão paulatina do papel da mulher na sociedade com o exercício de direitos básicos como o trabalho, foram os principais ingredientes que impulsionaram também a transição demográfica no Brasil e que gerou resultados que impactaram de modo contínuo a dinâmica populacional. Eventos políticos e econômicos que começaram a surgir de forma tímida no século XX, serão construídos e impactarão de forma contundente para a virada do século. São conhecidos como o divisor de águas para que se constituísse o atual cenário do século XXI, bem como as projeções populacionais que foram feitas para o final do atual século o avanço de políticas públicas de saúde, educação, bem como o exercício da vida social das mulheres. As pirâmides etárias do país tomam a forma desses reflexos comportamentais populacionais no Brasil junto as políticas internas e externas. Década de 1950 As pirâmides etárias da década de 50 refletia as condições populacionais que a sociedade brasileira enfrentava na época: altas taxas de natalidade (decorrente do grande número de filhos por casais) e o topo estreito que indicava baixo número de idosos (decorrente do baixo crescimento vegetativo da população, muitos morriam em sua idade ativa). Durante muito tempo essa seria a representação do perfil demográfico brasileiro, já que a população historicamente era rural, ao passo que se tinha grande quantidade de filhos, muitos desses também morriam durante a infância, a grande quantidade também contribuía como suporte ao trabalho dos pais. A família era dividida de acordo com as tarefas onde o sexismo que se reproduzia na estrutura familiar: as meninas acompanhavam a mãe nas atividades domésticas e os meninos nas atividades em lavouras de subsistência. Mesmos com os movimentos iniciados no século XIX ao redor do mundo que lutavam pelos direitos femininos ao trabalho, saúde e educação, a realidade social feminina brasileira ainda se restringia apenas a criação dos filhos e atividades domésticas. As diferenças sociais entre o urbano e o rural no Brasil eram gritantes. Outro fator que interfere no desenho da pirâmide é a falta de políticas de saúde públicas que eram quase inexistentes. Os métodos paliativos naturais eram comuns, e a falta de tratamento médico adequado faziam com que a população tivesse altas taxas de mortalidade. A educação não tinha políticas que dessem condições de acesso e permanência fazendo com que esse comportamento fosse característica da população brasileira até a década de 50. A partir da década de 50 do século XX traz consigo marcas que irão começar a ter nuances no perfil demográfico brasileiro, pois é a partir desta década que se apresenta os fatores políticos e econômicos que impulsionados pelas políticas de industrialização feitas pelo governo brasileiro em busca do desenvolvimento do país, onde esse movimento político faz com que a população rural imigre para as principais cidades da época. Há durante a transição a ascensão da ditadura militar na década de 60, na qual, que com o mesmo discurso desenvolvimentista promove políticas que visam a abertura de estatais no país em busca do pleno emprego. Há também o começo de políticas educacionais, mas que ainda não eram ideais quanto ao acesso e permanência de crianças e adolescentes na escola. As políticas que tangem a saúde também têm avanço inclusive com a instituição de ministérios e órgãos oficiais que fazem com que o panorama da saúde brasileira comece a ter melhoras. A crise econômica e social aparece novamente no país que faz com que a situação política e econômica do país se estagne. Década de 1985 Seria a última vez que a pirâmide se comportaria de modo que a diferença de suas camadas seria diferenciada. As taxas de natalidade e mortalidade ainda são altas na década de 1985. Herança do comportamento populacional que abrangeu o período desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck e do governo militar em sua ascensão e declínio, as taxas demográficas apresentam tímidas mudanças. O alto número de filhos ainda é presente nas famílias, entretanto, a mortalidade infantil característica das décadas anteriores passa a ter uma diminuição e colabora para que haja incorporação dessas crianças na população de outras idades ao longo das faixas etárias da pirâmide e impulsiona o aumento populacional brasileiro nessa década. O acesso a vacinas e tratamentos médicos foram importantes para que esse evento ocorresse. A instituição de órgãos oficiais da saúde foram símbolos dessa política governamental. A população citadina começa a ser maioria no país já que as políticas econômicas favoreciam o trabalho nas indústrias e a vida era mais convidativa. As mulheres começam a ter também nessa transição acesso ao mercado de trabalho e a métodos contraceptivos que irão impactar o comportamento demográfico no qual começa a paulatinamente a diminuir a quantidade de filhos por família em breve, e de forma progressiva sendo a tônica de todo o resto do século XX. Com uma aparente maior autonomia a respeito de seu comportamento reprodutivo, é iniciado o movimento de transição da fecundidade, na qual as taxas de fecundidade aliadas as taxas de crescimentos vegetativo e redução das taxas de mortalidade irão começar a fazer com que a população brasileira adquira novos perfis demográficos. Após a queda do regime militar e a redemocratização do país, seguiram -se a instituição de políticas que tangem ao acesso a saúde e educação (também aliadas a profissionalização) a população, inclusive inseridos na nova constituição elabora em 1988. No século XXI, há uma maior conquista feminina em espaços de trabalho mais dignos, o acesso ao ensino superior e em postos de trabalhos que antes eram destinados apenas a homens foram fundamentais para que a transição de fecundidade não estagnasse. Agora as mulheres não decidiam apenas a respeito de seus direitos reprodutivos, mas também todo o curso de sua vida, principalmente, optando por ter ou não filhos, bem como estruturar uma vida profissional estável antes de iniciar uma vida familiar. Uma maior escolaridade da população brasileira também é percebida não apenas nas primeiras décadas, mas em todo os primeiros 20 anos do século XXI. Campanhas de vacinação em massa, a implantação do sistema único de saúde, políticas de acesso e permanência na escola, inclusive oferecendo educação á pessoas que não tiveram oportunidades de concluir os estudos em idade escolar foram destaques. A distribuição de medicamentos gratuitos, atendimento médico de graça, programas de criação de emprego, e ampliação do acesso ao ensino superior são políticas que irão influenciar toda uma geração e contribuir para aumentar também ainda mais a população brasileira nas primeiras décadas do século XXI. Década de 2020 Decorrente das transformações ocorridas no século passado, bem como a democratização em massa de políticas públicas de saúde, educação, moradia, entre outros que colaboraram para uma melhor qualidade de vida, em comparação a épocas passadas, a pirâmide brasileira se comporta de maneira distinta. Verifica-se que há um declínio das taxas de natalidade, se em comparação com outras épocas. A faixa etária que corresponde a crianças é menor de que jovens e adolescentes, algo inédito. Homens e mulheres em sua meia idade é a maior que em todas as faixas etárias. O topo da pirâmide também apresenta diferenças consideráveis se em comparação com outras pirâmides. Há um significativo número de pessoas idosas, indicando uma crescente longevidade nas taxas de expectativa de vida. O reflexo das decisões políticas, sem dúvidas colaboraram para que o comportamento demográfico nacional tomasse outra perspectiva. Cenários apontam para que ocorra um envelhecimento da população por conta das taxas baixas de natalidade, mortalidade e fecundidade até o final do século. Esse fator é resultado dos impactos dos avanços de políticas públicas que afetaram a população em massa, garantindo uma maior perspectiva de vida, ligadas a crescente taxa de crescimento vegetativo. As políticas de planejamento familiar também influenciam esse cenário. Diante disso, há a necessidade latente de que essas políticas sejam reformuladas para garantir que se aproveite o bônus demográfico nacional, e que o desenvolvimento seja de fato exercido, pois embora haja avanços, muitas desigualdades ainda prevalecem no país. O desemprego entre a população economicamente ativa é uma das realidades que os governos terão de enfrentar, pois a tendencia é que essa população se aglutine mais ainda nas faixas etárias da pirâmide, e que o número de pessoas idosas seja um dos maiores já visto. Claro, que esse panorama pode ser planejado e impulso para que reformas sejam feitas de modo que beneficie a população brasileira. Pirâmide demográfica do ano de 2025 Em 2025, o comportamento demográfico nacional cumpre com as expectativas apontadas pelos pesquisadores. As taxas de natalidade continuam em queda e as taxas de crescimento vegetativo se estendem da população mais jovem para a população maior de 50 anos. As taxas de mortalidade não possuem faixa etária específica. Entretanto, o alerta para reformas sociais que atenda de modo qualitativo a população mostram se urgentes. A tendencia de envelhecimento populacional e a expectativa de vida mostram se uma realidade nacional concreta. Cabe aos governos se adequarem a sua realidade nacional para que se aproveite dessa realidade para se readequarem a necessidades de seus pódios. Não extinguir políticas, mas readequá-las. A importância das análises demográficas A realidade social é a concretização de fatores externos e internos que se aglutinam em diferentes sociedades. As diferentes populações do globo têm em suas dinâmicas suas características particulares que são impactadas por fatores internos e externos a elas. A maioria das transformações ocorridas no brasil tiveram impacto de políticas externas que afetavam mesmo que de modo indireto, a vida do povo brasileiro. A democratização de políticas públicas ligadas a saúde, educação e moradia, que fizeram com que o comportamento populacional tomasse outras perspectivas ligadas aos resultados da luta histórica feminina que também tomou proporções mundiais, foram fatores que se incorporaram, mesmo que de modo mais lento a sociedade civil. A análise demográfica das pirâmides demográficas brasileiras permite visualizar de modo concreto os impactos desses movimentos na população de um país. Verifica-se que a partir da democratização de políticas públicas são incorporadas a nação, a população adquire outras configurações. A análise permite ainda, que os governos se adequem para os desafios que foram enfrentados, e de quais desafios devem enfrentar, exercendo, desse modo, sua tarefa principal é o zelar pela sociedade. A análise também favorece a educação das populações para que vejam como os impactos das políticas lhe afetam, e de quais políticas devem permanecer ou serem reformuladas. A história pode ser contada a partir das análises demográficas, pois é onde se concentram os resultados empíricos da realidade social.