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BACHARELADO EM GEOGRAFIA
12 de Novembro de 2023
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INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, várias teorias foram desenvolvidas para entender os impactos das
mudanças demográficas no mundo. A Teoria Malthusiana, proposta por Thomas Robert
Malthus no século XVIII, alertava sobre a possibilidade da população exceder a capacidade de
produção de alimentos, resultando em escassez, fome e redução populacional. Malthus
propagava medidas de controle populacional para que a população não excedesse. No século
XX, a Teoria Neomalthusiana adaptou essas ideias, ampliando as preocupações para incluir
recursos naturais em geral, ainda defendendo o controle populacional com ênfase em medidas
morais e sociais, destacando a importância do acesso a contraceptivos para evitar problemas
socioeconômicos associados ao crescimento descontrolado. As duas teorias não consideram os
avanços tecnológicos na produção agrícola, melhorias no padrão de vida, avanços médicos e
fatores sociais, culturais e econômicos que influenciam as decisões reprodutivas das pessoas.
A Teoria da Transição Demográfica, proposta por Frank Notestein no século XX, sugere
que as sociedades passam por quatro estágios de mudança na estrutura demográfica à medida
que se desenvolvem economicamente. No Estágio 1, chamado de Pré-Transição Demográfica,
as taxas de natalidade e mortalidade são altas, resultando em crescimento populacional lento,
muito devido à falta de cobertura de saúde, saneamento precário e acesso limitado à educação.
No Estágio 2, chamado de Aceleração Demográfica, há melhorias na saúde e qualidade de vida
que reduzem a mortalidade, resultando em crescimento mais rápido devido às altas taxas de
natalidade. No Estágio 3, chamado de Desaceleração Demográfica, há avanços sociais e
econômicos reduzem as taxas de natalidade e de mortalidade, levando a um crescimento
populacional mais lento. No Estágio 4, chamado de Estabilização Demográfica, tanto as taxas
de natalidade quanto as de mortalidade são bem baixas, o que resulta em um crescimento
populacional estável ou negativo devido à longevidade das pessoas e as mudanças nas
aspirações familiares, influenciadas muito pela educação.
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O Líbano é país no Oriente Médio (Ásia), é conhecido por sua rica história cultural e
diversidade étnica e religiosa. A sociedade libanesa destaca-se pela hospitalidade e culinária
variada. Politicamente, o Líbano possui um sistema complexo que equilibra diferentes
comunidades religiosas. O país enfrentou períodos de guerra civil e intervenção externa, que
impactaram aspectos políticos, sociais e a qualidade de vida. Historicamente, a economia
libanesa é impulsionada pelo setor bancário e mercado de ações, mas que enfrenta desafios
como altos níveis de dívida pública e instabilidade política.
A pirâmide etária do ano de 1970 mostra que o Líbano estava no estágio 1 da transição
demográfica, e a pouquíssima diferença entre as taxas dos homens e das mulheres. Há uma
grande taxa de natalidade nos 0-4 anos e a população descresse aos poucos até o coorte de 15-
19 anos, após isso vemos uma maior taxa de mortalidade, onde a população tem uma grande
queda, algo que dá para ver nitidamente quando se compara os coortes de 0-4 anos e de 20-24
anos. Acredito que a motivação seria a Guerra Civil Libanesa que causou a morte de muitas
pessoas (cicatriz do coorte 20-24 anos) e também muita migração do país (cicatriz do coorte
50-54 anos). A expectativa de vida não era muito alta, poucos chegam aos 80 anos de idade.
Mesmo assim a taxa de natalidade é maior do que de mortalidade, o que causava um aumento
populacional no país.
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Já na pirâmide etária do ano 2000 percebesse que a taxa de natalidade diminuiu quase
pela metade, mesmo continuam um pouco alta, certamente causado pela diminuição na
reprodução no pós guerra, fazendo com que o crescimento populacional seja bem lento. Apesar
do crescimento populacional lento, há uma diminuição na taxa de mortalidade e um aumento
na expectativa de vida, por isso acredito que o Líbano estava no estágio 2 da transição
demográfica nesta época. Ainda há pouquíssima diferença entre as taxas dos homens e das
mulheres e claramente há envelhecimento da população em processo.
Está pirâmide etária do ano de 2030 traz projeções diferentes do cenário atual, acredito
que já influenciadas pela crise econômica vivida pelo Líbano atualmente que pode modificar o
futuro do Líbano demograficamente. Percebe-se que há uma queda de quase de metade na taxa
de natalidade novamente, o que fará o crescimento populacional do país cair mais ainda. Há um
manutenção da taxa de população somente no coorte 15-19 anos, acredito que seja um fator
remanescente ainda da alta taxa de natalidade nas últimas décadas, após isso há um redução na
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taxa da população. Nesta pirâmide o processo de envelhecimento da população está mais forte,
reduzindo a taxa de mortalidade e aumentando a expectativa de vida novamente. Acredito que
aqui o Líbano estará passando pelo estágio 3 da transição demográfica. Nos primeiros coortes
há uma diferença de mais homens do que mulheres, mas isso modifica totalmente nos coortes
a partir do 35-39 anos, onde há uma diferença significativa de mais mulheres do que homens.
A projeção da pirâmide etária do Líbano no ano de 2060 mostra que ainda há uma
continuação na diminuição das taxa de natalidades, tornando o crescimento populacional mais
lento ainda. Há cada vez mais população em idade avançada, isso mostra que o processo de
envelhecimento no país está avançado. Com isso acredito que nessa época o Líbano esteja
passando pelo estágio 4 da transição demográfica. Nesta pirâmide há número maior de homens
do que de mulheres na população desde os coortes 0-4 anos até o 55-59 anos, já nas idades mais
avançadas, a partir dos coortes 60-64 anos, essa diferença se modifica completamente e passa
a ter uma maior quantidade de mulheres na população.
REFERENCIAS
CARVALHO, José Alberto M.; WONG, Laura L. R. A transição da estrutura etária da população
brasileira na primeira metade do século XXI. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, Vol. 24, n. 3, p.
597-605, 2008.
SILVA, Marcio Magno F. F.; OLIVEIRA, Jansen Coli C. N. A. Perspectivas Políticas Para O
Líbano a Conjuntura Da Crise No Oriente Médio. Revista Da Escola De Guerra Naval (Ed.
Português), Vol. 23.3, p. 785-811, 2017.
Os gráficos foram produzidos pelo autor do artigo, através dos dados de população do site da ONU.