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RESENHA
Influenciado pelos ideais de Karl Marx, Milton Santos nos anos 70 através de sua
obra “Por uma Geografia Nova” dá inicio ao movimento da chamada Geografia
Crítica ou Marxista fornecendo uma visão problematizadora do espaço através de
sua análise crítica. Servindo-se da Concepção Materialista, Milton estrutura seu
pensamento abordando o modo de produção do espaço através do trabalho e das
relações sociais, destacando o papel do homem em seu meio, posicionando o
espaço como resultado das ações humanas, um produto sócio-histórico, meio e
condição das práticas sociais.
As partes analisadas que serviram para compor esta resenha são referentes aos
capítulos 16, 17 e 18, respectivamente, que em conjunto possuem 57 páginas. Os
capítulos são subdivididos em tópicos para uma melhor assimilação do conteúdo. O
foco narrativo da obra é dirigido para graduandos em geografia, pois, dialoga com
disciplinas de cunho epistemológico e histórico do pensamento geográfico.
Destaque para o papel do Estado para com a nação que com o novo modelo de
relações internacionais se torna o único mediador possível que pode criar meios
para possíveis melhorias acerca da sociedade e o seu desenvolvimento, o que
Milton designa de novos velhos problemas agravados, pois está apenas na mão do
Estado o futuro da nação que controla se tornando o responsável pelas
consequências de sua cumplicidade ou de sua resistência em relação aos interesses
do sistema capitalista mundial, transformações espaciais e atuação nos subespaço.
A ideia que é proposta é o contraste entre as relações que os Estados
desenvolvidos e subdesenvolvidos estabelecem. O primeiro geralmente com “mais
recursos” de acordo com o sistema capitalista se mostra como única alternativa de
crescimento frente aos subdesenvolvidos que em vez de investir em suas riquezas,
potenciais e valor juntamente com sua população, se coloca em uma posição que
sempre irá depender dos “soberanos” que vista a princípio como uma boa
alternativa, pode colaborar para agravar suas deficiências e submissão, e nem
sempre com as melhores condições para a população podendo agravar os seus
problemas, enquanto os desenvolvidos se beneficiam ainda mais da situação de
submissão destes.
A defesa dos Estados – Nações serem uma unidade geográfica de estudo a que
Milton se refere, é o modo de como estes se torna coercitivo em nações buscam de
sair do seu estado de “fragilidade” tanto em suas relações econômicas como a
presença de multinacionais, que levam a sua nação de origem para adentrar a
nação refletindo também as práticas da população que tem o seu futuro incerto
definido pela dependência de outrem, e o esforço de seu trabalho entregue para
alimentar a riqueza de terceiros fomentando em impactos no espaço
correspondente, o que Milton traz em sua obra como uma dialética entre o macro
espaço, o Estado e o microespaço.
Após essa alfinetada, Milton aborda a questão do estado se tornar com o sistema
capitalista uma necessidade por conta de atribuir ás formações sociais instituições
necessárias a vida dos indivíduos, se colocando como essencial na vida destes por
definir as leis, regras, desenvolvimento, geração de empregos, qualidade de vida,
etc.
Para isso os critérios de analise deverão ser encarados como variáveis, porém,
não da maneira que são encaradas do que Milton se refere em sua obra a enfoques
“espacialistas” tradicionais á geografia que fragmentam a realidade resultando em
uma analise que dista da concretude.
O que faz denotar que através desta reforma nos métodos e pensamento resultar
em uma Geografia que não se ocupe no espaço em si mesmo, não o distanciado
das práticas sociais que nele existe e que de certa forma o molda, levando a uma
melhor compreensão do espaço, da sociedade e da totalidade, pois ao encarar as
premissas do movimento histórico, temos assim, variáveis denominadas por Milton
como fixa e móvel. Fixa por conta de a história ser inerente a todos os indivíduos,
sociedades, e territórios, porém do mesmo modo a história é móvel, pois se
movimenta de modo diferente aos indivíduos, sociedades e territórios.
Diante disso, Milton nos faz refletir de que a formação social como um critério de
analise espacial se faz necessário para se fazer um estudo mais justo a respeito do
espaço territorial, como também do espaço total, já que ambos coexistem.
A leitura que nos convida a fazer constantes reflexões a respeito dos métodos
adotados com os seus erros e acertos faz com que acompanhemos o raciocínio do
autor de modo fluído.
Por uma Geografia Nova é uma obra da qual marca a história da ciência
geográfica por quebrar um paradigma de pensamento provocando reflexões a
ciência geográfica como também a relação do homem com o seu espaço.
REFERÊNCIAS:
LACOSTE, Yves. A geografia – isso serve, em primeiro lugar para fazer guerra.
Tradução Maria Cecília França – Campinas, SP: Papirus, 1988.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica da Geografia a uma Geografia
Crítica. 6ª edição. São Paulo: Edusp, 2004.