CENTRO

BATISTA DE TEOLOGIA
EDUCAÇÃO,
SERVIÇO E SISTEMÁTICA II
PESQUISA

Rua Humberto Bergamaschi, 2026 – Parque Industrial

Fone: (18) 3625.9938
16075.255 – Araçatuba, SP.
www.cebesp.org.br
cebesp@cebesp.org.br
 SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. ..........................................................03

CAP. 1 - A TEOLOGIA DA REVELAÇÃO COMO PRESSUPOSTO PARA O ESTUDO DA CRISTOLOGIA.........................04

CAP. 2 – CRISTOLOGIA.................................................................................................................. ......................................................06

CAP. 3 - INTRODUÇÃO À SOTERIOLOGIA.............................................................................................................. ......................22

CAP. 4 - EXPIAÇÃO....................................................................................................................................... .......................................28

CAP. 5 - A PERSEVERANÇA DOS SALVOS................................................................................... ..................................................33

CAP. 6- ECLESIOLOGIA ............................................................................................................................. .........................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................ ........................................62

BIBLIOGRAFIA DE APOIO E OBRAS CONSULTADAS ………………………………………………………………………………………………….62

LEITURAS ADICIONAIS SOBRE CRISTOLOGIA E SOTERIOLOGIA........................................................................................... .62

BIBLIOGRAFIA RELEVANTE EM TEOLÓGIA SISTEMÁTICA .............................................................. ..........................................63

DADOS DOS VÍDEOS............................................................................................................. ..............................................................64

 15- TEOLOGIA SISTEMÁTICA II

CENTRO BATISTA DE EDUCAÇÃO, SERVIÇO E PESQUISA.

INTRODUÇÃO

Uma expressão frequentemente encontrada na teologia cristã é “Pessoa e obra de Cristo”, que expressa o que
o objeto de estudo da Teologia sobre a questão da Cristologia, que pode ser apresentada como: Jesus ¬Cristo,
quem ele é e o que veio fazer.

No dizer do Dr. Robert D. Culver (2012), o estudo da Cristologia levando em consideração a expressão “Pessoa e
Obra de Cristo”, bem com a frequência da ocorrência dessa expressão no labor teológico, testifica o fato de que
não é possível a compreensão da obra de Jesus Cristo sem a compreensão bíblica de quem ele é.

A centralidade da Pessoa e obra de Jesus Cristo na fé cristã são indicadas no “Credo dos Apóstolos”, o mais
antigo dos credos sobre Jesus em uso na Igreja, que perdura há mais de 1.500 anos.

O Credo Apostólico declara:

Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso
Senhor; concebido pelo Espírito Santo e nascido da virgem Maria; que padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado, [desceu ao inferno] e, ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos; que subiu ao céu e assentou-se à
direita do Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa
igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão de pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna.
Amém. (CULVER, 2012, p. 564).

O Dr. Culver ressalta o fato de que há 109 palavras nesse credo, na versão em inglês, e em português são 96
palavras, sendo que 69 delas se relacionam a Jesus Cristo diretamente, e dessas, 21 se relacionam à sua Pessoa
enquanto 48 se relacionam à sua obra. Essa proporção é uma representação precisa da ênfase dada no
verdadeiro cristianismo.

O credo antigo citado é apenas um pouco mais do que uma breve seleção e resumo das Escrituras do Novo
Testamento. Nessas Escrituras, enfoca-se bastante o fato de que Jesus foi destinado, de fato, predestinado, a
realizar a sua obra morrendo pelos pecados dos homens. Jesus não falou muito sobre isso, pois ele não veio para
falar sobre morrer, mas antes para morrer. Jesus deixou bem claro para o que veio: “[...] o Filho do homem [...]
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”, Mateus 20.28.

Imediatamente depois de sua proclamação do propósito de construir “a minha igreja”, Mateus 16.13-18, relata-
se: “Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos ¬que era necessário que ele fosse para
Jerusalém e sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei,
e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia”, Mateus 16.21.

Para Pedro, a crucificação de Jesus foi pelo “propósito determinado e pré-conhecimento de Deus”, Atos 2.23, e
seu sacrifício foi “precioso sangue [...] de um cordeiro [...] conhecido antes da criação do mundo”, 1 Pedro 1.19-
20, e para o apóstolo João ele é o “Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo”, Apocalipse 13.8. Tão
central é uma compreensão correta da morte de Cristo para o cristianismo bíblico que Paulo, ao escrever para as
igrejas onde pregou, assevera: “Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado”, 1
Coríntio 2:2

Página 4 de 65
CAPÍTULO 1- A TEOLOGIA DA REVELAÇÃO COMO PRESSUPOSTO PARA O ESTUDO DA CRISTOLOGIA

A base para essa afirmação está na interpretação da

história que leva em conta a ação de Deus em favor do
de Israel, intervindo na História para livrar Israel dos
sofrimentos que passassem.
Por fim, a revelação na personalidade do homem é
percebida através da estrutura física e na capacidade
mental do homem, ou seja, na capacidade que o ser
humano tem de pensar, criar, fazer julgamento de
valores éticos, morais e no “senso religioso” da
condição humana.

Fonte:http://rufinopinheiro.blogspot.com/2008/08/constituda-de-dois-termos- Tal argumento se baseia no fato de que em todos os

gregos-theos.html
tempos e lugares o ser humano sempre demonstra crer
Seja a partir da percepção que tenhamos do Credo
na existência de uma realidade superior a si mesmo e,
Apostólico ou da interpretação que os apóstolos Pedro,
por esse motivo, sempre se acreditou em diversos
João e Paulo chegaram sobre a Pessoa e a obra de Jesus
deuses e se desenvolveu várias formas de adoração. A
Cristo, é evidente que a compreensão correta e
Revelação Particular ou Específica é definida como sendo
apropriada da Cristologia depende da revelação Bíblica,
a auto manifestação de Deus a certas pessoas, em
bem como da nossa compreensão sobre as Escrituras
tempos e lugares específicos.
Sagradas como Revelação.

Este conceito teológico se justifica e se baseia na

Tal compreensão toma forma e objetividade em nossa
concepção da condição humana, que, no dizer de seus
mente e coração quando estudamos a Teologia da
defensores, encontra-se em estado de depravação e, por
Revelação, em especial seus dois principais conceitos,
isso, incapaz de perceber Deus a partir da Revelação
visto que a opção teológica que se faz sobre a Revelação
Geral, carecendo de uma Revelação Especial porque a
não apenas influencia como também fundamenta a
raça humana perdera o relacionamento e a comunhão
nossa Cristologia.
íntima que tinha com Deus antes do pecado e da queda.
(ERICKSON, 1997, p. 56).
A teologia Clássica da Revelação se define duas
principais correntes de pensamento indicadas pelos
Por tal carência espiritual e moral, Deus, na sua infinita
títulos Revelação Geral e Revelação Particular ou
misericórdia, se manifesta especificamente a alguns
Específica.
homens a fim de se autor revelar e, através dos registros
Por Revelação Geral entende-se que Deus sempre se
sagrados que estes fariam, manifestar seu plano de
revelou e se revela, desde o fundamento do mundo,
salvação para a humanidade.
para todos os seres humanos, através da natureza, da
história e da personalidade do homem (ERICKSON, 1997,
Assim sendo, para os teólogos da Revelação Especial a
pp. 41-43), como lemos no Salmo 19.1 e em Romanos
Bíblia é o livro inspirado verbalmente, ditado, para os
1.20.
poetas, profetas, apóstolos, historiadores e evangelistas
que registraram a vontade de Deus e que, segundo seu
Neste sentido, a revelação de Deus na história mostra
propósito, foram organizados e canonizados como
que ele está atuando no mundo para que todas as coisas
testemunhas da auto manifestação e autorrevelação
cumpram seus objetivos conforme seus planos.
divina. Neste caso, a Bíblia como testemunha da

Página 5 de 66
revelação mostra Deus se manifestando na história, o
discurso divino e a encarnação de Deus através de seu
Filho Jesus Cristo (ERICKSON, 1997, pp. 60-63).
Porém, a construção pós-moderna da Teologia da
Revelação não deve ser desprezada pelos estudiosos da
Cristologia. Atualmente, há teólogos que acreditam que
a revelação divina se deve a um processo progressivo
que ainda continua em andamento, principalmente
diante das novas exigências da pós-modernidade.
Tal ideia tem sua origem na ruptura entre a Teologia e as
demais ciências, no início da idade moderna, com a
ascensão do empirismo, do racionalismo, das
descobertas da física, astronomia e fundamentalmente
com o movimento filosófico Iluminista, quando a
Teologia deixa de ser a “Mãe” das ciências, como era
chamada pelos teólogos da alta Escolástica, para se
tornar, em princípio, nos séculos XVIII e XIX, a serva das
ciências.
A descoberta da autonomia da razão e da subjetividade
promovida pelas ideias iluministas levou o ser humano à
crise da verdade e, em decorrência, ao relativismo e à
descoberta de si mesmo como sujeito de suas próprias
verdades, baseadas em suas experiências particulares.
Essas crises fizeram com que o ser humano perguntasse
a si mesmo sobre o sentido dos fundamentos da
existência e da fé, questionando o sentido dos símbolos
de fé no drama e nas ambiguidades da vida em termos
práticos.
A descoberta da subjetividade levou à crise de absolutos
e dos dogmas, mas não à perda da fé. Por esse motivo
fez-se necessário àqueles que não tinham mais seus
dogmas como inquestionáveis, diante das novas
exigências da mentalidade crítica e secularizada, a busca
de novos sentidos para os símbolos de fé, porém, sem
negá-los. Assim como na Teologia Clássica da Revelação,
os teólogos contemporâneos pensam que a revelação é
uma iniciativa de Deus para salvar os seres humanos
Ambos creem que Deus se revelou e se revela para toda
a humanidade independente do credo religioso ou
qualquer outra expressão de fé, por mais isolados que
estejam, e ambos creem que Deus está sempre se
revelando na natureza, toda criação, na história e de
forma singular na pessoa de Jesus, o Cristo, registrado
nos evangelhos (QUEIRUGA, São Paulo, 1995, pp. 193-
198).
Embora devamos admitir que, assim como a teologia
clássica, a teologia contemporânea crê que Deus está
sempre se revelando de forma geral e especial em Jesus
devemos reconhecer que na Teologia Clássica Deus é o
único sujeito no fenômeno da revelação e que sua
mensagem não sofre nenhuma influência do ser
humano, sendo literalmente as verdades reveladas,
ditadas, por Deus ao homem que é apenas escritor da
mensagem revelada, sem, contudo, negligencia o
conceito bíblico de Inspiração nos termos que
estudamos em Teologia Sistemática I.
Vale ressaltar que para a Teologia Contemporânea da
Revelação o ser humano é sujeito participante do
fenômeno revelatório nos qual, afirma, Deus toma a
iniciativa, se revelando, e o ser humano interpreta a
mensagem da revelação a partir de sua experiência de
fé, sendo a interpretação humana da revelação o que
determina o conteúdo revelado. Ou seja, Deus não é o
único sujeito absoluto da Revelação e da Inspiração.
É importante esclarecer que a Teologia Clássica da
revelação se baseia na metafísica clássica, que entende
ser possível conhecer a realidade essencial das coisas
como elas são em si, bem como é possível traduzir tal
realidade a partir de conceitos fundamentais. A Teologia
Contemporânea da revelação se baseia na metafísica
pós-moderna, que propõe que só podemos conhecer a
representação da realidade em si, e que essa
representação parte da experiência intelectiva existencial
do sujeito conhecedor que interpreta subjetivamente o
fenômeno, traduzindo-o em conceitos representativos
da realidade (BUZZI, 2001, pp. 56-60).
Por tal distinção e interpretação paradoxal sobre a
Revelação, a opção teológica e doutrinária que se faz
sobre a Teologia da Revelação influencia diretamente a
Cristologia do Teólogo ou do estudante de Teologia, se
refletindo, por isso, na vida eclesial e doutrinária da
Igreja. Para os teólogos contemporâneos não é possível
conhecer plenamente a Verdade revelada pelo Sagrado
em si, mas apenas interpretá-las a partir de nossa
existência e experiências, traduzindo a mensagem
revelada em conceitos representativos.
Página 6 de 66

Figura fonte: https://defendendoafecrista.wordpress.com/2016/03/11/jesus-foi-
visitado-por-pastores-de-ovelhas-ou-por-magos-do-oriente/
O Dr. Wayne Grudem (2005) resume o ensino bíblico
sobre a Cristologia asseverando que “Jesus Cristo era
plenamente Deus e plenamente homem em uma só
pessoa, e assim será para sempre” (GRUDEM, 2005, p.
250).
Porém, tal assertiva não responde claramente àqueles
que não conhecem a Bíblia quando perguntam: Quem é
Jesus Cristo? Para responder a esta pergunta devemos
estudar sobre as declarações e explicações bíblicas dos
nomes e títulos pelos quais Jesus é conhecido.
Vejamos:
2.1 O Filho de Deus – A Deidade de Jesus
Da mesma forma como “filho do homem” significa um
homem nascido do homem, assim também
“Filho de Deus” significa um homem nascido de Deus.
Por isso dizemos que esse título proclama a Deidade de
Cristo.Na verdade, Jesus nunca
categoricamente na Bíblia como Filho de Deus, mas os
homens e os anjos são chamados filhos de Deus, Jó 2.1.
Assim sendo, Jesus é o Filho de Deus em sentido único,
descrito como alguém capaz de manter uma relação
íntima com Deus jamais desfrutada por nenhum outro
ser no Universo.
Para explicar e confirmar essa verdade deve-se levar em
consideração o que se segue:
CAPÍTULO 2 - CRISTOLOGIA
a) O autoconhecimento de Jesus Cristo – Qual era o
conteúdo do conhecimento que Jesus tinha acerca de si
mesmo e o que ele sabia sobre si mesmo e sobre sua
missão?
Lucas, o único escritor bíblico que relata um incidente da
infância de Jesus, indica que com aproximadamente
doze anos Jesus tinha plena consciência de sua relação
de intimidade para com Deus, a quem ele descreve
como seu Pai, e de sua missão especial na Terra, razão
que o levara a afirmar que estava na casa do “seu”
Pai, Lucas 2.46-50. Exatamente como e quando Jesus
adquiriu este autoconhecimento é um mistério para nós.
Porém, devemos ter em mente que Jesus sempre foi o
Filho de Deus e que ele, depois de estudar as Escrituras,
em especial os textos sobre o Messias, deve ter
adquirido este autoconhecimento, percebendo que ele,
o filho de Maria, dado às circunstâncias de seu
nascimento e criação, era o Filho de Deus, sendo, por
isso, o Cristo, o Messias, de Deus para a salvação dos
pecadores.
No rio Jordão Jesus ouviu a voz do Pai corroborando e
confirmando o seu autoconhecimento, Mateus 3.17, e no
deserto resistiu com êxito à tentativa de Satanás de fazê-
lo duvidar de sua filiação, Mateus 4.3. Mais tarde, em seu
ministério, parabenizou a Pedro pelo testemunho
divinamente revelado sobre se ele o Filho de Deus e
sobre sua Deidade e seu caráter Messiânico, Mateus
16.15-17. Quando diante do concílio judaico, Jesus
poderia ter escapado da morte negando sua filiação
divina e simplesmente afirmando que ele era um dos
é chamado filhos de Deus no mesmo sentido em que entendiam os
judeus, a partir da descendência de Abraão. Porém,
sendo-lhe arguido pelo sumo sacerdote, ele declara
autoconhecimento sobre sua divindade e messianidade,
apesar de saber que isso lhe resultaria em sentença de
morte, Mateus 26.63-65.
b) As reivindicações de Jesus sobre si mesmo – Jesus se
coloca lado a lado com a atividade divina ao asseverar
“meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”,
João 5.17, “saí do Pai”, João 16.28, e “o Pai me
enviou”, João 20.21.
Página 7 de 65

Figura-Fonte: http://www.ipirondonopolis.com.br/2012/06/serie-os-sete-eu-sou-de-
jesus-eu-sou.html
Também reivindicava ter comunhão com Deus e ser
intimamente conhecido pelo Pai, Mateus 11.27 e João
17.25, asseverando revelar a essência do Pai em si
mesmo, João 14.9-11, assumindo prerrogativas divinas
tais como onipresença, Mateus 18.20, poder de perdoar
pecados, Marcos 2.5-10, poder de levantar os mortos,
João 6.39-40 e 54; 11.25; 10.17-18, e se autoproclama Juiz
e Árbitro do destino dos homens, João 5.22 e Mateus
25.31-46.
Além disso, Jesus exercia uma rendição e uma lealdade
que somente Deus por direito
insistindo em uma absoluta submissão por parte de seus
seguidores, que deviam estar prontos para cortarem os
laços afetivos e consanguíneos mais íntimos, porque
qualquer que amasse mais o pai ou a mãe do que a ele
não era digno de segui-lo, Mateus 10.37 e Lucas 14.25-
33.
Essas veementes reivindicações foram feitas de modo
simples e natural por um Homem que viveu como o
mais humilde dos homens, razão pela qual, para se
chegar à conclusão de que Jesus Cristo é divino,
devemos admitir que ele não era um mau caráter e nem
um demente. Se dissesse que era divino sabendo que
não o era, então não poderia
amalucadamente se imaginasse Deus, então não poderia
ser sábio.
Assim sendo, é inevitável concluir, à luz da Bíblia
Sagrada, que Jesus é o que disse ser, o Filho de Deus,
porém, em sentido único.
c) A autoridade de Jesus Cristo – Nos ensinos de Jesus
Cristo não encontramos posicionamentos adotados com
base em suas próprias opiniões, em achismos ou
suposições, mas sempre uma posição definida a partir da
Palavra de Deus e tal postura fez com que os judeus
admitissem e reconhecessem que ele falava com a
autoridade do Deus Poderoso, Mateus 1.21-22 e Lucas
4.31-36.
d) A pureza moral de Jesus Cristo – Qualquer instrutor
que desafie os homens ao arrependimento pode evitar
referências às suas próprias faltas ou imperfeições. Na
verdade, quanto mais santo, ou seja, quanto maior a sua
pureza moral, mais este discipulador lamentará e
reconhecerá as próprias limitações. Porém, nas palavras,
nas ações e nas obras de Jesus há total e completa
ausência de reconhecimento de erro, de falha moral ou
confissão de pecado.
Embora Jesus possuísse profundo e pleno conhecimento
do mal, do mau moral e do pecado, nele não houve a
mais leve sombra ou mácula de impureza, maldade,
mau-caratismo ou de pecado. Ao contrário, Jesus, o
mais humilde dos homens, desafiou a todos e acabou
por ser reconhecido como um homem santo, justo e
sem pecado, João 8.46, Marcos 1.24, Lucas 23.47, 2
podia reivindicar,
Coríntios 5.21, 1 Pedro 2.21-22 e 1 João 3.5.
e) O testemunho dos discípulos de Jesus – Jamais algum
judeu pensou que Moisés fosse divino, nem mesmo o
seu discípulo mais entusiasta. A razão disso é que Moisés
nunca falou nem agiu como quem procedesse da parte
de Deus ou como se fosse participante de sua natureza.
Por outro lado, o Novo Testamento nos indica com
clareza que um grupo de homens, discípulos, que
andavam com Jesus e que o conheceram na intimidade
e em todos os aspectos característicos de sua
humanidade, mas que, mais tarde, o adoraram como
divino, proclamando o seu poder para a salvação e
ser bom. Se
invocando o seu Nome em oração.
João, que se reclinava no peito de Jesus, não hesitou em
se referir a ele como o eterno Filho de Deus, que criara o
universo, João 1.1-3, relatando, sem nenhuma hesitação
ou desculpas, o ato da adoração de Tomé, que
Página 8 de 65
prostrado, exclamava: “Senhor meu, e Deus meu! ”,
João 20.28.
Pedro, que o vira comer, beber, dormir e chorar, ou seja,
que testemunhara aspectos da sua humanidade, mais
tarde diz aos judeus que Jesus está à direita de Deus e
que ele possuía a prerrogativa de conceder o Espírito
Santo, Atos 2.33 e 36, sendo ele é o único caminho de
salvação, Atos 4.12, o perdoador de pecados, Atos 5.31, e
Juiz dos mortos, Atos 10.42. Pedro o adora e atribui a ele
“glória assim agora como no dia da eternidade”, 2
Pedro 3.18.
Não há provas de que o apóstolo Paulo tivesse visto
Jesus em carne, apesar de tê-lo visto glorificado, mas ele
esteve em contato direto com aqueles que o tinham
visto e, mesmo sem jamais renunciar sua reverência a
Deus, algo que desde a sua mocidade estava nele
profundamente arraigada, descreve, com perfeita
serenidade, a Jesus como “o grande Deus e nosso
Salvador”.
Tito 2.13, apresenta-o como a encarnação da plenitude
da Divindade, Colossenses 2.9, como o Criador e
Sustentador de todas as coisas, Colossenses 1.17,
alertando à igreja para o fato de que, por ser ele Deus, o
nome seu deve ser invocado em oração, 1 Coríntios 1.2 e
Atos 7.59, e equiparado ao nome do Pai e do Espírito
Santo na bênção a ser impetrada aos irmãos, 2 Coríntios
13.14.
Já no seu surgimento a Igreja primitiva considerava e
adorava a Jesus Cristo como divino. No início do
segundo século, um oficial romano relatou que os
cristãos costumavam se reunir de madrugada para
“cantar um hino de adoração ao Cristo, como se fosse
a Deus”, “adorando àquele grande Homem que foi
crucificado na Palestina” (PEARLMAN, 2005, p. 100).
Entretanto, não devemos inferir, por isso, que a Igreja
Primitiva não adorasse a Deus, o Pai. Na verdade, o
costume era o de orar ao Pai, em nome de Jesus,
agradecendo pelo dom do Filho.
Porém, para os primeiros cristãos a deidade de Jesus
Cristo era algo tão real assim como era evidente a
unidade entre as duas Pessoas, razão pela qual
entendiam ser natural invocar o nome de Jesus.
Foi a firme lealdade desses cristãos primitivos ao ensino
do Antigo Testamento acerca da unidade de Deus,
combinada com a firme crença na deidade de Cristo,
que pressupôs os axiomas basilares da doutrina da
Trindade, sistematizada, mais tarde, por Tertuliano.
O Credo de Nicéia, promulgado em 325, no século
quatro, embora recitado por muitos cristãos de maneira
formal, expressa fielmente a sincera convicção da Igreja
primitiva em relação à deidade de Jesus (FOOS;
PATTERSON in COUCH, 2009, p. 109).
Declara o Credo de Nicéia:
Figura-Fonte: http://leituraespiritual.com/o-credo-dos-apostolos/
Cremos em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, o
Unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de
Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus,
gerado, não feito; sendo da mesma substância que o Pai;
pelo qual foram feitas todas as coisas que estão no céu e
na terra, e o qual por nós os homens e por nossa
salvação desceu, encarnou e foi feito homem, sofreu, e
ressuscitou ao terceiro dia, e ascendeu ao céu, donde
virá outra vez para julgar os vivos e os mortos
(GROMACKI in COUCH, 2009, p. 397)
2.2 A pré-existência e as atividades eternas de Jesus, o
Verbo. A palavra é o meio pelo qual a pessoa se
expressa e se comunica com seus semelhantes.
Pela palavra expressamos pensamento e sentimentos e
exercitamos a volição, à vontade, bem como fazemos
declarações de comando, no exercício da autoridade.
A palavra com que nos expressamos é impregnada de
nossos pensamentos e revela o nosso caráter. Embora se
veja uma pessoa e dela se tenha informações, não a
conhecemos até que faça uso das palavras para falar de
si mesmo, de suas ideias e de seus valores.
Página 9 de 65
A palavra do Homem é a expressão de seu caráter.
Da mesma maneira a Palavra de Deus é o veículo pelo
qual Deus se comunica com outros seres, expressando o
seu poder, a sua inteligência e sua vontade.
Jesus Cristo é a Palavra, Verbo, de Deus, e por meio dele
Deus tem revelado sua atividade, sua vontade e seu
propósito, preservando sua comunicação
Homem.
Nós nos expressamos por meio de palavras e Deus se
expressa, falando conosco, através do seu Filho, que é a
expressão exata do ser de Deus, Hebreus 1.3.
Cristo é a Palavra de Deus, revelando a nós a pessoa, o
ser, e o caráter de Deus.
Ele não somente traz a mensagem de Deus; ele é essa
Mensagem de Deus revelada em palavras e encarnada.
É certo que Deus se revelou pela palavra profética, por
meio de sonhos e visões e por meio de manifestações
temporais. Porém, o homem anelava por uma revelação
mais clara sobre o ser e o caráter de Deus e para suprir
tal carência espírito existencial Deus se revela plena e
claramente em Jesus quando o “Verbo se fez carne”,
João 1.14.
O Verbo eterno de Deus tomou sobre si a natureza
humana e se torna homem, a fim de nos revelar Deus
por meio de uma personalidade humana, Hebreus 1.1-2-
3. O Verbo é a expressão em palavras que Deus faz de si
mesmo. Jesus é, para nós, o Verbo que nos revela “a
imagem do Deus invisível”, Colossenses 1.5.
2.3 A soberania de Jesus, o Senhor
Figura-Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/44605/
Uma ligeira consulta à Concordância Bíblica revelará que
Senhor é um dos títulos mais usados em relação a Jesus.
Este título indica sua deidade, exaltação e soberania.
a) Deidade – O título Senhor, ao ser usado como prefixo
antes de um nome transmitia, tanto a judeus como aos
gentios, o pensamento de deidade. A palavra senhor no
grego, kurios (κυριος), era equivalente a Jeová na
tradução grega do Antigo Testamento. Assim sendo,
com o
para os judeus, o Senhor Jesus era Deus e tinha os
atributos de deidade. Este conceito não era estranho aos
cristãos.
Quando o imperador romano se referia a si mesmo
como Senhor César, requerendo que seus súditos e
vassalos o aclamassem como César é Senhor, os gentios
e os cristãos primitivos entendiam que o imperador
reivindicava para si a divindade. Os cristãos, embora
entendessem o termo da mesma maneira, antes
preferiam sofrer perseguição que atribuir a um homem
um título que somente pertencia a Jesus, que é
verdadeiramente divino, reconhecendo apenas seu
senhorio e devotando somente a ele a adoração.
b) Exaltação – Na eternidade Jesus possui o título Filho
de Deus em virtude da sua relação com Deus, Filipenses
2.9, mas na história ele ganhou o título Senhor,
morrendo e ressuscitando para a salvação dos homens,
Atos 2.36, Atos 10.36 e Romanos 14.9. Jesus sempre foi
divino por natureza, mas tornou-se Senhor por
merecimento. A Bíblia assevera que Jesus, o Filho de
Deus, apesar de ser por natureza igual a Deus,
voluntariamente se sujeitou às limitações humanas,
porém sem pecado, tomando sobre si a natureza do
homem para se fez servo do Homem, morrendo,
finalmente, na cruz para redenção do mesmo Homem.
Como recompensa, Jesus foi exaltado sobre todas as
criaturas, para exercer senhorio absoluto sobre todos os
Homens, Apocalipse 1.5.
c) Soberania – No Egito, Jeová se revelou a Israel como
Redentor e Salvador. No Sinai, Deus se revela como
Senhor e Rei. As duas coisas se justapõem, porque Deus,
que se tornou Salvador deles, era, por direito, o seu
Soberano. É por isso que o Dez Mandamento inicia com
a solene declaração “Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão”, Êxodo 20.2.
Página 10 de 65
Assim aconteceu com Jesus Cristo e seu povo, a Igreja.
Os cristãos primitivos reconheceram, juntamente com os
verdadeiros discípulos, aquele que os redimiu do pecado
e da destruição, Jesus, tendo ele, por isso, o direito de
ser o Senhor de suas vidas.
Comprados por bom preço, os salvos por Jesus, não
pertencem a si mesmos, 1 Coríntios 6.20, mas àquele que
morreu e ressuscitou por eles, 2 Coríntios 5.15. Portanto,
o título Senhor usado para se referir a Jesus por seus
seguidores significa dizer que reconheciam não apenas a
deidade de Jesus, mas seu senhorio sobre suas vidas e
sobre a Igreja que ele mesmo instituíra aqui na terra. Por
ser o Salvador, Jesus é Senhor e seu senhorio deve ser
reconhecido por aqueles que por ele foram salvos.
2.4 A humanidade de Jesus, o Filho do Homem
No dizer do Dr. Heber Carlos de Campos (2004), Jesus
não é metade Deus e metade homem.
Ele é plenamente Deus e plenamente homem. Porém,
devemos ter em mente que na encarnação não houve
nenhum acréscimo à sua natureza divina. O que de fato
aconteceu na encarnação é que Jesus adquiriu a
natureza humana que não possuía antes da encarnação
(CAMPOS, 2004, p. 101).
Não foi sem razão que para encarnar Jesus precisou
adquirir a natureza humana, pois é absolutamente
necessário que ele, para ser o Salvador e Redentor do
Homem, tenha as duas naturezas inseparavelmente
unidas em si mesmo (CAMPOS, 2004, p. 108).
Porém, como se deu este processo de aquisição da
natureza humana? Vejamos.
a) O que é ser Filho do Homem?
De acordo com o hebraico a expressão “filho de”
denota relação e participação.
Os filhos do reino, Mateus 8.12, são aqueles que hão de
participar de suas verdades e bênçãos. Os filhos da
ressurreição, Lucas 20.36, são aqueles que participam da
vida ressuscitada.
Um filho de paz, Lucas 10.6, é um que possui caráter
pacífico. Um filho da perdição, João 17.12, é aquele que é
destinado o sofrer a ruína e a condenação.
Portanto, Filho do homem é aquele que participa da
natureza humana e que tem todas as qualidades
humanas.
Dessa maneira, o título Filho do Homem para se referir a
Jesus é a designação enfática de sua natureza humana,
com todas as características existenciais e biológicas,
bem como com as debilidades e impotências humanas,
Números 23.19; Jó 16.21 e 25.6.
O que se pretende dizer e enfatizar é que, aplicado a
Jesus, o título Filho do Homem quer designá-lo como
participante da natureza e das características humanas e
como sujeito às fraquezas humanas.
Porém, ao mesmo tempo, esse título indica sua deidade,
porque está relacionado à sua vida terrena, Marcos 2.10
e 28, Mateus 8.20 e Lucas 19.10, com seus sofrimentos a
favor da humanidade, Marcos 8.31, e com sua exaltação
e seu domínio sobre toda a humanidade, Mateus 25.31 e
26.24, Filipenses 2.9.
Ao referir-se a si mesmo como Filho do Homem, Jesus
desejava ressaltar o fato de que era Homem, em
debilidade, em sofrimento e mesmo para a morte, mas
que ainda mantinha comunhão plena com o Deus, o Pai
Celestial, de onde e de quem viera, tendo, por isso,
poder para perdoar pecados, Mateus 9.6, mas estando
acima dos regulamentos religiosos que somente têm
significado temporal e nacional, Mateus 12.8.
A humanidade de Jesus, o Filho de Deus, mas Filho do
Homem, era real e não fictícia, razão pela qual ele
padeceu fome, sede, tentação, cansaço e dor, estando
sujeito às debilidades da natureza humana, porém sem
pecado.
b) A encarnação e o nascimento virginal de Jesus
Jesus deveria ser um homem verdadeiro e completo
para que a justiça de Deus pudesse ser exercida, para a
nossa salvação, visto que Deus não pode ser oferecido
como propiciação pelos pecados por não possuir a
mesma natureza que o Homem pecador. A justiça divina
deveria ser aplicada sobre uma mente, uma alma, um
espírito e um corpo humanos, para que de fato existisse
perdão de pecados e salvação (CAMPOS, 2004, pp. 109
e 111).
Página 11 de 65
Porém, por qual ato ou meio Jesus, o Filho de Deus, veio
a ser Filho do Homem? Que milagre pôde trazer ao
mundo o segundo homem que é o Senhor do céu,
como lemos em 1 Coríntios 15.47?
A Bíblia responde asseverando que o Filho de Deus veio
ao mundo como Filho do Homem, concebido no ventre
de Maria pelo Espírito Santo, mas não por um pai
humano, como se daria em uma concepção natural.
Jesus veio ao mundo, miraculosamente, através de um
nascimento virginal.
No dizer dos teólogos Franklin Ferreira e Alan Myatt
(2007), a encarnação de Jesus foi um evento milagroso
que envolveu a união entre divindade e humanidade.
Nessa união Deus provê tanto o componente humano
como a encarnação de Jesus. A encarnação de Jesus
aconteceu na concepção, porém a gestação e o parto
foram naturais. Jesus não se tornou Cristo mais tarde
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 514).
Existem poucos textos que falam do nascimento virginal,
tais como Mateus 1.18-25 e Lucas 1.26-38, e a profecia de
Isaías 7.14. Mas essa doutrina foi admitida e confessada
na Igreja Primitiva, sendo mencionada nos antigos
credos e, posteriormente, em todas as confissões de fé
protestantes e até mesmo católicas.
A veracidade da doutrina do nascimento virginal de
Jesus é estabelecida pelo fato de estabelecer a
importância da encarnação como um evento
sobrenatural (FERREIRA; MYATT, 2007, pp. 514-515).
Esta doutrina também destaca o fato de Jesus ter sido
sempre tanto Deus como homem e, em última na
análise, serve de salvaguarda da doutrina da
ressurreição, pois se Jesus não tivesse nascido da virgem,
por obra do Espírito, ele não seria Deus.
Se ele não fosse Deus, seu sacrifício não seria expiatório.
Se não fosse Deus e seu sacrifício não fosse expiatório,
ele não teria ressuscitado (FERREIRA; MYATT, 2007, p.
515).
Um aspecto adicional desta doutrina é que o nascimento
virginal de Jesus permite a participação tanto da
feminilidade como da masculinidade na encarnação.
Jesus expressa a masculinidade, enquanto a feminilidade
de Maria foi o veículo através do qual a encarnação se
realizou e se concretizou (FERREIRA; MYATT, 2007, p.
515). Sobre o fato do nascimento virginal está baseada a
doutrina da encarnação, João 1.14.
A encarnação, portanto, significa que o Filho de Deus,
verdadeiro Deus desde toda a eternidade, no curso do
tempo, se fez verdadeiro Homem, uma Pessoa, Jesus
Cristo, constituída de duas naturezas, a humana e a
divina.
c) Porque o Filho de Deus se fez Filho do Homem e
quais seriam os propósitos da encarnação de Jesus?
A doutrina da plena humanidade de Jesus tem grande
significado para a fé, para a teologia, para a Igreja e para
a pregação cristã (ERICKSON, 1997, p. 297), devendo ser
analisada, a fim de se responder à pergunta acima, a
partir das ponderações que seguem.
a. O Filho de Deus, Jesus, veio ao mundo para ser o
perfeito Revelador do ser de Deus.
Ele afirmou que as suas obras e suas palavras eram
guiadas por Deus, João 5.19-20 e 10.38, e sua própria
obra evangelizadora revelava a intensidade do amor do
Pai Celestial, João 3.16 e Romanos 5.8.
b. Jesus tomou sobre si a natureza humana para
restaurá-la, restituindo-lhe à glória de Deus, para, desta
maneira, prepara-la para o destino celestial,
estabelecendo o modelo que deve ser seguido por toda
a natureza humana, a fim de em nós fosse restaurada a
imagem e a semelhança de Deus. Ele, o Filho de Deus, se
fez Filho do Homem para que os filhos dos homens
pudessem ser feitos filhos de Deus, João 1.2, semelhantes
a ele, 1 João 3.2, com os nossos corpos humanos
“conforme o seu corpo glorioso”, Filipenses 3.21,
porque ele, “o último Adão foi feito em espírito
vivificante”, 1 Coríntios 15.45. c. Jesus encarnou para
vencer o pecado, o obstáculo que impe a perfeição da
humanidade, e que privou Adão, o primeiro Homem, da
glória da justiça original, e para nos resgatar da culpa do
pecado e de seu poder, 1 João 3.8.
d. Jesus encarnou e se fez Filho do Homem para nos
mostrar que Deus é, além de transcendente, imanente,
que a natureza humana liberta do pecado é boa, para
ser o nosso exemplo de obediência a Deus e de fé, e
para demonstrar a empatia e o amor de Deus para com
Página 12 de 65
o Homem no pecado, bem como o seu propósito para pública em seu batismo, no rio Jordão. Naquele
nossa salvação, sendo capaz de interceder por nós momento, Deus, o Pai, se manifesta e unge a seu Filho
diante de Deus por ter experimentado tudo o que com o Espírito e com poder, revelando plenamente o
podemos sofrer como humanos, Hebreus 4.15, significado da sua unção, Mateus 3.12-17, Marcos 1.11 e
(ERICKSON, 1997, p. 297). Lucas 3.21-22.

2.5 Cristo – o título oficial e a Missão de Jesus No batismo de Jesus, Deus torna público o fato de que
as profecias messiânicas, Gênesis 3.15, Números 24.17,
a) A profecia sobre o Cristo – O termo Cristo, χριστου, é
Deuteronômio 18.15, Salmos 2.2, 16.10, 22.1, 6-8, 16 e 18,
a forma grega da palavra hebraica Messias, ‫( משיח‬a
31.5, 34.20, 38.13-14, 41.9, 42.1, 68.18, 69.9 e 21, 78.2 e
transliteração é Māšîªħ, Mashíach) que literalmente
110.4, Provérbios 8.24-25 e 29-30, Isaías 7.14, 9.1-2 e 7,
significa, “o Ungido”, “o Consagrado”. A palavra é
11.1-5, 35.5-6, 40.3, 50.6, 53.3 e 7, Jeremias 31.15,
sugerida pelo costume de ungir com óleo como símbolo
Miquéias 5.2, Oséias 1.11, Zacarias 9.9, 11.12-13, 12.10 e
da consagração divina para servir.
13.7,
Apesar de os sacerdotes e, às vezes os profetas, serem
Além de muitas outras aqui não alistadas, se cumpriram
ungidos com óleo quando consagrados para seus
em Jesus Cristo, como se pode comprovar pelo relato
ofícios, o título “Ungido”, “Messias”, era
bíblico sobre seu nascimento, sua vida, seu Ministério,
particularmente aplicado aos reis de Israel que reinavam
sua morte e sua ressurreição, e sobre ser ele
como representantes de Jeová, ‫יהוה‬, de YHWH, como a
reconhecido como o Cristo de Deus, João 1.49, Marcos
grafia mais usada, também no sentido espiritual da
8.29, Lucas 2.11 e Atos 2.36.
liderança diante do povo, 2 Samuel 1.14, 1 Samuel 10.1 e
6, e 16.13. 2.6 Filho de Davi – A linhagem real de Jesus Cristo

Ao se referir a Jesus como o Messias, o Cristo de Deus, a Esse título é equivalente a “Messias”, pois uma
Bíblia ressalta o fato de que os profetas messiânicos qualidade importante exigida do Messias era a sua
apenas proclamaram a promessa da vinda de um Rei, inegável descendência davídica.
“o Ungido”, que seria da casa de Davi, porém, um Rei
a) A Profecia sobre a descendência Davídica – Como
maior do que Davi, sobre quem repousaria o Espírito do
recompensa por sua fidelidade, Deus prometera a Davi
Senhor, que lhe concederia um poder nunca antes visto,
um trono, uma dinastia, perpétua, 2 Samuel 7.16, e à sua
Isaías 11.1-3 e 61.1.
Casa foi outorgada a soberania espiritual e eterna sobre
Apesar de ser Filho de Davi, este Rei, “o Messias”, seria Israel.
também o Filho de Jeová, recebendo nomes divinos,
Esta foi a Aliança Davídica ou a aliança do Trono de Davi
Isaías 9.6-7 e Jeremias 23.6.
firmada por Deus com o seu servo.
Além disso, diferente do trono de Davi, seu reino seria
Data desse tempo à esperança de que, acontecesse o
eterno e sob seu domínio estariam todas as nações. Esse
que acontecesse à nação, no tempo assinalado por Deus
é Jesus, o Ungido, o Messias de Deus, que no Novo
apareceria um Rei pertencente ao Trono e à linhagem
Testamento é designado como o Cristo de Deus, sobre
deDavi para redimir a Israel, Jeremias 30.9-10 e 23.5,
quem repousa a esperança da Israel espiritual, a Igreja, e
Ezequiel 34.23, Isaías 55.3-4 e Salmo 89.34-37.
de todos os salvos.
Em Isaías 11.1-4 a profecia é mais contundente e fala
b) O Cumprimento da profecia sobre o Cristo – O Novo
claramente do rebento nascido do tronco de Jessé, para
Testamento mostra que Jesus declarou ser o Cristo, o
remir o povo de Deus pelas mãos da Casa de Davi, que
Messias prometido no Antigo Testamento.
é comparada a uma árvore que terá novo crescimento
Ao se apresentar dessa forma, Jesus está asseverando do tronco deixado no solo. A profecia de Isaias está
que é o prometido e o eternamente eleito por Deus para indicando que o Resgatador de Israel nascerá da Casa
ser o Messias, o Cristo, e sua Missão messiânica se torna

Página 13 de 65
de Davi, porém não Casa Real, dinastia davídica, mas Jeremias 14.48. Porém, Deus age para a nossa salvação
como o Rei-Messias prometido por Deus. por meio do misterioso “anjo da sua face”, Isaías 63.9,
que é Jesus Cristo, gerado pelo poder de Deus. A Bíblia
b) O cumprimento da profecia sobre a descendência
declara que, “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus
davídica – Judá foi levado ao cativeiro e desse cativeiro
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
voltou sem rei e sem independência, mas para ser
para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de
subjugado, sucessivamente, pela Pérsia, Grécia, Egito,
recebermos a adoção de filhos”, Gálatas 4.4-5.
Síria e por fim, depois de um breve período de relativa
independência, por Roma. Ou seja, ao entrar no mundo, a Jesus, o Redentor, foi
dado o expressivo nome que promulga os termos de sua
Durante os séculos de subserviência houve períodos de
missão suprema, Mateus 1.21, onde lemos “e chamarás
desalento, quando o povo voltava o pensamento às
o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos
glórias do passado, em especial do reino de Davi, Salmo
seus pecados”.Os primeiros pregadores do Evangelho
89.49, razão pela qual os judeus jamais perderam a
não precisaram explicar aos judeus o significado do
esperança Messiânica, aguardando pelo Filho de Davi.
nome Jesus, “Salvador”, posto que todo o Israel
Conforme o relato bíblico, Judá não ficou desapontada. aprendera tal significado ao longo da própria história da
Séculos depois da Casa e dinastia de Davi haver cessado, nação, Atos 3.26 e 13.23.
um anjo aparece a uma jovem judia chamada Maria e
Jesus cumpriu a missão indicado pelo seu nome, salvar o
declara que a profecia messiânica haveria de se cumprir
povo dos seus pecados, mas para isso ele foi crucificado,
a partir de sua vida e do filho que ela havia de gerar,
crucificação implica em expiação e expiação implica em
Lucas 1.31-33 e Isaías 9.6-7.
morte. Assim sendo, na sua morte, assim como durante
Assim, um Libertador da Casa de Davi foi levantado por sua vida, Jesus honrou o seu Nome e a Deus, sendo, por
Deus. Em um tempo quando a Casa de Davi parecia isso, o Salvador.
reduzida ao seu estado mais decadente e quando os
2.8 Debate apologético sobre as duas naturezas de
herdeiros vivos eram um humilde carpinteiro e uma
Jesus Cristo
jovem simples e ainda virgem, por milagrosa ação de
Deus, o Ramo, Jesus, brotou do tronco, cresceu e O debate sobre a natureza de Jesus Cristo busca
floresceu. determinar se ele era um homem com a predisposição
para o pecado, igual a Adão antes do pecado e da
Com o nascimento de Jesus, não só se cumpre a
queda, pré-lapsarianismo, ou com a concupiscência para
profecia, mas também fica patente a essência da Aliança
o pecado, assim como Adão e todos os demais Homens
Davídica, ou seja, Jeová descera para salvar seu povo no
depois do pecado, pós-lapsarianismo. Pós-lapsarianismo
tempo em que havia na terra um descendente da família
significa depois do lapso, depois da queda, ou seja,
de Davi, pelo qual Jeová resgataria e posteriormente
depois da entrada do pecado no mundo, Gênesis 3, e
governaria o seu povo. Jesus é o Filho de Davi e isso a
pré-lapsarianismo defende a tese de que Jesus era um
Bíblia assevera no anúncio de seu nascimento, por suas
homem sem a tendência, a concupiscência, para pecar
genealogias, Mateus 1 e Lucas 3, pelo fato de ter ele
tal qual Adão antes do pecado, tendo a sua natureza
aceitado esse título quando atribuído a ele, Mateus 9.27,
moral e espiritual como Adão, em plena inocência, antes
20.30-31 e 21.1-11, e pelo testemunho dos escritores do
da queda.
Novo Testamento, Atos 13.23, Romanos 1.3, 2 Timóteo
2.8 e Apocalipse 5.5 e 22.16. Ambas as possibilidades, pré-lapsarianismo e pós-
lapsarianismo, estão diretamente relacionadas ao Plano
2.7 Jesus – a obra salvadora do Cristo de Deus
da Salvação, visto que o Ministério de Jesus Cristo se
O Antigo Testamento ensina que Deus mesmo é a fonte caracterizava pelo seu exemplo na superação da
da salvação, sendo ele mesmo o Salvador e o Libertador tentação e do pecado, mostrando que era possível o
de Israel, Salmo 106.21, Isaías 43.3 e 11 e 45.15 e 22, e Homem viver sem pecar.

Página 14 de 65
Vejamos as principais escolas que debateram sobre a
natureza de Cristo.
1. As negações da humanidade de Jesus Cristo
a) Docetismo
Os docetas, adeptos do Docetismo, uma heresia surgida
no final do primeiro século, defendiam que Jesus não foi
plenamente encarnado, pois a matéria é intrinsecamente
má (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 487). Para adeptos do
docetismo Jesus era apenas um mensageiro dos céus e
seu corpo humano, carnal, era apenas uma aparência,
mas não real, e a crucificação, por isso, teria sido uma
ilusão.
Atualmente, alguns líderes do movimento da Teologia da
Prosperidade têm resgatado esta heresia, para sustentar
o maniqueísmo de suas pregações.
b) Apolinarismo
Heresia difundida por Apolinário, Bispo de Laudicéia, que
defendia a divindade de Jesus, mas que a alma divina, o
Logos, havia sacrificado a alma humana, tomando o seu
lugar.
Gregório Nazianzo combateu esta heresia e o Concílio
de Constantinopla, em 381, condenou o apolinarismo
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 487).
c) Eutiquianismo
Heresia elaborada e difundia por Eutiques, monge em
Constantinopla, que afirmava que a natureza divina de
Jesus absorvera a natureza humana. Para Eutiques, Jesus
possuía apenas uma natureza, a divina, que após a união
das duas naturezas, divina e humana, fora revestida de
carne.
Somente depois de muitos debates teológicos o
eutiquianismo, também denominado de monofisismo,
do grego monos, “apenas um”, e phisys,
“natureza”, foi condenado em Calcedônia, porém
permaneceu exercendo influência, até hoje, sobre os
cristãos do Egito, da Etiopia, Síria, Armênia e no sul da
Índia. O Concílio de Calcedônia, em 451, reconheceu as
duas naturezas de Jesus Cristo, optando pelo diofisismo,
termo grego que significa “duas naturezas” (FERREIRA;
MYATT, 2007, p. 487).
2. As negações da divindade de Jesus Cristo
a) Ebionismo
O Ebionismo, uma heresia surgida em Israel no final do
primeiro século, tem o seu nome derivado do termo
hebraico ’ebyôn, ‫אביונים‬, evyonim, que significa pobre,
necessitado, miserável, mendigo ou pedinte de esmolas,
que ensinava que Jesus era um profeta extraordinário,
que se identificava com os pobres e necessitados, mas
que não era Deus, sendo apenas filho natural de Maria e
José, mas que teria se tornado Cristo no ato do seu
batismo (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 487).
Esta heresia tem sido apresentada na atualidade por
alguns teólogos liberais e da libertação.
b) Adocionismo
Para os adocionistas, Jesus é um homem tão submisso
ao Pai que o Pai o adotara como o seu Cristo e Salvador
dos homens.
Para eles, Jesus se tornara o Cristo de Deus, mas não é e
jamais sempre fora, na eternidade, o Cristo de Deus.
Somente ao se tornar Cristo Jesus passou a possuir uma
posição de exaltação e de divindade, sendo apenas um
modo de Deus revelar o plano de salvação (FERREIRA;
MYATT, 2007, p. 487).
Muitas vezes os adocionistas são confundidos com os
modalistas devido à proximidade das duas heresias.
c) Arianismo
A Controvérsia Ariana foi o debate de Ário, um Diácono
de Alexandria, contra Atanásio sobre a divindade de
Jesus.
Para Ário, Deus sempre foi, em si mesmo e sozinho, auto
subsistente, sendo, por isso, a única fonte da criação e
Jesus era apenas uma criatura, mas o Deus eterno
encarnado, razão pela qual afirmavam categoricamente
que “houve um tempo quando Cristo não era”, ou
seja, não existia, (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488).
Para Ário, houve um período no qual Deus não era Pai,
pois só passou a ser Pai depois que gerou, criou, o Filho.
O Filho, Jesus, que foi a primeira e mais perfeita criação
do Pai, era semelhante, homoiousios, em essência com o
Página 15 de 65
Pai, porém não igual, homousios, ao Pai, sendo, porém,
superior às demais criaturas. No arianismo, se faz uma
distinção clara entre o Jesus Cristo e o Logos como
razão divina. Jesus Cristo é apresentado como uma
criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das
criaturas, mas não como Deus, porém mais do que um
homem.
Para Atanásio, seu apologista, Deus e Jesus Cristo eram
da mesma essência e iguais em essência, homousios.
Como defensor da divindade de Jesus, Atanásio
identificou na teologia de Ário fortes ameaças à
Soteriologia, a Doutrina da Salvação.
O resultado da apologética a essa heresia foi à
elaboração do Credo de Nicéia, em 325, que se constitui
em uma das mais importantes confissões de fé cristãs
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488).
Esta heresia, o arianismo, tem reaparecido em nossos
dias no ensino das Testemunhas de Jeová.
3.Nestorianismo – A negação da união das duas
naturezas de Jesus
Nestório era Bispo de Cosntantinopla e ensinava que
Maria não era “Mãe de Deus”, Theotókos, Θεοτόκος,
afirmando que ela não dera à luz o verdadeiro Deus,
mas apenas o Jesus humano, cuja humanidade, embora
ligada ao Lógos, λόγος divino, deveria ser entendida
como separada e distinta de sua natureza divina.
Para Nestório, ocorreu em Cristo a união mecânica das
duas naturezas e, por isso, Maria era a “portadora de
Cristo”, Chistotókos, ou seja, “portadora
humanidade”, anthropotokos, de Jesus, posto que o
corpo de Jesus pertencia à natureza humana e não à
natureza divina (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488). Nesta
heresia, Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades
vivendo no mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma
divina (Cristo), razão pela qual ela foi rejeitada no
Concílio de Éfeso, em 431.
4. As negações da distinção entre o Pai e o Filho
a) Sabelianismo
Esta heresia foi elaborada por Sabélio, Presbítero de
Ptolemaida, que acreditava apenas na pessoa divina,
Deus Pai, que se manifesta nas três formas, Pai, Filho e
Espírito Santo, sendo que Deus Pai se transformara no
processo da história, para se manifestar como Filho, no
Cristo encarnado, e depois, como Espírito Santo
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488).
Para Sabélio, Jesus e Deus não eram pessoas distintas,
mas sim “aspectos” ou “modos” diferentes de Deus
se relacionar com a humanidade. Tertuliano e Epifânio
refutaram esta heresia no século IV.
b) Modalismo
Heresia surgida a partir das ideias de Paulo de Samosata,
Bispo de Antioquia, que acreditava que Deus havia se
apresentado de três modos distintos, mas existindo
como três pessoas distintas, porém da mesma essência.
Para Paulo de Samosata Deus é, intrinsicamente,
somente uma Pessoa (FERREIRA; MYATT, 2007, p. 488).
Atualmente vemos o Modalismo resgatado e
proclamado por grupos tais como:
- Pentecostais Unidos, fundado em 1913,
- Igreja Local, baseadas nos ensinos de Witness Lee,
- Só Jesus, fundado por John S. Schepp, em 1913,
- Tabernáculo da Fé, fundado por Willian Marrion
Branhan, e Voz da Verdade, fundado em 1978, em Santo
André, São Paulo, por Fued Moysés. Esta heresia foi
rejeitada no Sínodo de Antioquia, em 268.
5. Outros movimentos doutrinários sobre Cristologia
a) Cristologia Ortodoxa
da
A cristologia ortodoxa tem por base o Concílio de
Calcedônia, realizado em 451,
Neste Concílio se estabeleceu as bases desta corrente ao
asseverar e promulgar que Jesus Cristo é verdadeiro
Deus e verdadeiro Homem, que se apresenta em duas
naturezas, a divina e a humana, sem distinção, indivisíveis
e inseparáveis, de tal forma que as propriedades de cada
uma permanecem ainda mais firmes quando unidas
numa só pessoa.
Para os defensores desta cristologia, o termo “Filho de
Deus” aplicado a Jesus deve ser interpretado a partir de
sua natureza divina, visto ser ele eternamente gerado de
Deus, desde o início de tudo, e co-eterno com o Pai.
Página 16 de 65
b) Cristologia Islâmica para que a humanidade pudesse tornar-se divina”.
Porém, essa deificação de Jesus não mudou em nada a
natureza humana, que se tornou divina de forma
“indescritível” e “inconcebível”.

Em reação, Apolinário de Laodicéia argumentou que isso

ameaçava a impecabilidade de Jesus, visto que a mente
humana está comprometida com o pecado.

Em réplica, os alexandrinos responderam que a alma e a

mente humana de Jesus foram substituídas pela alma e
Figura-Fonte:http://profetizarapalavra.blogspot.com/2016/05/jesus-e-o-islamismo-verdades-que-voce.html
pela mente divina.
A Cristologia do Alcorão tem fundamentos diversos.
b) A Escola de Antioquia
Suas colunas estão baseadas na figura de um Jesus dos
evangelhos apócrifos, um Jesus alterado e deformado Segundo esta Escola, toda humanidade está
mais de acordo com as heresias gnósticas que comprometida com a corrupção. Por isso, é incapaz de
circulavam na Arábia no tempo de Maomé. se livrar do pecado por si mesmo. Em Cristo, Deus
interveio, unindo a si novamente a humanidade. Por isso
Na Cristologia do Alcorão, Jesus, conhecido como Isa, é
Cristo era, ao mesmo tempo, natureza divina e natureza
também nascido de uma virgem por meio da
humana. Para explicar esta tese pensavam em
intervenção divina, através do anjo Gabriel.
metaforicamente Cristo, como dividido em dois
A figura do anjo Gabriel no islã aparece diferente da compartimentos que não se misturavam, mas que
tradição cristã. estavam unidos pela vontade de Deus. Isso foi
conceituado teologicamente como “união
Aqui não se trata de um anjo, na acepção da palavra,
hipostática”, ou seja, literalmente unidade pessoal.
mas de um simples mortal que Alá muito apreciava e
que permitia fazer numerosos milagres. O Dr. Heber Carlos de Campos (2004), que defende a
união hipostática das duas naturezas de Jesus, porém,
Jesus, na cristologia islâmica não é considerado como o
optando por denomina-la de Unio Personalis, se vale do
“Filho de Alá”, Filho de Deus, mas apenas um servidor,
Credo de Calcedônia para asseverar que, embora não
um profeta, de Alá, de Deus, e, como tal, naturalmente
haja muitos textos bíblicos para se usar como base para
submisso a Alá.
afirmar a união hipostática das duas naturezas de Jesus,
Para o Islã, Jesus era um muçulmano, como Abraão, que há indicações suficientes nas Escrituras para
profetizou, como Abraão, a vinda de Maomé. sustentarmos a crença nas duas naturezas distintas,
porém, não dois “eus” ou duas personalidades.
Nas situações em que os muçulmanos veneram Jesus
como profeta, eles o entendem como “profeta do No dizer do Dr. Heber, o que a unio personalis prova
islã”, que preparou caminho para a vinda de Maomé. não é a união de pessoas, mas a união de duas
naturezas em uma só pessoa, Jesus Cristo (CAMPOS,
a) A Escola de Alexandria
2004, p. 85).
Esta Escola, associada a Atanásio, defendia a ideia de
Ao apresentar a fundamentação bíblica para a união
que Jesus tinha uma natureza divina e humana,
hipostática, a unio personalis, de Jesus, o Dr. Heber,
inseparáveis e por isso, defendia que “deificação” dos
Pastor Presbiteriano que serviu como Diretor da Escola
salvos por Jesus, ou seja, ser salvo era entrar em um
Superior de Teologia da Universidade Mackenzie em São
processo de “divinização”.
Paulo, assevera que na encarnação o Logos não se uniu
Essa ideia era aplicada à encarnação de Jesus, pois a uma pessoa humana pré-existente, mas teve acrescida
segundo eles, na encarnação, “Deus tornou-se humano sobre si a natureza humana, que é composta de alma e

Página 17 de 65
corpo, além de espírito, citando textos bíblicos tais como
Isaías 7.14, Isaías 9.6, Gênesis 3.15 e Hebreus 2.14, João
8.58, Colossenses 2.9 e João 1.14, que segundo o Dr.
Heber é o mais relevante sobre o tema. Assim sendo,
Jesus não era um ser divino e um ser humano, mas uma
única pessoa com duas naturezas, um ser divino-
humano (CAMPOS, 2004, pp. 96-99).
O Credo de Calcedônia, formulado e promulgado em
451, é um refinamento de alguns pontos do Credo
Niceno, que, segundo a tradução de Henry Bettenson
(1967, p. 56 in CULVER, 2012, p. 653), asseveram fiéis aos
santos padres, todos nós, perfeitamente unânimes,
ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho,
nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e
perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem, consistindo da alma racional e
de corpo; consubstanciaI, segundo a divindade, e
consubstanciaI a nós, segundo a humanidade; “em
todas as coisas semelhante a nós, excetuando o
pecado”, gerado segundo a divindade antes dos
séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e
para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de
Deus.
Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se
deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e
imutáveis, inseparáveis e indivisíveis; a distinção de
naturezas de modo algum é anulada pela união, mas,
pelo contrário, as propriedades de cada natureza
permanecem intactas, concorrendo para formar uma só
pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas
pessoas.
Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus
Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu
respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos
ensinou e o credo dos pais nos transmitiu (BTTENSON,
1967, p. 56 in CULVER, 2012, p. 653).Millard J. Erickson
(1997, pp. 304-307) ao tratar deste tema parte do
postulado sobre a divindade de Jesus.
Segundo ele, o material bíblico que mostra a deidade de
Jesus, João 1.14, Gálatas 4.4, 1 Timóteo 3.16, 1 João 2.12, 1
Coríntios 2.8 e Colossenses 11.13-14, serve para afirmar
sua deidade a partir de uma interpretação metafísica-
literalista, propondo seguintes postulados:
a) O texto de Filipenses 2.6-7 fala da kenósis de Deus – o
termo em grego é ἐκένωσεν. Ou seja, a expressão
kenósis é a tradução da palavra grega ἐκένωσεν, no
verso 7, que em português lemos “esvaziou-se”.
De acordo com Erickson, o esvaziamento não foi da
natureza divina, visto que Colossenses 2.9 diz que em
Jesus habitava “corporalmente toda plenitude da
divindade”. Antes ele apenas deixou a “igualdade”
com Deus, Filipenses 2.6, para assumir a forma de servo,
“igualdade com o Homem”
b) A união das duas naturezas nunca atuou
independente. Os atos de Jesus foram sempre divinos e
humanos, voluntariamente, e circunstancialmente em
momentos de limitações.
Ele não deixou de ser Onipresente, mas pelo fato de
estar encarnado em um corpo humano limitado no
tempo e no espaço, ficou limitado.
Ou seja, Jesus tinha o poder da onipresença, mas estava
limitado pelo corpo humano.
Outro Teólogo que discorre sobre o tema da kenósis é o
Dr. Heber Carlos de Campos (2004), que inicia a sua
abordagem asseverando que na encarnação de Jesus,
ou seja, na união das duas naturezas, a divina e a
humana, não houve, na realidade, nenhuma mudança
essencial na natureza divina do Redentor, porque esta
natureza é imutável, posto que a imutabilidade é um dos
atributos divinos (CAMPOS, 2004, p. 255).
De modo bem resumido, assevera o Dr. Heber - A teoria
kenótica moderna, em seu sentido mais amplo, pode ser
definida como a doutrina em que o Logos, na
encarnação, foi despojado de alguns de seus atributos
transitivos ou de todos eles, ou seus atributos foram
resumidos a uma mera potencialidade e então, em união
com a natureza humana, desenvolveram novamente
uma pessoa divino-humana (CAMPOS, 2004, p. 257). O
perigo da teoria da kenósis é o de, ao tentar resolver o
problema da coexistência do divino e do humano
simultaneamente na pessoa de Jesus, muitos acabam
por negar a sua deidade a partir da encarnação.
Porém, devemos ter em mente que Jesus, o Filho de
Deus, em sua encarnação não foi despojado de nenhum
de seus atributos divinos, sendo ele, como pessoa aqui
Página 18 de 65
na terra, o que sempre fora: Deus. Jesus é o Filho de
Deus encarnado.
É Deus-Homem e todos os seus atributos divinos foram
preservados, embora alguns deles
manifestasse, assim como manifestou
características de sua humanidade (CAMPOS, 2004, pp.
258 e 274).
Conforme o entendimento da Fé Reformada e para os
Herdeiros da Reforma, Filipenses 2.6-7 não prova a
teoria da kenósis plena, que esvazia Jesus de sua
deidade, mas, ao contrário, prova que tem e manifesta
as duas naturezas, a divina e a humana, sem conflitos ou
grua de subordinação entre elas, posto que o texto
assevera que Jesus tendo a forma de Deus assumira a
forma humana, de servo, em sua encarnação (CAMPOS,
2004, p. 274).
3. A impecabilidade de Jesus
Figura-Fonte:https://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/12/era-possivel-jesus-pecar/
Embora o Novo Testamento afirme com clareza que
Jesus era plenamente Homem, também afirma que ele
era diferente dos homens em um aspecto importante:
Jesus era sem pecado e nunca pecou durante toda a sua
vida (GRUDEM, 2005, p. 252).
Para entendermos a impecabilidade de Jesus devemos
compreender que Deus não nos
pecaminosidade, mas santos e retos.
Adão e Eva no Jardim do Éden antes de pecarem eram
verdadeiramente seres humanos, e nós agora, embora
humanos, não correspondemos ao padrão de Deus na
Criação, carecendo que tenhamos a nossa humanidade
sem pecado restaurada em Jesus Cristo, que não pecou,
nem mesmo quando persuadido pelo Diabo, Lucas 4.13.
Nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas não há
qualquer evidência de pecado cometido por Jesus, João
8.46 (GRUDEM, 1999, p. 440).
As afirmações a respeito da impecabilidade de Jesus são
ele nãos os mais explícitas no evangelho de João, onde aparece a
todas as proclamação de Jesus asseverando: “Eu sou a luz do
mundo”, João 8.12. Se entendermos que a luz
representa tanto a veracidade como a pureza moral,
então Jesus está afirmando categoricamente ser a fonte
da verdade, da pureza moral e da santidade no mundo.
Esta afirmação só poderia ser feita por alguém que era
livre do pecado. Além disso, com respeito à obediência a
Deus, o Pai Celestial, Jesus sempre fazia o que lhe
agradava, João 8.29. O tempo presente do verbo dá o
sentido de atividade contínua, indicando quem Jesus
sempre fazia o que era agradável aos olhos de Deus,
João 15.10. É significativo que quando Jesus foi posto no
julgamento perante Pilatos, a despeito da acusação dos
judeus, Pilatos pode somente concluir que não
encontrava nele motivo algum para a acusação, João
18.38 (GRUDEM, 2005, p. 253).
Quando Paulo fala de Jesus vindo para viver como um
homem, ele tomou o cuidado de não dizer que Jesus se
tornou um “homem pecador”, mas antes diz que Deus
enviou o seu próprio Filho “à semelhança do homem
pecador, como oferta pelo pecado”, Romanos 8.3. E ele
se refere a Jesus como “aquele que não tinha
pecado”, 2 Coríntios 5.21.
O autor de Hebreus afirma que Jesus foi tentado, mas
ao mesmo tempo insiste que ele não pecou, Hebreus
4.15 e 7.26.
Pedro fala de Jesus como “um cordeiro sem defeito e
sem defeito”, 1 Pedro 1.19, usando uma figura do
Antigo Testamento para afirmar que Jesus era livre de
criou com qualquer corrupção moral, 1 Pedro 2.22 e 3.18. João, em
sua primeira carta, chama Jesus Cristo de “o Justo”, 1
João 2.1, e diz que “nele não há pecado”, 1 João 3.5.
É difícil negar, então, que a impecabilidade de Jesus
Cristo seja ensinada claramente na Bíblia Sagrada. Jesus
era verdadeiramente homem, todavia sem pecado
(GRUDEM, 1999, pp. 440-441).
O fato de que Jesus passar “por todo tipo de
tentação”, Hebreus 4.15, tem grande significação para a
Página 19 de 65
nossa vida. Não importa quão difícil seja compreender
isso, a Escritura afirma que nessas tentações Jesus
adquiriu uma capacidade de nos entender e de nos
ajudar em nossas tentações, Hebreus 2.18 e 4.15-16. Isso
tem implicações práticas para nós quando lutamos com
a tentação, pois devemos refletir sobre a vida de Cristo e
nas situações semelhantes que ele enfrentou (GRUDEM,
2005, pp. 253-254). Porém, Jesus poderia ter pecado?
Algumas pessoas argumentam sobre a impecabilidade
de Jesus atribuindo ao termo impecabilidade o sento de
“incapacidade de pecar”.
Outros contrapõem que, se Jesus não fosse capaz de
pecar, suas tentações não poderiam ter sido reais.
O que as Escrituras, em especial o Novo Testamento, nos
ensinam claramente é que Jesus na verdade nunca
pecou, não devendo haver dúvida alguma em nossa
mente sobre esse fato, embora ele tenha sido tentado e
que essas tentações foram tentações reais, Lucas 4.2. Se
cremos na Escritura, devemos insistir em que Cristo,
“como nós, passou por todo tipo de tentação, porém,
sem pecado”, Hebreus 4.15 (GRUDEM, 2005, p. 254).
4. Os Ofícios de Jesus Cristo
Na época do Antigo Testamento havia três classes de
mediadores entre Deus e seu povo, o profeta, o
sacerdote, e o rei. Como perfeito Mediador, 1 Timóteo
2.5, Jesus reúne em si mesmo todos os três ofícios.
Ele é o Profeta que adverte as nações; o Sacerdote que
se ofereceu como sacrifício para a nossa salvação, e o
Rei que reinará sobre as nações.
a) Profeta
O profeta do Antigo Testamento era o representante ou
agente de Deus na terra, que revelava sua vontade com
relação ao presente e ao futuro.
O testemunho dos profetas dizia que o Messias seria
Profeta, para iluminar Israel e as nações, Isaías 42.1 e
Romanos 15.8, o que se confirma no relato dos
evangelhos, Marcos 1.27, 6.4 e 15, João 4.19, 6.14 e 9.17,
nos quais vemos que, como Profeta, Jesus pregou a
salvação de Deus, indicando o Caminho de escape do
poder e da culpa do pecado, não somente para Israel,
mas para toda a humanidade.
Além disso, como Profeta, Jesus anunciou o reino de
Deus.
Todos os profetas falaram de um tempo quando toda a
humanidade estaria sob o domínio da Lei de Deus, que
uma condição descrita como “o reino de Deus”, e esse
era um dos temas principais da pregação de Jesus,
Mateus 4.17.
Jesus, porém, ampliou o tema, descrevendo a natureza
do reino, o estado e a qualidade de seus membros, as
condições de ingresso no mesmo, a sua história
espiritual após a sua ascensão, Mateus 13, e a maneira
de seu estabelecimento na terra.
Por fim, como Profeta Jesus predisse o futuro.
A profecia se baseia no princípio de que a história não
prossegue descontroladamente, mas sim controlada por
Deus, que conhece o fim da história desde o seu
princípio. Deus revelara o curso da história aos profetas,
capacitando-os, dessa maneira, a predizerem o futuro, e
da mesma forma Jesus previu o triunfo de sua causa e
de seu reino através das mudanças da história da
humanidade, Mateus 24 e 25.
Vale ressaltar que o Ministério Profético hoje se efetua
através de seu Corpo, a Igreja, que dele recebe
inspiração, João 14.26 e 16.13, o dom de profecia, 1
Coríntios 12.10, e Revelação, as Escrituras Sagradas, Judas
3, para que, pela inspiração do Espírito Santo,
proclamemos mensagens de edificação, exortação e
consolação, 1 Coríntios 14.3, sempre baseadas na Palavra
de Deus.
b) Sacerdote - Sacerdote, no sentido bíblico, é a pessoa
divinamente consagrada para representar o homem
diante de Deus e para oferecer sacrifícios que assegurem
o favor divino, Hebreus 8.3. No Calvário, Cristo, o
Sacerdote, ofereceu-se a si mesmo, o Sacrifício, para
assegurar ao homem o perdão e a aceitação diante de
Deus. Sua vida anterior a este acontecimento foi uma
preparação para sua Obra Sacerdotal.
O Filho Eterno participou de nossa natureza, Hebreus
2.14-16, e de nossas experiências, porque de outra
maneira não podia representar o homem diante de Deus
e nem oferecer sacrifícios. Jesus não poderia socorrer a
humanidade tentada e decaída no pecado sem que
Página 20 de 65
soubesse, por experiência própria, o que a tentação
significa. Um sacerdote, portanto, deveria ser de
natureza humana. Um anjo, por exemplo, não poderia
ser o sacerdote dos homens, Levítico 16 e Hebreus 8 a
10. O Sumo Sacerdote de Israel era consagrado para
representar o homem diante de Deus e para oferecer
sacrifícios que assegurassem o perdão e a aceitação de
Israel por parte de Deus. Uma vez por ano, o sumo
sacerdote fazia expiação do pecado de Israel, imolando
os animais em sacrifício e aspergindo o sangue na
presença de Deus.
Da mesma forma, Cristo, o Sacerdote e o Sacrifício, ao
mesmo tempo, foi crucificado, derramando o seu sangue
pelos nossos pecados na presença de Deus. Apesar de
Cristo haver oferecido um Sacrifício perfeito uma vez só
e de uma vez por todas, ele é e sempre será o Sacerdote
que representa o pecador, que, por seus méritos e pelo
poder de sua obra expiatória perante Deus, recebe o
perdão de pecados e salvação de Deus, Efésios 1.6.
c) Rei
O Cristo Profeta e Sacerdote é também Rei.No plano de
Deus o Governante Perfeito, Jesus Cristo, deveria exercer
os três ofícios, a fim de se cumprir a profecia proclamada
na vida de Melquisedeque, que era, ao mesmo tempo,
Rei de Salém e Sacerdote do Deus Altíssimo, como um
tipo do Rei Perfeito de Deus, o Messias, Gênesis 14.18-19,
Hebreus 7.1-3, Salmo 110.1-4, Zacarias 6.13 e Hebreus
10.13. De acordo com as profecias do Antigo Testamento
o Messias seria um grande Rei da Casa de Davi, que
governaria Israel e as nações através do seu reino de
justiça, paz e prosperidade, Isaías 11.1-9 e Salmo 72.
Jesus afirmou ser esse Rei.
Na presença de Pilatos ele testificou que nasceu para ser
Rei, mas explicou que seu reino não era deste mundo,
isto é, não seria um reino fundado na força humana e
nem seria governado de acordo com os ideais humanos,
João 18.36.
Antes de sua morte, Jesus predisse sua vinda com poder
e majestade para julgar as nações, Mateus 25.31.
Mesmo pendurado na cruz como Rei falava, atendendo
o clamor do ladrão com ele crucificado, Lucas 23.42.
Depois de sua ressurreição, Jesus declarou ter todo o
poder no céu e na terra, Mateus 28.18. Depois de sua
ascensão foi coroado e entronizado com o Pai,
Apocalipse 3.21 e Efésios 1.20-22. Isso significa que,
diante de Deus, Jesus é Rei. Ele não é somente o Cabeça
da Igreja, mas também é o Senhor de todo o mundo e
Mestre dos homens.
Do ponto de vista divino, tudo isso já é fato consumado,
mas nem todos os homens reconhecem o Governo de
Cristo. Apesar de Cristo ter sido ungido Rei de Israel,
Atos 2.30, “os seus”, João 1.11, recusaram-lhe a
soberania, João 19.15, e as nações seguem seu próprio
caminho, sem tomarem conhecimento de seu Governo,
Lucas 19.12-25.
5. A Obra de Jesus Cristo
Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema por
ele consumada foi a sua morte pelos pecados do
mundo, Mateus 1.21 e João 1.29. Essa obra expiatória se
consumou em três momentos, sua morte, ressurreição e
ascensão, visto que ele não somente devia ele morrer
por nós, como também deve viver por nós. Não
somente devia ressuscitar por nós, como também
ascender aos céus para interceder por nós diante de
Deus, Romanos 8.34, 4.25 e 5.10.
1. A morte de Cristo
a) Relevância - A morte de Jesus é o evento mais
importante no plano de salvação e, por isso, é a doutrino
central do Novo Testamento, 1 Coríntios 15.3. A morte
expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião
cristã. Lutero asseverou que a doutrina cristã se distingue
de qualquer outra, especialmente daquelas que apenas
parecem ser cristã, pelo fato de ser a doutrina da Cruz.
É essa característica singular dos evangelhos que faz do
cristianismo a única religião digna do nome.
b) Significado - Havia comunhão verdadeira entre o
Homem e seu Criador.
Porém, o pecado interrompeu essa comunhão e o
Homem, por causa do pecado, tendo seu caráter
manchado, está distanciado de Deus e tem diante de si
um obstáculo que o homem não consegue superar por
seus próprios esforços.
Página 21 de 65

Figura-Fonte:http://blogs.odiario.com/inforgospel/2016/03/25/jesus-ressuscitou-confira-7-evidencias-de-sua-
ressurreicao-assista/
Esse obstáculo é o pecado e a culpa pelo pecado.
2. A ressurreição de Cristo
É o grande milagre do cristianismo.
A ressurreição é basilar porque se Jesus não tivesse
ressuscitado ele não seria o que afirmou ser e sua morte
não seria expiatória. Logo depois da ressurreição de
Jesus os líderes religiosos dos judeus subornaram os
soldados e propalaram que os discípulos haviam
roubado o corpo de Jesus, para forjar a ressurreição,
Mateus 28.11-15.
A ressurreição é realmente a consumação da morte
expiatória de Cristo.
3. A ascensão de Cristo.
a) O Cristo celestial- Jesus, 40 dias depois de sua
ressurreição, deixou o mundo e regressou para o Pai.
Assim como sua entrada
“descida”, sua partida foi uma “subida”.
A ascensão de Jesus é a linha divisória entre os dois
períodos da vida de Cristo.
Do nascimento até a ressurreição ele fora o Cristo da
história humana, que viveu uma vida humana perfeita,
mesmo sob as condições terrenas, e, a partir de sua
ascensão, ele é o Cristo Exaltado que se revela para nós
em nossas experiências espirituais, e que vive no céu, na
presença do Pai, à sua direita, mantendo contato
conosco, salvos por ele e seus discípulos, por meio do
Espírito Santo.
b) O Cristo Exaltado - Efésios 4.8-10 afirma que Cristo
“subiu” e que ele “subiu acima de todos os céus”
para nos ajudar a compreender que Jesus entrou na
presença do Pai por sua própria vontade e direito e que
houve também uma ação do Pai, pela qual ele foi
exaltado em recompensa por sua obediência até a
morte.
c) O Cristo Soberano - Cristo, depois de sua ascensão,
assumiu uma posição de autoridade sobre todas as
criaturas, 1 Coríntios 11.3, Colossenses 2.10, 1 Pedro 3.22,
Romanos 14.9 e Filipenses 2.10-11, exercendo soberania
universal, que é exercida para o bem da Igreja, Efésios
1.22. Essa autoridade se manifesta de duas maneiras.
d) O Cristo Precursor - A separação entre Cristo e a
Igreja ocasionada pela ascensão não é permanente. Ele
subiu, mas atua como precursor, preparando o caminho
para aqueles que o seguem, João 12.26.
A Igreja deve seguir o Cristo glorificado para ocupar os
lugares celestiais, Efésios 2.6, a fim de que ela mesmo
desfrute da ascensão, no arrebatamento, 1
Tessalonicenses 4.17, 1 Coríntios 15.52, 1 Pedro 1.8, João
14.1-3 e 1 Tessalonicenses 4.18.
e) O Cristo Intercessor - Por ter assumido a nossa
natureza e morrido por nossos pecados, Jesus é o único
Mediador entre Deus e os homens, 1 Timóteo 2.5, mas é
também o Intercessor.
A intercessão está a um passo à frente da mediação. O
mediador une as partes, mas depois pode deixá-las, para
que ajustem suas dificuldades.
no mundo fora uma
O Intercessor se coloca entre as partes e ali permanece,
para que os ajustes necessários sejam firmados em
conciliação, para a reconciliação.
A intercessão é um ministério importante do Cristo
glorificado por ser o ápice de suas atividades salvadoras.
Jesus morreu, ressuscitou, ascendeu aos céus e intercede
por nós diante do Pai, Romanos 8.34.
O Novo Testamento apresenta Jesus como o Sacerdote-
Rei entronizado, o nosso Defensor ou Fiador,
intercedendo ao Pai por cada um de nós e nos
garantindo acesso à graça salvadora, João 17, 1 João 2.1-
2, 1 João 3.6 e João 2.1-2 (CULVER, 2012, p. 844).
ANOTAÇÕES
.................................................................................................... ........
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
Página 22 de 65
 CAPÍTULO 3 – SOTERIOLOGIA- DOUTRINA DA SALVAÇÃO

INTRODUÇÃO À SOTERIOLOGIA culpado e condenado perante Deus, por causa do

pecado, é absolvido e declarado justo, ou seja, é
justificado por Deus.

Deus é o Juiz e Jesus Cristo é o Advogado. O pecado é a

transgressão da lei e a expiação é a satisfação dessa lei,
mediante o sacrifício de Jesus Cristo na cruz.

Justificar é o ato de Deus que significa absolver, declarar

justo ou pronunciar sentença favorável de aceitação.

O réu, o pecador, está perante Deus, o justo Juiz, mas ao

invés de receber sentença condenatória recebe, por
Figura-Fonte:https://acervodateologia.blogspot.com/2017/08/soteriologia-doutrina-da-salvacao.html
meio de Cristo, sentença de absolvição. O substantivo
A doutrina da salvação para muitos cristãos ainda é justificação ou justiça significa o estado de aceitação para
nebulosa ou, na pior das hipóteses, contraditória. o qual se entra pela fé. Essa aceitação é dom gratuito da
parte de Deus, posto à nossa disposição pela fé em
A confusão que existe em torno desta doutrina muitas
Cristo, Romanos 1.17 e 3.21-22. Justificado é o estado que
vezes é resultado dos muitos tópicos que ela abrange e
denota a aceitação da parte de Deus, Romanos 5.2,
pela ordem destes fatos, que para muitos parece ser
apesar do passado pecaminoso e de imperfeições no
algo difícil de seguir e compreender.
presente, mediante veredito divino, que ninguém pode
Porém, mesmo contendo aspectos que quase são contradizer, Romanos 8.34.
impossíveis de se entender plenamente, faz-se relevante
Assim sendo, a justificação é um ato da livre vontade de
o estudo sobre a Soteriologia e seus diversos temas, a
Deus, pelo qual ele perdoa todos os nossos pecados e
fim de que tenhamos a diretriz de nossa fé e de nossa
nos aceita como justos aos seus olhos, imputando a nós
salvação baseada somente na Bíblia Sagrada.
a justiça de Cristo, que recebemos pela fé.
A doutrina Soteriologia como tema de investigação
A justificação é primeiramente uma mudança de posição
teológica abrange as doutrinas da condenação no
da parte do pecador, antes um condenado, mas agora,
pecado, eleição e adoção, expiação, regeneração,
porém, absolvido.
conversão, justificação, santificação e perseverança do
salvo, mas também envolve a necessidade da pregação
do evangelho para o arrependimento e para a fé em
Jesus, bem como a vida cristã e suas boas obras.

Porém, vale ressaltar que a salvação é, em última análise,

uma atividade divina que resulta no eterno bem do
homem, para a glória de Deus.

SOTERIOLOGIA – A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

3.1 Justificação

Justificação é um termo forense, jurídico, que nos faz

Figura-Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10241905/
lembrar um tribunal e serve para mostrar que o homem,

Página 23 de 65
Antes sob a condenação, mas agora desfrutando da ou injustiça. Porém, quando usada para se referir ao
divina aprovação. homem, significa o estado de retidão diante de Deus.

Justificação inclui mais do que perdão dos pecados e Retidão significa reto.
remoção da condenação, pois no ato da justificação
Reto é aquilo que se conforma a um padrão ou a uma
Deus coloca o ofensor na posição de justo, apagando o
norma. Assim sendo, reto, justificado, é o homem que se
passado, os pecados e as ofensas, para, em seguida,
conforma à lei divina, o que só é possível ao homem
tratar o ofensor como se nunca tivesse cometido um
pela justificação em Cristo, que é uma obra exclusiva de
pecado sequer.
Deus.
Deus, ao perdoar o pecador, o declara justificado, isto é,
Paulo declara que pelas obras da lei ninguém será
justo aos olhos divinos. Paulo nos assegura que Deus
justificado.
justifica o ímpio, Romanos 4.5 e 8.33.
Essa declaração não é uma crítica à lei, que é santa e
a) A necessidade da Justificação – a condenação do
perfeita, mas significa que a lei não foi dada com o
homem. Inicialmente, leia Jó 9.1 e Atos 16.30. As
propósito de tornar o homem justo, Romanos 3.21-31.
perguntas postas nestes textos expressaram a maior de
todas as questões espírito existenciais do Homem, pois Na verdade, Paulo assevera que a justificação pela fé é o
tratam da busca do homem na tentativa de acertar sua plano original de Deus para a salvação dos homens.
vida perante Deus e, por isso, ter certeza da salvação.
A Lei foi concedida para disciplinar os israelitas e fazê-los
A resposta a essa interrogação encontramos no Novo sentir a necessidade de redenção, Gálatas 3.19-26, mas a
Testamento, especialmente em Romanos, na lei em si não tem poder para salvar.
apresentação sistemática e detalhada que o apóstolo
Somente Jesus Cristo, Salvador e Senhor, por sua graça
Paulo faz sobre o plano de salvação, Romanos 1.16-17,
nos garante a esperança da salvação e nos outorga a
asseverando que evangelho é o poder de Deus para a
certeza da salvação e da vida eterna.
salvação dos homens, pois o evangelho revela como se
pode mudar de posição e de condição, para que b.A fonte da justificação – a graça de Deus em Cristo
sejamos justificados perante Deus.

O tema proeminente de Romanos é a justiça de Deus,

descrita em sua qualidade e força, indicando que o
Homem que a possui é aceito como justo perante Deus.

Essa justiça resulta da fé em Cristo e Paulo demostra que

todos os homens necessitam dela, porque em Adão toda
a raça pecou.

O judeu também está sob condenação apesar de

pertencer à nação escolhida, Israel, pelo fato de
conhecer a Lei de Moisés há séculos e por transgredi-la
Figura-Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10241905/
em pensamentos, atos e palavras.
A palavra graça significa, primeiramente, “favor não
Paulo, assim, estrondosamente, encerra toda a raça
merecido”, expressando a disposição bondosa da parte
humana sob a condenação, Romanos 1, 2 e 8.19-20.
de Deus para conosco. Dessa forma, a graça nunca

Qual será essa “justiça” de que tanto necessita o incorre em dívida.

homem? A própria palavra significa “retidão”, ou

O que Deus concede, concede-o como favor e jamais
estado de reto ou justo. A palavra também serve para
poderemos recompensá-lo ou pagar-lhe. A graça é a
descrever o caráter de Deus, isento de toda imperfeição
manifestação de Deus para com o homem,
Página 24 de 65
absolutamente independente da questão de merecer ou ao produzir a conversão, quando não encontra
não merecer. resistência, João 5.40, Atos 7.51 e 13.46, e que continua
operando na vida do salvo a fim de que experimente
Graça não é tratar a pessoa como merece, nem tratá-la
uma vida cheia, plena, do espírito Santo, sempre
melhor do que merece, escreveu L. S. Chafer (2003), e
manifestando o fruto do Espírito, Gálatas 5.22-23.
tratá-la graciosamente sem a mínima referência aos seus
méritos. Graça é amor infinito expressando-se em c) A Justiça de Deus – o fundamento da nossa
bondade infinita. Porém, devemos ter em mente que justificação
graça não significa que Deus tenha um coração tão
Cristo, por sua morte expiatória, é propiciação que nos
magnânimo a ponto de abrandar a penalidade ou de
assegura a graça e o favor de Deus para a nossa
desistir de um justo juízo sobre os pecadores.
justificação.
Deus não trata indulgentemente o pecado, pois isso
Ele morreu por nós, para nos salvar da justa ira de Deus
depreciaria a sua perfeita santidade e justiça.
e a sua morte e a ressurreição representam a provisão
A graça de Deus aos pecadores se revela no fato de que externa de Deus para a salvação do homem.
ele mesmo pela expiação de Cristo pagou toda a pena
Justificação é a maneira pela qual os benefícios
do pecado. Por isso, ele pode justamente perdoar o
salvadores da morte expiatória de Cristo são postos à
pecado sem levar em conta merecimentos.
disposição do pecador e fé é o meio pelo qual o
Os pecadores são perdoados não porque Deus seja pecador lança mão desses benefícios, para que nos
benigno para desculpar os pecados, mas porque existe revistamos de um caráter perfeitamente justo diante de
redenção mediante o sangue de Jesus Cristo, Romanos Deus, Apocalipse 19.8, 3.4 e 7.13-14.
3.24 e Efésios 1.6.
As vestes do pecado estão sujas e rasgadas, Zacarias 3.1-
O perdão de pecados se baseia na mais rigorosa justiça 4, e a nossa justiça própria é considerada por Deus
e ao perdoar o pecado Deus se revela fiel e justo, 1 João como trapo de imundícia, Isaías 64.6.
1.9, assim como revela sua graça no fato de haver
A justiça divina que nos justifica diante de Deus foi
provido uma expiação na qual pode ser justo e
comprada pelar morte expiatória de Cristo, Isaías 53.5 e
justificador, preservando, porém, sua santa e imutável
11, 2 Coríntios 5.21 e Romanos 4.6, 5.18-19.
Lei.
A morte de Jesus Cristo foi um ato perfeito de justiça e,
A graça se manifesta independente das obras ou
por isso, satisfez a Lei e a justiça de Deus, pela qual Deus
atividades dos homens. Se a pessoa está sob a Lei não
credita sua justiça a nós, nos imputando de nossos
pode estar sob a graça. Se estiver sob a graça, não pode
pecados, 1 Coríntios 1.30 e Jeremias 23.6.
estar sob a Lei. As duas esferas são mutuamente
excludentes, Gálatas 5.4. Cristo expiou nossa culpa, satisfazendo a justiça de Deus
por obediência e por sofrimento, tonando-se nosso
Vale ressaltar que, às vezes, se usa a palavra graça em
substituto, de maneira que, unidos a ele pela fé, sua
um sentido íntimo, para indicar a operação da influência
morte é a nossa morte e sua obediência é a nossa
divina, Efésios 4.7, e seus efeitos, Atos 4.33 e 11.23, Tiago
obediência, para que sejamos aceitos por Deus, não por
4.6 e 2 Coríntios 12.9. As operações desse aspecto da
nossas qualidades, obras ou méritos, mas porque nos é
graça têm sido classificadas como Graça Preveniente,
creditada a perfeita e suficiente justiça de Cristo, que por
“que vem antes”, indicando a influência divina que
seus méritos, mediante arrependimento e fé, somos
produz no Homem o desejo de voltar para Deus e que
declarados justos em Cristo, Romanos 3.28 e Gálatas
precede a conversão da pessoa.
2.16.
É o efeito da graça em atrair os homens, João 6.44, em
Deus nos justifica mediante a fé em Cristo e esta decisão
convencer os desobedientes, Atos 7.51, e em ser eficaz,
de fé é o ato inicial da vida cristã, seguido pela

Página 25 de 65
regeneração. A justiça divina nos é imputada, para a
nossa regeneração, a fim de que o Cristo que é por nós
se torne Cristo em nós.
d) Os meios da Justificação – a fé
Visto que a lei não pode justificar o Homem, a nossa
única esperança é receber a justiça sem Lei, a Justiça de
Deus, Efésios 2.8-10, que deve ser recebida pela fé, que é
a causa instrumental da justificação, Romanos 3.22, 4.11 e
9.30, Hebreus 11.7 e Filipenses 3.9.
A fé é o princípio único que a graça de Deus usa para
nos restaurar à sua imagem, operando em nós uma
transformação radical, por dentro e por fora, diante de
Deus e do próprio pecador arrependido e agora cheio
de fé, para a nossa justificação e regeneração, pelo
Espírito Santo.
A fé é despertada no homem pela ação do Espírito
Santo em conexão com a Palavra e nos capacita a
lançarmos mão da promessa divina, para nos
apropriarmos da salvação, Efésios 2.8-9, Romanos 3.24 e
3.20.
A fé não é obra meritória, mas é o que nos capacita a
cremos e aceitarmos a Cristo como único e suficiente
Salvador e Senhor de nossas vidas, Gálatas 3.27 e 5.24.
A fé não só recebe passivamente a graça salvadora, mas
nos habilita a usarmos de modo ativo tudo o que Deus
nos concede na salvação, Romanos 10.9-10, Efésios 3.17,
sendo opera pelo amor, 1 Tessalonicenses 1.3, e que, por
envolver a vontade, está vinculada à nossa boas escolhas
e boas ações, Romanos 14.23, 2 Tessalonicenses 2.12 e
Romanos 10.3.
O ensino bíblico sobre a relação entre fé e obras se
opõe às obras quando estas são realizadas com o intuito
de se merecer a salvação, Gálatas 3.11.
Entretanto, a fé viva produz obras, trabalho, serviço
cristão, que atestam a nossa fé, Tiago 2.18-26.
Não há contradição entre os ensinos de Paulo e de
Tiago. Paulo, aparentemente, ensina que a pessoa é
justificada pela fé e Tiago ensina que somos justificados
pelas obras de fé que realizamos, Romanos 3.20 e Tiago
2.14-16. Na verdade, Paulo está recomendando uma fé
viva e confiante apenas no Senhor Jesus e Tiago
denuncia a fé morta e formal, vivenciada apenas como
um assentimento.
Paulo rejeita as obras mortas da lei, as obras sem fé, e
enquanto Tiago incentiva as obras vivas que
demonstram a vitalidade da fé.A justificação pela fé em
Paulo se refere ao início da vida cristã enquanto Tiago
usa a palavra para se referir a vida de obediência e em
santidade como evidência da salvação. Nesse sentido, a
doutrina da justificação pela graça de Deus mediante a
fé remove dois perigos.
O primeiro é o orgulho gerado pela auto justificação e,
segundo, o medo de que sejamos pecadores ou fracos
demais para conseguirmos a salvação.
3.2 Regeneração
Regeneração é a experiência subjetiva que resulta na
Adoção. A pessoa morta em transgressões e ofensas
carece de uma nova vida que só é concedida por um ato
divino de regeneração, a partir do qual a pessoa salva se
torna herdeira de Deus e membro de sua família
espiritual, mediante união pessoal com Cristo.
1. O Novo Testamento descreve a regeneração pelos
seguintes termos:
a) Nascimento – Deus é o Pai que gera o crente, que é
nascido de Deus, 1 João 5.1, nascido do Espírito, João 3.8
e nascido do alto, João 3.3 e 7, é tornado em filho de
Deus.
b) Purificação – Deus nos salvou pela lavagem,
literalmente, lavatório ou banho, da regeneração, Tito
3.5, limpando a pessoa de toda a imundícia da vida de
outrora, no pecado, para vivermos novidade de vida,
Atos 22.16.
c) Vivificação – A essência da regeneração é a nova vida
concedida por Deus Pai, mediante Jesus Cristo,
operacionalizada em nós pelo Espírito Santo,
Colossenses 2.13.
d) Criação – Deus criou o Homem e soprou em suas
narinas o fôlego de vida e na regeneração recria o
pecador arrependido, 2 Coríntios 5.17, Efésios 2.10 e 4.24
e GáIatas 6.15. O resultado prático desta recriação é a
transformação radical que experimentamos em nossa
natureza, nosso caráter, nossos desejos e propósitos.
Página 26 de 65
e) Ressurreição – Assim como Deus vivificou o barro
inanimado e o fez vivo para o mundo físico e natural, ele
vivifica a pessoa arrependida de seus pecados,
ressuscitando-a da morte espiritual e concedendo vida
eterna.
Esse ato de ressurreição espiritual é simbolizado pelo
batismo nas águas, Romanos 6.4-5, Colossense 2.13 e 3.1
e Efésios 2.5-6.
2. A necessidade da regeneração
João Cap. 3 - O diálogo entre Jesus e Nicodemos nos
proporciona um excelente fundo histórico para este
tópico
Provavelmente Nicodemos supunha que sendo israelita e
filho de Abraão tivesse as qualificações suficientes para
se tornar membro do reino de Deus.
A natureza humana gera natureza humana, mas
somente o Espírito Santo pode gerar no Homem a
natureza espiritual.
A vida espiritual não é herdada de pai para filho, pela
geração natural, mas procede de Deus para o homem,
por meio da geração espiritual, que é a regeneração.
2. Os meios de regeneração
O Espírito Santo é o agente divino na obra de
regeneração. É ele que opera a transformação, João 3.6
e Tito 3.5, porém, devemos ter em mente que o Pai é o
preeminentemente Criador, que gera, Tiago 1.18, e que
Jesus, o Filho, é o Doador da Vida, João 3.13, João 5.25-
26, João 6.62 e 20.22, Atos 2.33, 1 Coríntios 15.45 e
Gálatas 3.13-14.
O homem não pode cooperar no ato de
regeneração, que é um ato soberano de Deus, mas o
homem pode tomar parte na preparação para o novo
nascimento através do arrependimento e da fé.
3.Efeitos da regeneração
Os efeitos da regeneração podem ser agrupados em três
tópicos.
Posicionais, também definida como Adoção, espirituais,
também definida como União com Deus, e práticos,
também denominado como “A Vida de Justiça.”
Figura Fontehttps://oseias46a.blogspot.com/2015/08/o-que-e-uma-verdadeira-conversao.html
a) Posicionais
Quando se experimenta a regeneração, torna-se filho de
Deus e beneficiário dos privilégios que esta filiação
outorga, Gálatas 4.1-7, visto o termo “adoção”
significa literalmente “dar a posição de filho”, que a
posição que Deus concede a todo aquele que crê em
Jesus como Salvador e Senhor, João 1.12.
Porém, há que se fazer distinção clara entre adoção e
regeneração.
Adoção é um termo legal que indica conceder o
privilégio de filiação a um que não é membro da família.
Regeneração é a transformação espiritual que torna a
pessoa filho de Deus e participante da natureza divina,
João 1.13, 1 João 3.1 e Romanos 8. 15-16.
b) Espirituais
A regeneração envolve união espiritual com Deus e com
Cristo mediante o Espírito Santo. Essa união espiritual
envolve habitação divina, 2 Coríntios 6.16-18, Gálatas
2.20 e 4.5-6 e 1 João 3.24 e 4.13. Essa união espiritual
resulta em novo estilo de vida e de caráter, descritos
como “novidade de vida”, Romanos 6.4, “novo
coração”, Ezequiel 36.26, “novo espírito”, Ezequiel
11.19, “novo homem”, Efésios 4.24 e “participantes da
sua
natureza divina”, 2 Pedro 1.4. O dever do salvo é o de
manter sua comunhão com Deus, para que, cheio do
espírito santo, consiga preservar e nutrir sua vida
espiritual.
c) Práticos
A pessoa nascida de Deus deve demonstrar sua nova
condição espiritual, ética e moral rejeitando o pecado, 1
João 3.9 e 5.18, por suas obras de justiça, 1 João 2.29,
pelo amor fraternal, 1 João 4.7, e pela vitória que alcança
sobre o mundo, 1 João 5.4.; 1 João 1.9-10 e 2.1-2.
Página 27 de 65
3.3 Santificação
Este termo é relacionado com o culto a Deus. (Lucas
2.37), na busca de santificação, João 17.17 e Hebreus
2.10-11.
Vale ressaltar que a experiência da salvação consiste em
justificação, regeneração e adoção e santificação.
a) Separação – Santo é uma palavra descritiva da
natureza divina e seu significado primordial é separação,
indicando que a santidade representa aquilo que está
em Deus e que o torna separado de tudo quanto o que
é terreno e humano.
b) Dedicação – Santificação inclui tanto a separação
como a dedicação, a consagração a Deus, posto que os
salvos são separados do pecado e do mundo,
participando da natureza divina, e consagrados à
comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador
Jesus Cristo.
c) Purificação – Embora o sentimento primordial de
santo seja separação para serviço, inclui também a ideia
de purificação.
O caráter de Deus age sobre tudo que lhe e consagrado.
d) Consagração – Nesse sentido, santidade é o de viver
santo e justo, sendo que a justiça representa a vida
regenerada em conformidade com a Lei divina, 1 João
3.6-10, em retidão, e a santidade é a vida regenerada em
conformidade com a natureza divina, dedicada ao
serviço de Deus, 1 Pedro 1.15.
Assim a santificação inclui a remoção de qualquer
mancha ou sujeira que seja contrária à santidade da
natureza de Deus.
e) Serviço – A Aliança firmada no sangue de Jesus, que
nos purifica de todo o pecado, é, na verdade, a
restauração da comunhão entre Deus e os homens, a
partir do que Deus nos torna seu povo, mas povo
adorador, 1 Pedro 2.9.
Nesse sentido, a palavra santo expressa uma relação
contratual e nessa relação estamos comprometidos com
a adoração e o serviço a Deus. Ser povo de Deus
significa ser sacerdote, Êxodo 19.6, e, por isso, qualquer
impureza que venha a desfigurar essa relação deve ser
lavada com a água do Espírito Santo e com o sangue de
Jesus, que é o sangue da purificação.
Para melhor compreensão desses aspectos da santidade
e da santificação, é interessante o estudo de textos
bíblicos tais como 1 Pedro 2.9-25, Hebreus 13.12-15,
Romanos 12.1, Atos 27.23, Êxodo 40.9-11, Êxodo 24.8,
Hebreus 10.29, 1 Tessalonicenses 5.23, 1 Pedro 2.5, 1
Coríntios 1.2 e 30, Efésios 5.26, Hebreus 2.11, João 17.17 e
15.3, Romanos 15.16, 1 Coríntios 6.11, 1 Pedro 1.2, Hebreus
10.10 e 12.14 e 2 Coríntios 7.1.
Ainda sobre a santificação, faz-se necessário ressaltar
que ela é um processo iniciado definitivamente na
regeneração, Tito 3.5, promovendo no salvo a mudança
de vida, de caráter, necessária para a participação na
natureza divina, 1 João, 3.9, e para nos libertar da
escravidão do pecado, Romanos 6.14, mas que é
acrescida, ou seja, está sempre aumentando, durante a
nossa existência e na experiência da vida cristã, Romanos
6.11 e 18, visto que somos transformados por Deus, pelo
Espírito Santo, em glória cada vez maior, 2 Coríntios 3.18,
a fim de que prossigamos para o alvo e recebamos o
prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus,
Filipenses 3.13-14.
Por fim, para que não nos tornemos negligentes na
jornada cristã, a santificação só é finalizada por Deus em
nossas vidas quando de nossa glorificação em Cristo, ou
seja, de nossa morte física, Hebreus 12.23 e Apocalipse
21.27, 2 Coríntios 7.1, 1 Tessalonicenses 5.23, Filipenses
3.21, 1 Coríntios 15.23-45 (GRUDEM, 2005, pp. 360-364).
3.4 Condicionais para a salvação
As Escrituras Sagradas apresentam o arrependimento e a
fé como condicionais para a salvação e o batismo nas
águas é mencionado como símbolo da fé para salvação,
Marcos 16.16, Atos 22.16, 16.31, 2.38 e 3.19.
Porém, não há mérito no arrependimento ou na fé para
a salvação, visto que tudo quanto é necessário para a
salvação já fora providenciado por Deus em Jesus Cristo
em favor do pecador arrependido e
confiante...........................................................................................
........................................................................................................
...................................................................................................... ......
............................................................................................................
............................................................................................................
Página 28 de 65

Figura-Fonte: http://ebdbelasartes.blogspot.com/2015/11/licao-06-expiacao-vicaria.html
Para compreender a expiação devemos, inicialmente,
observar o conceito dos sacrifícios do Antigo Testamento
porque nele encontramos a chave para a compreensão
o significado da morte de Cristo como sacrifício de
expiação pelos nossos pecados nos termos apresentados
pelo Novo Testamento, em especial na descrição que faz
de Jesus como o Cordeiro de Deus, indicando que o seu
sangue limpa, tira, o nosso pecado e nos compra para a
redenção proposta por Deus, João 1.29 e 36.
Ao asseverar que Jesus morreu pelos nossos pecados, o
Novo Testamento está proclamando que a morte de
Jesus foi o sacrifício aceito por Deus pelos pecados do
Homem.
Nesse sentido, a morte de Jesus é descrita em linguagem
analógica aos sacrifícios expiatórios
Testamento, que serviram, além de ritual de adoração
dos israelitas, como sinais, tipos,
apontavam para o sacrifício perfeito, como o é o
sacrifício de Jesus por nós na cruz, Efésios 5.1-2 e
Hebreus 9.24-28.
Os sacrifícios do Antigo Testamento não somente eram
proféticos em relação ao sacrifício de Cristo.
Tais sacrifícios visavam preparar o povo de Deus para a
nova realidade espiritual e religiosa que seria introduzida
com a vinda de Cristo como o Cordeiro de Deus cujo
sangue compraria a Redenção dos pecados mediante
um sacrifício expiatório preparado e pré-ordenado por
Deus antes da fundação do mundo, Apocalipse 13.8,
CAPÍTULO 4 - EXPIAÇÃO
Êxodo 12.3 e 6, 1 Pedro 1.19-20, Tito 1.2, Efésios 1.4 e Atos
2.23. O pecado e a queda do Homem não apanhou
Deus de surpresa.
A primeira menção de um animal imolado aparece em
Gênesis 3.
Depois de pecarem, Adão e Eva se tornaram conscientes
de sua nudez, pelo que o Senhor tomou peles de
animais e os cobriu. Apesar de o relato não indicar que
tal providência fosse um sacrifício, sem dúvida há um no
significado espiritual neste ato Deus que pode ser
interpretado como uma provisão para redimir o Homem
pecador a partir da morte de uma criatura inocente para
que o culpado seja coberto.
Na verdade, este é o propósito do sacrifício expiatório,
servir como uma cobertura providenciada por Deus para
uma consciência culpada, Apocalipse 5.6-10.
Sabemos que os sacrifícios eram meios pelos quais os
israelitas rendiam ao Criador a primeira obrigação do
Homem, a adoração, e, por isso, eram oferecidos com o
objetivo de alcançar a comunhão com Deus e para
remover os obstáculos que impediam essa comunhão,
oferecendo ofertas pelo pecado, sacrifício de expiação,
ou oferendas pela culpa, sacrifício de restituição, Levítico
6.1-7.
do Antigo
Depois de restaurar a comunhão com Deus e com os
homens, na busca de consagração renovada, se oferecia
proféticos que
uma oferta queimada, um holocausto, como sacrifício de
adoração, Levítico 1, para que desfrutassem de plena e
benfazeja comunhão com Deus.
Uma vez perdoados e aceitos por Deus, apresentavam
ao Senhor uma oferenda de paz, sacrifício de comunhão,
Levítico 3.
O relato do Novo Testamento indica que o propósito de
todos esses sacrifícios se cumpriram cabalmente em
Cristo, o Sacrifício Perfeito. Sua morte é descrita como
morte pelo pecado, para lavar o pecado, 2 Coríntios 5.21,
no qual Deus aceita, em Cristo, a oferta pela culpa do
pecado, Isaías 53.10, oferta esta que paga, resgata, a
Página 29 de 65
dívida que não podíamos pagar, Colossenses 2.13-15, e
apaga o passado que não podíamos desfazer. Cristo é a
nossa oferenda queimada, o holocausto, porque sua
morte é o ato de perfeito oferecimento próprio, Hebreus
9.15 e Efésios 5.2.
Cristo é a nossa oferta de paz, que nos permite restaurar
a comunhão com Deus, para nos tronemos participantes
da vida divina, João 6.53-56 e Levítico 7.15 e 20.
Figura-Fonte:https://blogaultimatrombeta.wordpress.com/2017/04/07/as-cinco-ofertas-leviticas-retratos-de-
cristo/
Vale ressaltar o fato de que quando um israelita
esclarecido trazia ofertas a Deus ele tinha plena
consciência de que o arrependimento em si não é
suficiente para apagar pecados,
indispensável como uma transação visível indicativa de
arrependimento para a remissão e remoção do pecado,
Hebreus 9.22, visto que o ritual sem a correta e devida
disposição do coração não passa de mera formalidade e
não tem valor espiritual.
O ato de sacrifício deve ser a expressão dos sacrifícios de
louvor, oração, justiça e obediência que apresentamos a
Deus a partir de um coração quebrantado e contrito,
Salmo 26.6, 50.12-14, 4.5 e 51.16, Provérbios 21.3, Amós
5.21-24, Miquéias 6.6-8, Isaías 1.11-17 e Provérbios 15.8.
4.1 A necessidade da expiação
A necessidade da expiação a partir de um Sacrifício
Perfeito se dá devido à santidade de Deus e a
pecaminosidade e pecabilidade do homem, que são
espiritual e moralmente antagônicas.
A reação da santidade de Deus contra o Pecado do
Homem é a ira e a condenação, mas tal condição
nefasta pode ser evitada mediante a Expiação dos
pecados no sacrifício de Jesus Cristo.
Deus é Santo por natureza e sua santidade é prova de
que ele é justo em seu caráter e sua conduta. Esses
atributos divinos se manifestam à Criação para mostrar
que Deus ama a justiça e o juízo, Salmo 32.5, e que a
justiça e juízo são à base do teu trono celestial, Salmo
89.14.
Deus criou o Homem e o mundo segundo leis
específicas que formam o próprio fundamento da
personalidade humana e gravou no coração e na
natureza do homem tais leis, Romanos 2.14-15.
São essas leis que unem o homem ao seu Criador por
laços espírito existenciais que constituem a base da
responsabilidade humana, Atos 17.28, e o pecado, por
ser antagônico à santidade de Deus, deturpa e deteriora
a relação entre o Homem e seu Criador Santo e Justo.
A relação de comunhão e de intimidade entre Deus e
Homem foi quebrada pelo pecado, que é, em essência,
rebeldia e transgressão em relação à lei de Deus e ao
seu caráter Santo e Justo, devido à infidelidade que
passa a dominar o coração do homem pecador, 1 João
3.4, Jeremias 3.20 e Isaías 59.2.
sendo, porém, Assim sendo, a função da expiação é fazer reparação da
lei violada e restaurar a comunhão quebrada entre Deus
e o homem, a fim de livrar o Homem da ira divina. A ira
de Deus é orientada por seu caráter Santo e Justo e por
isso Deus é tardio em destruir a obra de suas mãos.
Antes de imprimir juízo, Deus insta com o homem por
meio de sua graça e adia o juízo na esperança de que
sua bondade conduza o pecador ao arrependimento,
Romanos 2.4 e 2 Pedro 3.9. Muitos homens interpretam
mal a graça e a bondade de Deus e zombam do dia de
juízo, Eclesiastes 8.11, mas a retribuição final, ou seja, o
juízo divino, virá para acerto de contas e julgamento,
Gálatas 6.7, conforme revelado na cruz do Calvário,
Romanos 3.25.
O homem tem quebrado as leis de Deus e violado os
princípios da Justiça divina e o conhecimento desses
atos, mesmo que negados conscientemente, está
registrado e gravado em sua memória e consciência, que
o acusa, sendo esta a razão pela qual o Novo
Testamento ensinar que a expiação é tanto necessária
Página 30 de 65
quanto possível, visto Deus ser Justo e Bom em seu Deus de toda a injustiça e purificados de contaminação
caráter Santo. do pecado, ao mesmo tempo em que somos
santificados e passamos a pertencer ao povo de Deus.
Na expiação Deus faz justiça a seu caráter Santo e Bom.
Pela morte expiatória de Cristo os pecadores
Assim como sua Justiça clama pelo julgamento e castigo arrependidos são purificados do pecado e feitos
do pecador, sua Graça promove o plano de Salvação participantes da natureza de Cristo, morrendo com
para o perdão de pecados a todo Homem que dele se Cristo para o pecado, a fim de vivermos com Cristo e
arrependa e creia em Jesus Cristo. somente para ele. A palavra hebraica usada para
descrever essa purificação significa, literalmente, “quitar
Ao mesmo tempo Deus faz justiça e demonstra
o pecado”. Essa quitação, o pagamento, do pecado é
compaixão para com os pecadores.
possível na morte expiatória de Cristo por ser ele a
O castigo do pecado foi pago no Calvário, no sacrifício propiciação pelos nossos pecados, Romanos 3.25,
expiatório de Jesus Cristo, e assim a Lei Divina é honrada
e satisfeita. A palavra expiação no hebraico significa
literalmente cobrir, sendo traduzida pelos termos fazer
expiação, purificar, quitar, reconciliar, fazer reconciliação,
pacificar, ser misericordioso e adiar. A expiação, no
original, inclui a ideia de cobrir, tanto os pecados, Salmo
78.38 e 79.9, e Levítico 5.18, como também o pecador,
Levítico 4.20.

Expiar o pecado é ocultar o pecado da vista de Deus de

modo que o pecador não seja mais visto como alguém
rebelde e transgressor, que provoca a ira divina. Quando
Figura-Fonte:https://www.opregadorfiel.com.br/2018/03/propiciacao-ira-apaziguada.html
o sangue era aspergido sobre o altar, pelo sacerdote, o
Hebreus 2.17 e 1 João 2.2 e 4.10.
israelita sentia a segurança de que a promessa divina se
tornara realidade em sua vida, Êxodo 12.18. Propiciação é uma oferenda consagrada aos deuses para
aplacar a ira e ao asseverar que Jesus em sua morte é a
Na expiação os pecados são apagados, Jeremias 18.23,
propiciação pelos nossos pecados a Bíblia nos revela que
Isaías 43.25 e 44.22, removidos, Isaías 6.7, cobertos,
Jesus é a oferta consagrada a Deus na cruz para aplacar
Salmo 32.1, lançados nas profundidades do mar,
a ira de um Deus Santo e Justo, por meio de seu
Miquéias 7.19, perdoados, Salmo 78.38, e todos esses
sacrifício expiatório.
termos ensinam que o pecado é coberto de modo que
seus efeitos sejam cancelados e removidos, afastados da A palavra “propiciação” em Romanos 3.25 é tradução
vista de Deus, invalidados e desfeitos, para provar que da palavra grega ἱλαστήριον, hilaserion, que aparece
uma vez perdoados e expiados em Jesus Deus jamais é também em Hebreus 9.5, mas que neste caso é
influenciado pelo nosso pecado, para nos condenar em traduzida como “cobriam”, indicando que as asas dos
sua ira, 1 João 1.5 a 2.2. querubins cobriam a arca, o propiciatório.

A morte de Cristo foi expiatória e seu propósito era o de
apagar os nossos pecados, Hebreus 9.26 e 28, 2.17,
10.12-14 e 9.14. Foi uma morte sacrificial que estava
diretamente relacionada com o pecado, 1 Pedro 2.2 e 2
Coríntios 5.21.
Pela expiação Jesus levou o pecado embora, afastando-
o de nós, transgressores, que somos justificados por
Neste sentido, propiciação significa cobrir, que sentido
cognato de expiar, expiação, ‫ ְיכ ַֻ֣פּר‬, e de ‫להציל‬, remir,
resgatar, Levítico 25.47-49 e Rute 3.13, no hebraico.
A referência à Arca da Aliança em Hebreus 9.5 aponta
para Êxodo 25.10-22, que relata que a Arca era
composta de duas partes. A primeira, a Arca em si, que
representa o trono do justo Governante de Israel, Deus,

Página 31 de 65
contendo as tábuas da Lei como expressão de sua justa
vontade, e a segunda, que é a tampa, a coberta em
hebraico, que servia como propiciatório, que cobria a lei
e onde era aspergido, uma vez por ano, o sangue para
expiação pelos pecados do povo.
No propiciatório o pecado era coberto e por meio do
sangue expiatório aquilo que era um Trono de Juízo se
tornava em Trono da Graça, Romanos 3.24-26.
A palavra remir, redimir, tanto no Antigo como no Novo
Testamento significa “comprar de volta por um
preço”, “livrar da servidão por preço”, “comprar no
mercado para retirar do mercado”.
Pela propiciação Jesus é o nosso Redentor e sua obra
expiatória é descrita como uma Redenção, Mateus 20.28,
Apocalipse 5.9 e 14.3-4, Gálatas 3.13 e 4.5, Tito 2.14 e 1
Pedro 1.18.
A Redenção destaca o alto preço da salvação e deve ser
levada consideração como alerta para
tornarmos negligentes em relação a nossa vida cristã o
nosso compromisso de glorificar a Deus em tudo e
sempre, 1 Coríntios 6.19-20.
A propiciação e a redenção que se efetuam na expiação
são como uma espécie de negociação e não apenas
uma simples demonstração do amor de Deus por nós.
Embora a propiciação tenha também o objetivo de nos
constranger ao amor de Deus revelado em Cristo, 1 João
3.16, devemos ter em mente que a obra expiatória de
Cristo é uma negociação na qual é feito o pagamento, o
regate, 1 Coríntios 6.20 e 7.23, 1 Pedro 2.1.18-20 e
Apocalipse 14.4, que remove o nosso pecado e qualquer
obstáculo que possa existir ou ser colocado entre nós e
Deus.
Na propiciação Jesus pagou a dívida
poderíamos jamais pagar, Colossenses 2.13-15.
Assim como os animais sacrificados
Testamento eram substitutos por natureza, oferecidos no
altar em lugar do israelita que não podia oferecer-se
por si mesmo, Cristo, na cruz, fez por nós o que não
podíamos fazer por nós mesmos, oferecendo-se a Deus
em nosso lugar, para se tornar,
arrependimento e fé, o nosso Substituto, pois ele é o
Sacrifício Perfeito por meio do qual chegamos a Deus
Pai, Isaías 53.
Cristo, por ser o Filho de Deus, pôde oferecer um
sacrifício de valor eterno e infinito. Porém, por ter
assumido a natureza humana, se identificou com o
Homem e assim sofrer o castigo que nos era devido,
para que escapemos da ira e da justiça divina que nos
era contrárias, por causa do pecado, 2 Coríntios 5.21 e 1
Pedro 2.24, e para nos reconciliar com Deus, que
mediante o sacrifício de Cristo não os imputa a pena do
pecado, mas nos perdoa, salva, regenera e santifica, para
que sejamos ministros desta reconciliação, 2 Coríntios
5.18-19, Romanos 5.10 e Colossenses 1.21-23.
4.2 A eficácia da expiação.
Podemos explicar a eficácia da expiação nos seguintes
termos:
a) Perdão da transgressão do pecado
não nos
Por meio de sua obra expiatória Jesus Cristo pagou a
dívida que nós não podíamos pagar e nos assegurou a
remissão de todos os pecados.
Assim, o passado pecaminoso para o cristão não é mais
um peso de maldição, posto que foram apagados,
carregados e cancelados na cruz de Jesus, João 1.29,
Efésios 1.7, Hebreus 9.22-28 e Apocalipse 1.5, e que não
mais pesarão contra nós no juízo final, João 5.24.
b) Livramento do poder pecado
Por meio da expiação o salvo é liberto não somente da
culpa dos pecados, mas também do poder do pecado,
Romanos 6 a 8. Aquele que verdadeiramente crê em
Cristo rompeu com o pecado e esse rompimento é tão
decisivo que é descrito como “morte”.
que não Assim sendo, a viva fé no Salvador crucificado resulta na
crucificação da velha natureza pecaminosa e a cruz de
Jesus significa a aniquilação do poder do pecado na vida
no Antigo
do salvo.
c) Libertação da morte no pecado
A morte tem um significado tanto físico como espiritual.
No sentido físico denota a cessação da vida humana,
mediante
natural e biológica. No sentido espiritual a morte é o
castigo imposto por Deus sobre o Homem pecador.
Página 32 de 65
A palavra expressa à condição espiritual do Homem
separado de Deus, que não se agrada com o pecado.
O pecador que morre fisicamente sem experimentar a
graça de Deus em Jesus
eternamente separado de Deus e esta separação
espiritual e eterna é a morte espiritual, que é a
“segunda morte”, Gênesis 2.16-17 e Apocalipse 2.11,
20.6 e 14 e 21.8.
Porém, a Bíblia assevera que Cristo morreu por nossos
pecados, padecendo não apenas à morte física, mas a
morte como pena pelo pecado.
Ele se humilhou no sofrimento da morte “para que,
pela graça de Deus, provasse a morte por todos”,
Hebreus 2.9, e nos livrasse da condenação da morte
espiritual e eterna imposta pelo pecado.
Embora seja verdade que todo ser humano há de
padecer a morte física, Romanos 8.10, os salvos por Jesus
estão libertos da condenação da morte para desfrutar da
vida eterna.
É nesse sentido que Jesus afirmou que “todo aquele
que vive, e crê em mim, nunca morrerá”, João 11.26.
d) O dom da vida eterna
Cristo morreu na cruz para que todo o pecador
arrependido que nele crê não pereça.
Figura-Fonte: https://plus.google.com/111632572461752951213/posts/jAmzvuihmvf
O termo perecer, ἀπόληται, na Bíblia é usado no sentido
de ruína espiritual, que é a condição antagônica a de
“vida eterna”, João 3.14-16 e Romanos 6.23.
A vida eterna é mais do que mera existência.
É vida abundante no favor de Deus e na comunhão com
ele. Morto em transgressões e pecados o homem está
banido do favor de Deus e de sua comunhão, mas pelo
sacrifício de Cristo o pecado é expiado e somos
restaurados à plena comunhão com Deus, desfrutando
de sua graça e da vida eterna, ζωὴν αἰώνιον, que Jesus
outorga a partir da salvação, mas que abrange o futuro,
Cristo permanecerá
Tito 1.2, Romanos 6.22 e Apocalipse 22.4.
e) A vida vitoriosa em Cristo
A cruz deve ser a única e grande motivação para a vida
cristã. A vida cristã deve ser a resposta do salvo ante o
amor de Deus demonstrado por nós na cruz de Cristo.
É a cruz de Cristo que inspira em nós o verdadeiro
arrependimento.
O pecado muitas vezes é seguido de remorso, vergonha
e revolta e somente quando há tristeza espiritual sincera
por se ter ofendido a Deus é que há verdadeiro
arrependimento.
A natureza do pecado obscurece a mente e endurece o
coração e, por isso, no pecado, o pecador precisa de um
motivo poderoso para se arrepender, mas esse motivo
deve ser algo que o faça ver e sentir que seu pecado
ofendeu e injuriou profundamente a Deus.
A cruz de Cristo fornece esse motivo, pois demonstra a
natureza horrenda do pecado que é a causa da morte
do Filho de Deus.
A cruz de Cristo não só nos mostra o terrível castigo
merecido por causa do pecado, mas também revela a
intensidade e a benevolência do amor e da graça de
Deus.
O poder do amor de Deus e de sua graça revelados em
Cristo, na cruz do Calvário nos constrange e nos capacita
a vencermos o pecado, Gálatas 2.20 e Apocalipse 12.11, e
a vida vitoriosa em Jesus Cristo inclui a vitória sobre
Satanás, Lucas 10.17-20, João 12.31-32 e 14.30,
Colossenses 2.15, Hebreus 2.14-15 e Apocalipse
12.11....................................................................................................
.................................................................................... ........................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
Página 33 de 65
 CAPÍTULO 5 - A PERSEVERANÇA DOS SALVOS
Figura Fonte: http://m-evangelisticas.blogspot.com/2018/06/frutificando-na-perseveranca-
com-deus.html
Estudar este tema é relevante, pois o debate sobre a
perda ou não da salvação ainda perdura e divide
denominações em todo o mundo.
Para maior compreensão dessa doutrina é aconselhável o
estudo do tema a partir da leitura de GRUDEM, Wayne A.
Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, pp. 659-678,
bem como de ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia
Sistemática. São Paulo: Vida Nova, pp. 417-430.
Os Batistas Gerais acreditavam na predestinação de todos
os homens e na eleição daqueles que, pela fé, arrependidos
de seus pecados aceitavam a Jesus como Salvador e Senhor,
e sua doutrina era baseada na Teologia de Arminiana.
Os Batistas Calvinistas, também conhecidos como Batistas
Reformados, baseavam a sua doutrina da salvação e
debatiam o tema sobre a perda ou não da salvação a partir
de uma tentativa de síntese, baseados na Confissão de Fé de
Westerminster, na Confissão de Batista de Londres, na
Primeira Confissão Batista de Londres (1644/46), na Confissão
de Fé Batista de New Hampshire (1833) e na Declaração
Doutrinária Fé e Mensagem Batista (1925), entre as 5 Solas da
Reforma de Lutero, Sola Fide, Sola Scriptura, Sola Christus,
Sola Gratia e Soli Deo Gloria, e a TULIP de Calvino, que
apresenta os cinco pontos fundamentais do Calvinismo sobre
as doutrinas da Graça, da Predestinação e da Soteriologia,
sistematizados pelo Sínodo de Dordrecht, sendo esta
tentativa de síntese o aspecto fundamental que diferencia os
batistas calvinistas ou reformados dos demais Batistas.
Os Batistas Particulares acreditavam
limitada, apenas para os eleitos de Deus, e a interpretação
que fazem da Eleição é baseada na Teologia de Calvino
sobre Eleição e Predestinação.
Até mesmo entre os apóstolos havia divergências sobre
este tema, que permeou a história da Igreja Primitiva e
nos dias atuais divide mais objetivamente as igrejas mais
conservadoras das igrejas pentecostais, em especial as
igrejas que se dividem entre o Calvinismo e o
Arminianismo, e isso sem deixar de fora as igrejas que
optam por uma espécie de síntese entre essas duas
correntes, como é o caso da Igreja Batista, que desde a
sua origem, em 1612, convive com o debate entre os
Batistas Gerais , os Batista Calvinistas e os Batistas
Particulares.
Porém, a pergunta persiste: perde-se ou não a salvação?
Há aqueles que afirmam com sinceridade que o salvo
pode vir a cair temporariamente da graça, ou seja, a se
desviar do caminho da salvação.
Embora muitos aleguem que se baseiam na afirmação
de Paulo em Gálatas 5.4 para sustentar a ideia de que é
possível que o salvo se desvie, devemos ter em mente
que este termo, com a ideia objetiva de se desviar ou
cair da graça salvadora, não se encontra no Novo
Testamento, mas apenas no Antigo Testamento, em
especial quando o termo desviar, ‫וְס ְר ֶ֗תּם‬, Deuteronômio
16.11, é traduzido com o sentido de “voltar atrás”,
“virar-se” ou “volver-se” em atitude “rebelde”
motivada pelo coração que se deixa encartar por outros
deuses.
Embora o Novo Testamento também nos admoeste
sobre tal atitude, os termos usados são outros e
apontam para o fato de o salvo, mas agora desviado, ser
alguém que antes tinha o zelo de Deus, mas que se
torna fria, Mateus 24.12, que outrora obedecia à Palavra,
mas que, se deixando levar pelo mundanismo, tem
interrompido pelo pecado o seu crescimento espiritual e
a manifestação do fruto do espírito Santo, Mateus 13.22.
No Novo Testamento o desviado é a pessoa salva que
outrora pôs a mão ao arado, mas que olhou para trás,
na expiação
Lucas 9.62, que age como a esposa de Ló, Lucas 17.32,
que mantinha comunhão vital com Cristo, mas que
rompera esta comunhão, se tornando um cristão seco,
Página 34 de 65
estéril e inútil espiritualmente, João 15.6, que outrora
obedecia à voz da consciência cristã purificada, mas que
embrutece a consciência cristã e se deixa levar pelo
mundanismo, 1 Timóteo 1.19, que antes se alegrava em
ser cristão, mas que agora se envergonha de confessar a
Jesus como seu Senhor, 2 Timóteo 1.8 e 2.12, e que
outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas
que voltou, virando as costas para Jesus, age como uma
porca lavada, mas que volta ao chiqueiro da lama fétida
e chafurda no pecado, 2 Pedro 2.22.
Porém, há aqueles cristãos evangélicos sinceros que
interpretam o termo caíram, παραπεσόντας, de
Hebreus 6.6, bem como a afirmação do verso sobre a
impossibilidade de retorno para a graça como uma
prova de que é possível que um salvo perca a salvação.
Na verdade, penso que o problema maior neste debate
é a interpretação do Texto Sagrado sem se levar em
consideração o contexto no qual as afirmações estão
colocadas e, o que é pior, sem levar em consideração a
asseveração de Jesus em seus ensinos. Jesus assevera
que as suas ovelhas jamais serão arrebatadas,
arrancadas, de suas mãos, João 10.28-29.
Embora eu creia na asseveração de Jesus e tenha a
convicção de que a pessoa que é verdadeiramente salva
jamais perderá a sua salvação, mesmo que por algum
tempo se desvie, Salmo 32 e 51, penso que é relevante
estudarmos, mesmo que de passagem, sem maior
aprofundamento, a doutrina calvinista e a arminiana
sobre o tema.
5.1 Postulados do Calvinismo
A doutrina de Calvino sobre o tema é na verdade uma
releitura dos postulados de Santo Agostinho em sua
interpretação da doutrina de Paulo sobre a livre graça.
Para Calvino, a salvação é inteira e unicamente um ato
de Deus no qual o homem nada absolutamente pode
fazer para sua salvação. Até mesmo o ato de o homem
se arrepender, crer e aceitar a Jesus Cristo só possível ao
homem por causa do poder atrativo do Espírito de Deus
(PEARLMAN, 2005, p. 171).
Calvino assim cria por entender que a vontade do
homem se corrompera desde a queda, razão pela qual,
sem a ajuda de Deus, o homem jamais poderia se
arrepender, crer e escolher corretamente a salvação.
Para ele, a completa servidão da vontade do homem ao
mal exige que a salvação seja operada senão por eterno
decreto de Deus, que fixa sua extensão e suas condições,
bem como a predestinação, pois Calvino acreditava que
Deus havia predestinado alguns para a salvação e outros
para a perdição.
Posto que Deus predestinou certos indivíduos para a
salvação, Cristo morreu unicamente pelos “eleitos” e a
expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu
se perdessem. Dessa doutrina, a Predestinação, resulta a
convicção doutrinária da maioria dos calvinistas, dentre
eles os Presbiterianos do Brasil, de que “uma vez salvo,
salvo para sempre” (PEARLMAN, 2005, p. 172).
Os defensores da doutrina da “segurança eterna”
apresentam João 10.28-29, Romanos 11.29, Filipenses 1.6,
1 Pedro 1.5, Romanos 8.35 e João 17.6 como referências
bíblicas para sustentar sua posição e convicção
doutrinária (PEARLMAN, 2005, p. 172).
5.2 Postulados do Arminianismo
A doutrina arminiana sobre o tema parte da convicção
de que a vontade de Deus é a que todos os homens
sejam salvos, sendo justamente por isso que Cristo
morreu por todos, 1 Timóteo 2.4-6, Hebreus 2.9, 2
Coríntios 5.14 e Tito 2.11-12 (PEARLMAN, 2005, p. 172).
A fim de salvar a todos os homens, Deus oferece sua
graça a todos e embora a salvação seja uma obra de
Deus, absolutamente livre e independente de nossas
boas obras ou méritos, como um ser racional e moral o
homem tem a responsabilidade pessoal e moral de
escolher aceitar a graça de Deus ou de resistir e rejeitar a
manifestação dessa graça em sua vida, optando, em seu
livre-arbítrio, pela salvação em Jesus Cristo ou pela
perdição eterna no pecado.
Armínio não nega o fato de as Escrituras ensinam a
predestinação, mas não entendia e nem aceitava a
argumentação de que Deus predestina alguns para a
vida eterna e outros para o tormento eterno no inferno.
Para Armínio Deus predestina a todos os que querem e
aceitam a salvação, posto que o plano de Deus para a
nossa salvação em Jesus ser tão amplo e abrangente a
ponto de incluir a todos que realmente desejam ser
Página 35 de 65
salvos e que, embora possam optar pela perdição, são Na verdade, faz-se necessário a busca deste equilíbrio,
eleitos segundo a presciência de Deus para a salvação. visto que os postulados defendidos tanto pelo
Calvinismo como pelo Arminianismo são ensinadas nas
A doutrina da predestinação é mencionada no
Escrituras Sagradas.
arminianismo não com um propósito especifico, mas sim
com propósito prático (PEARLMAN, 2005, p. 172). A diferença é que enquanto o Calvinismo exalta a graça
de Deus como a única fonte de salvação o Arminianismo
Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que
acentua a livre vontade e responsabilidade do homem.
essa graça preveniente, concedida a todos os homens,
não é uma força irresistível, que leva o homem A solução prática consiste em evitar os extremos
necessariamente à salvação. antibíblicos de uma e de outra doutrina, evitando o
antagonismo doutrinário divisionista entre os cristãos
(PEARLMAN, 2005, pp. 174-175).
Graça Preveniente é a Teologia Cristã que tem
como pano de fundo os postulados de Santo 5.3 A Doutrina Batista sobre Eleição

Agostinho e que foi abraçada primeiramente pelos

Jorge Pinheiro - Pastor Batista, Teólogo e Professor de
cristãos arminianos e mais tarde pelos seguidores de
Teologia Sistemática na Faculdade Teológica Batista de
Wesley, fundador do Metodismo, que a denominava
São Paulo.
de Graça Precedente.
A partir do que vimos, podemos dizer que existem
A Graça Preveniente precede a decisão humana e
algumas tendências no pensamento teológico em
existe antes de e sem referência a qualquer feito
relação à doutrina da eleição e sua influência sobre a
humano.
questão da perseverança dos salvos, em especial à

Os homens, corrompidos pelo pecado, carecem da tensão existente entre a soberania de Deus e a liberdade

Graça Preveniente que é que possibilita o exercício de consciência e ação e ao uso pleno da razão por parte

do livre-arbítrio dado por Deus e que permite do ser humano.

escolher a salvação oferecida por Deus em Jesus

A tendência chamada minimalista, que olha a questão
Cristo ou rejeitar a oferta salvífica.
de cima, a partir da soberania de Deus, e nega toda a

Vale ressaltar que Agostinho disse que a Graça possibilidade da liberdade humana, de consciência livre e

Preveniente não pode ser resistida, mas os escolha.

arminianos e wesleyanos acreditam que ela permite

A tendência chamada maximalista, que olha a questão
a escolha, mas não assegura a aceitação pessoal do
de baixo, a partir de nossa humanidade, e não vê
dom da salvação.
limitação à possibilidade do ser humano responder de

Para Armínio, a graça irresistível violaria o caráter pessoal forma livre ao chamado de seu Criador.

da relação entre Deus e o homem. Mas há uma superação dialética dessa contradição, que

Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade defende que o ser humano pode e deve apoiar sua

de resistir a Deus, que já possuíam antes da operação da resposta à eleição e ao chamado de Deus em sua

graça, sendo responsabilidade do homem para a sua liberdade de ação e consciência, assim como no uso da

salvação não resistir ao Espírito Santo que o convence razão, embora tal processo deva ter como ponto de

dessa graça. partida a revelação.Analisemos, então, o pensamento

doutrinário Batista sobre o tema:
Os arminianos, para defender a sua doutrina, citam
Romanos 5.18, João 1.9, 1 Timóteo 4.10, 1 João 4.8, João Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a

3.16, 1 Timóteo 2.4, 2 Pedro 3.9, Atos 7.51, Lucas 7.30 e eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por

Mateus 23.37 como base bíblia para seus postulados. qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.

Página 36 de 65
Antes da criação do mundo, Deus, no exercício de sua
soberania divina e à luz de sua presciência de todas as
coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou
glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam
livremente o dom da salvação. Ainda que baseada na
soberania de Deus, essa eleição está em perfeita
consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos
os seres humanos.
A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em
Cristo e estão guardados pelo poder de Deus. Nenhuma
força ou circunstância tem poder para separar o crente
do amor de Deus em Cristo Jesus. O novo nascimento, o
perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a
eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos
a permanência na graça da salvação. (Declaração Doutrinária
da Convenção Batista Brasileira, “Eleição”, in Rumo e Prumo, 3. ed.
Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, Secção do Estado de São Paulo,
dezembro de 2004, p. 26.)
Reconhecemos que existe uma tensão entre infinito e
finito, entre o que está em cima e o que está embaixo.
Mas, para nós batistas, a Doutrina da Eleição é uma
síntese que equilibra a tensão.
Dessa maneira, segundo sua graça imerecida, Deus
opera a salvação em e através de Cristo, de pessoas
eleitas desde a eternidade, chamadas, predestinadas,
justificadas e glorificadas à luz de sua presciência e de
acordo com o livre-arbítrio de cada um e de todos, 1
Pedro 1.2, Romanos 9.22-24, 1 Tessalonicenses 1.4,
Romanos 8.28-30 e Efésios 1.3-14.
E assim a Doutrina Batista apresenta seus quatro pontos
fundamentais:
1. Todos são eleitos.
2. Deus opera a salvação em e através de Cristo pelo
favor imerecido de sua graça.
3. Deus é pré-ciente.
4. De acordo com o livre-arbítrio, desde a eternidade,
Deus elege, chama, predestina, justifica e glorifica. Nós
batistas entendemos que salvação implica
regeneração, que é ato inicial em que Deus faz nascer
de novo o pecador perdido. É obra do Espírito Santo,
quando o pecador recebe o perdão, a justificação, a
adoção de filho de Deus, a vida eterna e o dom do
Espírito Santo. Neste ato de regeneração, o novo crente
é batizado com o Espírito Santo e é por ele selado para
e o dia da redenção final, liberto do castigo eterno de seus
pecados.
Há duas condições para o pecador ser regenerado:
Arrependimento e Fé.
O arrependimento implica em mudança radical do
homem interior, que significa afastar-se do pecado e
voltar-se para Deus.
A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como
Salvador e a total entrega da personalidade do pecador
a ele. Nessa experiência de conversão o ser humano
perdido é reconciliado com Deus, que lhe concede
perdão, justiça e paz. Assim, a partir da consistência
ontológica do humano, somos levados à necessidade de
uma análise antropológica para a teologia. Quando
descartamos a reflexão sobre o ser humano a quem
Deus fala, temos um discurso meramente ideológico,
distanciado do homem e da mulher verdadeiros e da
realidade em que vivem e transformam. Temos, então,
um ser humano-mito, onde os fatos natural e histórico se
transformam em alegoria.
O pressuposto fundamental dessa reflexão antropológica
para a teologia é a imago Dei que traduz a verdade de
que a compreensão de Deus, através de seu Cristo, leva
à compreensão do ser humano e de sua razão de existir.
Não se trata de conhecer o ser humano para conhecer a
Deus, porque o homem não é Deus, mas o contrário.
Nesse sentido, a antropologia correta parte da revelação.
Não utilizamos o conceito do teólogo Tomás de Aquino
de analogia em seus dois sentidos, como se fosse
possível ao homem conhecer a Deus a partir de si
próprio, mas acreditamos que as necessidades e anseios
do espírito humano apontam para aquilo que ele
perdeu.Se a revelação é uma conversa entre Deus e o
ser humano, em Cristo, é a partir desse diálogo que
temos os elementos fundamentais para conhecer aquilo
que Deus deseja que sejamos.
em (Imago Dei é a expressão latina utilizada na Teologia Cristã para se referir
à forma como o homem foi criado por Deus, de acordo com a narrativa
de Gênesis 1.26-27. Porém, para aprofundamento do estudo sobre o
tema é aconselhável a leitura de BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática.
Campinas/SP: Luz para o Caminho, pp. 202-210.),
Página 37 de 65
Nesse sentido, por mais decaído que esteja o ser
humano, ainda lhe resta à liberdade de consciência
necessária para aceitar ou não esse diálogo proposto
pelo Criador.
Por isso, nós batistas consideramos que a missão do
povo de Deus é a evangelização do mundo, visando à
reconciliação do ser humano com Deus.
É dever de todo discípulo de Jesus Cristo e das igrejas
proclamarem, pelo exemplo e pelas palavras, a realidade
do evangelho, fazendo novos discípulos de Jesus Cristo
em todas as nações.
Cabe às igrejas batizá-los, ensinando-os a observar o
que Jesus ordenou.
A responsabilidade da evangelização estende-se até os
confins da terra e, por isso, as igrejas devem promover a
obra de missões, pedindo a Deus que envie obreiros
para a sua seara.
Para fechar este tema, devo ressaltar que há diversos
textos bíblicos que ensinam que aqueles
verdadeiramente nasceram de novo, os cristãos
genuinamente salvos, perseverarão na vida cristã até a
morte, permanecendo com Cristo na eternidade, João
6.38-40, uma vez que foram dados a Jesus, o Filho, pelo
Pai, Deus, e jamais se perderão.
Essa verdade é salientada, de certa forma, em João
10.27-29, em especial na declaração de Jesus de que
aqueles que o seguem, que verdadeiramente são suas
ovelhas, recebem a vida eterna e não podem, por isso,
ser arrebatados, arrancados, de suas mãos, posto que
aqueles que seguem a Jesus e que são verdadeiramente
salvos jamais perecerão, ou seja, jamais serão separados
de Cristo ou perderão a salvação (GRUDEM, 2005, p.
372).
Até mesmo os escritos de Paulo e de Pedro, que
aparentemente, segundo aqueles que defendem a perda
da salvação, apontam para a perseverança dos salvos,
como podemos ler em Romanos 8.1, Efésios 1.13-14, 1
Pedro 1.5, Romanos 13.11 e 1 Pedro 2.2. Porém, devemos
ter em mente que a perseverança do salvo está
relacionada à perseverança na fé e na vida cristã, como
participantes da vida em Cristo e vencedores, depois de
muitas provações, que são atitudes que atestam a
verdadeira e genuína salvação, João 8.31-32, Mateus
10.22, Colossenses 1.22-23 e Hebreus 3.14 (GRUDEM,
2005, pp. 373-374)
CONCLUSÃO
O estudo da Cristologia e da Soteriologia é fundamental
para a Teologia Sistémática e Dogmática, sendo o ponto
de partida para toda a Teologia Cristã genuinamente
bíblica e séria.
Se não aprofundamos o estudo da Cristologia e da
Soteriologia corremos o risco de desenvolvermos e
pregarmos uma teologia subcristã, que pode vir a ser
uma teologia filosófica, como as de Hegel e de Kant, ou
uma teologia genérica, cristã apenas na roupagem, mas
que desembocam em relativismo teológico, doutrinário e
ético, esvaziando, por isso, o sentido da verdadeira
Teologia Cristã (STURZ, 2012, pp. 170-171).
É a Cristologia o elemento refinador da Teologia Cristã e
o que nos ajuda a evitar distorções sobre o Homem
Jesus, bem como sobre Jesus Deus, sem, contudo,
que
projetar nuvens nebulosas sobre a natureza e o caráter
de Deus Pai e sobre a Teologia Trinitária expressa no
Novo testamento e enraizada na doutrina dos apóstolos
(STURZ, 2012, p. 171).
Em relação à Soteriologia, devemos ter em mente que só
é possível entender e compreender a Doutrina da
Salvação se a estudamos a partir da paradoxal distância
que separam o homem pecador de Deus, que Santo,
Justo e Bom (STURZ, 2012, p. 395).
Se temos bem definida na mente e no coração a
Doutrina de Cristo, e a Cristologia, por certo estaremos
habilitados para estudarmos a Soteriologia e para
compreendermos as razões divinas que o impulsionaram
à encarnação, em busca do Homem pecador,
adquirindo, pela encarnação de Jesus as limitações
humanas, a fim de morrer pelos nossos pecados, para
nos salvar e nos livrar da perdição eterna no pecado e
no inferno.
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
............................................................................................................
Página 38 de 65
 CAPÍTULO 6 - ECLESIOLOGIA –Doutrina da Igreja
INTRODUÇÃO.
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela...”(Mateus 16:18).
Figura-Fonte: http://wwwherciliogoncalves.blogspot.com/2011/03/eclesiologia-doutrina-
da-igreja.html
O objetivo aqui é mostrar que Eclesiologia é uma
doutrina que pode, e deve, ser conhecida por aqueles
que fazem parte de uma igreja.
Ser arrolado a um grupo denominado “igreja”, é muito
mais sério e importante do que muitos pensam. A igreja
não é uma instituição humana, e isto faz dela um grande
canal que pode conduzir o homem à Jesus Cristo.
1. A identidade da igreja.
Sempre ao associarmos Deus ao homem, em se tratando
de relacionamento, podemos afirmar que Deus, o
Criador, não só se preocupa com o relacionamento entre
o homem com Ele, mas também entre os homens uns
com os outros.
Isto é afirmar que o relacionamento com Deus está
relativamente, ligado com um corpo
pessoas (ver, Gn 2:18; 9:8-9; 12:1-2; 15:1-5; 28:14), estes
textos bíblicos são exemplos da
pessoas,no relacionamento entre a criatura e o Criador.
A igreja, não só faz com que o relacionamento do
homem e Deus sejam correto, como ao mesmo tempo,
transforma os homens, genericamente, em um corpo
mais unido. Por esta razão a igreja é tão importante para
a humanidade.
Isto não significa que a igreja seja mais importante que
Jesus Cristo, mas, ela tem um papel de extrema
importância na vida dos seres humanos.
1. 1. Conceito.
A Palavra “igreja” encontrada no Novo Testamento vem
da palavra grega “Ekklesia” (Ekklesia) que significa “um
grupo chamado para fora” “convocado” ou “assembléia”,
não religiosa em seu sentido literal; como exemplo,
podemos citar a passagem bíblica de Atos 19:39 onde
lemos as seguintes palavras: “E se demandais alguma
outra coisa, averiguar-se-á em legítima assembléia
(ekklesia).”
O melhor conceito para “Ekklesia” traduzido como igreja
no Novo Testamento é:
Um grupo de pessoas que foram chamadas à parte, ou
para fora de outro grupo de pessoas, com um propósito
específico. No caso dos cristãos, um grupo de pessoas
que foram chamadas para Jesus, em comunidade, que
reconhecem o Seu senhorio como legislador da igreja.
Partindo deste princípio, podemos conceituar a igreja em
dois sentidos ou de duas maneiras.
1. 1. 1. Igreja universal de Jesus (igreja invisível).
Chamada também de Igreja organismo- É a reunião de
todos os salvos desde o pentecostes até ao
arrebatamento (At 2.1-4-; I Ts 4.13-18). È atualmente o
corpo de Cristo em formação, e quando ela estiver
completa, ser-lhe-a apresentada como esposa. Ela é
também conhecida pelas seguintes figuras:
comunitário de
- O Corpo de Cristo: Rm 12.4-5; I Co 12.12-27; Cl 1.18
pluralidade de - A Esposa de Cristo: II Co 11.2; Ef 5.31-32; Ap 19.7
- Edifício: Ef 2.21-22; I Pd 2.4-6
- Santuário do Espírito Santo: I Co 3.16-17
- Novo Homem: Ef 2.14-15
A igreja é chamada de universal porque é composta de
todos os verdadeiros salvos de todos os lugares. Invisível
porque, nesta condição, não pode ser vista e nem
colocados os seus membros juntos. Esta é a igreja
Página 39 de 65
referida em todos os textos bíblicos com associação estou dizendo que nossas atitudes, no local de reunião,
pessoal com Deus Pai ou Jesus (Mt 16:18; 1Co 15:9; Ef devam ser de igual modo que agimos, certas vezes, fora
5:25; e outras). dele. Estou dizendo que devemos viver, como igreja,
onde quer que estivermos, dentro ou fora do templo. A
1. 1. 2. Igreja local (Congregação).
igreja é assim denominada por causa dos seus
escolhidos, não por existir um lindo edifício. (1Pe 2:9-12).
É possível fazer parte de uma igreja local, e não se estar
incluído na igreja universal de Jesus. Em várias passagens
Curiosidades: A palavra “Ekklesia” traduzida para igreja,
bíblicas onde se encontra a palavra “Ekklesia” traduzida
só aparece em um dos evangelhos, Mateus 16:18 e 18:17,
para igreja, está se referindo a uma congregação ou uma
no primeiro caso, a primeira vez que Jesus usou esta
igreja local (At 8:1; Rm 16:16; 2Tes 1:4 e outras), neste
expressão, e também no Novo Testamento. A Palavra
sentido, encontramos noventa e dois casos registrado no
“Ekklesia” aparece no Novo Testamento 115 vezes.Por
Novo Testamento. Quando perguntamos a um cristão
duas vezes, esta se refere à congregação hebraica do
onde é sua igreja, imediatamente lhe vem à mente o
Senhor (At 7:38; Hb 2:12). Por Três vezes está se
endereço do local onde ele se reúne com outros cristãos
referindo à assembléia grega (Atos 19: 32, 39, 41). As
para cultuar a Deus. Sendo assim, podemos conceituar a
outras colocações encontradas (110 vezes), referem-se à
igreja local da seguinte maneira:
igreja cristã, e em grande maioria trata-se de uma igreja
local.
Igreja Organizada, Um grupo de pessoas chamadas a
Cristo que se reúnem em um determinado local (em sua
1. 2. A origem da igreja.
maioria um local fixo), com a finalidade de viver em
comunidade, tendo plena certeza do senhorio de Jesus Para se identificar qualquer instituição, é imprescindível
Cristo sobre eles. que se conheça sua origem, mesmo que basicamente.

1. 1. 3. Sempre se referindo a pessoas. A igreja, como a mais importante das instituições, teve
seu ponto de partida. A igreja universal de Jesus teve sua
Sempre que a Bíblia usa a palavra “Ekklesia” traduzida
origem juntamente com o plano de salvação, ao formar
para igreja, está se referindo a pessoas, nunca a um
o homem, pois o Senhor na sua soberania já tinha em
edifício. Tanto a igreja local como a igreja universal de
mente o que viria, porém a igreja cristã, propriamente
Jesus, são chamadas de igrejas, porque a composição de
dita, teve uma origem bem depois disto. Estaremos
formação é feita de pessoas chamadas para Jesus Cristo,
observando os principais fatores que marcaram a origem
e principalmente em Jesus Cristo (1Pedro 2:1-10). Isto é
da igreja.
afirmar que: onde quer que estejam este grupo será
sempre chamado de igreja. Quando somos questionados 1. 2. 1. Sua origem profética.
a respeito dos trabalhos da igreja onde congregamos,
respondemos sempre pensando nos fatos ocorridos
dentro ou próximos das “quatro paredes”. Quase não
Nada é revelado sobre a Igreja no V.T, a igreja é um

pensamos no que tem acontecido fora dela, por onde os

mistério ou, sagrado segredo do Novo Testamento.
Jesus foi enviado aos seus, e estes rejeitaram o Salvador
membros têm andado e vivido.
e por esta razão a Igreja corpo de Cristo teve sua origem

Não podemos proibir um jovem casal de namorados a através do evangelho sendo levado a todas as nações e

ficarem namorando dentro do templo, e permitir que não mais sendo um privilégio de uma só nação.

fora dele possam fazer o que quiserem. Se determinadas

Um outro detalhe que deve ser observado, é a profecia
músicas não podem ser ouvidas e nem tocadas dentro
feita por Joel, onde lemos as seguintes palavras: “Vós,
do templo, porque serem liberadas do lado de fora? Não
pois, sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu

Página 40 de 65
sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu
povo nunca mais será envergonhado. Acontecerá
depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a senão:
carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
anciãos (velhos) terão sonhos, os vossos mancebos
(jovens) terão visões; e também sobre os servos e sobre
as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” (Joel
2:27-29). Haveria um tempo onde o Espírito Santo de
Deus seria derramado sobre os homens. E muitos
poderiam viver no domínio do Espírito. Não seria
privilégio de poucos, não só os profetas e poucos
homens teriam suas vidas tomadas pelo Santo Espírito.
Privilégio este, dado á Igreja no dia de Pentecoste,
quando tudo começou.
O QUE NENHUMA IGREJA É :
Antes de tudo, relembremos a definição extraída dos
dicionários de grego e das páginas do Novo Testamento
(compare, por exemplo, com At 2:37-47):
"Cada igreja (ekklesia) neotestamentária é um grupo , um
corpo local e organizado de pessoas que já foram salvas
do caminho do Inferno (isto é, o Espírito Santo já as
"chamou para fora" do mundo e do pecado, e elas
biblicamente arrependeram-se, creram, foram
regeneradas, convertidas. He 12:23), depois pediram e
foram imersas em água e arroladas como membros
daquela igreja local. Os membros de cada igreja se
reúnem física e CORPORALmente, 1 OU MAIS VEZES
POR SEMANA, num mesmo LOCAL FÍSICO, para,
TODOS eles, [física e espiritualmente] JUNTOS,
cultuarem a Deus com uma só doutrina e prática
(perfeitamente definidas; e unanimemente cridas e
defendidas entre os seus membros; e absolutamente
neotestamentárias).".
a. Não é Substituição / Continuação / Expansão de Israel,
nem da Lei
Em todos os sentidos de igreja , ela não é substituição /
continuação / expansão das sinagogas; nem da Aliança
com Abraão em Gn 12 ("Teologia do Pacto"); nem
começou com Adão em Gn 3. Pensar que a igreja é a
substituição / continuação / expansão de Israel (ou seja,
do Pacto com Abraão, Gn 12) ou a substituição /
continuação / expansão do regime da Lei (Ex 19:8 + 2:2-
17), é erro gravíssimo, que nunca deve ser cometido,
- aplicaremos a nós mesmos promessas e exigências do
Velho Testamento que são específicas aos judeus;
-aplicaremos as nossas promessas e bênçãos a Israel;
-faremos da Doutrina das Últimas Coisas um caos
absurdo;
-poderemos resvalar para Judaísmo Cristão, Cristianismo
Messiânico, legalismo, Adventismo do 7o. Dia, Israelismo
Britânico, Mormonismo, Teologia do Pacto, etc.
Versos chaves mostrando que "ekklesia" difere de Israel:
Tiago, no Concílio de Jerusalém, diferenciou entre igreja
e Israel / Lei: (At 15:13-21); (Mt 9:17)
A lição é que o novo (a igreja local) não deve ser
misturado com o velho. Israel (e a dispensação da Lei) e
as igrejas locais (e a dispensação da Graça) não podem
ser misturados nem confundidos em sequer 1 só
milímetro.
(*) Não se pense que um odre novo agüentaria a
pressão da fermentação: nenhum odre, velho ou novo, o
faria!
O que é necessário é que aquilo que é novo não seja
contaminado pelo que é antigo: ao se abrir o odre velho,
a crosta nele depositada contamina-se em contato com
o ar; e o novo e puro suco de uva, que nele vier a ser
colocado, fermentará, e o romperá.
(**) Sem resíduos velhos, contaminantes. (Rm 11:18, 25,
26). As igrejas locais não substituíram nem são a
continuação de Israel.
(1Co 10:32). Note que "judeus ... gregos ... igreja ..." são
três coisas diferentes! Este é o verso chave, o verso mais
claro, irrespondível e incontornável: Israel, os gentios, e
as igrejas locais, são as 3 partições disjuntas da
humanidade! Ninguém pertence a duas dessas partições,
elas nada têm em comum uma com outra, cada pessoa
está em uma e somente uma delas.(Gl 3:24-26)
Outras referências: Rm 10:1 ("irmãos" é diferente de
"Israel"); Rm 11:1 Notemos a distinção entre "irmãos" (os
Página 41 de 65
salvos da igreja local que havia dentro da cidade de
Roma) e "Israel". (* Israel).
Deus não rejeitou Israel, não a substituiu pelas igrejas
locais. Cada uma das promessas e características de
Israel continua valendo literalmente, para a Israel literal.
"Igreja" (ekklesia) nunca se refere a uma nação; ao passo
que "Israel" sempre o faz!
RESPOSTAS A POSSÍVEIS OBJEÇÕES:
- Fp 3:3 não anula os versos acima, apenas deve ser
visto no seu contexto imediato de condenar os
judaizantes, falsos cristãos que estavam pressionando os
verdadeiros a se circuncidarem e guardarem a lei
cerimonial dos judeus.
a paz," (Ef 2:15. Também Cl 3:11) (*) Note que esta mortal
inimizade era entre judeus e gentios. (**) Note que esses
dois são, de um lado os judeus, de outro lado os gentios.
Cada "igreja neotestamentária, local, de chamados para
fora", constitui uma nova classe formada por EX-gentios
e EX-israelitas, agora crentes. Antes da cruz, o mundo se
dividia em 2 classes (judeus e gentios); depois da cruz, se
divide em 3 classes (judeus, gentios, e cristãos). E não faz
diferença se eu era judeu ou gentio antes de ser salvo:
agora, sou apenas cristão, sem nenhum laço com o
passado. (Esses modismos que se auto intitulam de
"judaísmo cristão", "cristianismo judaico", "judeus
messiânicos", etc., são completas heresias antibíblicas dos
últimos dias).
Contraste "Ekklesia" vs. Israel-Lei:

Tudo o que Fp 3:3 ensina é que nós não precisamos de

Salvo individual; e igreja
circuncisão física, basta-nos a espiritual: "Porque a
local; e igreja local
circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito,
Israelita individual, e Israel: totalizada futura; e igreja
e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na
local tomada como
carne." (Fp 3:3). De modo algum isto anula as promessas
substantivo abstrato:
específicas a Israel e no-las transfere, compare com Rm
11, todo o capítulo.- Rm 9:6, etc., não provam que
Tem promessas e provisões Tem promessas e provisões
somos substituto ou contaminação ou expansão de
terrestres Ex 15:26; Dt 28 celestiais Ef 1:3; Cl 3:1-3
Israel, mas sim que nem todo aquele que é fisicamente
israelita o é espiritualmente.
É semente física de Abraão É semente espiritual de
Rm 9:7 Abraão Gl 3:7
Há duas Israel, distintas: há a Israel física (cada israelita
físico no máximo herdou, durante sua vida física, as Veio por nascimento
promessas das bênçãos materiais ao seu corpo mortal, Veio por nascimento físico
espiritual
na terra de Israel), e há a Israel espiritual (cada israelita
espiritual [de antes da cruz e de depois do É cidadão do Céu, não da
Pertence a esta terra e ao
arrebatamento dos salvos na dispensação das igrejas], terra. Aqui é estrangeiro,
durante o Milênio virá a herdar toda a plenitude das sistema do mundo
peregrino e embaixador
bênçãos que lhe foram prometidas, tanto as espirituais
quanto as materiais): "Não que a palavra de Deus haja Forma uma só nação Pode ser de todas as nações
faltado, porque nem todos os que são de Israel (*) são
israelitas (**);" (Rm 9:6) (* Israelitas físicos, só pela Deus é relatado como Pai
Deus não é relatado como
descendência física) (** Israelitas físicos e espirituais, de cada crente
Pai de nenhum israelita
crendo de todo o coração e obedecendo de todas as neotestamentário Rm 8:15;
individual
forças, em toda a sinceridade, portanto crendo Cristo) 1Jo 3:1

A igreja é composta por "NOVOS HOMENS": Está sob o presente Está livre de todo presente
julgamento da ira de Deus julgamento da ira de Deus
"Na sua carne desfez a inimizade (*) isto é, a lei dos Rm 10:21; 11:8 Cl 2:13-15
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar
em si mesmo dos dois (**) um NOVO! HOMEM, fazendo

Página 42 de 65
 É (cada crente é) filho de
Foi o servo de Deus Is 41:8
Deus Jo 1:12; 1Jo 3:1
a-Cristo morresse na cruz, pois ela ( a noiva ) precisava
ser redimida pelo seu sangue. (Efésios 5:25-27)
É a noiva virginal e fiel,
É a esposa infiel Is 54:1-17;
aguardando as núpcias, que b-Cristo ressuscitasse, pois só assim ela participa da vida
Jr 3:1,14,20; Ez 16:1-59; Os
se realizarão no Céu 2Co ressurrecta de Cristo.Ele é as primícias dos que
2:1-23
11:2; Ap 19:7-9 ressuscitam de entre os morto.Col. 1:18 ;I Cor. 15:3,4,23 )

Cristo lhe foi pedra de
tropeço 1Co 1:23; 1Pd 2:8
Cristo lhe é o Fundamento,
é a Pedra Principal de
Esquina Ef 2:20-22; 1Pd 2:4-
5
c-Cristo subisse novamente aos céus , pois ele , Cristo,
precisava tornar-se cabeça de todas as coisas. ( Efésios
1:20-23 )
d-O Espírito Santo descesse no dia de Pentecostes, pois

Jesus lhe é O Messias (O ela só poderia ser formada através do presente

Cristo, O Ungido) e O Rei
Jo 1:49
O Espírito Santo rara e
temporariamente veio
sobre (visitou) uns
pouquíssimos israelitas
Tinha um só Templo físico, espiritual, cada crente é um
de pedras Ex 25:8
Cristo lhe é O Salvador, O
ministério do Espírito Santo, batizando em um só corpo
Noivo, e A Cabeça Ef 5:23
e fazendo os membros beberem de um só Espírito ( I
Coríntios 12:13 )
O Espírito, sem exceção e
permanentemente, habita Seus membros:
em cada crente
neotestamentário 1Co 6:19 São templo do espírito Santo- ( I Corintios 3:16,17 ) A
significação simbólica e profética do templo é
Cada igreja é um templo quádrupla.
templo feito com o seu - È típica do próprio céu,isto é,do santuário não feito por
coração espiritual Ef 2:21 mãos humanas ( Hebreus 9:24 ).

Verso chave: "Portai-vos de modo que não deis
escândalo: [1] nem aos JUDEUS, [2] nem aos GREGOS,
nem [3] à IGREJA DE DEUS." (1Co 10:32). (Note as três
classes disjuntas: judeus, gentios, igreja.)
- È típica do corpo do crente, que é o santuário ou
templo do Espírito Santo ( I Corintios 6:19 )
- È típica da Igreja que está sendo edificada para a
habitação de Deus no Espírito( Efésios 2:21,22; I Corintios

1. 2. 2. Sua origem histórica- Formação. 3:16 ). Nessa analogia , os crentes são representantes

-Cristo profetizou que iria construir sua igreja. ( Mateus como pedras da construção que, unidas umas ás outras

1618 e 18:17 ) O apóstolo Paulo disse que o edificio constituem “casa espiritual” e “Templo do Espírito Santo”.

“cresce” para santuário dedicado ao Senhor

Podemos afirmar oficialmente a formação da igreja, no
dia de Pentecostes, onde a promessa se cumpriu. (Atos
2:1-13), quando o Espírito Santo é derramado e as
pessoas que estavam reunidas no cenáculo são tomadas,
interiormente, pela Pessoa que haveria de ser o outro
“Consolador” (João 14:15-17).
A Igreja corpo de Cristo não poderia existir até que:
- O templo também é típico do corpo físico de Cristo. (
João 2:19-21 ).
A igreja é edificada sobre a Pedra fundamental que é
Cristo, e sobre o fundamento dos apóstolos e profetas.( I
Corintios 3:10, Efésios 2:20,21).
Os crentes são as pedras vivas . Cada nova pedra deve
ser unida, pregada ou cimentada á Pedra principal, Jesus
Cristo.( I Pedro 2:4-8 ).

Página 43 de 65
Cada crente verdadeiro é um sacerdote santo, escolhido seu Senhor.(Romanos 1:1, Judas 1, I Pedro 2:16) Também
por Deus , com livre acesso á presença de Deus, pelo aplica para os serviço aos homens. ( II Corintios 4:5, I
novo caminho de seu sangue. ( Hebreus 10:19-25 ).Deve Corintios 9:16). 2-Leitourgos> Ministro com referência
portanto congregar com outros irmãos , admoestando e especial á responsabilidade perante Deus. ( Romanos
edificando uns aos outros. 13:6, 15:16)-Ministério da oração e Palavra.3-
Diaconia>Serviço- ( Atos 6:4; II Corintios 11:8)- A idéia é
Na terra a igreja é vista como testemunha peregrina. do serviço como garçon. Serviço feito para outros,
Não são deste mundo, assim como Cristo não é deste servindo ao próximo.
mundo ( João 17:16 ) .
Pode ser feito de três maneiras : dando sacrificialmente,

No princípio, praticamente todos os membros da igreja orando e indo.

eram verdadeiramente regenerados. “ E todos os dias

No serviço do Senhor o mensageiro deve estar disposto
acrescentava o Senhor á Igreja os que iam sendo salvos.
a : Ser colocado onde o Espírito deseja, conhecer com
“ Atos 2:47. Entrar na igreja não era uma questão de
precisão as doutrinas do evangelho da graça e ser cheio
unir-se a uma organização, mas sim tornar-se membro
do Espírito santo, ou então lhe faltará uma verdadeira
de Cristo, assim como o ramo é enxertado na árvore. No paixão pelos perdidos e ousadia para anunciar
transcurso do tempo entretanto, conforme a igreja
incansavelmente o evangelho. ( Atos 4:20, 1:8 )
aumentou em número e em popularidade, o batismo e a
catequese tomaram o lugar da conversão, dando lugar 1. 3. Títulos bíblicos dados à igreja cristã.
assim a pessoas não genuinamente salvas dentro da
igreja. Podemos chamar de títulos bíblicos dados à igreja,
algumas colocações usadas na Bíblia que se refere à
SUA MISSÃO:
igreja cristã. Observe:
Deus por meio dela está fazendo conhecida sua
sabedoria . ( Efésios 3:10.). Deus comissionou o individuo, 1. 3. 1. O povo de Deus.

o serviço cristão é o exercício do dom pessoal dado a

(1Pe 2:9-1) -É impossível desassociar o povo de Israel,
cada crente pelo poder do Espírito Santo. Nenhum
chamado carinhosamente por Deus de “sua propriedade
trabalho para a igreja é um sucesso até que seja um
peculiar”, ou melhor, propriedade particular e
programa de trabalho para o individuo.
intimamente ligada ao dono (Ex 6:7; 19:5 Tito 2:14),
O propósito de Deus para a igreja no mundo não é uma
conversão total dele. O mundo será totalmente 1. 3. 2. O corpo de Cristo.
convertido durante o milênio. Seu propósito é completar
a igreja, o corpo de Cristo.( Atos 15:13-19 ). O ministério “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus
do crente de ganhar almas e edificar o corpo de Cristo membros”(1Co 12:27). Este título parece ser o preferido
continua até que todos cheguem á unidade da fé, do do Apóstolo Paulo.

pleno conhecimento do Filho de Deus, a perfeita

varonilidade, a medida da estatura de Cristo. ( Efésios Na realidade, entre Jesus, o fundador e idealizador da

4:13 ; 16) . igreja, e a comunidade cristã (ou igreja), existe uma

¼ das pessoas evangelizadas se tornam trigo ( Mateus
13:11-23 ). È uma ordem o evangelizar( Atos 1:8,Marcos
16:15,Mateus 28:18-20, Romanos 10:14-17.,II Corintios
5:19,20)Três palavras gregas descrevem o serviço do
crente: 1-Doulós> Escravo, mostra a relação do crente e
ligação muito íntima.(Ver, 1Co 12:12-31).
1. 3. 3. A noiva de Cristo.
“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória;
porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua
Página 44 de 65
noiva se preparou” (Ap 19:7). “E vi a santa cidade, a nova
Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus,
adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo”
(Ap 21:2). (Efésios 5:25-28
1. 3. 4. A família de Deus.
“Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios
2:19).
1. 3. 5. O rebanho de Deus.
Podemos dizer que a igreja é o rebanho de Deus porque
em algumas passagens bíblicas, encontramos afirmações
claras que declaram Jesus como Pastor (1Pedro 5:4; 2:25;
Hebreus 13:20). (João 10:11 (João 10:14).
2. A verdadeira igreja.
Com toda certeza, um batista veterano, vai afirmar que
sua denominação é a que mais se aproxima da Bíblia. Da
mesma forma afirmará o adventista; o presbiteriano; o
pentecostal moderno (Neo pentecostal); o assembleiano;
o bíblico , etc. Todos procurariam provar, à luz da Bíblia,
que suas doutrinas estão certas.
Nenhuma denominação é encontrada nas escrituras.
Dentro do cenário bíblico, era assim denominada uma
igreja local. – A igreja que está em....
Porém, com o passar dos anos, as coisas foram tomando
rumos diferentes, a igreja perde o sentido original; e
como há diferentes tipos de pensamentos
interpretações, se fez necessária distinção de grupos,
surgindo assim diferentes denominações (veremos mais
adiante, detalhes sobre o aparecimento de tantas
denominações).
Mas afinal qual a igreja verdadeira? Como saber se estou
ou não dentro da denominação certa?
A congregação, onde me reúno para adorar ao Senhor,
é correta aos olhos do Senhor da igreja? Veja o que
todas as igrejas devem obedecer, porque é doutrina
bíblica, e sendo assim, se são “igrejas”, devem obedecer.
Observe:
2. 1. A igreja deve ser una.
“Eu não rogo somente por estes, mas também por
aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim. Para
que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu
em ti. Que eles também sejam um em nós, para que o
mundo creia que tu me enviaste” (João 17:20-21).
Muitas pessoas não entendem o que a Bíblia quer dizer
quando nos exorta à unidade. A quem pense que para
uma igreja ser una, deve os seus membros, serem
exatamente iguais, com os mesmos pensamentos,
mesmos objetivos, etc. Este conceito não está errado.
Todavia, existe alguma igreja assim?
Você conhece alguma igreja que proceda desta forma?
A igreja que você é arrolado como membro, neste
sentido, é una em seu sentido literal?
É lamentável, mas creio que a resposta a estas questões
seja negativa.
2. 2. A igreja deve ser Santa.
“Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de coração compassivo, de benignidade,
humildade, mansidão, longanimidade” (Colossenses 3:12).
É bem difícil viver uma santidade quando se tem o
e conceito errado do que venha ser santidade. De uma
forma geral, muitos pensam que ser santo é viver em um
mundo diferente deste.
Ser santo é estar separado de uma vida profana (1 João
3:6), e viver na dedicação ao crescimento espiritual. Isto
não significa que o crente vive sem pecar, pois os que
assim acreditam são os maiores pecadores (1 João 1:8-
10), mas que quando pecamos temos uma forma de nos
livrarmos do problema (1 João 2:1-2), Jesus Cristo é a
solução!
Página 45 de 65
 2. 3. A igreja deve ser Católica (Universal).
Como dizer que a igreja deve ser católica?! Isto é afirmar
que os católicos estão com a razão quando afirmam que
a igreja Católica foi a primeira igreja a existir?! Lamento,
mas, realmente a igreja primitiva foi Católica e a igreja de
nossos dias também deve ser. Não Católica Romana,
mas católica no sentido original.
A palavra “católico” vem da palavra latim “catholicus”,
que por sua vez, deriva da palavra grega “Katholikos”
que significa “universal”. Esta palavra não é usada nas
Escrituras para descrever a igreja, todavia o conceito por
ela passado é totalmente bíblico.
A princípio, a igreja era chamada católica porque era
distinguida da igreja local ou mesmo composta de
pessoas de diferentes tribos (nações) e épocas; depois,
este termo passou a ser usado para, de certa forma,
distinguir os “cristãos” dos “hereges”, quando Roma,
anos após, adota este termo para referir-se a si mesma
como o centro do cristianismo centralizado no papado.
No século dezesseis, os reformadores procuraram
restaurar o sentido original da palavra católico, segundo
eles a catolicidade estava de fato neles, não em Roma.
2. 4. A igreja deve ser Apostólica.
“Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem
forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o
próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual
todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo
no Senhor” (Efésios 2:19-21).
Os Apóstolos foram homens de suma importância para a
igreja. Quando, se afirma que a igreja verdadeira de
Jesus deve ser apostólica, significa que a igreja deve
manter a mesma linha de doutrina dos primeiros “pais”
da igreja. Se hoje a igreja é conhecida em tantos lugares,
por diversos países e continentes, os maiores
responsáveis por esta façanha foram os Apóstolos. Estes
homens viveram durante, aproximadamente, três anos
sob a doutrina direta de Jesus. “De sorte que foram
batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia
agregaram-se quase três mil almas; e perseveravam na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do
pão e nas orações” (Atos 2:41-42).
Uma das primeiras características da igreja primitiva foi
perseverar na doutrina dos apóstolos. Esta foi a vontade
do Mestre Jesus Cristo, quando orientou tão bem
àqueles homens. O desejo de Jesus foi que muitos outros
pudessem aprender a mesma coisa, os mesmos
ensinamentos, ouvir os mesmos sermões, as mesmas
parábolas**. Quando se afirma que a igreja deve ser
apostólica, não significa que uma linha hierárquica deva
existir, ou seja, que uma linha direta de indivíduos deva
existir.
O significado correto é da seguinte maneira: Uma igreja
apostólica é reconhecida pelas suas obras missionárias
(Atos 8:25), pela vivência com a Palavra de Deus que é
fiel (Tito 3:8), e pela dependência total do Espírito Santo
(Atos 13:2-4). Assim como foram os Apóstolos, deve ser a
igreja verdadeira de Jesus.
Aquilo que os apóstolos aprenderam de Jesus foi
ensinado também aos que, com o passar do tempo,
foram crendo no evangelho. A igreja real de Jesus deve
proceder da mesma maneira. Ensinar o mesmo
evangelho que os Apóstolos ensinavam.
3. As ordenanças de Jesus à igreja.
Agora que já conhecemos as principais características da
igreja, ou seja, sua identidade, estamos um pouco mais
preparados para compreender suas atividades
eclesiásticas, ou seja, o que ela faz como igreja de Cristo.
Esta parte do estudo tem como finalidade, esclarecer
algumas dúvidas existentes no meio da igreja. Quando
Jesus instituiu a igreja, os seus seguidores foram
* “Uma parábola é uma espécie de ‘metáfora ampliada’; é uma comparação; uma
ilustração de fatos espirituais com coisa habituais. Geralmente falando, parábolas são
histórias que ilustram certas verdades” (Manual Bíblico, Ed. Vida Nova). Jesus falou
algumas vezes por parábolas por três razões principais: 1) Para se cumprir as
Escrituras (Mateus 13:34, citando o Salmo 78:12) 2) Por causa do endurecimento do
coração do clero e do povo Judeu (Mateus 13:13,14; Isaías 6:9) 3) Para esclarecer os
mistérios do reino messiânico e o reino dos céus (Marcos 4:33-34).
Página 46 de 65
preparados na doutrina Dele. As ordenanças de Jesus à
igreja são duas: O Batismo e a Ceia do Senhor.
**
Algumas denominações cristãs somam aos
“sacramentos”(acreditam que como sacramento estes
outorgam graça, salvação) a cerimônia dos “lava-pés”.
A igreja Católica Romana, no Concílio de Trento (1545-
63), identificou um total de sete sacramentos ao todo,
somando a Penitência, Comunhão (substituindo o lava-
pés), Matrimônio, Confirmação (Crisma) e Extrema
unção. Porém, não existe fundamento bíblico para que
além do Batismo e a Ceia, possa existir outras
ordenanças de Jesus à igreja. É interessante frisar que os
sacramentos não estão ligados diretamente à salvação.
Isto significa que pode existir alguém que foi batizado, é
participante da Ceia do Senhor e não ser salvo; por outro
lado, é possível existir alguém que, por uma razão
qualquer, não foi batizada e consequentemente não é
participante da Ceia, ser salva.
3. 1. O Batismo.
“E disse: ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a
toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas
quem não crer será condenado” (Marcos 16:15-16).
“Os que de bom grado receberam a sua palavra foram
batizados...” (Atos 2:41).
Sua instituição:
1. Ordenado por Cristo: a palavra ordenânça vem do
latim “ordo”, que significa uma ordem. A ordem de
batizar faz parte da grande comissão de Cristo para a
igreja( Mateus 28:18-20). Esta ordem não foi somente
para os discipulos , mas sim para a igreja que existirá até
Cristo vir busca-la na “consumação dos séculos
2. Seu significado:
a- Identificação com Cristo( Atos 8:16) ( Rom. 6:3,4)
b. Identificação com a Igreja local- ( Atos 2:41)- è uma
demonstração pública de separação do mundo para
** Irmãos Menonitas, Adventistas e outros...
comunhão com os irmãos na fé.
3. Sua eficácia:
Os efeitos do batismo são as bençãos da fé . O
verdadeiro significado é o da obediência a Deus.Não
possui nenhum efeito regenerador.
4. seu modo:
a- O significado da palavra - È uma transliteração da
palavra grega “baptizo”, que significa imergir, ou
submergir . Mesmo Calvino que praticava a aspersão,
reconheceu que o sentido da palavra era de imergir.
Muito se discute em relação ao batismo. Biblicamente,
somente o que aceitar Jesus como Salvador e Senhor de
sua vida pode se submeter ao batismo. O propósito
predominante na cerimônia do batismo deve ser o de
“declarar publicamente” que se faz parte da família de
Deus. O batismo não salva, e os que assim acreditam,
estão totalmente fora do propósito de Jesus quando
ordenou o batismo. Muitos cristãos, se questionados em
relação às ordenanças de Jesus à igreja, irão responder
que com certeza uma delas é pregar o evangelho. E o
ato de se pregar o evangelho está ligado diretamente ao
batismo. Dentro do conceito bíblico, só se pode batizar
alguém que tenha ouvido o evangelho e, acima de tudo,
aceitado os ensinamentos. Portanto, o maior objetivo do
batismo é dizer diante de todos que se é uma nova
criatura. Assim, o “novo convertido” dá provas de que
“morreu para o mundo, e reviveu para Cristo” (ver,
Colossenses 2:12).
Mas afinal o que vem a ser o batismo para o cristão?
Eis a resposta:
1.É uma confissão de fé em Cristo (At 8:36-37).
2.É uma experiência de comunhão com Cristo (Cl 2:12).
3.É uma consagração para viver para Cristo (Rm 6:4-8).
4.É uma promessa de consumação através de Cristo (Rm
6:22).
Página 47 de 65
3. 1. 1. Quem e quando ser batizado?
Quem pode ser batizado? Quando se pode ser
batizado? São perguntas que parecem serem
respondidas com facilidade, mas nem sempre é assim.
Este “quem” é bastante discutido, e depende muito das
igrejas “locais” . Dentro do que é determinado na Palavra
de Deus, a Bíblia, este “quem” se restringe a todo aquele
que crer. Se observarmos dentro das igrejas espalhadas
pela terra, notaremos que muitos dos que já “creram”,
por questões basicamente “burocráticas”, onde
explicações e desculpas são apresentadas, são impedidas
de serem batizadas. Na realidade, todo o que já aceitou
Jesus como Salvador, portanto salvo, tem todo o direito
de ser batizado e cumprir a ordenança de Jesus (Mateus
28:19).
Quanto a outra questão, o “quando”, existe uma ligação
direta ao “quem”. Na realidade, já está pronta para o
batismo, a pessoa que tem total consciência do que se
está fazendo. Algumas igrejas batizam o convertido logo
em seguida à sua conversão, outras, porém, dão um
pouco mais de tempo e “preparo” a estes novos
convertidos; existe o “grupo dos batizandos” ou “classe
dos novos convertidos, que se preparam para o
batismo”. Diversas denominações evangélicas, tomam
esta iniciativa para com os novos cristãos. Isto dá mais
segurança ao novo crente, que pode obter firmeza em
sua nova fé.
3. 1. 2. Como ser batizado?
A forma de batismo mais comum e aceita por quase
todas as igrejas evangélicas é o batismo por imersão.
Esta forma de batismo parece ser a encontrada nas
Escrituras. João quando esteve a batizar no rio Jordão,
deve ter usado esta forma de batismo (Mateus 3:5-6).
A própria palavra “batismo” significa imersão ou
mergulho. Por esta razão, a ideia passada nas Escrituras
é que a pessoa, ao ser batizada, deve ficar totalmente
coberta por água.
-Exemplos bíblicos de batismo- No batismo de Cristo é
dito: “logo ao sair da água...”Marcos 1:9,10. Em Atos
8:38,39 tanto Filipe como o eunuco desceram á água e
...sairam da água .
Mesmo sendo o batismo por imersão o mais provável
método de batismo encontrado na Bíblia, algumas
igrejas cristãs preferem usar o batismo por aspersão,
onde o candidato não é coberto totalmente por água,
sendo lançado sobre ele um pouco de água.
Os presbiterianos (com algumas exceções), luteranos,
episcopais, católicos, metodistas, e outras, optam por
esta forma de batismo; sendo em alguns casos praticado
o batismo infantil.
Estas facções do cristianismo, justificam esta forma de
batismo, dizendo que o que mais importa na cerimônia
do batismo é obedecer a ordem de Jesus.
3. 2. A Ceia do Senhor.
“E tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-lhes,
dizendo: Isto é o meu corpo, que por
vós é dado; fazei isto em memória de
mim”. Semelhantemente tomou o
cálice, depois da ceia, dizendo: Este é
o cálice da Nova Aliança no meu
sangue derramado por vós” (Lucas 22:19-20).
A Ceia do Senhor, também conhecida como
“Eucaristia”(católicos), “Comunhão”, “Partir do pão” ; está
fundamentada na última ceia repartida por Jesus “na
noite em que foi traído” (1 Co 11:23). O Mestre Jesus
instituiu a Ceia do Senhor como uma ordenança
contínua até a Sua volta. A ligação entre a Ceia do
Senhor e a Páscoa é muito estreita. Os judeus
celebravam a Páscoa em comemoração à libertação do
cativeiro no Egito (Êxodo 12:1-36), a igreja celebra a Ceia
do Senhor em comemoração ao trabalho remidor de
Jesus, que trouxe ao que realmente crer, a libertação do
pecado. Assim como, de certa forma, o batismo esta
ligado ao “Ide” de Jesus; a Ceia do Senhor, parece ter
uma ligação com o “permanecer em Jesus”. Pois os
Página 48 de 65
participantes da Ceia, devem estar em comunhão com
Jesus.
3. 2. 1. A simbologia existente nos elementos da Ceia.
“... fazei isto em memória de mim”(Lucas 22:19b).
A CEIA DO SENHOR- Sua instituição.
1. Por Cristo- Ele deu o exemplo de como deveria ser
feito. Cada escritor sinótico deu o seu relato, ( Mateus
26:26-29;Marcos 14:22-25; Lucas 22:17-20) e o apóstolo
Paulo em I Corintios 11:23-26. A comparação dos relatos
nos mostra que Mateus e Marcos são bem semelhantes,
enquanto que Lucas contém semelhanças destes e
também com Paulo. Há um acordo básico em cada
relato, que o que Cristo expressou era um imperativo.
2. Praticada pela Igreja primitiva
A evidência aponta ao reconhecimento dominical da ceia
e sua prática regular em todas as igrejas . A igreja
imediatamente ao Pentecostes estava partindo o pão e
tendo comunhão( Atos 2:42-46), e mesmo depois é
mencionado o apóstolo Paulo em Trôade , partindo o
pão no domingo( Atos 20:7,11)
3. Seu significado-
a- Uma memória da morte de Cristo- “ Fazei isto em
memória de mim...”- A morte foi seu último ato salvador.
b- A comunhão presente com Cristo- A congregação se
reúne para tomar a “ceia do Senhor”, especialmente para
o oriental, é um convite para comunhão. Toda
comunhão á mesa é uma comunhão de vida .Tem
havido grandes controvérsias sobre a presença de Cristo
na Ceia do Senhor através da história da igreja .Vejamos
quatro pontos de vista principais:
Católico Romano
Comumente conhecido como transubstanciação , que
ensina que o corpo e sangue literal de Cristo estão
presentes nos elementos. O cap. 6 de João refuta
terminantemente esta interpretação ao invés de apoiá-la.
Os versículos 29, 62-64 provam que o ato de comer o
corpo e beber o sangue de Cristo significa crer nEle, que
são ensinamentos espirituais de vida , e não da carne.
Em reconhecimento disto, o padre eleva a hóstia (Palavra
que vem do latim, significa: Vítima sacrificial) para ser
adorada pelos fiéis.
Os que assim acreditam, estão “sacrificando” a Cristo
todas as vezes que celebram a Ceia. É preciso considerar
que Cristo foi sacrificado uma única vez por todas (ver,
Hb 7:27; 9:12; 10:10).
-Luterana- A Consubstanciação, que crê que Cristo está
presente nos elementos do pão e do vinho juntamente
com estes , sem que os mesmos mudem de substância.
Dr. João Mueller disse: “Na santa ceia realiza-se , por
virtude da instituição de Cristo , uma união peculiar( a
união sacramental) entre o pão e o vinho de um lado e o
corpo e o sangue do outro, e por causa desta união
todos os comungantes recebem com o pão e o vinho ,
de um modo sobrenatural e incompreensível , o
verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo
como sinal de Deus , que por sua graça , lhes tem
perdoado os pecados. Segundo o ponto de vista
luterano, o pão não deixa de ser pão, mas passa a ser
representante do corpo de Cristo glorificado, presente
em toda a parte. Assim sendo, no momento da Ceia, há
uma verdadeira presença do corpo de Cristo.
-Zuingliano- Memorial : Considera a ceia como simbólica
, rejeita totalmente a ideia da presença corporal de
Cristo, mas crê que Jesus está presente espiritualmente.È
uma comemoração e um testemunho do que Cristo
representa para a igreja.
-Reformada-Ponto de vista geralmente chamado de
Calvinista, que acredita que além da comemoração.
Cristo está presente através do Espírito de tal forma
que toda Pessoa , Corpo e sangue é sentido na ceia .No
ponto de vista reformado os elementos da ceia não são
meros símbolos de sua morte, mas ao participar pela fé
há uma presença real de Cristo na sua obra redentora.
4. Uma antecipação da volta de Cristo-
- A Ceia deve ser tomada com alegria na antecipação
da volta de Cristo, nunca como um funeral.
Página 49 de 65
3. 2. 2. Os participantes da Ceia do Senhor. O sistema ultra-restrito, limita a participação da Ceia
somente aos membros da igreja local, não importando o
Os participantes da Ceia do Senhor devem, acima de visitante ser ou não da mesma denominação.
tudo, terem recebido Jesus como verdadeiro e único Geralmente, somente as igrejas extremamente
Salvador. De uma forma geral, os evangélicos permitem
conservadoras, adotam este sistema de celebração da
participar da Ceia, somente os convertidos que
Ceia. O que o cristão deve ter em mente é que; a Ceia é
obedeceram a primeira ordenança, o Batismo.
uma ordenança do Senhor Jesus à sua igreja; e que,
deve ser obedecida “até que Ele venha” (1 Co 11:26).
Um detalhe deve ficar claro, todo o convertido deve ser
participante da Ceia.A igreja em Corinto, segundo nos
Nossa atitude em relação à celebração da Ceia do
faz parecer, fazia muita confusão em relação à Ceia, que
Senhor, deve ser de permanência em comunhão com
o Apóstolo Paulo teve que separar uma parte da
Jesus. Este foi o maior objetivo do Mestre quando
primeira carta para dar esclarecimento a respeito (1 Co
instituiu a Ceia. O batismo tem a finalidade de darmos
11:17-34).
um público testemunho da nossa fé em Jesus, aceitando
A preocupação do Apóstolo era que ninguém
a doutrina do evangelho do Senhor.
participasse “indignamente” da Ceia, mas, antes deveria
ser feito um exame introspectivo (interno), para ter o
A Ceia, tem a finalidade de dizermos que estamos
direito de ser participante (ver, 1 Co 11:27-29).Por esta
permanecendo Nele. Daí a importância de uma vida de
razão, muitas igrejas limitam os participantes da Ceia.
comunhão com Deus. E quando deixamos de participar
Existe, nos dias atuais, pelo menos três sistemas
da Ceia, é porque uma barreira existe entre nós e Jesus.
diferentes de liberação para participar da Ceia do
Senhor. A saber: Esta “parede de separação” foi removida com o sacrifício
remidor de Jesus na cruz. Portanto, para que vivamos em
1º Sistema livre ou liberal.
comunhão com Cristo, a atitude deve partir de nós, pois
a parte Dele já foi feita.
Este sistema permite que todos os que estão presentes
no culto de celebração da Ceia participem. O problema
4. Outras atividades da igreja.
nesta forma de celebrar a Ceia é que muitas pessoas,
inconscientemente, participam indignamente. De uma A igreja não se limita somente em Batizar os novos
forma geral, os chamados pentecostais modernos convertidos, e em celebrar a Ceia do Senhor. Outras
adotam este sistema. atividades estão dentro do plano de Deus para sua
amada igreja. Neste capítulo, estaremos observando,
2º Sistema Restrito. basicamente, outros fatores importantes para a igreja de
Jesus. Observe:
Este sistema limita os participantes aos crentes da mesma
denominação, ou seja, no momento da celebração, o 4. 1. A adoração e o louvor.
pastor esclarece que só os “da mesma fé e ordem” estão
liberados. “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
Geralmente as igrejas Batistas convencionais, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João
Assembléias de Deus históricas, e outras adotam este 4:23). “Vós também, quais pedras vivas, sois edificados
sistema. como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim
de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus
3º Sistema Ultra-restrito.
por Jesus Cristo” (1Pedro 2:5).

Página 50 de 65
Vejamos separadamente para uma melhor compreensão
de ambas (Um estudo mais aprofundado é aconselhado
para uma melhor compreensão destes dois temas
importantíssimos na vida da igreja).
4. 1. 1. A Adoração.
Podemos encontrar, pelo menos, dois significados para a
palavra adoração encontrada no A.T.
Em alguns lugares a idéia é de reverência ou inclinação
(Dn 2:46; 3:5 e outras); em outros casos, a palavra
adoração esta associada ao culto religioso prestado ao
Senhor Deus e outros deuses (Gn 24:26; Êx 34:14; Dt 4:19;
e outras). No N.T. a palavra usada com mais freqüência
significava originalmente beijar a mão de alguém, como
sinal de consideração, fazendo-se uma inclinação
respeitosa.
Quando associamos adoração com o Deus único, temos
que nos lembrar que Ele gosta de ser adorado e exige
total exclusividade (Ex 20:1-5; 1Sm 7:3).
.4. 1. 2. Aspectos da Adoração.
Alguns aspectos caracterizam a adoração exclusiva ao
Senhor e único Deus. Podemos afirmar que uma
adoração é destinada a Deus se, no mínimo, três coisas
estiverem inclusas na adoração. A saber:
1º Cristo deve estar presente.
Não podemos aceitar a ideia de Cristo estar presente
apenas de forma simbólica. O Senhor Jesus disse: “Pois
onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mateus 18:20).
Jesus, em outra ocasião disse mais: “...ensinando-os a
observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e
eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mateus 28:20). É esta uma das
grandes diferenças entre a adoração autêntica com
outras. Jesus sempre está presente no ato da adoração
2º O Espírito Santo deve dinamizar a adoração.
Quando se afirma que o Espírito Santo deve dinamizar a
adoração, significa, que o ato de se adorar a Deus deve
estar centralizado nele.
É muito fácil fingirmos uma adoração; pode-se cantar
bonito, dizer que Cristo salva, aconselhar o deprimido,
ser eloqüente no sermão, e tudo o mais; porém, a
verdadeira adoração deve brotar do Espírito Santo que
habita em todo o verdadeiro cristão.
O Espírito inspira a uma vida de oração (Rm 8:26);
conduz à verdade (1 Co 2:10-13); concede os dons (Rm
12:4-8); convence os não crentes de que precisam de
Jesus (Jo 16:8;).
3º Um clímax de comunhão penetra na igreja.
Na igreja primitiva, o que mais marcava a adoração
verdadeira era a comunhão que existia na igreja. Entre os
membros, tudo era de uso comum (ver, Atos 2:42-47;
4:32-35).
Se uma igreja adora ao Senhor da maneira certa, não há
como evitar que haja comunhão. O próprio Deus tornará
as coisas mais propícias à comunhão. O amor será coisa
comum entre os irmãos.
4. 1. 3. O louvor.
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há
devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre
vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios 5:18-
19) Paulo, o Apóstolo, deixa claro no texto de Efésios 5:
18-19, que o louvor deve partir de uma vida cheia do
Espírito Santo enchei-vos do Espírito; existir ligação com
o ato de profetizar ou proclamar - falando entre vós em
salmos, hinos (ver, 1 Cr 25:1); partir do coração, com toda
a sinceridade - salmodiando ao Senhor no vosso coração
(ver, Isaías 29:13). O louvor tem uma grande importância
na adoração ao Senhor e em toda liturgia do culto.....
ALELUIA: Ouve-se muito esta expressão: Aleluia Senhor!
ou, Aleluia!!! Mas afinal, o que significa estas palavras
hebraicas, que tem sua pronúncia parecida em todos os
países cristãos? Quando alguém pronuncia esta palavra,
esta dizendo o seguinte: LOUVAI AO SENHOR. Segundo
Página 51 de 65
a tradição cristã, foi inspirada no capítulo 19:1-7 de
Apocalipse, que a igreja primitiva começou a usar esta
palavra na liturgia do culto. No 4º século, a expressão
“Aleluia” significava toda uma exclamação de alegria e
vitória.
Aleluia, é portanto, a expressão máxima de louvor e
adoração a Deus “ A palavra ‘aleluia’ exprime o
sentimento que abrange toda a bem-aventurança, ou o
estado bendito, do céu” (Agostinho).
GLÓRIA:
Quando dizemos que toda a glória pertence a Deus, ou,
Glória a Deus, estamos dizendo que a Ele pertence toda
a HONRA, todas as VIRTUDES, toda a FAMA adquirida
por mérito, etc (ver, Lucas 2:14; João 5:44). Não se pode
confundir a palavra “glória” encontrada em diversas
partes das Escrituras com a expressão de louvor. Em
textos como: Is 60:2; 1 Reis 8:11; Jo 1:14 e outras estão se
referindo à presença ou habitação de Deus (Shekinah).
5. FORMASDE GOVERNO DA IGREJA.
A igreja, mesmo sendo uma instituição Divina, precisa ter
seu governo humano. Com o decorrer da história, e o
crescimento da igreja, formas de governo foram tra
nsparecendo no meio comunitário da igreja. Em nossos
dias, pelo menos três formas são encontradas.
Todas as igrejas se encaixam, mesmo que indiretamente,
em uma destas formas ou sistemas de governo. 5. 1.
Episcopal (Episcopalismo).
O sistema de governo Episcopal é identificado por um
sistema que limita as decisões aos bispos, os principais
líderes. Os bispos não são os únicos líderes encontrados
na igreja partidária ao sistema de governo episcopal,
existe também presbítero e diácono. Uma hierarquia
(organograma) é formada basicamente desta forma.
Todas as igrejas assim governadas, não permitem que os
membros opinem nas decisões importantes, sendo na
realidade, os últimos a saberem das coisas.
A igreja localizada tem que prestar contas de todas as
suas atividades, na pessoa do líder, a um líder maior, que
por sua vez, presta relatório ao líder principal. No
organograma feito acima, o que chamo de “Grande
líder”, é basicamente, aquele que toma todas as
decisões, sendo responsável por todas as igrejas da
denominação.
Aquele que chamo de “Líder maior”, é o líder
responsável por algumas igrejas localizadas. “Líder
menor” é o que classifico como o líder de uma igreja
local.Não existe fundamento bíblico para este sistema de
governo.
5. 2. Presbiteriano (Presbiterianismo).
As igrejas que são governadas neste sistema de
governo, têm suas grandes decisões tomadas por um
conselho formado basicamente de Pastores e
Presbíteros.
São eles quem escolhe os líderes de departamento,
professores da EBD, e todos os demais cargos da igreja.
A participação dos demais membros, se restringe em
escolher o conselho eclesiástico; uma vez feito isto, todo
poder de decisão passa para estes homens.
A hierarquia presbiteriana e formada por dois conselhos
administrativos, o local e o conselho superior , sendo este
segundo o revisor responsável pelos conselhos inferiores.
Num organograma, podemos demonstrar desta forma:
Página 52 de 65
 todos os membros da igreja. O congregacionais
respeitam os líderes (pastores e diáconos ou presbíteros),
mas pregam que a igreja deve ser submissa, acima de
qualquer coisa, a Jesus Cristo. São governadas assim, as
igrejas Batistas em todo o mundo, a igreja
Congregacional, diversas tendências de igrejas
Pentecostais, e todas as igrejas que terminam sua placa
denominacional com a palavra “independente”
(Presbiteriana independente, por exemplo).

Na realidade, no sistema presbiteriano, existem algumas

6. A liderança da igreja.
vantagens, por exemplo, no sistema presbiteriano, um
fator de grande importância, jamais poderá ser decidido Acabamos de estudar, mesmo que basicamente, formas
em assembleia, por uma criança ou por um novo e ou sistemas de governo, pelos quais as igrejas são
inexperiente convertido. administradas. Por trás de qualquer um dos sistemas
Mesmo que os Presbíteros sejam os “representantes” da governamentais eclesiásticos, existem homens e
igreja nas decisões, uma vez que estes foram escolhidos
mulheres que lideram a igreja. Estaremos observando
pela igreja, não parece justo que os membros sejam
funções de liderança. Algumas, nem são comum aos dias
impedidos de votar em assembleias, (com exceção na
atuais, outras porém, ainda encontradas nas igrejas de
escolha de pastores).
nossos dias.
Esta forma de governar a igreja, é fundamentada em
textos bíblicos como Atos cap. 15 e 1 Timóteo 5:17.A
6.1. Apóstolos.
igreja Presbiteriana, igreja Reformada e algumas facções
da igreja Metodista, são as principais igrejas que são
Na atualidade, uma das questões mais discutidas no
governadas pelo sistema Presbiteriano.
meio cristão é: É possível existir apóstolo na igreja atual?

5. 3. Congregacional (congregacionalismo). E, como em qualquer tema polêmico, existe no mínimo

duas facções, os “favoráveis” e os “desfavoráveis”.
O sistema de governo congregacional, também
conhecido de sistema Independente, dá total soberania à Na teologia a polêmica é exatamente a mesma. Existem

igreja local. O poder de decisão não está centralizado estudiosos, que pregam a possibilidade de que em

em nenhuma pessoa ou líder, tampouco a conselhos. nossos dias, possa haver Apóstolo tal qual houve na
igreja primitiva.
As igrejas locais são completamente “desligadas” uma
das outras, sendo as mesmas independentes em suas Porém, a grande maioria dos teólogos, acredita que para

decisões. Os congregacionais afirmam que cada igreja poder receber este título, alguns fatores, não mais

prestará contas a Deus por suas atitudes, e isto, faz com possíveis no tempo presente, devam ser preenchidos

que elas tenham liberdade de interpretar a vontade de antes de se denominar “Apóstolo”.

Deus livremente. Se compararmos os três sistemas de

6. 1. 1. Conceito.
governo existentes, perceberemos que o sistema
congregacional é o que mais se identifica com a Bíblia.
Pode-se conceituar Apóstolo da seguinte maneira: “Esta
palavra é mais do que ‘mensageiro’: a sua significação
Há uma afirmação feita pelo Apóstolo Pedro, que
literal é a de ‘enviado’, dando a idéia de ser representada
declara que todo crente é um sacerdote escolhido por
Deus ( 1Pedro 2:9); de certa forma, isto dá poder igual a

Página 53 de 65
a pessoa que manda. O Apóstolo é um enviado, um
delegado, um embaixador.”  “Cada um dos doze
homens que Jesus escolheu para serem seus seguidores
e para ajudá-lo. Apóstolo que dizer alguém enviado para
ser mensageiro de Deus”
·········
. “Nossa palavra em
português é uma transliteração da palavra grega
apóstolos, que derivada de apostellein, enviar. Embora
várias palavras com significado de enviar sejam usadas
no NT, expressando idéia como despachar, soltar, ou
mandar embora, apostellein enfatiza os elementos da
comissão - a autoridade de que é enviado numa missão
específica, na qual age com plena autoridade em favor
de quem o enviou, e que presta contas a este. ”
“Embaixador, mensageiro, enviado
pessoa que representa a pessoa que manda”.
6. 1. 2. Os doze Apóstolos.
“Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e
passou a noite toda em oração a Deus. Depois do
amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze
dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu
irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé;
Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas,
filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor”
(Lucas 6:12-17).
a) O reconhecimento.
Os doze Apóstolos, nos evangelhos, são, com mais
frequência, reconhecidos como discípulos. Isto, porque
durante os fatos narrados nos evangelhos, eles estavam
recebendo doutrinas e ensinamentos do Mestre Jesus.
Tudo nos leva a crer, que o Senhor Jesus os chamou de
Apóstolos, porque eles foram chamados e enviados com
toda a autoridade do Mestre (ver, Marcos 3:14-15; 6:30;
Lucas 9:1-2).
 Dicionário bíblico universal (Editora Vida)
 Vocabulário, A Bíblia na linguagem de hoje.
 Enciclopédia Histórico - Teológica da igreja cristã (Edições Vida Nova).
 Pequena enciclopédia Bíblica (Editora Vida).
b) O número doze.
O número doze, leva alguns estudiosos a acreditarem
que possa haver alguma espécie de ligação com as doze
tribos de Israel do A.T., e que também haja estreitas
ligações com os finais dos tempos. Muitos crêem desta
forma, partindo das seguintes referencias bíblicas:
Mateus 19:28; e Apocalipse 21:14. Um fator importante,
que deve ser destacado, é que os próprios Apóstolos se
preocuparam em manter o número doze em destaque
(Atos 1:26). Porém, com o passar do tempo, este número
foi sendo reduzido com a morte, paulatina, dos doze
(Atos 12:2), e não existe nada registrado que nos faça
extraordinário, acreditar que estes homens foram substituídos por
 outros.
c) Qualificações.
Podemos chamar de qualificações de um Apóstolo, as
características que marcaram a vida dos homens
chamados ao ministério do apostolado.
1. Ter visto o Senhor Jesus e ser testemunha da sua
ressurreição
Esta é a primeira qualificação de um verdadeiro Apóstolo
de Jesus. Diante do ponto de vista, ainda natural, dos
próprios Apóstolos, ter visto o Senhor, ainda não era o
suficiente. Pedro declara as seguintes palavras:
“Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique
deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e:
Tome outro o seu ministério. É necessário, pois, que dos
varões que conviveram conosco todo o tempo em que o
Senhor Jesus andou entre nós, começando desde o
batismo de João até o dia em que dentre nós foi levado
para cima, um deles se torne testemunha conosco da
sua ressurreição” (Atos 1:20-22). De acordo com esta
referência bíblica, Pedro declara que para que alguém
pudesse ter condições de assumir o lugar de Judas, o
Página 54 de 65
traidor, deveria não somente ter visto o Senhor, mas,
convivido lado a lado com ele, desde o batismo de João
até a ascensão do Mestre.
Isto, possivelmente, por uma razão bem lógica: O
ministério dos apóstolos, era o de basicamente, fazer as
mesmas obras de Jesus, nada melhor do que aprender
diretamente de Jesus, como foi o caso dos doze.Hoje,
quase que a totalidade dos teólogos aceitam como que
uma doutrina imutável esta primeira qualificação de um
Apóstolo.
2. Ser investidos com dons miraculosos, que são sinais.
Não podemos dizer que os milagres não acontecem
mais, entretanto esta qualificação foi dada aos Apóstolos.
Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus
13:8). Porém, os Apóstolos tinham esta qualificação.
”A ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e
os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro,
ao menos sua sombra cobrisse alguns deles. Também
das cidades circunvizinhas afluía muita gente
Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de
espíritos imundos, os quais eram todos curados” (Atos
5:15-16). Sem dúvida, os milagres realizados pelos
Apóstolos, foram incomuns (ver, Atos 2:43; 2 Co 12:12).
Não que seja impossível realizar milagres como os da era
apostólica, porém, existia algo de peculiar nos poderes
concedidos aos doze Apóstolos.
3.Ter sido escolhido pessoalmente por Jesus Cristo.
Eis uma qualificação limitada aos doze .”Chamou seus
discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu
também o nome de apóstolos” - não há dúvidas de que
Jesus “escolheu a dedo” os Apóstolos. A teologia,
confirma esta qualificação de um Apóstolo.
Alguns estudiosos ousam dizer que houve falha na
escolha de Matias para assumir o lugar de Judas.
Segundo eles, faltou essa qualificação singular. Matias
não fora escolhido pessoalmente pelo Senhor Jesus. Ao
observarmos, com mais detalhes, o texto narrativo do
fato, verificarão, que realmente possa ter havido sérios
erros dos Apóstolos na eleição de Matias.
Primeiro, selecionaram dois nomes antes de orarem ao
Senhor (Atos 1:23-24). Segundo, os Apóstolos ainda não
estavam aptos para ouvir a voz de Deus através do
Espírito Santo, “lançaram sorte” e Matias foi sorteado
(Atos 1:26).
Quando digo que os Apóstolos ainda não estavam aptos
a ouvir a voz de Deus, me refiro ao fato de que eles, até
o momento da escolha do 12º Apóstolo,
não haviam recebido o “poder” mencionado por Jesus
no verso 8 do primeiro capítulo de Atos. Este poder só
foi enviado após a descida do Espírito Santo em Atos 2.
Uma vez que estes homens estavam “sensíveis” à voz de
Deus, ouviram por diversas vezes a voz do Espírito Santo
(ver, Atos 8:29; 11:28; 13:2-4).
O APÓSTOLO PAULO
PAULO VIU A JESUS PESSOALMENTE.
a
“Não sou eu livre? Não sou apóstolo? Não vi eu a Jesus
nosso Senhor? Não sois vós obra minha no Senhor?”
(1Co 9:1).
Não bastassem estas palavras de Paulo, existe o
testemunho de Ananias narrado por Lucas no livro de
Atos:“Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as
mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te
apareceu no caminho por onde vinhas, enviaram-me
para que tornes a ver e seja cheio do Espírito Santo”
(Atos 9:17).
Estes textos bíblicos nos levam a acreditar que Jesus
apareceu pessoalmente ao Apóstolo Paulo, mesmo que
somente em forma de intensa luz, como narra “o médico
amado” Lucas no capítulo nove do livro de Atos dos
Apóstolos.
Existe também uma teoria de que Paulo, independente
de sua chamada ao evangelho e ministério, conhecera
Jesus antes de sua morte e ressurreição. Este ponto de
Página 55 de 65
vista está baseado, principalmente, devido à posição
exercida por Paulo no cenário político e na sociedade
dos Judeus.
Possivelmente Paulo esteve presente (Talvez somente
como ouvinte?) durante os últimos momentos de vida de
Jesus, quando o Senhor foi levado perante o Sinédrio
(Lucas 22:63-71; Mateus 26:57-68; Marcos 14:53-68).
Paulo, ainda conhecido como Saulo, é citado pela
primeira vez nas Escrituras no martírio de Estêvão (Atos
7:58). Sabemos que o Apóstolo, devido à sua formação
“acadêmica”, fora muito zeloso de Deus pela lei (Atos
22:3), isto, dava a ele alguns méritos entre os judeus. Na
realidade, não existe como comprovar esta teoria.
PAULO VIU JESUS RESSURRETO.
“Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma
vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já
dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os
apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também
a mim, como a um abortivo ” (1Co 15:6-8).
Ninguém pode negar esta realidade, Paulo viu a Jesus
Cristo após sua ressurreição. Nesta referência bíblica,
Paulo está, de certa forma, defendendo o seu
apostolado (Ver, 1Co 15:9-11). Portanto, mais uma das
qualificações ao apostolado é devidamente preenchida
por Paulo.
PAULO APRENDEU DE JESUS.
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos
a
entreguei... ” (1Co 11:23 ) .Os conhecimentos de Paulo
lhes foram muito úteis na pregação do evangelho. Seu
aprendizado “aos pés de Gamaliel” (Atos 22:3), tiveram
grande valia em sua vida.
Porém, todo o seu saber a respeito do evangelho e, até
mesmo da igreja, lhes foram passados diretamente por
Jesus.

Abortivo, com esta expressão, Paulo quis dizer que a maneira como
o Senhor Jesus lhe aparecera, foi uma maneira completamente
incomum, ou seja, o apóstolo veio a conhecer Jesus quase fora de
tempo ou tarde demais para isto.
Basta que observemos alguns versos do capítulo
primeiro de Gálatas, para que esta verdade seja
esclarecida.
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por
mim foi anunciado não é segundo os homens; porque
não o recebi de homem algum, nem me foi ensinado;
mas o recebi por revelação de Jesus Cristo”.
Pois já ouvistes qual foi outrora o meu procedimento no
judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de
Deus e a assolava, e na minha nação excedia em
judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente
zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando
aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me
separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho
em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, não
consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para
estar com os que já antes de mim eram apóstolos, mas
parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois,
passados três anos, subi a Jerusalém para visitar a Cefas,
e demorei com ele quinze dias. Mas não vi a nenhum
outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.
Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus
testifico que não minto. Depois fui para as regiões da
Síria e da Cilícia. Não era conhecido de vista das igrejas
de Cristo na Judéia; mas somente tinham ouvido dizer:
Aquele que outrora nos perseguia agora prega a fé que
antes procurava destruir; e glorificavam a Deus a respeito
de mim” (Gálatas 1:11-24).
Não temos espaço, e tampouco tempo, para examinar
detalhadamente este texto bíblico. Fica a minha
recomendação de que você procure mais detalhes sobre
este trecho da Palavra de Deus.
Algumas considerações precisam ser observadas, para
que possamos compreender a forma como Paulo
aprendeu o que sabia. Primeiro Paulo declara ter
recebido ensinamento de uma origem diferente: “recebi
por revelação de Jesus Cristo” (v. 12). O Apóstolo diz
abertamente que o evangelho conhecido por ele, não
tinha origem humana, mas, sim, do próprio Senhor Jesus.
Segundo, Como poderia Paulo ter tido tempo de
aprender tantas coisas? Se não fosse estas palavras
Página 56 de 65
registradas nesta carta aos Gálatas, jamais teríamos uma
resposta certa. No livro de Atos não ficou claramente
registrado este acontecimento. Lucas escreve: “Todos os
seus ouvintes pasmavam e diziam: Não é este o que em
Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e
para isso veio aqui, para os levar preso aos principais
sacerdotes? (Aproximadamente 3 anos após... ) Saulo,
porém, se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus
que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o
Cristo” (Atos 9:21-22).
Entre estes dois versículos, segundo alguns estudiosos,
estão os três anos citados por Paulo no verso 18 do
primeiro capítulo de Gálatas.
Neste período, Paulo deve ter recebido todo o
aprendizado necessário para o apostolado. Paulo vai
para a Arábia e lá, provavelmente, começa a pensar no
acontecimento na estrada para Damasco, e em todas as
coisas que aconteceu já na cidade. Paulo desta forma
preenche mais uma das qualificações de um Apóstolo no
sentido primário da palavra.
PAULO FOI CHAMADO PESSOALMENTE POR JESUS.
“... mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o
que te cumpre fazer” (Atos 9:6).
“E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me
dizia em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me
persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os
aguilhões. Disse eu: Quem és, Senhor? Respondeu o
Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-
te e põe-te em pé; pois para isto te apareci, para te fazer
ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens
visto como daquelas em que te hei de aparecer;
livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio,
para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das
trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que
recebam remissão de pecados e herança entre aqueles
que são santificados pela fé em mim” (Atos 26:14-18).
Nada pode negar a forma peculiar que Paulo foi
chamado ao ministério. Jesus já o havia escolhido desde
o ventre de sua mãe. Toda a cultura assimilada no
intelecto do apóstolo Paulo, todo o “status” (poder e
posição) recebido, durante toda a sua vida, assim
acredito, teve um propósito na mente do Senhor.
Para que Paulo se tornasse um verdadeiro “Apóstolo dos
gentios”, ele tinha que ser exatamente o que era. Jesus
na realidade o preparou especificamente para este
ministério. Nenhum dos outros apóstolos poderia realizar
as obras que Paulo realizou.
PAULO REALIZAVA SINAIS ATRAVÉS DOS DONS
MIRACULOSOS.
“E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres
extraordinários, de sorte que lenços e aventais eram
levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os
deixavam e saíam deles os espíritos malignos” (Atos
19:11-12).
“Porque não ousarei falar de coisa alguma senão daquilo
que Cristo por meu intermédio tem feito, para
obediência da parte dos gentios, por palavra e por
obras, pelo poder de sinais e prodígios, no poder do
Espírito Santo; de modo que desde Jerusalém e
arredores, até a Ilíria, tenho divulgado o evangelho de
Cristo” (Romanos 15:18-19).
“Os sinais do meu apostolado foram, de fato, operados
entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e
milagres” ( 2 Coríntios 12:12).
Foi evidente esta qualificação de Apóstolo em Paulo.
Não que os sinais foram, ou são, restritos aos Apóstolos;
mas, eles, pelos sinais, destacavam-se entre os demais
líderes eclesiásticos. Observe que Paulo defende seu
apostolado relembrando os sinais que Deus realizara
através dele: “Os sinais do meu apostolado... ”
6. 2. Profetas.
Sempre que pensamos em profeta, na maioria das
vezes, pensamos em alguns personagens do Antigo
Testamento, como se este ministério tenha sido peculiar
Página 57 de 65
àqueles tempos. Porém, é muito clara no Novo
Testamento a existência de profetas na igreja primitiva.
Quando compreendemos claramente o que é profecia;
e, em conseqüência, o que é um profeta, podemos
também afirmar que a maioria, senão todos, dos
Apóstolos foram profetas. Mas, além dos Apóstolos,
outras pessoas são identificadas com o dom da profecia.
6. 2. 1. Conceito.
Dentro do cenário bíblico, profeta era aquele que
falava de coisas do passado, presente e do futuro, não
segundo suas próprias palavras, mas, de acordo com a
vontade de Deus. De uma forma geral, ser um profeta,
no contexto bíblico, era como ser um porta-voz direto
de Deus ao homem.
Na Bíblia, os profetas são usados por Deus em várias
épocas da história de Israel. Moisés não foi somente o
libertador, foi também profeta (Deuteronômio 34:10);
Samuel não foi somente sacerdote, foi também profeta (1
Samuel 3:20). É interessante observarmos que, já no
Antigo Testamento, mulheres eram reconhecidas como
verdadeiras profetizas de Deus, observe: Miriã (Êxodo
15:20), Débora (Juízes 4:4), Hulda (2 Reis 22:14). No Novo
Testamento, encontramos profetizas também, note: Ana
(Lucas 2:36), as filhas de Filipe, o evangelista (Atos 21:8-
9).A tradição cristã divide os profetas em duas classes, os
profetas menores e os maiores. É bom que fique claro,
que esta divisão existe por causa do tamanho dos livros
proféticos, não porquê um seja maior ou mais
importante que o outro. Elias, por exemplo, não escreveu
nenhum livro, mas, o seu ministério foi um dos mais
importantes para o povo de Deus em geral.
6. 2. 2. Os profetas da igreja primitiva.
“Naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para
Antioquia... ”(Atos 11:27).
Não há dúvidas de que a igreja era privilegiada com
profetas. Não se sabe, com exatidão, o número de
profetas dentro da igreja; provavelmente, o número não
era grande. Independente da quantidade de profetas
dentro da igreja, eles eram muito respeitados pelos
irmãos, falando poderosamente a Palavra.
a) A presença deles e suas atividades eram divulgadas
(Atos 20:23 com 21:10-11).
b) Trabalhavam na igreja, entrando em atividade na
adoração (Atos 13:1-2).
c) Ocupavam uma colocação abaixo dos Apóstolos (1
Coríntios 12:28).
d) Eram considerados, juntamente com os Apóstolos, o
alicerce da igreja (Efésios 2:20).
e) Existia entre a profecia e o ensino uma forte ligação
(Apocalipse 2:20).
f) Eram completamente inspirados pelo Espírito Santo
(Atos 11:28).
6. 3. Evangelistas.
“Partindo no dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando
em casa de Felipe, o evangelista... ” (Atos 21:8).
A palavra evangelista significa literalmente “alguém que
traz boas noticias” ou “alguém que traz boas novas”.
Paulo classifica Evangelista como um dos “melhores
dons”, porém, não é tão fácil associar na Bíblia, pessoas
com a função específica de Evangelista.
Filipe é o único caso direto de Evangelista, ele também
foi um dos “sete” escolhidos para servir (Diácono, ver
Atos 6:5). Algumas de suas ações de evangelista
deixaram marcas em Samaria (Atos 8:5-6) e na vida do
eunuco que lia o profeta Isaías (Atos 8:34-35).
Mas Filipe não foi o único Evangelista da igreja. Paulo,
Pedro e todos os outros Apóstolos (Primários e
secundários) obviamente foram. Existe também uma
outra forma de se identificar um Evangelista nas
Escrituras, observe as seguintes passagens bíblicas:
“Havia, porém, entre eles alguns cíprios e cirenenses, os
quais, entrando em Antioquia, falaram também aos
gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor
era com eles, e grande número creu e se converteu ao
Senhor” (Atos 11:20-21).
“Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a
obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2
Timóteo 4:5).
Página 58 de 65
6. 4. Mestres.
“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo”
(Atos 5:42).
Os Mestres eram pessoas que transmitiam a verdade de
Deus de uma forma abrangente, evangelizando pessoas
e edificando os crentes da igreja. Quase sempre os
Mestres exerciam funções muito parecidas com a dos
Pastores. Os Mestres tinham como finalidade ensinar as
doutrinas cristãs fundamentais. Os Apóstolos eram
dotados deste dom específico (ver, Atos 4:2; 5:21, 25, 28).
Barnabé, Lúcio e Manaém foram reconhecidos como
“profetas e mestres” (Atos 13:1).
6. 5. Líderes locais.
A igreja cresceu muito rápida no primeiro século.
Enquanto os Apóstolos estavam à frente do trabalho, as
questões doutrinárias eram resolvidas mediante
experiências pessoais com Deus, baseado no Antigo
Testamento (Lei, Salmos e Profetas) e revelação vinda do
Espírito Santo. Enquanto “pequena” ou “inexperiente”, a
igreja foi bem com os líderes maiores (Apóstolos,
Profetas e Mestres); porém, com a plantação de tantas
igrejas locais em tantos locais diferentes, Deus levanta
uma nova fase de liderança na igreja. Já não era possível
que os Apóstolos cuidassem de todas as coisas. Não era
mais tão simples resolver os problemas existentes.
Uma nova era desbota na igreja, muitos irmãos
reconhecem algum chamado especial para a obra de
Deus (ver, 1 Timóteo 3:1). Os chamados “Mestres”,
fizeram um trabalho de treinamento muito especial,
formando diversos líderes, que, devido a uma
necessidade,
6. 5. 1. Bispos, Presbíteros, Anciãos ou Pastores?.
“Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre
o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com
seu próprio sangue” (Atos 20:28).
“E, havendo-lhes feito eleger anciões em cada igreja e
orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em
quem haviam crido” (Atos 14:23).
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em
boa ordem o que ainda não o está, e que em cada
cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei...”
(Tito 1:5).
Pensar que existiu muita diferença nestas funções de
liderança citada acima, é afirmar, com muita convicção,
que o sistema de governo episcopal é o mais evidente
nas Escrituras.
Muitos acreditam que exista grau de “poder” nestas
funções; porém, a Bíblia não deixa clara a separação
destas funções. Quando lemos as diferentes referências
bíblicas, onde são citadas as funções de Bispos,
Presbíteros, Anciãos ou Pastores (de forma indireta:
“...para apascentardes a igreja”); não conseguimos
separar, com evidência firme, estas funções.
Na realidade, parece que a intenção é descrever a
mesma função de liderança nos textos onde estes líderes
são mencionados.
Como explicar os diferentes nomes, se a função é
basicamente a mesma? Podemos explicar da seguinte
maneira:
1.Bispos: O bispo era um líder visto como um
administrador, superintendente, aquele que
supervisionava o que os outros faziam.
2. Presbíteros ou anciãos: O líder da igreja que era
reconhecido desta forma, era visto como um conselheiro
experiente, com maturidade emocional e espiritual.
3. Pastor: O líder identificado como pastor era quando
exercia a função de cuidar e alimentar o rebanho, ou a
igreja.
6. 5. 2. Características dos líderes locais.
Não era simples nomear um líder local. Algumas
características deviam ser preenchidas para que alguém
liderasse uma igreja. Estas características estão,
basicamente, relacionadas nas cartas de Paulo a Timóteo
Página 59 de 65
e a Tito; porém, em outras passagens bíblicas são
encontradas recomendações diretas a líderes locais.
1º) Irrepreensível ➔ 1 Timóteo 3:2; Tito 1:6. Ser
irrepreensível significava poder andar sem preocupações
de ser acusado de algo errado que pudesse ter feito.
Assim podemos dizer que deveria ter boa reputação.
2º) Marido de uma só mulher ➔ 1 Timóteo 3:2; Tito 1:6.
Quando Paulo declara isto, jamais podemos pensar que
os outros homens poderiam ter outras mulheres, pois no
Império romano a poligamia não era permitida. Paulo
não estava falando de divorcio ou casamento duplo.
Falava de infidelidade conjugal; ato muito comum até
mesmo dentro da igreja, pois alguns “novos convertidos”
possuíam mulheres fora do casamento. O líder deveria
ser marido de uma só mulher.
3º) Sóbrio ➔ 1 Timóteo 3:2; Tito 1:8. Ser sóbrio significava
ter um excelente domínio próprio. Este controle,
influenciava muito positivamente a igreja. O líder assim,
só podia pensar em formas de ver a igreja crescendo a
cada dia; sem interesse pessoal “terceiros” (morais,
políticos e sociais).
4º) Prudente ➔ 1 Timóteo 3:2; Tito 1:8. Significava ser:
Sábio, sensato, emocionalmente equilibrado. Não devia
ser apressado nas decisões importantes, baseada em
pensamentos imaturos. 5º) Respeitável ➔ 1 Timóteo
3:2. A palavra respeitável é traduzida da palavra grega
kosmios, da qual vem a palavra cosmético. Todos sabem
o que é um cosmético; geralmente ele é usado para dar
beleza, adornar, enfeitar, perfumar e dar boa aparência.
Dizer que o líder deveria ser respeitável, era o mesmo
que dizer que o evangelho de Cristo deveria ser
embelezado por ele. Um estilo de vida respeitável, torna
o evangelho desejável aos outros.
6º) Hospitaleiro ➔ 1 Timóteo 3:2; Tito 1:8. Ser hospitaleiro
significava que, no líder, deveria existir preocupação com
outras pessoas. Repartir suas bênçãos com os familiares
7º) Apto para ensinar ➔ 1 Timóteo 3:2; 2 Timóteo 2:24-
26; Tito 1:9. Significava ter capacidade de transmitir as
verdades de Deus à igreja. Não tinha como ser um bom
líder, se este, antes de assumir a liderança da igreja, não
demonstrasse capacidade de ensino.
8º) Não apegado ao vinho ➔ 1 Timóteo 3:3; Tito 1:7.
Estas referências bíblicas não estão proibindo o uso total
de vinho. A recomendação era de que o líder não desse
tanta importância ao vinho, sem dependência.
9º) Não violento, mas amável ➔ 1 Timóteo 3:3; Tito 1:7.
Deveria o líder ser pacificador, jamais um “brigão” ou
“encrenqueiro”.
10º) Pacífico ➔ 1 Timóteo 3:3. Não dado a discussões
polêmicas e egoístas.
11º) Não apegado ao dinheiro ➔ 1 Timóteo 3:3; Tito 1:7; 1
Pedro 5:2. Era impossível ser um líder de verdade se ao
mesmo tempo fosse uma pessoa gananciosa. O seu
tesouro deveria ser guardado no céu.
12º) Que governe bem sua própria família ➔ 1 Timóteo
3:4-5; Tito 1:6.Uma das principais características do líder
da igreja era ser, antes de tudo, um eficaz líder no seu
próprio lar. Seria natural que o homem que conseguisse
o respeito dos seus familiares, obtivesse respeito também
na igreja.
13º) Não recém convertido ➔ 1 Timóteo 3:6.A razão era
bem sensata. Havia possibilidade de que o orgulho
encontrasse espaço na vida de um cristão novo (neófito);
e , em consequência, a queda, primeiramente do cristão,
depois do pastor. Paulo dá o exemplo de Satanás; foi o
orgulho dele que o levou a pecar e cair.
14º) Boa reputação ➔ 1 Timóteo 3:7. A idéia transmitida
neste verso (“os de fora”), significava que os líderes
deviam ser respeitados pelos não-cristãos.
15º) Não orgulhoso ➔ Tito 1:7. Quando o líder é
orgulho, ele tente a recusar idéias de outras pessoas,
achando que somente as suas têm valor perante Deus.
Isto não era permitido na igreja primitiva.
16º) Amigo do bem ➔ Tito 1:8;1 Pedro 5:2. O líder
deveria buscar sempre o bem. Essa sempre foi a vontade
do Pai.
17º) Justo ➔ Tito 1:8.Deveria ser alguém capaz de fazer
julgamentos baseados na verdade e na santidade. Assim
como Deus é justo, natural que, dentro do possível, o
líder eclesiástico seja também.

Para exortarmos à abstinência total de bebidas alcoólicas, é muito
mais sensato observarmos textos como o de Romanos 14:1-12; 15:1-13
e 1 Coríntios 8, que não são diretos no assunto, mas, partindo destas
referências pode-se formular um argumento mais bíblico para
convencer qualquer pessoa que ela pode muito bem ficar sem “beber
socialmente”. Nos dias da igreja primitiva era comum o uso de vinho
Página 60 de 65
6. 5. 3. Diáconos. 1º) Respeitáveis ➔ 1 Timóteo 3:8.

2º) De uma só palavra ➔1 Timóteo 3:8.

“Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos,
3º) Não inclinado a muito vinho ➔ 1 Timóteo 3:8.
houve uma murmuração dos helenistas contra os
4º) Não cobiçosos de sórdida ganância ➔ 1 Timóteo 3:8.
hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo
esquecidas na distribuição diária. E os doze, convocando 5º) Conservando o ministério da fé com a consciência

a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que limpa ➔ 1 Timóteo 3:9.

nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. 6º) Irrepreensíveis ➔ 1 Timóteo 3:10.
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa 7º) Marido de uma só mulher ➔ 1 Timóteo 3:12.
reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos
8º) Que governe bem a sua casa ➔ 1 Timóteo 3:12.
quais encarreguemos deste serviço. Mas nós
perseveraremos na oração e no ministério da palavra. O Em relação a este ministério de liderança eclesiástica, ao
parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem contrário dos outros, parece existir uma grande
cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, possibilidade de que mulheres tenham recebido, mesmo
Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os que indiretamente, este título; ou seja, Diaconisa (ver,
apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, Romanos 16:1-3). Suas características: Respeitáveis, Não
lhes impuseram as mãos” (Atos 6:1-6). maldizentes, Temperantes e Fieis em tudo (Ver, 1
Timóteo 3:11).
Este é o texto bíblico onde se originou está função de
liderança. 7. O PASTOR

Os diáconos foram instituídos por uma necessidade a Deve ser sustentado pela igreja?

principio social; dando condições de que os Apóstolos se

Há muita evidência nas Escrituras de que o pastor deva
preparassem e desenvolvessem o ministério para o qual
ser sustentado pela igreja: “Os anciãos que governam
foram chamados.
bem sejam tidos por dignos de duplicada honra,

De uma forma geral a palavra diácono significa, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.

basicamente, servo ou assistente. Isto não significava que Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando

os diáconos eram uma espécie de escravos da igreja ou debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário” (

de seus membros. Timóteo 5:17-18)

O conceito passado por esta palavra é muito parecido “Não sabeis vós que os que administram o que é

com a palavra “servir” usada por Jesus quando disse: sagrado comem do que é do templo? E que os que

“Pois também o Filho do homem não veio para ser servem ao altar, participam do altar? Assim ordenou

servido, mas para servir, e para dar a sua vida em também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que

resgate de muitos” (Marcos 10:45). vivam do evangelho (.Coríntios 9:13-14). “E o que está
sendo instruído na palavra, faça participante em todas as
A princípio, os diáconos deveriam cuidar dos carentes e boas coisas aquele que o instrui (Gálatas 6:6).
necessitados. Depois, em pouco tempo, passaram, Por qual razão a igreja deve sustentar o obreiro?

também a ajudar nos aconselhamentos, dando assim um Podemos destacar várias razões, mas será destacado as

apoio muito estreito ao pastor de uma igreja local. principais:

1º) Por que é totalmente bíblico
As características dos diáconos eram em sua maioria, as 2º) Por que ele é digno.
mesmas que as dos outros líderes.Observe: 3º) Por que geralmente ele tem uma família.

Página 61 de 65
7. 4. Os demais líderes da igreja.
Nas igrejas atuais não se encontra somente o pastor e os
diáconos, existe também os líderes de departamentos,
de evangelismo, de congregações; diretor da EBD;
relatores das mais variadas comissões que dentre as
quais destacamos: Patrimônio, obras, etc. Observe a
seguir o perfil dos demais líderes da igreja:
Características do líder.
“SUA MENTE DEVE ESTAR TOTALMENTE VOLTADA PARA CRISTO,
PARA QUE POSSA CONDUZIR SEUS LIDERADOS
PRINCIPALMENTE, SUA PRÓPRIA VIDA.”
“SOBRE O LÍDER, ESTE DEVE EXERCER UMA INFLUENCIA SOBRE
OS LIDERADOS E DEVE LEVÁ-LOS E LEMBRÁ-LOS DO MINISTÉRIO
QUE DEUS OS DEU. DEVE SER UM AMIGO E COMPANHEIRO
ENTRE OUTRAS COISAS.”
“O LÍDER DEVE TER ATITUDES DE VENCEDOR, PARA QUE OS
LIDERADOS OLHEM PARA ELE E TENHAM VONTADE DE LUTAR. SE
O LÍDER TIVER UMA IMAGEM DE PERDEDOR, LOGO OS
LIDERADOS SE SENTIRÃO DESMOTIVADOS...”
“OS LÍDERES DEVEM POSSUIR AS MESMAS CARACTERÍSTICAS DE
UM PASTOR, SÓ QUE O SEU REBANHO É MENOR E ESPECÍFICO.”
“O LÍDER DEVE SER SUBMISSO AO PASTOR. O LÍDER DEVE
LEMBRAR QUE ELE VEIO PARA SERVIR.”
8.0 A DISCIPLINA NA IGREJA.
Definição: Disciplina pode ser definida como a correção
ou expulsão pela igreja de um ou mais membros por
causa da vida imoral, ou heresia de doutrina.
A. Formas de Disciplina.
1.Particular-Mateus 18_15-18
2.Pública-I Coríntios 5:1-13
3. Excomungação ( Não se usa mais este termo)
B. A disciplina:
1. Geral
a- O alcance da liberdade é pessoal- é sobre todo
pecado, sendo cada pessoa responsável ( João 8:31-
36; Romanos 14:1-15; Gálatas 6:1; Colossenses 2:16-23 )
b. Os limites da liberdade pessoal- A imoralidade e o
efeito nas demais pessoas. ( I Coríntios 6:9-12; 8:9-12;
10:23-33; Gálatas 6:13,14;Filipenses 3:15,16 )
2. O Dever.
A igreja tem o dever de disciplinar ou excomungar , e
isto está muito claro. ( Mateus 18:17; I Coríntios 5:2;6-8,
12-13; ¨:1-4 ).
E,
3. O Propósito.a- Dar oportunidade a que o Espírito
Santo desperte o desviado conduzindo-o ao
arrependimento.( II Tessalonicenses 3:14,15. )
b. Zelar pelo bom testemunho da Igreja . ( Romanos
2:24; I Coríntios 10:32; Tito 2:7,8; I Pedro 2:12,15 ).
c. Purificar a Comunidade , afastando o mau exemplo da
presença dos demais membros. ( I Coríntios 5:2; 6-8.).
d. Impedir que o culpado com “juízo” para si. (I Coríntios
11:29 )
e. Para que o mundo ( o reino de Satanás )saiba que
pecou e aprenda a não blasfemar.( I Coríntios 5:5; 11:32;
I Timóteo 1:20 ).
f. Não é para que a igreja se vingue, mas são
prerrogativas divinas . ( Romanos 12:19, Hebreus 12:5,6 )
4. A Seqüência.
Quando um membro é apanhado em qualquer falta ou
transgressão , os membros espirituais devem conversar
com ele a fim de restaura-lo( Gálatas 6:1,2 ). Existem
instruções bíblicas acerca dos diferentes casos.
5.O Efeito.
a. O efeito sobre o individuo- Assim como a disciplina de
Deus é para o nosso proveito , assim a disciplina na
Igreja, é para a restauração. (Hebreus 12:11 )
b. O efeito sobre a igreja- A remoção do pecado faz
com que a glória do Senhor seja restaurada e o
testemunho da igreja preservado
............................................................................................................
.............................................................................
Página 62 de 65
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas/SP: Luz Para o Caminho, 1990.

BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. Ensaio de Cristologia crítica para nosso tempo. 12. ed. Petrópolis/RJ: Vozes,
1988.

CAMPOS, Heber Carlos de. As duas naturezas do Redentor. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

____. A União das duas naturezas do Redentor. São Paulo. Cultura Cristã, 2004.

CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática – Vols. 3 e 4. São Paulo: Hagnos, 2003.

____. Teologia Sistemática – Vols. 5 e 6. São Paulo: Hagnos, 2003.

Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 1996.

COUCH, Mal (Ed. Geral). Os Fundamentos para o Século 21: examinado os principais temas da fé cristã. São Paulo:
Hagnos, 2009.

CULVER, Robert Duncan. Teologia Sistemática: bíblica e histórica. São Paulo: Shedd Publicações, 2012.

ERICKSON, J. Millard. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto
atual. São Paulo: Vida Nova, 2007.

GRONINGEN, Gerard van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. 2. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.

____. Manual de Doutrinas Cristãs. São Paulo: Vida, 2005.

HODGE, Charles. Teología Sistemática – Vol. I. Terrassa, Barcelona: Libros CLIE, s/d.

____. Teología Sistemática – Vol. II. Terrassa, Barcelona: Libros CLIE, s/d.

McGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Shedd
Publicações, 2005.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2005.

PANNENBERG, Wolfhart. Teologia Sistemática – Vol. 2. Santo Andre/SP: Academia Crista; Paulus, 2009.

STURZ, Richard J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2012.

TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo: Paulinas; São Leopoldo/RS: Sinodal, 1987.

BIBLIOGRAFIA DE APOIO E OBRAS CONSULTADAS

ANSELMO, Santo. Livre-arbítrio e Predestinação. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.

BAILLIE, Donald M. Deus estava em Cristo: ensaio sobre a encarnação e a expiação. 2. ed. Rio de Janeiro: JUERP;
ASTE, 1983.

Página 63 de 65
BENTO XVI, Papa. Jesus de Nazaré: primeira parte: do batismo no Jordão à transfiguração / Josep Ratzinger. São
Paulo: Planeta, 2007.

____. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição / Josep Ratzinger. São Paulo: Planeta, 2011.

____. A infância de Jesus / Josep Ratzinger. São Paulo: Planeta, 2012.

BORCHERT, Otto. O Jesus Histórico. São Paulo: Vida Nova, 1990.

CULLMANN, Oscar. Cristo e o tempo – Tempo e História no Cristianismo Primitivo. São Paulo: Editora Custom, 2003.

____. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Liber, 2001.

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática – Vol 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

HOUSE, H. Wayne. O Jesus que nunca existiu. São Paulo: Hagnos, 2009.

HURTADO, Larry W. Senhor Jesus Cristo: Devoção a Jesus no Cristianismo Primitivo. Santo André/SP: Academia Cristã;
Paulus, 2012.

LAW, Henry. Cristo em Gênesis. 2. ed. São José dos Campos/SP: Fiel, 1994.

WILLIAMS, J. Rodman. Teologia Sistemática: uma perspectiva Pentecostal. São Paulo: Vida, 2011.

LEITURAS ADICIONAIS PARA OS ALUNOS INTERESSADOS EM APROFUNDAR SEUS ESTUDOS SOBRE CRISTOLOGIA E
SOTERIOLOGIA

BANKS, Robert. A Teologia nossa de cada dia: aplicando os princípios teológicos no cotidiano. São Paulo: Vida, 2004.

DUSILEK, Darci. Teologia ao Alcance de Todos. Rio de Janeiro: UNIGRANRIO, 2005.

FERREIRA, Franklin. Teologia Cristã – Uma introdução à sistematização das doutrinas. São Paulo: Vida Nova, 2011.

GRENZ, Stanley J; OLSON, Roger E. Iniciação à Teologia: um convite ao estudo sobre Deus e sua relação com o ser
humano. São Paulo: Vida, 2006.

PINHEIRO, Jorge. Teologia Bíblica e Sistemática – O ultimato da práxis protestante. São Paulo: Fonte Editorial, 2012.

REGA, Lourenço S. (Org.) Quando a Teologia faz Diferença. São Paulo, Hagnos; FTBSP, 2012.

ROCHA, Alessandro. Teologia Sistemática no horizonte pós-moderno: um novo lugar para a linguagem teológica.
São Paulo Vida, 2007.

SAWYER, M. James. Uma Introdução à Teologia: das questões preliminares, da vocação e do labor teológico. São
Paulo: Vida, 2009.

BIBLIOGRAFIA RELEVANTE EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA

BAVINCK, Hermann. Teologia Sistemática. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP, 2001.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. Campinas/São Paulo: Luz Para o Caminho, 1992.

CASTIÑEIRA, Àngel. A experiência de Deus na Pós-modernidade. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

Página 64 de 65
CONNER, Walter Thomas. Doctrina Cristiana. 7. ed. USA: Casa Bautista de Publicaciones, 1988.

FERREIRA, Júlio Andrade (Org.). Antologia Teológica. São Paulo: Novo Século, 2003.

FINNEY, Charles. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

GEISLER, Norman & BOCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis. São Paulo: Vida, 2003.

GRENS, Stanley J. & OLSON, Roger E. A Teologia do Século 20. São Paulo: ECC, 2003.

LANGSTON, A. B. Esboço de Teologia Sistemática. 8. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1986.

MACKINTOSH, H. R. Teologia Moderna de Schleiermacher a Bultmann. São Paulo: Novo Século, 2004.

MILNE, Bruce. Conheça a Verdade. São Paulo: ABU, 1987.

MONDIN, Batista. Quem é Deus? Elementos de Teologia Filosófica. São Paulo: Paulus, 1997.

OLSON, Roger. História das controvérsias na Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 2004.

____. História da Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 2001.

RYRIE, Charles C. Teologia Básica ao alcance de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.

STRONG, Augustus H. Teologia Sistemática. Vol. I. São Paulo: Teológica, 2002.

____. Teologia Sistemática. Vol. II. São Paulo: Hagnos, 2003.

TIESSEN, Henry Clarence. Palestras Introdutórias à Teologia Sistemática. São Paulo: IBR, 1987.

DADOS DOS VÍDEOS INSERIDOS NO CDROM

AULA DE TEOLOGIA -CRISTOLOGIA E TRINDADE (56:47 Min.)

https://www.youtube.com/watch?v=buURepQq5QQ

O Sacrifício de Cristo - Augustus Nicodemus (42:43 Min.)

https://www.youtube.com/watch?v=LZx6vi4h8Pw

Você tem certeza da sua salvação? (5:05 Min.)

https://www.youtube.com/watch?v=egsHk1Xgizw

Franklin Ferreira - O crente pode perder a Salvação? (Hebreus 6) (9:59 Min.)

https://www.youtube.com/watch?v=uSr-7mWqU4Q

Página 65 de 65