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POR UMA ECONOMIA POLÍTICA DA CIDADE

Discente: Gabriel Moreira Gomes Cavalcanti


Disciplina GF129A
2021

SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade. Cap. 5. São Paulo: EDUSP,
2009.

O capítulo em comento insere-se no livro que leva seu nome (“Por uma
economia política da cidade”), de autoria do professor e pesquisador Milton Santos, um
dos geógrafos mais renomados do Brasil, além de escritor, jornalista, advogado e
professor, que desenvolveu, a partir dos anos 70, vários estudos sobre a geografia social,
com ênfase nas mudanças desencadeadas pela globalização e pelas relações
internacionais.
O texto aborda as questões político-econômicas do espaço urbano, a partir de
uma análise, sobretudo, da influência do capitalismo. Como trata-se de uma pesquisa
desenvolvida dentro de uma perspectiva geográfica, o autor adota como objeto de seu
estudo o espaço, com todas as transformações tecnológicas inerentes da intervenção
humana.
Nessa perspectiva, faz-se uma compreensão da urbanização como fenômeno
espacial, com implicações políticas, sociais e econômicas. As diversas forças que
interagem nesse meio, movidas por atores como o Estado e as empresas, definem as
condições locais de mercado que permitem o estudo da cidade e as conclusões a que o
autor obtêm.
Menciona-se que o espaço geográfico é o local onde exercita-se o trabalho
humano e é também o ambiente em que se desenvolve a economia política. Assim,
enquadrando como foco a cidade – como um sistema urbano de economia própria –
podem ser identificadas várias questões que ganham especial relevo.
Uma dessas questões centrais é o avanço tecnológico empregado nos meios de
produção e nas próprias cidades. Isso é explicado pelo autor a partir da teoria da divisão
social do trabalho no ambiente urbano. Nesse caso, em particular, vê-se a adoção de
conceitos tradicionais da sociologia moderna, que explicam a especialização do trabalho
nas sociedades, a exemplo das obras do ilustre Émile Durkheim1.
Porém, Milton Santos vai além, ao contextualizar essas teorias à cidade e suas
relações socioespaciais. Um exemplo disso está no encerto em que discorre a respeito
do meio material e do meio social para produção e consumo. Partindo da análise da
divisão social do trabalho supramencionada, Santos argumenta que a cidade é o espaço
adequado para o desenvolvimento da produção e consumo, por centralizar toda uma
gama de condições salutares, utilizando do exemplo São Paulo para fortalecer sua tese.
Seguindo mais adiante, enfatiza que a cidade é meio de socialização capitalista,
pois a sociedade repassa impostos ao Estado, que por sua vez cria as condições
adequadas de desenvolvimento do capital. Porém, este resultado final da produção
acaba por enriquecer poucos.
Esse resultado final apenas aumenta as desigualdades e só é possível graças à
cooperação das unidades de produção. Utilizando-se até de uma linha mais dura, o
professor Milton classifica como um verdadeiro tipo de controle social, que seria
formado pelos grandes monopólios e pela anuência do Estado. Este último cria um
planejamento engendrado para uso do capital social em prol das grandes empresas e
companhias, que mais das vezes são controladas por agentes externos.
Daí nota-se também uma característica presente em várias das obras de Milton
Santos, qual seja, a análise de questões locais dentro de uma lógica global, que ele
mesmo chama de mundialização econômica, sobretudo nos países em desenvolvimento.
A partir do que apresenta, faz-se uma crítica ao estado neoliberal e à política
social da cidade. Isso porque observa-se como causa da economia política de
urbanização um aumento da pobreza e da desigualdade, com elevada concentração de
renda naqueles que controlam o espaço da cidade.

1
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999,
Prefácio à primeira edição.

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