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Ainda que não se constituam em um paradigma completamente coeso se comparado ao

Realismo, o Liberalismo Clássico também pode ser caracterizado como uma escola de
pensamento com consistência própria, ainda que derivada da tradição política liberal,
fundada ainda no século XVII.

A partir do que foi estudado, cite os três tipos de Liberalismo nas Relações
Internacionais, segundo a abordagem de Andrew Moraviczik, explicando no que
consiste cada um deles

Resposta esperada: Segundo o Liberalismo Ideacional, a preferência dos Estados é


determinada principalmente pela configuração das identidades e valores sociais
domésticos. Nesse caso, entende-se a identidade social dos Estados como sendo as
preferências dos indivíduos sobre o escopo e a natureza da provisão de bens públicos.
Por sua vez, o Liberalismo Comercial afirma que o comportamento dos Estados decorre
dos incentivos de mercado baseado nas preferências dos atores econômicos domésticos
e internacionais, como as empresas. Desse modo, essa vertente está mais relacionada
aos resultados políticos das decisões econômicas dos Estados em relação aos fluxos
transnacionais de comércio e investimentos. Já o Liberalismo Republicano foca no grau
de representação política permitida pelas instituições domésticas de um Estado,
afirmando que o padrão de cooperação ou conflito entre os Estados é proveniente da
representação dos interesses dos cidadãos desse Estado.

Para E. H. Carr (1892-1982), o Realismo nas Relações Internacionais é fundamentado,


principalmente, na forma como é conduzido o estudo da Política Internacional. A partir
dessa concepção, ele realiza uma divisão entre o Realismo e o Idealismo ou Utopia no
desenvolvimento dessa nova ciência.

Com base no que foi estudado e discutido em sala de aula, indique a diferença entre
Realismo e Utopia na ciência da Política Internacional, segundo Carr.

Resposta esperada: Para Carr, o Realismo é a etapa de maior desenvolvimento da


ciência da Política Internacional. Sua principal característica é o fato de se basear na
análise objetiva dos fatos internacionais, tal como são apresentados na realidade – não
enfatizando como eles deveriam ocorrer. Dessa forma, o Realismo é caracterizado pela
aceitação das tendências históricos, buscando interpretá-las para só assim poder
formular linhas de ação. Por seu lado, o autor identifica a Utopia como o pensamento
centrado no estudo da realidade internacional tal como ela deveria ser (cooperação entre
os Estados, livre comércio, cosmopolitismo), sem atentar tanto para o que de fato são as
tendências históricas da ordem internacional.

O Marxismo Clássico se desenvolveu historicamente em paralelo com a disciplina de


Relações Internacionais desde o final do século XIX até meados da década de 1970.
Entretanto, isso não impediu que essa corrente teórica contribuísse para com o estudo da
realidade internacional, operacionalizando os conceitos elaborados por Karl Marx e os
autores que o sucederam.

A partir desse panorama geral, aponte algumas contribuições do Marxismo Clássico


para a compreensão das relações internacionais.

Resposta esperada: Um conceito importante no entendimento marxista clássico dos


fenômenos internacionais é a concepção de Estado. Para essa corrente teórica,
considera-se o Estado não como uma entidade soberana que se relaciona com as demais,
mas sim como instrumento das classes sociais dirigentes – nos países capitalistas, a
burguesia – para a continuação do processo de acumulação de capital. Dessa forma, as
relações internacionais seriam constituídas por relações entre classes e frações de
classes sociais entre as diferentes sociedades que compõem o sistema capitalista
internacional. Por outro lado, a dimensão histórica também é uma importante
contribuição dessa abordagem, ao analisar os fenômenos internacionais como
determinados pela configuração histórica da dinâmica das classes sociais em
determinado período. Além disso, o conceito de imperialismo foi significativo para o
entendimento das relações entre países capitalistas avançados e economias recém-
incorporadas ao sistema capitalista.

A Teoria do Imperialismo foi uma das primeiras e principais contribuições do Marxismo


Clássico para o estudo dos eventos internacionais. Essa abordagem foi inaugurada pela
necessidade de se compreender o movimento dos capitais europeus para outras regiões
de modo de produção não capitalista e dentre seus principais representantes, encontram-
se autores como Lenin, Bukharin, John Hobson e Rosa Luxemburgo.

Segundo a teoria de Rosa Luxemburgo sobre o fenômeno do Imperialismo, identifique


suas principais características, analisando o modo como as economias capitalistas
avançadas se relacionam com as “economias naturais”.

Resposta esperada: Segundo Rosa Luxemburgo, o Imperialismo é um fenômeno que


consiste na expansão dos capitais produtivos e financeiros (estes últimos sobretudo sob
a forma de empréstimos) dos países capitalistas avançados para as chamadas economias
naturais – ou seja, marcadamente pré-capitalistas. Ao relacionar-se com esses países, há
uma desestruturação das relações sociais de produção que geram crise nas formas de
organização da sociedade em questão, levado a um enfraquecimento daquela economia
natural. Ao mesmo tempo, busca-se transformar aquela economia em uma sociedade
capitalista através dos empreendimentos dos capitais europeus, sob a forma de comércio
de bens manufaturados e investimentos em infraestrutura. Além disso, essa relação
envolve o emprego da força coercitiva para submeter as populações dessas economias a
sistemas de trabalhos forçados, inclusive de escravidão, geralmente com consentimento
das elites políticas dessas sociedades. Por fim, é estabelecida uma relação de
colonização direta do Estado europeu.

O Neomarxismo nas Relações Internacionais envolve diversos tipos de teorias que


adaptaram princípios marxistas de Economia Política Internacional e da Sociologia
Política para o entendimento da realidade internacional a partir do pós-guerra. Dessa
forma, novos arranjos interpretativos surgiram, inclusive na América Latina, como
atesta a criação da Teoria da Dependência.

Segundo o trabalho de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, defina o conceito de


dependência.

Resposta esperada: Para os autores, dependência é uma categoria histórica que está
relacionada tanto à forma de organização econômica, quanto à dimensão política das
sociedades (geralmente periféricas). Segundo os autores, a dependência não é um
fenômeno meramente externo, como se fosse uma imposição dos países desenvolvidos
aos subdesenvolvidos, mas sim uma relação que envolve a configuração das relações
entre as classes e grupos sociais que determinam as estruturas de dominação daquela
sociedade, dando-lhe as características que lhe são mais importantes. Por outro lado, a
dependência é um fenômeno surgido a partir do processo de expansão da economia
capitalista, posicionando cada país na estrutura do mercado internacional e imprimindo-
lhes determinadas funções na economia global.

O estudo das relações internacionais conforme realizado por Waltz ainda é discutido até
os dias de hoje, sendo considerado por muitos autores como sendo uma das principais
contribuições para a disciplina das Relações Internacionais.

A partir do trabalho de Waltz (Teoria de Relações Internacionais), discuta o conceito de


estrutura e sua importância para a compreensão do sistema internacional.

Resposta esperada: Segundo Waltz, estrutura pode ser definida como uma abstração que
ajuda na compreensão teórica da organização do sistema internacional. Para o autor, as
estruturas são caracterizadas por três elementos: princípio ordenador, diferenciação das
unidades e distribuição de capacidades. No que tange ao sistema internacional, a
estrutura possui um princípio ordenador anárquico, unidades funcionalmente iguais
(Estados soberanos), mas diferentes em termos de distribuição de capacidades. Por
outro lado, a estrutura do sistema internacional é definida não pela relação entre os
Estados, mas pela posição que uns ocupam em relação aos outros, o que tem
implicações para a determinação da polaridade do sistema. Segundo o autor, essa
estrutura imprime características ligadas ao princípio de autoajuda e de balança de poder
entre as unidades.

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