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interesses e abordagens, o que torna impossível uma definição unívoca da mesma; não
obstante, a título de uma primeira aproximação pode-se dizer que a EPI tem como eixo
de preocupação as interações e interseções entre economia e política no que diz respeito
aos fenômenos e relações cujas origens e eficácia não se esgotam no âmbito de uma
comunidade política diferenciada. Em última instância, fluxos monetários, de
mercadorias, serviços, pessoas e ideias através das fronteiras que expressam tal
interação economia/política são objeto de atenção da EPI desde sua origem – seja a EPI
vista como herdeira direta da tradição de pensamento da Economia Política Clássica,
seja a EPI vista como uma subárea das Relações Internacionais cujas origens datariam
de meados dos anos 1960. Nas décadas recentes, debates a respeito dos processos de
globalização e seus impactos tem chamado a atenção para o fato de que fenômenos
importantes para a EPI não se restringem às interações interestatais, mas também dizem
respeito a outros tipos de atores que não apenas os Estados.
Aqueles que apreciam os aspectos econômicos são, com frequência, deixados à margem
da disciplina. Não que não haja centros para estudos de Economia Política
Internacional, mas, em comparação com a grande quantidade de pesquisadores voltados
para política externa e segurança, são poucos os que se dedicam a essa área. Correm,
inclusive, o risco de ter suas pesquisas tachadas como pouco relevantes ou enfadonhas.
Em sua origem na década de 1970, a Economia Política Internacional (EPI), uma das
subáreas das Relações Internacionais, foi também formada em torno de dois polos
distintos: a EPI americana e a EPI britânica. Por um lado, autores que trouxeram da
economia clássica pressupostos para compreender as relações entre os Estados; por
outro, autores que buscavam criticar o mainstream e as relações de poder. Entre os dois
lados do Atlântico uma semelhança: a união dos campos de estudo da Política e da
Economia, uma análise da dinâmica das interações dos Estados em busca de riqueza e
poder, as relações complexas das atividades econômicas e políticas no nível
internacional.
A escola britânica, liderada por Susan Strange e Robert Cox, assumiu uma postura
crítica em relação à visão do sistema internacional formado apenas pelas relações entre
Estados. Os estudos tentaram superar o Estado-centrismo, incorporando outros
elementos, como ideias, sociedade e instituições, nas análises sobre a ordem mundial.
O que seria de um Estado militarmente forte, sem uma moeda forte? Como
compreender a melhora nas condições de vida das populações sem compreender as
políticas econômicas de benefícios sociais e crescimento nacional? Como compreender
a hierarquia internacional de Estados politicamente fortes e fracos, sem compreender a
dinâmica econômica do centro e da periferia do capitalismo? A todas essas inquietações
parece haver um caminho indicado pela Economia Política Internacional e por aqueles
que se aventuram a estudá-la.