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História das Relações

Internacionais

Professor Doutor Damião Fernandes Capitão Ginga


AULA: Sumário

 Apresentação
 Objecto de Estudo;
 Metodologia de Ensino;
 Metodologia de avaliação;
 Bibliografia base.

 Breves considerações sobre a disciplina


 Relação da História das Relações internacionais e das RI.
Apresentação

 Objecto de Estudo: fazer uma abordagem e análise cronológica aos factos e fenómenos
que nortearam a evolução do sistema internacional e a construção da Ordem Mundial;

 Metodologia de Ensino: aulas de carácter teórico-prático, baseadas na exposição dos


factos, através da revisão e estudo da bibliografia correspondente, isto é, uma análise
documental intensiva da produção cientifica dos principais estudiosos destas matérias.
 Metodologia de Avaliação:
 Provas parcelares (2/3)
 Elaboração de 1 trabalho de carácter cientifico;
 Avaliação continua como factor de ponderação (participação nas aulas, assiduidade, disciplina, etc.).
 Bibliografia base:
 Nye Jr., J. S. (2002). Compreender os conflitos internacionais – Uma introdução à teoria e à história. Lisboa: Gradiva.
 Nye Jr., J. S. (2009). Cooperação e Conflito nas Relações Internacionais (Trad: Monteiro, H. A. R.). São Paulo:
Editora Gente.
 Kissinger, H. (1996). Diplomacia. Lisboa: Gradiva.
 Fernandes, A. J. (2008). Relações Internacionais e Portugal. Lisboa: Prefácio.
 Remond, R. (2000). Introdução à História do nosso tempo. Lisboa: Gradiva.
 Saraiva, J. F. S. (2010). História das Relações Internacionais ContemporâneasDa sociedade internacional do século
XIX à era da globalização. São Paulo: Saraiva.
 Duroselle, J. – B. (1995). Historie diplomátique de 1919 à nos jours. Paris: Dalloz.
 Pierre, M. (1968). les relations internationales de 1871 à 1919. Paris: Armand Colin.
 Marcel, M. (1981). Sociologia nas Relações interacionais. Brasília: Editorial Universidade de Brasília.
Breves considerações sobre a disciplina

 Em sua origem, o campo de actuação da ciência de Relações Internacionais esteve marcado


pela História, pelo Direito Internacional e pela Ciência Política;
 A institucionalização acadêmica do campo de Relações Internacionais data do final da Primeira
Guerra Mundial e surge com o objectivo de compreender os factores que engendram a
guerra e o que fazer para preveni-la;
 Assim, em 1919, na Universidade de Gales, em Aberystwyth, foi criado o Departamento de
Política Internacional e um ano depois com a fundação do Royal Institute of International
Affairs, é criada uma cátedra dedicada ao estudo exclusivo das Relações Internacionais;
 Com o passar dos anos, o campo de interesse das Relações Internacionais foi se ampliando,
com vista a contemplar outros actores e fenómenos que se davam fora do âmbito estatal, mas
que começavam a ter impacto no sistema internacional e para os historiadores.
 Portanto, as interconexões existentes entre as disciplinas História das Relações Internacionais e Relações
Internacionais são evidentes;
 Por essa razão, tratar da produção histórica sobre as relações internacionais implica considerar, no mínimo, a
importante aproximação entre a História, o Direito Internacional e a Ciência Política;
 Em resumo, a diferença entre as duas disciplinas reside no facto de que, o passado interessa ao cientista
político (RI), pelo suporte que oferece para o estabelecimento da teoria, enquanto que para o historiador, o
passado em si é o seu foco de estudo (HRI);

 TPC: Sociedade internacional Vs Sistema internacional?

 O Sistema Internacional vincula a rede de pressões e interesses que levam Estados a considerarem outros Estados
em seus cálculos e desígnios;
 A Sociedade Internacional vincula o  conjunto de regras comuns, instituições, padrões de conduta e valores que são
compartilhados e acordados por Estados.
AULA: Sumário

 1. Introdução à História das Relações Internacionais

 1.1. História das Relações Internacionais como Ciência;

 1.2. Conceito de Forças Profundas


1.1. História das RI como Ciência

 A História das Relações Internacionais nasce da crítica dos historiadores aos procedimentos
metodológicos da História Diplomática;
 Uma não substituiu a outra, ambas coexistem, todavia actualmente pouco se fala da existência
da História Diplomática, sobretudo devido ao atual enquadramento da diplomacia enquanto
instrumento da Política Externa;
 A História Diplomática (História dos Tratados) nasceu no século XIX , no seguimento da
consolidação do moderno Estado nacional, nascido de Vestefália e fortalecido com a
Revolução Francesa;
 Seu surgimento visava justificar e legitimar a existência do Estado, na sua organização e na
sua interação no sistema global.
 Abordava as relações entre os Estados, como principais Actores do SI, a partir das descrições
contidas nos documentos oficiais do Estado;
 A História Diplomática investiga e relata as relações econômicas, sociais e políticas que se codificam com base
nos Tratados, Convenções, Memorandos de entendimento, etc.;
 Trata-se de uma história institucional, na medida em que o seu objecto e metodologia de estudo é reduzido aos actos
oficiais, porquanto não se preocupa em compreender as características específicas das sociedades que são objecto
de estudo;
 Nasce num contexto marcado pelas unificações da Alemanha e da Itália (1872);
 Para a História Diplomática interessa apenas a relação formal entre Estados (governo), ignorando deste modo a
dinâmica desenvolvida entre povos e comunidades;
 Resumidamente a abordagem da História Diplomática (ou História dos Tratados na Itália) não identifica a
importância daquilo que Pierre Renouvin viria mais tarde a chamar de Forças Profundas;
 Deste modo, a História das Relações Internacionais nasce da necessidade dos pensadores e académicos tentarem
perceber a natureza complexa das relações entre os Estados, sociedades e culturas--- A Dinâmica das relações passam
a ser o centro de estudo;

 Perceber as causas das guerras;

 Desvendar as motivações da falência do sistema de Equilíbrio de Poder que vigorou durante o século XIX, com o seu famoso
instrumento – o Diretório.
 A História das Relações Internacionais pode deste modo ser considerada como uma renovação
historiográfica na abordagem dos assuntos internacionais;
 Seu surgimento significou a redefinição do objeto de estudo e da metodologia até então contemplados
pela tradicional História Diplomática;
 Mesmo considerando a importância do Estado enquanto ator principal das relações internacionais, a nova
História das Relações Internacionais passou a contemplar a interpretação das influências geográficas,
econômicas, culturais e ideológicas que condicionam a ação dos Estados em suas relações externas;
 O francês Pierre Renouvin foi o grande percursor da crítica à História diplomática, o que fez dele o
arquiteto da primeira sustentação teórica sobre o estudo da História das Relações Internacionais;
 A partir dele a explicação e a interpretação da evolução da vida internacional passaram a incluir outros
atores e fatores que não eram tradicionalmente considerados na bibliografia disponível, falamos
concretamente das Forças Profundas, de acordo com a sua denominação.
 Pierre Renouvin representa a transição entre a História Diplomática tradicional e a História das Relações
Internacionais;
 Com a sua doutrina sobre as "forças profundas", Renouvin considera não apenas o papel do Estado e a
pesquisa nos arquivos diplomáticos, mas também a história económica e social, a história das idéias e das
instituições, entre outras no estudo das RI;
 Outrossim, com a obra de Renouvin, inaugurou-se não só a História das Relações Internacionais, mas
uma verdadeira Escola francesa da disciplina. O que levou à criação em 1935, do Instituto Pierre
Renouvin, na Sorbonne;
 Este processo veio a ser consolidado com o lançamento em 1950 do seu livro formado por 8 volumes,
intitulado Histoire des relations internationales;
 Todavia, a institucionalização da História das Relações Internacionais no mundo académico só seria
concretizada apenas na década de 1970;
 Contudo, com o decorrer dos anos começaram a surgir algumas críticas à abordagem da Escola francesa;

 Por possuir um carácter eurocêntrico;

 Por assumir a perspetiva de construções analíticas excessivamente centradas na inserção internacional da França.
 Surge assim a perspetiva Inglesa, que desenvolveu um campo próprio da História das Relações
Internacionais, sendo que esta ficou mais conhecida como História Internacional;
 O ponto de partida foi o ano de 1954, sendo que a London School teve um papel determinante na formação
dos pesquisadores da área;
 Os britânicos privilegiaram o estudo do Estado nas Relações Internacionais, a perceção do duradouro
sobre o imprevisível, a ordem sobre a anarquia e os processos de continuidade nas relações internacionais;
 Um marco na Escola britânica é a contribuição da obra de Adam Watson. Watson discute o funcionamento
dos sistemas de Estado ao longo do tempo, comparando-o e elencando as suas particularidades;
 Desenvolveu uma verdadeira teoria de base histórica para a evolução do sistema internacional, desde os
primórdios até a chamada sociedade internacional contemporânea;
 Por outro lado, discute a distinção entre um “Sistema Internacional” e uma “Sociedade Internacional”.
 Mais tarde, a obra do historiador francês Jean-Baptiste Duroselle publicada na década de 1980, Teoria das
Relações Internacionais, surge como um marco importante nos estudos das Relações Internacionais,
particularmente porque o autor procede a uma abordagem que contempla o conhecimento histórico no
centro dos estudos das relações internacionais contemporâneas;
 Duroselle foi assim herdeiro de uma importante tradição francesa, iniciada por Pierre Renouvin ainda na
década de 1930, e propôs uma teoria com forte base empírica, de acordo com a renovação teórica e
metodológica do conhecimento social;
 Finalmente e pouco mais de 80 anos passados e de uma longa maturação, um novo balanço examina o
estado da pesquisa sobre as “forças profundas de Pierre Renouvin” numa obra organizada pelo professor
Robert Frank, sucessor de Renouvin e Duroselle;
 Em suma, a História das Relações Internacionais foi também influenciada pela renovação da
própria disciplina de História, que estava em curso na França durante a década de 1930;
 Inicialmente contemplou uma abordagem civilizacional, na qual havia uma clara indissociabilidade entre a
História das Relações Internacionais e a própria História das Civilizações;
 Finalmente houve uma grande preocupação para com a ampliação das fontes de pesquisa, que deveriam
contemplar outros documentos além dos tradicionais ou convencionais (documentação oficial e
diplomática).
1.2. Conceito de Forças Profundas

 O conceito que mais popularizou a obra de Pierre Renouvin é, sem dúvida alguma, o de “Forças
Profundas”. No vasto e ambicioso panorama traçado pelo historiador francês, não são apenas os Estados que
estão em causa, mas também os povos e os interesses dos agentes económicos, enfim o conjunto das
circunstâncias históricas, culturais, económicas, políticas e sociais, em um momento dado;

 Renouvin estabeleceu o conceito de Forças Profundas ou Causas Profundas, como: ´´conjunto de


causalidades sobre as quais actuavam os homens de Estado em seus desígnios e tomadas de decisão
´´;

 Estas forças profundas actuariam sobre a acção do Estado, constrangendo-lhes e limitando-lhes dentro de
determinadas direcções. Mais propriamente, Duroselle e Renouvin afirmam que estas forças actuam sobre o
“Homem de estado".
 O "homem de estado" apresentado por Renouvin representa nos dias de hoje o elemento decisor do Estado,
executivo ou do responsável máximo pelo processo de tomada de decisão política de um Estado;
 O conceito de forças profundas surge assim associado a figura ou a personagem do homem de estado, mas
também ao conjunto de circunstancias que influenciam no processo de tomada de decisão e no
estabelecimento da Ordem internacional;
 Portanto, não deve ser nigligenciado o papel dos homens de Estado, que foram de forma mais ou menos
consciente, influenciados por essas forças, na medida em que a sua ação pessoal interessa sobretudo na
forma como ela modifica o curso das relações internacionais;
 Por sua vez, cada Estado possui determinados objectivos presentes em seu sistema de finalidades, no
sentido em que essas forças profundas variam de acordo com o contexto, espaço geográfico e intervalo
temporal;
 Esta interação entre os Estados, o sistema de causalidade e o sistema de finalidades, definem a vida
internacional, ou seja o sistema internacional, e finalmente a Ordem Internacional.
 Estas "forças profundas" são de diversos tipos e Renouvin as enumera na primeira parte da sua obra
"Introdução à História das Relações Internacionais" publicada em 1964 em francês e reeditada em1967;
 Para si além das relações entre Estados, através da sua diplomacia e dos homens de estado, existem forças
que determinam os destinos e influenciam na tomada de decisão pelos homens do estado;
 Estas podem ser materiais – factores geográficos, condições demográficas, poder econômico; como
espirituais – cultura, sentimento nacional, etc.;
 Renouvin as enumera na primeira parte da obra como: geográficas; demográficas; econômicas; da
mentalidade colectiva; e correntes sentimentais. Sendo a primeira composta por atributos de posição e
espaço que orientam a alocação dos agregados humanos. No segundo caso, discorre-se sobre o papel dos
surtos demográficos e movimentos migratórios como constrangimentos do ambiente internacional;
 Quanto às forças económicas, estas são divididas entre materiais e financeiras e entre conflitivivas e
cooperativas. No tocante à mentalidade colectiva, destaca-se o papel constitutivo de sentimento nacional;
 E, finalmente, dentre as correntes sentimentais Renouvin dá ênfase aos movimentos nacionalistas e aos
pacifistas. A única característica comum a todas as forças é o seu carácter perene enquanto causa
histórica potencial do desencadeamento de fenómenos e sua regularidade observável no tempo.
Aula: sumário

 1. Introdução à História das Relações Internacionais

 1.1. Grandes períodos na História da Humanidade;

 1.2. Mundo no século XV


1.3. Grandes períodos da história da
humanidade
 A divisão da história da humanidade em períodos é um tema um pouco controverso entre
os historiadores e estudiosos, especialmente, porque entende-se que é muito difícil
encaixar todas as experiências humanas ao longo da sua existência nos mais diversos
pontos do planeta, em uma única linha do tempo.
 De maneira geral as Eras históricas são subdivisões que compõem uma linha do tempo
que diz respeito, maioritariamente, à História do Continente Europeu e suas conexões com
outras sociedades.
 Desta forma, antes de abordarmos as características de cada período, devemos ter a
consciência que esta linha do tempo é de certo modo limitada e não contempla todos os
grupos ao longo do tempo.
 Em termos acadêmicos, a História da humanidade começou quando o homem criou a escrita, há mais ou
menos há 4.000 anos a.C. Dessa data em diante, chamamos de Período Histórico ou História. 

 Deste modo, a História da humanidade divide-se em :


 Pré-História;
 Idade Antiga;
 Idade Média;
 Idade Moderna;
 Idade Conteporânea.
 Pré-História
 O primeiro período que podemos definir chama-se pré-história. Esta denominação deriva do facto deste periodo
reportar as sociedades anteriores ao domínio da escrita e que, por isso, não deixaram registros escritos que possam
relatar suas histórias;
 Essas sociedades sobreviviam da caça de animais e da colheita de alimentos da natureza. Construíram ferramentas,
dominaram o fogo e desenvolveram diversas técnicas que auxiliaram na sua sobrevivência;
 Também foi neste recorte da História que ocorreu a Revolução Agrícola, quando houve, em alguns grupos, um
processo de substituição das comunidades nómadas por outras com fixação territorial. Passaram a viver de forma fixa
e desenvolveram a agricultura, que possibilitou a sua sobrevivência e o aumento demográfico na região
do Crescente Fértil, através do domínio dos rios – Tigre, Eufrates e Nilo.
 O crescente fértil foi uma importante região, especialmente para o início da sedentarização de diversos
povos. Ela leva este nome porque, localizada entre os rios Tigre, Eufrates, Jordão e Nilo, tem um formato
que se assemelha ao de uma lua crescente
 O crescente fértil marca geograficamente o início da civilização humana, vivendo em sociedade e de
forma fixa, sedentária. Uma região com solo fértil, com fauna e flora diversa e com irrigação constante,
dominada pelos homens e pelas mulheres que passaram a desenvolver técnicas e ferramentas para tornar a
vida fixa possível.

Períodos (≈) Principais características


Divisões da Pré-história

Idade da pedra Paleolítico 2,5 milhões -10.000 A.C. Sistema econômico de caça e colheita de frutos silvestres

Mesolítico 12.000 – 9.000 A.C. Período intermédio, no qual usavam, ao mesmo tempo, instrumentos de pedra lascada e
pedra polida.

Neolítico 5.000 – 3.000 A.C. Sistema econômico produtivo e sedentário: agricultura e pecuária

Idade dos metais Idade do cobre 3.300 – 1.200 A.C. O ser humano começava a dominar, ainda que de maneira rudimentar, a técnica
da fundição.

Idade do bronze 3.300 – 700 A.C. O emprego do bronze começou na Mesopotâmia, num momento que coincide,
aproximadamente, com o apogeu de outras grandes civilizações antigas
como Síria, Canaã e o vale do Nilo.
Idade do ferro 1.200 – 1.000 A.C. Caracterizada pela utilização do ferro como metal, utilização importada do Oriente
através da emigração de tribos indo-europeias, que a partir de 1 200 a.C. começaram a
chegar a Europa Ocidental
 Idade Antiga
 O período subsequente a Pré-História, que se inicia com as civilizações da Antiguidade Oriental, as primeiras a
desenvolverem um código escrito. De facto, até os nossos dias ainda não existe consenso acerca dos primeiros
registos da escrita;
 Para uns a escrita cuneiforme (4.000 A.C) originária da Mesopotâmia marca o aparecimento da escrita enquanto
elemento de comunicação e civilizacional; para outros o hieróglifos são os primeiros registros da escrita (5.000
A.C.);
 Não obstante, a Idade Antiga ou Antiguidade, na periodização das épocas históricas da humanidade, é o período que
se estende desde a invenção da escrita(de 4 000 a.C. a 3 500 a.C.) até a queda do Império Romano do
Ocidente (476 d.C.);
 Embora o critério da invenção da escrita como delimitador entre o fim da Pré-história e o começo
da História propriamente dita seja o mais comum, estudiosos que dão mais ênfase à importância da cultura
material das sociedades têm procurado repensar essa divisão. Assim, é comum afirmar-se que a Idade Antiga se inicia
em aproximadamente 4 mil anos a.C., com as civilizações da Mesopotâmia, Egipto, Fenícia, Hebreus e Pérsas;
 O período se encerra com 476 d.C com a Queda do Império Romano do Ocidente.
 Portanto, a Idade Antiga é o primeiro período da História, sendo dividido em Antiguidade Oriental e
Antiguidade Ocidental ou Clássica.
 A Antiguidade Oriental é marcada pelo aparecimento dos primeiros povos civilizados, ou seja, egípcios,
mesopotâmicos, fenícios, hebreus, etc.
 Esses povos eram fortemente influenciados pelo espaço físico-geográfico que habitavam. Em geral, possuíam uma
economia baseada na agricultura e na pecuária e utilizavam a mão-de-obra de escravos;
 Os fenícios, que não possuíam condições favoráveis a uma economia agrária, acabaram por desenvolver a navegação
e o comércio;
 Antiguidade clássica refere-se a um longo período da História da Europa que se estende aproximadamente
do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de Homero, à queda do Império Romano do
Ocidente no século V d.C., mais precisamente no ano 476;
 Essa fase é marcada por um grande desenvolvimento comercial, tendo o mar Mediterrâneo como principal rota de
comércio;
 No eixo condutor desta época, que ao contrário de outras anteriores ou posteriores, estão os factores culturais das suas
civilizações mais marcantes, a Grécia e a Roma antigas;
 Foi neste período que se desenvolveram as cidades-estado, o poder grego sobre o mundo antigo, a democracia
ateniense, bem como a ascensão romana.
 Civilização Grega
 A Antiguidade Clássica foi na verdade o longo período histórico onde as civilizações grega e romana se destacaram
de modo excepcional em meio a qualquer outra sociedade nos mais variados aspectos do desenvolvimento humano;
 Formalmente, foi estabelecido que o ponto inicial da Era Clássica no primeiro registro da poesia do grego Homero,
nos séculos VII-VIII a.C.;
 Em um espaço de tempo tão dilatado, a sociedade grega passou de uma colecção de cidades-estados pouco
coordenadas a metrópole de um imenso império legado por Alexandre o Grande, que por sua vez acaba conquistado
por Roma e finalmente se torna o centro do Império Bizantino;
 Do mesmo modo, a construção cultural da civilização Grega foi consolidada por um longo periodo de alianças e
guerras, dentre elas as Guerras Médicas e a Guerra de Peloponeso;
 As Guerras Médicas, conflito entre gregos e persas, foram vencidas pelos gregos. Para combater a presença persa no
Mediterrâneo foi formada a Liga de Delos, com objectivos claros de promover a segurança do território grego. A
Liga de Delos foi a base da concentração de poder por parte de Atenas, que mais tarde viria a consolidar-se na
democracia ateniense;
 No entanto, nem todas as pólis gregas viviam a partir de uma organização democrática. Muitas delas organizavam-se
a partir de oligarquias, com a concentração de poder na mão de poucos e a cidadania muito mais restrita. Essas outras
cidades formaram uma aliança que tinha em Esparta seu centro, a Liga do Peloponeso.
 Guerra de Peloponeso
 A Guerra do Peloponeso foi um conflito ocorrido entre as duas principais alianças da Grécia Antiga: a Liga de Delos
e a Liga do Peloponeso, comandadas respectivamente por Atenas e Esparta, entre os anos de 431 e 404 a.C. Assim,
o mundo grego foi dividido entre dois poderes: Esparta e Atenas;
 Além da vitória de Esparta sobre Atenas, a Guerra do Peloponeso deu lugar a uma maior integração entre as
cidades-estado ao longo do Mediterrâneo, na medida em que foi sobre esta guerra que um dos primeiros
historiadores do mundo escreveu. Tucídides procurou narrar em “História da Guerra do Peloponeso” o conflito e
seus principais embates;
 O declínio de Atenas marcou a ascensão de Esparta e desfez a unificação política do mundo grego, bastante
afectada pela devolução aos Persas das cidades da Ásia Menor em troca do seu ouro;
 Roma, por sua vez, absorveu muito do legado da civilização grega, e soube difundir tal cultura entre os diferentes
povos que conquistou. Ao contrário dos gregos, o espírito romano era mais pragmático, concentrado no domínio de
territórios e no poder.
 A Fundação de Roma
 Roma Antiga foi uma civilização itálica que surgiu no século VIII a.C. Localizada ao longo do mar Mediterrâneo e
centrada na cidade de Roma, na península Itálica, expandiu-se para se tornar um dos maiores impérios do mundo
antigo, com uma estimativa de 50 a 90 milhões de habitantes (cerca de 20% da população global na época) e
cobrindo 6,5 milhões de quilômetros quadrados no seu auge entre os séculos I e II;
 Os primeiros habitantes de Roma foramos latinos e sabinos, que integravam o grupo de populações indo-
europeias originárias da Europa Central que vieram para a península Itálica em ondas sucessivas em meados
do milênio II a.C;
 A data tradicional da fundação (21 de abril de 753 a.C.) foi convencionada bem mais tarde por Públio Terêncio
Varrão, atribuindo uma duração de 35 anos a cada uma das sete gerações correspondentes aos sete mitológicos reis.
Segundo a lenda, Rômulo, o fundador de Roma, matou o irmão e se tornou no primeiro rei de Roma;
 A documentação do período monárquico de Roma encontrada até hoje é muito precária, o que torna este período
menos conhecido que os períodos posteriores.
 O último rei de Roma teria sido Tarquínio, o Soberbo (534–509 a.C.) que, em razão de seu desejo de reduzir a
importância do senado na vida política romana, acabou sendo expulso da cidade e também assassinado;
 Este foi o fim da Monarquia em Roma. Durante esse período, o monarca acumulava os poderes executivo, judicial e
religioso, e era auxiliado pelo senado, ou conselho de anciãos.
 De acordo com a tradição e historiadores, como Tito Lívio, a República Romana foi fundada por volta
de 509 a.C., quando o último dos sete reis de Roma, Tarquínio, o Soberbo, foi deposto, por Lúcio Júnio
Bruto, e um sistema baseado em magistrados eleitos anualmente e em várias assembleias representativas foi
estabelecido;
 Uma constituição estabeleceu uma série de pesos e contrapesos e a separação de poderes. Os
magistrados mais importantes eram os dois cônsules, que juntos exerciam autoridade executiva, como
o imperium, ou o comando militar;
 Os cônsules tiveram que trabalhar com o senado, que inicialmente era um conselho consultivo da nobreza,
ou patrícios, mas cresceu em tamanho e poder. Os romanos garantiram suas conquistas fundando colônias
romanas em áreas estratégicas;
 No século III a.C., Roma enfrentou um novo e formidável adversário: Cartago, uma rica e próspera
cidade fenícia que pretendia dominar a região do mar Mediterrâneo;
 As duas cidades eram aliadas nos tempos de Pirro, que era uma ameaça para ambas, mas com a hegemonia
de Roma na Itália continental e a talassocracia cartaginesa, essas cidades se tornaram as duas maiores
potências no Mediterrâneo Ocidental e sua disputa pela região levou ao conflito.
 As Guerras Púnicas
 Essas guerras entre Roma e Cártago resultaram nas primeiras conquistas ultramarinas de Roma (Sicília, Hispânia e
África) e a ascensão de Roma como uma potência imperial significativa, o que deu início ao fim da democracia;
 A Primeira Guerra Púnica foi o primeiro de uma série de três conflitos entre Roma e Cártago;
 Na fase inicial, a cidade de Cártago era muito próspera no Mar Mediterrâneo. Cártago era de origem fenícia e tinha boas
relações comerciais no Mediterrâneo e também com Roma. Sua posição a favorecia estrategicamente para o
desenvolvimento de relações comerciais, uma vez que se situava de tal forma que permitia o fácil contacto com a África e
com várias ilhas próximas da Europa;
 Com o processo de expansão a civilização Romana, Roma buscou conquistar a ilha da Sicília, com a qual Cartago tinha suas
relações comerciais. A Sicilia era de grande importância econômica para os cartagineses, perder seu domínio
representava grande insatisfação para este povo. Assim, a relação entre Roma e Cartago se estremece;
 A Primeira Guerra Púnica começou no ano de 264 a.C. em conseqüência da invasão romana na ilha da Sicília. O conflito
colocou em choque as duas maiores potências existentes na região do Mediterrâneo na época. É bem verdade que o Império
Romano, até então, não desfrutava de uma grande e poderosa frota marítima para investir na conquista de uma ilha, mas a
política de guerra de Roma era só terminar os combates quando a vitória fosse total. Por esse motivo, foram muitas as perdas
humanas e materiais para os dois lado;
 Por mais que os cartagineses dispusessem de grande e estruturado exército, além de recursos financeiros acumulados ao
longo de vários anos de comércio, os romanos tinham a determinação. A habilidade tática de Roma superou a vantagem
numérica de Cartago no campo de batalha;
 O conflito se estendeu por longos 23 anos. Em 241 a.C. a Primeira Guerra Púnica chegou ao fim com a rendição imposta
pelos romanos aos cartagineses. Roma conseguiu estruturar sua frota marítima e superar Cartago também nos mares. O
resultado foi a declaração de Cartago aceitando o domínio romano sobre a Sicília e mais uma série de punições sofridas.
 Após a 1ª guerra, Roma se tornou um dos maiores impérios da Antiguidade. As fronteiras de influência foram
definidas através de uma linha imaginária que cortaria o Mediterrâneo. De tal modo que Espanha, Córsega, Sardenha e
África continuavam sob domínio de Cartago, e tudo que estivesse ao norte da linha seria de Roma;
 Os cartagineses procuraram se recompor através de sua região de influência e deslocaram o palco dos conflitos para
outra região, o que teve como consequência novas guerras entre Roma e Cartago;
 A Segunda Guerra Púnica foi consequência da Primeira Guerra Púnica. Quando os cartagineses perderam o primeiro
conflito, saíram quase totalmente destruídos economicamente e demograficamente. Um tratado de paz foi assinado com os
romanos no qual ficavam estabelecidas as áreas de influência de cada cidade. Cartago manteve o domínio sobre regiões da
Espanha, onde tentou se reerguer após os prejuízos sofridos;
 Esta foi a mais importante para Roma, pois com a vitória neste conflito o Império Romano realmente se consolidou como
grande potência na Europa. A nova vitória determinou a conquista romana da Península Ibérica e das outras regiões que
ainda estavam sob domínio de Cartago, além de solidificar o poder na Península Itálica e partir para a conquista do
Oriente;
 Cartago, por sua vez, saiu aniquilada economicamente e enfraquecida para qualquer combate. Mesmo assim, uma
nova Guerra Púnica ainda ocorreria.
 Em 149 a.C. teve início a Terceira Guerra Púnica. Os romanos invadiram a cidade já debilitada há seis
anos para concluir a aniquilação que tanto desejavam. Cartago foi completamente destruída desta vez,
literalmente apagada do mapa;
 A Terceira Guerra Púnica acabou em 146 a.C. com mais uma vitória romana, mas absolutamente
devastadora;
 Mais tarde, com as crises da República Romana, decorrentes da instabilidade política e agitação social,
culminou com o fim da República Romana e o advento do Império Romano, entre 134 a.C. e 27 a.C;
 Os últimos dois séculos a.C. foram marcados por uma imensa instabilidade política, na qual revoltas de
escravos, guerras civis, ditaduras, tentativas de golpe e governos formalmente ilegais sucederam-se na
República Romana;
 Os quatro anos da ditadura de Júlio César foram marcados por crescentes atritos com o Senado;
 Tais atritos nasciam de sua origem pobre, ainda que aristocrática, e, principalmente, da percepção
que os senadores tinham do real projecto político de César: instalar um regime monárquico, fortemente
apoiado no Exército; regime no qual, inevitavelmente, o Senado teria sua importância restringida.
 Com o fim da República em Roma (509 a.C. a 27 a.C.) com a morte do general Júlio César, no ano 31 a.C,
perpetrado por um grupo de senadores ligados a Pompeu e, também, de senadores do próprio círculo íntimo
de César;
 Caio Octávio, sobrinho e herdeiro de Júlio César, assumiu o controle e é nomeado o único general, e teve
aprovação do senado, que o nomearam Príncipe. No ano de 27 a.C Otávio recebe o título de Augusto (do
latim “o venerável”);
 Entretanto, a reacção militar e popular que se seguiu ao assassinato de César deteve o projecto
senatorial de restaurar o poder. Ao contrário do que pretendia o Senado, a morte do ditador teve o efeito
de motivar a unidade do Exército e de transformá-lo em um real elemento de poder. Surge assim o Império
Romano;
 O Império Romano foi assim o período da história de Roma que se iniciou com nomeação de Octávio
Augusto no ano 27 a.C. e termina com o fim do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. que marca o fim
da Idade Antiga e início o da Idade Média;
 Augusto vai comandar o Império juntamente com os poderes as várias instituições que se mantiveram da
República, tais como o senado e o exército. Octávio Augusto iniciou um período na história romana de
abundância e relativa paz interna, que duraria cerca de 250 anos, e ficou conhecido como a “Paz Romana”
(Pax Romana);
 O período da paz romana foi marcado por inúmeras transformações, novas conquistas e foram
estabelecidas, a grande movimentação da cultura e da economia.
 A pax romana foi um período assim denominado pela tomada de controle sobre um amplo território,
garantindo certa estabilidade e tranquilidade. O termo é da língua latina, e significa a paz romana. O
período assim chamado teve uma duração considerável, desde 27 a.C. a 180 d.C.;
 Roma buscava expandir o seu território, e ao mesmo tempo precisava de lidar com a elevada extensão do
seu território, porquanto foi necessário desenvolver formas de garantir o controle e a paz, tendo em vista
que Roma havia passado por um longo período de constantes guerras civis, antes da sua fundação;
 Em suma, o início da Pax Romana se deu durante o governo de Augusto, o primeiro imperador romano, e
marcou o início do Império Romano que foi marco para este período de paz.

Monarquia República Império


 O processo que levou à queda o Império Romano do Ocidente foi longo e complexo. Para compreender
este acontecimento é preciso compreender o contexto de ameaças de invasões e crises pelo qual passava o
Império;
 As ameaças de povos bárbaros eram muito comuns à época. É preciso lembrar que os territórios do mundo
antigo foram disputados por diversos povos;
 Além disso, grupos não romanos tinham interesse não só em tomar o poder dos romanos, mas também
nas suas terras, que eram férteis e nelas se podia produzir muita coisa;
 Durante o terceiro século o Império Romano viu a crise fugir de seu controle. Foram muitas as tentativas de
manter o império vivo. Dentre as principais medidas destacam-se as propostas de Diocleciano;
 Para melhor controle do vasto território o Imperador propôs uma divisão do império. Ele seria dividido em
quatro partes, cabendo a cada uma delas o seu próprio imperador. Era uma tetrarquia, estabelecida com
vistas a restabelecer a ordem e retomar o controle do território romano;
 Na tetrarquia, o regime de governo ficou conhecido como dominato, um regime monárquico, despótico e
militarizado. A relação íntima entre o Imperador e as expressões religiosas é uma das principais
características do dominato.
 A Tetrarquia
 A chamada tetrarquia, que nascia com a ideia de fomentar um maior controle sobre o amplo território romano,
embora a intenção fosse dividir o poder para conseguir controlar as diferentes regiões do império, essa medida
custou caro aos cofres imperiais, pois para cada uma das regiões foi enviado não só um representante máximo como
toda uma corte, necessitando assim de um aumento significativo na arrecadação de impostos;
 Inicialmente Diocleciano dividiu o império em duas partes: a parte oriental e a parte ocidental, ficando ele próprio
responsável pela porção oriental e Maximiano pela porção ocidental.
 Este continuava sendo o Imperador e concentrando poderes estando hierarquicamente acima de Maximiano,
declarado então seu augusto, ou uma espécie de imperador adjunto. Cada um dos líderes tinha sob seu poder um
exército próprio, além de uma máquina administrativa e recursos financeiros;
 No entanto, mesmo com o Império assim dividido as rebeliões e invasões bárbaras continuaram a ocorrer por todo o
império e, na tentativa de fechar o cerco contra os invasores, Diocleciano sugeriu uma nova subdivisão no
Império;
 Tanto ele como Maximiano teriam dois Césares, actuando como sub-imperadores, e hierarquicamente abaixo dos
Augustos. O César da porção oriental era Galério, enquanto Constâncio actuava como César na porção ocidental. A
tetrarquia, portanto, é essa forma de governo que dividiu o Império entre dois augustos e dois césares;
 Seu sucessor, Constantino, governou de 313 até 337. Constantino legalizou o cristianismo e fundou Constantinopla
– para onde transferiu a sede do governo, além de ter abolido o sistema de tetrarquia.
 A partir do século IV, uma grave crise econômica deixou o Império enfraquecido e sem condições de proteger
suas fronteiras, isso fez com que o território romano fosse ameaçado pelos bárbaros, que aos poucos invadiram e
dominaram o Império Romano do Ocidente formando vários reinos: Vândalos, Ostrogodos, Visigodos, Anglo-Saxões
e Francos;
 Assim, no final do século IV Teodósio, em 395, propôs outra divisão do Império Romano em duas partes: o Império
Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. O primeiro tinha sede em Ravena, que depois seria
transferida para Milão, e o segundo tinha sede no Bizâncio;
 As guerras contra os povos bárbaros eram muito onerosas e consumiam as finanças do Império, uma vez que
gastava-se muito com o envio do exército e com obras estruturais;
 Durante as invasões bárbaras o que mais ocasionou desestabilização foram os saques a Roma. Roma já havia sido
saqueada em outras ocasiões e, em sua história, seria saqueada novamente tempos mais tarde;
 No entanto, três saques marcaram esse período de declínio do Império Romano;
 O primeiro deles foi feito pelos visigodos, em 410 d.C., acontecimento que marca o início do processo de queda e desintegração
do Império Romano;
 O segundo foi efectivado pelos vândalos, e ocorrido no ano de 455. As fontes do período indicam que este foi o mais violento
dos saques;
 Mas, foi o terceiro, efectuado pelos hérulos, em 476, que foi o golpe definitivo que pôs fim ao Império Romano do Ocidente.

 Foram os hérulos que invadiram, saquearam e derrubaram Rômulo Augusto, o último Imperador Romano
com aquela formulação. Enquanto o Império do Ocidente caiu, o Império Romano no Oriente manteve-se
fortalecido até o ano de 1453;
 Rómulo Augusto, último imperador romano do ocidente, é forçado a abdicar por Odoacro, um chefe
dos Germânicos hérulo;
 Flávio Odoacro devolve a regalia imperial ao imperador romano do oriente, Flávio
Zenão, em Constantinopla, em troca do título de líder da Itália;
 Em 476, o Império Romano do Ocidente desintegrou-se restando apenas o Império Romano do Oriente;
 Com a capital situada em Constantinopla, também conhecido como Império Bizantino – por ter sido
construído no lugar onde antes existia a colônia grega de Bizâncio), o Império Romano do Oriente
sobreviveu até 1453 quando Constantinopla foi invadida e dominada pelos Turcos- Otomanos.
 Idade Média
 O ano de 476 é o marco do fim do que conhecemos como Idade Antiga, dando início ao período que
costumamos chamar de Medieval, que será marcado pela formação do Império Bizantino e pela
propagação do cristianismo;
 Usualmente a Idade Média é conhecida por Idade das Trevas. Foi neste momento também em que a
sociedade estava organizada a partir do feudalismo. O período durou aproximadamente mil anos e se
encerra em 1453 com a Tomada de Constantinopla;
 A Idade Média é o período intermédio da divisão clássica da História ocidental em três períodos:
a Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna, sendo frequentemente dividido em: Alta Idade Média e
Baixa Idade Média;
 Alta Idade Média, isto é, o período que compreende desde a queda do Império Romano Ocidental, por
volta do século V d.C., até o século X. O segundo refere-se à Baixa Idade Média, que se estende do século
X ao século XV, cuja data simbólica que marca seu fim é o ano de 1453, quando houve a tomada de
Constantinopla pelo Império Turco-Otomano;
 O estudo do período Medieval concentra-se em três eixos principais: a formação da cristandade na Europa
Ocidental, o desenvolvimento do Império Bizantino na Europa Oriental e o nascimento e expansão da
civilização islâmica, desde a Península Ibérica até a Pérsia, abrangendo também o norte da África e o sul da
Europa.
 Alta Idade Média
 Durante a Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana,
e invasões bárbaras, iniciadas durante os últimos anos da Antiguidade. Os ocupantes bárbaros formaram novos reinos,
apoiando-se na estrutura do Império Romano do Ocidente;
 Enquanto na Europa Ocidental o Império Romano se desagregava, sofrendo invasões bárbaras e a formação de
novos reinos, na parte oriental do Império Romano a situação era totalmente diversa. Desde o século IV, quando
os filhos do imperador Teodósio herdaram as duas metades do Império Romano, a parte situada a leste e com capital
em Constantinopla prosperou;
 Durante mil anos, uma mistura de influências romanas, gregas e orientais criou uma civilização com características
originais, cujas maiores contribuições situaram-se no campo da arte e da cultura. A parte oriental do Império Romano
passou a ser também denominada Império Bizantino, pois sua capital era uma antiga colônia grega chamada
Bizâncio;
 Foi durante o governo do Imperador Justiniano, de 527 a 565, que Constantinopla e todo o império experimentaram
seu esplendor máximo. Nesse período foram conquistados o norte da África, a Península Itálica e parte da
Península Ibérica, regiões que estavam em poder dos bárbaros, tendo pertencido ao antigo Império Romano;
 Ao mesmo tempo, partindo da região da Península Arábica, um povo nômada, habitante de regiões desérticas, iniciou
sua expansão em direção à Ásia e à África. Impulsionado pelas palavras do profeta Maomé, chegou a invadir a
Península Ibérica, deixando sinais de sua presença na arquitectura e na língua de seus habitantes.
 Surgimento do Islamismo
 No século VII, surgiu no Oriente Médio uma religião também monoteísta que conquistaria muitos fieis com o passar
do século. O Islamismo foi difundido através do profeta Maomé e o seu crescimento criaria grandes rivalidades com
o cristianismo;
 Maomé unificou as tribos árabes sob um único Estado baseado na religião islâmica e se tornou o primeiro chefe
político e líder religioso da comunidade muçulmana (a ummah). Desde então, para os árabes, a política e a religião
estão interligadas: para um muçulmano ser um bom cidadão deve seguir as palavras sagradas de seu profeta Maomé;
 De acordo com a tradição, Maomé ouviu a voz do Anjo Gabriel enquanto meditava por volta de 610, porquanto para
a História islamita, Maomé seria o último profeta de Deus. Para os seguidores do Islamismo, a Palavra de Deus foi
revelada a Maomé e está contida no Livro Sagrado: o Alcorão;
 Assim como todo mensageiro de Deus, Maomé também sofreu com a descrença do povo. O Profeta pregava a
crença em um único Deus e isso gerou polêmica e revolta já que naquela época, as pessoas adoravam vários deuses;
 Maomé começou por ser perseguido e decidiram matá-lo, Mas ele fugiu para Medina deixando a sua terra natal. A
fuga de Maomé de Meca, simboliza a passagem de uma cultura idólatra para uma crença em um único Deus (Alá).
Asssim, para os islamitas o ano de 622 tornou-se o ano zero(Hégira).
 Quando Maomé faleceu, em 632, os árabes não sabiam como organizar a ummah sem a liderança do profeta, pois
não sabiam quem seria seu sucessor. Os árabes não conheciam o principio de sucessão hereditária, já que, em suas
tribos, os líderes eram eleitos. Houve um processo de disputa para decidir quem deveria sucedê-lo;
 Alguns muçulmanos chegaram a propor que o sucessor (califa) deveria ser Ali, que era primo do profeta. No entanto,
a ummah escolheu um dos sogros de Maomé, Abu Bakr, como califa, já que ele tinha sido um dos primeiros a se
converter ao Islamismo. Portanto, a partir desta altura a ummah passaria a ser liderada através dos califados;
 Por essa época, dois grandes impérios cercavam a península Arábica: o Persa e o Bizantino. Tanto um quanto o outro
estavam enfraquecidos, depois de várias décadas de batalhas. Abu Bakr, então, iniciou a conversão dos árabes que
viviam dentro das fronteiras desses impérios;
 Após Abu Bakr (632-634), existiram mais 3 califas: Omar (634-644), Otman (644-656) e Ali. Mas uma guerra civil
estourou entre os muçulmanos, pois Ali foi acusado pelo assassinato de Uthman, o que fez surgir o conflito que dura
até aos nossos dias entre sunitas (maioria muçulmana) e xiitas (minoria e partidários de Ali);
 Os sunitas adoptavam os preceitos da Suna, livro dos ditos e feitos de Maomé, e do Corão, além de acreditarem que a
eleição dos chefes deveria ser livre. Os xiitas, pelo contrário, assumiam a ligação apenas ao Corão e apontavam a
necessidade de uma liderança centralizada;
 Com as guerras de conquista, os califas puderam unificar ainda mais os árabes, pois canalizaram a sua cultura bélica e
as razias (saques) para fora do Estado Árabe. O ideal que norteou essas conquistas é chamado de jihad, ou seja, o
“esforço”, a “perseverança” dos muçulmanos na palavra de Maomé, e a necessidade de espalhá-la pelo mundo,
mesmo que através da guerra.
 Em resumo, depois da morte de Maóme em 632, as forças islâmicas conquistaram grande parte do Império
Oriental, começando com a conquista da Síria em 634-635 e mais tarde de todo o território até ao Egipto em 640-
641, a própria Pérsia entre 637 e 642, o Norte de África no fim do século VII e a Península Ibérica em 711. Em 714,
as forças islâmicas controlavam já a maior parte da Península;
 O Império Islâmico conheceu sua maior extensão territorial, somando territórios na Índia, Ásia Central, norte da
África e Península Ibérica, sendo contidos pelos francos em 732, na Batalha de Poitiers, passando ainda a capital
para Damasco;
 O Cristianismo enfrentou assim uma ameaça à sua hegemonia com o surgimento do Islamismo e sua expansão
fulminante. No final do século XI, a religião já havia se tornado grande o suficiente para clamar por seus lugares
sagrados, que, no entanto, eram coincidentes com os lugares sagrados dos cristãos;
 A cidade de Jerusalém é o principal local sagrado para essas duas religiões monoteístas. A ocupação da cidade e
das regiões próximas que compõem a chamada Terra Santa foi motivo de muitos conflitos entre essas religiões na
Idade Média e ainda é uma das causas da instabilidade no Oriente Médio;
 Depois do assassinato de Ali, surgiram os períodos dinasticos, com a Dinastia Omíada. Com Muawiya iniciou-se o
período dinástico do império árabe-muçulmano, ou seja, os califas não seriam mais escolhidos pela ummah, pois a
sucessão passaria a ser hereditária;
 A influência bizantina transformou a corte do califa: a riqueza, o luxo e o poder autocrático passaram a ser
adoptados pelos árabes.
 Ao mesmo tempo em que crescia o poder da elite árabe sunita ligada ao califa omíada, os muçulmanos de todo império
se rebelavam e buscavam no Corão argumentos que defendessemm a vida simples do profeta;
 Muitos muçulmanos passaram a apoiar o xiismo, como forma de defender sua autonomia inicial e se colocar contra a
elite sunita;
 Sem poder conter as diversas ondas de rebeliões dos muçulmanos não-árabes, os omíadas foram derrubados (750) e
Muhammad ibn Alt ibn al-Abbas, parente de Maomé, se tornou o novo califa, iniciando a dinastia dos abássidas. Abbas
transferiu a capital para Bagdá (no actual Iraque), privilegiando assim os territórios orientais, os mais ricos do império;
 Nessa ocasião, os árabes já eram uma minoria entre todos os muçulmanos, então Abbas se cercou de uma elite composta
por várias etnias e deu a todos os muçulmanos a condição de igualdade política e jurídica, ou seja, a ummah se tornou
legalmente multiétnica;
 Como resultado dessa minoria árabe, a partir de meados do século X, observou-se o enfraquecimento do poder central
de Bagdá em várias regiões, pelo que as elites locais passaram a governar, de facto, as províncias que ainda compunham
o império. No entanto, o processo de implosão seria irreversível. No século XIV, o que se chamou de império árabe já
não existia mais;
 Em 750, os abássidas derrubaram a dinastia omíada, transformaram Bagdá em capital do Império e iniciaram um
processo de desagregação com a instituição dos emirados, que eram califados independentes, tais como Córdoba e Cairo.
Posteriormente, a partir do século XIII, o império foi sendo também conquistado pelos turcos, povos originários da Ásia
Central, um processo que se estendeu até o início do século XX, mas que manteve o islamismo como religião;
 Na Península Ibérica, os muçulmanos foram derrotados pelos cristãos durante as Guerras de Reconquista, que tiveram
fim no século XV.
 África na Idade Média
 Toda a região do norte da África passou a sofrer uma intensa penetração da civilização árabe islamizada. A partir do
século VII, o islamismo passou a expandir-se por toda a Península Arábica e em direção ao norte africano e ao sul
europeu;
 Neste período, houve um choque e um enriquecimento cultural com as culturas locais africanas, bem como com
as civilizações desse continente que já haviam sido cristianizadas;
 Na região do Magrebe, a conversão ao islamismo ocorreu de forma sistemática, desde reinos poderosos como o de
Mali, até os povos nômadas;
 Com a islamização, a prática da escravidão, que era muito comum no continente africano desde a Antiguidade,
intensificou-se;
 Além do reino de Mali, outros reinos também tiveram destaque no continente africano neste período, principalmente
aqueles que se desenvolveram abaixo do deserto do Saara, tais como Gana e Benim;
 A principal forma de contacto e de comércio entre esses reinos eram as caravanas de camelos, que permitiam o
deslocamento para longas distâncias em meio ao deserto com uma quantidade muito grande de mantimento, pedras
preciosas, escravos, metais, porcelanas, tapetes e muitas outras coisas.
 Feudalismo
 As origens do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema esclavagista de produção no Império Romano
entrou em crise, o que fez com que muitos dos grandes senhores romanos abandonassem as cidades e fossem viver
nas suas propriedades no campo;
 Entre os séculos V e XII, o feudalismo começou a se propagar em grande parte da Europa Ocidental, a partir dos
reinos francos da França.
 Neste sistema, os reis arrendavam terras conhecidas como “feudos” para poderosos nobres em troca de lealdade e
serviço militar. Os nobres, ou mesmo instituições religiosas, dividiam suas propriedades em lotes e os entregavam a
nobres menos importantes, que se tornavam seus vassalos.
 Esses centros rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos chamados feudos medievais. Muitos romanos
menos ricos passaram a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes senhores. Para poderem utilizar as terras,
no entanto, eles eram obrigados a entregar ao proprietário parte do que produziam, estava instituido assim, o
colonato;
 Aos poucos, o sistema esclavagista de produção no Império Romano ia sendo substituído pelo sistema servil de
produção, que iria predominar na Europa feudal. Nascia, então, o regime de servidão, onde o trabalhador rural é o
servo do grande proprietário;
 No sistema feudal, o rei concedia terras aos grandes senhores. Estes, por sua vez, davam terras a outros senhores
menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e
quem a recebia era um vassalo;
 De acordo com a função específica de cada camada alguns historiadores classificam-na como uma sociedade formada
por aqueles que lutam (nobres), aqueles que rezam (clero) e aqueles que trabalham (servos). Os servos não tinham a
propriedade da terra e estavam presos a ela. Não podiam ser vendidos como se fazia com os escravos, nem tinham
liberdade de abandonar as terras onde nasceram.
 Nas camadas pobres, havia também os vilões. Os vilões eram homens livres que viviam no feudo, deviam algumas
obrigações aos senhores, como por exemplo, as banalidades, mas não estavam presos à terra, podendo sair dela
quando o desejassem;
 A nobreza e o clero compunha a camada dominante dos senhores feudais, ou seja, aqueles que tinham a posse legal
da terra e do servo e que dominavam o poder político, militar e jurídico;
 Todavia, no período que vai do século XI ao século XV - a chamada Baixa Idade Média - percebe-se uma decadência
do feudalismo devido ao aumento populacional, provocando o surgimento de uma nova classe social interessada
sobretudo, no comércio: a burguesia;
 Embora os feudos continuassem a produzir normalmente, com os servos trabalhando a terra e pagando suas
obrigações aos senhores feudais, a produção era insuficiente para alimentar uma população em constante
crescimento;
 A Revolução Burguesa: com o surgimento da burguesia, muitas pessoas fugiam dos feudos (êxodo rural) para as
cidades em busca de melhores condições. O surgimento da moeda, o desenvolvimento das cidades medievais e da
intensificação das atividades comerciais, foram essenciais para que o sistema feudal entrasse em declínio completo;
 A partir da década de 1400, o sistema feudal na Europa Ocidental começou a ruir, em parte como consequência do
declínio populacional provocado pela Peste Negra e em parte pelo desenvolvimento do comércio. Na Europa central e
Oriental, no entanto, o trabalho servil que lastreava o feudalismo perdurou até meados do século XIX.
 Baixa Idade Média
 Na Baixa Idade Média, ocorreu o apogeu da civilização medieval, ou, em outros termos, o apogeu da Cristandade –
ou civilização cristã europeia. Deste modo, se até meados do século IX predominou o sistema econômico feudal, com
uma estrutura rígida e isolada, com cidades fortificadas, que necessitavam de defender-se das ondas de invasões
bárbaras –, na Baixa Idade Média irromperam fenômenos como o renascimento comercial e urbano, decorrentes da
abertura que o movimento das Cruzadas provocou contra o domínio muçulmano do Mar Mediterrâneo;
 No período que vai do século XI ao século XV - a chamada Baixa Idade Média - percebe-se uma decadência no
feudalismo. O aumento populacional provocado por essa fase de estabilidade levou à necessidade de mais terras, nas
quais os trabalhadores desenvolveram técnicas agrícolas que lhes facilitaram o trabalho. Em torno dos castelos
começaram a estabelecer-se indivíduos que comerciavam produtos excedentes locais e originários de outras regiões
da Europa. A moeda voltou a ser necessária, e surgiram várias cidades importantes junto às rotas comerciais e
marítimas e terrestres.
 De igual modo, no século X, os países europeus deixaram de ser ameaçados por invasões. Os últimos invasores -
normandos e eslavos - já se haviam estabelecido respectivamente no Norte da França (Normandia) e no centro-leste
da Europa (atual Hungria). O continente vivia agora a "paz medieval", a qual ocasionou mudanças que provocaram
transformações no panorama europeu;
 As Cruzadas possibilitaram a retomada intensa do fluxo comercial com as regiões do Oriente e da África, o que
exigiu uma reforma na estrutura das cidades, que deveriam comportar mercadorias e pessoas de várias regiões do
mundo. Foi nessa época que, em decorrência dessa mudança, começou a destacar-se um novo grupo social: a
burguesia.
 No plano religioso e cultural, a Baixa Idade Média caracterizou-se por ser também o período da Reforma Gregoriana da
Igreja Católica, da construção das universidades e das imponentes catedrais góticas;
 A Reforma Gregoriana (Sec. XI)
 Foi responsável por elaborar uma série de medidas que solidificou a Igreja Católica como instituição. Dentre tais medidas, podemos
citar: a distinção entre o poder secular e o poder espiritual (da Igreja), a distinção dos papéis entre clérigos e leigos católicos, a
instituição dos sacramentos e a regularização da acção das ordens religiosas;
 A Querela das Investiduras foi um conflito envolvendo os poderes universais da Europa medieval, entre a Igreja e o Estado, com
vista a terminar a intromissão do poder temporal nos assuntos da Igreja, especialmente no tocante a investidura leiga, ou seja, o ato de
nomear clérigos por agentes da nobreza;
 A Peste Negra
 O acontecimento mais terrível em termos de epidemia no continente europeu, a Peste Negra, que provocou um enorme decréscimo
na demografia europeia, além de mortes dolorosas e horríveis;
 A Peste Negra foi uma pandemia, isto é, a proliferação generalizada de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que se deu
na segunda metade do século XIV, na Europa. Essa peste integrou uma série de acontecimentos que contribuíram para a Crise da
Baixa Idade Média, como as revoltas camponesas, a Guerra dos Cem Anos e o declínio da cavalaria medieval;
 A peste foi denominada “negra” por conta das afecções na pele da pessoa acometida por ela. Isto é, a doença provocava grandes
manchas negras na pele, seguidas de inchaços em regiões de grande concentração de gânglios do sistema linfático, como a virilha e as
axilas. Esses inchaços também eram conhecidos como “bubões”, por isso a Peste Negra também é conhecida como Peste Bubônica.
A peste negra era originária do Mar Negro e transmitida por ratos;
 Dizimou milhões de europeus já enfraquecidos pela fome associada às mudanças climáticas, que trouxeram vários anos seguidos de
muita chuva e frio, o que causou o extermínio de animais e plantações, levando a um longo período de fome.
 A Queda de Constantinopla
 A queda de Constantinopla é um acontecimento de extrema importância, em termos históricos, na medida em que a
data de 29 de maio de 1453 é, ainda hoje considerada como marco do fim da Idade Média e início da Idade
Moderna;
 A queda de Constantinopla foi o símbolo do declínio do Império Romano do Oriente inaugurado por Constantino –
que havia dado seu nome à cidade – no século IV d.C. Esse acontecimento marcou também o triunfo de outro
império, o Otomano, que se formou a partir de um sultanato turco, em 1299, e foi o responsável pela conquista de
Constantinopla;
 O Império Romano do Oriente representava, na Idade Média, o que ainda havia de mais poderoso, em termos
institucionais, herdado da antigo Império Romano. Por estar localizada em um lugar estratégico da Anatólia (Ásia
Menor), Constantinopla sempre foi uma cidade cobiçada por diversas civilizações;
 Os ataques frequentes acabaram por deixar as defesas da cidade em péssimas condições, e o seu território,
drasticamente reduzido. Os otomanos, que disputavam espaço na Anatólia, sob o comando do sultão Mehmed II,
deram o golpe fatal contra a cidade;
 Famosa por sua muralha que a protegera por séculos, Constantinopla não foi capaz de resistir ao poder dos canhões
otomanos. Com a batalha vencida, Mehmed II logo se prontificou a estabelecer vínculos simbólicos com a cidade. A
principal referência cristã de Constantinopla, a basílica de Hagia Sofia (Santa Sabedoria), foi transformada em
mesquita no mesmo dia em que os otomanos conseguiram transpor as muralhas, como narra o historiador Alan
Palmer;
 Idade Moderna
 A Idade Moderna é o período da História do Ocidente que se inicia no final da Idade Média em 1453 d.C.
Embora os limites cronológicos não sejam consensuais de todo, a linha temporal deste período estende-se do
final do século XV até à Idade das Revoluções no século XVIII;
 Muitos historiadores assinalam o início desta idade na data de 29 de maio de 1453, quando ocorreu a tomada
de Constantinopla pelos turcos otomanos, incluindo assim o Renascimento e a Era dos Descobrimentos, e a
data de término com a Revolução Francesa no dia 14 de Julho de 1789;
 O mundo a partir do século XV foi bastante transformado. Foi o momento da transição do feudalismo para
os Estados Nacionais Modernos;
 Foram eles também os primeiros a dominar os mares e a desenvolver a navegação rumo a conquista de
novos mercados como as Índias. Por meio das Grandes Navegações, chegaram em outros continentes, e
iniciaram um projecto colonizador que durou vários séculos;
 O advento das Grandes Navegações, além de contribuir para o acúmulo de capitais na Europa, também foi
importante para que a dinâmica de um comércio de natureza intercontinental viesse a acontecera;
 Foi também o momento da exploração do continente africano e da escravatura pelo atlântico. Neste
período emergem outras religiões, como as protestantes.
 Acontecimentos que marcaram a Idade Moderna
 Johannes Gutenberg desenvolve a imprensa em 1454;
 Navegador Diogo Cão chega na foz do rio Congo uma frota portuguesa em 1482 ;
 Navegador português Bartolomeu Dias contorna o Cabo da Boa Esperança em 1488;
 Viagens de Cristovão Colombo que começaram em 1492;
 Tratado de Tordesilhas em 4 de Junho de 1494 entre Espanha e Portugal;
 Descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama em 1498;
 Descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 22 de Abril em 1500;
 Renascimento literário, artístico e linguistico (iniciado na Itália ainda no séc. XIII - renascer ou reviver os valores
da Antiguidade clássica greco-romana);
 Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero, pela publicação das suas 95 Teses em 31 de outubro de 1517;
 Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) – uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si a partir
de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e
comerciais;
 Tratado de vestefália 1648;
 Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, foi um dos principais acontecimentos da Idade Moderna. Foi
considerada a primeira das grandes revoluções burguesas. Formada por 4 fases.
 Revolução Gloriosa foi um evento político ocorrido entre 1688 e 1689 na Inglaterra, culminou com a institucionalização da
Monarquia Parlamentarista;
 Declaração de Direitos de 1689 (Bill Of Rights) limitava a ação dos reis, de modo a impedir qualquer retorno do absolutismo.
Os reis passaram a ter o poder restrito, e o poder de decisão política concentrou-se no Parlamento, formando-se, assim, uma
Monarquia Parlamentarista
 Surgimento do iluminismo (René Descartes, Baruch Spinoza, Thomas Hobbes, John Locke, Voltaire, Charles de
Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau, Adam Smith) - marcou um momento decisivo para o declínio da Igreja e o
crescimento do secularismo actual, assim como serviu de modelo para o liberalismo político e econômico e para a
reforma humanista do mundo ocidental no século XIX.;
 Declaração de Independência dos Estados Unidos da América as chamadas Treze Colônias, localizadas
na América do Norte, declaram independência da Grã-Bretanha em 4 de julho de 1776;
 Tratado de Paris de 1783 o acordo internacional pelo qual o extinto Reino da Grã-Bretanha reconheceu formal e
oficialmente o fim da Guerra da Independência dos Estados Unidos e a independência dos Estados Unidos da
América;
 Começo da Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufactura no período entre 1760 a
algum momento entre 1820 e 1840;
 Começo da Revolução Francesa (1789-1799);
 Idade Contemporânea
 Compreender o mundo contemporâneo do ponto de vista histórico é uma tarefa bastante complicada. Nesse
período que se inicia no século XIX e vem até os dias de hoje, o historiador se depara com um fluxo de
acontecimentos muito mais intenso do que em qualquer outro momento da História;
 A Idade Contemporânea inicia com a Revolução Francesa e dura até os dias atuais. Ela foi marcada pelo
desenvolvimento da ciência e definição dos campos científicos, mas também, e principalmente, pela eclosão
da Primeira e da Segunda Guerra Mundial;
 Foi marcada pelo fim da escravidão, pelo tráfico atlântico no século XIX e pelos processos de
independência em África e pela Guerra Fria no século XX;
 Foi também no século XX que o mundo viveu a segregação racial, no Estados Unidos, na África do Sul. Foi
o período das ditaduras na América Latina e do Maio de 1968 na França. Foi o período dos 11 de setembro –
no Chile em 1973 e nos Estados Unidos em 2001.
1.3. Mundo no século XV

 O Século XV foi o século do calendário Juliano de 1401 até 1500.


 Na Europa, o século XV foi visto como a ponte entre o final da Idade Média e o início
do Renascimento e da Idade Moderna. Muitos desenvolvimentos tecnológicos, sociais e
culturais levaram a que várias nações do continente europeu dominassem o mundo nos
séculos a seguir;
 Os Descobrimentos correspondem, pois, a uma revolução geográfica, que alterou
radicalmente a relação do homem com o planeta. Os seres humanos apreenderam,
finalmente, qual era a configuração da Terra e abriram novas vias de circulação;
 O Atlântico, que foi uma barreira até ao século XV, tornar-se-ia o grande eixo das
comunicações intercontinentais.
 No início do século XV, o mundo estava compartimentado e muitas civilizações viviam fechadas sobre si
próprias com poucos contactos com o exterior;
 A conquista de Ceuta, em Agosto de 1415, e a passagem do cabo Bojador, em 1434, fizeram de Portugal o
pioneiro da Expansão europeia e, consequentemente, da Globalização, um movimento que se tornou
imparável e irreversível desde que Gil Eanes e os seus homens venceram o mito do Mar Tenebroso;
 Outras civilizações tinham galgado os seus limites originais e haviam alargado muito a sua influência ou
mesmo o seu domínio, adquirindo até configurações intercontinentais;
 Ainda assim, a Eurásia constituía a área que tinha contactos mais globais e que persistiam há milhares de
anos, e muitos dos progressos da cristandade resultaram da aprendizagem de invenções e criações asiáticas,
como foi o caso do papel e das armas de fogo, inventados na China, ou dos algarismos, criados na Índia;
 Nessa época, o oceano Atlântico era um espaço por onde os homens não circulavam, salvo ao longo da
costa europeia e no extremo noroeste africano; 
 No séc. XV, o conhecimento dos europeus sobre o mundo não era muito vasto, na medida em que limitava-
se aos mapas e manuscritos gregos, romanos, muçulmanos e relatos de comerciantes europeus. Além disso,
nenhum ser humano sabia a configuração do planeta Terra, nem sequer o número de continentes ou de
oceanos existentes.
 Os Europeu do séc. XV acreditavam que a Terra era planisférica e quando os navios chegavam ao fim do
mundo, caíam no abismo. Por isso, a cartografia mediaval continha muitas omissões e incorrecções;
 O espaço conhecido  limitava-se á Europa, ao Norte de África e uma parte da Ásia.
 Os contactos que existiam entre o Ocidente e o Oriente eram estabelecidos por comerciantes muçulmanos
por terra. Alguns navegadores chineses e japoneses realizaram viagens para a Índia por mar, mas as
principais rotas comerciais eram terrestres;
 Os portugueses foram os pioneiros deste movimento globalizador. Iniciaram-no e foram um dos seus
actores principais nos séculos seguintes. Seguiu-se-lhes Castela, no final do século XV, e a partir do século
XVII as potências do Norte da Europa criaram os seus próprios impérios coloniais;
 Em 1420, começou entretanto, o povoamento das ilhas da Madeira e de Porto Santo; era o sinal de que
Portugal estava, de facto, pronto para alargar os seus domínios e as viagens entre o reino e o arquipélago
aumentaram a habituação às coisas do mar;
 A localização dos Açores, em 1427, mostra-nos que a navegação portuguesa ganhava confiança e que era
capaz de navegar pelas águas adjacentes. Faltava quebrar o mito do Mar Tenebroso;
 Os Descobrimentos prosseguiram lentamente, ao longo do século XV, mas sempre imparáveis. A porta
aberta em 1434 nunca mais se fechou, as explorações marítimas nunca mais pararam e as tripulações nunca
mais recearam monstros marinhos ou águas ferventes;
 Como se vê pelo mapa de Martelus Germanus, desenhado em 1490, os primeiros 60 anos de explorações
marítimas foram marcados pelo reconhecimento da costa ocidental africana e do oceano Atlântico;
 Em 1455 foi emitida a bula Romanus Pontifex pelo Papa Nicolau V, declarando que as terras e mares
descobertos além do Cabo Bojador são pertença dos reis de Portugal, autorizando o comércio e as
conquistas contra muçulmanos e pagãos, iniciando a política de mare clausum no Atlântico;
 O Rei Dom Manuel I de Portugal (que reinou de 1495 a 1521) foi, por isso, o primeiro soberano do mundo
a ter oficiais às suas ordens em quatro continentes diferentes;
 Em Angola, a chegada dos primeiros europeus data de fins do século XV, em 1482, quando o navegador
português Diogo Cão aportou a foz do rio Congo ou Zaire. O padrão que ergueu então numa das suas
margens em nome do rei D. João II atesta assim o primeiro reconhecimento exterior do reino do Congo.
 Enquanto os portugueses exploravam o litoral africano indo à direção às Índias, os espanhóis lutavam para
reconquistar seus territórios na península Ibérica perdidos para os árabes;
 O reino da Espanha demorou a ser formado pela prolongada luta entre os árabes e os espanhóis e só se
formou após o casamento entre os reis católicos Fernando (do Reino de Aragão) e Isabel (do Reino de
Castela) em 1469;
 Fernando e Isabel lutaram contra os árabes e em 1492 expulsaram-nos da península Ibérica. A partir de
então, a Espanha lança-se às grandes navegações financiando o projeto do navegador genovês Cristóvão
Colombo;
 O objectivo de Colombo era atingir o Oriente navegando em direção ao Ocidente, sabendo que a Terra é
arredondada atingiu as Índias dando a volta em torno do mundo;
 Assim que a notícia do descobrimento chegou à Europa, os reis da Espanha e de Portugal passaram a
disputar entre si a posse das terras provocando um conflito armado. Portugal e Espanha então, firmaram em
1494 um acordo conhecido como Tratado de Todesilhas que determinava a divisão das terras sendo
pertencente a Espanha o oeste e à Portugal o leste;
 Em suma, as viagens de Cristóvão Colombo (1492), Vasco da Gama (1497-1499) e Pedro Álvares Cabral
(1500-1501) abriram novos horizontes para o período dos Descobrimentos, como nos testemunha o mapa
de Cantino, composto em 1502.

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