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E T A R I S M O E G E R A Ç Õ E S N A S O R G A N I Z A Ç Õ E S
ETARISMO E
GERAÇÕES NAS
ORGANIZAÇÕES
Inês Barreto
ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE DA
POPULAÇÃO
O envelhecimento é muito mais do que demografia. A
ciência está possibilitando vidas mais longas – e à medida
que as pessoas vivem mais, elas continuam a aprender, a
ser produtivas e a contribuir para a sociedade. Em breve, o
número de pessoas com 60 anos ou mais será maior que o de
crianças de cinco anos ou menos (World Health Organization,
2021). Discutir o envelhecimento é abordar o futuro dos
brasileiros de todas as faixas etárias.
A nova configuração da sociedade brasileira com o
envelhecimento populacional traz consigo uma maior
diversidade de gerações convivendo simultaneamente,
trazendo para o centro da discussão o tema do etarismo:
preconceito ou discriminação contra ou a favor de um grupo
etário (Palmore, 1999).
Por isso, é muito importante conseguir reconhecer as
diferenças entre as gerações e entender como o etarismo pode
assumir muitas formas, desde atitudes individuais até políticas
e práticas institucionais que perpetuam a discriminação etária.
O QUE É ETARISMO?
Quando interagimos com outras pessoas, uma das primeiras
características que notamos, é a idade. De acordo com
a Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo ou
idadismo¹ “é um fenômeno social multifacetado relacionado
com pensamentos (estereótipos), sentimentos (preconceitos) e
ações ou comportamentos (discriminação) dirigidos em relação
aos outros ou a si mesmo com base na idade” (OMS, 2021,
p.4).
O preconceito em relação a idade pode causar prejuízos,
desvantagens e injustiças. Por este motivo, a OMS lançou
o Relatório Mundial sobre o Idadismo (2021) onde propõe
estratégias para reduzir este fenômeno. São elas: políticas
e leis, atividades educativas e intervenções de contato
intergeracional. Neste sentido, a importância do tema do
etarismo reside em poder mudar a nossa autopercepção,
reduzir os ataques de uma geração a outra e nos beneficiar
da contribuição tanto de populações mais jovens quanto mais
velhas.
Os estudos sobre o etarismo no Brasil mostram que cerca
de 17% dos brasileiros com mais de 50 anos já se sentiram
vítimas de algum tipo de discriminação em função da idade.
Nas empresas, o preconceito de idade para as mulheres têm
início aos 37 anos e em homens, a partir dos 40 anos. Ou seja,
Descrição: Uma mulher apoia suas no Brasil não é preciso fazer 60 anos para começar a sofrer
mãos nos ombros da criança que
está a sua frente. Elas olham para discriminação por idade.
horizonte.
1. Outro termo utilizado é o “ageism”, que foi cunhado pelo gerontologista americano Robert Butler em 1969 como a intolerân-
cia relacionada à idade. Em português, foi traduzido como ageísmo ou idadismo
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2. Esta seção utiliza três estudos para sintetizar as características geracionais: https://dotgroup.com. br/ebook/e-book-as-ger-
acoes-e-suas-formas-de-aprender/ ;https://ampliar.org.br/geracao-x-y-z-e- -millenials-quem-sao-em-qual-voce-se-encaixa/
Acesso: 13/2/22 e, https://acoesunimedbh.com.br/unimedamplia/mudancas-de-comportamento-de-cada-geracao/Acesso
27/7/2022.
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Os novos arranjos e vínculos permitidos pela longevidade e pelas maiores possibilidades de convivência
(intergeracional) irão modificar como o conhecimento é transmitido entre as gerações e dentro delas.
O segundo passo é reconhecer a existência do preconceito etário e a necessidade de se pensar em uma
legislação, na educação das crianças e jovens, em políticas de recursos humanos que eliminem
a discriminação por idade.
Concluindo, a idade não determina habilidade. As pessoas não são melhores ou piores por serem mais
jovens ou mais velhas. O que está em foco são as complementaridades, a partir das diferentes visões
e habilidades para a realização das atividades da empresa e para a convivência social sadia. Daí a
importância da discussão do etarismo e o convívio de gerações.
REFERÊNCIAS
ALVES,J.E.D., CAVENAGHI, S. O rápido e intenso processo de envelhecimento
populacional no Brasil. In: LOPES, R.G.D, CARTE, B. Longeviver, política e
mercado, 2019.