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Disciplina: Redação Série/ano: 3º Turno: Matutino

Autor: Mírian Turque


Número de questões: 01 proposta
Modelo UFMS Data: 21/03/2020

Considerando a abordagem de cada um dos textos motivadores, reflita e elabore um texto dissertativo-
argumentativo a respeito do envelhecimento da população brasileira tomando como eixo para sua discussão um
ou mais dos seguintes tópicos: a) impactos sociais e políticas públicas, b) saúde e qualidade de vida, c) Direitos:
aposentadoria e previdência ou d) conflito de gerações.

Texto 1
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003
[...] Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros
meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 3º É obrigação
da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. [...]
Brasil. Presidência da República. LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. Brasília, 1 de outubro de 2003.
Texto 2 - Metade das cidades do país ainda não dá voz aos idosos

Fonte: IBGE. In: Ricardo Westin. Senado


Federal. Brasília, 18 de setembro de 2019.
Texto 3
Estudo aponta que 75% dos idosos usam apenas o SUS [...] O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos
Brasileiros (ELSI-Brasil) [...] apontou que 75,3% dos idosos brasileiros dependem exclusivamente dos serviços
prestados no Sistema Único de Saúde, sendo que 83,1% realizaram pelo menos uma consulta médica nos últimos
12 meses. Nesse período, foi identificado ainda [que] 10,2% dos idosos foram hospitalizados uma ou mais vezes.
Quase 40% dos idosos possuem uma doença crônica e 29,8% possuem duas ou mais como diabetes,
hipertensão ou artrite. Ou seja, ao todo, cerca de 70% dos idosos possuem alguma doença crônica. [...] O estudo
apontou também que 85% da população com 50 anos ou mais vivem em área urbanas. E entre os relatos sobre
os hábitos de comportamento, 43% dos idosos acompanhados pelo estudo disseram ter medo de cair na rua. [...]
Alexandre Penido. Agência Saúde. Brasília, 1 de outubro de 2018.

Texto 4 - Déficit previdenciário dos estados dobra em menos de quatro anos


O déficit previdenciário dos estados brasileiros e do Distrito Federal tem avançado de forma veloz. A
proporção mais que dobrou em um intervalo de menos de quatro anos. Segundo o Observatório das Finanças
Públicas Estaduais, elaborado pelo Instituto Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), o rombo passou de
“pouco menos de 6% da receita corrente própria estadual (ou R$ 32,7 bilhões) em 2015 para mais de 14% (ou
R$ 50,7 bilhões) no acumulado até agosto [de 2018]”. Conforme a análise publicada em dezembro passado, “a
mudança demográfica já em curso, associada às atuais regras de elegibilidade para concessão dos benefícios
deve agravar o desequilíbrio previdenciário nos próximos anos”. No mesmo período, a participação do gasto com
inativos (aposentados por idade ou tempo de serviço) na despesa total com pessoal e encargos nos estados e
no DF subiu de 30,5% para 39,6%. [...]
Gilberto Costa. Carolina Pimentel (Ed.) Agência Brasil. Brasília, 13 de janeiro de 2019.

Texto 5 - O abandono dos idosos no Brasil


Com a ilusão de ser eternamente jovem, País sofre com o aumento da expectativa de vida da população.
Falta de planejamento gera impasses de difícil solução, como o crescimento do número de pessoas em asilos e
a falta de uma poupança para garantir uma boa velhice
Um país eternamente jovem está com dificuldades para lidar com seus cabelos brancos. Ficar vivo por
mais tempo, o que deveria ser uma boa notícia para todos, virou um desafio econômico pessoal para os brasileiros
— e uma bomba relógio de efeitos incalculáveis para o sistema de assistência social. Na parte baixa da pirâmide,
onde estão os mais pobres, começa a ser sentido o aumento no número de idosos desamparados pela família.
Os albergues públicos estão lotados e a demanda por vagas entre pessoas de mais de 60 anos não para de
crescer, segundo estudo do Ministério do Desenvolvimento Social. Entre os mais favorecidos, o problema é de
falta de poupança e planejamento. Levantamento recém-concluído pelo Banco Mundial indica que os brasileiros
de todas as idades são pouco precavidos, parecem ocupados demais com seus problemas no presente e não
estão se preparando para a velhice. Apenas 11% declaram fazer economia para o futuro, contra uma média
global de 21%.

Envelhecimento rápido
“A situação é muito grave e só tende a piorar. As pessoas não conseguem fazer um pé de meia para ter
uma renda estável e segura depois que se aposentam”, afirma Alexandre Kalache, presidente do Centro
Internacional de Longevidade Brasil. “É natural que cresça o número de pessoas idosas que vivem sozinhas
porque a população em geral está envelhecendo, mas o crescimento é muito alto e o número de instituições de
longa permanência ou asilos não é suficiente para atender às necessidades.” Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2017, a população de idosos no País saltou 19,5%, de 25,4 milhões
para mais de 30,2 milhões de pessoas. No mesmo período, o número de homens e mulheres com 60 anos ou
mais nos albergues públicos cresceu 33%, de 45,8 mil para 60,8 mil. Se forem considerados também os
alojamentos privados, a cifra sobe para 100 mil. O desamparo familiar cresce mais rápido que a expectativa de
vida — e o País carece de um projeto para reforçar os cuidados prolongados e a assistência na velhice.
O motorista Valter Alves, 64 anos, que há quatro meses se instalou em um centro municipal de acolhida
para idosos no bairro de Pinheiros, em São Paulo, é um dos novos moradores desses alojamentos públicos.
Alves, que trabalhou a vida toda dirigindo carros e caminhões, fez parte do quadro de funcionários de uma
floricultura, de um banco, e chegou a pilotar um guincho, nunca conseguiu guardar dinheiro para se sustentar na
velhice. Agora, às vésperas da aposentadoria, marcada para janeiro do ano que vem, ele também desistiu de
procurar trabalho. “Por causa da idade, as pessoas acham que você não consegue mais fazer as mesmas coisas”,
lamenta. Alves foi casado por 25 anos, é pai de quatro filhos e avô de seis netos. Costuma receber visitas dos
familiares e, apesar do isolamento, diz gostar do abrigo, que considera “sossegado”. “As pessoas são tranquilas
e de fácil convivência”, afirma. “Não tenho muito que fazer por aqui, mas eu gosto de dominó e ajudo na cozinha
lavando louça de vez em quando”, diz ele.
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