Você está na página 1de 22

FÁBULA DA CONVIVÊNCIA

Durante a era glacial, muito remota, grande parte do globo terrestre esteve
coberto por densas camadas de gelo; muitos animais não resistiram ao frio
intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem ao clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos espinhos, numa tentativa de se
proteger e sobreviver, começou a se unir, a se juntar mais e mais. Assim cada
um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos,
agasalhava-se mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele
inverno tenebroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os


companheiros mais próximos. Justamente aqueles que lhes forneciam mais
calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte.

E afastaram-se feridos, magoados, sofridos, dispersaram-se por não suportarem


por mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito...
Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a
morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar pouco a
pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual
conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para
conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.

Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial.

É fácil trocar palavras, difícil é interpretar silêncios;


É fácil caminhar ao lado, difícil é saber como se encontrar;
É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração;
É fácil apertar as mãos, difícil é reter seu calor;
É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente.

INTRODUÇÃO

O número de idosos vem crescendo rapidamente . Segundo a Organização


Mundial da Saúde, entre 1950 e 2025 a população de idosos do Brasil crescerá
16 vezes, o que nos colocará , em termos absolutos, como a sexta população de
idosos do mundo, isto é, com mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60
anos.

Este crescimento acelerado é um fenômeno mundial, e o Brasil, em particular, é


um país "jovem de cabelos brancos". Mas mesmo nos ditos países
desenvolvidos, a sociedade ainda mostra-se ineficiente para proporcionar
cuidados adequados aos cidadãos deste grupo etário. Um exemplo recente foi a
constatação, pelo próprio Ministério da Saúde francês, da morte de 11.000
idosos em uma onda de calor no último verão.

A Política Nacional de Saúde do Idoso, aprovada em dezembro de 1999, tem


como princípio que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar
ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e direito à vida” (cap II seção
I art 3º). Preconiza, entre outras coisas, o apoio ao desenvolvimento de cuidados
informais, com objetivo de manter sempre que possível, o idoso na comunidade,
junto à sua família, da forma mais digna e confortável possível. Nesta mesma
linha de pensamento, foi aprovado recentemente no Congresso Nacional
(outubro de 2003) o Estatuto do Idoso, um conjunto de leis visando aperfeiçoar o
usufruto dos direitos por este grupo crescente de cidadãos.

Este manual vem ao encontro das diretrizes da Política


Nacional de Saúde do idoso e das necessidades de
cuidadores profissionais e familiares. Tem como objetivos
estimular a parceria de familiares, profissionais e sua
interação com o sistema de saúde; e oferecer apoio aos
cuidadores informais, melhorando a qualidade de vida e de
assistência do cidadão idoso.
Que este possa ser o início de uma longa caminhada, e
que
possamos juntos, “acrescentar vida aos anos, e não só
anos a vida”.
Ilustração 1

Na Constituição Federal

A proteção ao idoso tem assento constitucional e esta vem estampada logo no art. 1º
da Constituição Federal – CF ao estabelecer que a República Federativa do Brasil tem
como fundamentos, dentre outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana.
Esses fundamentos inauguram uma série de direitos protetivos que visam a garantir ao
idoso, além das garantias constitucionais asseguradas a qualquer cidadão, direitos
específicos. Vejamos.

A CF assevera que um dos objetivos fundamentais da República é o de construir uma


sociedade livre, justa e solidária, promovendo o bem de todos, sem preconceito de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, I e
IV).

Ainda, como direitos e garantias fundamentais, determina em seu art. 5º que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan tindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, pros seguindo que a pena será cumprida em
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado (XLVIII).

O inciso XXX do art. 7º, ao tratar dos direitos sociais, proíbe a diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil.

Aos maiores de 70 (setenta) anos é facultado o direito de votar (art. 14, §1º, II, b).
Continuando a proteção etária, a pessoa idosa tem direito ao seguro social ou
aposentadoria, variando as idades, se homem ou mulher, se trabalhador urbano ou
rural (art. 201).

Para a pessoa idosa que não integra o seguro social, a Constituição assegura a
prestação de assistência social à velhice. Tal proteção deve se dar com os recursos
orçamentários da previdência social e prevê, entre outras iniciativas, a garantia de um
salário mínimo mensal à pessoa idosa que comprove não possuir meios de prover a
própria manutenção ou tê-la provida por sua família (art. 203, V).

Especial destaque na proteção constitucional à pessoa idosa é o papel da


família. A família é a base da sociedade e merece atenção especial do Estado. A
partir dessa conceituação, o Estado deverá assegurar assistência a cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações (art. 226).

Além disso, da mesma forma que os pais têm o dever de assistir, criar e educar
os filhos menores, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.

Ainda com respeito ao aspecto familiar, é dever da família, bem como do Estado
e da sociedade, amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à
vida (art. 230), sendo que os programas de amparo aos idosos serão
executados, preferencialmente, em seus lares (§ 1º).

A Constituição Federal garante, ainda, aos maiores de sessenta e cinco anos a


gratuidade dos transportes coletivos (art. 230, § 2º).

Ao Ministério Público, a CF reserva a defesa dos direitos coletivos da sociedade


(art. 127), incluindo-se idosos e, no campo individual, os idosos podem contar
com o apoio da Defensoria Pública (art. 134).

No Estatuto do Idoso

Há diversas outras leis que tratam dos direitos dos idosos, como a Política
Nacional do Idoso. Entretanto, o Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/03 é o
expoente máximo da legislação protetiva ao idoso. Vejamos.

O Estatuto visa a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou


superior a 60 (sessenta) anos (art. 1º).

Em seu art. 3º, preconiza que é obrigação da família, da comunidade, da


sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade
(prioridade está assegurada após a criança e o adolescente conforme art. 227 da
CF), a efetivação do direito à vida, à saúde , à alimentação, à educação, à
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária, especificando, ainda, no
parágrafo primeiro do mesmo artigo, o que vem a ser a sobredita prioridade.

O Estatuto veda qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou


opressão ao idoso, sendo todo o atentado aos seus direitos, por ação ou omissão,
punido, bem como é dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do
idoso (art. 4º).

Todo o cidadão que tenha testemunhado ou tenha conhecimento de qualquer forma de


violação ao Estatuto tem o dever de comunicar o fato à autoridade competente, sob
pena de ser responsabilizado, o mesmo se aplicando à pessoa jurídica (arts. 5º e 6º).

No título dos direitos fundamentais do idoso, temos os seguintes capítulos:

a) do direito à vida – arts. 8º e 9º – O direito ao envelhecimento é um direito de todo


ser humano, daí o Estatuto considerá-lo um direito personalíssimo;

b) do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade – art. 10 – O res peito e a


dignidade decorrem do pleno exercício de sua liberdade, entendendo-se liberdade
como autonomia, como capacidade de exercer com consciência os seus direitos,
sendo dever de todos colocar o idoso a salvo de qualquer tratamento desumano ou
constrangedor;

c) dos alimentos – arts. 11 a 14 – interessante destacar neste item é que agora a


obrigação alimentar passa a ser solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores,
ou seja, os pais podem escolher dentre os filhos para prestar alimentos;

d) fazer direito à saúde - artes. 15 a 19 - destaca-se aqui o dever do Poder Público


em fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento,
habilitação e reabilitação. Além disso, há a previsão de atendimento domiciliar,
incluindo a internação, para o idoso que dele necessitar e está impossibilitado de se
locomover;

e) da educação, cultura, esporte e lazer – arts. 20 a 25 – a fim de inserir o idoso no


processo cultural, o Estatuto garante que a participação dos idosos em atividades
culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50%
(cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de
lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais;

f) da profissionalização e do trabalho – arts. 26 a 28 – na admissão do idoso em


qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo
de idade, inclusive para concursos, res salvados os casos em que a natureza do cargo
exigir;

g) da previdência social – arts. 29 a 32 – a data-base dos aposentados e


pensionistas passa a ser o dia 1º de maio;

h) da assistência social – arts. 33 a 36 – é assegurado aos idosos, a partir de


65 (sessenta e cinco) anos e que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, o benefício mensal de 1 (um)
salário-mínimo;
i) da habitação – arts. 37 e 38 – o idoso goza de prioridade na aquisição de
imóvel para moradia própria, nos programas habitacionais, públicos ou
subsidiados com recursos públicos;

j) do transporte – arts. 39 a 42 – seguindo o que determina a CF, é assegurada


a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto
nos serviços seletivos e especiais, aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos,
bastando, para tanto, que o idoso apresente qualquer documento pessoal que
identifique sua idade, sendo reser
vados 10% (dez por cento) dos assentos para os mesmos. A legislação local
poderá dispor sobre as condições para o exercício de tal gratuidade às pessoas
compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos.
O idoso que comprove renda de até 02 salários mínimos também tem direito ao
transporte coletivo interestadual gratuito, sendo assegurada a gratuidade de duas
vagas por veículo e o desconto de 50% no valor da passagem que exceder à
reserva de vagas.

Quanto ao acesso à justiça, o Estatuto assegura prioridade na tramitação dos


processos. Tal prioridade será requerida à autoridade judiciária competente,
mediante prova de sua idade. Ressalte-se que essa prioridade não cessará com
a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite,
companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
A prioridade também se estende aos processos e procedimentos na
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições
financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Pública da União, dos
Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária,
sendo garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com
a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis (arts 70 e 71).O
Estatuto cria, ainda, uma série de crimes específicos, merecendo destaque os
seguintes:
a) art. 96 – prevê pena de reclusão de 6 meses a 01 ano e multa a quem discriminar
pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
de transporte e ao exercício da cidadania. Na mesma pena incorre quem desdenhar,
humilhar ou menosprezar pessoa idosa. Essa pena, porém, será aumentada de 1/3,
se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente;

b) art. 97 – prevê pena de detenção de 6 meses a 01 ano e multa a quem deixar de


prestar assistência ao idoso em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou
dificultar sua assistência à saúde ou não pedir socorro de autoridade pública, quando
possível fazê-lo sem risco pes
soal. Essa pena é aumentada de metade, se da omissão resultar lesão corporal grave
e triplicada, se resulta morte;

c) art. 98 – prevê pena de detenção de 6 meses a 03 anos e multa a quem abandonar


o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou
congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei;

d) art. 99 – quem expõe a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso,


submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e
cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, incorre em pena de detenção de
2 meses a 01 ano e multa. Se do fato resultar lesão corporal de natureza grave, a
pena passa a ser de reclusão de 01 a 4 anos e se resultar em morte, de 4 a 12 anos
de reclusão;

e) art. 102 – quem se apropria de bens, proventos, pensão ou qualquer outro


rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade é apenado
com reclusão de 1 a 4 anos e multa;

f) art. 104 – prevê pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa a quem reter o
cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do
idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento
ou ressarcimento de dívida;

g) art. 106 – quem induz pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar
procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente é apenado
com reclusão de 2 a 4 anos.

Direitos humanos e políticas públicas

Quando se fala em Direitos Humanos, algumas pessoas associam este conjunto de


direitos à defesa de pessoas fora da lei. This é uma associação equivocada, pois dá a
sensação para a maioria das pessoas que os direitos humanos são contrários à
sociedade ao privilegiar pessoas criminosas. Os direitos humanos são pertinentes e
inerentes a toda sociedade. Este princípio chama-se universalidade. Isso quer dizer
que todos nós, independente da condição social, da raça, da idade, do local onde
nasceu, estamos protegidos pelos direitos humanos simplesmente pelo fato de sermos
pessoas humanas. O fundamento dos direitos humanos se baseia no fato de que todas
as pessoas merecem igual respeito umas das outras. Isso nos necessariamente que
quando formos capazes de agir em relação ao outro da mesma forma que gostaríamos
de que agissem conosco, estaremos observando um outro princípio que é o da
igualdade.

Por direitos humanos ou direitos da pessoa humana podemos entender como aqueles
direitos humanos necessários às necessidades essenciais da pessoa humana e devem
ser atendidos para que possamos viver com dignidade. O direito à vida, à liberdade, à
igualdade e, também, ao pleno desenvolvimento da personalidade são alguns
exemplos desses direitos. Todas as pessoas devem ter asseguradas desde o seu
nascimento e durante toda a sua vida, como condições mínimas necessárias para viver
com dignidade. Pessoas idosas e seus cuidadores estão também protegidos pelos
direitos humanos. Como as necessidades básicas das pessoas idosas e dos seus
cuidadores devem ser atendidas para que o direito à vida possa ser respeitado. A vida
é um direito humano fundamental, assim como envelhecer com dignidade é um direito

humano fundamental.
Na Constituição Federal de 1988 estão reafirmados os direitos humanos. Esta
Constituição dá uma forte ênfase aos direitos humanos. Ela é a mais avançada em
matéria de direitos individuais e sociais na história do Brasil. Por isso, foi denominada
de Constituição Cidadã. O Estatuto do Idoso promulgado em 2003, bem depois da
Constituição Federal, também reafirma os direitos humanos (Ver assunto: Os direitos
da pessoa idosa na legislação). Destacamos estes artigos do estatuto:
● Art. 2º. “O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana...”
● Art. 10. “É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a
liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.”
Vivemos num estado democrático. Isso quer dizer que o Brasil é um país onde a
democracia é a forma de organização social e política. Portanto, todas as pessoas
devem ser tratadas em situação de igualdade. É isso que nos diz a Constituição
Federal “todos são iguais perante a lei”.

Um dos papéis que o estado democrático deve desenvolver é o planejamento mental e


execução das políticas públicas. Elas nada mais são do que as ações que o governo
realiza com um burocrático de atender aos interesses e necessidades dos cidadãos.
Ou em outras palavras: as políticas públicas são como decisões de governo em
diversas áreas (saúde, habitação, assistência social, educação, transporte etc.) que
influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. Para que as políticas públicas sejam
efetivas e alcancem os resultados esperados, elas devem contar com a participação
dos cidadãos, inclusive fiscalizando a sua realização. A participação das pessoas nos
negócios do Estado é uma forma de exercer a cidadania. Isso é muito importante e um
mecanismo reconhecido nos estados democráticos.

As políticas públicas surgem muitas vezes provocadas pelos cidadãos que sentem
necessidade de algum serviço específico ou da falta de solução para o que estão
passando. A sociedade civil, por meio das suas mais diversas associações, pressiona o
estado para ofertar uma política pública. Um exemplo disso foi o “movimento das mães
trabalhadoras” que pressionaram os governos para a instalação das creches. Hoje, as
creches são equipamentos de educação para as crianças e espaços seguros onde as
mães que trabalham fora podem deixar seus filhos. As creches fazem parte das
políticas públicas de educação e também atendem às necessidades sociais de mães
trabalhadoras.
O envelhecimento populacional é um fato real em nossa sociedade. Lembro que
envelhecer não é problema. O envelhecimento deve ser entendido como triunfo e uma
grande conquista da humanidade. Já montamos mais anos à nossa existência. Está
faltando dar dignidade a esses anos que foram ganhos. Precisamos juntar esforços
coletivos para que as pessoas que alcançaram mais anos nas suas vidas possam viver
em condições de dignidade, respeito e solidariedade.

Muitas pessoas idosas precisam de atenção para continuar a viver em suas casas e na
comunidade onde estão inseridos. A família mudou muito nas últimas décadas. Um
fator importante e decisivo para a mudança da estrutura familiar foi o fato da mulher,
tradicional cuidadora, sair de casa para trabalhar. Outro fato também é considerado a
redução do número de filhos das famílias brasileiras. Hoje em dia, uma média de filhos
por família é apenas dois. Esses e outros fatores estão exigindo da sociedade vários
rearranjos na resposta

Sabilidade de quem cuida da pessoa idosa que precisa ser ajudada. Hoje, o cuidador
ou cuidadora de idosos já é uma pessoa ou profissional bem conhecida das nossas
famílias e da sociedade moderna. No passado, esta pessoa ou era profissional
inexistente ou desconhecida. Com o aumento do número de pessoas idosas
dependentes (fisicamente), esta função está sendo cada vez mais requisitada pelas
pessoas idosas e pelas famílias.
Chegou o momento do Poder Público também se responsabilizar pelos cuidados da
pessoa idosa que precisa deles por períodos prolongados ou curtos. A mobilização do
segmento idoso por meio dos conselhos, fóruns, associações e outras formas de
organização está pressionando os governos para a oferta de uma política pública que
proporcione os serviços de cuidador de idosos. Esta é uma necessidade urgente!

O Estatuto do Idoso no artigo 3º diz que é obrigação da família, da comunidade, da


sociedade e do Poder Público garantir ao idoso, com prioridade absoluta, a efetivação
dos seus direitos. É preciso estruturar serviços públicos no campo da saúde, da
assistência social e dos direitos humanos para suprir a necessidade desse grupo de
idosos, chamados de vulneráveis, dependentes, frágeis ou em situação de fragilidade.
É preciso criar novas formas de articulação em rede, oferecendo o cuidador formal para
as famílias que dele necessitarem. Pode ser até mesmo para dar um “respiro” às
famílias nos finais de semana, noites e etc. Para que isso ocorra é necessário conceber
e organizar, do ponto de vista das políticas públicas, ações eficientes e eficazes.

Os Direitos Humanos e o respeito não envelhecem! Viver mais vem acompanhado de


muitos desafios. Ao se viver mais, espera-se que a dignidade, o respeito e as
condições favoráveis sejam também incorporados à vida cotidiana das pessoas idosas.
A integralidade do cuidado requer o poder público a organização de serviços e,
sobretudo, uma oferta de políticas públicas eficientes para consolidar a prática de
proteção e respeito aos direitos humanos dos idosos. Cuidador de idoso e direitos
humanos estão na mesma relação de cuidado para as pessoas idosas. Por fim,
queremos ressaltar o fato de que em 2021 estamos comemorando os 73 anos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Isso é um fato para ser celebrado por
toda a sociedade. As pessoas idosas têm direito a ter direitos. Quem precisa de
cuidados deve ter garantido esse direito.

Sugestões para leituras:


Estatuto do Idoso. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003.

Constituição da República Federativa do Brasil. 05 de outubro de 1988. Declaração


Universal dos Direitos Humanos. ONU. 10 de dezembro de 1948.

A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO

Qual o sentido da Ética?

O homem vive em sociedade, passa a ser considerado um ser social. O ser humano
não sobrevive isolado por muito tempo, portanto são altas normas que devem ser
registradas em relação às pessoas que não estão em seu convívio como seres
humanos.
Mas o que é sociedade? Você já parou para pensar sobre isso? Sociedade é o
conjunto de pessoas que vivem em determinada faixa de tempo e de espaço -
seguindo normas comuns - e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo.
É a reunião de seres que vivem em grupo. Assim, os homens formam uma sociedade,
como exemplo: a família, o trabalho, a igreja, a escola, os grupos de convivência e
outros.

Pois bem! A partir da constatação de que vivemos em sociedade, encontramos regras,


normas que regulam as relações entre os homens. E por que existem essas regras, leis
e normas? Elas são obrigatórias porque a convivência dos homens precisa acontecer
dentro de uma ordem. Por ordem humana, entende-se o conjunto de normas, regras,
leis, valores, modos de relacionamento: seja no trabalho, na família, entre amigos, nas
organizações governamentais e não governamentais, enfim nos mais variados espaços
da vida diária das pessoas .

Essas normas são baseadas em:


∙ Respeito ao próximo;

∙ Fazer com os outros o que gostaria que fizessem a você;


∙ Solidariedade;

∙ Amor ao próximo;
∙ Profissionalismo;

∙ Dedicação em tudo o que fizer na vida;

∙ Responsabilidade nos seus atos;


∙ Cuidado com as palavras, muitas vezes magoam mais do que os atos.
A reflexão ética passa pelo estabelecimento de juízos de valor para o que está
conforme ou contrário às normas de convivência dos homens em sociedade. Daí são
tão comuns as expressões ético e antiético quando nos referimos a certas atitudes e
comportamentos dos indivíduos em sociedade.
A questão ética apresenta-se assim, como um conflito entre o que se deve fazer e o
que se quer fazer. Daí pode-se entender a ética como a seguinte definição: É a parte
da filosofia que estuda os valores morais e os principais ideais da conduta humana.
Ética Profissional é o conjunto de princípios morais que se devem observar
no exercício de uma profissão. A ética é importante quando utilizada porque

facilita a realização das pessoas. Com a ética-se a perfeição do ser

humano. A ética é, portanto, uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela
não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições

voltados para a ação, historicamente buscados, cujo objetivo é balizar como


ações humanas. Ela existe como uma referência para os seres humanos em

sociedade, de modo tal que a sociedade pode se tornar cada vez mais

humana.

A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO:


Da mesma forma que os profissionais da Geriatria e Gerontologia, os CUIDADORES
DE PESSOAS IDOSAS devem destinar muita atenção ao desenvolvimento de suas
ações no dia a dia, em suas decisões e procedimentos junto ao idoso. Tratam-se de
exigências de caráter ético, que são de fundamental importância para a qualidade da
atuação profissional do cuidador, que tem como finalidade precípua o bem-estar e a
qualidade de vida do idoso.
As formas de envelhecer são sempre diferentes, uns envelhecem com dignidade
outros não, isso é uma questão não bem resolvida pela sociedade e tem um
significado ético.

Alguns procedimentos fundamentais para o trato ético com idoso:

∙ Ouvi-lo com bastante atenção;


∙ Atenção ao seu bem-estar;
∙ Garantir sua liberdade preservando sempre a sua autonomia e a sua independência,
com observância do seu estado de segurança; ∙ Observar o sigilo profissional, não
expondo as questões pessoais de caráter individual do idoso, salvo quando a
gravidade e a natureza do fato exigirem um procedimento contrário;
∙ O respeito as pessoas idosas exige que não sejam tratadas com preconceito e
discriminação, fazendo parte também do conjunto das exigências éticas, pois a velhice
faz parte do ciclo de vida do homem, portanto é um direito antes de tudo
personalíssimo;
∙ Respeitar a história de vida do idoso, na qual está presente a sua contribuição com a
sociedade. O idoso é um ser que possui direitos e deveres de cidadania,
construídos ao longo de sua vida:
∙ Respeito pelos seus desejos;
∙ Respeito pelos valores intrínsecos de suas vidas;
∙ Respeito pelos seus interesses.
∙ Conhecer os direitos dos idosos;
∙ Ter interesse de conhecer e acompanhar na medida do possível o desenvolvimento
das políticas públicas para os idosos;
∙ Compreender o que é a velhice e o envelhecimento;
∙ Ter noção acerca da realidade minimamente dos idosos, do seu município e, se
possível, do Estado e do país;
∙ Entender as formas de violência e maus tratos contra a pessoa idosa, para orientar e
denunciar junto aos serviços especializados.
E AINDA:
Para tudo isso é fundamental o desenvolvimento de um comportamento ético com:
∙ O próprio idoso;
∙ A família;
∙ Os demais membros da família;
∙ A instituição para quem presta serviços: Instituição de Longa Permanência – ILPI;
∙ Os profissionais envolvidos com as diversas modalidades de atenção ao idoso com o
auto cuidado.

O CUIDADOR DE PESSOAS IDOSAS têm uma missão de expressiva relevância na


sociedade, com o processo do envelhecimento populacional, sobretudo, O CUIDAR
DA PESSOA IDOSA DEPENDENTE nos vários graus.

Portanto procure sempre:


Ser capaz!
Ser comprometido!
Ser responsável !
Ser disponível!
Ter zelo por suas atividades !
É a base de qualquer que seja a ética de cuidar !

SEJA ÉTICO!
O RESPEITO PELAS PESSOAS É FUNDAMENTAL !!!
OS IDOSOS E A SOCIEDADE EM GERAL AGRADECEM!

O que é envelhecimento?
Envelhecimento é um processo contínuo, lento, no qual ocorrem modificações no
organismo em vários aspectos, que determinam diminuição da capacidade de
adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior fragilidade frente aos
processos patológicos tornando-o mais suscetível às doenças, que terminam por
levá-lo à morte.

Envelhecimento é comum a todas as pessoas e não é induzido por doenças.

Envelhecimento é um processo biológico! NÃO é doença!!!

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO: ∙ O


envelhecimento populacional é um fenômeno mundial;
∙ Há um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais
grupos etários;
∙ No Brasil vivem hoje cerca de 18 milhões de idosos, o que representa 9,9 % do total
de brasileiros;
∙ A população dos “muito idosos” também aumenta em ritmo acelerado: é hoje o
segmento populacional que mais cresce no Brasil.
QUEM É O IDOSO?

No Brasil (países em desenvolvimento) é a pessoa que tem 60 anos ou mais e nos


países desenvolvidos aqueles com 65 anos ou mais. No Brasil nós contamos com
cerca de 15 milhões de idosos. E para 2025 existe uma projeção para 32 milhões de
idosos (6ª população mundial.)
CONSEQUÊNCIAS:
Aumento do número de doenças crônicas e neoplásicas, às vezes, com presença de
várias doenças no mesmo indivíduo ao mesmo tempo; Uso de muitas medicações
(polifarmácia).

Veja algumas doenças que são comuns na população idosa:

DEMÊNCIA:

Antigamente conhecida por “esclerose”, “caduquice” e relacionadas como sinônimo de


envelhecimento, a demência é uma síndrome adquirida, produzida por uma doença
orgânica, que produz uma deterioração persistente de diversas funções mentais, que
acarretam uma incapacidade funcional, em pacientes SEM alteração da consciência.

A prevalência de demência dobra a cada ano após os 60 anos de idade.

A prevalência estimada aos 85 anos é de 25-45% em idosos da comunidade e 50%


nos institucionalizados.

Existem muitos fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença:

∙ História familiar positiva


∙ Síndrome de Down
∙ Trauma crânio-encefálico (Pugilistas)
∙ Aterosclerose
∙ HAS
∙ Diabetes
∙ Dislipidemia
∙ Mulheres (devido à uma maior sobrevida e menor escolaridade).
Existem também fatores de proteção:
∙ Escolaridade (quanto maior escolaridade, menor o risco)
∙ Exercício físico (reduz o risco para doença de Alzheimer e outros tipos de demência).

Os idosos com demência apresentam tendência à repetição das respostas, dificuldade


para memorizar, recordar e reconhecer a informação recente.

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no idoso – 50 a 60% dos


casos de demências. Manifesta-se com déficit de memória, alterações de
comportamento são comuns, início insidioso e curso progressivo. Sintomas psicóticos
como desilusões, alucinações são muito frequentes. A sobrevida varia de 2 a 20 anos
com média de 10 anos de duração após o diagnóstico.

OSTEOPOROSE:

Doença que atinge principalmente mulheres na menopausa (cerca de 1 em cada 3


mulheres com mais de 50 anos), caracterizada por uma diminuição da massa óssea, o
que leva a uma fragilidade óssea com consequente propensão para fraturas. A fratura
de fêmur é a consequência mais dramática da osteoporose, causando a morte de
cerca de 1/3 dos pacientes em até 1 ano após a fratura. Metade dos sobreviventes
ficará dependente para a realização das atividades básicas diárias. O diagnóstico
precoce e o tratamento adequado são de grande importância para a diminuição das
fraturas, seqüelas e mortes.

Fatores de risco:

∙ Idade avançada
∙ Raça branca
∙ Sexo feminino
∙ História familiar
∙ Baixa ingesta de cálcio
∙ Sedentarismo
∙ Tabagismo

Existem ainda muitas doenças comuns na população de idosos, como hipertensão


arterial, diabetes, câncer, doença de Parkinson, derrame, entre outras. Todas com
grande impacto na qualidade de vida dos idosos. Conhecer um pouco sobre elas é
importante para todos nós que cuidamos dessa população. Porém precisamos ter em
mente que é possível a busca por um envelhecimento ativo, com saúde, segurança e
participação na sociedade.

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO

Você sabe como se sente, como pensa uma pessoa que está envelhecendo?

Vamos conversar um pouco sobre isso!

Para compreendermos melhor, precisamos saber algo muito importante! O que é


qualidade de vida!

Sabemos que todo indivíduo precisa de um razoável estado de equilíbrio, não só físico
como mental, de acordo com suas possibilidades e características, construindo, assim,
um estilo particular de viver e se relacionar. Cada pessoa tem um jeito próprio, uma
visão própria das coisas que lhe são importantes, e de suas necessidades como o
trabalho, o lazer, alimentação, sexo, segurança, etc. Quando há harmonização desses
fatores, podemos dizer que esse indivíduo possui qualidade de vida!

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Qualidade de Vida é “a


percepção do indivíduo sobre sua posição no mundo, no contexto da cultura e no
sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações”. Percebemos, dessa forma, que viver muito, e acima de tudo
viver bem, passa por diversos fatores que precisam ser conhecidos e respeitados, e
no caso da pessoa idosa são direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso desde outubro
de 2003.

O envelhecimento pode ser uma etapa de vida difícil, pois além de suas características
próprias, encerra ainda muitos preconceitos e desconhecimento de seu processo,
tornando difícil a aceitação da sociedade para as mudanças que se apresentam. O
resultado disso é que o idoso, muitas vezes, traz consigo a sensação de inadequação
no meio em que vive, o que explica muitas das mudanças no seu comportamento, seu
estado de humor, hábitos, etc.
Vejamos algumas mudanças ocasionadas pelo envelhecimento, que podem estar
associadas às alterações comportamentais de muitos idosos: ∙ Aposentadoria, muitas

vezes acompanhada de perdas financeiras, ∙ Ausência de ocupações e de interesses;

∙ Dificuldade de reinserção no mercado de trabalho;

∙ Saída dos filhos da companhia dos pais - o “ninho vazio”; ∙ Morte do

cônjuge, amigos e familiares;

∙ Declínio do vigor físico e da saúde;

∙ Dificuldades de adaptação às novas tecnologias e costumes.

Lidar com as modificações e perdas vão requerer do idoso uma estrutura pessoal,
sociofamiliar e econômica equilibradas na vivência dessas fases. E a estrutura de
personalidade de cada um pode ser a diferença entre uma velhice bem ou mal local.
Num olhar mais cuidadoso é preciso atentar para alguns sinais que essas experiências
causam ao idoso, podendo revelar estados depressivos ou mesmo a doença própria: a
depressão! Ela está entre os principais quadros de transtornos mentais na população,
atingindo aproximadamente de 15 a 20% dos idosos, sendo que 2% apresentam
depressão grave.

Mas, o que é mesmo a depressão?


É um distúrbio que afeta diretamente a capacidade afetiva do indivíduo,
desencadeando estado de profunda e persistente tristeza, com desinteresse por
atividades simples, comprometendo a dinâmica pessoal diária de alimentação, sono,
higiene, etc
Quais os sintomas da depressão no idoso?
∙ Humor diminuído;
∙ Perda do interesse por atividades que antes realizava com prazer; ∙ Alteração do
apetite e, conseqüentemente, do peso;
∙ Alterações no sono;
∙ Agitação ou lentificação psicomotora;
∙ Dificuldades em coordenar pensamentos e concentração; ∙ Idéias recorrentes de
morte e depreciação de si mesmo;
∙ Estado de ânimo que pode variar da tristeza ao desespero.
Detectar depressão em idosos pode ser difícil, pois os mitos sociais relacionados ao
envelhecimento (idoso é mal-humorado, lento, queixoso) o estigmatizam. As “coisas da
idade” e outras características que apontam uma baixa na qualidade de vida podem
confundir uma situação real da doença. Sintomas assim podem levar o idoso pouco a
pouco ao isolamento, podendo ser diagnosticado como depressão, que pode ser
crônica - quando persiste no tempo, chegando à etapa de envelhecimento, e tardia -
quando decorre das situações existenciais (perdas, lutos, doenças) vivenciadas no
processo de envelhecimento de uma forma geral.
Com as perdas sofridas sem envelhecimento a perspectiva da morte torna-se mais
real. São várias as mortes que o idoso vê diante de si; algumas físicas, outras sociais,
psicológicas e afetivas. Faz parte do processo de aceitação dessa realidade uma
postura serena e de reflexões sobre a vida como os feitos do passado, suas
realizações, os investimentos na constituição da família e que lições deixam para seus
descendentes.
É saudável o reconhecimento das possibilidades e ganhos nesta fase, desenvolvendo
um estilo de vida que permite vivenciar com prazer: ∙ Mais tempo livre para dedicar a
lazer ou atividades que sejam prazerosas
∙ Investimento numa nova carreira profissional,
∙ Prática de atividades físicas e conhecimento de novas pessoas, contato com as novas
tecnologias, viagens, namoro …

É comprovado cientificamente que uma pessoa idosa é perfeitamente capaz de manter


uma vida sexual ativa, e hoje, despertada por oportunidades de encontros e
convivências em grupos, clubes, etc, o idoso tende a reconsiderar seu próprio corpo
para os contatos. Essa nova forma de se relacionar pretende
derrubar mitos e preconceitos da sociedade pelo desconhecimento dos recursos dos
idosos em se manterem amorosos. Consideradas como mudanças fisiológicas e como
hormônios, envelhecimento predileto, como experiência de relacionamento amoroso no
casal de idade madura podem refletir uma vivência saudável para ambos, defeituosos
em bem estar geral.
Nesse contexto, a continuidade dos contatos sociais e afetivos favorece a aquisição de
novos interesses como a leitura, a música, as artes, o cinema, as atividades que
proporcionam prazer em novos espaços de lazer e educação, onde são seleccionadas
várias gerações, indispensável à manutenção da saúde mental dos idosos. Estamos
falando de intergeracionalidade.
O que é Intergeracionalidade?
É o encontro, o contato de faixas etárias diferentes. Um embate de tradições, de
valores, costumes e modos de viver que podem contribuir para a construção e troca de
conhecimentos entre gerações.
O que uma geração pode usar a outra? O que um idoso pode transmitir para um jovem
e vice-versa? Esse é o princípio da intergeracionalidade! Nem sempre essas relações
são tranqüilas e produtivas, pois são mundos e visões diferentes, de contextos
sócio-históricos também diferentes onde se colocam em questão os valores adquiridos.

As relações intergeracionais devem proporcionar espaço de discussão e reflexão sobre


os conceitos, vivências e experiências de vida, contribuição na educação dos mais
jovens - formação de valores éticos, conhecimento das tradições e histórias, e dos mais
velhos - aprendizagem de novas tecnologias, valores e comportamento do mundo
atual, tornando mais flexível e saudável a convivência.
AUXILIANDO O IDOSO NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

No cotidiano de cada pessoa, as atividades são realizadas durante todos os dias, o


tempo inteiro, desde o momento do nascimento até a morte num ciclo denominado
vida. Essas ações são chamadas de Atividades de Vida Diária. São todas as
atividades que realizamos em nosso cotidiano. Elas podem ser mais elaboradas
como construir um prédio, fazer uma pesquisa, ou simplesmente vestir como roupas
próprias, preparar o café da manhã, tomar banho, escovar os dentes, realizar
compras em supermercados, até conseguir manusear um uma ferramenta (como
tesouras, copos , talheres, etc), ou dirigir um carro, etc. Todas essas ações
possuem um ponto em comum que se tornam fundamentais, elas são importantes
para quem faz, possuem características individuais que são próprias de cada
indivíduo.

As atividades de vida diária (AVD) compreendem as atividades que se refere ao


cuidado com o corpo das pessoas (vestir-se, fazer higiene, alimentar-se), as
atividades instrumentais de vida diária (AIVD) são como relacionadas com
atividades de cuidado com a casa, familiares dependentes e administração do
ambiente (limpar a casa, cuidar da roupa, da comida, usar equipamentos
domésticos, fazer compras, usar transporte pessoal ou público, lidar com as
finanças).

Como AVD e AIVD são atividades que, para os idosos, possuem certo grau de
complexidade, principalmente para idosos que já possuem algum comprometimento
da saúde. No entanto, fica claro que a AIVD possui um grau de complexidade
superior às AVD devido, principalmente, ao seu caráter de envolvimento social.
Assim, muitos idosos são capazes de realizar todas as tarefas dentro de sua própria
casa, mas se for necessário fazer qualquer atividade que precise de um contato
social fora das dependências em que está habituado, ele se sente impossibilitado.
O indivíduo quando apresenta dificuldades para realizar essas atividades de
maneira satisfatória, dizemos que ele possui uma disfunção ocupacional e o
profissional habilitado por lei a reabilitar e tratar como AVD é o terapeuta
ocupacional O desempenho de atividades da vida diária são determinantes para o
bem-estar e qualidade de vida do idoso, desde a realização de serviços de rotina
(vestir-se, tomar banho, realizar atividades domésticas ...), até atividades
relacionadas ao lazer (dançar, caminhar no parque, brincar com os netos, controlar
a própria medicação e finanças).

A habilidade para desenvolver tarefas de cuidado pessoal contribui para o nível de


independência da auto-estima. A independência em habilidades de vida diária
permite liberdade para o progresso de trabalho e lazer que se torna necessário para
uma pessoa. A dificuldades para tarefas de cuidado pessoal e dependência de
outros para completá-las pode ter importância fundamental no bem-estar
psicológico, social e financeiro de uma pessoa.

O trabalho desenvolvido em relação às atividades de vida diária, tornam-se como


pessoas responsáveis e autônomas em relação às suas necessidades básicas,
simplesmente ao poderem pentear cabelos, escolherem e decidirem sobre sua
aparência, pela forma de se apresentar ao mundo e de expressar sua identidade .
Ao comerem sozinhas, decidirem quanto e o que lhe apetece, a quantidade que
deseja ingerir e quando isso deve ocorrer, isso chamamos de autonomia.

Sabemos que, depender de terceiros para realizar atividades traz uma sensação de
incapacidade e dependência da disponibilidade e disponibilidade do outro, para que
suas necessidades e desejos sejam atendidos. Quantas vezes podemos observar
as pessoas alimentando idosos de forma rápida e impessoal, não por falta de amor
e dedicação, mas por falta de tempo e até de uma identificação real dos desejos
daquele indivíduo. Poder realizar essas tarefas sozinho, o idoso também está
desenvolvendo sua autonomia, e essa traz ao indivíduo uma relação muito íntima
com a manutenção e promoção da vida.

Assim, o Terapeuta Ocupacional reabilita o idoso através da realização de


atividades cotidianas, como também utiliza atividades de trabalho, de lazer e
cuidado automático para tornar sua vida mais reduzida.

Agora vamos conhecer o termo CAPACIDADE FUNCIONAL: que é capaz do idoso


para executar as atividades que permite cuidar de si próprio e viver
independentemente em seu meio. É medida por meio de instrumentos que avaliam
a capacidade do idoso para executar as Atividades de Vida Diária (AVD) e
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD).

As AVDs - Englobam todas as tarefas que uma pessoa precisa realizar para cuidar de
si próprio. A incapacidade de executá-las implica em alto grau de dependência.

As AIVDs - Compreendem a habilidade do idoso para administrar o ambiente onde


vive.

Atividades da Vida Diária (AVD)

CUIDADOS PESSOAIS

∙ Comer

∙ Banho

∙ Vestir-se

∙ Ir ao banheiro

MOBILIDADE
∙ Andar com ou sem ajuda

∙ Passar da cama para a cadeira

∙ Mover-se na cama

CONTINÊNCIA

∙ Urinária

∙ Fecal
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD)

DENTRO DE CASA

∙ Preparar a comida

∙ Serviço doméstico

∙ Lavar e cuidar do vestuário

∙ Trabalhos manuais

∙ Manuseio da medicação
∙ Manuseio do telefone

∙ Manuseio de dinheiro

FORA DE CASA
∙ Fazer compras (alimentos, roupas

∙ Usar os meios de transporte

∙ Deslocar-se (ir ao médico, compromissos sociais e religiosos

Existem inúmeras escalas que servem para quantificação da capacidade para executar
as Atividades da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais da Vida Diária
(AIVD), muitas delas realizadas no Brasil, que são utilizadas pelos profissionais de
saúde. Elas são breves, simples e de fácil aplicação para que atinjam o seu principal
objetivo, que é servir como instrumento rápido de avaliação, triagem e estratificação
de risco de dependência.

Orientações Posturais para as Atividades de Vida Diária:

1. Dormir:
O colchão ideal deve ser firme e sobre um estrado inteiriço. Use um travesseiro que
preencha o espaço cabeça-ombro e outro entre as pernas...ou, um travesseiro baixo
para cabeça e nuca e uma almofada embaixo dos joelhos.

2. Vestir:
Sentar para se vestir e para calçar meias e sapatos.
3. Atividades Domésticas:
Agachar-se para arrumar a cama,ou ajoelhar-se, ou usar uma cadeira.

4. Repousar:
Essa é a posição de máximo relaxamento para a coluna e deve ser realizada
diariamente por 20 minutos.

5. Levantar:
Antes de levantar, mexa os braços e as pernas. Vire-se de lado, apoie-se nos braços e
ponha as pernas para fora da cama.
6. Sentar:
Evite permanecer sentado durante muito tempo. Essa posição causa uma sobrecarga
grande na coluna. Sentado, apoie-se no encosto da cadeira e mantenha os pés no
chão e se possível os braços apoiados. Para deitar faça o contrário

7. Trabalhar em pé:
Sempre que possível coloque um dos pés sobre uma elevação.

8. Realização de Trabalhos Manuais:


Coloque uma almofada no colo para apoiar os cotovelos, evite abaixar muito o
pescoço.

9. Leitura, escrita e TV:


Procure apoiar os cotovelos nos braços da cadeira ou mesa, evite abaixar muito o
pescoço e inclinar o corpo.

10. Sapatos e bolsas:


Use sapatos confortáveis, com saltos largos de 3 a 4cm. Use uma bolsa pequena e
leve. Carregue-a cruzada no peito ou utilize uma mochila de duas alças.

11. Carregar objetos:


Não dobre nunca o corpo a partir da cintura. Agache ou ajoelhe para pegar ou colocar
objetos em lugares baixos. Evite levantar pesos do chão acima de 20% do seu peso
corporal. Suba para pegar ou colocar objetos em lugares altos.

12. Lavar e Passar roupas


Para lavar e passar roupa, encoste a barriga no tanque ou na mesa e use um
banquinho ou um tijolinho para apoiar o pé. Coloque o balde com a roupa molhada em
cima de uma cadeira para prendê-la no varal, que deverá estar na altura de seu rosto.

13. Varrer:
Alongue o cabo das vassouras, rodos e pás, para não curvar-se durante a
limpeza.

Você também pode gostar