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Cabeçalho corrente: [TÍTULO REDUZIDO DE ATÉ 50 CARACTERES] 1

Universidade Federal Rural do


Rio de Janeiro

ICHS - Instituto de Ciências


Humanas e Sociais

Faculdade de Direito

"Há vinho velho em odre novo" - Direito, Revolução Francesa e


Codificação

Emili Azevedo Araujo Da Silva, 2° período. P2.

Trabalho apresentado ao professor João


Luiz de Araújo Ribeiro, da disciplina de História
do Direito.

Seropédica / RJ

2022. 1
[TÍTULO REDUZIDO DE ATÉ 50 CARACTERES] 2

I. DA INFLUENCIA DA REVOLUÇÃO FRANCESA NO DIREITO


CONTEMPORÂNEO

Inicialmente, é válido destacar que A Revolução Francesa ficou marcada na História


Mundial como o grande acontecimento, que deu nova luz ao mundo. É como se o mesmo
estivesse “adormecido” e o homem desprovido de qualquer direito e, através da revolução,
todos acordaram para uma nova realidade, tudo isso pautados no ideal da racionalidade. O
Iluminismo foi o grande responsável por ter atingido a França com outros pensamentos,
ideais revolucionários, os quais se espalharam para além da Europa.

Os direitos do homem e do cidadão tiveram uma primeira tentativa de se instituir


através dessa revolução, embora com questionamentos do que viesse ser cidadão. O próprio
termo direito, assim como igualdade, ainda é problemático, pois, ao serem definidos, logo
vem a questão se correspondem a todos os indivíduos, se todos esses são, de fato, sujeitos de
direito. Os ordenamentos jurídicos das diversas nações explicitam direitos humanos e
fundamentais, sendo o principal a vida. No entanto, muitas vezes, não são asseguradas
garantias para sua prática efetiva e alcance de todos. Os direitos têm o dever de levar a justiça
social e a paz a todos. Desse modo, caso não haja mecanismos suficientes para a implantação
de tais direitos fundamentais para a humanidade não será possível o pleno estabelecimento
das normas.

Nesse sentido, a França, como país parte do conjunto europeu, começa sua mudança já com a
abolição do direito do Antigo Regime através do Poder Constituinte e entrando em vigor a
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, com direitos que eram únicos e para todos, não
para uma parcela específica da população francesa. Havia uma forte apelação religiosa católica que
imperava o país e que garantia ao rei estar naquele posto, doravante, os revolucionários não
compactuavam com essa ideia e logo garantiram que as ideias religiosas fossem postas em plano
secundário, fortalecendo a soberania da Razão. “O homem encontra realmente em si uma
faculdade pela qual se distingue de todas as outras coisas, mesmo de si mesmo na
medida em que é afetado por objetos, e essa faculdade é a razão. ” (KANT). Visto isso, foi
apenas com a ocorrência do iluminismo que o homem conseguiu perceber sua própria razão e discutir,
a partir dessa ótica, acerca dos direitos que lhes eram configurados.
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Com essa noção o novo direito vem com o intuito de igualar as pessoas, os princípios e lema
da Revolução são levados a diante: Liberdade, Igualdade e Fraternidade entre os homens que estão
no poder e os demais. Esta necessidade de um novo ordenamento se figurou na criação do código,
mas não aquele do Antigo Regime, agora falamos de um direito pautado na lei. Inclusive, vale
ressaltar que o iluminismo foi o único a abordar a ideia de lei antes da revolução. Diante disso,
também se originou a ideia de um ato fundador firmado por um contrato social, em que a lei vai
exprimir a vontade daqueles que concordaram com esse.

“Discurso pronunciado diante dos deputados do terceiro estado em 17 de junho de 1789: é o


texto fundador do novo regime. Apesar de um estilo prolixo, o que diz é simples. Resumamos: 1) A
Nação é soberana; 2) O terceiro estado, por si só compondo “noventa e seis por cento da Nação”,
constitui inteiramente a Nação (as duas outras ordens não contavam); 3) Os deputados do terceiro
estado representavam por si só a Nação inteira, formando, portanto, a Assembleia Nacional; 4) A
Assembleia Nacional representava perfeitamente a Nação inteira, portanto, ela exprime sem restrição
alguma a vontade nacional. ” (CARBASSE).

Dessa maneira, entende-se que o povo é o novo soberano e sua vontade deve ser atendida,
justamente por ser a majoritária. Constitui-se, assim, as diversas declarações e as afirmações acerca do
novo direito, como por exemplo, a garantia imprescindível dos direitos a liberdade, a propriedade,
a segurança e a resistência à opressão. O primeiro direito, a liberdade política, é a afirmação de que
todos nascem livres e são possuidores de direitos iguais (direitos fundamentais). O segundo tido
como inviolável e sagrado, indo contra ao antigo direito, visto que o estado tomava e invadia sem
respeitar a propriedade de seus donos. O terceiro garantia que nenhum cidadão fosse preso sem justa
causa e que a todos fosse garantido a assistência mínima do estado, o que ocorria frequentemente no
antigo regime. Já o último, representava a resistência a um tirano, naquele momento acreditavam-se
que somente seria tirano um monarca, pouco tempo depois teriam de se deparar que “a vontade geral”
(ROUSSEAU) e aqueles que colocavam no poder, também poderiam ser.

O novo direito muda tudo, modifica instituições e o modo de vivência daquela sociedade, um
exemplo é a situação da Família. Essa intuição era formada sobretudo pelo sacramento do casamento
e uma vida pela graça de Deus. Com a Revolução, este ideal foi colocado em segundo plano,
colocando o casamento como um contrato civil, não devendo ao Estado uma notificação. O Estado se
firma laico.

Todavia, a maioria dessas mudanças estabelecidas pelo novo direito não foram bem aceitas
pela população, ainda mais as culturais, já que não se viam dispostos a modificar seu estilo de vida e
se submeterem a um modo totalmente divergente. O terror de Robes Pierre encontrou resistência em
diversas províncias, o que abriu espaço para que, em 1799, uma figura emblemática se firmasse no
poder: Napoleão Bonaparte. “Ao menos a ditadura consular, depois imperial, operou reformas
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duráveis no domínio jurídico; foi Napoleão que legou à França os grandes códigos, cimento do direito
contemporâneo” (CARBASSE).

II. DA REVOLUÇÃO DO CÓDIGO NAPOLEÔNICO NO DIREITO

Nesse interim, o sistema de codificação é um fruto filosófico, o qual possui como objetivo
máximo trazer leis ou um conjunto de leis, abarcando a totalidade de normas aplicáveis. Este projeto
pode abarcar tanto a totalidade do direito ou um determinado ramo, mas o objetivo é o mesmo: reunir
essas leis em um livro único, isto é, ter algo palpável para um melhor entendimento dessas normas.

O chamado Código Napoleônico foi inaugurado em 1804 contava como uma das maiores
obras de Napoleão, em que participou quase que integralmente, em meio a suas conquistas militares.
Ele vem para firmar com acordo com a Igreja Católica e também para uma administração sólida e
hierarquizada. Neste código está presente a contribuição do direito antigo e do revolucionário, isso se
deu através de quatro juristas que tinham conhecimentos diversos que puderam contribuir para que
fosse redigido com as preocupações de respeitar os costumes e as reivindicações revolucionárias.
Tratava em particular acerca da adoção, do divórcio, da incapacidade da mulher, da autoridade
paternal e dos filhos naturais.

Este código possuía 2281 artigos divididos em 3 livros organizados da seguinte maneira: “O
primeiro tratava das pessoas, o segundo dos bens e o terceiro “das diferentes maneiras pelas quais se
adquire a propriedade”. ” (CARBASSE). Com um estilo clássico, sendo subdividido em títulos, cada
título em capítulos, cada capítulo em seções, cada seção em artigos.

Uma coisa importante do código civil é que o juiz volta a recuperar sua autonomia, fazendo
com que ele tenha que operar leis mais gerais, havendo a necessidade de adequá-las ao caso concreto.

A família continua sendo um dos pontos mais debatidos neste código, havendo a soma do
Antigo Regime e com o Novo, em que o autoritarismo se soma ao individualismo, gerando o pater
família, o patriarcado. A mulher e os descendentes devem obediência ao pai de família, o ideal de
Bonaparte se dirigia a que “a ordem da família é a primeira condição para a ordem do Estado, e o
hábito da obediência deve ser adquirido desde o berço. ” (CARBASSE). No entanto, permanece
as decisões acerca do divórcio e a igualdade à herança, embora o imperador discordasse do primeiro.

III. DA CONCLUSÃO

Diante disso, observamos que há influência do direito francês nas produções legislativas e
judiciárias contemporâneas; a garantia de direitos fundamentais, de uma igualdade, de uma
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codificação com adequação social forte e que garante que se permaneça vigente por muitos anos, a
existência da doutrina e da utilização da jurisprudência muito se deram pela contribuição da
Revolução Francesa e de seus desdobramentos. Dito isto a frase “Há vinho velho em obre novo”
significa que muitas das características do direito moderno permanecem no nosso direito
contemporâneo, visto que a Revolução francesa é considerada a grande porta para o mundo que temos
hoje, principalmente no que tange ao direito aplicado. Tendo isso em vista, o estabelecimento da
codificação dos direitos vigora até os dias de hoje também, justamente por ser a forma mais eficaz e
harmônica de se conceber e garantir que os direitos conquistados ao logo do tempo sejam respeitados
e vigorados. Posto isso, conclui-se que o passado SEMPRE estará incorporado de alguma forma no
presente, inclusive, no que é tangente aos nossos direitos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CARBASSE, Jean-Marie. O Nascimento do Direito Contemporâneo. PUF, Paris, 1998.


Tradução: João Luiz Ribeiro. In Introduction historique au droit.

KANT, Imanuell. Citação

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