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Livro: A revolução urbana (Cap. I, III e IX) | Autor: Henri Lefebvre


Resenha Crítica
Professor: Elenise Felzke Schonardie
Mestrando: Marco Antonio Compassi Brun

1 RESENHA
1.1 Capítulo I – Da cidade à sociedade urbana

No primeiro capítulo o autor aborda os conceitos de sociedade urbana enquanto


reflete a explosão demográfica e a urbanização, o movimento intenso a caminho das
cidades. Temas que devem ser analisados tanto sob o aspecto espacial, pois se estende e
se modifica em seu meio, quanto temporal, já que se desenvolve com o tempo
(LEFEBVRE, 2008, p. 18).
Em meio as reflexões introdutórias do autor, vejo como central – também – alguns
traços que aquele faz a respeito das cidades como movimento, local onde tudo acontece.
Especialmente com o desenvolvimento dos grandes centros, impulsionados também pela
industrialização e crescimento do capital comercial. Mais especificamente, ainda, Henri
trabalha com a ideia de rua, como um lugar com funções diversas, simbólicas, de
desordem e de ordem. Enfim, todos os elementos da vida residem – ou podem residir –
na rua.
Essas mudanças de conceito da cidade e o que ela significa para a humanidade
enquanto sociedade gera, no entanto, uma “problemática urbana” (LEFEBVRE, 2008, p.
24). Isso porque a cidade se transforma em uma caminhada que vai, da cidade política
para a comercial, da comercial para a industrial e encontra um “fim” no pós-industrial.
Para o autor, a chamada zona crítica, uma vez que é onde situa-se a implosão-explosão
do crescimento urbano, do desenvolvimento dos grandes centros, do êxodo rural e das
mudanças de exploração e movimentação econômica.
Assim, é a partir dessa problemática urbana contextualizada com a fase crítica que
a obra busca se desenvolver. Com verificações e apontamentos que ultrapassam o
conceito de cidade, enquanto objeto, local. E alcançam, sobretudo, os fenômenos urbanos.

1.2 Capítulo III – O fenômeno urbano


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Demonstrados os conceitos introdutórios, o autor, no terceiro capítulo da obra,


observa a complexidade do tema urbano. No fenômeno que perpassa os campos de
conhecimento, justamente pelo seu alcance interdisciplinar.
A partir disso, o autor discorre sobre os diversos campos, inclusive aos termos
linguísticos e as formas de conceituar certos elementos como o do fenômeno urbano. O
qual se manifesta com universalidade (LEFEBVRE, 2008, p. 56), muito mais que um
objeto, em uma problemática que pode ser apresentada e apreciada pela filosofia,
sociologia, política, economia, arquitetura – entre outras áreas do saber.
Desenha-se, portanto, uma série de abordagens diferentes com relações diferentes,
de acordo com as ciências. Justamente daí que surge a necessidade de considerar esse
objeto do urbano em uma visão de espaço-tempo, mesmo que o próprio autor tenha
dificuldades de compreender o que é esse objeto. Sabe apenas que não é isolável e que
não tem seus contornos definidos (LEFEBVRE, 2008, p. 72), até porque observa a
impossibilidade de se extrair um conceito unitário, mesmo que somados os
conhecimentos ou pontos de vista.
Assim, um dos caminhos para o autor é delinear – a partir do que vai chamar de
estratégia urbana – questões práticas – políticas, industriais, até chegar na prática urbana.

1.2 Capítulo IX – A sociedade urbana

O terceiro capítulo desta análise e último capítulo do livro traz uma percepção
mais completa do autor sobre o tema do urbano e dos seus fenômenos. Como se, ao meu
ver, a obra fosse um percurso traçado para compreender, entre as ciências, os saberes e os
conhecimentos, os múltiplos e complexos significados do objeto de estudo.
Ainda assim, o tema não se esgota, o conceito de complexificação da sociedade e
da abordagem no espaço e tempo também não. Até porque, para o autor, o fenômeno
urbano se comporta como uma superestrutura (LEFEBVRE, 2008, p. 150) e, por isso,
depende de uma leitura total (LEFEBVRE, 2008, p. 154). A qual, como apontado pelos
capítulos anteriores, é multidisciplinar, pois alcança diversas perspectivas e diversos
pontos de vista. Bem como alcança o âmbito prático da análise.
E esse âmbito prático mencionado pelo autor é o que chega ao espaço não apenas
do urbano onde tudo acontece, de local, de cotidiano, de rua, de violência, de mercado.
Nem tão somente as considerações de transformações pelo espaço e tempo. Mas,
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sobretudo, de um espaço político. Essa é uma das principais conclusões que a obra traz.
A qual, por fim, também reproduz o conceito de totalidade do fenômeno urbano discorrido
entre os capítulos, páginas e textos da pesquisa de Henri Lefebvre.

2 REFERÊNCIAS

LEFEBVRE, H. A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

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