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Curso de Ciências Sociais

Saulo Azevedo Nolasco

Resenha sobre o capítulo 3, do livro “Onda negra, medo branco” de Célia Maria Azevedo

História Social e Econômica do Brasil I

Paulo Terra
1. INTRODUÇÃO

A escritora Célia Maria de Azevedo no capítulo 3, nos mostra através de relatos como se dão
os fatores decisivos para a abolição. Fala sobre a exclusão dos agentes que realmente teriam
sido os mais importantes nesse processo, e lança um outro olhar sobre a história da fundação
de nosso país.

2. Capítulo 3: O “não quero” dos escravos

O capítulo começa apresentado duas visões sobre a história da emancipação dos então
escravos encontrados no Brasil. Entende-se a partir dessas duas visões, as raízes da construção
de uma imagem totalmente racista e errônea sobre a abolição. As duas interpretações têm em
comum o fato de tentar mostrar como verdade, que os negros não seriam capazes de serem
atores de sua própria libertação, e por isso pintam uma figura messiânica do homem branco.

Sendo que a primeira dessas versões, era dada pela elite. Fazendo-a pintar um quadro de
autoproclamação como pedra angular para a libertação dos escravos. Mas a que isso se deve?
Fugia desta elite, a percepção das relações dos até então escravos, pelo distanciamento moral
e material, fazendo ela mesma cair numa ilusão.

Enquanto na outra interpretação, onde se salienta um olhar Marxista, temos além da tentativa
de colocação do negro como objeto coadjuvante de sua própria história, uma uniformização e
redução de vários movimento e relações sociais de extrema importância para a abolição. Onde
mais uma vez os escravos estariam subordinados até a consciência política da elite, pois
supostamente não teriam condições de adquirir uma unidade de classe. Aqui vemos uma
tentativa de atribuir total ineficácia a qualquer tipo de ação e resistência que partia do agente
negro. Onde se entende que o fim da escravidão se daria de uma maneira ou de outra pelo
desenvolvimento do capitalismo.

A visão branca e elitista de uma forma ou de outra, tenta apagar dos registros a participação
do agente negro na sua emancipação. A autora Célia Maria decide então, junto a outras (os)
autoras (es), ir por uma terceira via. Dando voz aqueles que são destituídos de sua própria
história.

As revoltas dos escravos já ecoavam desde meados de 1870. Forçando medidas imediatas
antitráfico, o surgimento das correntes de políticos imigrantistas (percebe-se uma ideia de
começo da tentativa de “branqueamento” da sociedade brasileira), e por fim causando um
temor e incerteza inferido a chefes de polícia e presidentes de província.
3. Parte 1 – Capítulo 3: Crimes de escravos

Os crimes de escravos contra senhores tomaram toda atenção das autoridades nas décadas de
(18)60 e (18)70. A resistência escrava começa a se dar no próprio local de trabalho (muitas
vezes nas fazendas), devido a vários fatores, como por exemplo os chamados “efeitos” da lei
do ventre livre e as galés perpétuas, que apesar de não terem sido bases para mudanças
concretas, davam ao escravo uma nova perspectiva de vida e de mundo.

Os escravos não são mais presos por fugas. Agora respondem com certa violência aos seus
repressores e passam a serem agentes de sua libertação, chegando a cometer crimes somente
para serem presos e escapar das fazendas.

As galés elevaram o escravo de certa forma, a perceber uma linha tênue entre dominantes e
dominado nesse tipo de castigo. Ele se utilizava disso para adquirir de certa forma, um outro
tipo de identidade, negando aquela de um ser que merece ser castigado, e passa a se ver e ser
visto muitas vezes, como passível de compaixão.

Sendo assim, outras medidas eram tomadas pelas autoridades para o efetivo castigo, primeiro
os açoites, depois os linchamentos. A partir daí, nota-se uma insistência (sempre frustrada) de
coibir os escravos e homens pobres livres, de qualquer circuito ou interação com os espaços
da cidade.

4. Parte 2 – Capítulo 3: Revoltas, fugas e apoio popular.

Elementos advindos de fora das fazendas, como brasileiros e portugueses, além de escravos e
homens negros livres de outras localidades, além dos capitães, ajudavam os que ainda se
encontravam na condição de escravos, a planejar e executar seus planos de liberdade.

Conforme uma identidade unitária vai se formando e fixando entre os escravos e negros
livres, as revoltas e conflitos vão se intensificando. A lei da abolição necessariamente, veio
apenas para consolidar uma situação já dada. Mas a completa emancipação ainda dependeria
de muitas lutas.

A questão para os brancos agora, era o que fazer com todos os negros livres, e como fazê-los
continuar a serem subjugados de alguma forma. Era deliberadamente um problema a
liberdade dos negros.
Os que agora saem da condição de escravos, conseguem através de resistência, ficar em
localidades que já estão acostumados, não há necessidade de fuga. É conquistado o direito do
salário.

5. Parte 3 – Capítulo 3: Pátria em perigo, pela união nacional.

Os negros, após assumirem a identidade de livres e serem vistos como tal até pelos brancos,
passam a emitir opiniões políticas. Uma possível guerra entre brancos e negros se delineava.
Era impossível para a sociedade elitista, compreender o que era conviver igualmente com
quem até então era considerado não-humano.

Uma apelação ao “patriotismo” dos deputados da época, ocorre em prol do bem público, para
manutenção da ordem. E por manutenção da ordem, entende-se nenhum tipo de manifestação
cultural, religiosa ou política partindo dos negros.

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