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DESIGUALDADES SOCIAIS:
ENTRE O RECONHECIMENTO E
AS NECESSIDADES

Professor :

Me. Everton Henrique Faria

Objetivos de aprendizagem
Entender como as sociedades produzem processos de desigualdades sociais a partir da modernização, industrialização e globalização.
Compreender a gênese das questões das desigualdades para além do economicismo.
Perceber que as desigualdades sociais no Brasil na atualidade são resultantes da história desigual do país.
Assimilar que desigualdade social, pobreza e exclusão sociais são conceitos que se articulam, mas não são as mesmas coisas e se apresentam como fenômenos multidimensionais
na sociedade.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Contextualizando.
Desigualdade ou Desigualdades?
BRASIL: “entre desigualdades”.
Desigualdade Social, Pobreza e Exclusão Social: algumas problematizações.

Introdução
O surgimento da sociedade moderna, o desenvolvimento do capitalismo e o acirramento dos processos de globalização aceleraram os processos de desigualdades sociais, pobrezas
e exclusões sociais nas mais diversas sociedades.

Como fenômenos existentes em todas as sociedades, a desigualdade social, a pobreza e a exclusão social transformam as relações sociais ao passo que são geradas pelas mesmas e
ganham amplitude tornando-se fenômenos multidimensionais que envolvem questões como diferenças de classes sociais, desigualdades de gênero, de etnia, entre outros.

Apesar de serem tratados, muitas vezes, como fenômenos iguais, estes possuem lógicas próprias dentro de uma sociedade, mas se articulam à medida que a existência de um pode
gerar o outro e, consequentemente, levar a discriminação, a segregação e ao preconceito.

Tais prerrogativas colocam estes conceitos como limites para o exercício da cidadania e para a formação plena de um cidadão dentro da sociedade, já que a presença de princípios de
dominação e hierarquização possibilitam o domínio de um indivíduo sobre o outro e/ou de grupo sobre o outro ocasionando problemas sociais que se resumem nestes conceitos.

Não há sociedade que não possua desigualdades sociais, pobreza e exclusão social, pois estes fenômenos são características das sociedades modernas e da complexificação das
relações sociais e não devem ser tratados como sinônimos de ausência de renda, pois extrapolam a dimensão economicista presente nas relações que os geram.

Desta forma, estes conceitos podem facilmente ser visualizados e encontrados nos países que foram colônias de outros países em sua história de formação enquanto Estado, já que
nasceram com fortes princípios de desigualdades sociais, onde o Estado surge para a atender as necessidades do Mercado e não as demandas da coletividade, como é o caso do
Brasil.

Assim, convido você a refletir sobre como as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social têm se apresentado como fenômenos multidimensionais ocasionados pelos
processos de desenvolvimento e transformações sociais nas sociedades modernas.

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Contextualizando
Historicamente as desigualdades sociais sempre foram responsáveis por diferentes conflitos étnicos, econômicos, políticos e sociais e, por isso, comumente temos escutado, em
diferentes espaços, pessoas discutirem sobre desigualdades sociais, em como a sociedade é desigual e em como isso afeta toda a sociedade em seu desenvolvimento.

A complexificação das relações sociais na Era Moderna estabeleceu novas formas de organização social que, por sua vez, acirraram os processos de desigualdades sociais nas
diferentes sociedades. A hierarquização das relações sociais e os novos padrões de desenvolvimento e de organização da sociedade podem nos levar a compreender como as
desigualdades são criadas e direcionadas por regras e normas tanto no âmbito objetivo como no subjetivo.

Neste sentido, a busca por uma modernização e o estabelecimento do sistema capitalista tornaram as relações humanas mais complexas, sobretudo, acirrou a dimensão de que o
homem passou a não conseguir suprir suas necessidades básicas, tão pouco alcançar sua liberdade ficando, assim, dependente do Estado. Ou seja, a forma de organização da
sociedade moderna é resultante do sistemas capitalista, bem como das mudanças que ocorreram para garantir o desenvolvimento do mesmo, tais como os processos de
industrialização e a divisão social do trabalho.

A respeito destas questões, Giddens (1991) reforça que a

ordem social emergente da modernidade é capitalista tanto em seu sistema econômico como em suas outras instituições. O caráter móvel,
[...]

inquieto da modernidade é explicado como um resultado do ciclo investimento-lucro-investimento que, combinado com a tendência geral da taxa de
lucro a declinar, ocasiona uma disposição constante para o sistema expandir (GIDDENS, 1991, p. 20).

Não obstante, a dimensão estrutural das relações sociais passou a ser determinadas pelos processos de aquisição de bens e serviços dentro da sociedade, no qual o sistema
capitalista, por si só, suscitou hierarquias de consumo e dependência do indivíduo, restringindo, assim, a ideia da sua liberdade condicionada ao Mercado e ao Estado. Ao passo que
não conseguiam suprir suas necessidades básicas por meio dos acessos dos produtos de subsistência, esses indivíduos passaram a criar relações de dependência com o Estado,
perdendo a dimensão da sua liberdade de escolha.

A modernidade então rompeu com as formas de organização das sociedades e inseriu novos mecanismos na ordem social, pautados na ideia da civilização do homem, o qual ao
mesmo tempo que precisava atender suas necessidades de forma coletiva tinha que lidar com as dimensões dos ideais liberais de que o único responsável pela sua sobrevivência
seria ele próprio, por meio de suas capacidades. No entanto, a modernidade suscita a dimensão da interdependência entre os indivíduos que juntos possibilitariam o
desenvolvimento da sociedade nos vieses da civilização.

A respeito da ideia de civilização na sociedade moderna, Norbert Elias (1993) alerta que

[...]civilização não é ‘razoável’, nem ‘racional’, como também não é ‘irracional’. É posta em movimento cegamente e mantida em movimento pela
a
dinâmica autônoma de uma rede de relacionamentos, por mudanças específicas na maneira como as pessoas se vêem obrigadas a conviver (ELIAS,
1993, p. 195).

Ou seja, para ele, as mudanças fizeram com que o homem cada vez mais tivesse que realizar ações conjuntas para garantir sua sobrevivência, já que essa nova ordem social
determinou uma nova rede de relações sociais obrigando as pessoas a conviverem de acordo com as normas estabelecidas. Frente a isso, o autor chama essas relações de cadeias de
interdependência:

Mas fosse consciente ou inconscientemente, a direção dessa transformação da conduta, sob a forma de uma regulação crescentemente diferenciada
de impulsos, era determinada pela direção do processo de diferenciação social, pela progressiva divisão de funções e pelo crescimento de cadeias de
interdependência nas quais, direta ou indiretamente, cada impulso, cada ação do indivíduo tornavam-se integrados (ELIAS, 1993, p. 196).

E completa dizendo que as regras nada mais são que formas de autocontrole, onde a

teia de ações tornou-se tão complexa e extensa, o esforço necessário para comportar-se ‘corretamente’ dentro dela ficou tão grande que, além do
[...]

autocontrole consciente do indivíduo, um cego aparelho automático de autocontrole foi firmamente estabelecido (ELIAS, 1993, p. 196).

Frente às novas dimensões sociais estabelecidas, David Harvey (1992, p. 22), salienta que “a modernidade, por conseguinte, não apenas envolve uma implacável ruptura com todas
e quaisquer condições históricas precedentes, como é caracterizado por um interminável processo de rupturas e fragmentações internas e inerentes”.

Neste sentido, os processos de rupturas existentes na sociedade podem ser compreendidos como os momentos de conflitos existentes na sociedade em que chegou-se a momentos
de esgotamento dos modelos adotados para a condução e organização da sociedade, em que o Mercado e o Estado não conseguiam mais dar continuidade aos processos de
desenvolvimentos das capacidades de autonomia, liberdade e independência dos sujeitos frente ao suprimento de suas necessidades básicas.

E o que isso quer dizer?

Que à medida que o Mercado e o Estado dimensionavam a separação do público e do privado na sociedade liberal pautados nos princípios dos direitos fundamentais, o Estado
pressupunha princípios de desenvolvimento social por meio da instituição de direitos preconizando a ideia de autonomia do indivíduo. O Mercado, por sua vez, estabelecia sistemas
de regulação destes mesmos direitos, os responsabilizando, forjando, uma cidadania pautada no consumo.

Desta forma, as desigualdades sociais não emergiram na sociedade moderna, mas tomaram novas proporções e se acirraram frente a complexificação das relações sociais, dos
meios de produção e da nova ordem social estabelecida, tendo como pano de fundo o sistema capitalista e a forma liberal adotada por muitos Estados. Princípios como a
Universalidade, a Individualidade e Autonomia deram o aporte estrutural das ações dentro da sociedade moderna dando legitimidade à representação exercida por governos
liberais e as hierarquias entre dominantes e dominados reforçadas pelo sistema capitalista arraigando no comportamento coletivo formas de dominação aos moldes weberianos.
De acordo com Max Weber, existem três tipos de fominação na sociedade: a Tradicional, a Carismática e a Racional Legal.

Dominação Tradicional: possui como como base de legitimação as tradições e os costumes de uma dada sociedade, personificando as instituições
enraizadas no seio desta sociedade na figura do líder. Exemplos: a dominação patriarcal (tipo mais puro desta dominação), a monarquia, os
despotismos, o Estado Feudal etc.

Dominação Carismática: Apoia-se na devoção a um senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma). O poder é pessoal, ou seja, obedece-se a pessoa por
suas qualidades excepcionais e não por uma posição ocupada por ela formalmente ou por uma dignidade advinda das tradições. Exemplos: grandes
demagogos, Fidel Castro, Antônio Conselheiro, Gandhi, Jesus Cristo, Adolf Hitler.

Dominação Racional-Legal: origina-se de regras, estatutos e leis sancionadas pela Sociedade ou Organização. Exemplos: a estrutura moderna do
Estado, empresas capitalistas privadas.

Fonte: Weber (2008)

adaptado do livro Os Três Tipos Puros de Dominação Legítima de Max Weber (2008).

Este cenário de bruscas transformações acirraram as discussões sobre a ideia da universalidade, individualidade e autonomia presentes na sociedade moderna. Segundo Rouanet
(1993), estes conceitos ganharam novas interpretações ressaltando que o universalismo está sendo substituído pelo nacionalismo, dando margens a proliferação e, em muitos
casos, ao racismo e a xenofobia. O individualismo passou a se expressar no conformismo e na busca constante pelo benefício próprio; e a autonomia transformou-se, em certa
medida, no individualismo, no qual há a desresponsabilização pelo ser humano e cada um é responsável por si mesmo, permitindo que muitos vivam em condições sub-humanas.
Desta maneira,

Ocorre que simultaneamente com a racionalização do mundo vivido, que permitiu esse aumento de autonomia, a modernidade gerou outro processo
de racionalização, abrangendo a esfera do Estado e da economia, que acabou se autonomizando do mundo vivido e se incorporou numa esfera
‘sistêmica’, regida pela razão instrumental (ROUANET, 1987, p.14).

Neste sentido, as desigualdades precisam ser compreendidas a partir das historicidades que compõem o desenvolvimento das diferentes sociedades, sobretudo, precisam ser
observadas dentro da rede complexa em que se tornou as relações sociais, onde Estado e Mercado são os grandes fomentadores de desigualdades justamente porque ambos
buscam a racionalização de mecanismos de manutenção de poder.

Assim, não há um sistema de desigualdade, existem sistemas de desigualdades que são estabelecidos a todo momento a fim de garantirem que uma classe obtenha poder de
dominação sobre a outra, especialmente, atribuindo aos indivíduos responsabilidades pelas realidades que vivenciam.
Desigualdade ou Desigualdades?
Algumas questões são fundamentais para o entendimento de como a sociedade moderna estimula mudanças contínuas nas estruturas e nas relações sociais. Como tratar a
desigualdade na sociedade capitalista? A sociedade capitalista é uma fomentadora de desigualdade? Afinal, devemos tratar como desigualdade ou desigualdades?

Primeiramente, far-se-á necessário esclarecermos que a desigualdade não é apenas uma atenuante dos aspectos econômicos de uma sociedade, ela se expressa de diferentes
formas, seja nas classes mais baixas ou nas mais abastadas, pois não existe apenas um tipo de desigualdade, mas uma série delas expressas nos espaços de convivência e no
comportamento das pessoas na sociedade.

Isso significa que a desigualdade é a causa e a consequência de múltiplas formas de dominação, hierarquização e de processos conflituosos que quando presentes restringem os
direitos fundamentais de cidadania e levam o indivíduo a situações de precarização. Neste sentido, a desigualdade extrapola os limites economicistas e ganha a dimensão política,
social e cultural.

Bihr e Pfefferkorn (2008), em seu livro “Le Système des Inégalités, Paris, La Découverte” (tradução própria), alerta que:

Uma desigualdade social é o resultado de uma distribuição desigual, no sentido matemático da expressão, entre os membros de uma sociedade, dos
recursos desta, distribuição desigual que se deve às estruturas dessa sociedade e que faz nascer um sentimento, legítimo ou não, de injustiça entre os
seus membros (BIHR; PFEFFERKORN, 2008, p. 8).

De acordo com os autores, apesar de ser medida matematicamente, a desigualdade social está presente na vida em coletividade e tem uma natureza sistêmica, ou seja, ela afeta
toda a coletividade, gerando e reproduzindo relacionalmente num espaço social que determina, de forma intensa, o modo assimétrico como os recursos disponíveis se distribuem
pelos indivíduos, de acordo com o seu lugar de classe (BIHR; PFEFFRKORN, 2008).

Nesta direção, podemos observar que não existe apenas um tipo de desigualdade, mas várias formas dela que se apresentam na sociedade de forma sistêmica, justamente por
termos na atualidade espaços de sociabilidade cada vez mais complexos que congregam em uma mesma localidade diferentes grupos sociais que possuem interesses econômicos,
políticos e sociais plurais.

E como definir desigualdade?

Geralmente o termo desigualdade é utilizado para indicar o oposto de igualdade e é permeado de negatividades por expressar, no sentido subjetivo da palavra, uma série de
problemas existentes na vida em sociedade. A desigualdade pode ser entendida, deste modo, como um fenômeno presente em todas as sociedades, sendo ela responsável por
processos de hierarquização social e por uma série de conflitos que levam à discriminação, à segregação e ao preconceito.

O termo desigualdade social está atrelado muitas vezes ao poder aquisitivo das pessoas, ou seja, a desigualdade social é o resultado da diferença do poder aquisitivo entre as
pessoas. No entanto, essa dimensão pode se dar entre as classes sociais ou dentro de uma mesma classe social, uma vez que o acesso dos indivíduos por meio do poder aquisitivo
não supera por si só as diferenças de gênero, de cor, de raça ou quaisquer outras que possam existir na sociedade.

Nesta direção, a atenuante da desigualdade social se multiplica a partir da complexificação das relações sociais, onde uma pessoa, ao se relacionar com a outra, desencadeia
maneiras de funcionamento particulares que exprimem, por sua vez, formas de desigualdades por estas pessoas viverem em uma sociedade antagônica, onde cada indivíduo
enxerga o outro e a si mesmo de forma particular.

Para tal, neste momento das relações sociais são criadas divisões sociais que distanciam ou aproximam os indivíduos conforme suas características e estruturas econômicas,
políticas, sociais e culturais. Essas divisões sociais servem para reforçar os processos de hierarquização e dominação existentes na sociedade, onde os indivíduos se veem por meio
de constructos sociais subjetivos que são colocadas no campo da realidade a partir dos processos de desigualdades sociais. Ou seja, as divisões sociais se materializam nas classes
sociais que tiram da subjetividade os antagonismos sociais os materializando na vida em coletividade.

Neste sentido, Max Weber (1971) ressalta que a dinâmica social deve ser explicada para além da esfera do mercado e da dimensão econômica. Segundo ele, a classe se define a
partir de situações de classe:

De suprimento de bens, condições exteriores de vida, e experiências pessoais, na medida em que essa oportunidade é determinada pelo volume e
tipo de poder, ou por sua ausência, de dispor de bens ou habilidades em benefício de rendimentos em uma dada ordem econômica. O termo “classe”
refere-se a qualquer grupo de pessoas que se encontra na mesma situação de classe (WEBER, 1971, p. 63).

Todavia, a dimensão dos elos que unem as pessoas diante das suas mesmas situações de classes não afastam as relações de dominação existentes na sociedade, uma vez que essas
relações são fortalecidas pelas desigualdades sociais. Ou seja, a dimensão de pertencimento que une os indivíduos é utilizada muitas vezes para legitimar os sistemas de
desigualdades sociais, criando nos indivíduos processos de alienação, que os responsabiliza por estarem imersos a uma determinada realidade.

Em certa medida, isso ocorre porque o Estado está submerso a lógica do mercado atendendo aos interesses daqueles que dominam os sistemas econômicos se afastando de uma de
suas responsabilidades fundamentais, a de atender os interesses coletivos. Deste modo, a consciência de classe presentes nas classes sociais por meio da ideia do pertencimento,
dos interesses comuns e do próprio estilo de vida acaba por estabelecer sistemas de desigualdades sociais que por diversas vezes não são nem percebidos pelos indivíduos por
estes estarem imersos na lógica de mercado.
As sociedades, segundo Karl Marx, são sociedades de classes. Segundo ele, em qualquer sociedade, encontramos um sistema de classes, ou seja, um
sistema onde há um grupo dominante e um grupo dominado.

Fonte: Marx (1984).

Assim, as desigualdades sociais são as geradoras de uma série de problemas nas diferentes sociedades e devem ser entendidas de forma sistêmica, uma vez que ocorrem de maneira
articulada entre diversos fatores negativos que levam a problemas sociais, tais como: violência e criminalidade, desemprego, desigualdade racial, guerras, educação precária, falta
de acesso a serviços públicos de qualidade, diferenciação de tratamento entre ricos e pobres, entre outros.

Você ainda está com dúvidas sobre a ideia de desigualdade ou desigualdades?

Não se preocupe, ao longo dos nossos estudos tudo ficará mais claro.

BRASIL: “entre desigualdades”


A formação do Estado brasileiro é oriunda de um processo de desigualdades sociais. Ao longo da colonização do território brasileiro, o objetivo daqueles que aqui chegavam eram os
processos de exploração do território, especificamente, das riquezas naturais e não o planejamento das atividades realizadas na colônia tão pouco as condições daqueles que aqui
viviam.

Caio Prado Junior (2004) nos chama a atenção para o processo de ocupação do território brasileiro dizendo que este processo ocorreu para suprir os interesses do mercado
externo, no qual o processo de produção acontecia de acordo com as necessidades que eram estabelecidas pelo mercado e que a expansão da ocupação era ocasionada de acordo
com as descobertas de terras férteis. Em suas palavras, “a idéia de povoar não ocorre inicialmente a nenhum. É o comércio que os interessa, e daí o relativo desprezo por este
território primitivo e vazio que é a América” (PRADO JR., 2004, p. 23).

Nesta direção, ao se tornar Estado com a Proclamação da Independência em 1822, a construção de processos de dominação continuaram vigentes em nosso território, visto que a
estrutura de poder nada mudaria, bem como os processos de dominação do povo brasileiro, que continuava tendo os povos indígenas sendo exterminados e a manutenção da
escravatura sendo mantida mesmo diante da primeira Constituição brasileira no ano de 1824, pensada nos princípios liberais da Revolução Francesa de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade.

Art. 1. O IMPÉRIO do Brasil é a associação Politica de todos os Cidadãos Brazileiros. Eles formam uma Nação livre e independente, que não admitte
com qualquer outra laço algum de união, ou federação, que se oponha à sua Independência (BRASIL, 1824 - online).

Ou, como podemos perceber no Art. 179 que diz que: “A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual,
e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império” (BRASIL, 1824 - online). Contudo, tais medidas constitucionais não se aplicavam àqueles que não eram reconhecidos
diante do Estado, como, por exemplo, os povos africanos.

Essa dicotomia entre um Estado Liberal e um Estado Conservador Escravista permeou o cenário político institucional até praticamente o fim do Estado Absolutista brasileiro, que
possuía uma economia liberal de atendimento do mercado e uma prática política centralizadora e conservadora em que o governo se utilizava da prática governamental para
atender as demandas particulares daqueles que comandavam o mercado. Cabe ressaltar que no Estado Absolutista a dimensão do público e do privado não é um princípio na
organização política do Estado, portanto, aqueles que faziam parte da administração estatal muitas vezes também eram os que comandavam o mercado.

Florestan Fernandes (1981, p. 45) ressalta que o Brasil Império foi o momento na história em que a Monarquia Constitucional, ou seja, o governo vigente estava mais comprometido
com a defesa da propriedade privada, da escravidão, dos novos meios de organização do poder do que com as questões referentes aos ideais de integração da sociedade nacional.

Desta forma, como percebemos, o Estado brasileiro nasce dos antagonismos econômicos, políticos e sociais e se torna legítimo no ordenamento jurídico que previa os primeiros
direitos fundamentais de cidadania na Constituição Federal de 1824, mas que se estabelecia em uma cidadania mediada, regulada pelos poderes do imperador, uma vez que mesmo
presentes no ordenamento jurídico, os direitos não se estabeleciam no cotidiano dos que aqui viviam, pois a ordem vigente era de uma sociedade escravocrata, conservadora e
centralizadora, voltadas aos interesses do mercado externo.

Isso em certa medida teve seu fim com a abolição da escravatura, em 1888, pois segundo Gomes (1991):

[...] Abolição encerrava uma experiência de três séculos, na qual uma imensa população de trabalhadores – os escravos – era definida pela ausência
a
de qualquer reconhecimento social e político e, portanto, não possuía qualquer tipo de direito. Se durante o período imperial o processo de state
building estava em curso e teve amplo sucesso – com a manutenção da unidade territorial e a expansão do aparelho do Estado -, o processo de esta
nation- -building estava comprometido pela própria existência da escravidão. É só com a Abolição e com a República – inaugurando formalmente o
estatuto de que todos os homens são iguais perante a lei – que se pôde passar da construção do Estado para a construção, enfrentando-se a questão
chave da extensão dos direitos de cidadania quer fossem civis, políticos ou mesmo sociais (GOMES, 1991, p. 69).

Não obstante, mesmo com a instituição da República em 1889, o processo de organização da ordem social no Estado brasileiro pouco mudou. A política continuou sendo dominada
pela mesma elite que tinha seus interesses pautados no exercício das práticas estatais para o atendimento da suas necessidades individuais. Aqueles que faziam parte da elite
continuaram a ter os mesmos privilégios de antes, a questão econômica continuou sendo a prioridade nas questões do Estado e a sociedade, em seus aspectos coletivos,
continuavam sofrendo com a ausência do Estado e das ações políticas que poderiam amenizar as demandas sociais existentes na sociedade.

Se o século XIX no Brasil foi fundamental para o acirramento das desigualdades sociais, o século XX foi o momento em que as estruturas sociais passaram a chamar o Estado à sua
responsabilidade. Ou seja, o Estado continuou a atender os interesses de mercado, mas a sociedade passou a exigir que este se voltasse ao atendimento das necessidades mais
básicas da população por meio dos diversos movimentos contestadores da ordem política e social, tais como os Movimentos Grevistas de 1917, o Tenentismo na década de 1920, a
Semana da Arte Moderna de São Paulo em 1922, entre outros, que buscavam reivindicar junto ao Estado direitos básicos de cidadania.
No entanto, mesmo conseguindo instituir alguns direitos fundamentais de cidadania, nas décadas seguintes o Brasil continuou imerso a lógica capitalista e, por conseguinte,
aumentou os processos de desigualdades sociais que chegaram a um índice altíssimo ao longo da segunda metade do século XX com a política mercadológica instituída pelos
governos dos militares.

De fato, quando nos remetemos aos anos posteriores a 1964, especificamente entre 1964 a 1985, percebemos que o cenário político nacional foi marcado pelo autoritarismo, pela
supressão dos direitos constitucionais, pela perseguição policial e militar, pela prisão e tortura dos opositores e pela imposição de censura prévia aos meios de comunicação. Foi
neste período que no campo econômico tivemos a instituição da diversificação e modernização da indústria e serviços, sustentada por mecanismos de concentração de renda,
endividamento externo e abertura ao capital estrangeiro.

Tais características históricas colocaram o Brasil entre os países com maiores índices de desigualdades sociais até os dias de hoje. Desigualdades sociais que foram se estabelecendo
desde o momento que os portugueses chegaram em nossas terras e se expandindo à medida em que o país se tornou uma estrutura formal de atendimento dos interesses privados.

Em outras palavras, o Estado foi um dos principais personagens para a consolidação das desigualdades sociais no Brasil, pois suas ações desde o início de sua formação esteve
pautada na articulação dos interesses privados da sociedade e não no atendimento da coletividade, isto é, a elite dominante do país sempre foi e é a responsável pela inoperância
das funções estatais, pois o mesmo se tornou um instrumento de dominação e poder por parte daqueles que o compõem e/ou daqueles que fizeram dos direitos políticos uma
estratégia de dominação em que representam não os interesses da coletividade, mas o interesse daqueles que os colocaram no exercício do mandato.

Pois,

O destino não estava traçado e o caminho não era único, ainda que o passado tenha o seu peso no presente. O Brasil foi fundado sobre o signo da
desigualdade, da injustiça, da exclusão: capitanias hereditárias, sesmarias, latifúndio, Lei de Terras de 1850 (proibia o acesso à terra por aqueles que
não detinham grandes quantias de dinheiro), escravidão, genocídio de índios, importação subsidiada de trabalhadores europeus miseráveis,
autoritarismo e ideologia antipopular e racista das elites nacionais. Nenhuma preocupação com a democracia social, econômica e política. Toda
resistência ao reconhecimento de direitos individuais e coletivos (GARCIA, 2003, p. 9).

As desigualdades sociais no Brasil se tornaram o grande desafio a ser superado por aqueles que integram o cenário político institucional, que a partir de uma série de conflitos,
desencadeados pelos Movimentos Sociais a partir da década de 1970, resultou em um novo ordenamento jurídico de reconhecimento dos direitos fundamentais de cidadania e de
um Estado Democrático de Direito, em que tornou-se possível a construção de uma ideia de cidadania nacional por meio da descentralização do poder, da participação da sociedade
nas decisões governamentais e no estabelecimento de uma gestão pública eficiente capaz de atender às demandas sociais com a implementação de políticas públicas construídas
em um sistema de gestão compartilhada entre Governo, Sociedade Civil e Comunidade.

Assim, as desigualdades sociais no Brasil se apresentam de diferentes formas, que vão desde a extrema pobreza até os processos de segregação causados por questões de gêneros,
classes sociais, cor de pele e tantos outros fatores.

Desigualdade Social, Pobreza e Exclusão Social: algumas


problematizações
Desigualdade social, pobreza e exclusão social são as mesmas coisas? O que você acha? Ao sermos questionados o que é desigualdade social, pobreza e exclusão social, de imediato
nossa mente já faz uma assimilação direta com a ideia de ausência de renda. Isso ocorre porque já naturalizamos em nossa cultura que desigualdade social é um sinônimo da
pobreza e, consequentemente, que exclusão social é resultado tanto da desigualdade social quanto da pobreza. Não obstante, na maioria das vezes, acabamos limitando os
conceitos de desigualdade, pobreza e exclusão à ideia de má distribuição de renda.

Essa limitação gera confusões ao tratarmos a desigualdade como sinônimo de ausência de renda, pois até mesmo a pobreza se apresenta de múltiplas formas em nossa sociedade.
Ou seja, a pobreza não assume um caráter único, ela se expressa a partir da privação de múltiplos fatores necessários para a vida humana, tais como o acesso à saúde, a nutrição ou a
habitação, por exemplo.

Aldaíza Sposati (1997, p. 13) trata a pobreza como um conceito relativo que reflete os hábitos, valores e costumes de uma sociedade, mas que com os processos de globalização o
conceito de pobreza se aproximou de uma medida comum. Os indicadores utilizados para estimar o grau de pobreza de uma sociedade partem de medidas quantitativas
comparativas, demarcando os estratos sociais que enfrentam os mais baixos padrões de vida. Não obstante, ao tratar a pobreza sobre essa perspectiva, a mesma toca diretamente
na questão das desigualdades.

Desta forma, a desigualdade e a pobreza sempre estiveram presentes na sociedade, mas agravaram-se com o os processos de industrialização e com o surgimento do capitalismo,
adquirindo novas características que dicotomizaram a ideia de uma sociedade livre, igual e fraterna, pois ao mesmo tempo que buscava-se a implementação de direitos de cidadania
se estabelecia processos de hierarquização por meio da redução das funções do Estado na garantia dos mínimos sociais, bem como a responsabilização do indivíduo por não ter
acesso aos direitos estabelecidos, uma vez que cabe a este o seu desenvolvimento enquanto cidadão nas sociedades capitalistas. Desta forma,

dentre os fatores estruturais que interferem nessa situação, podemos citar: a ausência de mecanismos de distribuição de rendas através de uma
[...]

estrutura tributária progressiva, falta de um amplo processo de reforma agrária, investimento em políticas sociais básicas e democratização do
acesso ao poder político (COSTA, 2005, p. 179-180).

Tais características reforçam não apenas processos de desigualdades sociais e pobreza, mas estabelecem processos de exclusão social. Isto é, a exclusão social se caracteriza “pelo
processo pelo qual indivíduos ou grupos são total ou parcialmente excluídos de participarem integralmente da sociedade em que vivem” (European Foundation for the
Improvement of Living and Working Condition, apud Gershman & Irwin, 2000, p. 16).

O processo de exclusão social, assim como a desigualdade social e a pobreza, se apresenta de diferentes formas na sociedade e é gerada a partir da não garantia de acesso à serviços
públicos e/ou igualdade de oportunidades de uma pessoa ou de um grupo social. A exclusão social expressa em sua configuração estrutural as características segregadores e
discriminatórios existentes na sociedade. Não obstante,
[...] exclusão consiste de processos dinâmicos, multidimensionais produzidos por relações desiguais de poder que atuam ao longo de quatro
a
dimensões principais – econômica, política, social e cultural –, e em diferentes níveis incluindo individual, domiciliar, grupal, comunitário, nacional e
global (POPAY et al., 2008, p. 36).

Desta forma, desigualdade, pobreza e exclusão estão presentes na sociedade de forma articulada, no entanto, não são a mesma coisa. Como vimos, as três dimensões aparecem na
sociedade de diferentes formas e se apresentam com características parecidas uma das outras, contudo, não necessariamente uma pessoa que é excluída socialmente é porque é
pobre, isso pode ocorrer pela mesma não se encaixar nos padrões sociais estabelecidos na classe a qual pertence. A mesma coisa pode ocorrer com relação a desigualdade social
como, por exemplo, mulheres que possuem o mesmo grau de instrução que os homens que comandam uma empresa não podem concorrer ao cargo de gerente ou presidente,
porque na política da empresa somente homens o podem fazer. Isso gera ao mesmo tempo uma exclusão da mulher e um processo de desigualdade de gênero, pois o gênero
masculino é tratado de forma superior ao gênero feminino.

A desigualdade, a pobreza e a exclusão são fenômenos que restringem o exercício da cidadania em uma sociedade e causam processos de ruptura nas relações sociais, sobretudo,
determinam formas de poder e dominação de uma pessoa sobre a outra e/ou grupo sobre o outro.

Assim, tais fenômenos devem ser entendidos a partir das múltiplas formas que se apresentam na sociedade, tendo como pontos de referências às dimensões econômica, política,
social e cultural existentes em uma dada sociedade, rompendo com o paralelismo de entendimento destes conceitos como sinônimos de ausência de renda e estabelecendo a ideia
de que estes precisam ser entendidos como fenômenos de privação de direitos.

A sociedade tem conseguido diminuir os índices de exclusão social? Ela está mais inclusiva? Cabe lembrarmos que a Inclusão Social é a forma pela
qual a sociedade cria mecanismos para poder incluir aqueles que não conseguem exercer os direitos fundamentais de cidadania, de forma que estes
possam participar efetivamente da vida em sociedade. Fonte: elaborado pelo autor.

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ATIVIDADES
1. Como vimos, as desigualdades sociais se apresentam de diferentes formas na sociedade. O termo desigualdade é utilizado para indicar o oposto de:

a) pobreza

b) exclusão

c) equidade

d) igualdade

e) Nenhuma das alternativas está correta.

2. As características históricas do Brasil o colocou entre os países com maiores índices de desigualdades sociais até os dias de hoje. A respeito da história do Brasil, é correto afirmar
que:

a) As desigualdades sociais foram se estabelecendo desde o momento que os portugueses chegaram em nossas terras.

b) As desigualdades deixaram de se expandir depois que o Brasil deixou de ser colônia de Portugal.

c) As desigualdades sociais foram superadas a partir do momento que o Brasil se tornou Estado.

d) Com a proclamação da República o Brasil se tornou um país mais justo.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. A desigualdade e a pobreza sempre estiveram presentes na sociedade, mas agravaram-se com:

a) O fim da escravidão e início da república.

b) Após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

c) Os processos de industrialização e após o surgimento do capitalismo.

d) O êxodo rural e a escravidão.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

4.A dimensão de pertencimento que une os indivíduos é utilizada muitas vezes para legitimar os sistemas de desigualdades sociais, criando nos indivíduos processos de alienação
que os responsabiliza por estarem imersos a uma determinada realidade. A este respeito, assinale a alternativa que melhor completa a frase:

As relações de dominação existentes na sociedade são fortalecidas pelas ________________.

a) indústrias

b) pessoas

c) hierarquias

d) desigualdades sociais

e) Nenhuma das alternativas está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
Evidentemente que ao estabelecermos o estudo sobre as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social, suscitamos a busca pela compreensão de como a história das
sociedades modernas desencadearam uma série de problemas sociais que se articulam diretamente com esses três fenômenos.

A industrialização, a globalização e a complexificação das relações sociais acirraram o desenvolvimento das relações comerciais e, consequentemente, dos diferentes conflitos
étnicos, econômicos, políticos, sociais e culturais nas sociedades modernas.

Essas prerrogativas históricas podem ser percebidas nos diferentes regimes políticos e nas sociedades mais primitivas, uma vez que onde há relações sociais estes fenômenos estão
presentes. Contudo, estes se tornaram características primárias das sociedades modernas ao passo que os agrupamentos sociais estabelecem processos de dominação e poder. A
medida que isso acontece, percebemos que a desigualdade é a causa e a consequência de múltiplas formas de dominação, hierarquização e de processos conflituosos que, quando
presentes, restringem os direitos fundamentais de cidadania e levam o indivíduo a situações de precarização.

Deste modo, as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão social se tornaram o grande desafio a ser superado pelos países que foram colonizados para a manutenção do mercado
externo, como é o caso do Brasil. Pois, o resultado deste processo foi a formação de um Estado pautado nos interesses de mercado e no afastamento das demandas sociais das
estruturas estatais, pois a atenuante dos governos era o exercício político privatista e não público.

Não obstante, a desigualdade, a pobreza e a exclusão são fenômenos multidimensionais que restringem o exercício da cidadania e causam processos de ruptura nas relações sociais,
sobretudo, determinam formas de poder e dominação de uma pessoa sobre a outra e/ou grupo sobre o outro, não podendo ser entendidos como sinônimos de ausência de renda
por possuírem lógica própria de funcionamento em uma sociedade e, consequentemente, estabelecerem relações entre si porque um pode gerar o outro.

Assim, far-se-á necessário entendermos que esses conceitos precisam ser entendidos em sua integralidade para que assim possam ser estabelecidas políticas públicas capazes de
romperem com a lógica que são estabelecidas no desenvolvimento de qualquer sociedade, bem como para que estes não restrinjam o exercício da cidadania de nenhum indivíduo.

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Material Complementar

Leitura
As pessoas em primeiro lugar

Autor: Amartya Sem e Bernardo Kliksberg

Editora: Companhia das letras

Sinopse “As pessoas em primeiro lugar” constitui um verdadeiro manifesto contra as desigualdades
:

que afligem os países em desenvolvimento. Em seus eruditos artigos e conferências, reunidos na


primeira parte do livro, Amartya Sen trata de alguns dos temas-chave do novo século segundo seu
pensamento econômico inovador, concentrando o foco nas iniquidades que atingem os sistemas de
segurança social da maioria dos países. Segundo Sen, a solução passa pela reversão dos mecanismos
de perpetuação da pobreza, da ignorância e da violência - um imperativo ético baseado na dignidade
inalienável da pessoa humana. Kliksberg, na segunda parte, se dedica a investigar os gargalos sociais
do desenvolvimento da América Latina. O economista aborda o problema central da exclusão em suas
múltiplas manifestações: jovens ao mesmo tempo desempregados e fora da escola, marginalização
das populações indígenas e afro-americanas, violência urbana. Sua visão integral da economia — que
não negligencia a importância das manifestações culturais — perpassa o amplo panorama estatístico
apresentado, fundamentando propostas para a imediata redução e, no longo prazo, eliminação das
injustiças causadoras do subdesenvolvimento.

Filme
Elysium

Ano: 2013

Sinopse: No ano de 2159 existem duas classes de pessoas: os ricos e abastados, que vivem numa
estação espacial chamada Elysium, e o restante da população vive numa Terra arruinada e
superpopulada. A Secretária Rhodes (Jodie Foster), uma oficial durona do governo, fará de tudo para
garantir que as leis anti-imigração sejam obedecidas à risca, para preservar o luxuoso estilo de vida
dos cidadãos de Elysium. Isso não impedirá que a população da Terra tente entrar em Elysium de
todos os jeitos. Quando o azarado Max (Matt Damon) é colocado contra a parede, ele concorda em
participar de uma assustadora missão que, se bem sucedida, não só salvará sua vida, mas pode trazer
igualdade nestes mundos polarizados.

Na Web
Um mundo em jogo, a busca pelo grande prêmio.

Você está preparado, Jogador número 1?

O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade
para um estado de apatia nunca antes visto. Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora
realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos
usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos
inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980. Mas a possibilidade de existir em
outra realidade não é

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REFERÊNCIAS
BIHR, A.; PFEFFERKORN, R. Le système des inégalités, La Découverte, coll. « Repères Sociologie », 2008..

BRASIL, Casa Civil. Constituição Politica do Imperio do Brazil (de 25 de Março de 1824). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm ,

visita realizada em: 10/09/2017.

COSTA, L. C. Pobreza, Desigualdade e Exclusão Social , in Sociedade e Cidadania desafios para o século XXI. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2005.

ELIAS, Norbert. O processo Civilizador. Formação do Estado e Civilização. Apresentação: Renato Janine Ribeiro. v. 2. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

FERNANDES, F. A Revolução Burguesa no Brasil. Ensaio de Interpretação Sociológica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

GARCIA, R. C. Iniqüidade Social no Brasil: Uma aproximação e uma tentativa de dimensionamento Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA 2003, TEXTO PARA
DISCUSSÃO Nº 971; ISSN 1415-4765. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0971.pdf visita realizada em 10 de Setembro de 2017. ,

GERSHMAN, J. & IRWIN, A. Getting a Grip on the Global Economy. In: KIM, J.Y.; MILLEN, J.V.; IRWIN, A.; GERSHMAN, J. Dying for Growth: Global Inequality and the Health of the Poor.
Cambridge, MA: The Institute for Health and Social Justice, 2000.

GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade /Anthony Giddens; tradução de Raul Fiker. - São. Paulo: Editora UNESP, 1991.

GOMES, A. C. República, trabalho e cidadania. In: BOSCHI, Renato (org.) Corporativismo e desigualdade: a construção do espaço público no brasil. Rio de janeiro: Rio Fundo
Editora, p. 69-79, 1991.

HARVEY, D. Condições pós-moderna. São Paulo: Ed. Loyola, 1992.

PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. 23ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.

MARX, K. O capital. L I, v. I. t II. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

POPAY, J.; ESCOREL, S.; HERNÁNDEZ, M.; JOHNSTON, H.: MATHIESON, J.; RISPEL, L. Understanding and Tackling Social Exclusion. Final Report to the WHO Commission on
Social Determinants of Health from the Social Exclusion Knowledge Network, 2008.

ROUANET, S. P. As razões do iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

__________. Mal-Estar na Modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SPOSATI, A. Mínimos sociais e seguridade social: uma revolução da consciência da cidadania. Brasília: SASMPAS/FUNDAP (mimeo), 1997.

WEBER, M. Classe, “status”, partido. In: VELHO, O. G.; PALMEIRA, M. G. S.; BERTELLI, A. R. (Org.). Estrutura de classe e estratificação Social. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

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APROFUNDANDO

DESIGUALDADES SOCIAIS, POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL: FENÔMENOS


MULTIDIMENSIONAIS

Como vimos, as desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão são fenômenos que se apresentam de diferentes formas em nossa sociedade e se articulam entre si à medida que um
leva a existência do outro. Desta forma, quais as formas mais frequentes entre eles? Vamos conhecer alguns exemplos.

FORMAS DE DESIGUALDADES SOCIAIS


Desigualdade de gênero: pode ser percebida no processo cultural em que o gênero masculino é colocado como superior ao gênero feminino nas relações sociais, tais como: nas
relações profissionais, no âmbito doméstico entre outros.
Desigualdade racial: se estabelece na sociedade a partir da hierarquização das etnias, onde as distinções sociais entre os grupos étnicos dentro de uma sociedade ocorrem por
meio de características como a cor da pele e outras características físicas, ou de origem e cultura de um indivíduo.
Desigualdade etária: ocorre quando há privilégios na sociedade para pessoas que possuem determinada idade ou quando há restrições a respeito de promoções, recrutamento e
recursos devido a sua idade.
Desigualdade de classes: resultante dos processos de hierarquização e consumo das sociedades capitalistas que estabelecem relações sociais pautadas na dominação de um
grupo sobre o outro.

FORMAS DE POBREZA

Pobreza relativa: ocorre quando um indivíduo ou uma família têm o mínimo necessário para manterem sua existência, ou seja, estes garantem sua subsistência, mas vivem restritos
por não conseguirem acessar a vida econômica, política, social e cultural da sociedade onde vivem, restringindo a sua sociabilidade a um ciclo “fechado”.

Pobreza absoluta: uma pessoa ou família em situação de pobreza absoluta não consegue garantir nem os mínimos necessários para a sua sobrevivência. Este tipo de pobreza se
divide em duas formas: a pobreza primária e a pobreza secundária.
Pobreza primária: quando o rendimento é suficiente apenas para manutenção básica, mesmo que de forma precária - ao mais baixo nível;
Pobreza secundária: quando o rendimento é suficiente para satisfazer as necessidades básicas, porém o indivíduo e/ou a família não consegue suprir essas necessidades pela má
administração dos rendimentos

POBREZA MULTIDIMENSIONAL

O conceito de pobreza multidimensional em sido difundido na academia para entender como a pobreza é uma questão social caracterizada por diversos fatores, tais como exclusão
social, baixa escolarização, condições precárias de habitação e falta de acesso a bens e serviços, onde a renda sozinha não pode traduzir como tem se dado o processo de qualidade
de vida das pessoas. Isto é, a renda não é um indicador que sozinho pode mensurar se a qualidade de vida das pessoas tem melhorado ou não.

Desta forma, no ano de 2010 o Programa das Nações Unidas (PNUD) e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que analisa a pobreza em suas várias dimensões, possibilitou a
gestão das informações, fornecendo subsídios para a focalização das políticas públicas e a priorização de ações para a sua superação, bem como para a definição de famílias e
territórios prioritários1.

1Disponível em: http://www.planbrasil.com/repositorio/arquivo/artigo/Brochura_IPM_trifold%20v2.pdf .

Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)

O valor do IPM de um território é o produto da incidência e a intensidade da pobreza variando entre 0 (ausência da pobreza) e 1 (pobreza extrema), onde a pobreza pode ser
estimada por dimensão do IPM e para o conjunto das dimensões. Assim, a cada dimensão, a pontuação varia de 0 a 0,25 no IPM-A e de 0 a 0,33 no IPM-S e quanto mais perto de
0,25 ou de 0,33, mais privações se tem dentro de cada dimensão. Ou seja, as famílias multidimensionalmente pobres são aquelas que pontuam 0,25 ou mais no IPM- -A e 0,33 ou
mais no IPM-S.

Figura 1:Fórmula para Cálculo do índice de Pobreza Multidimensional

Fonte: Disponível em: https://www.plan-eval.com/repositorio/arquivo/artigo/Brochura_IPM_trifold%20v2.pdf .

Assim, os resultados gerados se tornam fundamentais para a fomentação de políticas públicas de forma que estas atendam às reais necessidades da população que passam por
processos de pobreza, desigualdades sociais e exclusão social.

REFERÊNCIAS

YAZBEK, M. C. Pobreza no Brasil contemporâneo e formas de seu enfrentamento. Serv. Soc. Soc . n. 110, p. 288-322, 2012.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; FARIA Everton Henrique


,

Desigualdades Sociais e Cidadania.

Everton Henrique Faria.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

33 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1.Desigualdades Sociais. 2. Cidadania. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 361

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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CIDADANIA E ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Professor :

Me. Everton Henrique Faria

Objetivos de aprendizagem
Compreender o conceito de Cidadania em seu contexto histórico.
Entender a dimensão dos Direitos Fundamentais nas sociedades modernas.
Conhecer a história dos Direitos Humanos e as suas implicações para os Estados Democráticos de Direitos.
Apreender o conceito e as dimensões do Estado Democrático de Direito como um mecanismo garantidor de direitos e garantias fundamentais de cidadania.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Cidadania
Direitos Fundamentais
Direitos Humanos
Estado Democrático de Direito

Introdução
A busca pela efetivação de direitos tem sido uma constante nas diversas sociedades, sobretudo, pela aplicação das legislações que garantem os direitos fundamentais para que os
indivíduos se tornem cidadãos plenos e vivam livres em todas as sociedades.

Você conhece os direitos fundamentais de cidadania? Os exerce na sociedade? Consegue definir se vivemos em um Estado Democrático de Direito?

Tais indagações parecem comuns a nossa vida, no entanto, muitos de nós não possuímos clareza sobre o que significa ser cidadão, ser um detentor de direito e/ou até mesmo
entender como um Estado Democrático de Direito pode ser um garantidor de nossos direitos individuais e coletivos, bem como ele pode nos proteger preservando nossa dignidade
humana.

Deste modo, conhecer a cidadania e os direitos fundamentais é essencial para compreendermos como vem ocorrendo o desenvolvimento humano em meio a industrialização,
tecnologias e globalização em sistemas econômicos que privilegiam o desenvolvimento mercantil e acabam precarizando as relações humanas e sociais.

Contudo, como conciliar o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento humano e social?

Não há respostas precisas, todavia, os Estados que adotam princípios democráticos e estabelecem direitos de cidadania têm conquistado melhores resultados, uma vez que suas
prioridades possuem tanto caráter econômico quanto humano e social. Sobretudo, preservando a importância da participação da população nas questões públicas do Estado, bem
como tornando um direito de cidadania a participação política dos indivíduos na sociedade.

Convido você a conhecer um pouquinho mais de como a Cidadania vem se constituindo nas sociedades modernas e em como o Estado Democrático de Direito pode ser um
mecanismo de garantias e proteções para os direitos fundamentais.

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Cidadania
A cidadania pode ser definida como o exercício pleno dos direitos de um cidadão. O primeiro lugar onde ocorre a cidadania é na família, pois é nela que se experimenta diversos
sentimentos, onde descobre-se as regras e os limites e cria-se a identidade de cada indivíduo.

Na antiguidade o conceito de cidadania estava vinculado a ideia de participação de determinadas classes sociais na vida pública de uma sociedade. Oriunda do latim civitatem que ,

epistemologicamente significa cidade, a palavra cidadania nos remete a expressão grega pólis que por sua vez pode ser entendida como as cidades-estado da antiguidade. Tal
,

definição se distancia amplamente do conceito de cidadania que utilizamos nos dias atuais, o qual não se restringe ao exercício dos direitos por grupos determinados ou por poucas
pessoas, mas que se alarga a toda coletividade de forma que estes possam vivenciar a vida em coletividade plenamente por meio da oportunização de acesso aos direitos
fundamentais conquistados na Era Moderna.

Sobre a origem da cidadania, Covre (2001) ressalta que:

A cidadania está relacionada ao surgimento da vida na cidade, à capacidade de homens exercerem direitos e deveres de cidadão. Na atuação de cada
indivíduo, há uma esfera privada (que diz respeito ao particular) e uma esfera pública (que diz respeito a tudo o que é comum a todos os cidadãos). Na
polis grega, a esfera pública era relativa à atuação dos homens livres e à sua responsabilidade jurídica e administrativa pelos negócios públicos,
portanto, que tudo era decidido mediante palavras e persuasão, sem violência. Eis o espírito da democracia. Mas a democracia grega era restrita, pois
incluía apenas os homens livres, deixando de fora mulheres, crianças e escravos (CROVE, 2001, p. 16-17).

Em uma perspectiva mais contemporânea, os autores Bonavides, Miranda e Agra (2009) apontam que:

O conceito contemporâneo de cidadania se estendeu em direção a uma perspectiva na qual cidadão não é apenas aquele que vota, mas aquela
pessoa que tem meios para exercer o voto de forma consciente e participativa. Portanto, cidadania é a condição de acesso aos direitos sociais
(educação, saúde, segurança, previdência) e econômicos (salário justo, emprego) que permite que o cidadão possa desenvolver todas as suas
potencialidades, incluindo a de participar de forma ativa, organizada e consciente, da construção da vida coletiva no Estado democrático
(BONAVIDES; MIRANDA; AGRA, 2009, p. 7).

Nesta direção, podemos entender que o exercício da cidadania não é algo nato das pessoas e que ela precisa ser aprendida pelos indivíduos em um sistema, no qual os direitos
devem ser garantidos pelo Estado. Em outras palavras, ser cidadão é algo que se aprende, pois a cidadania não é um valor inato nas pessoas, ela é construída de acordo com os
direitos que são oportunizados e garantidos aos indivíduos.

Deste modo, ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, igualdade perante a lei; é participar do destino da sociedade, votar e ser votado, é ter o direito à educação,
ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranquila. Em suma, ser cidadão é exercer plenamente os direitos civis, políticos e sociais (PINSKY; PINSKY, 2005, p. 9).

Resumidamente, a cidadania

O conceito contemporâneo de cidadania se estendeu em direção a uma perspectiva na qual cidadão não é apenas aquele que vota, mas aquela
pessoa que tem meios para exercer o voto de forma consciente e participativa. Portanto, cidadania é a condição de acesso aos direitos sociais
(educação, saúde, segurança, previdência) e econômicos (salário justo, emprego) que permite que o cidadão possa desenvolver todas as suas
potencialidades, incluindo a de participar de forma ativa, organizada e consciente, da construção da vida coletiva no Estado democrático
(BONAVIDES; MIRANDA; AGRA, 2009, p. 7).

Para que um indivíduo possa exercer a cidadania supõe-se que ele seja um sujeito político e ético capaz de agir e refletir sobre os valores da esfera pública. Ser cidadão no mundo
contemporâneo implica trilhar o caminho da autonomia individual e social superando as imposições de identidade da sociedade globalizada, buscando harmonia nas relações sociais
e respeitando a diversidade humana. A cultura de um povo está estreitamente ligada com sua cidadania, pois ser cidadão no Brasil é diferente de ser cidadão, por exemplo, na China.
É mais fácil conquistar e exercer a cidadania plena quando se tem o sentimento de pertencimento a uma coletividade. No entanto, quando se tem estabelecido um Estado
Democrático de Direito, o exercício da cidadania deixa de ser apenas uma questão cultural e passa a estabelecer maneiras de organização das estruturas de Estado, onde os
governantes precisam pautar suas práticas garantindo à população sistemas de acesso e oportunidades para o exercício dos direitos fundamentais de cidadania.

Na perspectiva da Antropologia Cultural, a palavra cultura, que engloba vários sentidos, é apresentada como sendo o domínio do simbólico, que é
constituído por crenças, concepções, valores, ritos e artefatos, historicamente constituídos de um processo dinâmico de construção e reconstrução,
pelos quais os seres humanos estabelecem as bases de sua existência. A cultura, portanto, é toda e qualquer manifestação de um grupo social, é o
modo de agir e os valores de uma sociedade que são passados de geração em geração. São esses valores que vão definir como uma pessoa vai exercer
sua cidadania em cada lugar do mundo.

Fonte: Silva; Silva (2006)

In: Dicionário de Conceitos Históricos - Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva – Ed. Contexto – São Paulo; 2006.

Assim, a cidadania está ligada diretamente aos processos de transformações que ocorreram na sociedade ao longo da Era Moderna, especialmente ao longo dos séculos XIX e XX,
que não apenas estabelecerem direitos civis, políticos e sociais como trouxeram o reconhecimento de que a cidadania deve ser algo presente na vida de todos os indivíduos,
possibilitando, desta forma, o exercício da cidadania no âmbito da coletividade, bem como a ideia de que os cidadãos não são sujeitos de deveres, mas de direito.
Direitos Fundamentais
Marshall (1967), em seu livro “Cidadania, Classe Social e Status”, inaugurou o conceito moderno de cidadania, que utilizamos ainda hoje como referência nas discussões sobre este
tema. Em sua proposição, a cidadania incorporaria três conjuntos de direitos: os civis, os políticos e os sociais.

Essa sequência de direitos remonta à própria história política (e das políticas públicas) da Europa: direitos civis conquistados com a Revolução Francesa (século XVIII), direitos
políticos que emergem com o aparecimento dos partidos operários (século XIX) e direitos sociais, com o surgimento do Estado de Bem Estar-Social (século XX). Mas esta sequência
não ocorreu em todos países do mundo.

O Brasil é um exemplo, onde o Estado centralizador competiu, desde o século XVI, com os poderes regionais dos grandes fazendeiros, e para termos uma ideia, somente nos anos
1960 que os trabalhadores rurais tiverem o direito de criarem sindicatos. Souza (2006) sugere que em nosso país os três direitos nunca ocorreram simultaneamente. O Brasil, como
afirma o historiador José Murilo de Carvalho (2004), teria uma cidadania inconclusa, onde os direitos sociais teriam surgido pela penada de Getúlio Vargas, nos anos 30. Assim, os
direitos sociais surgiram no bojo de um Estado paternalista e autoritário, mas não se estendia a toda a população, pois os acessos a esses direitos ocasionaram desigualdades e
exclusão social. Todos os três conjuntos de direitos, para sermos precisos, surgiram de forma harmoniosa, inspirados pelos ideais iluministas, no entanto, sua implementação nas
sociedades se deram em momentos e formas distintos. As mulheres, citadas como exemplo em muitos estudos, foram excluídas do projeto de cidadania na Revolução Francesa. A
revolucionária Olympe de Gouges escreveu sua “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, denunciando que a queda da Bastilha não rompeu os grilhões da opressão de
gênero.

Neste sentido, mesmo após o surgimento dos direitos a efetivação dos mesmos nos ordenamentos jurídicos, especialmente nas Constituições Federais, se deu de forma morosa e,
mesmo quando já garantidos legalmente, estes direitos encontraram e encontram barreiras para sua efetivação nas sociedades. Todavia, vale a pena ressaltar que mesmo não
garantindo a cidadania plena os direitos fundamentais de cidadania se tornaram um importante ponto para se discutir a importância dos Estados Democráticos de Direitos.

Deste modo, como podemos definir os direitos fundamentais de cidadania? Você consegue identificar esses direitos no seu dia a dia?

Vamos nos debruçar um pouquinho na definição destes direitos.

Direitos Civis

Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade
perante a lei, a não ser julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado. Com a Revolução Francesa, aboliu-se a ideia que os homens escolhidos por Deus devem ser
superiores e possuir mais poder que outros. Assim, todos passamos a ser tratados em igualdade de condições perante a lei. Por este motivo, dos direitos civis nascem os direitos
políticos, porque somos iguais e cada um tem o direito de delegar seu poder para um representante que lhe parecer defensor de seus interesses e valores. E, a partir deste princípio,
os direitos civis garantem o respeito às diferenças (não às desigualdades) e modos de viver distintos.

Direitos Políticos

Os direitos políticos significam o poder de decidir sobre tudo o que é público e de todos. Para alguns, é a participação no poder ou a relação dos cidadãos com o Estado e a vida
social. São direitos políticos: direito de organizar e participar de manifestações políticas, organizar partidos, votar e ser votado. Ainda para grande parte dos estudiosos deste tema,
só existiria o pleno direito político se ocorresse:
Igualdade de condições para a participação política, tanto dos eleitores quanto dos candidatos aos cargos públicos;
Transparência nas decisões dos representantes;
Uso do cargo público para atender à necessidades realmente públicas e não ao privilégio de poucos;
Mecanismos de consulta popular instaurados e efetivamente utilizados para a tomada de decisões.

Direitos Sociais

Os direitos sociais nasceram das lutas operárias do século XIX. Neste século, houve uma explosão de greves. A palavra greve, inclusive, surgiu a partir do nome de uma praça de
Paris (Grève), onde se encontravam trabalhadores vindos do campo e que não encontravam emprego e, posteriormente, onde se juntavam os grevistas. Na história política, o
primeiro direito social permanente foi instituído pelo governo conservador de Otto von Bismarkc, que competia e combatia a social-democracia alemã. Na década de 1880,
Bismarck criou a lei de acidentes de trabalho, o reconhecimento dos sindicatos, o seguro doença, o seguro invalidez e por acidente de trabalho. A partir da II Guerra Mundial, e com
a emergência do Estado de Bem-Estar (Welfare State) europeu, os direitos sociais passaram a ser compreendidos, dentre outros, como:

o direito ao trabalho;
o direito à saúde;
o direito à educação;

Não obstante, no Brasil, o Estado é obrigado a oferecer serviços públicos, de fácil acesso e qualidade comprovada a toda população, justamente por estes serviços serem traduzidos
como mecanismos de operacionalização de direitos no Brasil.
Direitos de Terceira Geração

No final do século XX surgiu mais um conjunto de direitos, que alguns denominam de difusos, que não se encaixam com facilidade na proposta dos três direitos elaborados por
Marshall. Foram logo reconhecidos como direitos de Terceira Geração. Nasceram da luta de movimentos sociais do final do século XX, que passaram a exigir maior participação nas
decisões públicas, controle social sobre os governos, ações que garantissem o desenvolvimento sustentável, o respeito ao meio ambiente e à dignidade humana. Em relação a este
último ponto, estão incluídos os direitos e respeito aos grupos sociais que um dia foram denominados de minoria: negros, mulheres, homossexuais, dentre outros.

A palavra minoria foi utilizada por Kant e significou, na origem, os grupos sociais que não possuíam poder ou maioridade política (no caso, incluía as
mulheres, crianças e os idosos).

Fonte: elaborado pelo autor

Para muitos estudiosos, esses direitos correspondem ao terceiro elemento preconizado na Revolução Francesa, a Fraternidade, uma vez que só seria possível o exercício dos
direitos de Terceira Geração se os demais direitos já estivessem efetivos no convívio social. Isto é, estes direitos representam a evolução dos direitos fundamentais para alcançar e
proteger aqueles direitos decorrentes de uma sociedade em estágio moderno de desenvolvimento. Neste sentido, esses direitos estão diretamente ligados a vida em coletividade e
expressam a necessidade de garantir:
o direito ao desenvolvimento;
o direito à paz;
o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado;
o direito à comunicação;
os direitos dos consumidores, entre outros.

Vale a pena ressaltar que este novo conjunto de direitos envolve, ainda, o direito a governar com o representante eleito — é deste direito que surgem os conselhos de políticas
públicas, de direitos e setoriais.

Direitos Humanos
A forte complexificação da sociedade nas últimas décadas acirraram os debates acerca de como estão sendo estabelecidas as relações sociais, especialmente de como os processos
de desenvolvimento das tecnologias, das mudanças nas relações de trabalho, nos conflitos existente entre indivíduo e instituições sociais vêm sendo norteados por princípios
globalizadores.

Essas transformações sociais na sociedade moderna nos remete às ideias de como o homem tem se desenvolvido como indivíduo pertencente a uma sociedade de forma que sua
dignidade seja garantida por meio de ações governamentais. Isto é, são estabelecidas garantias jurídicas universais que possuam caráter protetivo sobre os indivíduos e grupos
contra ações ou omissões dos governos que atentam contra a dignidade humana.

Já faz algum tempo que estamos ouvindo falar em direitos humanos mas, afinal, quando eles surgiram?

Muitos autores remontam a Magna Carta da Inglaterra do século XIII como precursora das futuras declarações de direitos humanos por ela estabelecer a restrição do poder absoluto
do monarca, consagrando, deste modo, os direitos dos barões e dos prelados ingleses. No entanto, apenas no século XVIII que surgiu, na América do Norte, a primeira Declaração
de Direitos em 12 de janeiro de 1776, que logo na cláusula primeira trazia a dimensão que “todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes”.
,

Ainda no século XVIII, em 26 de agosto de 1789, em torno de três anos após a Declaração norte-americana, a Assembleia Nacional Francesa aprovou a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão que inspirada nos ideais iluministas e humanistas, nos resultados e repercussões da Revolução Francesa, exerceu maior influência que a declaração norte-
,

americana, mesmo tendo sido fundamentada por ela.

A Declaração Francesa proclamava a igualdade dos homens, a liberdade individual e o direito de resistência à opressão determinando um caráter universalizante aos direitos dos
homens. Esses princípios estremeceram fortemente as estruturas do absolutismo europeu, norteando os movimentos revolucionários que eclodiram e abalaram o mundo no século
XIX.

A dimensão universalizante da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão resultaram no reconhecimento em documentos oficiais dos direitos do homem, alterando a lógica
de se pensar os direitos nos âmbitos locais, regionais e/ou universais, que podem ser percebidos nos documentos expedidos por organismos científicos internacionais. Essas
transformações iniciaram seu processo de concretização na reunião de 1945, no México, que reuniu 21 (vinte e um) países da América, os quais definiram que um dos primeiros
objetivos das Nações Unidas deveria ser a redação de uma carta dos direitos do homem
A Organização das Nações Unidas — ONU surgiu no fim da Segunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, que foi criada em 1919,
depois da Primeira Grande Guerra. O nome Nações Unidas foi concebido pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt e utilizado pela
primeira vez na Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942. As Nações Unidas, entretanto, começaram a existir oficialmente em 24 de
outubro de 1945, após a ratificação da Carta por China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética, bem como pela maioria dos
signatários. A ONU, hoje, conta com mais de 180 países membros e o dia 24 de outubro é comemorado, em todo o mundo, o “Dia das Nações Unidas”.
Para saber mais acesse: https://brasil.un.org/

Fonte: ONUBR (on-line)

As problemáticas existentes ao longo dos séculos XVIII e XIX, adensados pelos conflitos e problemas gerados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), culminaram na
Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada em 10 de dezembro de 1948, na terceira Assembleia Geral das Nações Unidas, que em seu preâmbulo a define:
,

como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
[...]

sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre
os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

De acordo com a Organização das Nações Unidas — ONU1, as características mais importantes dos direitos humanos são:
Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
Os direitos humanos são inalienáveis e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade
pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um
direito vai afetar o respeito por muitos outros;
Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa.

Os direitos humanos podem ser compreendidos como resultantes da efetivação dos direitos fundamentais — direitos civis, políticos e sociais —, uma vez que a dignidade humana
perpassa o exercício destes direitos tanto no que tange às práticas individuais quanto coletivas. Neste sentido, as liberdades são asseguradas a partir da concretização dos mesmos
justamente porque a universalização dos direitos a todas as pessoas passa a ser determinado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em um contexto globalizante.

1 Disponível em: https://brasil.un.org/ Acesso em: 28 abr. 2017.


.

Ou seja, “todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade” (Declaração Universal dos Direitos Humanos, Art. 1 - online).

Não obstante,

Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja
de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa,
quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania (Art. 2 -
Declaração Universal dos Direitos Humanos - online).

Assim, os direitos humanos estabelecem cenários em que somos convidados a refletir a situação humana a partir dos processos de desigualdades, exclusões e pobrezas que
cerceiam a vida em coletividade, especialmente tendo como pano de fundo os sistemas econômicos e políticos que organizam as diferentes sociedades e que intensificam as
relações sociais em contextos dicotômicos, tais como a separação da sociedade entre pobres e ricos; justos e injustos, bons e maus; merecedores e não merecedores entre outros.

Estado Democrático de Direito


Comumente vemos justificativas para diversas questões na sociedade pautadas na ideia dos princípios de um Estado Democrático de Direito. Isso se deve ao exercício dos direitos
fundamentais em nossa sociedade, onde o Estado se torna o protagonista na efetivação dos mesmos e a sociedade passa a ter a prática cidadã como orientadora da vivência
coletiva.

Como definir então o conceito de Estado Democrático de Direito ? A definição conceitual deste termo nos remete a dimensão fragmentada do que é Estado, Democracia e Direito,
posto que cada conceito nos direciona a construções e fenômenos históricos específicos que devem ser considerados ao se estabelecer estudos mais aprofundados acerca dos
temas. Visto que o nosso objetivo é apresentar o conceito de Estado Democrático de Direito, realizaremos uma definição rápida destes conceitos.

O conceito de Estado pode ser compreendido “como a instância politicamente organizada, munida de coerção e de poder, que, pela legitimidade da maioria, administra os múltiplos
interesses antagônicos e os objetivos do todo social, sendo sua área de atuação delimitada a um determinado espaço físico” (WOLKMER, 1990, p. 9). Já o conceito de democracia,
de acordo com Robert Dahl (1997, p. 25-26), consiste em um “sistema político que tem, como uma de suas características, a qualidade de ser inteiramente, ou quase inteiramente,
responsivo a todos os seus cidadãos”. No que tange a dimensão do conceito de Direito, o mesmo se refere ao conjunto de normas jurídicas vigentes em um país, ou seja, aos
ordenamentos jurídicos que direcionam uma sociedade.

Deste modo, podemos entender o Estado Democrático de Direito como um conceito que designa qualquer Estado que visa garantir o respeito à dignidade humana e as liberdades
civis. Em outras palavras, o Estado Democrático de Direito é aquele que estabelece mecanismos jurídicos para proteger seus cidadãos por meio do respeito pelos direitos humanos
e pelas garantias fundamentais.
Os autores Streck e Morais (2000, p. 104) ressaltam que no Estado Democrático de Direito “a atuação do Estado passa a ter um conteúdo de transformação do status quo, a lei
aparece como um instrumento de transformação por incorporar um papel simbólico prospectivo de manutenção do espaço vital da humanidade”. De acordo com os autores, os
princípios norteadores do Estado Democrático de Direito são:
Constitucionalidade - onde todos dentro de um território ficam submetidos a Constituição que rege o Estado, ou seja, a Constituição torna-se um instrumento básico da garantia
jurídica;
Organização Democrática da Sociedade;
Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos - garantindo os direitos fundamentais assegurados ao homem, como a autonomia perante os poderes públicos e a
dignidade da pessoa humana por meio da defesa e garantia da liberdade, da justiça e solidariedade;
Justiça Social como mecanismos corretivos das desigualdades;
Igualdade não apenas como possibilidade formal, mas, também, como articulação de uma sociedade justa;
Divisão dos poderes ou de funções;
Legalidade que aparece como medida de direito - efetivação de um ordenamento jurídico racional prescrito, de regras, formas e procedimentos que excluem o arbítrio e a
prepotência;
Segurança e certeza jurídicas; (STRECK; MORAIS, 2000, p. 90).

Alexandre Dantas (2014) ao tratar do Estado Democrático de Direito o define como a:

conjugação do Estado de Direito com o regime democrático. Trata-se, portanto, do Estado submetido ao império da lei, ou seja, a um conjunto de
[...]

normas que criam seus órgãos e estabelecem suas competências, que preveem a separação dos poderes, e que também fixam direitos e garantias
fundamentais para a proteção do indivíduo contra eventuais arbitrariedades estatais, e no qual também se garante o respeito à denominada
soberania popular, permitindo que o povo (o titular do poder) participe das decisões políticas do Estado, seja por meio de representantes eleitos, seja
por meio de mecanismos de democracia direta (DANTAS, 2014, p. 65-66).

Para Moraes (2011, p.06) este é o “caracterizador do Estado Constitucional, significa que o Estado se rege por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo,
bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais”. No qual o princípio democrático “exprime fundamentalmente a exigência da integral
participação de todos e de cada uma das pessoas na vida política do país, a fim de garantir o respeito à soberania popular”.

A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu preâmbulo, estabelece a figura do Estado Democrático de Direito como o responsável por garantir os direitos e garantias
fundamentais.

No art. 1º § único encontramos que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Para maior operacionalidade dos sistemas de
garantias, a Constituinte assegura a separação de poderes em seu art. 2º - “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

Não obstante, no art. 3º encontramos os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.

VI - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação (BRASIL,1988 - online).

Assim, os Estados Democráticos de Direitos são garantidores dos direitos fundamentais de cidadania, sobretudo, resguardam a liberdade e a dignidade humana preconizadas na
Declaração Universal dos Direitos Humanos valorizando os princípios democráticos e a participação do cidadão na vida pública.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi promulgada no dia 5 de Outubro de 1988 pela Assembleia Constituinte, formada por
deputados e senadores eleitos. A constituinte também é Chamada de Carta Magna, por descrever os direitos de cidadania, e de Constituição Cidadã,
por atender as demandas por direitos existentes na sociedade.

Para maiores informações acesse: https://www.gov.br/pt-br

Fonte: elaborado pelo autor.

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ATIVIDADES
1. A cidadania pode ser definida como o exercício pleno dos direitos de um cidadão. Qual dos Direitos abaixo não consiste em um direito de cidadania?

a) Direito à Vida.

b) Direito ao Voto.

c) Direito a Liberdade de Expressão.

d) Direito de Censura.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

2. A conquistas dos direitos de cidadania no Brasil se deram a partir das lutas sociais de diferentes atores sociopolíticos. A respeito dos direitos de cidadania é correto afirmar que
os direitos sociais no Brasil surgiram no:

a) Século XVIII.

b) Século XIV.

c) Século XX.

d) Século XXI.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Os direitos políticos significam o poder de decidir sobre tudo o que é público. Qual das alternativas abaixo não se configura um direito político?

a) Direito de organizar e participar de manifestações políticas.

b) Direito ao registro de nascimento.

c) Direito de organizar partidos.

d) Votar e ser votado.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

4. No final do século XX surgiu mais um conjunto de direitos que alguns denominam de difusos. Como são chamados esses direitos?

a) Direitos de terceira geração.

b) Direitos sociais.

c) Direitos políticos.

d) Direitos civis.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
A constituição de direitos ao longo da Era Moderna evidenciou a importância da consolidação de Estados que fossem capazes de garantir o desenvolvimento humano nas diferentes
sociedades.

Frente a isso, o exercício da cidadania é um processo de construção no qual as pessoas devem aprender como exercer seus direitos em um sistema que o Estado é o principal
responsável pela atribuição dos mesmos, onde o indivíduo aprende a ser cidadão de acordo com os direitos que lhe são oportunizados e garantidos por meio dos ordenamentos
jurídicos. Os processos de transformações que ocorreram na sociedade ao longo da Era Moderna trouxeram o reconhecimento de que a cidadania deve ser algo presente na vida de
todos os indivíduos, possibilitando o seu exercício no âmbito da coletividade por meio da dimensão de que os cidadãos não são sujeitos de deveres, mas de direito, uma vez que seus
deveres são subjetividades que se materializam na vivência coletiva. Neste sentido, mesmo após o surgimento dos direitos, a efetivação dos mesmos nos ordenamentos jurídicos,
especialmente nas Constituições Federais, se deu de forma morosa e mesmo quando já garantidos legalmente estes direitos encontraram, e encontram até hoje, barreiras para sua
efetivação nas sociedades. Os direitos civis, políticos e sociais trazem às sociedades a importância do indivíduo como um personagem detentor de direitos, mas isso só é possível
quando temos nas sociedades Estados que possuem princípios democráticos e que consideram os direitos de cidadania como algo fundamental para o seu desenvolvimento social. A
fim de garantir esse desenvolvimento social e humano, em 1948 foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecendo princípios para o desenvolvimento de
ações capazes de garantir a liberdade e a dignidade humana. Deste modo, os direitos humanos podem ser compreendidos como resultantes da efetivação dos direitos fundamentais
— direitos civis, políticos e sociais —, uma vez que a dignidade humana perpassa o exercício destes direitos tanto no que tange às práticas individuais quanto coletivas, e as
liberdades são asseguradas pelo Estado Democrático de Direito. Assim, os Estados Democráticos de Direitos são os garantidores dos direitos fundamentais de cidadania (direitos
civis, políticos e sociais), bem como o salvaguardor da liberdade e da dignidade humana preconizadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos valorizando os princípios
democráticos e a participação do cidadão na vida pública.

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Material Complementar

Leitura
Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da
Grande São Paulo (1970-80)

Autor: Éder Sader

Editora: Paz & Terra

Sinopse Navegando contra a corrente das posições predominantes na ciência política, Eder Sader nos
:

oferece a Saga dos Movimentos Sociais Populares de São Paulo, que puseram novos personagens na
cena Histórica Brasileira, entre 1970 e 1980, criando condições para o exercícios da democracia.
Trata-se da primeira visão de conjunto dos movimentos do período 1970-80, que já recebeu vários e
importantes estudos parciais dedicados a movimentos sociais populares específicos. Não é esta,
porém, a maior contribuição do autor, e sim aquilo que constitui o fio condutor de seu trabalho, ou
seja, a determinação desses movimentos como criação de um novo sujeito social e histórico.´ -
Marilena Chaui..

Comentário: Um bom livro de ficção científica que lida com o assunto de mundos virtuais, jogos online
e comunidades de jogadores.

Filme
O Aluno

Ano: 2014

Sinopse: Uma emocionante narrativa de superação baseada em uma história real. Um africano de 84
anos luta para receber educação básica e se alfabetizar. Ele é admitido em uma escola de pré-
escolares e, entre crianças de seis anos e um professor dedicado, ultrapassa os limites de um passado
colonial e violento

Na Web
O Brasil desde 1948 já participou de mais de 30 operações de manutenção de paz da ONU tornando-
se um dos principais colaboradores da organização na atualidade. Conheça as ações do Brasil nos
processos de tomada de decisão e do trabalho das Nações Unidas.

Link: leia o texto a seguir.

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REFERÊNCIAS
A história da organização. ONUBR. Disponível em: https://brasil.un.org/ Acesso em: 25 abr. 2017. .

BONAVIDES, P.; MIRANDA, J.; AGRA, W. M. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009.

BRASIL, Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm visita realizada em
,

10/09/2017.

CARVALHO. José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo Caminho. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

COVRE, M. L. M. O que é cidadania. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.

DAHL, R. A. Poliarquia: Participação e Oposição. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997.

DANTAS, P. R. F. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2014.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, ONU, 1948. Disponível em: http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf visita realizada ,

em 10/09/2017.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1967.

MORAES, A. Constituição do Brasil Interpretada e legislação constitucional. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2011.

PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (org). História da cidadania. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2005.

-SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80. 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

SOUZA, V. A. Direitos no Brasil: necessidade de um choque de cidadania. Rev. Sociol. Polit ., n. 27, p. 211-214, 2006.

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Ed. Contexto, 2006.

STRECK, L. L.; MORAIS, J. L. B. Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.

WOLKMER, A. C. Elementos para uma crítica do Estado. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editores, 1990.

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APROFUNDANDO

O QUE SÃO MOVIMENTOS SOCIAIS?

Segundo a definição clássica, Movimento social é uma expressão técnica usada para denominar organizações estruturadas com a finalidade de criar formas de associação entre
pessoas e entidades que tenham interesses em comum, para a defesa ou promoção de certos objetivos perante a sociedade.

Estes movimentos são norteados segundo suas próprias ideologias, que regulamentam suas ações diante das lutas colocadas no cenário político institucional. Segundo Chauí
(1989), ideologia pode ser entendida como uma

forma específica do imaginário social moderno, é a maneira necessária pela qual os agentes sociais representam para si mesmos o aparecer social, econômico e político, de tal sorte que essa
[...]

aparência (que não devemos simplesmente tomar como sinônimo de ilusão ou falsidade), por ser o modo imediato e abstrato de manifestação do processo histórico, é o ocultamento ou a
dissimulação do real. Fundamentalmente, a ideologia é um corpo sistemático de representações e de normas que nos “ensinam” a conhecer e agir (CHAUÍ, 1989, p. 30).

Sobre a tutela do Estado a sociedade vivia sob um discurso ideológico, no qual era função do Estado cuidar da homogeneização da sociedade, pois o mesmo deveria estabelecer a
ordem e o desenvolvimento, enquanto a sociedade deveria servir o mesmo e viver dentro de suas normas e regras estabelecidas. Todo o discurso e ação do Estado eram amparados
pela ideia de “bem comum”, no entanto, as classes de trabalhadores insatisfeitos com tal situação apontam novos discursos críticos a fim de estabelecer mecanismos capazes de
atender suas reais necessidades.

Neste sentido, a ideologia também adquire aspectos como naturalidade e homogeneidade por meio da dimensão da dominação de um grupo sobre o outro.

Para Chauí (1989), o Estado é o grande representante da legitimação de uma sociedade aparentemente unificada e homogênea, ou seja, “a ideia de que o Estado representa toda a
sociedade e de que todos os cidadãos estão representados nele é uma das grandes forças para legitimar a dominação dos dominantes” (CHAUÍ, 1989, p. 28).

Frente a isso, o contra discurso apresentado por esses movimentos trazia para a sociedade a ideia de que se tornava necessário que a comunidade participasse das decisões que
norteavam a vida de seus cidadãos. Isto fez com que emergisse no seio da sociedade novos movimentos de bairro, novos sindicatos que exerciam suas reivindicações fora da tutela
do Estado e dos partidos políticos ocasionando uma reestruturação na política vigente, no entanto, não podemos pensar que essa reestruturação foi realizada em um período curto
de tempo, mas teve seu início dentro do discurso desses novos movimentos sociais.

Era o “novo sindicalismo”, que se pretendeu independente do Estado e dos partidos; eram os “novos movimentos de bairro”, que se constituíram num processo de autoorganização, reivindicando
direitos e não trocando favores como do passado; era o surgimento de uma “nova sociabilidade” em associações comunitárias onde a solidariedade e auto ajuda se contrapunham aos valores da
sociedade inclusiva; eram os “novos movimentos sociais”, que politizavam espaços antes silenciados na esfera privada. De onde ninguém esperava, pareciam emergir novos sujeitos coletivos, que
criavam seu próprio espaço e requeriam novas categorias para sua inteligibilidade (SADER, 2001, p. 26).

Deste modo, ambos os autores comungam de que todas essas “ações das classes sociais aparecem como simples atualizações de estruturas dadas”, isto é, essa movimentação faz
parte da dialética histórica que necessita de modificações para que continue existindo sociedade e história num sistema de reciprocidade. Sader (2001) nos atenta para a premissa
de que os movimentos sociais não podem ser estudados segundo a lógica da objetividade científica, sobretudo, porque esse tipo de ação pode fazer com que os estudiosos percam
os detalhes que singularizam a identidade dos novos movimentos sociais, isto é, faz-se necessário conseguirmos perceber que para compreendermos esses novos movimentos é
preciso prestar atenção nas suas experiências cotidianas que ajudaram na construção de uma identidade para os movimentos.

Neste contexto, surgem os sujeitos sociais que passam a ser responsáveis pela sua própria história, autônomos na efetivação de suas ações e capazes de estabelecerem
reivindicações a partir de suas próprias experiências, onde juntamente com um determinado grupo que comunga das mesmas necessidades que as suas elaboram estratégias para
suprimir tais problemas.

Assim, estes sujeitos sociais podem ser identificados por meio do discurso que utilizam, pois o mesmo denota uma linguagem comum de uma dada classe social que possui valores
culturais comuns dentro de um mesmo espaço simbólico.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, M. S. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 4a ed. São Paulo: Cortez, 1989.

SADER, E. Quando novos personagens entraram em cena: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-80. 4a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; FARIA Everton Henrique.


,

Desigualdades Sociais e Cidadania.

Everton Henrique Faria.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

30 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1.Desigualdades Sociais. 2. Cidadania. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 361

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

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ENTRE PRÁTICAS E RAZÕES:


FATORES DE PRECONCEITO,
DISCRIMINAÇÃO E
SEGREGAÇÃO

Professor :

Me. Everton Henrique Faria

Objetivos de aprendizagem
Conhecer as interfaces das diferentes formas de preconceitos que determinam práticas de discriminação e segregação na sociedade.
Entender a discriminação como fenômeno social causado pelos processos de desigualdades sociais, pobrezas e exclusão social.
Refletir o fenômeno da segregação social como resultado das múltiplas formas de preconceito e discriminação na Sociedade Moderna
Ver alguns exemplos de preconceito, discriminação e segregação existentes na sociedade.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Preconceito.
Discriminação.
Segregação.
Exemplos de preconceito, discriminação e segregação.

Introdução
Os processos desencadeados pela modernização das relações sociais trouxeram uma série de problemas sociais que frequentemente colocam desafios a serem superados pelos
governos e pela sociedade em geral.

Isso pode ser percebido a todo tempo e em todos os lugares, basta um olhar mais atento para o espaço em que vivemos que encontraremos pessoas vivenciando situações
discriminatórias e segregadores geradas pelas diferentes formas de preconceito arraigadas e existentes em nossa cultura. As manifestações de preconceito trazem a tona os
princípios de dominação que emergem em todos os contextos sociais, os quais se apresentam por meio de mecanismos multifacetados em todas as classes sociais.

Mediante a isso, você saberia dizer se o preconceito, a discriminação e a segregação são a mesma coisa? Quais as diferenças existentes entre esses conceitos que estão tão
presentes em nosso dia a dia?

Existem vários tipos de preconceito, de discriminação e de segregação, todos com características específicas, mas que em algum momento se articulam entre si e que desencadeiam
problemas sociais que levam o indivíduo a ter seus direitos de cidadania cerceados pela situação que está imerso, bem como denotam a ausência ou a insuficiência de ações
governamentais que se caracterizem em políticas públicas.

Deste modo, conhecer esses problemas nos possibilita olhar a sociedade por um prisma e observar como as diferenças étnicas, de gêneros, de raças, de idades entre outras, quando
não aceitas, estabelecem mecanismos negativos nas relações sociais.

Frente a isso, se faz necessário conhecermos mais sobre o preconceito e em como ele se articula diretamente com a discriminação e a segregação, gerando processos de
desigualdades sociais, pobrezas e exclusões sociais.

Assim, convido você a conhecer mais sobre como o preconceito está presente em nossa sociedade, bem como ele determina formas de discriminação e segregação.

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Preconceito
A organização das sociedades modernas trouxe diversificação industrial, meios de comunicação rápidos e tecnologias para o desenvolvimento de técnicas médicas capazes de
diagnosticar qualquer problema existente no corpo humano. No entanto, esses processos não foram capazes ainda de superar problemas gerados pelo comportamento humano
como sujeito social, como, por exemplo, as diferentes formas de preconceitos.

Certamente ao realizarmos uma discussão acerca das problemáticas sobre os preconceitos, iremos nos deparar não apenas com a xenofobia, o racismo, o preconceito de gênero e
classe, como também com outras formas que vêm sendo colocada para discussão pelos organismos de defesa dos direitos humanos, como a homofobia, a lesbofobia, a transfobia e a
gordofobia. Isso nos remete aos comportamentos culturais que já estão arraigados na vivência em coletividade e os outros que têm se disseminado juntamente com a
complexificação da sociedade moderna.

Como definir Preconceito se estes nos remete a tantas coisas?

A primeira coisa a se pensar com relação ao preconceito é que este nunca trará em sua definição características positivas, uma vez que este sempre desencadeia formas de
opressão, criando barreiras para o convívio coletivo por meio de situações vexatórias, de discriminação e segregação.

Em uma definição mais simples, sem teorias academicista, o preconceito, de acordo com o dicionário Aurélio, pode ser entendido como:

Preconceito — (de pré + conceito) 1. Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia
preconcebida. 2. Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo. 3. P. ext. Superstição, crendice; prejuízo. 4. P.
ext. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões etc (FERREIRA, 1999, p. 1.625).

Em sua essência, o preconceito expressa desconhecimento, julgamento, discriminação, além de discursos que geram ódio, intolerância ou sentimentos de aversão a culturas que se
difere da que é exercida pelo praticante. Ou seja, nas sociedades modernas o que temos verificado é que o preconceito não tem sido praticado pela falta de informação sobre um
determinado grupo com comportamentos distintos, mas pela intolerância com aqueles que não comungam das mesmas bases ideológicas culturais.

Ideologia é a composição de ideias que dão forma às ações e direcionam as práticas em todos os âmbitos em nossa sociedade reforçando, muitas
vezes, os processos de discriminação, segregação e preconceitos, deixando de cumprir com sua função principal “de apagar as diferenças como as de
classes e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social” (CHAUÍ, 1984, p. 113-114).

Para saber mais, consulte o livro O que é Ideologia, de Marilena Chauí. Fonte: Chauí (1984)

Deste modo, ao buscarmos nos estudos científicos a origem do termo Preconceito, encontramos o filósofo Gordon Allport, que o estudou em seu livro “A natureza do preconceito”,
de 1954. Allport (1971 definiu o Preconceito como sendo uma atitude negativa em relação a uma pessoa, baseada na crença de que ela tem as características negativas atribuídas a
um determinado grupo, sendo ele o resultado de uma frustração que leva um indivíduo a criar situações evitativas com relação ao outro indivíduo ou grupo ao qual ele pertence.
Isto é, para ele o preconceito se relaciona diretamente com o poder, apresentando-se geralmente como uma cegueira assustadoramente conformada com costumes sociais e
históricos/culturais dominantes de uma dada sociedade.

Nas perspectivas de Theodor W. Adorno, filósofo e sociólogo alemão, a fonte do preconceito está em uma personalidade autoritária e/ou intolerante, em que as pessoas autoritárias
tendem a ser rigorosamente convencionais e hostis com quem desafia as regras sociais. Neste sentido, o preconceito surge como uma manifestação de desconfiança e suspeita
gerando atos extremos de exclusão e violência de um indivíduo sobre o outro. Ao falar sobre o assunto, o autor ressalta que:

É preciso buscar as raízes nos perseguidores e não nas vítimas, assassinadas sob os pretextos mais mesquinhos. Torna-se necessário o que a esse
respeito uma vez denominei inflexão em direção ao sujeito. É preciso reconhecer os mecanismos que tornam as pessoas capazes de cometer tais
atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios, procurando impedir que se tornem novamente capazes de tais atos, na medida em que se
desperta uma consciência geral acerca destes mecanismos. Os culpados são unicamente os que, desprovidos de consciência, voltaram contra aqueles
o seu ódio e sua fúria agressiva. É necessário contrapor-se a uma tal ausência de consciência, é preciso evitar que as pessoas golpeiem para os lados
sem refletir a respeito de si próprias. A educação tem sentido unicamente como educação dirigida a uma auto-reflexão crítica. Contudo, na medida
em que, conforme os ensinamentos da psicologia profunda, todo caráter, inclusive daqueles que mais tarde praticam crimes, forma-se na primeira
infância, a educação que tem por objetivo evitar a repetição precisa se concentrar na primeira infância (ADORNO, 1995, p. 121-122).

Segundo a teoria do autor, podemos entender o preconceito como uma construção social que se arraiga no comportamento cultural das pessoas nas diferentes sociedades que
geram processos de exclusão social, discriminação e segregação por razões identitárias moldadas pelos comportamentos aprendidos na coletividade. Para tal efeito, aquele que em
sua primeira infância não apreende comportamentos de tolerância, humanidades, por exemplo, acabam por apresentar em sua fase adulta comportamentos que podem expressar
negatividades, como é o caso do preconceito.

Mesmo vivendo em uma sociedade expressa pelas tecnologias da informação, assistimos em nossa sociedade muitas formas de preconceito que se intensificam a partir do momento
que os indivíduos que pertencem às minorias sociais se empoderam de seus direitos e exigem que estes se efetivem no meio social extrapolando os documentos legais que os
asseguram. Em outras palavras, os diversos preconceitos limitam o exercício dos direitos de cidadania colocando em evidência a necessidade do estabelecimento dos direitos
humanos, uma vez que garantias legais não significam proteção e reconhecimento social dentro de uma sociedade, sendo o preconceito o grande precursor de danos sociais das
vítimas que o sofrem.

Deste modo, o preconceito invade todos os setores da vida, sejam eles públicos ou privados, determinando padrões estéticos, formas de se vestir, de agir e se comportar no meio
social. Quando não enquadrado nesses estereótipos estabelecidos, as pessoas têm suas individualidades invadidas e suas características identitárias questionadas. Isso ocorre
porque o agressor, aquele que comete o preconceito, não consegue aceitar o diferente, ou seja, este pratica ações negativas que levam o sujeito que sofre preconceito a processos
de exclusão social, de discriminação.

Para as autoras Bandeira e Batista (2002), o preconceito


constitui-se em um mecanismo eficiente e atuante, cuja lógica pode atuar em todas as esferas da vida. Os múltiplos preconceitos de gênero, de
[...]

cor, de classe, etc. tem lugar tipicamente, mas não exclusivamente, nos espaços individuais e coletivos, nas esferas públicas e privadas. Fazem-se
presentes em imagens, linguagens, nas marcas corporais e psicológicas de homens e de mulheres, nos gestos, nos espaços, singularizando-os e
atribuindo-lhes qualificativos identitários, hierarquias e poderes diferenciais, diversamente valorizados, com lógicas de inclusões-exclusões
conseqüentes, porque geralmente associados a situações de apreciação-depreciação/desgraça (BANDEIRA; BATISTA, 2002, p. 127).

Como podemos perceber, o preconceito traz consequências ilimitáveis ao sujeito, ele é o grande gerador de discriminações e segregações na sociedade, uma vez que este leva a
formas sutis do exercício de poder, dominação e subordinação de um indivíduo sobre o outro. Isto é, disfarçados na ideia de falta de conhecimento, pessoas preconceituosas agem
em nome da defesa de algo sem medir as consequências de suas atitudes levando a vítima a situações vexatórias ou até mesmo de risco social. Desta forma, “o preconceito se
contrapõe às qualidades de caráter, como lealdade, compromisso, honestidade, propósitos que afirmam valores atemporais e regras éticas” (BANDEIRA; BATISTA, 2002, p.127).

Segundo Caniato (2008),

As representações preconceituosas, uma das expressões da violência social, manifestam-se por meio de signos de periculosidade distintos e com
atribuição de perversidades a indivíduos e grupos diferentes. Isso porque a escolha de quem deve ser hostilizado atende a interesses político-
econômicos hegemônicos de cada época. Esse processo de “dividir para reinar”, portanto, sofre as conseqüências de determinações históricas e, na
contemporaneidade, exprime-se de forma cada vez mais encoberta e sutil. Conseqüências destrutivas permeiam a vida dos estigmatizados pelo
preconceito, em especial quando tais representações são internalizadas inconscientemente pelos indivíduos destinatários do preconceito, que se
tornam “portadores” de tais atribuições de malignidade (CANIATO, 2008, p. 22).

No Brasil o preconceito é considerado crime de acordo com a Lei n° 9.459, de maio de 1997, que altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. No Artigo I, a Lei determina que
“Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, bem como “Praticar, induzir, ou
incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Neste sentido, mesmo assegurados os direitos na lei de que todos são iguais e livres sem
distinções, ainda temos problemas sociais causados pela não aceitação do outro em suas características físicas, culturais e sociais.

Assim, preconceito, discriminação e segregação possuem as mesmas características? São as mesmas coisas? De imediato a resposta é não, no entanto, os conceitos se articulam
entre si e um torna-se consequência do outro no processo de desigualdades sociais e na efetivação dos direitos de cidadania. Vamos conhecer como a discriminação e a segregação
são atitudes que resultam do preconceito.

Discriminação
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo I, preconiza que “todos nascem livres e iguais em direitos e dignidade e que sendo dotados de consciência e razão
devem agir de forma fraterna em relação aos outros.” Não obstante, a Constituição da República Federativa do Brasil consagra os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade,
em seu artigo 5º, onde é reconhecido que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)” (BRASIL, 1988, art. 5º - online). Então por que ainda possuímos práticas discriminatórias
entre as pessoas ou grupos sociais?

Certamente ainda confundimos preconceito com discriminação, justamente por estes dois conceitos estarem articulados a todo tempo. Então como podemos definir a
discriminação?

A discriminação é uma ação que gera algum tipo de diferenciação levando a práticas de exclusão social, ou seja, a discriminação é uma característica do preconceito, no qual a ação
de uma pessoa ocorre em tempo imediato. Em outras palavras, a discriminação é a prática do preconceito, uma vez que este está no âmbito do julgamento, opinião e sentimento
(subjetividade) e a ação discriminatória está no âmbito da realidade (objetividade) que geram consequências imediatas a vítima.

Frente a isso, “a discriminação ocorre justamente quando essa atitude ou esse ato-pensamento cria uma distinção entre os outros ou sobre os outros; gera, então, um tratamento
diferencial e, em consequência, um preconceito” (SILVA, 2010, p. 563).

Discriminação e Descriminação são conceitos diferentes. O primeiro refere-se a ação da diferenciação e o segundo a ideia de fazer com que algo
deixe de ser crime.

Fonte: elaborado pelo autor.

A discriminação, deste modo, pode ser entendida como uma forma de violência passiva geradora de opressão, repressão, ódio e insulto, ocasionando, por diversas vezes, a violência
física devido ao tratamento desigual ou inferior a uma outra pessoa, afastando dela os direitos adquiridos frente a soberania de um Estado.
Do ponto de vista jurídico, uma sociedade que prega a construção diferenciada e não-plural de seus membros, como signo do preconceito, que
admite o acesso particularizado de alguns, seja aos bens materiais, seja aos bens culturais, que dá valoração positiva à desigualdade substantiva de
seus membros estão fadada à instauração da violência nas suas variantes materiais e simbólicas (BANDEIRA; BATISTA, 2002, p. 121).

Nesta direção, encontramos na sociedade muitas ações negativas ocasionadas por processos discriminatórios que se afastam de uma sociedade igualitária e fraterna. Isso pode ser
percebido por meio de práticas que distanciam o princípio da igualdade da vida das pessoas, onde temos a distinção, a exclusão, a restrição ou a preferência motivada por raça, cor,
sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas, por exemplo, gerando processos discriminatórios.

Para o enfrentamento das ações discriminatórias, a legislação brasileira tem buscado, nas últimas décadas, estabelecer no ordenamento jurídico brasileiro uma série de medidas
que visam criminalizar ações discriminatórias. Essas medidas começaram a surgir no Brasil em meados do início da segunda metade do século XX, especificamente com a Lei Afonso
Arinos, que tornou crime qualquer forma de preconceito de raça ou de cor. Contudo, mesmo com o pioneirismo da Lei em 37 anos até a Constituição Federal de 1988, ninguém foi
preso por crimes de discriminação conforme estabelecido em lei.

A Lei Afonso Arinos (nº 1.390, de 3 de julho de 1951), pioneira no Brasil, considerou ‘contravenção’ quaisquer tipos de preconceitos de raça ou de cor.
A partir de 1º de outubro de 1955, passou a ser ‘crime de genocídio’ a destruição de qualquer grupo nacional étnico, racial ou religioso (Lei nº 2.889).
E, de acordo com Lei posterior (nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983), constitui-se crime contra a Segurança Nacional qualquer forma de
propaganda ou expressão de discriminação racial. Com a Constituição de 1988, preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação (art. 3º, IV), tais como a prática do racismo, constituíram-se juridicamente em ‘crimes inafiançáveis e imprescritíveis’, sujeitos
à pena de reclusão nos termos da lei (art. 3º, XLII) (BANDEIRA; BATISTA, 2002, p. 121).

Entre as principais Leis temos:


Lei nº 7.716/89 - estabelece punição aos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional;
Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial): que determina logo em seu Art. I “garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”.
Lei nº 12.984/2014 - define como crime a discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS;
Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) - atentam contra a discriminação em razão da idade.

No entanto, as leis brasileiras não têm sido suficientes para superar as práticas discriminatórias no Brasil, justamente por muitas delas se referir aos comportamentos culturais
arraigados como, por exemplo, o racismo, a diferenciação de gênero, entre outros. Outro ponto importante nestes processos é o crescente número de crimes ligados a identidade de
gênero e orientação sexual.

A modernização da sociedade e a complexificação das relações sociais aceleram a formação de novos estereótipos ou o reforço daqueles que já existiam. As generalizações de uma
pessoa ou grupo sobre o outro despertam características imediatas que nem sempre condizem com a realidade, pois vinculam a aparência física, as condições financeiras, a
orientação sexual às ideias concebidas que possui, que foram construídas culturalmente ao longo de sua vida, levando o indivíduo a práticas discriminatórias.

De acordo com Silva (2010),

alguns tipos de preconceito são tão rigidamente criados e difundidos nas sociedades de massa que começam a fazer parte da cultura de um povo
[...]

através de estereótipos. A crença de que negro não é gente, negro não presta, índio é vagabundo, todo homossexual é efeminado e toda mulher loira
é burra são exemplos disseminados em nossa cultura e estão tão enraizados no nosso imaginário que passam despercebidos nas formas mais sutis de
nosso discurso, de forma velada ou explícita (SILVA, 2010, p. 563).

Assim, podemos perceber que as ações de discriminação perpassam as multiculturas existentes em nossa sociedade, não pertencem a uma vertente cultural específica, apesar de
termos altos índices de discriminação com a população negra, pobre, homossexual ou de mulheres. Resumidamente, podemos entender a discriminação como todas as ações de um
indivíduo que geram diferenças, afastamentos ou transgressões dos direitos de cidadania de uma pessoa.

Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) foi jurista, político, historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro. Ele se destacou pela criação da Lei
contra discriminação racial e ocupou a cadeira de nº 25 da Academia Brasileira de Letras. Para mais informações acesse:
https://www.academia.org.br/ .

Fonte: Disponível em: https://www.academia.org.br/ .

Segregação
Como vimos, a discriminação é a ação prática ocasionada pelo preconceito na vida em sociedade, determinando a forma de comportamento dos indivíduos e gerando diferentes
formas de violências.

E a segregação, como podemos defini-la?


O conceito de segregação tem sua origem no latim segregatĭo termo que designa uma ação e o efeito de separar, marginalizar ou afastar algo ou alguém de outras coisas ou pessoas.
,

Isto é, a segregação é o efeito de separar os seres humanos e tem a sua motivação nas relações humanas nos âmbitos econômico, cultural, político e social.

A segregação é uma forma institucionalizada de discriminação, pois pode ser compreendida como uma fronteira social ou espacial que aumenta as desvantagens de grupos
discriminados. Ela se institucionaliza por diversas vezes por leis como, por exemplo, as de Planejamento Urbano, que determinam o afastamento de pessoas com pouco poder
aquisitivo, mesmo que indiretamente do centro da cidade para áreas distantes da oferta de serviços públicos.

Deste modo, este fenômeno é uma ação política que busca manter à distância indivíduos e grupos considerados inferiores ou indesejáveis, caracterizando-se como uma violência de
um determinado grupo sobre o outro. A segregação, deste modo, não é um fenômeno recente, tem suas raízes nas decisões políticas, formaliza-se na sociedade de maneira
consciente e institucional, tendo como aporte estrutural falsas ideias, como a superioridade de uma etnia, gênero, classe social ou nacionalidade sobre outras. Não obstante, a
segregação atrela-se a degradação da vida em coletividade, resumindo a vontade de alguns grupos a “institucionalidade da discriminação”, afastando pessoas de lugares que
precisam estar “higienizados”, que não podem conter pessoas ou grupos de pessoas que descaracterizam a “paisagem social”.

Isso pode ser percebido com os sistemas de estigmatização existentes nas grandes cidades, onde as pessoas mais humildes são colocadas para viverem longes dos grandes centros
urbanos, onde o próprio local de vivência sofre com as práticas discriminatórias. Ou seja, o local de moradia torna-se uma determinante para o estabelecimento de discriminações
dentro da sociedade.

Neste sentido, a

Segregação, quer dizer, diferenciação residencial segundo grupos, significa diferencial de renda real - proximidade às facilidades da vida urbana
como água, esgoto, áreas verdes, melhores serviços educacionais, e ausência de proximidade aos custos da cidade como crime, serviços educacionais
inferiores, ausência de infra-estrutura etc. Se já existe diferença de renda monetária, a localização residencial implica em diferença maior ainda no
que diz respeito à renda real (NEGRI, 2008, p. 138 apud CORRÊA, 2001, p. 133-134)

Esse tipo de segregação é conhecido como segregação socioespacial, um tipo de fenômeno que existe no Brasil desde a formação de suas cidades e que vem se acelerando nos
últimos anos, uma vez que essa prática estabelece princípios de dominação social pautados no espaço urbano. Toda essa caracterização da segregação socioespacial pode ser
compreendida como fruto do capitalismo, pois a atividade capitalista produz um desenvolvimento geográfico desigual (HARVEY, 2005).

Desta forma, a segregação gera processos de degradação que extrapolam os ambientes físicos e toma conta das dimensões humanas, tendo como aporte o território das cidades
que sofrem com a inoperância dos modelos políticos vigentes. Castro (2012, p.76), ao tratar sobre o assunto, diz que:

[...] vida coletiva daqueles que vivem na degradação das ruas e dos lugares das cidades caracteriza-se por formas de enfrentamento das condições
a
limitantes de reprodução de suas vidas, também de busca por novas formas de existir (e resistir) à mesma degradação. A degradação que atinge a
cidade é uma consequência do fracasso de modelos políticos, institucionais e econômicos que retiraram de seus horizontes o humano como medida e
referência maior. Mas a degradação tem outras dimensões, que transcendem a materialidade. Há a significação do vivido. Por um, por tantos sujeitos.
Do lugar que ocupamos agora, vamos refazer um caminho para compreender trajetórias de quem se (re)descobre sujeito. Do lugar que ocupamos,
vamos desenvolver algumas reflexões para compreender a condição humana numa perspectiva que reencontre a ética e a política como
fundamentos. A condição de degradação que se apresenta materializada e naturalizada na paisagem da cidade, onde a Vila torna-se a “ilha de
reclusão” e isolamento. Um território de (in)visibilidade para objetivar a exclusão na e da cidade (CASTRO, 2012, p. 76).

Frente a essas questões podemos perceber que a segregação é uma das causadoras dos processos de exclusões sociais e se manifesta a partir das desigualdades sociais existentes,
sejam elas econômicas, políticas e/ou culturais. A maneira institucionalizada como se manifesta estabelece processos de preconceito velados na sociedade que originam tanto
violências passivas quanto violências simbólicas que, consequentemente, criam e recriam formas de dominação por meio do poder simbólico utilizado por pessoas que praticam
discriminações institucionalizadas.

O conceito de poder simbólico foi empregado nos estudos científicos pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, que demonstra como este tipo de
poder ocorre na sociedade de forma invisível por meio da cumplicidade daqueles que estão sujeitos a esse poder ou mesmo que os exercem.

Fonte: Bourdieu (1989, p. 7).

Cabe ressaltar que a segregação também pode ocorrer dentro de um mesmo grupo social, que afastam membros por estes terem comportamentos que não são da base comum do
grupo. Ou seja, por não concordarem com as bases ideológicas estabelecidas e/ou por demonstrarem comportamentos que fogem aos padrões culturais aceitos entre tantos outros
exemplos.

Assim, o preconceito como campo de expressão, opinião e julgamento tem como ferramentas práticas a discriminação e a segregação que reforçam no meio social as diferentes
desigualdades sociais e geram processos de exclusão social em todos os setores da vida em coletividade.
Exemplos e Preconceito, Criminação e Segregação
Exemplos e Preconceito, Criminação e Segregação
Ao longo dos nossos estudos vimos que o preconceito se apresenta na sociedade por meio da discriminação e da segregação. Como podemos identificar as principais formas de
preconceito? A seguir veremos as principais formas de preconceito existente nas diferentes sociedades.

Preconceito Racial

Este tipo de preconceito está associado à etnia, raça e aos aspectos físicos de uma pessoa. Neste tipo de preconceito uma pessoa ou um grupo se sente superior ao outro, como
ocorre, por exemplo, com pessoas brancas, que devido aos aspectos históricos se sentem superiores aos negros.

O Racismo é um sistema de poder que está diretamente ligado à história humana e se configura um fenômeno cultural pautado em um conjunto de teorias e crenças que
estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias, ou ainda uma atitude de hostilidade em relação a determinadas categorias de pessoas.

O preconceito racial transforma-se em uma discriminação racial quando há a violação do princípio da igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferências, motivado por
raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas, ou seja, a diferença de cor torna-se uma justificativa para que pessoas preconceituosas a utilizam para
realizar julgamentos.

A política racial do Apartheid, regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos que vigorou até
,

meados da década de 1990, ainda gera problemas de desigualdades e exclusão social neste país?

Fonte: elaborado pelo autor.

Preconceito Social

Há uma série de definições para a ideia de preconceito social e todas elas nos remetem às ideias de classe social e status social. Essa forma de preconceito se embasa no sistema de
hierarquias sociais e pode ser explicado por meio da diferenciação econômica entre as pessoas, geralmente entre ricos e pobres, que ocasionam formas de discriminação e
segregação colaborando diretamente com as desigualdades sociais e as exclusões sociais com dificuldades de acessos e oportunidades.

Preconceito Cultural

Falar em preconceito cultural atualmente expressa a dicotomização da sociedade moderna com atitudes conservadoras e fechadas. Esse tipo de preconceito expressa a aversão de
um grupo ou pessoa às características culturais de outro grupo, podendo aparecer com o Etnocentrismo e a Xenofobia.
Etnocentrismo: conceito antropológico que designa a centralidade de uma etnia, onde as características culturais de um determinado povo são consideradas superior à do outro.
Há vários exemplos em nossa história deste tipo de prática ao longo da história da humanidade; um dos mais conhecidos é o Eurocentrismo exercido ao longo da Era Moderna,
que considerava a Europa o centro do mundo econômico, cultural, político e social, sendo que as práticas de seu povo reforçaram a ideia de superioridade existente. No entanto,
o etnocentrismo também pode ser visto no Brasil, a partir das práticas veladas de preconceito como, por exemplo, a ideia de superioridade expressa pelos princípios da
colonização do país, devido ao pragmatismo herdado e a disseminação da cultura europeia e o extermínio da cultura indígena.
Xenofobia: é determinada pela aversão aos estrangeiros que surge geralmente por diversos fatores históricos, culturais e religiosos. Sendo uma ideologia que consiste na não-
aceitação das identidades culturais, a xenofobia prevê a aceitação dos estrangeiros e imigrantes desde que estes aceitem as práticas culturas vigentes. Como exemplo de ações
xenofóbicas, podemos citar o Holocausto, com o extermínio dos Judeus pelos Alemães, as práticas segregacionistas impostas pelos Estados Unidos na América com relação à
população latino-americana e, mais recentemente, os decretos de proibição de imigrantes refugiados muçulmanos pelo presidente norte-americano. O Brasil não se afasta de
práticas xenofóbicas que podem ser encontradas na ideia de superioridade do sul e sudeste do país com relação a região norte e nordeste com discursos separatistas,
discriminatórios e segregadores.

Preconceito Religioso

Comumente difundido no meio social, o preconceito religioso é a prática da não aceitação das diferenças religiosas ocasionando processos de intolerância. A intolerância religiosa
desencadeia uma série de atitudes negativas e ofensivas às diferentes crenças e religiões. Essa prática pode ser observada no Brasil a partir das discriminações de fiéis cristãos com
relação às religiões de matrizes africanas, como a Umbanda e o Candomblé.
Preconceito Sexual

É a discriminação de alguém pela sua orientação sexual. Uma das formas mais latentes de preconceito, o preconceito sexual, tem deixado de ser velado e aparecido em maior escala
nos últimos tempos. No entanto, pautados no exercício dos direitos de cidadania e nos direitos humanos, as pessoas buscam viver de forma igualitária na sociedade rompendo com
as barreiras conservadoras e discriminatórias existentes. O maior exemplo de preconceito sexual é a Homofobia, onde pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo
sofrem discriminação por sua orientação sexual. Em muitos países a homofobia acontece de forma institucionalizada por meio da criminalização como, por exemplo, a Arábia
Saudita, que institui pena de morte aos homossexuais.

São diversas as formas de preconceito existentes, todas geradoras de práticas discriminatórias e segregacionistas que trazem danos extremos à sociedade em geral. Quando há a
existência de um preconceito temos paralelamente a restrição de um direito corroborando, desta forma, para o fortalecimento das desigualdades e exclusões sociais.

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ATIVIDADES
1. Conforme vimos, o preconceito, a discriminação e a segregação são conceitos diferentes que se articulam entre si. Sobre o preconceito, assinale a alternativa correta.

a) O preconceito expressa conhecimento, julgamento e discriminação.

b) O preconceito gera discursos de ódio, intolerância ou sentimentos de aversão a culturas que se difere da que é exercida pelo praticante.

c) O preconceito traz consequências positivas para a sociedade, entre elas o fim da desigualdade social.

d) O preconceito não gera discriminação, apenas intolerância religiosa e contra homossexuais.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

2. A discriminação pode ser entendida como uma forma de violência passiva geradora de opressão, repressão, ódio e insulto, ocasionando por diversas vezes a violência física. A
respeito da legislação brasileira, relacione a Lei de criminalização com as diferentes forma de criminalização.

( ) Lei n. 12.288/2010

( ) Lei nº 12.984/2014

( ) Lei nº 8.069/1990

( ) Lei nº 10.741/2003

1) Discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS;

2) Estatuto da Igualdade Racial

3) Estatuto do Idoso

4) Estatuto da Criança e do Adolescente.

a) 2, 1, 4, 3

b) 2, 1, 3, 4

c) 2, 1, 4, 3

d) 2, 3, 1, 4

e) Nenhuma das alternativas está correta

3. A segregação é um fenômeno que se caracteriza-se como ação política que busca manter à distância indivíduos e grupos considerados inferiores ou indesejáveis, caracterizando-
se como uma violência de um determinado grupo sobre o outro. A respeito da segregação, assinale a alternativa correta.

a) A segregação é o efeito de separar os seres humanos e tem a sua motivação nas relações humanas nos âmbitos econômico, cultural, político e social.

b) A segregação não é uma forma institucionalizada de discriminação.

c) A segregação pode ser compreendida como uma fronteira social ou espacia, porém não aumenta as desvantagens de grupos discriminados.

d) A segregação não se institucionaliza por meio de leis.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
A sociedade moderna não apenas trouxe novas formas de organização e relações sociais, como também gerou novos problemas sociais advindos da industrialização e da
globalização. Ao passo que as diferentes culturas vão se conectando, novos problemas vão surgindo e se reproduzindo no convívio social, tais como o preconceito, a discriminação e
a segregação. Neste sentindo, o preconceito pode ser expresso tanto pelo desconhecimento quanto pela não aceitação daquilo que é diferente das práticas culturais comuns a uma
sociedade. Isto é, o preconceito ocasiona julgamento, discriminação, além de discursos que geram ódio, intolerância ou sentimentos de aversão a culturas que se difere da que é
exercida pelo praticante. No entanto, na atualidade, o que temos verificado é que o preconceito não tem sido praticado pela falta de informação sobre um determinado grupo com
comportamentos distintos, mas pela intolerância com aqueles que não comungam das mesmas bases ideológicas culturais. Como consequência do preconceito, as ações
discriminatórias se expressam pelas generalizações de uma pessoa ou grupo sobre o outro despertando características imediatas que nem sempre condizem com a realidade
vinculando a aparência física, as condições financeiras, a orientação sexual às ideias concebidas, que foram construídas culturalmente ao longo de sua vida, a práticas
discriminatórias. Não obstante, a segregação aparece como uma forma institucionalizada de discriminação, pois pode ser compreendida como uma fronteira social ou espacial que
aumenta as desvantagens de grupos discriminados. Ela se institucionaliza nas sociedades por meio das leis. Assim, o preconceito, a discriminação e a segregação por diversas vezes
se tornam comportamentos naturalizados em meio a sociedade e se apresentam de diferentes formas, todas geradoras de práticas discriminatórias e segregacionistas que trazem
danos extremos a sociedade em geral.

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Material Complementar

Leitura
Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo

Autor: Teresa Pires do Rio Caldeira

Editora: Editora 34

Sinopse O aumento dramático da violência em São Paulo nos últimos anos tem como contrapartida o
:

fracasso da justiça e da polícia em combater a violência e a criação de formas inéditas de


discriminação social. Cidade de muros analisa em detalhes a maneira pela qual o crime, o medo e o
desrespeito aos direitos dos cidadãos associaram-se a transformações urbanas em São Paulo,
produzindo um novo padrão de segregação espacial durante as duas últimas décadas. Tal combinação,
violência cotidiana e falência institucional, tem sérias consequências: a privatização da justiça e da
segurança, o apoio a ações ilegais e violentas da polícia, e a reclusão de segmentos da sociedade em
enclaves fortificados. O resultado é a fragmentação do espaço público, a valorização da desigualdade
e o incentivo ao preconceito em relação a vários grupos sociais. Fatores que, na argumentação da
autora, representam os principais desafios à consolidação da democracia e do estado de direito no
Brasil..

Filme
Escritores da Liberdade

Ano: 2007

Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está
corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de
aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam
e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de
métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos,
aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo.

Na Web
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão é uma instituição a quem cabe dialogar e interagir
com órgãos de Estado, organismos nacionais e internacionais e representantes da sociedade civil,
persuadindo os poderes públicos para a proteção e defesa dos direitos individuais indisponíveis,
coletivos e difusos.

Link: veja o site a seguir.

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REFERÊNCIAS
ADORNO, T. Educação e Emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

ALLPORT, G. W. La Naturaleza del Prejuicio. 4ª ed. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1971.

BANDEIRA, L. and BATISTA, A. S. Preconceito e discriminação como expressões de violência. Rev. Estud. Fem. vol. 10, , n. 1, p .119-141., 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 10 set. 2017. .

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A., 1989.

BRASIL, Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:, visita realizada em 11/09/2017.

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APROFUNDANDO
A Constituição Federal de 1988 é conhecida como Constituição Cidadã por realizar o reconhecimento de todos os direitos necessários para o desenvolvimento de um cidadão e por
reconhecer a dignidade e o desenvolvimento humano como princípios fundamentais da soberania nacional. Nesta direção, a Constituição traz como atenuante em diversos artigos a
importância da consolidação da criminalização do preconceito e das formas de discriminação e segregação que levam a consolidação das desigualdades e exclusões sociais.

Encontramos as primeiras diretrizes legais acerca do assunto no Art. 3, IV, que trata diretamente da promoção do bem comum sem nenhuma forma de preconceitos e discriminação,
isto é, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL,/1988 -on-line).

Este artigo resgatou a dimensão da criminalização dos atos de racismos cometidos no Brasil, despertando na sociedade a discussão de que para além das leis constitucionais era
necessário um amplo debate acerca do tema a fim de amenizar os problemas sociais ocasionados por este tipo de preconceito.

Não obstante, a criminalização do racismo ficou expressa no Art. 5º, XLII, que determina que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei” que será desdobrado no Estatuto da Igualdade Racial “destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica (ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, Art. 1º, 2010).

Na mesma direção, a ideia da igualdade também aparece diretamente no Art. 5º, que determina que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, reforçando
os direitos civis básicos a todos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, tais como a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

É justamente nos incisos I, XLI e XLII deste artigo que encontraremos as dimensões da igualdade de gênero, a punição para qualquer prática discriminatória que viole os direitos e as
liberdades fundamentais.

Nestes incisos encontramos a criminalização da prática do preconceito sexual (homofobia e sexismo), uma vez que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos
termos desta Constituição”, isto é, a orientação sexual não restringe os direitos e as liberdades fundamentais, tão pouco coloca a mulher como gênero inferior ao homem, sendo
cabível a punição em lei para “qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”.

O Art. 7 — XXX e XXXI categoricamente trata da proibição das formas de discriminação no âmbito do trabalho, onde não pode haver discriminação na forma de “diferença de
salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”, bem como no “tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência”.

Desta forma, a Constituição deu aporte para o desdobramento da legislação em outros instrumentos jurídicos para a criminalização das práticas discriminatórias e preconceituosas,
as principais são:
LEI nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor);
Estatuto da Criança e do Adolescente — LEI nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Estatuto da Cidade — LEI nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001.
Estatuto da Igualdade Racial — LEI nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.
LEI nº 12.984, DE 2 DE JUNHO DE 2014 (Define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids);
Estatuto da Pessoa com Deficiência — LEI nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.

Assim, a legislação deve possibilitar que todos tenham assegurados seus direitos de forma a proporcionar a erradicação das discriminações promovendo a igualdade e a tolerância
às diferenças por meio da aceitação das pluralidades econômicas, políticas, sociais e culturais, sobretudo, onde toda pessoa seja reconhecida como cidadão independente de sua de
origem, raça, sexo, cor e idade.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm visita realizada em ,

11/09/2017.

__________. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei no 8.069, de 13 de Julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm , visita realizada em
11/09/2017.

__________. Estatuto do Idoso. Lei no 10.741, de 1o de Outubro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm visita realizada em
,

11/09/2017.

__________. Lei no 12.984, de 2 de Junho de 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12984.htm , visita realizada em 11/009/2017.

__________. Lei no 7.716, de 5 de Janeiro de 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716.htm , visita realiza-

da em 11/009/2017.

__________. Lei No 9.459, de 13 de Maio de 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9459.htm , visita realizada

em 11/009/2017.

__________. Estatuto da igualdade racial. Lei no 12.288, de 20 de Julho de 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm visita ,

realizada em 11/009/2017.

PARABÉNS!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; FARIA Everton Henrique;


,

Desigualdades Sociais e Cidadania.

Everton Henrique Faria;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

30 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1.Desigualdades Sociais. 2. Cidadania. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 361

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
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POLÍTICAS SOCIAIS E
POLÍTICAS DE INTERVENÇÃO
NO BRASIL

Professor :

Me. Everton Henrique Faria

Objetivos de aprendizagem
Compreender o surgimento e o contexto das políticas sociais.
Entender a importância das políticas sociais no Brasil para a superação das desigualdades sociais.
Conhecer os principais programas sociais do Brasil que têm auxiliado no processo de superação das desigualdades sociais e no desenvolvimento de um país mais democrático e,
consequentemente, com mais equidade.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Políticas Sociais.
Políticas sociais no Brasil.
Programas Sociais de intervenção no Brasil

Introdução
Ao passo que os problemas vão emergindo na sociedade, mais necessidades temos de um sistema de políticas públicas que atenda a coletividade em sua integralidade, com ações
políticas que sejam capazes de levar às pessoas garantias de que elas poderão exercer seus direitos de cidadania, bem como estar asseguradas no desenvolvimento social e humano.

Essas prerrogativas, ao longo da história, se deparam com uma série de debilidades governamentais no gerenciamento do Estado que se origina em bases desiguais, com forte
concentração de renda, com pobrezas multidimensionais e com sistemas de dominação que geraram e ainda geram fortes processos de exclusões sociais.

Neste sentido, pensar políticas capazes de enfrentar esses problemas deve ser uma constante em um país que possui características sociais tão plurais e com territórios tão amplos,
sobretudo, pensando na complexificação que a modernização trouxe para as sociedades nos últimos tempos.

Desigualdades sociais, pobrezas, exclusões sociais, preconceitos, discriminações e segregações não são fenômenos únicos de um tipo de sociedade, mas são resultados da
modernização, da globalização e das novas tecnologias que se renovam constantemente alterando os padrões organizativos de todos os lugares.

As políticas sociais surgem como uma opção mediante a esses conflitos sociais. Resultam da necessidade do Estado assumir suas responsabilidades frente os problemas gerados
pelo liberalismo econômico que restringe o exercício da cidadania por questões econômicas, políticas, sociais e culturais.

Assim, conhecer o contexto do surgimento das políticas sociais e em como elas contribuem para a superação dos problemas sociais é fundamental para entendermos como os países
estabelecem planos de governos com políticas de intervenção em meio aos processos de desenvolvimento econômico.

Convido você a conhecer o universo das políticas sociais e em como o Brasil tem, por meio das políticas sociais — programas sociais —, tentado superar os conflitos sociais aqui
existentes.

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Políticas Sociais
Temos visto ao longo dos anos uma série de discussões acerca da intervenção dos Estados e de mecanismos de regulação internacional, como a Organização das Nações Unidas —
ONU, na efetivação de políticas sociais para a superação da pobreza, das desigualdades sociais e das diferentes formas de preconceitos que geram discriminação, segregação e
exclusão social.

Políticas estas que perpassam pelas decisões governamentais na tentativa de articular todos os setores da sociedade e de atender as necessidades da população e das instituições
que compõem o mercado capitalista. No entanto, a polarização existente entre demanda social e demanda econômica ressaltam a importância de um Estado com governos que
conduzam suas ações tendo como beneficiários a coletividade e não apenas os interesses políticos e econômicos específicos.

É neste cenário que na atualidade a luta pelo estabelecimento de Estados Democráticos de Direitos vem se estabelecendo, tendo como pontos cruciais 1º) a ideia dos direitos
fundamentais de cidadania; 2º) as políticas sociais como um mecanismo de intervenção para que esses direitos sejam incorporados na sociedade; 3º) a oportunização do exercício de
direitos por todas as pessoas a partir de ações de intervenção dos governos.

Nesta direção, quando e como surgem as políticas sociais? Elas integram de que forma as políticas públicas em um Estado? Você saberia as respostas para essas indagações?

A expressão política social, de acordo com Piana (2009, p.22), teve origem entre os pensadores alemães de meados do século XIX, que criaram no ano de 1873 uma associação para
seu estudo. Oriunda de uma política formada a partir das sociedades capitalistas, não se pode afirmar uma data precisa para seu surgimento, uma vez que elas se “originam na
confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo como a Revolução Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal”.

Em outras palavras, a política social é resultado da articulação entre os diferentes agentes políticos existentes na sociedade que buscaram contestar a lógica liberal vigente,
sobretudo, chamando o Estado a assumir as suas responsabilidades mediante os cenários de degradação acirrados pelo sistema capitalista pós- Revolução Industrial.

Segundo a autora,

A política social surge no capitalismo com as mobilizações operárias e a partir do século XIX com o surgimento desses movimentos populares, é que
ela é compreendida como estratégia governamental. Com a Revolução Industrial na Inglaterra, do século XVIII a meados do século XIX, esta trouxe
consequências como a urbanização exacerbada, o crescimento da taxa de natalidade, fecunda o germe da consciência política e social, organizações
proletárias, sindicatos, cooperativas na busca de conquistar o acolhimento público e as primeiras ações de política social. Ainda nesta recente
sociedade industrial, inicia-se o conflito entre os interesses do capital e os do trabalho (PIANA, 2009, p. 23-24).

Como vemos, as políticas sociais se insere no contexto global a partir dos conflitos existentes na sociedade, em um contexto de luta para a superação dos problemas sociais que se
originaram pelo acirramento do desenvolvimento do capitalismo industrial.

Medidas eram necessárias para sanar as consequências das políticas econômicas e os movimentos sociais foram fundamentais para realizar o chamado das estruturas
governamentais a pensarem em ações políticas para se superar a lógica vigente. Cabe ressaltar que o fortalecimento da classe trabalhadora foi fundamental ao final do século XIX
para que o Estado Liberal incorporasse nas gestões governamentais práticas políticas que trouxessem direitos para toda a população ao longo do século XX.

Mas como podemos definir o que é política social?

Muitos autores trabalham com a perspectiva de que a política social é um mecanismo de articulação entre as demandas sociais, governo e sistema econômico, outros defendem a
dimensão de que elas garantem a manutenção da força de trabalho por uma elite dominante. O conceito se torna híbrido à medida em que coloca no mesmo espaço interesses
difusos, isto é, de um lado os interesses da população, que necessita de medidas de intervenção e, do outro, os interesses de uma elite dominante, sendo o Estado neste caso o
intermediador entre os dois pólos de interesses.

Faleiros (1991) ressalta que:

As políticas sociais ora são vistas como mecanismos de manutenção da força de trabalho, ora como conquista dos trabalhadores, ora como arranjos
do bloco no poder ou bloco governante, ora como doação das elites dominantes, ora como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos
direitos do cidadão (FALEIROS, 1991, p. 8).

De acordo com Vianna (2002, p. 1), é necessário ter cuidado ao se definir política social para que o conceito não se torne vago, uma vez que a política social pode “ser produzida sob
distintas estruturas legais e institucionais, em distintos contextos, sistemas e regimes políticos, como resultante de pressões sociais mais ou menos organizadas e mais ou menos
representativas da sociedade como um todo”.

Pois, a política social deve ser entendida a partir das dimensões políticas e históricas. Deste modo, a

política social é um conceito que a literatura especializada não define precisamente. De um ângulo bem geral, no âmbito das Ciências Sociais,
[...] a
política social é entendida como modalidade de política pública e, pois, como ação de governo com objetivos específicos (VIANNA, 2002, p. 1).

A partir dos fortes movimentos contestatórios, as políticas sociais passaram a integrar as ações governamentais com políticas de amenização das consequências causadas pelo
sistema capitalista. No entanto, como ação estratégica, os movimentos sociais realizaram uma inversão em suas prática contestatórias deixando apenas de cobrar ações do Estado
no estabelecimento de políticas sociais e passaram a reivindicar direitos de cidadania, colocando o Estado como o responsável direto na fomentação de políticas públicas. Em outras
palavras, os movimentos incorporaram em suas pautas de atuação a luta por direitos políticos e sociais de forma a contestar a lógica do Estado Liberal, que reduziam o atendimento
das necessidades coletivas e as colocava como responsabilidade de cada indivíduo.

Pode-se afirmar que não há política social desligada das lutas sociais. De modo geral, o Estado assume algumas das reivindicações populares, ao longo de sua existência histórica. Os
direitos sociais dizem respeito inicialmente à consagração jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Certamente, não se estende a todas as reivindicações, mas na aceitação do
que é conveniente ao grupo dirigente do momento (PIANA, 2009, p. 24 apud VIEIRA, 1992, p. 23).

Não obstante, as políticas sociais foram sendo incorporadas às práticas governamentais de forma gradativa e a implementação se diferenciou de acordo com cada sociedade. Diante
disso, as políticas sociais consistem em formas de manutenção da força de trabalho econômica que se articulam politicamente para não afetar o processo de exploração capitalista e
dentro do processo de hegemonia e contra hegemonia da luta de classes (FALEIROS, 1991, p. 80).
A emergência e o desenvolvimento de uma política social é, por um lado, a expressão contraditória da relação apontada [capital e trabalho], sendo, ao
mesmo tempo, fator determinante no curso posterior desta mesma relação entre as forças sociais fundamentais. Assim sendo, para o campo das
políticas sociais confluem interesses de natureza contraditória, advindos da presença de cada um destes atores na cena política, de sorte que a
problemática da emergência da intervenção estatal sobre as questões sociais encontra-se quase sempre multideterminada (TEIXEIRA, 1989, p. 48).

E no Brasil, como foram se constituindo as políticas sociais?

No Brasil, as políticas sociais começaram a ser fortalecidas ao longo do século XX, especialmente no governo de Getúlio Vargas, na década de 1930, que buscou atender às
demandas populares de forma fragmentada com o intuindo de refrear e controlar os movimentos classistas e sociais que problematizavam suas necessidades sociais no cenário
público evitando, desta forma, a constituição de sujeitos políticos que não estivessem sob o controle do Estado, no qual estabelecia um sistema de trocas de direitos por concessões
políticas (TEIXEIRA, 2007).

Conforme ressalta Teixeira (2007), a questão social ganha dimensão

somente a partir de 1930, com a “revolução” burguesa, fruto do pacto entre as classes dominantes tradicionais e as emergentes, que capturam o
[...]

Estado e adotam a industrialização por substituição de importações, como modelo de desenvolvimento; a contradição capital/trabalho não é mais
secundarizada, mas, o cerne da ordem, instaurando-se um novo trato à questão social, através do direito sindical, direito trabalhista e direito
previdenciário, uma regulação da relação capital/trabalho fundamental à expansão da acumulação, que abre canais de negociação, mediados pelo
Estado (TEIXEIRA, 2007, p. 49).

Neste sentido, as políticas sociais no Brasil foram se alargando a passos lentos no cenário brasileiro e os movimentos sociais tornaram-se os grandes protagonistas no
estabelecimento de um Estado capaz de gerir as desigualdades existentes.

Durante todo o período ditatorial, os movimentos questionavam a forma de atuação do Estado brasileiro que se pautava na ideia de um governo desenvolvimentista liberal com
princípios arraigados no sistema capitalista. Isto é, os governos focaram suas ações em práticas econômicas que presumiam o desenvolvimento pela industrialização, no entanto,
esqueceram do desenvolvimento humano e social fazendo com que as desigualdades sociais neste período aumentassem consideravelmente, uma vez que as ações pautadas nas
políticas sociais eram escassas e tinham na filantropia o seu maior ponto de atuação.

Em 1933 foram implementados no Brasil os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), que representaram uma nova direção na intervenção do
Estado, o colocava como principal responsável pelas estruturas de proteção social.

Fonte: CPDOC (on-line).

Mediante este cenário, os movimentos sociais exprimiam forte oposição ao governo dos militares, que à medida que aumentavam a repressão e a censura encontravam os
movimentos opositores que radicalizaram a sua atuação em busca de um Estado mais justo e igualitário. O período militar no Brasil chega ao fim e com ele as necessidades do
fortalecimento das políticas sociais por meio do Estado, o qual deveria pensar as políticas sociais mediante um sistema de políticas públicas que envolvesse todos os setores da
sociedade. Não obstante, as desigualdades sociais conflitavam com a falta de organização e o investimento público nas questões sociais.

Como resultado das lutas existentes na sociedade pelos diversos atores políticos, foi promulgada, em 1988, a nova Constituição Federal, que simbolizou um marco para a discussão
das políticas sociais no Brasil, bem como determinou as responsabilidades do Estado no combate às desigualdades sociais, a pobreza, ao preconceito, as diferentes formas de
discriminação e segregação que determinavam práticas excludentes na sociedade brasileira.

Cardoso Jr. e Jaccoud (2005) apontam os principais avanços da Constituição de 1988 com relação às políticas sociais no Brasil. Segundo eles:

entre os avanços da Constituição de 1988 na determinação da responsabilidade estatal em função da necessidade de proteção social dos
[...]

cidadãos, pode-se destacar: i) a instituição da Seguridade Social como sistema básico de proteção social, articulando e integrando as políticas de
seguro social, assistência social e saúde; ii) o reconhecimento da obrigação do Estado em prestar de forma universal, pública e gratuita, atendimento
na área de saúde em todos os níveis de complexidade; para tanto, o texto constitucional prevê a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), sob
gestão descentralizada e participativa; iii) o reconhecimento da assistência social como política pública, garantindo direito de acesso a serviços por
parte de populações necessitadas, e direito a uma renda de solidariedade por parte de idosos e portadores de deficiência em situação de extrema
pobreza; iv) o reconhecimento do direito à aposentadoria não integralmente contributiva (ou seja, parcialmente ancorada em uma transferência de
solidariedade) dos trabalhadores rurais em regime de economia familiar; e v) o reconhecimento do seguro-desemprego como direito social do
trabalhador a uma provisão temporária de renda em situação de perda circunstancial de emprego (CARDOSO JR.; JACCOUD, 2005, p. 182).

A Constituição significou um forte avanço para a política social no Brasil, no entanto, mesmo após os quase 30 anos de sua promulgação, o país continua caminhando a passos curtos
em direção a superação das desigualdades sociais, apresentando ainda uma política conservadora com práticas que levam os indivíduos a serem responsabilizados pela falta de
investimentos públicos em políticas sociais, sobretudo, não oportunizando acessos igualitários aos direitos instituídos pela Constituição.

Políticas Sociais no Brasil


Nas últimas décadas o Brasil tem experimentado uma série de ações políticas que visam intensificar o combate às desigualdades sociais, a pobreza, a miséria e a exclusão social em
todo o território nacional, especialmente naqueles onde a população tem sofrido com a falta de serviço público. Essas ações podem ser percebidas diretamente por meio da
implementação de um sistema de políticas públicas com foco nas políticas sociais, no qual todos os cidadãos são chamados a serem corresponsáveis no combate aos problemas
existentes. Este sistema tem como carro-chefe a articulação de todos os setores da sociedade por meio de instituições públicas ou privadas. Com um histórico que perpassa as
práticas políticas centralizadoras e excludentes, o país teve na Constituição Federal de 1988 a oportunidade de estabelecer um cenário capaz de integrar a sociedade, as
organizações da sociedade civil e o Estado na busca da superação dos problemas históricos enfrentados. Sendo um dos países mais desiguais do mundo, o Brasil adentrou ao século
XXI tentando estabelecer uma gestão pública capaz de lidar com todos os problemas ocasionados pelas desigualdades sociais. Além de ter que instituir uma gestão pública capaz de
lidar com essas adversidades, as ações políticas que direcionavam as políticas sociais tiveram, e ainda têm, a necessidade de romper com os diferentes preconceitos existentes com
relação a população mais vulnerável socialmente. No entanto, tais preconceitos denotam a historicidade patriarcal e conservadora excludente que deram origem ao Estado na
primeira metade do século XIX com ações políticas permeadas de preconceito racial, social e de gênero. Isto é, para o estabelecimento de políticas sociais teríamos dois desafios a
frente: 1º) romper com a lógica patrimonialista conservadora dos governos brasileiros; e, 2º) aplicar uma gestão pública eficiente capaz de lidar com os cenários desiguais ao qual a
população vive.

Como já se sabe, o país é multiétnico, possui influências de várias etnias em sua composição sociocultural, no entanto, o reconhecimento destas etnias e dessas influências
tornaram-se um problema em nossa sociedade, pois muitos povos tiveram suas manifestações culturais quase exterminadas em sua totalidade e suas etnias subjugadas à lógica de
uma elite dominante, como é o caso das etnias indígenas e africanas. As características culturais no Brasil se apresentam na aparência física, nos gestos, nas instituições sociais, na
língua entre tantos outros aspectos, demonstrando a pluralidade existente no país. Sobretudo, na organização política, econômica e social em um território vasto em extensão e
expressões culturais.

Toda essa pluralidade nos coloca sob duas dimensões: 1ª) como lidar com essas diversidades sem que ocorra processos de discriminação e segregação; e em 2ª) como garantir a
cidadania plena às pessoas que ocupam um território tão vasto e plural. Essas prerrogativas nos aponta para algumas reflexões que estamos realizando ao longo dos nossos estudos.

Por diversas vezes, encontramos discursos políticos pautados na ideia da diversidade social, no entanto, os mesmos demonstraram desconhecimento de como essas diversidades se
solidificaram com o passar dos anos no Brasil. Ainda, assistimos ações políticas que prevêem uma homogeneização das demandas da população brasileira sem considerar o espaço, o
tempo e as características de cada população. Isso nos remete a necessidade do conhecimento de que Brasil estamos falando, justamente para entendermos como a população
brasileira possui características heterogêneas e necessitam ser pensadas de acordo com cada região.

Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil, no ano de 2010, possuía uma população de 190.755.799 habitantes, com estimativa
populacional de 206.081.432, em 2016. Com indicadores preocupantes que denotam a precariedade das políticas públicas com relação às demandas existentes, o país finalizou o
ano de 2016 em meio a uma forte crise econômica, política e social. Mesmo tendo conseguido avançar na luta contra as desigualdades sociais, contribuindo diretamente para a
redução da desigualdade na América Latina (em torno de 50%) entre 2004 a 2014, o país ainda se encontra entre os países mais desiguais do mundo.

Conforme o índice de Gini, neste período o Brasil teve uma queda na concentração de renda; saiu de 0,57 para 0,52. De acordo os dados apresentados em 2017, houve uma leve
queda de 2014 para 2015, onde o índice ficou em 0,515. Apesar dessa diminuição o Brasil ainda possui uma má distribuição de renda ocupando a 10ª posição de país mais desigual
do mundo, segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas, que também apontou que o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) se manteve estagnado em 0,754, fenômeno que pode ser considerado raro no processo de desenvolvimento dos países.

Frente a este cenário e de acordo com os dados dos organismos internacionais, Nações Unidas e Banco Mundial, o Brasil sinaliza para o aumento da pobreza e das desigualdades
sociais, uma vez que a forte crise econômica alerta para perda de qualidade de vida dos brasileiros e forte diminuição de renda.

Isso pode ser observado e comprovado mediante as pesquisas e os dados levantados pelos órgãos oficiais de pesquisa e banco de dados, tais como o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e o Programa Cadastro Único (CADÚNICO). De acordo com o IBGE, no ano de 2016 em torno de 9,96%1 da população brasileira (aproximadamente
20.525.710 pessoas) se encontravam em situação de pobreza2 no Brasil.

1 Para a base de cálculo foi utilizado a estimativa populacional de 206.081.432 habitantes realizada pelo IBGE em 2016.

2 Cabe observar que o conceito de pobreza trabalhado, neste caso, é o vinculado ao de ausência de renda.

O Índice de Gini foi criado pelo matemático italiano Conrado Gini, e consiste em um instrumento para medir o grau de concentração de renda em
determinado grupo apontando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um, no qual o
valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda.

Fonte: Wolffenbüttel (2004, on-line).

No entanto, quando analisamos os dados do CADÚNICO do Governo Federal, organizado pela Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), no ano de 2016 conseguimos
observar que em torno de 36.803.455 pessoas viviam com uma renda per capita inferior a R$ 85,00 mensais, ou seja, viviam em extrema pobreza. Quando aumentamos esse índice
para o recorte de renda entre R$ 85,01 a R$ 140,00 o número gira em torno de 12.974.976 pessoas vivendo na linha da pobreza. Quando juntado as duas faixas de renda per capita
temos 49.778.431 pessoas vivendo na situação de pobreza e extrema pobreza. Ao compararmos a estimativa populacional de 2016, do IBGE, com os dados do CADÚNICO, temos
24,15% do número total da população brasileira, aproximadamente, necessitando do auxílio de programas de transferência de renda.

Conforme verificamos, este número é maior que o apontado pelo IBGE, de 9,96%, pois o CADÚNICO é um programa que aglomera um conjunto de informações sobre as famílias
brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza em tempo real em todos os municípios brasileiros, pois consiste em um cadastro geral para pessoas que necessitam ser
inseridas em programas de políticas sociais.

Os valores utilizados para considerar as pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza possuem referência no Decreto nº 8.794, de 29 de Junho
de 2016, da Presidência da República.

Fonte: Brasil, (2016, on-line).

Não obstante, se realizarmos um comparativo dos dados do CADÚNICO do ano de 2016 com os dados do primeiro semestre de 2017, verificamos que a pobreza e a extrema
pobreza continuaram aumentando. O número de pessoas que viviam na linha da extrema pobreza e pobreza aumentaram consideravelmente. De acordo com os dados, em torno de
39.267.554 de pessoas se encontravam em extrema miséria e em torno de 13.068.038 pessoas na linha de pobreza no primeiro semestre de 2017. O aumento corresponde em
torno de 6,27% de novas pessoas vivendo na linha da extrema pobreza e, respectivamente, 0,71% pessoas vivendo na linha da pobreza.

Em linhas gerais, podemos dizer que houve um aumento considerável de pessoas vivendo em extrema pobreza, que pode ser justificado devido a migração destas da linha da
pobreza para a de extrema pobreza, uma vez que essas pessoas ainda estavam expostas a maiores vulnerabilidades sociais. Quando somadas as duas linhas e comparadas com o ano
de 2016, vemos que o aumento foi de 2.557.161 (4,9%) de pessoas vivendo em situação de pobreza e extrema pobreza. Estes dados comprovam a sinalização dos organismos
internacionais para o aumento das desigualdades sociais no Brasil.

Assim, como as ações governamentais no Brasil têm buscado romper com essa lógica de desigualdades sociais que se expressam de diferentes formas e lugares?
Programas Sociais de Intervenção no Brasil
Como vimos, as políticas sociais no Brasil ganharam aparato legal em grande escala no país a partir da Constituição de 1988, e tiveram seu ápice na primeira década do século XXI.
Entre todas as medidas tivemos uma série de programas sociais com foco na superação das desigualdades sociais e superação da pobreza e da extrema pobreza em todo o território
nacional.

Vamos agora conhecer alguns exemplos de programas sociais que têm auxiliado na busca da superação das desigualdades sociais no Brasil.

Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda com vigência em todo o território nacional. Inspirado no programa de transferência de renda criado na
cidade de Campinas em 1994, e implementado como Bolsa Escola em 2001, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o Programa Bolsa Família passou por
aprimoramentos ganhando status de uma das principais políticas sociais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por integrar as políticas públicas sociais de assistência
social, educação e saúde. Implantado pela Medida Provisória 132, de 20 de outubro de 2003, se tornou lei em 9 de janeiro de 2004 (Lei Federal n. 10.836), unificando os programas
instituídos ao longo da década de 1990 pelo governo (FHC), chamados de Programas Remanescentes.

Deste modo, os programas unificados pelo Bolsa Família foram:


Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 21 de abril de 2001;
Bolsa Alimentação, instituído pela MP nº 2.206, de 6 de setembro de 2001;
Auxílio Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002;
Cartão Alimentação, instituído pela Lei nº 10.689, de 13 de junho de 2003.

A respeito desta unificação, Rocha (2011) salienta que

apesar do Programa Bolsa Escola ter sido o mais importante, outros programas de transferência de renda foram criados pela governo federal a
[...]

partir de meados dos anos 90, atendendo objetivos específicos. Em 1996, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) foi instituído para
enfrentar questões graves de trabalho penoso de crianças. Em 2001, foi criado o Auxílio Gás de modo a compensar as famílias de baixa renda pela
eliminação do subsídio embutido no preço ao consumidor do gás de cozinha. Também em 2001, o Bolsa Alimentação, sob responsabilidade do
Ministério da Saúde, tinha como foco complementar o Bolsa Escola, atendendo a famílias pobres com crianças de 0 a seis anos (ROCHA, 2011, p.
117-118) .

Não obstante, o diferencial do PBF foi centralizar suas ações em um único ministério, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome — MDS, que por sua vez
descentralizou ações, mas as administrou para que elas alcançassem os objetivos propostos articulando ações com os Ministérios de Educação e Saúde.

Organizado em três secretarias, o MDS voltou suas ações visando a proteção social, por meio da transferência de renda, do monitoramento e da avaliação dos programas sociais.
Deste modo, as competências das ações ficavam sob a responsabilidade da Secretaria Nacional de Assistência Social — com a responsabilidade de planejar ações de proteção social,
busca ativa, cadastramento no Programa Cadastro Único (CADÚNICO) e o acompanhamento das pessoas vulneráveis; Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (SENARC) —
responsável pela transferência de renda e pelo acompanhamento do cumprimento das condicionalidades (de saúde e educação) dos programas pelos beneficiários; Secretaria de
Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) — responsável pelas ações de gestão da informação, monitoramento, avaliação e capacitação de agentes sociais, com o objetivo de analisar os
impactos causados pelas políticas sociais. Neste sentido,

o Bolsa Família tem por objetivo combater a fome e a pobreza, promover a segurança alimentar e nutricional e o acesso aos serviços públicos e
[...]

estimular o desenvolvimento socioeconômico do país. Para isso, pauta-se na articulação de três dimensões essenciais. A primeira delas refere-se ao
alívio imediato da pobreza por meio de transferência direta de renda às famílias. A segunda dimensão diz respeito ao reforço para a concretização do
exercício dos direitos sociais básicos nos setores de Educação, Saúde e Assistência Social, rompendo o ciclo intergeracional da pobreza. Essa
dimensão efetiva-se com o cumprimento das condicionalidades. A terceira dimensão caracteriza-se pelo apoio à capacitação das famílias, por meio
da articulação com programas complementares de alfabetização, de geração de emprego e renda, entre outros (MDS, 2010, p. 9)3

3 Disponível em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/alimentacao-adequada/orientacoes-fiscalizacao-controle-social-bolsa-familia-20102010 .

Acesso em: 25 mai. 2017.

Atualmente, o Programa Bolsa Família faz parte do Ministério de Desenvolvimento Social — MDA, que tem gerenciado os programas sociais vinculados a assistência social e
continua sendo o principal programa de transferência de renda nacional.
As condicionalidades são exigências estabelecidas para que as pessoas possam acessar os programas sociais. Os critérios variam de acordo com cada
programa. No caso do Bolsa Família, os beneficiários precisam manter as condicionalidades da assistência social (cadastro atualizado); da educação
(frequência escolar) e da saúde (acompanhamento das gestantes e nutrizes) em dia.

Fonte: Disponível em: http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia .

Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)

O Programa Minha Casa Minha Vida está ligado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, responsável pela coordenação da concessão de benefícios junto à
Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, governos e entidades locais. Foi lançado em 2009 pelo Governo Federal em parceria com estados, municípios, empresas e entidades
sem fins lucrativos para permitir o acesso à casa própria para famílias de renda baixa e média. A ideia central do programa é gerar uma cadeia produtiva da Indústria da Construção,
gerando emprego e renda para milhares de trabalhadores e um incremento para o comércio, aumentando a oferta de imóveis à venda a partir da aquisição da casa própria4.

4 Disponível em: http://www.minhacasaminhavida.gov.br/ Acesso em: 28 mai. 2017.


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Programa Universidade Para Todos (PROUNI)

Criado Pelo Governo Federal no ano de 2004, o PROUNI consiste em um programa do Ministério da Educação, que oferece bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em
instituições privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior5.

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC)

O PRONATEC foi criado em 2011 com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país, bem como ampliar as
oportunidades educacionais e de formação profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda6.

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)

É um programa nacional que financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O PRONAF articula uma rede
de instituições da sociedade, possui as taxas mais baixas de juros dos financiamentos rurais e as menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País7.

5 Disponível em: http://prouniportal.mec.gov.br/ Acesso em: 28 mai. 2017.


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6 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pronatec Acesso em: 28 mai. 2017.


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7 Disponível em: http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf-creditorural/sobre-o-programa Acesso em: 28 mai. 2017.


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Programa Saúde da Família (PSF)

O Programa foi implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde em 1994, recebendo o nome na atualidade de Estratégia Saúde da Família (ESF). O programa visa à reorganização da
atenção básica de saúde no País, em consonância com a Lei Orgânica da Saúde e do Sistema Único de Saúde — SUS. Seu objetivo é as estratégias de expansão, qualificação e
consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção
básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, propiciando, desta forma, uma importante relação custo-efetividade8.

Como podemos perceber, existem vários programas sociais em diferentes áreas, todos voltados ao estabelecimento de políticas sociais capazes de superar os princípios de
desigualdades sociais. De fato, estes ainda não têm sido suficientes para o rompimento dos problemas existentes, todavia, as últimas décadas experimentaram ações
governamentais como nunca se viu no Brasil. Há muito o que se fazer para conseguirmos estabelecer um Estado que garanta dignidade e desenvolvimento humano a sua população,
sobretudo, no que tange o acesso de todos aos direitos fundamentais de cidadania.

Assim, só será possível a consolidação de um Estado Democrático de Direitos para todos quando tivermos o Estado democratizando efetivamente suas estruturas abandonando
suas práticas de dominação e instituindo políticas públicas sociais a todos que aqui vivem.

8 Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_esf.php Acesso em: 28 mai. 2017.


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ATIVIDADES
1. As desigualdades sociais no Brasil são históricas e plurais e as políticas sociais são uma tentativa de combatê-las. De acordo com os estudos realizados, identifique a alternativa
correta.

a)As políticas sociais no Brasil foram se alargando a passos lentos no cenário brasileiro e os movimentos sociais não se tornaram os grandes protagonistas no estabelecimento de
um Estado capaz de gerir as desigualdades existentes.

b) No Brasil, as políticas sociais começaram a ser fortalecidas ao longo do século XX, especialmente no governo de Getúlio Vargas, na década de 1930.

c) As políticas sociais foram sendo incorporadas às práticas governamentais de forma rápida e a implementação se diferenciou de acordo com cada sociedade.

d) As características culturais no Brasil se apresenta na aparência física apenas demonstrando a pluralidade existente no país.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

2.A partir dos fortes movimentos contestatórios, as políticas sociais passaram a integrar as ações governamentais com políticas de amenização das consequências causadas pelo
sistema capitalista. Sobre as políticas sociais, assinale a alternativa correta.

a) A política social é resultado da articulação entre os diferentes agentes políticos existentes na sociedade que buscaram contestar a lógica liberal vigente.

b) A política social não é resultado da articulação entre os diferentes agentes políticos existentes na sociedade que buscaram contestar a lógica liberal vigente.

c) A política social é resultado da articulação entre os diferentes agentes políticos existentes na sociedade, porém estes não buscaram contestar a lógica liberal vigente.

d) A política social é resultado da articulação entre os diferentes agentes políticos existentes na sociedade que buscaram contestar a lógica social vigente.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

3. Desigualdades sociais, pobrezas, exclusões sociais, preconceitos, discriminações e segregações não são fenômenos únicos de um tipo de sociedade. Sobre essa afirmativa,
assinale a alternativa correta.

a) Estes fenômenos são superados pela modernização, pela globalização e pelas novas tecnologias que se renovam constantemente alterando os padrões organizativos de todas as
sociedades.

b) Estes fenômenos são resultados da modernização, da globalização e das novas tecnologias, mas não renovam constantemente os padrões organizativos de todas as sociedades.

c)Estes fenômenos são resultados da modernização, da globalização e das novas tecnologias que se renovam constantemente, porém não alteram os padrões organizativos de
todas as sociedades.

d) Estes fenômenos são resultados da modernização, da globalização e das novas tecnologias que se renovam constantemente alterando os padrões organizativos de todas as
sociedades.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

Resolução das atividades

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RESUMO
As discussões acerca dos problemas sociais resultam em diferentes reflexões de como as ações governamentais têm ajudado no processo de superação das desigualdades sociais,
pobreza e exclusão social em nossa sociedade.

Políticas de intervenção por meio de programas sociais têm sido uma das opções utilizadas pelos diferentes governos nesse processo, como é caso do Brasil. Essas políticas quando
atreladas a um planejamento governamental eficaz e com a colaboração da sociedade trazem inúmeros benefícios, contudo, quando pensados apenas como política de
emergencialidade, o legado deixado pode ser um aumento das desigualdades sociais.

Neste sentido, as políticas sociais devem estar inseridas em um sistema de políticas públicas e expressas por programas sociais que atendam as demandas do público atendido. Isto
é, os programas de políticas sociais devem considerar as características locais, regionais e nacionais, bem como as características culturais de cada povo.

O multiculturalismo e a grande extensão territorial existente no Brasil demonstram a necessidade de estratégias diferentes para o combate dos problemas sociais existentes em
todo o território nacional, onde o preconceito, a discriminação e a segregação também se manifestam diferentemente. Pois, tendo em vista as maneiras como ocorreu a colonização
destes territórios, temos neste processo o reforço dos vários tipos de dominação em nossa sociedade, que geram comportamentos socioculturais que não contribuem em nada para
o desenvolvimento humano e social do nosso povo.

Deste modo, as políticas sociais é um mecanismo de garantia de acesso de toda a população aos direitos de cidadania, bem como de levar às pessoas dignidade humana garantindo
que ocorra o mínimo de desenvolvimento social e de respeito às diferenças sociais e culturais de um indivíduo, de um grupo e/ou de um povo.

Assim, ao passo que as desigualdades sociais vão sendo superadas, a pobreza e a exclusão social se diluem ao mesmo tempo que as políticas públicas levam segurança ao exercício
da cidadania em um sistema de direitos garantidos por um Estado Democrático, o qual não olha as diferenças sociais e culturais como um problema, bem como não admite
processos de preconceito, discriminação e segregação estabelecendo, deste modo, tornando uma sociedade plural e tolerante.

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Material Complementar

Leitura
Políticas Públicas de Trabalho e Renda no Brasil Contemporâneo

Autor: Maria Ozanira da Silva e Silva; Maria Carmelita Yasbek

Editora: Editora Cortez

Sinopse Em meados de 1970, um conjunto de mudanças foi desencadeado, afetando fortemente o


:

capitalismo e o sistema de produção de mercadorias. Estas mudanças acarretaram profundas


repercussões no universo do trabalho e das classes trabalhadoras. Podemos dizer que o mundo do
trabalho sofreu uma mutação de forte envergadura e a empresa dita moderna gerou fortes
consequências, tanto no que concerne ao trabalho, quanto ao mundo do capital.

Filme
Quanto vale ou é por quilo?

Ano: 2005

Sinopse: Quanto Vale ou É por Quilo? é um filme brasileiro, de 2005, do gênero drama, dirigido por
Sérgio Bianchi. O filme faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da
miséria pelo marketing social, que formam uma solidariedade de fachada.

Na Web
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é uma fundação pública federal vinculada ao
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Suas atividades de pesquisa fornecem
suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação e reformulação de
políticas públicas e programas de desenvolvimento brasileiros.

Link: visite o site a seguir.

Na Web
O Instituto Pólis é uma Organização Não Governamental de atuação nacional e internacional. Atua na
construção de cidades mais justas, sustentáveis e democráticas, por meio das seguintes áreas:
reforma urbana, democracia e participação, inclusão e sustentabilidade e cidadania cultural.

Link: visite o site a seguir.

Na Web
Os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (NEABs), já existentes em pelo menos vinte universidades
federais e estaduais brasileiras, e que cujas siglas se assemelham (NEAB, NEIAB, NEINB), como é o
caso da USP, UFMG, UERJ, UNB, UFG, UFPI, UFSCAR, UFPR, UDESC e outras, desenvolvem
pesquisas científicas sobre a temática racial e têm um conjunto de propostas de ações afirmativas que
visam integrar de fato o negro à sociedade brasileira, em vários campos, inclusive na universidade.

Link: visite o site a seguir.

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REFERÊNCIAS
BRASIL, Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm visita realizada em ,

11/09/2017.

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Orientações para a Fiscalização e Controle Social do Programa Bolsa Família. Guia e Manuais 2010. Disponível
em: http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/alimentacao-adequada/orientacoes-fiscalizacao-controle-social-bolsa-familia-20102010 Acesso em: .

25 mai. 2017.

BRASIL, Presidência da República. Decreto nº 8.794, de 29 de junho de 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8794.htm .

Acesso em 30 mai. 2017.

CARDOSO JUNIOR, J. C.; JACCOUD, L. Políticas Sociais no Brasil: organização, abrangência e tensões da ação estatal. In: JACCOUD, L. (Org.). Questão Social e Políticas Sociais no
Brasil Contemporâneo. Brasília: IPEA, 2005.

FALEIROS, V. P. O que é política social. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

INSTITUTOS de Aposentadoria E Pensões. CPDOC Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/IAP


. . Acesso em: 6 set. 2017

MINISTÉRIO de Desenvolvimento Social — MDS. Disponível em: http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia Acesso em: 10 set. 2017. .

PIANA, M. C. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional. Available from SciELO Books. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 233,
2009.

ROCHA, S. O programa Bolsa Família: Evolução e efeitos sobre a pobreza. Economia e Sociedade Campinas,
, v. 20, n.1 (41), p. 113-139, abr. 2011.

TEIXEIRA, S. M. Políticas Sociais no Brasil: A histórica (e atual) relação entre o “público” e o “privado” no sistema brasileiro de proteção social. Sociedade em Debate, Pelotas, 13(2):
45-64, jul.-dez./2007.

TEIXEIRA, S. F. (Org.). Reforma Sanitária: em busca de uma teoria. São Paulo: Cortez, 1989.

VIANNA, M. L. T. W. Em torno do conceito de política social: notas introdutórias. Rio de Janeiro: ENAP, 2002. Disponível em:
http://antigo.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fMariaLucia1.pdf Acesso em: 30 jun. 2017.
.

WOLFFENBÜTTEL, A. O que é? — Índice de Gini. ipea: Desafios do Desenvolvimento Brasília, 4 ed., nov. 2004. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?
,

option=com_content&id=2048:catid=28&Itemid=23 Acesso em: 6 set. 2017 .

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APROFUNDANDO

INCLUSÃO SOCIAL

Temos constantemente escutado pessoas falar de inclusão social em toda a sociedade, porém a ideia que se tem de inclusão restringe-se, na maioria das vezes, a dimensão da
necessidade do indivíduo ser incluído socialmente. Essa realidade acaba sendo reforçada pelas formas de preconceito com relação às minorias sociais, especialmente com as
pessoas com deficiência e idosos.

Mas, afinal, o que é inclusão social?

Primeiramente, precisamos entender que a inclusão social não se restringe a um público específico, ela abarca todas as pessoas da sociedade que por um determinado motivo ou
momento se encontram às margens da convivência coletiva. Ou seja, a inclusão social é ampla e visa oportunizar o acesso de todas as pessoas marginalizadas a convivência social.

Feito essa consideração, a inclusão social pode ser entendida como um conjunto de medidas ou práticas que buscam combater a exclusão de qualquer pessoa aos benefícios da vida
em sociedade, oferecendo oportunidades de acesso a bens e serviços a todas as pessoas independente da classe social, crença, raça, cor ou gênero sexual. A exclusão social, deste
modo, consiste em uma série de ações que visam superar as diferenças de classe social, educação, idade, deficiência, gênero, preconceito social ou preconceitos raciais.

De acordo com Werneck (1999, p. 108), a inclusão social coloca em debate a ideia de uma sociedade que considera e acolhe a diversidade humana, nos diferentes tipos de
atividades e nas diversas redes de relacionamentos, “estruturando-se para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados”.

Esse pressuposto da autora tem sido utilizado como argumento em todos os espaços a fim de despertar na sociedade a dimensão da necessidade do rompimento das lógicas que
geram exclusões sociais, tais como uma organização social pautado no consumo, o reforço de preconceitos, a redução dos serviços públicos e a privatização dos mesmos, bem como
a restrição dos direitos de cidadania.

Não obstante, a Declaração de Salamanca, um dos principais documentos internacionais referente a inclusão social, ressalta que

tendência em política social durante as duas últimas décadas tem sido a de promover integração e participação
[...] a e de combater a exclusão. Inclusão e participação são essenciais à dignidade
humana e ao desfrutamento e exercício dos direitos humanos. (UNESCO, 1994, p. 5).

Neste sentido, as instituições educacionais assumiram nos últimos anos um papel importante no processo de enfrentamento às desigualdades sociais, visando incluir todas as
pessoas no ambiente educacional a fim de que as mesmas possam desenvolver sua autonomia enquanto sujeitos sociopolíticos. Pois,

dentro do campo da educação, isto se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram promover a genuína equalização de oportunidades (...). Ao mesmo tempo em que escolas
[...]

inclusivas provêem um ambiente favorável à aquisição de igualdade de oportunidades e participação total, o sucesso delas requer um esforço claro, não somente por parte dos professores e dos
profissionais na escola, mas também por parte dos colegas, pais, famílias e voluntários. A reforma das instituições sociais não constitui somente uma tarefa técnica, ela depende, acima de tudo,
de convicções, compromisso e disposição dos indivíduos que compõem a sociedade (UNESCO, 1994, p. 5).

Assim, a inclusão social é resultado de um esforço conjunto entre os diferentes atores sociopolíticos no processo de superação das desigualdades sociais, bem como na tentativa de
estabelecer ferramentas de políticas públicas que garantam acesso a todas as pessoas aos seus direitos de cidadania.

REFERÊNCIAS

UNESCO. Declaração Mundial de Educação para Todos e Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem. Conferência Mundial sobre Educação para
Necessidades Especiais 06, 1994, Salamanca (Espanha). Genebra: Unesco, 1994.
,

WERNECK, Cláudia. Quem cabe no seu “Todos”? Rio de Janeiro: WVA, 1999.
.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; FARIA Everton Henrique;


,

Desigualdades Sociais e Cidadania.

Everton Henrique Faria;

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

32 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1.Desigualdades Sociais. 2. Cidadania. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 361

CIP - NBR 12899 - AACR/2

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