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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCH


Departamento de Economia Doméstica – DED
Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica – PPGED
Disciplina: Espaço e Sociedade – ECD 650
Professora: Neide Almeida
Genival Souza Bento Júnior – 77671

A SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS


ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. In: ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. RJ,
Zahar Ed. 1994. p. 7-60.

ELIAS, N. A individualização no Processo Social. In: ELIAS, N. A sociedade dos


indivíduos. RJ, Zahar Ed. 1994. p. 102-125.

No primeiro capítulo de sua obra, Elias (1994) apresenta a sociedade como uma
porção de pessoas juntas. Embora esse seja um denominador comum para diversos povos,
existem diferenças sócio-históricas e culturais que alteram a forma de vida de uma
comunidade para outra. O surgimento dessa sociedade não seguiu um planejamento, nem
por sujeitos isolados, tampouco pela sua ação conjunta. Seu funcionamento decorre da
vontade que as pessoas têm, isoladamente, de executar determinadas ações.
As interpretações relativas ao progresso da sociedade estão ancoradas em duas
correntes. Numa delas as mudanças ocorrem de forma concebidas, ou seja, acreditam que
esse é um projeto exclusivamente racional. O questionamento presente nessa acepção
discute o enrijecimento da função de instituições. Por exemplo, ao afirmar que o Estado
serve para garantir a ordem, acredita-se que ele foi criado para esse fim, quando na verdade
a sua finalidade se desdobra em função da ação dos sujeitos – que podem não ter
consciência da sua influência na construção dessa definição – em meio ao tempo.
Por outro lado, a outra corrente, contrária a primeira, isenta o indivíduo de todo o
processo. A sociedade é supraindividual e segue rumo ao caos. Ao mesmo tempo, ela é
regida por uma força anômica, que também é supraindividual, e afirma que certos
fenômenos não foram criados pelos sujeitos. As ações individuais seriam menos

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importantes, perdendo espaço para os estilos e formas culturais ou para as instituições
econômicas. Outro ponto dessa linha traz uma anima collectiva que também pode ser uma
“mentalidade grupal”. Nesse sentido, as explicações da sociedade resultariam da soma ou
da média das manifestações psicológicas dos indivíduos.
Portanto, a sociedade seria uma junção de pessoas, cuja manifestação estatística dos
aspectos psicológicos auxiliariam na compreensão da sociedade. Existe um consenso
acerca das definições de indivíduo e sociedade em nosso cotidiano. Entretanto, existe uma
lacuna que precisa ser preenchida por um modelo conceitual amplo, capaz de explicar a
relação indivíduo-sociedade através das transformações ocorrida com o avanço da história
e pelo desenvolvimento mais ou menos planejado da vida de cada um. Pensar a sociedade
como um somatório de sujeitos implica na perda de diversos elementos que fazem parte
dela.
Nesse sentido, “o todo é diferente da soma de suas partes, que ele incorpora leis de
um tipo especial, as quais não podem ser elucidadas pelo exame de seus elementos
isolados” (ELIAS, 1994, p. 11). Os estudos sobre a sociedade devem ir além da
fenomenologia, embora esse paradigma coloque o ser humano como um meio e a
sociedade como um fim. O equilíbrio entre essas duas partes é intermediado pela divisão
social do trabalho, que estimula a busca pelo bem-estar do primeiro e a oferta dessa
experiência pelo segundo. Portanto, só existe uma vida coletiva livre das perturbações se
todas as pessoas estiverem satisfeitas. Por outro lado, a satisfação individual ocorre quando
a estrutura social estiver ordenada. Trata-se de uma complementaridade.
A sociedade não é uma totalidade coesa. Ela é intermediada por contradições que
tornam a sua definição abstrata. É impossível criar uma ideia de “todo” ao se referir da
sociedade. Isso graças ao seu funcionamento tumultuado e que coloca as pessoas em
diferentes lugares. As pessoas exercem diversas funções dependendo do grupo que estão.
Esses papéis são incorporados de acordo com cada situação. Essa é uma ordem invisível
que orienta a ação humana nesse complexo funcional bem delineado. A partir desse
sistema, os sujeitos se desenvolvem e condicionam sua liberdade de escolha entre essas
brechas limitadas.
Mesmo nas situações em que não há vínculos aparentes, existem laços invisíveis
que conectam as pessoas a algo maior. Ao mudar de contexto, as funções assumidas são
readaptadas. Compreender essa estrutura específica permite visualizar as tensões desse
contexto. Ao mesmo tempo, as diferentes funções sociais conectamos indivíduos causando

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uma dependência funcional entre eles. Essa rede de relacionamentos é denominada como
sociedade. Ela é formada por estruturas sociais que são orientadas por regularidades sociais
– leis autônomas supraindividuais.
Quando as relações sociais são padronizadas, espera-se que uma explicação seja
dada a partir das estruturas e leis que orientam a sociedade. Para compreensão dessas ações
é desagregar essa ordem em partições menores e perceber suas interações. As leis
empregadas nas relações humanas não são autônomas ao indivíduo. Elas envolvem a
reciprocidade, mesmo que não sejam percebidas dessa maneira. Essas relações são o lócus
central das análises sociais e, ao mesmo tempo, assumem a condição sine qua non para a
existência da sociedade.
Cada pessoa possui um papel social único na rede que participa. Nas sociedades
mais simples, a participação em diferentes situações é mais escassa. A existência daquilo
que chamamos de “individualidade” só é possível a partir das experiências coletivas.
Sendo assim, os papéis sociais estão sujeitos ao tempo e estrutura social. Além disso, eles
são flexíveis. Isso ocorre, por exemplo, quando uma criança antes de nascer já tem suas
funções delineadas na estrutura familiar. Esse mesmo fato pode variar de acordo com o
local, tempo, religião, classe, cor de cada família. As pessoas são constantemente afetadas
pelos vínculos de sua rede. Isso destitui a ideia de um ponto inicial que define quando os
sujeitos passam a atuar em seus papéis sociais.
A construção da autoimagem eleva o individualismo. A estrutura psicológica do
processo civilizador priva os sentimentos, e as esferas sociais. A individualização se
expressa no mundo pela consciência. Numa sociedade altamente especializada, o controle
mais intenso dos instintos é freado pelas funções ocupadas e atribuídas. Enquanto isso, a
racionalidade – expressa pelo alto grau de controle e transformação dos instintos – limita-
se as especializações postas pela vida adulta. Diversas vezes, a ideia de sociedade é
assimilada como uma força transcendental ora boa, noutra ruim que rodeia os indivíduos.
O “eu puro” seria aquele que estabelece relações com pessoas de fora do seu meio.
Já a sociedade estaria oposta ao individualismo, como algo paralelo a sua autenticidade. As
modificações das relações humanas diluem a dicotomia entre sujeito-sociedade. Os papéis
sociais decorrem exclusivamente das relações sociais. Trata-se de uma reação de
reciprocidade resultante de um processo histórico. O caráter relacional descreve a maneira
como nos portamos e somos autorregulados diante dos outros.

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As relações sociais norteiam a ação dos sujeitos. A modelagem dos seres humanos
leva vários anos nesse procedimento de autorregulação. Através dela, o comportamento é
diversificado, o que a torna individualizada. Através dessa via a separação entre sociedade
e indivíduo no pensamento também é diluída. As estruturas da psique humana, da
sociedade e da história humana são complementares, o que exige sua análise de forma
conjunta. A sociedade é orientada por leis mais complexas do que aquelas que norteiam as
pessoas. Isso demonstra que somos seres sociais.
Tomar seres isolados como ponto de partida é algo inviável quando se trata da
análise da estrutura social. É necessário dedicar-se ao estudo das relações entre os
indivíduos, para em seguida, compreender os comportamentos particulares. A ideia de
“nós” resulta das maneiras como os indivíduos se veem nessa estrutura. Embora o ser
humano componha uma ordem social e natural, a flexibilidade da primeira difere o
comportamento dos demais seres vivos, mais especificamente, o controle das formas de
agir. A ordem social não é algo herdado, mas sim fluido. Por meio desse comando, a
humanidade monopoliza a força física e as instituições.
Sendo assim, existem alguns fenômenos que são exclusivamente humanos, tais
como a economia e a política. Essas manifestações originam formas de autorregulação e
funções sociais interdependentes. A administração da vida comunitária forma um
continuum só-histórico que cerca cada pessoa e garante o seu amadurecimento. O
comportamento coletivo é mediado pelos laços entre aquilo que deseja e o comportamento
individual e dos outros. Ao mesmo tempo esse continuum é conflituoso, ocasionando
transformações em sua estrutura. As distinções entre funções sociais propiciam conflitos e
exigem mudanças nas funções psíquicas. Essas transformações excedem o limite daquilo
que é considerado como basilar.
Os conflitos nas instituições sociais movem as transformações na estrutura social.
As tensões tornam-se coletivas e variam de acordo com cada geração. A alteração da
qualidade do comportamento humano no ocidente móvel os seres humanos à civilização.
Na história o que mais mudou foram as relações da vida comunitária. A explicação dessas
mutações se deu no âmbito da vida comunitária da sociedade ocidental e nas influências
sobre o indivíduo e suas funções psíquicas.
Para compreender as possibilidades de integração e desintegração do continuum
histórico faz-se necessário abdicar das visões distorcidas. As ações devem se orientar a
partir da elasticidade das tramas do período vigente. Embora a história não seja inanimada,

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seus observadores precisam notar a influência do sujeito isolado no percurso da história.
Uma pessoa inserida nesses meios pode perceber esse curso, bem como a sua vinculação
adequada. A história é um sistema de pressão das pessoas contra elas mesmas.
No caso das comunidades grandes, suas qualidades transitam entre a elasticidade e
a fixidez. Nesse caso, as escolhas resultam da posição social ocupada. O lugar do indivíduo
é definido pela abertura da sua estrutura social ao decorrer da história. Mesmo com o
enrijecimento, há espaços para a ação individual. As decisões são limitadas, mesmo diante
dessa plasticidade. A margem individual varia em intensidade e tamanho da estrutura. Isso
clarifica sua interdependência com o coletivo. Mesmo com quantidades distintas de poder
a estrutura social limita de poder. A estrutura social limita uma parte da ação dos
indivíduos.
Decisões particulares afetam os acontecimentos históricos. O poder é o elemento
que altera a liberdade do sujeito na estrutura social. Nesse sentido, as relações sociais
apresentam-se de forma dialética. Historicamente, foi no Iluminismo, que o indivíduo é
isolado da sociedade. Na conjuntura atual, as pessoas parecem “estranhas”, mas ainda
assim contribuem para a formação da individualidade. Essa questão foi explicada através
da religiosidade, provocando maior apreço e segurança pois faz parte de sua subjetividade,
espaço mais particular e essencial.
Ao tratar sobre a individualidade, o autor declara que ela é uma manifestação
psíquica da autorregulação humana diante dos outros. Sua diferenciação ocorre graças as
formas distintas de autoridade colocadas sobre essa expressão. Portanto, ela distingue-se
entre os sujeitos e não depende das estruturas herdadas. Ao mesmo tempo, essa
característica representa um cosmo autônomo em relação a tudo aquilo está ao redor. Essa
singularidade resulta da vivência humana. Quanto mais diferenciada é a estrutura funcional
de uma sociedade ou de uma classe dentro dela, mais nitidamente divergem as
configurações psíquicas dos indivíduos em seu interior. A sociedade não é externa aos
sujeitos, pelo contrário, há uma interdependência entre esses dois domínios.
A formação do “nós” se dá quando inúmeras pessoas espalhadas resolvem se
associar. Após essa organização, funções são atribuídas promovendo a sua
interdependência. Os fenômenos sociais não são planejados pelos atores. Sua ocorrência
desenrola-se desse continuum histórico autônomo.
No capítulo intitulado A individualização no processo social, o sociólogo discute a
busca por autonomia diante da complexidade das relações sociais. Com o avançar do

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tempo, a proteção e o controle dos sujeitos foram transferidos para os Estados
centralizados e urbanizados. Até nas áreas rurais a alteração do modo de vida acontece,
sendo uma interseção entre as cidades e o agrário essa perda das funções protetoras e
controladoras. A autonomia passa a ser uma exigência, ao invés de uma opção.
Essa exigência por individualização não é algo natural, pois está além do controle
dos sujeitos. Entendidos de maneira impessoalizada, as pessoas não possuem vínculos
intensos de parentesco, tampouco vínculos mais próximos nas comunidades complexas.
Trata-se de um processo de individualização ou de civilização. Em qualquer um dos casos,
as apreensões e o policiamento dos impulsos reprimidos são ampliados. Essa
autopercepção defronta-se com o processo civilizador, invertendo a relação dos sujeitos
com as restrições sociais internalizadas ao decorrer de sua socialização. Esse
encadeamento priva as relações coletivas e escancara preconceitos, pois recoloca a
antagonismo entre indivíduo e sociedade.
A presença de controles mais intensos dos instintos – marcada pela exigência das
performances sociais de forma esperada – alargam os conflitos geracionais, O processo
civilizatório nas crianças é mais moroso que para os adultos. A complexificação e
centralização das comunidades faz com que o desempenho das tarefas dos mais velhos se
tornem mais prolongadas e herméticas. As expectativas juvenis divergem das ocupações
oferecidas pela industrialização e urbanização. Nesse sentido, o processo civilizador dos
mais novos é marcado pela repressão, uma vez que suas aptidões e interesses estão
relacionadas à outra fase da vida e não há espaço para que possam experienciar esses
papéis sociais.
O dualismo entre o “eu-interior” e o “coletivo-exterior” permanece mesmo nas
situações de maior especialização. As formas de controle dos pensamentos e ações
colocam um antagonismo entre a busca pelo conhecimento e os objetos do conhecimento.
Verifica-se um aumento do domínio da natureza proporcionado pelo avanço técnico-
científico que acarreta a naturalização desse poder. Por sua vez, as forças naturais são
enfraquecidas com o antagonismo natural-humano, escancarando o descontrole das
relações coletivas.
A separação entre indivíduo-sociedade aproxima-se de um devaneio metafísico. A
sociedade ocupa a posição de ator externo e esse status é incapaz de alcançar o eu interno.
A personificação da ideia de sociedade a transforma numa pessoa associada a restrições da
vida natural. O conjunto de aspectos emocionais é associado àquilo que se entende como

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natural. Têm-se uma modificação dos antagonismos que regem a vivência humana que é
marcado por um primeiro momento cuja natureza é entendida como uma oposição ao
humano e depois recolocada, como uma manifestação daquilo que a coletividade retirou
dos sujeitos. Ou seja, um “núcleo interno autêntico’.
A presença constante dos outros controla a ação individual exigindo espaços de
solidão, principalmente nos grandes centros. Esse fenômeno altera a subjetividade, levando
a riscos relacionados aos planos futuros e sua imprevisibilidade. Isso inibe a felicidade
momentânea dos indivíduos e suas metas mais longínquas. A autocobrança coloca os
sujeitos num estado incapaz de sentir prazer pelas metas alcançadas, visto que, suas
angústias são ampliadas por aquilo que não foi alcançado. Um contingente maior de metas
equivale as incertezas colocadas. Essa dubiedade expressa os riscos assumidos, por
exemplo, nas comunidades rurais que não tem um leque diversificado de escolhas diante
das catástrofes naturais. Suas vidas são condicionadas pela natureza, portanto, as projeções
futuras são limitadas.
Esse mesmo cenário de incerteza está presente nas sociedades industrializadas.
Mesmo com o aumento da previsibilidade, o tempo e a especialização do trabalho
colocaram-se como intermediadores das decisões humanas. O crescimento populacional
possibilitou, através de investimentos individuais, a formação e o alcance dessa meta
social. O processo de individualização inviabiliza uma leitura do todo e transforma os
hábitos. Há um impulso direto que orienta as necessidades postas. As relações com o
trabalho tanto nas comunidades simples, quanto nas complexas demonstram a
vulnerabilidade a fatores que não são controlados pelo ser humano.
A divisão das funções e o aumento dos presságios careceu do acúmulo de
conhecimentos adquiridos ao decorrer da história para controlar a externalidade. O controle
dos impulsos diretos permite a definição do progresso e da decadência. A partir disso, é
possível compreender os caminhos tomados pela sociedade. As mudanças sociais e mentais
nos grupos menores são imediatistas, enquanto sua satisfação é garantida pelo alcance das
suas necessidades mais simples. Em contrapartida, nas comunidades maiores, a divisão do
trabalho controla o comportamento e as necessidades individuais, além de exigir uma
estrutura governamental mais refinada.
A origem social concebe ao individual diferentes possibilidades de escolhas, uma
dessas expressões é o aumento das profissões. Com a diversificação das ocupações as
inter-relações são ampliadas, mas ao mesmo tempo, cada indivíduo deseja sua diferenciar

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dos outros. A alteração das relações diante de grupos mais centralizados e especializados
levaram a uma maior retaliação dos impulsos imediatistas particulares. Essa mudança
continuo por períodos mais extensos, mesmo com possibilidades de retrocessos. Houve
épocas em que novas aberturas foram construídas através das variações sociais e psíquicas.
A estrutura social especializada é afetada pelas relações de poder humanas. Ela foi
responsável pela alteração das relações sociais. A especialização e a dilatação da
produtividade privilegiaram grupos no tocante a produtividade do trabalho. No novo
contexto, a ciência exerce o papel de mediadora da relação entre humano e não-humanos e
na relação entre as pessoas. O controle dos elementos naturais decorre da estabilidade da
estrutura social. Isso só poderá ser alcançado através das relações de reciprocidades entre
os sujeitos.
O controle da natureza será alcançado paulatinamente por todas as sociedades
humanas. Com isso, muitos sujeitos serão liberados das funções meramente protetivas, pela
satisfação e medo do desconhecido e urgências do cotidiano. É necessário ressignificar os
termos “previsão, inteligência, civilização e individualidade” como algo maleável. Eles são
aspectos flexíveis e diferem apenas em relação à sua singularidade. Essa possibilidade de
transformação tira os sujeitos de uma condição “individualizada” e os coloca como
indivíduos.
Nesse processo, as pessoas incorporam suas diferenças e se veem dessa forma. É
uma individualização dos indivíduos, pois as pessoas procuram meios de se distinguirem
dos outros por meio de lutas e disputas por poder. O desejo de ser mais importante que os
outros é o combustível sem o qual ela perderia sua identidade, que por sua vez, não está
restrita à perspectiva natural, mas sim, ao aprendizado social construído. Uma
personalidade só se forma nas situações humanas específicas que possui uma estrutura
própria. Trata-se de algo pessoal e próprio de cada grupo. É um ideal individual
socialmente cobrado e introjetado nas sociedades heterogêneas.
A identidade é afetada pelo ego e pela individualização. As pessoas naturalizam
essa disputa comportamental e trilham caminhos para alcance de suas metas nos seus
contextos específicos. Essa individualidade é uma forma de destaque intermediada por
riscos. A ocupação de posições sociais estimula a competitividade num grupo, podendo
abalar as formas de controle dos impulsos. O desacordo entre as lutas não-sociais inerente
ao indivíduo e a estrutura social reforça o antagonismo entre sujeito e coletivo, destituindo
a importância das instituições sociais em suas vidas. Esse conflito representa uma

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possibilidade de liberdade presente na rotina de cada pessoa. Ela constrói oposições em
evidência e contribui para a estruturação dos grupos e entre grupos.

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