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Solis: 15 anos de Inovação em

soluções de energia renovável pode oferecer de 700W a 10kW. Para os trifásicos, a Solis possui
soluções de 10kW a 110kW no Brasil. Os inversores trifásicos da
Solis sempre têm mais MPPTs do que outros, o inversor será mais
Solis é um dos maiores fabricantes de inversores solares do seguro no local CC e tem mais proteções como sobretensão e
mundo, e é uma empresa de capital aberto que se concentra em sobrecorrente. Para usinas, a Solis tem soluções de 1500V de
inovações de inversores de String. Na verdade, este ano é o 125kw, 250kw e 255kw, e de longe, já foram instalados mais de
aniversário de 15 anos da Solis, com esses 15 anos de inovação, a 100MW de nosso sistema inversor de 1500V no Brasil.
Solis sempre foi ‘desenvolvendo tecnologia para abastecer o
mundo com energia limpa’, cada vez mais clientes estão usando
soluções da Solis, você pode ver os inversores solares da Solis
em vários lugares diferentes e famosos, incluindo a Torre Eiffel em
Paris.

Por que Solis

Por que a Solis é tão popular


no mundo?
E para que serve sua inovação?

• A inovação é para os clientes. • A inovação é para a qualidade e a confiabilidade.


A Solis tem sucesso porque estamos próximos dos Como sabemos, o inversor solar é o equipamento principal de um
clientes e sabemos o que os clientes precisam. Por sistema solar, um sistema solar pode funcionar mais de 25 anos,
exemplo, somos um dos primeiros fornecedores de neste caso, é importante escolher uma marca de equipamento
inversores a oferecer inversores monofásicos de confiável. Nesta parte, a Solis é a primeira empresa de inversores
7-10kw com 3 MPPTs no Brasil, e também, fomos solares aprovada no teste de confiabilidade PVEL (o antecessor era
uma das primeiras empresas que forneceu inversores DNV-GL) nos EUA e a Solis ganhou o prêmio TÜV Rheinland “All
trifásicos com saída de 220 V no Brasil. Solis sempre Quality Matter” por dois anos consecutivos, em 2019 e 2020.
colocou mais soluções de proteção no inversor, como A vida útil dos inversores dos modelos apresentados foram positiva-
DPS, AFCI (prevenção de arco), etc. Construímos mente impactados pelo longo e impressionante histórico de
nossa equipe de suporte técnico e centros de reparo inversores fotovoltaicos projetados e fabricados pela Ginlong. As
no Brasil para apoiar localmente os clientes e projeções de vida útil estão no topo ou próximo ao topo das
encaminhar seus requisitos para nossa equipe de projeções de vida do inversor do string de acordo com a DNV-GL.
desenvolvimento de inversores na China.

• A inovação é para o futuro e muito mais.


• A inovação é para os parceiros. Para a inovação futura,Eric Zhang, Diretor de Vendas Global da Solis
Primeiramente, podemos oferecer mais de 35 disse que a Solis está comprometida em trazer mais soluções de
modelos para o mercado brasileiro, as potências dos energia renovável para o Brasil e o mundo. “Vamos trazer nosso novo
inversores são de 700W a 255kW, será fácil para os sistema híbrido e sistema off-grid para o Brasil. Enquanto isso, o
parceiros escolherem. Para os monofásicos, a Solis sistema Solis Cloud logo chegará ao Brasil em 2021, e ele pode ajudar
o inversor a ser mais inteligente e smart, ele também pode expandir
para mais aplicações com IoT, Big data, etc. Em suma, a Solis gostaria
de se tornar um fornecedor geral de soluções de gerenciamento de
energia renovável para os nossos clientes globais.
DIRETORA DE REDAÇÃO DIAGRAMAÇÃO
Ericka Araujo Beatriz Baquiega
William Nunes
DIRETORA DE PRODUÇÃO
Debora Garcez ARTE
William Nunes
EQUIPE DE REDAÇÃO Yasmin Cortez
Bruno Kikumoto
Ericka Araujo EDITOR E DIRETOR
Francisco Carlos Vendramel Bruno Kikumoto
Mateus Badra
Mateus Vinturini
Paulo Edmundo Freire
Vitória Gomes
CARTA AO LEITOR EDITORIAL

Caro leitor e cara leitora:


É com grande alegria que lan- simples e direta, para o setor
çamos a primeira edição da de energia solar. Encaramos
Revista Canal Solar, seguindo com muita responsabilidade o
nosso propósito de estar sem- papel de ser uma fonte confiá-
pre presente em seu dia-a-dia, vel de informações relevantes
agregando informações valio- e notícias para suas tomadas
sas e atuais. de decisão e seu aprendizado.

O Canal Solar é uma plataforma Espero que gostem dos conteú-


de conhecimento para o merca- dos preparados pela nossa equi-
do fotovoltaico. Vamos encerrar pe de jornalistas, engenheiros e
2020 com 1 milhão de acessos colunistas, sempre escritos com
em nosso website. Profissio- muito zelo e total imparcialidade.
nais nos visitam diariamente em
busca de conhecimento e co- Desejamos uma ótima leitura!
lecionam nossas matérias para
consultas e discussões com co-
legas e clientes.

A Revista Canal Solar nasceu


para facilitar a leitura, o compar-
tilhamento e a coleção do nosso
conteúdo. Com design inovador,
próprio para a leitura em smart-
phones, estaremos sempre com
você, no seu bolso, mesmo sem
conexão à internet.

Continuamos firmes no propó-


sito de levar informação e con- Bruno Kikumoto
teúdo de qualidade, de forma DIRETOR DO CANAL SOLAR

R EVI STA CAN AL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 4


ÍNDICE D E Z EMBRO DE 2020

07. De quem é a responsabilidade civil?

13. Google pretende operar somente com


fontes renováveis até 2030

16. O que é o LCOE e como utilizar nos


projetos fotovoltaicos?

29. Ano de 2021 promete ser ainda mais solar

37. Avaliação do desempenho das telhas


fotovoltaicas de filme CIGS

44. Compatibilidade de microinversores com


módulos acima de 500W

53. PAPO SOLAR com Ronaldo Koloszuk

57. Sistema de aterramento de uma usina


fotovoltaica (UFV)

65. Aluguel de equipamentos fotovoltaicos é


solução pra quem não tem telhado

67. “Retirada de incentivos no setor elétrico


deve começar pelas fontes fósseis”

70. ENTREVISTA com Aldo Teixeira

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DE QUEM É A
RESPONSABILIDADE
CIVIL?

Profissionais que atuam no se- sistema fotovoltaico, alertando


tor solar, como integradores de sobre eventuais riscos. Porém,
sistemas fotovoltaicos, devem mesmo tendo todo este cuida-
garantir a segurança dos seus do acidentes podem ocorrer,
serviços, atendendo as normas como por exemplo, um painel
técnicas relativas à fabricação, cair e machucar uma pessoa.
ao projeto e à instalação dos
equipamentos solares. Para saber como agir quando
este tipo de situação ocorre
Este tema se torna cada vez é fundamental saber o que é
mais relevante no setor solar, já responsabilidade civil e o que
que a energia solar é uma das ela compreende. Este conteú-
principais fontes renováveis do também alertará os consu-
e está crescendo constante- midores finais sobre os riscos
mente no Brasil, tornando-se que correm ao contratar uma
a opção econômica e susten- empresa que não tenha uma
tável de muitas residências e equipe técnica capacitada.
empresas (saiba mais).
Isso porque quando os siste-
Além disso, os profissionais mas fotovoltaicos são projeta-
devem estar cientes que têm o dos e instalados por profissio-
dever de informar seus clientes nais qualificados, com produtos
sobre a utilização correta do de qualidade, seguindo as nor-

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mas e as boas práticas de en- pendentemente do responsá-
genharia, os riscos de aciden- vel, podendo as empresas pedir
tes são praticamente nulos. ressarcimento ao causador do
dano posteriormente”.

O que é responsabilidade No entanto, se for constatado


civil? e provado que o produto ou o
serviço ofertado na instalação
Responsabilidade civil é o de- do sistema fotovoltaico não
ver de reparar o dano causado tem defeito, ou que a culpa pelo
a uma pessoa, física ou jurídi- dano foi exclusivamente do
ca, por meio de uma indeniza- cliente, a empresa, seja a que
ção. “Em regra, podemos dizer vendeu o produto ou a que rea-
que quem causa um dano é lizou a instalação não será res-
obrigado a reparar para man- ponsabilizada e, consequente-
ter o equilíbrio da sociedade”, mente, ficará isenta de pagar
esclarece a advogada Marina indenização pelo prejuízo.
Pupo Nogueira, especialista
em direito civil.

“Segundo o Código de Defesa


do Consumidor a responsabi-
lidade civil ocorre quando há
danos materiais, danos morais
ou quando um equipamen-
to não funciona ou não atinge
sua funcionalidade”, acrescen-
ta a advogada Lilian Novakoski,
também especialista na área.

A advogada Marina destaca que


a responsabilidade entre todas
as empresas da cadeia é soli-
dária, ou seja, fabricante, distri-
buidor, integrador e importador
podem ser responsabilizados.
“Sendo assim, todos podem
responder simultaneamente
perante o consumidor, inde-

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Exemplos no âmbito do “O valor da indenização conside-
setor solar rará a extensão do dano causa-
do. Em caso de danos materiais,
Para ficar mais claro, confira será preciso provar em juízo. Já
a seguir alguns casos hipoté- no caso dos danos morais terá
ticos que podem ocorrer du- que ser arbitrada por um juiz”,
rante ou após a instalação do acrescenta a advogada.
sistema fotovoltaico.
O proprietário de uma empre-
O que ocorre, por exemplo, sa contrata um prestador de
se um painel mal colocado serviço que não tem qualifica-
atinge uma pessoa e provo- ção técnica para instalar um
ca danos físicos? sistema fotovoltaico em sua
propriedade e depois de ins-
Segundo a advogada Mari- talado, acontece um acidente
na, tanto as pessoas jurídicas, com danos físicos a alguém
como as físicas, podem ser que transitava nos arredores.
obrigadas a reparar os danos O proprietário desta empresa
patrimoniais com valor econô- pode ser responsabilizado?
mico. Isto é, os prejuízos efe-
tivos e os lucros cessantes, A resposta é sim. “Na qualida-
bem como os danos morais. de de proprietário dos painéis
“Um painel mal instalado con- ou do local em que estão ins-
siste em uma falha na presta- talados, ele é responsável por
ção de serviço e, ao atingir uma danos que terceiros venham a
pessoa e provocar danos físi- sofrer. Contudo, haverá direito
cos, acarretará em responsa- de pleitear o ressarcimento da
bilidade do instalador, que de- empresa que prestou os ser-
verá custear os prejuízos que viços de forma inadequada”,
a pessoa sofreu por conta do explica Marina.
acidente, desde o tratamento
médico, até os dias de afas- Um supermercado contrata
tamento do trabalho. Também empresa que não tem capaci-
deverão indenizar a vítima por tação e nem competência téc-
possíveis danos emocionais nica para instalar energia solar.
decorrente do acidente, como Após o término da instalação
dor, sofrimento, medo, angús- um painel solar cai no carro de
tia, risco à saúde ou integrida- um cliente, provocando danos.
de física”, esclarece Marina. Quem será responsabilizado, o

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dono do supermercado, a em- Neste mesmo caso, se o dono
presa que instalou o equipa- do supermercado tiver con-
mento ou ambos? tratado uma empresa quali-
ficada, a advogada esclarece
Nesta situação, os dois po- que a indenização poderá ser
derão ser responsabilizados. mais branda. “Na hipótese de
“Ambos responderão e pode- existir uma condenação em
rão ser responsabilizados. Mas, danos morais, por exemplo,
é muito mais comum que o o fato de o supermercado ter
cliente processe apenas o su- tomado todas as cautelas,
permercado, pois é com quem poderá ser um critério para
tem um vínculo. Depois, o su- diminuir o valor da indeniza-
permercado pode processar a ção. Já para os danos ma-
empresa causadora do dano. teriais (avarias no carro, por
O fato de a empresa contra- exemplo), o valor não mudará,
tada não possuir capacitação pois será a quantia necessá-
técnica demonstra uma fal- ria para o conserto do veícu-
ta grave e pode, por exemplo, lo”, acrescenta Marina.
aumentar o valor de uma in-
denização”, enfatiza Marina. Uma pessoa instala em sua
casa um sistema fotovoltai-
co e ele pega fogo, alastran-
do para a casa do vizinho. O
proprietário da casa pode
ser responsabilizado?

Sim! “Tal fato pode acarretar dever


de indenizar, como, por exemplo,
na hipótese de o proprietário do
imóvel com o sistema fotovol-
taico não ter adotado as medi-
das de segurança e manutenção
corretas e recomendadas pelo
fornecedor do sistema e que sua
conduta tenha causado um pre-
juízo, pois é seu dever não preju-
dicar terceiros”, esclarece Marina.

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Quando ocorrem problemas
que causem danos à proprie-
dade ou às pessoas, quem
adquiriu e instalou o sistema
fotovoltaico e os projetistas
podem ser responsabilizados?

Segundo a advogada Marina,


na hipótese de o sistema fo-
tovoltaico causar danos à pro-
priedade vizinha, o proprietá-
rio do imóvel que provocou o
dano deverá reparar os prejuí-
zos, caso não tenha realizado
a manutenção ou utilização
correta do equipamento.

“Já o profissional só será res-


ponsabilizado se ficar prova-
do que ele agiu com intenção Contratação de
de causar o dano, seja por seguro é vital
agir com negligência (omis-
são), imperícia (falta de pre- A advogada Marina destaca
paro/conhecimento técnico) que para evitar problemas e
ou imprudência (falta de pre- diminuir os custos com indeni-
caução)”, explica Marina. zações é essencial que as em-
presas contratem um seguro
“No caso de uma pessoa jurí- que ofereça a cobertura sobre
dica prestadora de serviços, responsabilidade civil.
perante o consumidor não há
necessidade de investigar e “Empresas que vendem os pai-
provar no processo se agiu néis solares podem contratar
com culpa (dolo, negligência, seguros de responsabilidade
imperícia, imprudência). Bas- civil para a instalação e monta-
tará demonstrar o ato, o dano e gem, com cobertura para erro
a relação entre o ato e o dano”, de projetos, bem como respon-
acrescenta a advogada. sabilidade civil de empregador,

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com cobertura para danos mo- gue, por qualquer motivo que
rais, inclusive”, comenta Marina. seja. Com o seguro responsa-
Segundo a especialista Vanda bilidade civil não é diferente”,
Somera, diretora da Visioni Se- destaca Vanda.
guros, antes de contratar um
seguro, as empresas devem “Hoje, muitos estabelecimen-
pesquisar qual produto atende tos industriais e comerciais
suas necessidades. estão exigindo que as empre-
sas contratadas tenham uma
“É importante verificar se o apólice de responsabilidade
seguro está no tamanho cer- civil, risco de engenharia, ins-
to para os profissionais que talação e montagem, além de
atuam na área de instalação de seguro de vida de seus funcio-
sistemas fotovoltaicos. Afinal, nários, para contratar ou mes-
ninguém compra uma roupa mo autorizar o início da execu-
que não serve, ou pior, que na ção dos trabalhos”, acrescenta
hora que for usar, não conse- a especialista da Visioni.

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NOTÍCIAS MUNDO

Google pretende operar


somente com fontes
renováveis até 2030
Mateus Badra

O Google pretende abastecer seus data centers e escritórios usando


exclusivamente eletricidade com emissão de carbono zero até 2030.
É o que afirmou Sundar Pichai, CEO da empresa.

A “meta de expansão”, como Pichai descreveu, forçará o Google a ir


além da norma da indústria de tecnologia de compensar as emissões
de carbono do uso de eletricidade e exigirá avanços tecnológicos e
políticos para alcançá-la.

“O problema é tão imenso que muitos de nós precisamos mostrar o


caminho e mostrar soluções”, disse o executivo.

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NOTÍCIAS MUNDO

A energia solar, eólica e outras fontes renováveis foram responsá-


veis, por exemplo, por 61% do uso global de eletricidade do Google no
ano passado. A proporção variou por local, com fontes livres de car-
bono atendendo a 96% das necessidades de energia no data center
da empresa em Oklahoma (EUA), em comparação com 3% em sua
operação dependente de gás em Cingapura.

O Google destacou ainda que para zerar as emissões de carbo-


no no futuro pode utilizar baterias para armazenar energia fo-
tovoltaica, fontes emergentes como reservatórios geotérmicos
e ter um melhor gerenciamento das necessidades de energia.

“Para planejar 24 horas por dia, sete dias por semana, sem car-
bono em nossos data centers e campi em todo o mundo, vemos
um enorme desafio de logística, razão pela qual trabalhamos
duro para chegar lá. Estamos confiantes que podemos chegar
lá em 2030”, concluiu Pichai.

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ARTIGO TÉCNICO

O que é o LCOE
e como utilizar nos
projetos fotovoltaicos
Bruno Kikumoto

O Custo Nivelado de Energia, ou simplesmente LCOE (Levelized


Cost of Energy), é um termo que vem sendo amplamente utili-
zado no mercado de energia solar fotovoltaica. Tal parâmetro é
apontado como a nova métrica, ou a métrica mais efetiva, para
a avaliação da viabilidade de um sistema fotovoltaico, em detri-
mento do tradicional custo do sistema por watt.

Como é calculado e como deve ser utilizado o LCOE? É pura-


mente uma métrica de marketing, utilizada por fabricantes de
equipamentos para argumentar que a sua solução é melhor que
outra? É algo que os projetistas devem olhar para escolher as
melhores soluções para o seu projeto? É algo que os investido-
res devem olhar para tomarem as melhores decisões?

Neste artigo, discutiremos o que é o LCOE, como é calculado e


como é utilizado. Também serão mostradas algumas limitações e
erros de análise associados a essa métrica. Vale salientar que o ob-

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jetivo do artigo é apresentar de nais (Opex), pela energia ge-
uma forma clara, direta e sim- rada ao longo de toda a ope-
plificada o que é o LCOE, não ração da usina.
incluindo análises com indica-
dores financeiros mais especí- O cálculo deve incluir também
ficos como TIR, VPL, TMA, etc. eventuais custos residuais
Guardaremos para futuros ar- como, por exemplo, o valor dos
tigos a exploração destes con- equipamentos no final da vida
ceitos em análises de LCOE. do projeto. De uma forma sim-
plificada podemos equacionar
Ao final, mostraremos um es- o LCOE da seguinte forma:
tudo de caso aplicado a uma
usina solar fotovoltaica de 5 LCOE = CT / EP
MW em geração distribuída
(GD), avaliando a solução mais Onde:
viável dentre as várias solu-
ções apresentadas. CT = Custo total da usina, incluin-
do Capex, Opex e residual [R$]
O que é LCOE? EP = Energia total produzida ao
longo da vida útil da usina [kWh]
Em sua essência, o LCOE foi
criado e idealizado para com- O custo total da usina (CT)
parar o custo relativo da ener- pode ser calculado como:
gia produzida por diferentes
fontes de geração de energia. CT = Capex + Opex - Residual
O intuito de sua criação era
entender qual fonte energéti- Onde:
ca seria mais competitiva em
um determinado projeto de Capex = Custo de construção
geração: hídrica, térmica, eó- da usina [R$]
lica ou solar, por exemplo. Opex = Custo de operação da
usina ao longo de sua vida
Cálculo do LCOE útil [R$]
Residual = Valor dos equipa-
O LCOE é definido como a divi- mentos ao final da vida útil [R$]
são dos custos totais do pro-
jeto, incluindo não somente o É possível identificarmos que
capital investido (Capex) mas o LCOE retorna um valor em
também os custos operacio- R$/kWh, que é um valor mais

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palpável ao consumidor de • Condições do local (custo da
energia, que está acostumado propriedade, irregularidades
a ver este valor em sua fatura do terreno, proximidade de
de energia todos os meses. subestações, infraestrutura,
exposição a deposição de
Além disso, representa o real sujeira, licenças ambientais)
valor para este consumidor
que está investindo seu di- • Módulos fotovoltaicos (mo-
nheiro para economizar na nocristalinos ou policristali-
conta de energia, e não para nos, bifaciais ou monofaciais,
ter um parque solar mais ou PERC, MBB, tipo N ou tipo P)
menos potente.
• Inversores (inversor string
LCOE na energia solar ou central, com múltiplos
MPPTs ou não, com ventila-
Como mencionado acima, o ção forçada ou natural, in-
LCOE nasceu de uma neces- versores convencionais ou
sidade inicial de se comparar otimizadores, overload)
diferentes fontes de energia,
mas e se já temos definido que • Estruturas (fixa ou móvel –
a tecnologia de energia solar já rastreadores solares, mo-
é a escolhida, ainda faz senti- no-poste ou bi-poste, ma-
do utilizar este indicador? terial construtivo, tipo de
tratamento superficial)
A resposta é sim, faz todo
o sentido. O LCOE permitirá • Questões operacionais (pe-
comparar diferentes produ- riodicidade de manutenção,
tos, tecnologias, arquiteturas mão de obra necessária,
e soluções e concluir quais acesso à planta etc.)
delas entregam o menor cus-
to pela energia. • Custos diversos (monitora-
mento do parque, seguros
Alguns fatores que impac- etc.)
tam o LCOE de um sistema
fotovoltaico: A utilização do LCOE ajuda a
identificar as melhores oportu-
• Condições climáticas (tem- nidades para uma determina-
peratura, radiação solar, in- da aplicação, permitindo ava-
cidência de vento etc.) liar especificamente se uma

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determinada mudança de ar- ser levadas em conta para se
quitetura, conceito ou compo- calcular o LCOE.
nente tem uma implicação de
custo benéfica ou não. Limitações do LCOE

O cálculo do LCOE permite, por Um equívoco comum é que o


exemplo, avaliar se vale a pena projeto com o LCOE mais baixo
utilizar módulos fotovoltaicos é sempre o objetivo a ser bus-
com maior potência e maior efi- cado. O LCOE é uma boa fer-
ciência, mas com um preço em ramenta para estudar opções
R$/Wp superior, ou comprar dentro de um projeto e guiar
módulos com uma taxa menor decisões em uma perspectiva
de degradação, mas com pre- macro.
ço superior. Ou ainda testar a
viabilidade de se aplicarem ras- No entanto, nem sempre é a
treadores solares ou de se ado- métrica mais útil na tomada de
tar uma solução de eixo fixo. decisões sobre projetos, prin-
cipalmente em casos específi-
Vale ressaltar que em algumas cos. Por exemplo, em uma aná-
situações, uma mudança pode lise de LCOE, uma determinada
afetar outra escolha. Neste caso, solução de um determinado
todas as alterações devem ser fornecedor pode se apresentar
levadas em conta. Por exemplo, como a mais competitiva, com
supondo que em um determi- menor relação R$/kWh.
nado caso a equipe de projetos
é questionada pelo proprietário Entretanto, essa solução pode
da usina sobre se vale a pena não ser uma solução completa-
utilizar uma topologia de inver- mente validada tecnicamente,
sor central ou distribuída. ou este fornecedor pode não
ter uma participação sólida no
A escolha por uma ou outra não mercado, havendo o risco de
irá impactar somente o custo o mesmo deixar de operar no
dos inversores, mas também mercado local por uma decisão
de cabos e conexões elétricas, estratégica e colocar em risco
frete, mão de obra para a ins- o atendimento a possíveis fa-
talação, operação e manuten- lhas previstas em garantia.
ção e outros mais. Desta for-
ma, todas as mudanças que Outro bom exemplo diz res-
cada opção carrega precisam peito à confiabilidade do sis-

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tema e de seus componentes. Uma determinada solução pode
ter melhor LCOE, porém pode ter maior susceptibilidade a falhas.
O LCOE não leva em conta a confiabilidade da energia produzida
por um projeto.

Em suma, embora o LCOE seja valioso em muitas situações, dada


a variabilidade das situações e a complexidade do setor de energia
em geral, o LCOE é apenas um entre muitos fatores que devem ser
considerados na tomada de decisões nos projetos fotovoltaicos.

Estudo de caso: análise de LCOE de uma usina de


minigeração de 5 MW

No exemplo a seguir iremos explorar algumas questões comuns


nos projetos de energia solar de minigeração:

• Overload ótimo para os inversores


• Uso de módulos de maior ou menor potência

Ressaltamos que não é o objetivo dos exemplos dizer que uma


opção é melhor que a outra, mas sim direcionar os leitores quan-
to à realização das análises de LCOE.

Destaca-se ainda que os valores utilizados podem não repre-


sentar a realidade em um dado momento, dada a dinâmica de
preços do mercado, que varia de acordo com disponibilidade,
situação cambial, políticas econômicas (como ex-tarifários),
entre outras coisas.

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Para os dois exemplos utilizaremos como referência a composi-
ção de custos e os valores encontrados na Figura 1.

5% • Módulos Fotovoltaicos 43%


6%
• Conexão 15%
8% • Engenharia e Construção 14%
• Inversores 9%
9% 43%
• Estruturas 8%
• Gestão de Obra 6%
14% • Outros e contigência 5%

15%
R$ 3.500 mil/MWp

Arrendamento Área R$ 144 mil/ano

Serviços de O&M R$ 240 mil/ano


Custos operacionais R$ 504 mil/ano
R$ 47 mil/mês
Segurança R$ 48 mil/ano

R$ 564 mil/ano
Gestão de créditos R$ 72 mil/ano
2,68% do CAPEX

Contabilidade R$ 24 mil/ano
Custos
R$ 60 mil/ano
Administrativos
Financeiro R$ 36 mil/ano

Figura 1: Composição de custos de um sistema fotovoltaico de 5 MW e valores considerados neste estudo.


Fonte: Bernardo Marangon

A usina analisada neste exemplo encontra-se no norte de Minas


Gerais, utiliza trackers e possui 5 MW de potência CA.

Adicionando os custos de operação anual desta planta, pode-


mos montar uma tabela relacionando os itens que têm custo
proporcional ao número de módulos, custos que são fixos e
custos recorrentes:

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CUSTOS PROPORCIONAIS
CUSTOS ANUAIS DE OPERAÇÃO CUSTOS FIXOS
AO Nº DE MÓDULOS

Aluguel do terreno - R$7,92/módulo Tracker - R$100 Cabine de média tensão - R$3.150.000

Manutenção - R$13,20/módulo Mão de obra - R$100 Engenharia - R$ 200.000


Custos administrativos - R$108.000 Inversor - R$1.890.000
Demanda - 5MW CA - R$1.000.000

Fonte: Curso de Projeto de Usinas de Minigeração até 5 MW, produzido pelo engenheiro Mateus Vinturini

Para se obter o valor do LCOE, será utilizado o software PVSyst,


que leva em consideração a geração total do sistema, perdas
modeladas e o decaimento de rendimento dos módulos e dos
inversores ao longo dos 25 anos de operação da usina.

Exemplo 1 – Módulos policristalinos de de 330 W


ou mono-PERC de 440 W?

Os custos considerados dos painéis fotovoltaicos são mos-


trados abaixo:

CUSTO TOTAL
CUSTO POR WP CUSTO POR UNIDADE NÚMERO DE MÓDULOS
NA PLANTA
MÓDULO 330Wp Poli R$1,52 R$500,00 19.650 R$9.825.000,00

MÓDULO 440Wp R$1,68 R$740,00 14.790 R$10.944.600,00


Mono PERC

O módulo de 330 Wp aparenta ser uma boa solução, já que pos-


sui menor custo total, porém, devem ser levados em conta tam-
bém os custos dos itens que são proporcionais ao número de
módulos, como estrutura, mão de obra, aluguel da área e O&M
(operação e manutenção). Com isso temos:

CUSTOS CUSTOS
CUSTOS ANUAIS CUSTO DOS CUSTO CUSTO
PROPORCIONAIS FIXOS
DE OPERAÇÃO MÓDULOS TOTAL TOTAL
AO Nº DE MÓDULOS Inversor, projeto, etc

PLANTA
COM 330Wp R$1.523.008 R$3.930.000 R$5.240.000 R$9.170.000 R$9.825.000 R$24.235.000

PLANTA
COM 440Wp R$1.420.364 R$2.958.000 R$5.240.000 R$8.198.000 R$10.544.000 R$24.382.000

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Como o LCOE depende diretamente da quantidade de energia ge-
rada, é importante destacar o papel das perdas da geração para
os dois módulos. O módulo de 330 Wp apresenta um coeficiente
de perdas de potência por temperatura de -0,41 %/oC, enquanto
o módulo mono-PERC de 440 Wp tem coeficiente de -0,35 %/oC.

Se considerarmos uma temperatura de operação do módulo de 60


oC, o painel de 330 Wp perderia 10,3% de sua potência, enquanto
o de 440 Wp perderia somente 8,75%. Essa diferença de perdas
por efeito da temperatura se refletirá diretamente na quantidade
de energia produzida e consequentemente no valor do LCOE.

Figura 2: Gráfico de perdas estimadas obtido no PVSyst para os módulos 330 Wp

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 23


Figura 3: Gráfico de perdas estimadas obtido no PVSyst para os módulos 440 Wp

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R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 24


Completando os dados do módulo de análise econômica do
PVSyst, obtemos então:

Figura 4: Tela do módulo de análise econômica do PVSyst, mostrando os dados de entrada do projeto para o módulo de 330 Wp

Figura 5: Tela do módulo de análise econômica do PVSyst, mostrando os dados de entrada do projeto, mostrando os dados de
entrada do projeto para o módulo de 440 Wp

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A solução de 440 Wp, mesmo com custo dos módulos e custo
total da obra mais alto, produz significativamente mais energia
do que a solução com módulos de 330 Wp, o que traz o custo
final da energia para o cliente, o LCOE, de 254 R$/MWh, uma
vantagem de 16 R$/MWh em relação à primeira solução.

Essa diferença, que aos olhos de alguém menos atento pode parecer
ser pequena, representa um ganho ou perda (dependendo da escolha
tomada) superior a R$ 5 milhões ao longo da operação da usina.

Exemplo 2 –Sobrecarregamento do inversor

Neste exemplo serão comparadas 9 variações de um mesmo sis-


tema, com o mesmo módulo de 440 Wp, porém com sobrecarre-
gamento do inversor variando entre 120% e 150%. A metodologia
de estimativa de custo será a mesma do exemplo passado.

O inversor sobrecarregado trabalha com uma potência de módu-


los acima da sua potência nominal de entrada, algo mais do que
comum em projetos fotovoltaicos. O custo total da obra sobe de
acordo com o acréscimo de módulos, mas a geração não cresce
na mesma proporção.

Isto se dá pelo efeito de ceifamento de energia ou “clipping”,


quando o inversor limita a potência extraída dos módulos à sua
potência de saída no ponto CA.

As figuras abaixo mostram os comportamentos do Capex (custo


da obra) e da geração energética em função do índice de carre-
gamento do inversor.

Figura 6: Capex em função do carregamento do inversor Figura 7: Geração energética em função do carregamento do inversor

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Por causa dessa assimetria de ganhos a curva de LCOE não será
plenamente linear com o valor investido na obra. Isto faz com
que haja uma faixa de valores ótimos de sobrecarregamento
para essa usina, como vemos na figura a seguir.

A melhor faixa de LCOE na Figura 8 encontra-se aproximada-


mente entre 132% e 137% de carregamento, sendo 135% o valor
ótimo - ou seja, o valor de carregamento que proporciona o me-
nor custo da energia em R$/MWh.

Figura 8: LCOE [R$/MWh] em função do carregamento do inversor, lembrando que o melhor LCOE é o menor valor em R$/MWh
mostrado no gráfico

Vale ressaltar que o resultado de sobrecarregamento ótimo é vá-


lido para uma situação específica: a usina utilizada neste exem-
plo. Para outras regiões, tecnologias de inversor, topologias de
usina e condições técnicas o resultado poderá ser diferente.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 27


CONCLUSÃO
O LCOE (custo nivelado da energia) é um importante parâme-
tro na análise da viabilidade dos projetos fotovoltaicos, embora
não seja o único aspecto a ser considerado. O LCOE auxilia na
tomada de decisões quanto a diversas variáveis de um projeto,
como o tipo de módulo a ser usado, o tipo de inversor e o índice
de carregamento do inversor, entre outras coisas.

Mais importante do que o custo de uma usina solar (R$/Wp), o


LCOE revela ao cliente ou ao investidor o custo da energia ge-
rada por essa usina (em R$/kWh ou R$/MWh), tornando-se um
importante indicador de retorno econômico.

Neste artigo, dois exemplos foram analisados, considerando duas


variáveis muito comuns na maior parte dos projetos: tipo de módu-
lo usado e sobrecarregamento do inversor. No primeiro caso mos-
trou-se que módulos de 440 Wp de alta eficiência, mais caros, pos-
sibilitam melhor LCOE do que a solução com módulos de 330 Wp.

No segundo caso, mostrou-se que é vantajoso o sobrecarrega-


mento do inversor em uma usina de 5 MW. No exemplo analisado
o melhor LCOE foi obtido com um índice de carregamento de
135%, ou seja, a potência do conjunto de módulos fotovoltaicos
está 35% acima da potência nominal do inversor.

A decisão de usar menos ou mais módulos em uma usina so-


lar não é óbvia e o LCOE auxilia nesta tomada de decisão, ga-
rantindo a melhor configuração para a usina solar pelo menor
custo de energia produzida.

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NOTÍCIAS BRASIL

Ano de 2021 promete


ser ainda mais solar
Ericka Araujo e Mateus Badra

Em 2020, o setor de energia


solar foi impactado por alguns
motivos: a escalada do dólar,
que fez o valor do investimen-
to aumentar substancialmen-
te; a queda da oferta, em fun-
ção das explosões na fábrica
da GCL-Poly e o incêndio em
duas caldeiras na Daqo, am-
bas localizadas em Xinjiang,
na China; e as graves inunda-
ções no sudeste chinês, que
forçaram o fechamento de
uma instalação da Tongwei, blar para conseguir entregar
causando impacto no supri- seus equipamentos.
mento de polissilício.
No entanto, o segmento se
Ademais, por conta da pan- mostrou resiliente e os distri-
demia da Covid-19, o merca- buidores, integradores e ins-
do também enfrentou algu- taladores, por exemplo, gra-
mas dificuldades. Entre elas, ças ao planejamento prévio,
a quebra no ritmo de fabri- garantiram o fluxo de entrega
cação e a baixa disponibili- dos projetos.
dade de transporte marítimo
foram alguns dos fatores que O setor se movimentou, e
as empresas precisaram dri- com muito trabalho a capa-

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NOTÍCIAS BRASIL

cidade instalada continuou que apontaram que “o futuro


crescendo no Brasil. Dados será cada vez mais solar”.
da ANEEL (Agência Nacional
de Energia Elétrica) aponta- “O ano de 2021 promete no
ram que entre janeiro e outu- setor solar fotovoltaico. Com
bro deste ano o país atingiu a tecnologia ainda mais di-
cerca de 1.800 MW de potên- fundida, o payback mais do
cia em GD (geração distribuí- que comprovado e os pre-
da) fotovoltaica, uma alta de ços ficando mais acessíveis,
60% em relação aos 1.100 MW mesmo com a alta do dólar, a
registrados no mesmo perío- previsão é de uma explosão
do do ano passado. de demanda para o próxi-
mo ano”, disse Lucas Freitas,
Além disso, a GD alcançou CEO da Genyx.
neste mês, somando a totali-
dade dos números no país, a “Contribuem para esse cená-
marca de 4 GW de potência. rio uma previsão de taxa de ju-
Segundo a ANEEL, são mais de ros baixa, aumento das linhas
411 mil UCs (Unidades consu- de crédito para financiamen-
midoras) recebendo créditos, to e pouca probabilidade de
mais de 330 mil usinas foto- alteração da norma no curto
voltaicas instaladas em mais prazo, apesar de existir muita
de 5 mil cidades brasileiras. discordância sobre prazo por
diversas partes envolvidas nas
Portanto, robustez e resiliência negociações. Cada vez mais o
são características que marcam mercado atrai mão-de-obra
esse segmento, sendo uma qualificada e abre espaço para
fonte progressiva de empregos formação de novos profissio-
e que vem demonstrando uma nais. Vemos o setor no ano
rápida recuperação econômica que vem como uma das for-
frente à pandemia. ças motrizes da recuperação
econômica pós coronavírus”,
E para 2021, quais são as pers- acrescentou Freitas.
pectivas? O Canal Solar con-
versou com alguns dos profis- Ronaldo Koloszuk, presidente
sionais em destaque do setor, do Conselho de Administra-

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ção da ABSOLAR (Associação taica viabilizou uma economia


Brasileira de Energia Solar Fo- de mais de R$ 4,7 bilhões no
tovoltaica), comentou tam- bolso dos consumidores, re-
bém que as perspectivas para cursos que foram reinjetados
o próximo ano são de cresci- na economia local desde 2012.
mento acelerado nos projetos, Isso acontece pela liberação
justamente pela alta atrativi- de renda - dinheiro economi-
dade econômica e ambiental zado na conta de luz de quem
da energia fotovoltaica na ge- possui sistema solar e usado
ração distribuída, contribuin- por este consumidor na com-
do assim para o desenvolvi- pra de outros produtos, na sua
mento sustentável do país na região”, apontou Koloszuk.
superação da crise imposta
pela pandemia. Crescimento exponencial e
novas tecnologias
“Nos últimos sete anos, a ge-
ração solar distribuída teve um Segundo Aldo Teixeira, presi-
crescimento médio de 231% dente da Aldo Solar, mesmo em
ao ano no Brasil, com geração função do coronavírus, o Brasil
de emprego e renda e atração teve um ano histórico no que se
de capital privado. O investi- refere ao crescimento da adesão
mento na tecnologia fotovol- à energia solar. “Levamos sete
anos para atingir 2 GW de po-
tência em geração distribuída,
de 2012 a 2019, e agora dobra-
mos esse montante, chegando
ao marco de 4 GW. Esse número
demonstra que o país vem abra-
çando a energia fotovoltaica e
que estamos no caminho certo
para crescer exponencialmente
também em 2021”.

Teixeira ressaltou ainda que,


para o próximo ano, a expecta-
tiva é que os números aumen-

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 31


NOTÍCIAS BRASIL

tem e atinjam mais 4 GW em mercado hoje, seriam neces-


potência instalada, dobrando sários quase 3 mil painéis e 4
o volume registrado até este contêineres e meio. Com os
ano. “Vislumbramos também novos modelos para atingir
a adoção de tecnologias que 1 MW só seriam necessários
trarão ainda mais inovação 2.270 painéis e 2,7 contêine-
para o mercado e fomentarão res, reduzindo também custos
o crescimento tão almejado com estrutura, cabeamento e
pelo setor”, enfatizou. conectores”, concluiu Aldo.

No que se refere às tecnolo- Início de 2021 será


gias para painéis fotovoltaicos, desafiador, mas setor
o executivo relatou que novos segue crescendo
modelos chegarão ao mercado
nacional trazendo benefícios Para Leandro Martins, presiden-
para toda a cadeia. “É o caso de te da Ecori, o início de 2021 será
módulos como o Vertex S, da desafiador para o setor porque
Trina, e Tiger Pro, da Jinko, que ainda estaremos enfrentando
trazem alta geração de ener- o problema da pandemia mun-
gia. Esses painéis chegarão ao dialmente. “Existirá demanda
mercado com custo próximo retraída de fornecimento, o que
aos modelos da geração ante- significa que os fornecedores
rior, mas serão mais eficientes, terão dificuldades para em-
com maior potência e tamanho barcar nas datas e quantida-
bastante reduzido”. de combinadas. Isso veremos
muito no primeiro trimestre”.
“Já as placas menores, feitas
para geração distribuída, tam- “A expectativa é que a partir do
bém deverão baratear custos segundo trimestre começare-
com frete internacional e do- mos a ver uma normalização
méstico, pois irá caber mui- em relação aos problemas que
to mais watt-pico no mesmo ainda veremos no trimestre
contêiner ou no mesmo pa- anterior. Talvez vejamos inclu-
lete. Como exemplo, para ge- sive uma adequação de preços
rar 1 MW, usando os módulos dos equipamentos fotovoltai-
policristalinos disponíveis no cos”, acrescentou o executivo.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 32


NOTÍCIAS BRASIL

“Existirá uma correria mui-


to grande para atender a de-
manda retraída. Então, no se-
gundo, no terceiro e no quarto
trimestres teremos muitas ati-
vidades. Acredito que a GD vai
bater mais 5 GW em todo o ano
de 2021, somados aos mais de
4 GW acumulados até o final
deste ano. Podemos, inclusi-
ve, ultrapassar a marca total
de 10 GW ainda em 2021. Nós
da Ecori, por exemplo, temos
a expectativa de crescimento ne Solar, comentou que, diante
de 200% em faturamento, em do cenário de crise econômi-
relação a 2020”, concluiu. ca decorrente da pandemia de
Covid-19, as inadimplências do
Alberto Cuter, gerente geral da setor elétrico aumentaram e as
Jinko Solar na América Latina, demandas por energia caíram,
também destacou a expansão mas os custos de manutenção
do mercado brasileiro de GD. “O de geração se mantiveram.
setor tem apresentado nos úl-
timos três anos níveis de cres- “A tendência desse custo de
cimento entre os mais elevados energia é aumentar cada vez
do mundo. Graças a empresas mais, o que significa que no
bem preparadas como Aldo futuro a procura por gera-
Solar, PHB, Fortlev, Golden, as ção fotovoltaica vai ser muito
perspectivas de aumento são grande (isso já em 2021), pois
muito positivas. Não fiquem a TIR (taxa interna de retorno)
surpresos se no próximo ano e o payback vão ser cada vez
comemorarmos o dobro da ca- mais favoráveis aos investido-
pacidade instalada”, enfatizou. res e consumidores. Isso tam-
bém reflete na expansão das
Ainda sobre as perspectivas linhas de produção de vários
para o próximo ano, Derek Wang, fabricantes, inclusive a Znshi-
gerente de vendas da Znshi- ne Solar”, disse Wang.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 33


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No entanto, o executivo acre- tuação melhor com relação à


dita que dois fatores serão gar- pandemia da Covid-19, o ce-
galos para o setor nos próximos nário vai ser muito bom para
anos. “A produção de vidro vai o setor fotovoltaico, desde
continuar em shortage (es- que a cadeia produtiva consi-
cassez), provavelmente até Q3 ga suprir a demanda, que está
e Q4 do ano que vem. Não há cada vez mais aumentando.
previsão para a normalização
do fornecimento. Além disso, “As empresas que estão pas-
pelo fato de a produção do vi- sando pela pandemia notaram
dro gastar muita energia e ser que, se tivessem um sistema
uma indústria que polui muito o solar, certamente iriam ter me-
meio ambiente, o governo chi- nos custos fixos, pois energia
nês está dificultando bastante ninguém deixa de pagar. Te-
na aprovação da instalação de nho certeza que o fotovoltaico
novas fábricas e linhas, sem não está fora da ideia de inves-
contar que a montagem de timento das novas empresas.
uma nova linha (forno) em si já O cenário no futuro será muito
demora muito tempo”, explicou. promissor”, destacou.

“Ademais, não sabemos quando Walber Junior, diretor comercial


a pandemia vai passar e quando da Bellsol, também apontou
haverá uma vacina de alta con- que a solar é o esteio mais se-
fiabilidade. Fora a escassez do vi- guro para investimentos a mé-
dro, recebemos informações de dio e longo prazos e tem solidez
que poderão faltar também ou- no quesito segurança e retorno
tras matérias-primas, e tudo isso de investimento. “Estamos fa-
irá impactar no fornecimento do lando de paybacks que variam
setor fotovoltaico”, concluiu. entre dois e oito anos depen-
dendo da região do Brasil”.
Integradores demonstram
confiança Para ele, a fonte fotovoltaica
tem se mostrado, desde 2012,
Ricardo Rizzotto, proprietário quando teve seu marco regu-
da EOS Solar, relatou que se latório, um excelente inves-
o país estiver vivendo uma si- timento e tem possibilitado

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empresários e pessoas físicas REN 482


a fazer outros aportes para
melhorar a qualidade de vida Conforme noticiado pelo Ca-
e a saúde financeira de suas nal Solar, a ANEEL tem 90
empresas e famílias. dias para apresentar um plano
de ação para resolver o SCEE
“Em 2021, acredita-se, segundo (Sistema de Compensação de
os especialistas, que haja uma Energia Elétrica) contido na
grande procura pela energia REN 482 (Resolução Norma-
solar, mesmo com os entraves tiva n.º 482/2012) da agência.
que a pandemia causou nos O prazo estabelecido pelo TCU
maiores centros de distribuição (Tribunal de Contas da União)
e produção, visando, por parte começou a contar a partir da
dos consumidores, uma busca data de publicação, no dia 18
pela liberdade energética e fi- de novembro.
nanceira”, comentou.

“Outro ponto relevante é a pos-


sibilidade forte que a solar tem
de se trabalhar em conjunto
com a mobilidade urbana, en-
volvendo os carros elétricos -
outro mercado que vem cres-
cendo exponencialmente no
Brasil. Imagina você gerar a sua
própria energia para seu uso
domiciliar ou para a sua em-
presa e com a mesma energia
abastecer o seu carro pessoal
ou a frota de veículos da sua
pessoa jurídica? É uma reali-
dade que já está aí na porta. O
ano de 2021 nos aguarda com o
boom da tecnologia solar aliada
à mobilidade urbana sustentá-
vel”, acrescentou Junior.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 35


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Analisando este cenário e ANEEL apresente o plano so-


traçando as perspetivas para licitado. Na minha opinião,
o futuro do setor, Bernardo acredito que o melhor ca-
Marangon, especialista em minho para a solução deste
mercados de energia elétri- problema seja a evolução do
ca e diretor da Exata Energia, código de energia no Con-
disse que a geração distri- gresso”, apontou Marangon.
buída ganhou mais um ca-
pítulo de insegurança, ago- “Para o futuro, vamos ter muitos
ra por iniciativa do TCU, que casos parecidos, à medida que
deve acelerar as mudanças a tecnologia desafia o status
na REN 482. quo e as agências reguladoras
e a legislação não conseguem
“Teremos alguns meses acompanhar a velocidade des-
de nebulosidade até que a te movimento”, concluiu.

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ARTIGO TÉCNICO

Avaliação do
desempenho das
telhas fotovoltaicas
de filme CIGS
Francisco Carlos Vendramel

A tecnologia de filmes finos células cristalinas convencio-


não é novidade no merca- nais. A tecnologia de filme per-
do solar brasileiro. Porém, ela mite melhor aproveitamento
ainda é pouco conhecida e foi da área de telha, proporciona
muito pouco explorada. Uma imunidade contra sombras,
das aplicações interessantes apresenta melhor estética e
para os filmes finos é a fabri- ainda tem a vantagem do re-
cação de telhas fotovoltaicas. duzido coeficiente térmico dos
Um exemplo disso é a Hanti- filmes finos em relação ao silí-
le, telha fotovoltaica fabricada cio cristalino, entre outras van-
com a tecnologia CIGS (cobre, tagens que vamos citar abaixo.
índio, gálio e selênio) e distri-
buída no Brasil pela L8 Energy. O uso de telhas fotovoltaicas
com filme CIGS é uma evolu-
As telhas de filme CIGS têm ção que se apresenta como
vantagens sobre outros tipos uma melhor solução para al-
de telhas introduzidas no mer- gumas aplicações do que os
cado, que são baseadas em módulos tradicionais de silício.

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Como principais vantagens do dulos fotovoltaicos e as telhas
filme CIGS podemos citar: de filme CIGS estão ganhando
mercado por sua versatilidade
• Sua aparência é homogênea e por seu desempenho supe-
e esteticamente atraente. rior em algumas situações. Mó-
dulos de silício cristalino não
• É muito leve e fácil de instalar. apresentam bom desempenho
em locais com muita irradiação
• É flexível: adequa-se a su- difusa (onde não há incidência
perfícies curvas, permitindo direta de luz), em fachadas de
a geração de energia solar prédios e em telhados muito
em superfícies não adequa- afetados por sombras.
das aos tradicionais painéis
rígidos de silício. Além disso, o custo relativa-
mente mais elevado dos dis-
• Altas temperaturas e som- positivos CIGS pode ser com-
breamento de árvores e ou- pensado pelo uso de telhas e
tras obstruções têm menos módulos integrados à arquite-
impacto sobre o desempe- tura, dispensando o uso e co-
nho do filme fino. berturas e elementos arquite-
turais convencionais.
• Não possui grande perda na
produção de energia devido Por ser um produto ainda novo
ao ângulo de incidência dos no Brasil, há muitas dúvidas
raios solares. sobre o desempenho das te-
lhas fotovoltaicas de filme
• As telhas fabricadas com CIGS. Até que ponto a eficiên-
filmes são resistentes a de- cia é realmente inferior à de
sastres naturais (ventos, um módulo cristalino? Como
chuvas de granizo e cho- é a geração de energia de um
ques por detritos). telhado coberto de filme CIGS
em comparação a um telhado
• Não sofrem com as micro- com módulos convencionais?
fissuras, um problema co- E as vantagens que a telha
mum que afeta as células CIGS traz, como o baixo im-
cristalinas. pacto a altas temperaturas e
a questão do sombreamento?
Apesar de seu maior custo e Em geral, como é o desempe-
sua eficiência reduzida, os mó- nho de uma telha CIGS?

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Para responder muitos desses O que podemos observar ini-
questionamentos construí- cialmente é que o filme fino pos-
mos dois carports (cobertu- sui potência por área reduzida.
ras de estacionamento) com Esse é um reflexo da menor efi-
as mesmas dimensões, cada ciência, ou seja, é preciso mui-
qual com duas vagas para to mais área para ter a mesma
veículos. Um deles foi coberto potência com filme CIGS do que
com módulos tradicionais de com dispositivos cristalinos. Ao
silício cristalino, enquanto o mesmo tempo, podemos res-
outro recebeu telhas fotovol- saltar uma das vantagens do
taicas de filme CIGS. filme fino: a estética.

O carport 1 denominaremos Sem dúvida alguma a cober-


como sendo aquele com os tura de telhas é muito bonita,
módulos tradicionais. Nele fo- além de proporcionar perfei-
ram utilizados 15 módulos mo- ta estanqueidade à água da
nocristalinos de 375 kWp do chuva. Contudo, o que mais
fabricante QCELLS e um inver- nos interessa nesse estudo é
sor UNO DM 5.0 do fabrican- a produção de energia. Nesse
te ABB. A potência total é de ponto queremos avaliar o de-
5,625 kWp. O carport 2 é aque- sempenho de um telhado fo-
le que recebeu as telhas sola- tovoltaico com filme CIGS em
res CIGS. Foram utilizadas 98 condições reais de operação,
telhas solares de 30 Wp cada e sobretudo com relação à in-
um inversor UNO DM 3.3 do fa- fluência do ângulo de incidên-
bricante ABB. A potência total cia dos raios solares e a ques-
deste é de 2,94 kWp. tão do sombreamento.

A priori não há nenhuma in- Operação sob radiação


terferência em relação à po- difusa e sombreamento
tência de corte dos inverso-
res na produção de energia. Conseguimos ver bem a ques-
Nenhum dos dois conjuntos tão do sombreamento quan-
de módulos ou telhas atinge do verificamos a produção de
o limite de potência do inver- energia nos dias nublados ou
sor. As duas coberturas estão em locais com muitas som-
voltadas para o noroeste, com bras. Em sistemas de mesma
inclinação de 10 graus. tecnologia e com potências di-

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 39


ferentes esperamos que o sombreamento seja sentido propor-
cionalmente nos dois. Os resultados obtidos revelam, entretanto,
que os módulos cristalinos sofrem impacto muito maior quando
não há incidência de irradiação solar direta.

Nos gráficos abaixo observamos que, apesar de ter quase o do-


bro da potência nominal, nas condições do estudo os módulos
cristalinos apresentaram praticamente o mesmo desempenho
das telhas CIGS, de potência muito menor.

Figura 1: Gráficos de potência no dia 12/04/2020 com forte nebulosidade durante todo o dia (pouca irradiação direta e muita
irradiação difusa). Linha roxa: sistema de 5,625 kWp com módulos cristalinos. Linha rosa: sistema de 2,94 kWp com telhas CIGS

Figura 2: Gráficos de potência no dia 17/07/2020 com forte nebulosidade na parte da tarde. Linha roxa: sistema de 5,625 kWp
com módulos cristalinos. Linha rosa: sistema de 2,94 kWp com telhas CIGS

Nos gráficos apresentados é possível observar que as telhas de


filmes CIGS mantêm seu desempenho em qualquer tipo de con-
dição de nebulosidade ou horário do dia. Houve redução signifi-
cativa da incidência de irradiação solar devido a fortes nebulosi-
dades nos dias 12/04 e 17/07.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 40


As telhas CIGS tiveram sua potência reduzida proporcionalmen-
te à intensidade da luz solar, enquanto os módulos cristalinos
sofreram redução brutal e tiveram sua potência de operação
praticamente igualada à potência das telhas.

CONCLUSÃO
Este estudo, apesar de não ter cunho científico, demonstrou re-
sultados muito interessantes sobre o comportamento das te-
lhas fotovoltaicas de filme CIGS.

A principal observação deste estudo é que um conjunto de te-


lhas CIGS de 2,94 kWp pode gerar tanta energia quanto um con-
junto de módulos cristalinos de 5,625 kWp em determinadas
condições. Ter um sistema fotovoltaico cristalino de alta potên-
cia nem sempre é garantia de ótimo desempenho.

Telhas fotovoltaicas de filme CIGS, apesar de sua reduzida efi-


ciência (que se traduz em menor potência por área) podem apre-
sentar elevada geração ao longo do tempo. Isso é mais verdade
em telhados sujeitos sombras, fachadas que não recebem luz
direta ou sistemas instalados em localidades com grande nebu-
losidade ao longo do ano.

Não podemos esquecer que a temperatura também é um ponto


que deve ser levado em conta na produção de energia, o que não
foi avaliado neste estudo. É sabido que os módulos de filmes fi-
nos apresentam melhor desempenho em altas temperaturas em
relação aos módulos cristalinos. Isso pode explicar parcialmente
os desempenhos superiores das telhas fotovoltaicas observados
nos gráficos apresentados, especialmente no período da tarde.

Nosso intuito neste estudo foi mostrar que existem vantagens


na utilização dos filmes finos e que essas vantagens são verda-
deiras. Embora tenham potência e eficiência nominais reduzi-
das, seu desempenho real pode surpreender.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 41


Os módulos fotovoltaicos, assim como as telhas, são testados
e especificados em condições laboratoriais que não refletem a
infinidade de condições operacionais reais de temperatura, irra-
diação solar e ângulo de incidência dos raios solares.

Não podemos afirmar, contudo, que as vantagens das telhas


CIGS sejam suficientes para proporcionar superioridade no re-
torno financeiro quando comparamos as tecnologias de filmes
finos e de silício cristalino.

O que temos que ter em mente é que o filme fino traz vantagens enor-
mes em alguns tipos de sistemas cuja utilização dos módulos tradi-
cionais se mostra inviável, como é o caso das telhas fotovoltaicas.

O filme fino não veio para substituir o módulo cristalino de silício, mas
para ser uma opção a mais para o mercado, provando-se atraente
para muitas aplicações em que os módulos cristalinos podem não
ser a melhor escolha dos pontos de vista estético e arquitetônico.

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/ Perfect Welding / Solar Energy / Perfect Charging

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R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 43
ARTIGO TÉCNICO

Compatibilidade
de microinversores
com módulos
acima de 500W
Mateus Vinturini

Introdução tentes por causa do ganho da


bifacialidade. Compatibilizar
O objetivo deste artigo é respon- módulos cada vez mais poten-
der uma dúvida que surgiu re- tes, seja pelo número e pelo ta-
centemente no mercado. Com manho das células ou pelo fato
a chegada de módulos cada de serem bifaciais, é um desafio
vez mais potentes, como ficam para o qual a indústria de inver-
os microinversores? Já explo- sores vai ter que se preparar.
ramos um assunto semelhante
no artigo “Compatibilidade entre Os microinversores come-
módulos bifaciais e otimizado- çaram a tornar-se populares
res para energia solar”, também no Brasil por volta do ano de
publicado no Canal Solar, em 2014, quando a Ecori, dis-
que tratamos da compatibili- tribuidora sediada em São
dade entre módulos bifaciais e José do Rio Preto-SP, intro-
otimizadores de potência. Os duziu no Brasil os inversores
módulos bifaciais são mais po- da marca APSystems. Antes

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 44


disso os poucos microin- los. Apesar de terem cresci-
versores disponíveis no país do, ainda preservam algumas
eram trazidos por curiosos, características em seu “DNA”:
importados de forma não ofi- são planos, têm dimensões re-
cial, e usados em um núme- duzidas e são desenvolvidos
ro reduzido de projetos. Mais especialmente para instalação
recentemente surgiram no próxima dos módulos, normal-
país os microinversores da mente acomodados abaixo
fabricante chinesa Hoymiles, dos módulos e presos às es-
que rapidamente ganharam truturas metálicas de fixação.
mercado e caíram também
no gosto do consumidor.

O que os microinversores têm


de tão especial? Sua facilida-
de de instalação certamente
é um dos grandes diferenciais
em relação aos inversores de Figura 1: Microinversores Hoymiles e APSystems com
parede convencionais. Ain- entradas para 4 módulos fotovoltaicos.

da podemos destacar outros


aspectos como a segurança Ambos os microinversores
das instalações, pelo não uso mostrados na figura acima re-
de tensões elevadas, com re- cebem 4 módulos fotovoltaicos
duzido risco de incêndio, e a em suas entradas. Existe, po-
facilidade de uso em projetos rém, uma singela diferença en-
com módulos em condições tre eles. Os modelos da família
não homogêneas de operação MI-1X00 da Hoymiles possuem
- isso é mais evidente em lo- 4 entradas e 2 MPPTs, enquan-
cais com muitas sombras ou to o modelo QS1 da APSystems
em telhados com várias águas possui 4 entradas e 4 MPPTs. A
e com angulações diferentes. vantagem de um maior número
de MPPTs é o fato de permitir o
Os microinversores já não são rastreamento da potência inde-
tão micro assim. Antes desti- pendente, individualizado para
nados ao uso com apenas um cada módulo fotovoltaico. Com
módulo fotovoltaico, já são co- 4 entradas de MPPT é possí-
muns os microinversores com vel maximizar individualmente
duas ou quatro entradas, para a geração de energia de cada
a ligação de até quatro módu- um dos módulos, reduzindo o

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 45


chamado mismatch de potên- Como compatibilizar
cia, que é uma perda de potên- módulos e inversores
cia que ocorre quando módulos
são ligados em série e não têm A regra de ouro da compati-
o seu ponto de máxima potên- lidade entre módulos e inver-
cia rastreado individualmente. sores é sempre respeitar os
números mostrados nas fo-
lhas de dados. Normalmente
os microinversores são espe-
cificados com relação a sua
potência nominal, sua máxima
tensão admissível e a máxima
corrente de curto-circuito do
módulo que vai ser conecta-
Figura 2: Esquema de ligação de 4 módulos a um
microinversor. É importante notar que o número de do. Respeitando esses três
conexões de entrada nem sempre é igual ao número de
MPPTs do equipamento. O catálogo do fabricante deve ser números, não há erro.
consultado. O modelo QS1A da APSystems, por exemplo,
possui 4 entradas e 4 MPPTs.
Você pode pensar em utilizar
um determinado módulo cuja
Mas vamos voltar ao nosso potência de pico situa-se li-
assunto: os módulos foto- geiramente acima da potên-
voltaicos estão crescendo. cia nominal do inversor - e
Módulos com mais de 500 W isso é absolutamente normal,
de potência de pico nominal como se sabe, pois nos pro-
(sem ganho de bifacialidade) jetos fotovoltaicos a potência
já são realidade. Embora não do inversor é geralmente 10%
tenham chegado ao Brasil, a 20% menor do que a potên-
no exterior já são anuncia- cia de pico dos módulos. A pe-
dos módulos com potências sar de ter potência superior, a
que se aproximam de 800 W. corrente de curto-circuito e a
Isso exige que os parâmetros tensão de circuito aberto do
dos microinverores sejam módulo não podem violar as
readeaquados, sobretudo a especificações do inversor.
máxima tensão e corrente
admissíveis. Neste artigo ire- Vamos analisar a seguir alguns
mos considerar os módulos casos de dimensionamento de
da Risen de 500W, RS150-8- módulos de alta potência com
500M que já estão disponí- microinversores disponíveis
veis no Brasil. no mercado brasileiro.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 46


Exemplo 1: Inversor APSys- módulo (em STC) e a potên-
tems com 4 módulos de 500 W cia nominal do microinversor.
Ou seja, a potência do módu-
Neste exemplo vamos com- lo está 33% acima da potên-
patibilizar 4 módulos fotovol- cia do microinversor. Normal-
taicos de 500 W com um mi- mente isso não é um problema
croinversor de 4 entradas e 4 nos projetos, desde que os
MPPTs da APSystems. componentes estejam corre-
tamente compatibilizados e a
Especificações do projeto: geração energética seja satis-
fatória, de acordo com a ex-
• 1 microinversor QS1A (1,5 kW) pectativa do projetista.
• 4 módulos RSM150-8-500M
(500 Wp)
DATASHEET DO MICROINVERSOR

O resultado da simulação do REGIÃO LATAM


PVSyst, com o projeto loca- DADOS DE ENTRADA (DC)

lizado na cidade de Campi- Faixa recomendada de potência 250Wp-


nas-SP, aponta uma geração do modo fotovoltaico (STC) 525Wp

de 3269 kWh/ano. A tabela Faixa de tensão do MPPT 30V-52V

a seguir mostra as caracte- Faixa de tensão de operação 16V-55V

rísticas elétricas de entrada Tensão máxima de entrada 60V


do microinversor e do mó- Tensão de inicialização 20V
dulo fotovoltaico. Na figura Corrente de curto-circuito
13.3Ax4
3 vemos o resultado do di- máxima de entrada

mensionamento do proje- Corrente DC máxima de curto-circuito 15Ax4

to no PVSyst. O gráfico ver-


de, na parte inferior, revela
a ocorrência de limitação de ELECTRICAL DATA

geração para potências ope- RSM150-


racionais a partir de 1,6 kW Model Number
8-500M
aproximadamente. Rated Power in Watts-Pmax (WP) 500

Open Circuit Voltage-Voc(V) 51.01


A limitação de geração, cau-
sada pelo clipping de potência Short Circuit Curent-Isc(A) 12.46

do microinversor, é originada Maximum Power Voltage-Vmpp(V) 42.88

pelo fator de 1,33 encontrado Maximum Power Voltage-Impp(A) 20V

na razão entre a potência do Module Efficiency(%)* 20.4

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 47


é possível usar o módulo RS-
150-8-500M com o micro-
inversor QS1A sem qualquer
tipo de preocupação.

Observação: para realizar


este estudo no PVSyst foi
necessário importar o arqui-
vo .OND com as definições
do microinversor QS1A, pois
este modelo não estava ain-
da listado na versão 7.0.11 do
PVSyst (revisão 17793, atua-
Figura 3: Características técnicas do microinversor
QS1A e do módulo RSM-150-8-500-M e gráficos de lizada em 15/09). Este arqui-
dimensionamento obtidos no PVSyst.
vo foi gentilmente fornecido
pela Ecori Energia Solar.
A folha de dados da fabrican-
te APSystems especifica que o Exemplo 2: Inversor
modelo QS1A é preparado para Hoymiles com 4 módulos
operar com módulos fotovoltai- de 500 W
cos de 250 Wp até 525 Wp. Se o
clipping (ou a limitação de po- Neste exemplo estamos ten-
tência) não é um problema para tando compatibilizar 4 módu-
o projetista, ou seja, se a ge- los fotovoltaicos de 500 W com
ração energética é satisfatória um microinversor de 4 entra-
com a combinação módulo-mi- das e 2 MPPTs da Hoymiles.
croinversor escolhida, o projeto
pode seguir normalmente. Especificações do projeto:

As folhas de dados do módulo • 1 microinversor MI-1500


e do microinversor QS1A mos- (1,5 kW)
tram que os dois componen- • 4 módulos RSM150-8-500M
tes são tecnicamente com- (500 Wp)
patíveis. A corrente máxima
suportada pelo QS1A é de 13,3 O resultado da simulação do
A em cada entrada, enquanto PVSyst, com o projeto localiza-
a corrente máxima (de curto- do na cidade de Campinas-SP,
-circuito) do módulo fotovol- aponta uma geração de 3255
taico é de 12,46 A. Conclusão: kWh/ano, inferior à obtida no

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 48


caso anterior - o que se explica
provavelmente pelo menor nú-
mero de MPPTs desse equipa-
mento em relação ao anterior.

A tabela a seguir mostra as


características elétricas de
entrada do microinversor e
do módulo fotovoltaico. A fi-
gura 4 mostra o resultado do
dimensionamento do projeto
no PVSyst.
Figura 4: Características técnicas do microinversor
MI-1500 e do módulo RSM-150-8-500-M e gráficos de
MODEL MI-1500 dimensionamento obtidos no PVSyst.

Input Data (DC)

Commoly used module


Novamente, como no caso
power (W)
300-470
anterior, existe limitação de
Peak power MPPT geração causada pelo cli-
36-48
voltage range (V) pping de potência do inver-
Start-up voltage (V) 22 sor. Também aqui encontra-
Operating voltage range (V) 16-60 mos o fator de 1,33 na razão
Maximum input voltage (V) 60 entre a potência do módulo
Maximum input current (A) 11.5 (em STC) e a potência nomi-
nal do microinversor. Ou seja,
a potência do módulo está
ELECTRICAL DATA 33% acima da potência do
RSM150-
microinversor. Como afirma-
Model Number
8-500M do anteriormente, isso não
Rated Power in Watts-Pmax (WP) 500
é um problema nos projetos
desde que os componentes
Open Circuit Voltage-Voc(V) 51.01
estejam corretamente com-
Short Circuit Curent-Isc(A) 12.46
patibilizados e a geração
Maximum Power Voltage-Vmpp(V) 42.88 energética seja satisfatória,
Maximum Power Voltage-Impp(A) 11.68 de acordo com a expectativa
Module Efficiency(%)* 20.4 do projetista.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 49


A simulação roda normalmen- tendida. A tensão de circuito
te com essa configuração, mas aberto dos módulos, em ne-
um detalhe chama a atenção: nhum caso, pode exceder a
a máxima corrente suportada máxima tensão admissível do
pelo inversor é de 11,5 A em sua microinversor, que é de 60 V.
entrada, enquanto a corrente
de curto-circuito e a corrente Em nenhum caso a potência
de máxima potência do módu- do módulo pode ser superior a
lo são, respectivamente, 12,46 135% da potência nominal do
A e 11,68 A. Ou seja, as corren- microinversor. Quanto à cor-
tes do módulo são superiores à rente, o limite de 11,5 A encon-
máxima corrente especificada trado na folha de dados não é
para o microinversor. um problema. O microinver-
sor, mesmo sobrecarregado
Tecnicamente essa combi- com um módulo de 500 W, não
nação módulo-microinversor atingirá a corrente máxima do
pode funcionar, pois a cor- módulo, então o equipamento
rente do microinversor é limi- vai trabalhar sem problemas
tada eletronicamente duran- com o limite de 11,5 A existen-
te seu funcionamento, mas o te na folha de dados”.
fabricante do microinversor
deve ser consultado sobre a
possibilidade de se usar esta
potência de módulo, uma vez
que a violaçao do limite de
corrente especificado no ca-
tálogo pode acarretar a perda
da garantia do produto.

O Canal Solar consultou a


Hoymiles e obteve o seguin-
te posicionamento: “O micro-
inversor MI-1500 aceita mó-
dulos de até 506,25 W sem a
perda da garantia, que pode
ser estendida até 25 anos por
um custo adicional. Com po-
tências acima de 506,25 W a
garantia não poderá ser es-

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CONCLUSÃO
Os módulos fotovoltaicos es- adequado para trabalhar com
tão crescendo e os microinver- o módulo RS150-8-500M, mas
sores precisam acompanhar o fabricante precisou ser con-
essa evolução. Dois modelos sultado. A folha de dados do
de microinversores presen- equipamento aponta que o li-
tes no mercado brasileiro fo- mite de corrente é inferior à
ram analisados. Os dois equi- corrente operacional (em STC)
pamentos são especificados do módulo fotovoltaico esco-
para operar com módulos de lhido. O fabricante, entretanto,
no máximo 525 W e 506,25 W. afirmou que seu produto su-
Módulos muito acima de 500 W porta módulos de até 506,25 W
vão exigir microinversores com sem perda de garantia.
especificações ampliadas.
Nos dois casos analisados a
As especificações dos microin- potência dos módulos está
versores e dos módulos devem 33% acima da potência do
ser sempre analisadas para ve- microinversor. Para melho-
rificar sua compatibilidade. No rar o desempenho do projeto
primeiro caso analisado verifi- fotovoltaico seria recomen-
cou-se que a combinação de dável o uso de microinverso-
módulo de 500 W e microin- res de maior potência. Toda-
versor funciona sem qualquer via, como já foi afirmado, se a
restrição. A folha de dados do combinação módulo-inversor
QS1A aponta que a corrente atende a expectativa de ge-
máxima do módulo Risen RS- ração do projetista do siste-
150-8-500M é suportada por ma fotovoltaico, a limitação
ele, indicando que a operação de potência imposta pelo cli-
pode ocorrer de forma segura e pping do inversor não é tec-
sem o risco de perda da garan- nicamente um problema.
tia. Em resumo, o microinversor
QS1A aceita o módulo de 500 W.

No segundo caso estudado


verificou-se que tecnicamen-
te o microinversor MI-1500 é

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 51


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R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 52


PAPO SOLAR
Ericka Araújo: Ronaldo, como
foi a sua entrada no setor de
energia solar?

Ronaldo Koloszuk: Eu venho do


setor industrial, estou na indústria
há 30 anos e em 2014 enxerguei
uma oportunidade no segmento
de energia solar fotovoltaica, me
apaixonei por este setor e enxer-
guei que podia contribuir com a
fabricação de estruturas de fixa-
Convidado: Ronaldo Koloszuk
ção. Desde então, a energia solar
foi tomando conta cada dia mais
e hoje me dedico 100% à energia
Mercado fotovoltaico solar fotovoltaica.
tem grande potencial
de crescimento no Brasil, E. A.: Atualmente, você é dire-
aponta Ronaldo Koloszuk tor de uma grande empresa e
também está à frente de uma
Ronaldo Koloszuk é presiden- das maiores associações do
te do Conselho da Associação mercado solar. Como você
Brasileira de Energia Solar Fo- concilia as duas atividades?
tovoltaica (ABSOLAR) e atua
como diretor da Solar Group, R. K.: A Solar Group teve um
empresa especializada em es- crescimento exponencial nes-
truturas para fixação de painéis te período. Nosso setor aqui
de energia solar fotovoltaica no Brasil é um mercado mui-
para os telhados brasileiros. to jovem, e ela teve um grande
destaque. Nesse período, nós
Neste bate papo, Koloszuk con- vendemos 1 GW de estruturas
ta como iniciou sua carreira no no Brasil e acabamos de fazer
setor fotovoltaico e como se tor- um investimento grande de R$
nou um profissional de sucesso 19 milhões em uma nova plan-
no setor de energia solar. ta, em Santana do Parnaíba, de

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 53


PAPO SOLAR

mais de 10 mil m² de área cons- a expansão da energia solar


truída, que vai permitir que qua- fotovoltaica no Brasil? Quais
drupliquemos a nossa produção. são as suas perspectivas
quanto ao setor no futuro?
Quando assumi a ABSOLAR, há
dois, ela era uma associação R. K.: A energia solar é a fonte
pequena com cerca de 200 as- que cresce mais rápido no Bra-
sociados, hoje são mais de 600. sil e no mundo. Aqui nós passa-
Além disso, nossa receita foi mos por graves crises em 2015
multiplicada 11 vezes neste pe- e 2016, tivemos uma queda de
ríodo e aumentamos o número PIB por ano de cerca de 3,5%.
de funcionários de 6 para 22. Se somar 2015, 2016 mais o úl-
timo trimestre de 2014, o PIB
Realmente, não é fácil essa no Brasil caiu 8%, foi uma he-
dinâmica. A ABSOLAR deman- catombe econômica, uma das
da muito, mas eu sempre gos- piores crises do país.
tei de trabalho voluntário. Eu Neste período, a fonte solar
faço trabalho voluntário as- fotovoltaica cresceu mais de
sociativo há mais de 30 anos. 300% ao ano. Então, o setor
Eu comecei na associação de energia solar se descola de
comercial, depois na FIESP, setores tradicionais da econo-
onde sou diretor de energia mia. Por ser uma fonte que re-
há 15 anos. Quando eu conhe- duz substancialmente o custo
ci a ABSOLAR, acabei aproxi- de vida das pessoas, ela ajuda
mando a FIESP da ABSOLAR. a reduzir o custo da energia,
Então, tudo isso é trabalho reduz o custo das empresas,
voluntário e traz muito prazer do comércio, do setor de ser-
para a gente, de poder ajudar viço e ajuda o meio ambiente,
o setor a se desenvolver. Em- já que um módulo fotovoltaico
bora a ABSOLAR me demande é tão reciclável quanto uma la-
bastante, ela também me traz tinha de alumínio.
muita alegria e satisfação.
Em um ano e meio de geração
E. A.: Agora vamos falar do ele já produziu a energia ne-
mercado atual. Como pre- cessária para sua produção e
sidente do Conselho da AB- depois disso ele tem capaci-
SOLAR, como você analisa dade para gerar 17 vezes mais

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 54


PAPO SOLAR

energia do que foi consumida De 2012 pra cá, o setor gerou


em sua produção. Além disso, 130 mil empregos, e para este
ele ajuda a tirar a pressão so- ano, se não fosse a pandemia
bre os reservatórios de água. da Covid-19, teríamos gerado
Estes fatores contribuem outros 130 mil empregos. Pas-
para um crescimento expo- sando este momento, o setor
nencial nas próximas déca- vai impulsionar o mercado de
das da fonte solar. trabalho no país.

E.A.: Ronaldo, estudos da E. A.: Para encerrarmos nosso


Bloomberg apontam que no papo, você pode compartilhar
ano de 2050, o setor solar casos de sucesso do setor
será responsável por cerca de fotovoltaico e deixar um
30% da capacidade instalada recado para profissionais
da matriz elétrica do Brasil, que já atuam no mercado ou
gerando mais de 1 milhão de pensam em ingressar?
empregos. Como você anali-
sa este cenário? É possível? R. K.: No nosso setor tem vários
cases de sucesso. Tem o Canal
R. K.: A Bloomberg aponta um Solar, a Bárbara Rubim, o Márcio
crescimento exponencial e Takata da Greener, a Weg, a
que em 2040 a fonte solar vai empresa Aldo Solar, a Ecori…
ultrapassar a hidrelétrica aqui São inúmeros casos que temos
no Brasil, sendo a fonte núme- que enchem a gente de orgulho
ro 1 no país. Então, imagina o no nosso setor fotovoltaico.
quanto a gente vai crescer nes-
tes vinte anos. Diferente dos A mensagem que eu deixo
outros setores que terão forte é ter paciência, esperar a
retração neste ano, a fonte so- tempestade passar, e depois
lar deve ter crescimento. Evi- disso não ficar só com a
dentemente um crescimento cabeça no nosso negócio, mas
bem mais modesto, mas o fato procurar se relacionar, procurar
de crescer e não reduzir já é conhecer pessoas do setor
um grande sinal. e trocar experiências. Não
desistam, a tempestade vai
Neste sentido, nossa fonte é passar, e quando passar todos
uma locomotiva de empregos. nós sairemos fortalecidos!

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 55


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ARTIGO TÉCNICO

Sistema de
aterramento
de uma usina
fotovoltaica (UFV)
Paulo Edmundo Freire
Relator do Projeto de Norma
ABNT de Aterramento para UFVs

As plantas de geração foto- • UFV – Usinas Fotovoltai-


voltaica abrangem uma gran- cas: plantas de geração
de variedade de instalações. dedicadas, de solo, com-
No âmbito da CE 003:102.001 preendendo vários arran-
- Aterramentos Elétricos, do jos fotovoltaicos e inter-
CB-3 - Comitê de Eletricida- conectadas diretamente à
de da ABNT, existe a tendên- rede de média-tensão de
cia de se adotar a seguinte uma concessionária ou in-
classificação: terligadas ao Sistema In-
terligado Nacional (SIN)
• GFV – Geradores Fotovoltai- por meio de uma subes-
cos: plantas que atendem di- tação de alta-tensão, ins-
retamente um consumidor, taladas também em con-
instaladas em coberturas de sórcio com outras plantas
edificações ou de estacio- geradoras, seja junto a um
namentos (residenciais, co- parque eólico ou em uma
merciais e industriais), ou no represa de uma hidroelé-
solo, em terrenos anexos a trica (UFV flutuantes).
outras instalações; e

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Este artigo foca o sistema de Nas plantas de grande por-
aterramento de Usinas Foto- te os setores são maiores,
voltaicas (UFV). da ordem de 10 MWp, e con-
centram a energia c.c. nas
Usinas Fotovoltaicas (UFV) unidades de conversão (con-
version unities), onde estão
Estas plantas têm área signi- localizados os inversores e
ficativa, usualmente acima de onde é feita a elevação da
1 ha, e são subdivididas em tensão, normalmente para
unidades menores, por vezes 34,5 kV, sendo a energia ge-
chamadas de setores, cada rada enviada por meio de cir-
uma constituída por arranjos cuitos subterrâneos para a
de placas fotovoltaicas interli- subestação coletora.
gadas a uma unidade conver-
sora, onde inversores fazem a O sistema de aterramento
conversão c.c./c.a. de uma UFV é formado por
uma malha de aterramento,
Nestas plantas é comum o uso usualmente de cabo de co-
de trackers, estruturas de su- bre nu ou de aço-cobreado
porte dos módulos fotovoltai- de 50 mm², que não tem o
cos motorizadas, comandadas padrão reticulado da malha
por equipamentos que moni- de uma subestação, e utiliza
toram a posição do Sol e rota- ao máximo as valas de ca-
cionam as mesas dos arranjos bos existentes. Um anel de
fotovoltaicos de modo a maxi- aterramento no perímetro da
mizar a geração de energia ao UFV é mandatório. O projeto
longo do dia. deste sistema de aterramen-
to tem três objetivos básicos:
Nas plantas de médio porte, com
potência típica na faixa de 1 MWp • fornecer um caminho para
a 5 MWp, a energia c.a. produzida a terra para correntes elé-
por grupos de setores é elevada tricas em geral, que podem
para uma tensão de distribuição ser cargas eletrostáticas,
(13,8 kV ou 25 kV) para a interli- descargas atmosféricas ou
gação com a rede da concessio- faltas para a terra na rede
nária de energia local. de energia c.c./c.a.;

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 58


• garantir o controle dos po- No âmbito da normalização
tenciais de passo e de to- internacional existe a norma
que em toda a área da UFV, IEC/TS 62738:2018 - Ground-
quando da ocorrência de -mounted photovoltaic power
uma falta para a terra na plants - Design guidelines and
subestação coletora; recommendations, que abor-
da UFV de solo de grande por-
• promover a equipotenciali- te, porém é omissa quanto ao
zação de todas as estrutu- sistema de aterramento.
ras de trackers e de equipa-
mentos (caixas de ligação, A norma norte-americana
inversores, transformado- IEEE-2778-D4 - IEEE Guide
res etc.) – onde o termo for Solar Power Plant Groun-
equipotencialização signifi- ding for Personnel Protection,
ca interligação, até porque aborda bem o tema, focan-
é impossível a efetiva equi- do UFV de solo com mais de
potencialização de um sis- 5 MWp de potência instalada.
tema de aterramento deste Esta norma enfatiza bastante
porte, mesmo em 60 Hz. as diferenças entre os proje-
tos de aterramento de uma
1. Normas de aterramento UFV e de subestações, estas
de usinas fotovoltaicas últimas regidas pela conheci-
da norma IEEE Std. 80.
Frequentemente recebemos
projetos de sistemas de ater-
ramento de plantas solares
que tratam a UFV como se
fosse uma grande subestação,
por vezes com uma malha de
aterramento que constitui um
imenso reticulado. Trata-se de
um equívoco comum, devido
ao fato deste tipo de planta
de geração ser relativamente
recente no Brasil e, também,
por ainda não haver uma nor-
ma ABNT que aborde o siste-
ma de aterramento de UFV de
grande porte.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 59


Atualmente o comitê de CE
003:102.001 - Aterramentos
Elétricos, do CB-3 - Comitê
de Eletricidade da ABNT, está
trabalhando na elaboração de
uma norma brasileira de aterra-
mento de UFV de grande porte.

1.1 A norma IEEE-


2778-D4:2020

O escopo da norma IEEE foca


UFV de solo com mais de 5
MWp de potência instalada e
enfatiza bastante as diferen-
ças entre os projetos de ater- pode ocorrer no barramento
ramento de UFV e de subes- de média ou alta-tensão da
tações, estas últimas regidas subestação da UFV. Neste as-
pela conhecida norma IEEE pecto é enfatizada a necessi-
Std. 80. Neste aspecto, o guia dade do controle dos poten-
observa a não aplicabilidade ciais de passo e de toque em
às subestações das UFV, po- toda a área da UFV.
rém se os sistemas de ater-
ramento da SE e da UFV esti- As medições de resistividade
verem interligados, partes do do solo devem ter em men-
guia podem ser aplicáveis. Da te a modelagem de camadas
mesma forma, o escopo des- rasas e profundas do solo. As
taca a sua não-aplicabilidade sondagens para a modelagem
a GFV, aterramentos de su- das camadas rasas devem ser
bestações e aos sistemas de feitas ao longo de uma matriz
proteção contra raios. de estações espaçadas da or-
dem de 500 m, com espaça-
O guia destaca que o seu ob- mentos Wenner de até 32 m.
jeto principal é a proteção de A modelagem das camadas
pessoas com relação a faltas profundas exige uma quan-
para a terra na rede elétrica da tidade menor de pontos de
UFV. A falta para a terra mais sondagem, porém com aber-
crítica, do ponto de vista de turas de eletrodos de corrente
segurança humana, é a que da ordem de até 1 km.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 60


A norma reconhece que o Devido à grande área de uma
sistema de aterramento de UFV, a norma observa a ina-
uma UFV é formado pelas dequação de uma malha de
estruturas metálicas acima padrão reticulado, conforme
do solo interligadas por ca- é feito nos projetos de subes-
bos de cobre nu ou de aço- tações, assim como o uso de
-cobreado enterrados. É en- brita para aumentar os va-
fatizado que um bom projeto lores de tensões de passo e
vai utilizar o mínimo de cabo de toque toleráveis. Devido
necessário para promover à grande quantidade de ma-
a interligação das estrutu- terial utilizado no sistema de
ras dos trackers entre si e às aterramento de uma UFV, não
Conversion Unities, que são são viáveis economicamente
conjuntos de inversores e dimensionamentos conserva-
transformadores elevadores tivos ou o superdimensiona-
que atendem um determina- mento, conforme tipicamente
do setor de arranjos fotovol- se observa em subestações.
taicos. As Conversion Unities
devem ser providas de um Em termos de topologia bási-
anel de aterramento. ca do sistema de aterramento
a norma sugere anéis no pe-
rímetro de setores de arran-
jos fotovoltaicos, entre 1 MWp
e 4 MWp, o que resulta em
uma malha com reticulado da
ordem de 150 m, conforme
mostra a Figura 1.

As estruturas dos trackers po-


dem fazer parte deste sistema
de aterramento, eliminando
a necessidade do reticulado,
conforme ilustrado na Figura
2. Ainda assim, o anel perime-
tral pode ser necessário, para o
controle dos gradientes de po-
tenciais no solo.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 61


Figura 1: Malha de aterramento conceitual de uma UFV com reticulado da ordem de 150 m [reprodução da Figura 2
da IEEE-2778-D4:2020]

Figura 2: Sistema de aterramento de uma UFV utilizando as estruturas dos trackers [reprodução da Figura 2 da
IEEE-2778-D4:2020]

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 62


A norma observa que a gran- Finalmente a norma aborda a
de área do sistema de ater- questão do comissionamento,
ramento de uma UFV torna recomendando avaliações de
inviável o cálculo manual dos integridade do sistema de ater-
aterramentos, e esclarece ramento e informando que um
que são necessários recur- projeto baseado em um mode-
sos de software de simulação lo de solo adequado compen-
bem mais rigorosos do que os sa a impossibilidade da medi-
utilizados para o projeto de ção de resistência/impedância
aterramentos de malhas de de aterramento, em função do
aterramento de subestações. porte do sistema.

Neste caso faz-se necessá- 1.2 O projeto de norma ABNT


ria a utilização de um softwa- de aterramento de UFV
re que tenha capacidade de
modelagem de sistemas de São listados abaixo os as-
grande porte e que leve em pectos a serem considera-
consideração a impedância dos nesta norma, muitos dos
longitudinal dos condutores quais são abordados na nor-
(malha não equipotencial). ma IEEE-2778-D4:2020:

A cerca deve ser objeto de • aspectos relativos às cam-


preocupação, com o cálculo panhas geoelétricas e à
dos potenciais de toque e a modelagem do solo para o
avaliação da sua interligação, projeto do sistema de ater-
ou não, ao sistema de aterra- ramento, complementando
mento da UFV. ou modificando os critérios
básicos já estabelecidos na
norma NBR-7117;

• a corrente crítica para a UFV é


a de falta para a terra no bar-
ramento de média ou alta-
-tensão da SE coletora – úni-
ca corrente que vai fluir para o
solo e que vai gerar gradientes
de potenciais no solo (tensões
de passo e de toque);

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 63


• importância de software falta para a terra na rede
de simulação que conside- de média ou alta-tensão, e
re a impedância longitudi- de natureza impulsiva, as-
nal dos condutores – devi- sociados especialmente a
do às grandes dimensões, quedas de raios;
o sistema de aterramento
não é equipotencial; • aterramento da cerca –
se a resistividade do solo
• interfaces do aterramento é elevada (> 1000 Ωm) os
das UFV com os aterramen- gradientes de potenciais
tos dos seus subsistemas no solo mais críticos po-
(c.a., c.c, média-tensão, al- dem ocorrer nas quinas
ta-tensão), regidos por ou- das cercas;
tras normas ABNT;
• o comissionamento dos
• aterramento da rede de aterramentos da UFV deve
média-tensão, inclusive focar nos testes de conti-
das blindagens dos cabos; nuidade e de integridade
das conexões, comple-
• desempenho do siste- mentando ou modifican-
ma de aterramento frente do os critérios básicos já
a eventos de baixa-fre- estabelecidos na norma
quência, tipicamente uma NBR-15.749.

Acesse:
www.fotusenergia.com.br

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 64


MERCADO

Aluguel de equipamentos
fotovoltaicos é solução
pra quem não tem telhado
Vitória Gomes

O aluguel de energia fotovoltaica traz economia de até 20% na


conta de luz no fim do mês. É o que afirmam as empresas do
segmento de geração distribuída Edsun e Evolua.

A Edsun, startup que atua em sete estados brasileiros, tem


como foco condomínios residenciais e comerciais, atendendo
também clientes de outros segmentos. Cristiano Meditsch, CEO
da Edsun, explica como surgiu a ideia de disponibilizar aluguéis
de energia solar. “Quando iniciamos a Edsun, percebemos que o
investimento inicial para gerar energia solar era alto, o que afas-
tava muitos clientes. Nossa solução foi comprar os equipamen-
tos e oferecer a gestão e manutenção da usina fotovoltaica, ge-
rando redução imediata nos custos do cliente, que não precisa
investir nada”, relata.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 65


MERCADO

“Através da Edsun, uma instaladora credenciada faz o projeto, a


instalação e a homologação do sistema junto à concessionária. A
partir desta etapa, nós compramos este sistema e alugamos para
o cliente, fazendo toda a gestão e garantindo sua performance.
Ficamos com toda a gestão e entregamos para o cliente apenas o
que ele deseja: redução nos custos”, completa Meditsch.

Seguindo o mesmo plano de economia, a Evolua Energia ingressou


no mercado para garantir um desconto de até 20% na conta da dis-
tribuidora local. De acordo com a empresa, só em Minas Gerais, se-
rão construídas usinas fotovoltaicas com mais de 50 MW de potên-
cia instalada até 2021. Para isso, vão investir cerca de R$ 160 milhões
na construção das plantas, que devem gerar 700 novos empregos.

A Evolua informou ainda que o serviço não necessita de investi-


mento no imóvel, já que a adesão acontece de forma totalmente
digital com os clientes escolhendo entre um dos três planos dis-
poníveis pela empresa.

“Na estratégia desenhada para a Evolua, planejamos iniciar o ne-


gócio em Minas Gerais, uma vez que o estado oferece o benefício
de isenção do ICMS (isenção de imposto de circulação de merca-
dorias) na geração compartilhada. No médio prazo, no entanto, a
ideia é expandir essa iniciativa para outras regiões”, disse Tarcísio
Neves, CEO da Evolua.

Chegamos ao final de mais um


ano, diferente de tudo o que
planejamos, mas ainda com
muito a agradecer.

Que em 2021
a Energia Renovigi
continue nos renovando
com o poder do sol!

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 66


NOTÍCIAS BRASIL

‘Retirada de incentivos no setor elétrico


deve começar pelas fontes fósseis’
Mateus Badra

A proposta de reduzir incentivos às fontes de energia elétri-


ca, feita pelo Governo Federal por meio da Medida Provisória
998/2020, deve ser iniciada pelas fontes fósseis e não renová-
veis, a fim de estimular a geração limpa de eletricidade no Brasil.

A afirmação é da advogada Bárbara Rubim, CEO da Bright Stra-


tegies, especializada em regulação e modelos de negócios para
o segmento fotovoltaico brasileiro. Para a executiva, a mudança
nos incentivos precisa ser transversal e aplicada a todas as fon-
tes contempladas na CDE (Conta de Desenvolvimento Energéti-
co), cujo custo é rateado por todos os consumidores brasileiros.
“Além de iniciar pelas fontes de geração mais poluentes, a me-

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 67


NOTÍCIAS BRASIL

dida precisa respeitar o princí- ses do efeito estufa, em con-


pio da isonomia e ser aplicada sonância com mecanismos
a todas as matrizes que aces- para garantia da segurança
sam a CDE, incluindo gás na- do suprimento e da compe-
tural, carvão mineral e diesel”, titividade”, explicou a CEO da
destacou Bárbara. Bright Strategies.

Segundo ela, a alteração nos “Portanto, a mudança de mo-


incentivos às fontes de gera- delo com a devida valoração
ção de energia deve conside- dos atributos da energia foto-
rar os atributos ambientais, voltaica deve ser bem sincro-
sociais, econômicos e elétricos nizada, justamente para que os
das fontes limpas, sobretu- incentivos não terminem sem
do da tecnologia solar, que se que o novo mecanismo es-
configura como um forte seg- teja pronto para ser aplicado”,
mento de geração de emprego acrescentou a especialista.
e renda, além de colaborar com
a sustentabilidade, com o alí- Bárbara destacou ainda que
vio das redes elétricas no país trata-se de uma condição es-
e com a transição para uma sencial para que, no momen-
matriz energética mais limpa. to de mudança de modelo,
não ocorra um desequilíbrio da
Outro ponto defendido pela competitividade das fontes, de
advogada é a importância de modo que o Governo Federal
um cronograma gradual de e o Congresso possam dar um
transição para um cenário sem sinal alinhado ao século XXI de
incentivos diretos, justamente prioridade às fontes renováveis.
para dar condições mínimas
de adaptação do mercado. De acordo com a consultora, os
benefícios ambientas são fun-
“O prazo estabelecido pela MP, damentais e precisam abran-
de apenas 12 meses após a ger as renováveis, indepen-
publicação, é bastante curto dentemente do porte e perfil
para mensurar, principalmen- dos sistemas de geração, não
te no caso da energia solar, os apenas os grandes, mas tam-
benefícios ambientais relacio- bém os médios e os pequenos
nados à baixa emissão de ga- na modalidade distribuída.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 68


A ALVORADA
DE UMA
NOVA ERA
A energia solar está fazendo história,
permitindo sonhar com a diversificação
da matriz elétrica de nosso país e com
a garantia de que o sol nasça para todos.

Tendo o sol como maior parceiro e a


sustentabilidade como aliada, 2020
entra para a história como um ano
de enormes desafios, mas
também, de grandes conquistas.

www.aldo.com.br
ENTREVISTA

Energia solar é parte da solução da


economia brasileira, diz Aldo Teixeira
Convidado: Aldo Teixeira

O Canal Solar entrevistou o Canal Solar: Quem é Aldo


empresário Aldo Teixeira, pre- Teixeira?
sidente da distribuidora Aldo
Solar. Ele compartilhou sobre Aldo Teixeira: é uma pessoa
como iniciou trajetória profis- determinada, que dá os seus
sional, falou como foi receber passos, sempre, em uma úni-
o prêmio de melhor empresa ca direção. Isso, desde quan-
do setor de Comércio Ataca- do me tornei um ‘hominho’,
dista e Exterior e comentou eu já tinha essa razão de ser.
ainda com relação aos desa- Tudo o que eu sempre fiz foi
fios e o futuro do mercado de caminhar com o objetivo de
energia fotovoltaica. que isso se tornasse uma rea-

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 0


ENTREVISTA

lidade. Sou uma pessoa como


todo o mundo, procurando
realizar os seus sonhos.

C.S.: Hoje você atua no


mercado fotovoltaico,
mas iniciou no setor de
eletrônicos. Como foi a
história da sua empresa?

A.T.: É bacana relembrar o pas-


sado, porque são as nossas
raízes. Inclusive, aqui na Aldo, Sou nascido em Cornélio Pro-
tudo tem Kombi. Tem o motor da cópio, no norte do Paraná, e
Kombi, que é o nosso data cen- passei a minha juventude em
ter, tem o bagageiro da Kombi, Ivaiporã, que é bem próxima de
que é o nosso estoque. Faze- Maringá. E quando eu cheguei
mos questão de enobrecer as em Maringá, já cheguei com a
nossas raízes. O Aldo, quando decisão de formar uma famí-
chegou em Maringá, por volta lia. Mas, sinceramente, eu não
do ano de 1979, veio para casar. tinha dinheiro nem para tomar
Casar com a Ruth, que já estava um cafezinho. Então, comecei
chegando em Maringá também. trabalhando de chapa, carre-
Ela vinha de Campo Mourão e gando e descarregando cami-
eu de Ivaiporã. nhões e fui vender lá na loja
do meu pai componentes ele-
trônicos. Ali, eu tive uma opor-
tunidade. Depois de um certo
tempo, perceberam o meu co-
nhecimento em eletrônica, em
consertar televisão, rádio, toca
discos e, conhecendo toda
essa situação de componen-
tes eletrônicos e eletrônica em
geral, fui abençoado por poder
comprar uma Kombi, porque
ela era consorciada.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 1


ENTREVISTA

E aí, o Seu Manuel, que era o De 1994 para 1998, a Aldo já


dono da empresa na época, vendia fotovoltaico, vendia
falou: ‘compra essa Kombi que painéis da Cineis, da Shell, ob-
eu vou lhe dar uma mercado- viamente, era tudo off-grid.
ria e você vai viajar pelo Para- Nós tínhamos uma divisão de
ná todo de pronta entrega, de elétrica de baixa e média ten-
loja em loja e você já vai ga- são. Vendíamos todo e qual-
nhar a sua comissão’. Assim quer tipo de material elétrico,
começamos. Foi um ano, pra- tinha a parte de nobreak e ain-
ticamente, vendendo de porta da a energia off-grid.
em porta como representante
comercial, e um ano depois,
em 1982, já estava fundando
a própria Aldo. Mas por que
Aldo? As pessoas me conhe-
ciam como o ‘Aldo da Kombi’
e aí o nome da empresa virou
Aldo também.

Eu queria até ressaltar que


quando vim para Maringá para
casar acabei casando duas
vezes. Como foi isso? Foi com
a mesma mulher. Quando eu
casei pela primeira vez foi no
Paraguai, porque era menor
de idade ainda e precisava ser Depois, houve uma grande
emancipado, então, casei no mudança na Aldo. Questões
Paraguai e depois, quando fiz tributárias nos obrigaram a
21 anos, em 1981, acabei ca- mudar de ramo e fomos para
sando aqui no Brasil. a informática. Então, quan-
do chega o ano 2000, a Aldo
Então, dando sequência, a vira 100% uma empresa de TI
tecnologia evolui também e a (Tecnologia da Informação).
eletrônica foi se digitalizando. No caso, vieram os grandes
Aí, vieram os celulares, depois players mundiais da tecno-
as antenas parabólicas. logia, como Intel, Microsoft,

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 2


ENTREVISTA

HP, Seagate e tantas outras C.S.: A Aldo foi premiada


gigantes que a Aldo conquis- como melhor empresa no
tou com um contrato oficial de setor de Comércio Ataca-
distribuição no território na- dista e Exterior durante
cional. Perduramos por mais a última edição do prêmio
uns 15 anos. Crescendo expo- ‘Valor Mil’. Como você re-
nencialmente, viramos tam- cebeu essa notícia?
bém uma indústria de compu-
tadores, servidores e a coisa A.T.: Foi muito bacana. A Aldo
foi seguindo. Quando se tem já vem aparecendo nos últimos
a normatização da energia, da anos nos anuários que conta-
energia solar de geração dis- bilizam as mil maiores com-
tribuída foi praticamente ine- panhias brasileiras, e sempre
vitável. Em 2015, a Aldo co- temos alguns destaques por
meçou a dar os seus primeiros faturamento. Mas, esse ano,
passos na energia fotovoltai- fomos surpreendidos pelo Va-
ca, e aí, chegamos onde esta- lor Econômico e ficamos em
mos hoje, no ano de 2020. 504, das mil maiores empre-
sas do Brasil. Estamos no meio
do ‘fervilhão’, mas ganhar um
prêmio em destaque setorial,
como foi esse que a revista
nos trouxe, como atacadista e
comércio exterior, como cam-
peã do setor, nos deixa mui-
to engrandecidos, até porque
no setor o quesito não é valor,
não é faturamento, eles es-
tão avaliando outros valores
da companhia, como liqui-
dez, rentabilização, o retorno
para a sociedade, questão de
colaboradores e funcionários
e endividamento. Tem vários
quesitos que a revista, com a
fundação Getúlio Vargas e o
próprio Serasa, eles comun-

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 3


ENTREVISTA

gam esses valores entre as mil da pandemia, porque, nós


companhias e elegem, para já vínhamos, sistematica-
cada setor que essas compa- mente, há pelo menos 40
nhias trabalham, as campeãs. meses seguidos, crescendo
uma média de 15% ao mês e,
Então, nos pegou de surpresa, de uma hora para outra, de
estamos aqui eufóricos. E não uma semana para outra, ti-
só a Aldo, como os colabora- vemos que desmontar uma
dores, mas, principalmente, máquina inteira, suportar o
os clientes estão comemoran- bonde que estava chegando
do. Estamos recebendo uma em uma velocidade incrível,
imensidão de mensagens, e com um peso gigantesco e
eu quero aqui, então, parabe- ter que arcar com tudo isso,
nizar todo o mundo, parabe- organizar novamente e rea-
nizar todos os fornecedores locar toda aquela carga que
e clientes que confiam, que estava vindo. E não é pouca
acreditam, que fazem tudo coisa não, estamos falando
isso acontecer, porque nós aqui de 1.500 contêineres
estamos aqui por eles. que estavam a caminho na-
quele dia 20 de março e não
C.S.: Quais foram os prin- tinham como mais voltar.
cipais desafios que a em-
presa enfrentou nesse Então, você imagina: como
período de pandemia? é que saía alocando centros
de distribuição e depósitos
A.T.: Os desafios são inúmeros. para armazenar as cargas?
As coisas foram totalmente Ou seja, veio todo um trans-
imprevisíveis, totalmente sur- torno. As vendas em abril
preendentes. A cada dia era caíram 70%. No entanto, em
um grande choro, um gran- poucas semanas, vimos que
de desespero nosso interna- essa força foi se renovando.
mente. Tínhamos que juntar Em maio, por exemplo, me-
forças e encontrar uma saí- lhorou um pouquinho, me-
da. Eu poderia falar 100 coi- lhorou uns 15-20% do que
sas diferentes que acontece- aconteceu em abril, e aí foi
ram esse ano em função do uma sequência. Tanto que,
isolamento social, em função em julho, 95% do volume já

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 74


ENTREVISTA

foi igual a março. Em agosto, renda, sustentabilidade e


setembro e em outubro já vi- economia para as famílias e
mos que voltou aos níveis do empresas. Falar de fotovol-
ano passado. É uma baixa sur- taico é falar de cuidar do ar,
preendente no seu ritmo e de cuidar do CO . Todos temos
repente a coisa acelera nova- ² e agarrados
que estar unidos
mente, como se nunca viu na a nossa missão de levar a so-
vida. É incrível, tudo isso acon- lar para todos os brasileiros.
teceu em apenas oito meses.

C.S.: Gostaria que comen-


tasse sobre a resiliência
do mercado fotovoltaico.

A.T.: O mercado fotovoltaico


brasileiro está ainda nos seus
primeiros passos da sua mis-
são nessa década. É um setor
muito maduro e consolidado.
O ano de 2020 seria de cres-
cimento de mais de três dígi- C.S.: Como distribuidor,
tos. Assim será para os anos quais são os principais pe-
seguintes, mas, com a pande- didos, as principais espe-
mia, obviamente, esse reflexo culações, de quem atua no
de três dígitos não aconteceu setor fotovoltaico, sobre a
e não vai acontecer. Porém, disponibilidade dos produ-
um aumento muito significati- tos no mercado brasileiro?
vo, em relação a 2019, é real.
Nós devemos crescer na casa A.T.: A pandemia fez com que
de 50-60% em relação ao ano as pessoas corressem mais.
passado. Mas esse cresci- Todas as grandes empresas
mento, em meio à pandemia, na Ásia e em outras partes
demonstra, claramente, que do mundo aprimoraram e
o setor fotovoltaico brasilei- desenvolveram novos produ-
ro não é parte do problema, é tos, novas tecnologias. Aqui
parte da solução. Nós garan- na Aldo, durante esse tem-
timos a geração de emprego, po, lançamos mais de quatro

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 5


ENTREVISTA

mil novos geradores. Então, C.S.: Quais são os desa-


já estávamos criando os pla- fios que a Aldo espera
nos A, B, C, D e E. Fotovoltai- enquanto empresa para
co não é apenas um grid no 2021?
telhado ou numa instalação
de solo, fotovoltaico é mui- A.T.: Para 2021, os desafios
to maior que isso. Portanto, a continuam bastante expres-
Aldo conseguiu mostrar para sivos. Alguns indicadores
o mercado que você pode no mostram que o problema de
mesmo cliente oferecer qua- rota de navio da Ásia para
tro ou cinco sistemas de ge- o Brasil continuará, ainda,
ração de energia solar para muito delicado. As coisas po-
diferentes aplicações. dem ser imprevisíveis. Hoje,
nós estamos recebendo uma
Os painéis, por exemplo, a grande carga de painéis que
partir de mais algumas sema- deveriam estar na Aldo há 30
nas, já começam a desem- dias. E não foi culpa da Aldo,
barcar aqui no Brasil, e não do fabricante, do exportador,
estou falando de módulos de todos se programaram, mas,
550 W e 600W, porque esses simplesmente, os armadores
são mais voltados para utility, e os donos desses navios
para centralizadas ou essas pulavam portos, não coleta-
grandes usinas para consu- vam ou não tinham equipa-
mo remoto. Estou falando de mentos e contêineres dispo-
novos painéis de alta eficiên- níveis. Quando, de repente, o
cia para o nosso telhado bra- mercado aquece, até isso se
sileiro, voltados para geração organizar novamente deve
distribuída. Isso começa já levar um tempo, mas esse
no finalzinho desse ano, co- tempo não vai acontecer nos
meço do ano que vem. Vem próximos três meses. Então,
aí uma leva de novas placas, o maior desafio para o início
e o mercado vai perceber que de 2021 continua sendo ain-
o setor vai dar um upgrade da a logística internacional
bastante grande. para garantir espaço e ter as

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 76


ENTREVISTA

mercadorias aqui disponíveis tos bem fundamentais. Um


no tempo adequado. critério absoluto que a Aldo
carrega é que todos eles
O fabricante lá fora está pron- têm que estar com a sua
to para nos atender e a Aldo subsidiária aqui no Brasil,
também está pronta para co- com técnicos, engenheiros,
meçar um 2021 maravilhoso, marketing, pós-venda, com
espetacular, porque nós não serviços para suportar todo
temos dúvidas que, além de esse volume, todo esse ca-
uma venda represada, que minho que tem do projeto à
não aconteceu em 2020, ain- instalação, comissionamen-
da vem o crescimento natural to e tempo de garantia. En-
que estava programado para o tão, isso é uma seletividade.
ano que vem. Portanto, cres- Quem consegue fazer tudo
cer, pelo menos, mais 100- isso está dentro da Aldo, e
120%, hoje eu digo ser muito para os revendedores é a
tranquilo para o próximo ano. mesma coisa.

C.S.: Como que é a atuação A Aldo é uma distribuidora


da Aldo com os seus par- que defende toda a cadeia,
ceiros? Como que você nu- é um canal oficial desses fa-
tre esse relacionamento? bricantes e está posicionada
como um grande hub, que
A.T.: Quando falamos de for- consegue fazer toda essa
necedores, a Aldo é muito se- logística internacional e na-
letiva e premiamos quem é cionalizar toda essa merca-
líder de mercado. A empresa doria, colocando em tempo
premia quem é desenvolvedor real com agendamento de
de tecnologia, quem produz o entrega lá na obra. E a Aldo,
seu próprio produto e, princi- preservando a cadeia, está
palmente, premiamos aquele preservando o negócio deles,
fabricante, parceiro que bem porque jamais vendemos e
utiliza de um canal de distri- jamais vamos vender direta-
buição puro, tais como as suas mente qualquer tipo e qual-
mercadorias. Esses são pon- quer tamanho de projeto, isso

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 7


ENTREVISTA

nunca aconteceu com nenhu- foi acertada e estamos aqui


ma linha nossa de negócios e comemorando como melhor
muito menos agora vai ser com empresa do setor atacadis-
o fotovoltaico. A Aldo está aqui, ta, uma das maiores do Bra-
firme e forte, para os próximos sil e que está em um ritmo
anos como provedor. de crescimento alucinante.
Isso é muito bacana, só não
C.S.: Gostaria que comen- vou citar nomes, por respei-
tasse uma experiência que to, mas isso aconteceu em
passou no setor fotovol- agosto de 2018.
taico, que a partir dessa
vivência, teve uma visão C.S.: Qual mensagem que
diferente do mercado. você deixa para quem
pensa em investir no
A.T.: Tem várias, vários casos. setor solar?
São experiências muito fortes,
de situações que a gente vis- A.T.: O setor fotovoltaico bra-
lumbra a médio e longo pra- sileiro continua crescendo.
zos, que nos coloca em um rit- Poucos negócios no mundo
mo diferente. Na Intersolar de têm o que nós temos aqui
2018, por exemplo, a Aldo teve hoje. Então, que vocês acre-
que tomar uma decisão inédita, ditem, que continuem fiéis
aliada a um fabricante de pai- nesse propósito, porque o
nel, que já tinha 90% de sha- nosso negócio ainda é para
re aqui no mercado local. Em muitas décadas. A nossa
agosto daquele ano, na mesi- missão é levar energia solar
nha da nossa primeira feira, ti- a todos os brasileiros, a nos-
vemos que levantar a cabeça sa missão é cuidar do bolso
e dizer assim: ‘Então, encerra- das famílias, das empresas,
mos a parceria. A Aldo vai em é disponibilizar energia em
busca de outros fornecedores tempo integral e poder dizer
e vamos seguir a nossa vida’. que estamos colaborando
São situações muito relevantes fielmente com o nosso pla-
e hoje, tenho certeza, e acredi- neta, cuidando do meio am-
to que o mercado tem também biente e preservando a nos-
com a gente, que essa decisão sa água nas usinas.

R EVI STA CANAL S O L AR | D E ZEMBRO 2020 | 7 8

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