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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA 14ª VARA DO

TRABALHO DE PORTO ALEGRE/RS

PROCESSO Nº: 0020455-39.2022.5.04.0014


RECLAMANTE: LUCIA MARIA LUCINI DA CUNHA SALLES
RECLAMADA: UBEA - HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS

LUCIA MARIA LUCINI DA CUNHA SALLES, já qualificada nos


autos da reclamatória trabalhista, vem, respeitosamente, à Ilustre presença de V.Exa.,
manifestar-se acerca da defesa e documentos.

Desde já, IMPUGNA TODOS os documentos juntados pela


reclamada, pois em sua maioria são unilaterais e não comprovam suas alegações a fim
de impedir o direito postulado pelo reclamante.

Assim, as alegações da reclamada em sede de contestação, com


o devido respeito, não merecem prosperar. Nesse sentido, faz-se importante ratificar o
inteiro teor da inicial de ID d8bdad1 e contestar as alegações da reclamada, pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir expostas.
I. DAS PRELIMINARES

1. DA INAPLICABILIDADE DA LEI 13.467/2017

Inicialmente, a parte reclamante salienta que não devem ser


aplicadas ao presente caso as alterações introduzidas pela Lei 13.467/2017, uma vez
que o contrato de trabalho teve seu início em momento anterior à vigência da
referida lei, uma vez que foi admitida pela reclamada em 27.10.2001.

De tal modo, é válido dizer que não importa quanto tempo


antes do início da vigência da lei o contrato se iniciou. Importa que ele se iniciou
antes, motivo pelo qual desde o início foi regido pelas regras anteriores às inovações
trazidas pela Lei 13.467/17.

Portanto, não é possível, nos presentes autos, a incidência das


disposições da Lei nº 13.467/17, vigente a contar de 11.11.2017, aos empregados que,
como a parte reclamante, foram contratados antes da nova lei e cujos contratos
continuaram em vigor após o período de vacatio legis da denominada "Reforma
Trabalhista". Impõe-se a aplicação da lei vigente à época em que as partes se
obrigaram, pois, é essa a lei que irá reger os efeitos do contrato de trabalho firmado,
tempus regit actum, mesmo após a entrada em vigor de uma nova legislação.

O ajuste inicial entre as partes foi entabulado sob a égide de


determinado contexto legislativo, em meio a uma certa conjuntura, não sendo
admissível à lei nova atingir situação pretérita. Há um direito adquirido a uma situação
contratual anterior, de acordo com o qual o contrato deve ser cumprido nos termos da
lei contemporânea ao seu nascimento, que regulará inclusive seus efeitos.
Embora persista a vinculação mantida entre as partes após o
período de vacatio legis, não pode ser o ajuste atingido pela revogação prevista no art.
5º, i, da Lei 13.467/17. Nesses casos, a Constituição da República põe a salvo o direito
dos trabalhadores no que tange à revogação prevista na denominada "Reforma
Trabalhista", por se tratar de direito adquirido (art. 5º, inciso XXXVI).

Com efeito, nos termos do art. 6º, § 2º, da LINDB, "consideram-


se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-
estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem".

Note-se que o contrato de emprego é espécie de contrato


sinalagmático, ou seja, de obrigações recíprocas, de maneira que, quando da
admissão, a reclamada assumiu o compromisso de quitar as obrigações trabalhistas
legalmente previstas, o que passou, portanto, a integrar o patrimônio jurídico do
reclamante - a alteração posterior das condições contratuais acabaria por
inevitavelmente violar o sinalagma contratual inicial.

Observe-se que no presente caso incide a aplicação do artigo


468 da CLT, o qual permanece em vigor, com sua redação inalterada.

Nesse sentido, o caput do artigo traz o princípio da


inalterabilidade contratual prejudicial ao empregado que, conforme se pode
constatar no ordenamento jurídico trabalhista, admite a alteração contratual desde
que presentes dois requisitos: acordo entre as partes e ausência de prejuízos diretos
ou indiretos ao empregado. Portanto, utilizando-se desse entendimento as
alterações no contrato de trabalho iniciado anteriormente à entrada em vigor da
denominada “Reforma Trabalhista”, caso venham a causar prejuízos ao empregado,
não podem ser consideradas válidas. Ademais, ainda com a vigência da Reforma
Trabalhista, permanece vedada qualquer alteração lesiva no contrato de trabalho.
Desta forma, a “Reforma Trabalhista” somente pode ser
aplicada em benefício do trabalhador, na hipótese de o texto legal o favorecer sem
retirar direitos, sob o amparo do princípio da segurança jurídica, fundado pela
Constituição Federal de 1988. Tal conjuntura não ocorreu no caso em tela, pois foi
aplicado entendimento que prejudica o trabalhador, no momento em que o julgador
de 1ª instância estabelece que é permitida a compensação de jornada em atividade
insalubre, o que até então era (e permaneceu na novel legislação) vedado pelo
ordenamento jurídico vigente.  

Ainda, na relação trabalhista há a incidência do princípio da


proteção, o qual é deduzido do texto constitucional, de que decorre o subprincípio da
condição mais benéfica. Analogicamente, a presente situação é similar ao
entendimento consagrado na Súmula 51 do E. TST:

NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO


REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação
Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos
após a revogação ou alteração do regulamento.

Importante referir que o TST já se manifestou no sentido de


que as alterações legais, quando lesivas, alcançam apenas os contratos firmados a
partir da vigência da nova lei, mantendo-se os contratos anteriormente firmados
regidos pela lei anterior, o que deve ser observado a fim de promover a integridade e a
coerência do parâmetro de julgamento.

Tal entendimento foi consolidado na Súmula 191, III:


ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INCIDÊNCIA. BASE DE CÁLCULO
(cancelada a parte final da antiga redação e inseridos os itens II e III)
- Res. 214/2016, DEJT divulgado em 30.11.2016 e 01 e 02.12.2016
(...)
III - A alteração da base de cálculo do adicional de periculosidade do
eletricitário promovida pela Lei nº 12.740/2012 atinge somente
contrato de trabalho firmado a partir de sua vigência, de modo que,
nesse caso, o cálculo será realizado exclusivamente sobre o salário
básico, conforme determina o § 1º do art. 193 da CLT.

Em decorrência disso, tendo sido a reclamante admitida antes


da entrada em vigor da Lei 13.467/17, tem direito à aplicação, na íntegra, da lei
consolidada em sua anterior redação.

2. DOS VALORES ATRIBUÍDOS AOS PEDIDOS

Ressalta-se que os valores atribuídos pela parte reclamante aos


pedidos têm por fundamento, unicamente, atender ao previsto no artigo 840, §1º da
CLT e não os liquidar, de modo que estão sujeitos à adequação na fase processual
propícia, qual seja, a da liquidação de sentença. Assim, improcedentes as impugnações
apresentadas pela reclamada no quesito.

Observe-se que é nesse sentido o entendimento do E. TRT4:

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA.


DETERMINAÇÃO DE EMENDA ÀPETIÇÃO INICIAL PARA ADEQUAÇÃO
À NOVA REDAÇÃO AO ART. 840, § 1º, DA CLT.DESNECESSIDADE DE
LIQUIDAÇÃO PRÉVIA DOS PEDIDOS. PARCELAS
VINCENDAS.POSSIBILIDADE DE PEDIDO GENÉRICO. ILEGALIDADE DO
ATO COATOR.DEFERIMENTO DE LIMINAR. A concessão de liminar
em mandado de segurança tem como pressupostos a relevância dos
fundamentos e a ameaça à eficácia do writ caso concedida a
segurança apenas ao final, à luz do art. 7º, III, da Lei 12.016/09.
Preenchidos tais requisitos, é de reformar a decisão recorrida em que
indeferida a liminar pedida na impetração. Ordem judicial em que
exigidos requisitos além daqueles previstos no art. 840, § 1º, da CLT,
com redação dada pela Lei 13.467/2017, que a torna abusiva e
destoa do caráter instrumental do processo do trabalho, o que
autoriza a concessão de liminar para cassar o ato em que
determinada a emenda à petição inicial. Pretensão relativa ao
pagamento de parcelas vincendas que pode ser formulada de forma
genérica para fins de arbitramento aproximado, cuja hipótese pode
ser enquadrada nos incisos II e III, do art. 324 do CPC.(TRT4, 1ª SDI,
Processo nº 0020054-24.2018.5.04.0000 (MS), Desembargador João
Paulo Lucena, Relator, Julgado em 23/04/2018)

Assim, a novel regra constante do artigo 840 da CLT somente


pode ser aplicada em casos em que a liquidação antecipada dos pedidos é possível, o
que não se afigura no presente caso, haja vista que a real verificação depende de
documentos em poder da reclamada, aos quais a parte reclamante não tem acesso.
Entendimento contrário a esse acabaria por afrontar o direito ao amplo acesso à
Justiça (artigo 5º, XXXV, da CF 88), pois atribuiria ao reclamante um ônus do qual não
tem como se desincumbir.

Além disso, a previsão contida no artigo 840, § 1º da CLT refere


a expressão indicação de valor e não especificação do mesmo. Até porque para isso há
uma fase própria no processo, a liquidação.

Observe-se, ainda, que no âmbito do Processo do Trabalho os


valores indicados nos pedidos servem unicamente para fins de definição de rito
processual, isto é, do procedimento a ser adotado (ordinário, sumaríssimo ou sumário)
e não para a prolação de sentença líquida.
Desse modo, improcedentes devem ser as impugnações da
reclamada ao referido tópico.

II. DA SUPOSTA PRESCRIÇÃO

A reclamada alega a incidência da prescrição quinquenal de que


trata o inciso XXIX do art. 7º da Constituição Federal.

Deve ser ressaltado que referido dispositivo legal preceitua que


somente os CRÉDITOS RESULTANTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO serão abrangidos
pelo decurso do tempo, não o sendo A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DOS
RECOLHIMENTOS DE FGTS.

Assim, afastada deve ser a prejudicial em análise.

III. DO MÉRITO

1. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÁXIMO

A reclamada apresenta defesa alegando, em suma, que as


atividades da parte reclamante não caracterizam insalubres, não fazendo jus ao
adicional no grau postulado. Tais alegações não merecem prosperar.

Inicialmente, cumpre salientar que a parte autora laborava


como auxiliar administrativo, realizando atendimento ao consumidor, atendimento na
pacientes na recepção, na hemodiálise, dentro e fora do hospital, além de nos finais de
semana laborar na UTI, circulando e adentrando o setor assim como leitos em
isolamento, atendendo também pacientes infectocontagiosos sem diagnóstico prévio.
Nessa atividade, acompanhou pacientes com doenças infectocontagiosas como KPC,
COVID-19, Acineto e outras.
A NR 15, Anexo 14, especifica que a insalubridade de grau
máximo incide nas seguintes hipóteses:

Insalubridade de grau máximo


Trabalho ou operações, em contato permanente com:
- pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas,
bem como objetos de seu uso, não previamente esterilizados;
- carnes, glândulas, vísceras, sangue, ossos, couros, pêlos e
dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas
(carbunculose, bruceloso, tuberculose);
- esgotos (galerias e tanques); e
- lixo urbano (coleta e industrialização).

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão publicou


Orientação Normativa de nº 06, de 18 de março de 2013, referente às doenças
infectocontagiosas e as medidas de prevenção que devem ser consideradas, conforme:

(...) caracteriza-se somente quando for isolamento de bloqueio,


com o afastamento do paciente do convívio coletivo com vistas
a impedir a transmissão de agentes infecciosos a indivíduos
suscetíveis. Neste isolamento, além das Precauções Universais,
são compulsoriamente adotadas barreiras físicas secundárias. O
isolamento de bloqueio aplica-se quando o paciente apresenta
doença infecciosa de alta transmissibilidade pessoa a pessoa,
comprovada ou suspeitas, e/ou colonização por germes
multirresistentes, cuja transmissão dos agentes faz-se
exclusivamente, ou em parte, por mecanismos aéreos, tal como
pelo contato com gotículas oronasais.

É incontroverso que a parte reclamante labora em ambiente


insalubre, sendo que o ambiente hospitalar deve ser considerado ambiente insalubre
por vocação, pois concentra os hospedeiros mais susceptíveis e os micro-organismos
mais resistentes. Em nenhum outro ambiente essa associação é tão íntima e tão
complexa. Diariamente, os mais diversos micro-organismos nele são introduzidos por
fontes humanas ou por outras fontes.

A Portaria 3214/78, NR 15, anexo 14, atribui INSALUBRIDADE


EM GRAU MÁXIMO, aos trabalhos e operações em contato permanente, com
pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu
uso, não previamente esterilizados.

A insalubridade por agentes biológicos é inerente a atividade,


isto é, não há eliminação com medidas aplicadas ao ambiente nem neutralização com
o uso de EPIs. A adoção de sistema de ventilação e o uso de luvas, máscara e outros
equipamentos que evitem o contato com agentes biológicos podem apenas minimizar
o risco. Registre-se que atualmente se enfrenta uma pandemia pela COVID-19,
momento no qual os trabalhadores da área da saúde estão na linha de frente no
combate ao Coronavírus, com hospitais lotados e falta de leitos, já tendo ocorrido
milhares de mortes em razão de tal contaminação.

A exposição a micro-organismos e germes patogênicos podem


estar em pessoas aparentemente sadias.

Sob o ponto de vista técnico, a existência da insalubridade é


pacífica no caso da reclamante, pois basta uma simples exposição aos micro-
organismos patogênicos para a promoção de doenças. Os riscos não são só via contato
direto, mas pela própria contaminação do meio, aerossóis, vetores biológicos,
contaminação dos materiais de trabalho (incluindo EPIs), dentre outros.

Assim, em realidade, o que há a ser discutido é sobre o contato


permanente, visto que é inegável o contato. Segundo Aurélio Buarque de Holanda, em
seu Dicionário Aurélio, permanente tem como duradouro e/ou contínuo, ou seja,
frequente.

Segundo o médico Dr. José Antônio de Barros Piantá, em seu


livro Perícias no Trabalho, entende-se permanente aquela exposição obrigatória,
inerente à atividade, ou seja, o trabalhador que está disponível para atender pacientes
com doenças infectocontagiosas independente de sua especialidade, já que não existe
ala específica e nem equipe dedicada a esta atividade.

Logo, todos os funcionários estão disponíveis para contato


permanente, de forma obrigatória por sujeição do contrato de trabalho. Assim, devem
ser devidamente amparados com o adicional de insalubridade em grau máximo.

De acordo com Anexo 14 da NR 15, fazem jus ao adicional de


insalubridade em grau máximo os trabalhadores que “em contato permanente com
pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu
uso, não previamente esterilizados”.

Deveras que o conceito de permanente apresentado pelo


referido anexo, decorre da inserção da atividade em que há risco de contágio nas
obrigações normais e contratuais do obreiro, ou seja, corresponde ao contato habitual,
não se depreciando pelo fato de o empregado não ficar de modo ininterrupto em
contato com o agente nocivo.

A atividade da parte reclamante durante o período contratual,


evidencia que a possibilidade de contato com objetos não esterilizados e materiais
coletados, de uso de pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, e
ainda, que tal atividade não fosse executada diariamente, mas seguindo escala
semanal, resta caracterizada a insalubridade nos termos do Anexo 14 da NR-15, da Lei
3214/78 em face do contato habitual com material infecto contagiante proveniente de
todos os blocos do hospital, na medida em que havia habitualidade do contato com
esses materiais, cumprindo destacar, ainda, que a análise da insalubridade pelo
contato com agentes biológicos é quantitativa, importando apenas a ocorrência de
exposição habitual ao risco potencial.

Devem ser consideradas insalubres as atividades que envolvem


agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa. Como
não existem limites de tolerância relacionados nas atividades e operações envolvendo
contato permanente com os agentes biológicos, não existem também equipamentos
ou procedimentos de medição. O enquadramento deverá ser embasado no bom
senso, experiência adquirida e interpretação correta deste anexo.

A utilização de EPI’s pode minimizar o risco do contato com os


agentes biológicos, mas não há neutralização ou medidas de eliminação desses
agentes, em razão do fixado por este anexo.

Há entendimento inclusive da Corte do Tribunal Superior do


Trabalho, que não é necessário que o trabalhador esteja exercendo suas atividades em
área de isolamento para que lhe reconheça o direito ao adicional de insalubridade em
grau máximo, bastando que, no exercício de suas atividades, mantenha contato com
pacientes portadores de doenças infectocontagiosas ou então com objetos por eles
utilizados.

As condições insalubres de trabalho da parte reclamante serão


analisadas por meio de perícia técnica. Ademais, a parte reclamante requer o direito
de produção de prova em audiência.

Impugnam-se todos os documentos anexados pela reclamada,


uma vez que produzidos de modo unilateral.
Logo, todos os funcionários estão disponíveis para contato
permanente, de forma obrigatória por sujeição do contrato de trabalho. Assim, devem
ser devidamente amparados com o adicional de insalubridade em grau máximo.

Diante do exposto, requer a procedência do pedido nos termos


da inicial.

2. DA JORNADA DE TRABALHO. DAS HORAS EXTRAS.

A empresa contesta alegando que todas as horas extras


realizadas pela parte autora foram comprovadas nos cartões pontos e/ou
devidamente pagas ou compensadas.

Sem razão a reclamada, conforme restará demonstrado.

Inicialmente, impugnam-se todos os registros de horário


juntados (ID 2767b46), eis que desprovidos da assinatura do empregado. Quanto às
horas laboradas, com a simples análise dos cartões ponto e dos contracheques,
verifica-se que houve horas laboradas, impagas e não compensadas.

Registre-se, é incontroverso nos autos que a parte reclamante


foi admitida para laborar na jornada de 220h mensais (vide contrato de trabalho - ID
e389e36).

Como se pode observar nos cartões ponto, a parte reclamante


laborava das 8h às 18h, de segunda à quinta, e até às 17h na sexta – a reclamante não
trabalhou nesse horário, em jornada compensatória a fim de compensar o trabalho
aos sábados e havia a implementação de regime compensatório na modalidade banco
de horas.

Na hipótese de serem considerados válidos os cartões ponto


apresentados pela reclamada, o que se admite apenas em atenção ao princípio da
eventualidade, pode-se observar que a reclamante também laborou, por último, das
14h20mon, às 22h40min.

O inciso XIII do art. 7º da Constituição Federal estabelece que a


duração do trabalho normal será não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Contudo, não é possível a coexistência do regime de


compensação, sob qualquer modalidade, com o regime de banco de horas, ainda que
se encontrem devidamente autorizados em norma coletiva.

Embora a parte reclamante trabalhasse em regime


compensatório de segunda a sábado, era habitual a realização de horas
extraordinárias. Exemplificativamente, se observarmos a tabela abaixo, relativa aos
meses de novembro de 2018, maio de 2019, agosto de 2019, veremos a existência de
horas extraordinárias laboradas e não pagas:

1. DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS 100% - além da 7h20

Compet. Nº H.E. Nº H.E. Diferença


Realizadas Pagas Horas Extras
nov/18 11,89 0,00 11,89
mai/19 3,16 0,00 3,16
ago/19 12,91 0,00 12,91

Por outro lado, o art. 70 da CLT e o art. 1º da Lei nº 605/1949


garantem a folga do empregado em dia de feriado. E, não havendo a fruição do
domingo ou do feriado, tampouco a folga compensatória correspondente em outro dia
da semana, o empregado tem direito ao pagamento do trabalho prestado com a dobra
correspondente (acréscimo de 100%), ou seja, o pagamento em dobro, nos termos da
Súmula nº 146 do TST e do art. 9º da Lei nº 605/1949.
As amostragens comprovam, desde já, que a realização de
trabalho em domingos e feriados eram habituais, independente do período ou
jornada informado pela reclamada.

ID 2767b46

O repouso semanal remunerado está incluído na remuneração


ajustada mensalmente. Se o empregado trabalha em dia destinado ao repouso, recebe
esse trabalho com o adicional de 100%, ou seja, recebe o repouso (já integrado na
remuneração) e recebe pelo trabalho, remunerado em dobro (com o adicional de
100%). Portanto, o labor prestado no dia destinado ao descanso semanal remunerado
deve ser pago em dobro, limitado aos períodos em que inexistir, no período de sete
dias consecutivos de trabalho, correspondente gozo de um descanso. O referido
entendimento está em consonância com o entendimento contido na Súmula 146 do
TST:

TRABALHO EM DOMINGOS E FERIADOS, NÃO COMPENSADO.


O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado,
deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa
ao repouso semanal".
Após as amostragens apresentadas, cumpre salientar que a
adoção dos dois regimes compensatórios utilizados de forma concomitante, tal como
adota a reclamada, são prejudiciais à parte autora, que, além de trabalhar em regime
compensatório fazia habitualmente labor extraordinário para compensar pelo banco
de horas e sua atividade era insalubre!

Indubitavelmente devem ser considerados nulos os regimes


adotados e a reclamada condenada ao pagamento de horas extras excedentes a
jornada legal/contratual, conforme pleiteado na inicial.

A jornada da parte reclamante sempre excedeu as 8 horas


diárias e as 44 horas semanais, haja vista a frequência com que prestava horas extras,
isto é, quase todos os dias, como evidenciam os cartões ponto juntados aos autos.

Relativamente ao banco de horas adotado, após as


amostragens apresentadas, cumpre salientar que a adoção do regime compensatório
nessa modalidade deve ser considerada igualmente nula, haja vista que o mesmo não
obedece a todos os requisitos de validade, assim como a parte reclamante fazia
habitualmente labor extraordinário para compensar pelo banco de horas, trabalhava
aos finais de semana TODOS os meses e sua atividade era insalubre!

Conforme se pode verificar, o regime compensatório encontra


previsão nas normas coletivas juntadas, na forma exigida na parte final do inciso XIII do
art. 7º da Constituição Federal:

"A duração do trabalho normal não superior a oito horas


diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho"

Embora o contrato de trabalho da parte reclamante não


contenha previsão de adoção do regime compensatório banco de horas, há previsão
no instrumento coletivo.
A cláusula normativa que prevê a implementação dessa
modalidade de compensação está assim redigida (por exemplo, Convenção Coletiva de
trabalho 2017/2019, cláusula 47a, ID 3110f60):

CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA - BANCO DE HORAS


O empregador poderá adotar um sistema de banco de horas,
mediante concordância do empregado por escrito, no qual as
horas que excedem ao limite da jornada semanal contratada
poderão ser compensadas dentro do prazo 03 (três) meses, a
contar da data correspondente ao encerramento do ponto do
mês em que ocorreu a referida jornada extraordinária.
Parágrafo Primeiro - Na hipótese de rescisão do contrato de
trabalho e quando não houver a compensação das horas
acumuladas no Banco de Horas, dentro do prazo previsto no
caput,o trabalhador fará jus ao pagamento das horas
pendentes, que serão consideradas como extraordinárias e
remuneradas com o adicional previsto na presente Convenção.
Parágrafo Segundo – O empregado deverá ser comunicado
em até 48h (quarenta e oito horas), quando da efetiva
compensação.
Parágrafo Terceiro - O empregador deverá fornecer,
mensalmente, aos empregados informações sobre as horas
prestadas no mês, possibilitando ao empregado controlar o
número de horas a serem compensadas dentro da sistemática
ora estabelecida.
Parágrafo Quarto - O empregador e o empregado deverão,
obrigatoriamente, compensar as horas existentes no Banco de
Horas sempre que estas atingirem o limite da jornada mensal
contratada. A partir da vigência da presente convenção, este
limite do acúmulo de horas no banco será reduzido para, np
máximo, 50% (cinquenta por cento) da carga horário mensal do
trabalhador.
Parágrafo Quinto – Ficam o empregado e o empregador
autorizados, a qualquer tempo, suspender a adoção do banco
de horas.
Parágrafo Sexto – Possibilita-se ao empregado utilizar a horas
excedentes acumuladas dentro da sistemática de compensação
horária ora ajustada, para tratar de assuntos de seu interesse,
sem prejuízo de qualquer natureza, devendo para tanto
comunicar previamente à sua chefia imediata, no prazo
estabelecido no parágrafo segundo; podendo, ainda, mediante
concordância do empregador, dispor de horas para
compensação futura, hipótese na qual, se o contrato de
trabalho for rescindido, será realizado o desconto
correspondente. (Grifos nossos)
Em que pese o disposto na norma coletiva, não há como
considerar válido o regime compensatório adotado, na medida em que os requisitos
normativos sequer eram observados pelo empregador.

Veja-se que os registros de ponto juntados não permitem


identificar a observância do período máximo para compensação das horas extras
estipulado nas normas coletivas (3 meses), tampouco indicam, de forma clara,
organizada e precisa, o saldo mensal do banco de horas, inviabilizando que a
empregada fiscalizasse o sistema compensatório implementado.

A validade do regime compensatório do banco de horas


necessita, além da autorização do empregado, de um sistema de implantação
detalhado e transparente, que possibilite tanto ao trabalhador, quanto àqueles que
venham analisar a documentação funcional referente à jornada, a imediata e
indubitável aferição das horas efetivamente compensadas.

Não há, de resto, prova do pagamento de horas extras


referentes ao banco de horas ou de compensação de todas as horas positivas havidas
em favor da empregada. De salientar, nesse contexto, que a compensação efetuada
sob a modalidade de banco de horas deve ser transparente e de fácil controle pelo
trabalhador.

No caso em tela, as convenções coletivas autorizam a adoção


de banco de horas desde que cumpridos os critérios estabelecidos. Constata-se,
contudo, que a reclamada em nenhum momento comprovou nos autos ter observado
as disposições descritas e constantes das normas coletivas, ônus que lhe competia.
Desse modo, entende-se que não pode ser considerado válido o regime
compensatório adotado.

Observe-se, ainda, que no caso de atividade insalubre, é


obrigatória a autorização prevista no art. 60 da CLT para a adoção da jornada
compensatória, seja ela em que modalidade for, pois as normas referentes à higiene e
segurança do trabalho são de ordem pública, e não podem, por isso, ser revogadas
pela vontade das partes. Com o cancelamento da Súmula n. 349 do TST (Res.
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011), a qual autorizava a compensação
da jornada sem inspeção prévia da autoridade competente, quando assim ajustado em
acordo ou convenção coletiva, retoma a imprescindibilidade do requisito do art. 60 da
CLT.

Ressalta-se, também, que não deve prevalecer o argumento da


reclamada de que o banco de horas era previsto em normas coletivas da categoria,
haja vista que, em observância ao princípio da reserva legal, as normas coletivas não
podem retirar do patrimônio jurídico do trabalhador quaisquer direitos a ele
assegurados pela legislação trabalhista.

Ademais, a reclamada argumenta que mensalmente o extrato


das horas contidas no banco de horas ficava à disposição do trabalhador no setor de
Recursos Humanos. Entretanto, sabe-se que apesar de poder visualizar o extrato do
banco de horas, a reclamada não prestava informações suficientes acerca do sistema
de crédito e débito de suas horas, devendo ser declarado nulo o banco.

Colacionam-se decisões do TRT da 4ª Região em que restou


anulado o banco de horas:

COMPENSAÇÃO HORÁRIA. BANCO DE HORAS. INVALIDADE. A


eficácia da compensação horária na modalidade banco de
horas exige a observância das disposições legais e dos
requisitos pactuados nas normas coletivas. Evidenciado o não
atendimento desses requisitos, resta inválido o banco de horas
praticado e devido o pagamento das horas laboradas além dos
limites legais. (0021314-40.2017.5.04.0011 (ROT), Redator:
MARIA HELENA LISOT, Órgão julgador: 11ª Turma, Data:
24/10/2019)

HORAS EXTRAS. BANCO DE HORAS. A validade do regime de


compensação na modalidade banco de horas depende, além da
autorização expressa em acordo ou convenção coletiva, um
mínimo de informações ao trabalhador a respeito do sistema
de créditos/débitos de suas horas, o que não foi
suficientemente observado pelo reclamado. (0021558-
27.2017.5.04.0024 (ROT), Redator: MANUEL CID JARDON,
Órgão julgador: 5ª Turma, Data: 09/05/2019)
NULIDADE DO REGIME COMPENSATÓRIO. ATIVIDADE
INSALUBRE. ADICIONAL SOBRE AS HORAS DESTINADAS À
COMPENSAÇÃO E REFLEXOS. A inexistência da licença prévia
da autoridade competente de que trata o art. 60 da CLT, enseja
irregularidade do regime compensatório, ainda que autorizado
por norma coletiva. A irregularidade implica direito ao adicional
legal de horas extras em relação àquelas laboradas além da 8ª
diária, na forma do que orienta o item III da Súmula nº 85 do
C.TST. Recurso não provido. (0020675-26.2016.5.04.0021 (RO),
Redator: ANA LUIZA HEINECK KRUSE, Órgão julgador: 4ª
Turma, Data: 05/12/2018)

HORAS EXTRAS. REGIME COMPENSATÓRIO. ATIVIDADE


INSALUBRE. ART. 60 DA CLT. INVALIDADE. Ainda que
autorizado em norma coletiva, é inválido o regime
compensatório quando praticado em atividade insalubre e não
demonstrado o atendimento dos requisitos previstos no art. 60
da CLT. (0021227-24.2016.5.04.0010 (RO), Redator: JOAO
PAULO LUCENA, Órgão julgador: 4ª Turma, Data: 06/12/2018)

Desse modo, está evidenciada a irregularidade da compensação


da jornada por meio de banco de horas implementada pela reclamada, pois não
demonstrada a estrita obediência às disposições legais e normativas que orientam a
sua instituição. Em razão disso, as horas que ultrapassaram os limites constitucionais
de duração do trabalho deverão ser remuneradas como horas extras.

Diante do exposto, resta amplamente demonstrado que o


banco de horas adotado deve ser considerado NULO, sendo a reclamada condenada
ao pagamento de horas extras, conforme postulado na inicial.

Diante da argumentação acima exposta, são devidas as horas


extras pleiteadas na peça inicial.

3. DO INTERVALO DO ART. 384 DA CLT


Ao realizar horas extras, a reclamante não gozava do intervalo
de 15min do artigo 384 da CLT, este direito adquirido por ela. A reclamada alega que
deve ser reconhecida a inconstitucionalidade do artigo em questão, 384 da CLT, por
ferir o artigo 5º, inciso I, da CF/88.

O teor do artigo 384 da CLT, dos 15 minutos de descanso à


mulher antes da realização de horas extras, foi recepcionado pela Constituição Federal
de 1988 e a sua não observância deve ser punida com o pagamento destes minutos
como extras, usando-se como analogia, o disposto no artigo 71 da CLT.

Tal se justifica porque se trata de supressão de intervalo


destinado à recuperação da força despendida e a sua não aplicação traz prejuízo ao
empregado que trabalha habitualmente em hora extraordinária.

Ressalte-se que a jurisprudência dos Tribunais se posiciona


nesse sentido:

INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT. Os 15 minutos antecedentes ao


labor em horário extraordinário previstos no art. 384 da CLT são
válidos e constitucionais, razão pela qual devem ser observados pelos
empregadores. A supressão do intervalo em questão acarreta, por
analogia, os efeitos estabelecidos no art. 71, §4º, da CLT, devendo o
tempo suprimido ser pago como hora extra (TRT4: RO 0001476-
09.2011.5.04.0404; 8ª Turma; Relator: Juraci Galvão Júnior; Julgado
em: 16/05/2013).

Inclusive, consoante se verifica na ementa baixo, o Pleno do


TST, em sessão realizada em 17.11.2008, em julgando incidente de
inconstitucionalidade (TST-IIN- RR-154000-83.2005.5.12.0046), em acórdão do
Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, por maioria de votos, decidiu que o artigo
384 foi recepcionado e que a concessão de condições especiais à mulher não fere o
princípio da igualdade entre homens e mulheres e que a igualdade jurídica não afasta
a natural diferenciação fisiológica e psicológica dos sexos.

MULHER – INTERVALO DE 15 MINUTOS ANTES DE LABOR EM


SOBREJORNADA – CONSTITU CIONALIDADE DO ART. 384 DA CLT EM
FACE DO ART. 5º, I, DA CF. 1. O art. 384 da CLT impõe intervalo de 15
minutos antes de se começar a prestação de horas extras pela
trabalhadora mulher. Pretende-se sua não-recepção pela
Constituição Federal, dada a plena igualdade de direitos e obrigações
entre homens e mulheres decantada pela Carta Política de 1988 (art.
5º, I), como conquista feminina no campo jurídico. 2. A igualdade
jurídica e intelectual entre homens e mulheres não afasta a natural
diferenciação fisiológica e psicológica dos sexos, não escapando ao
senso comum a patente diferença de compleição física entre homens
e mulheres. Analisando o art. 384 da CLT em seu contexto, verifica-se
que se trata de norma legal inserida no capítulo que cuida da
proteção do trabalho da mulher e que, versando sobre intervalo
intrajornada, possui natureza de norma afeta à medicina e segurança
do trabalho, infensa à negociação coletiva, dada a sua
indisponibilidade (cfr. Orientação Jurisprudencial 342 da SBDI-1 do
TST). 3. O maior desgaste natural da mulher trabalhadora não foi
desconsiderado pelo Constituinte de 1988, que garantiu diferentes
condições para a obtenção da aposentadoria, com menos idade e
tempo de contribuição previdenciária para as mulheres (CF, art. 201,
§ 7º, I e II). A própria diferenciação temporal da licença-maternidade
e paternidade (CF, art. 7º, XVIII e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa claro
que o desgaste físico efetivo é da maternidade. A praxe generalizada,
ademais, é a de se postergar o gozo da licença-maternidade para
depois do parto, o que leva a mulher, nos meses finais da gestação, a
um desgaste físico cada vez maior, o que justifica o tratamento
diferenciado em termos de jornada de trabalho e período de
descanso. 4. Não é demais lembrar que as mulheres que trabalham
fora do lar estão sujeitas a dupla jornada de trabalho, pois ainda
realizam as atividades domésticas quando retornam à casa. Por mais
que se dividam as tarefas domésticas entre o casal, o peso maior da
administração da casa e da educação dos filhos acaba recaindo sobre
a mulher. 5. Nesse diapasão, levando-se em consideração a máxima
albergada pelo princípio da isonomia, de tratar desigualmente os
desiguais na medida das suas desigualdades, ao ônus da dupla
missão, familiar e profissional, que desempenha a mulher
trabalhadora corresponde o bônus da jubilação antecipada e da
concessão de vantagens específicas, em função de suas
circunstâncias próprias, como é o caso do intervalo de 15 minutos
antes de iniciar uma jornada extraordinária, sendo de se rejeitar a
pretensa inconstitucionalidade do art. 384 da CLT. Incidente de
inconstitucionalidade em recurso de revista rejeitado (TST: TST-IIN-
RR-1.540/2005-046-12-00.5; Tribunal Pleno; Relator: Ives Gandra da
Silva Martins Filho; DEJT: 12/02/2009).

Assim, deve a reclamada ser condenada a pagar como horas


extras, o intervalo de 15 minutos previsto no artigo 384 da CLT, com as devidas
integrações nas verbas de natureza salarial e remuneratórias, inclusive diferenças a
serem apuradas sobre as verbas rescisórias, FGTS e multa de 40%, conforme o
postulado na exordial.

4. DO ADICIONAL NOTURNO

Ao contrário do que alega a reclamada, o adicional noturno não


foi corretamente pago à parte reclamante.

A devida interpretação do artigo 73, § 5º da CLT, consolidada


na Súmula 60 do TST, é no sentido de que o adicional noturno incide inclusive sobre as
horas laboradas após as 5 horas da manhã, por se considerar extremamente penoso
ao empregado, a extensão de sua jornada após esse horário de trabalho.
O art. 73, §§ 4º e 5º, da CLT autoriza a interpretação de que é
devido o adicional noturno para as horas laboradas após as 5h da manhã, o que é o
caso em exame, em que a jornada era realizada das 22h às 7h50min da manhã
seguinte, conforme o entendimento da Súmula nº 60 do TST.

A amostragem anexa deixa evidente a existência de diferenças


de adicional noturno. Vejamos:

3. TOTAL DE HORAS COM ADICIONAL NOTURNO (NOTURNA +


REDUZIDA)

Compet. Nº H.E. Nº H.E. Diferença


Realizadas Pagas Horas Extras
ago/19 24,36 13,01 11,35

Dessa forma, configurado o suporte fático do artigo 73, § 5º, da


CLT e Súmula 60 do TST, restando incontroversa a não-observância no curso do
contrato de trabalho, devendo a reclamada ser condenada ao pagamento de
diferenças de adicional noturno durante toda contratualidade.

5. DA INDENIZAÇÃO PELA HIGIENIZAÇÃO DO UNIFORME

A reclamada exige o uso de uniforme, contudo, transfere a


conservação e higienização do mesmo para o trabalhador.

A reclamada apresenta defesa argumentando somente a


inexistência de amparo legal para a indenização dos custos com a lavagem do uniforme.
Sem razão a empregadora.

Primeiramente, conforme preleciona o artigo 2º da CLT, é


vedada a transferência dos riscos da atividade econômica ao empregado, motivo pelo
qual esta deve arcar com as despesas que o empregado tem para higienização dos
uniformes de uso obrigatório como material de limpeza, água, energia elétrica, etc.
Considerando a atividade desempenhada pela parte autora, é
certo que ela teve despesas para efetuar a lavagem de seu uniforme, uma vez que há
dificuldade de retirar os agentes insalubres do uniforme.

Há de se referir que a lavagem de qualquer roupa gera


despesas e, sendo feita pelo empregado, em caso de uniforme, em favor da
empregadora, devem ser ressarcidas. Entendimento em sentido diverso importaria
em transferir ao empregado os riscos do empreendimento, o que não se admite, nos
termos do artigo 2º da CLT.

A jurisprudência majoritária do TST é no sentido que, sendo o


empregado obrigado a utilizar o uniforme fornecido pela empresa,
eventuais despesas realizadas com a sua higienização devem ser suportadas pelo
empregador, visto que é dele o risco do empreendimento, na forma do art. 2º da CLT.

RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014.
1. INDENIZAÇÃO PELA LAVAGEM DE UNIFORME. Esta Corte
Superior fixou entendimento no sentido de que, sendo o
empregado obrigado a utilizar o uniforme fornecido pela
empresa, as eventuais despesas que o trabalhador venha a
arcar com a sua higienização devem ser suportadas pelo
empregador, visto que é dele o risco do empreendimento, na
forma do art. 2º da CLT. Precedentes. Recurso de revista não
conhecido quanto ao tema. (RR - 969-73.2013.5.04.0761 ,
Relator Ministro: Maurício Godinho Delgado, Data de
Julgamento: 23/09/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
25/09/2015)     

INDENIZAÇÃO. LAVAGEM DE UNIFORME DE USO
OBRIGATÓRIO PELO EMPREGADO NO TRABALHO. 1. O
princípio da reserva legal, erigido no inciso II do artigo 5º da
Constituição da República, tem caráter genérico, o que não
permite, em regra, o reconhecimento de sua violação direta e
literal. 2. A ausência de emissão de tese pela Corte de origem
acerca da não comprovação pela reclamante
das despesas realizadas com a lavagem do uniforme,
inviabiliza o exame da alegada ofensa aos artigos 818 da
Consolidação das Leis do Trabalho e 333, I, do Código de
Processo Civil. Hipótese de incidência da Súmula n.º 297, I,
desta Corte superior. 3. Não se reconhece ofensa à literalidade
do preceito contido no artigo 458, § 2º, inciso I, da
Consolidação das Leis do Trabalho em face de decisão proferida
pela Corte de origem, no sentido de ser devidaà
reclamante indenização pela lavagem do uniforme cuja
utilização no trabalho era exigida pelo empregador. Não se
controverte na hipótese a caracterização de salário utilidade
consubstanciado na oferta pelo empregador do uniforme ao
empregado. 4. Recurso de revista não conhecido. [...]" (TST-RR-
20000-59.2007.5.04.0771, 1ª Turma, Relator Ministro Lélio
Bentes Corrêa, DEJT de 24/04/2015) 

INDENIZAÇÃO. REEMBOLSO PELAS DESPESAS EFETUADAS


PELO EMPREGADO COM A LAVAGEM DE UNIFORMES.
Discute-se, nos autos, se é devido o reembolso ao empregado
das despesasefetuadas com a lavagem de uniforme, quando o
seu uso for obrigatório. Esta Corte superior tem firmado o
posicionamento no sentido de que os custos de conservação e
limpeza do uniforme devem ser suportados pelo empregador,
por ser dele o risco da atividade econômica, conforme dispõe o
art. 2º da CLT. Precedentes. Nesse contexto, o Regional, ao
condenar o empregador ao pagamento de indenização ao
reclamante correspondente ao reembolso das despesas com
a lavagem de uniformes, decidiu em consonância com a
jurisprudência prevalecente nesta Corte superior. Recurso de
revista não conhecido. [...]" (TST-RR-342-94.2013.5.04.0203, 2ª
Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT de
30/04/2015)    

Ademais, a parte autora reserva seu direito de produzir prova


em audiência.

Desta forma, deve ser julgado procedente o pedido do referido


item na exordial.

6. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Conforme se verifica no ID 3ca62c1 dos autos, a parte


reclamante declara sua miserabilidade jurídica atual. Preenchidos, portanto, os
requisitos, faz jus ao benefício, na forma da Lei 5584/70 e Lei 1060/50.
Em relação ao pedido de assistência judiciária gratuita, ressalte-
se que a Lei nº 1.060/50, ao instituir normas para a concessão do benefício da
assistência judiciária gratuita aos necessitados, pontificou nos preceitos editados pelos
artigos 1º e 2º enunciados que estão lastreados nos seguintes termos:

Art. 1º - Os poderes públicos federal e estadual,


independentemente da colaboração que possam receber do
município e da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB,
concederão assistência judiciária aos necessitados nos termos
desta Lei.
Art. 2º - Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou
estrangeiros residentes no País, que necessitarem recorrer à
Justiça Penal, Civil, Militar ou do Trabalho.

Ainda, não deve ser aplicada a nova legislação trabalhista, visto


a nova previsão trazida no art. 790, §3º da CLT, que prevê que o benefício da
assistência judiciária gratuita será limitado àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

O benefício da justiça gratuita constitui garantia do cidadão


prevista na Constituição Federal em seu art. 5º, inciso LXXIV, tendo-se como bastante a
declaração de insuficiência de recursos para que alcance o benefício busca, com as
isenções estabelecidas na Lei nº 1.060/50.

O instituto do benefício da justiça gratuita orienta-se,


unicamente, pelo pressuposto do estado de miserabilidade da parte, comprovado
mediante declaração pessoal do interessado. A lei, até então, exigia, apenas que o
beneficiário apresentasse declaração de pobreza afirmando não possuir condições
financeiras de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de seu sustento e de
sua família. Assim, nos termos do art. 4º da Lei nº 1.060/50, faz jus o autor ao
deferimento da gratuidade de justiça.
Decisão que vir a determinar a aplicação da legislação dada
pela Lei nº 13.467/2017 irá vir de encontro ao basilar princípio norteador do Direito do
Trabalho, qual seja, o princípio da Proteção Integral ao Trabalhador, eis que deixa de
aplicar a lei mais benéfica e passa a aplicar, de imediato, a lei que condena o
trabalhador ao pagamento, eventualmente, de custas processuais, deixando de
observar a hipossuficiência ainda que existente em uma relação de trabalho.

Acerca do assunto, refere o doutrinador Leandro Dias Borges:

“Trata-se de uma violenta sanção. Desarrazoada e desproporcional.


O trabalhador, que geralmente é o autor da ação, nem sempre se
pode fazer presente. Isso se dá pelas mais variadas razões, como
dificuldade de locomoção, falta de dinheiro para utilização de
transporte público, oportunidade de um novo emprego. No entanto,
se não puder comparecer à audiência, será condenado ao pagamento
das custas, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se
comprovar justificadamente sua ausência.” 1

Ademais, além de ir de encontro ao princípio


supramencionado, a proposta 1 da Comissão nº 1, da I Jornada sobre a Reforma
Trabalhista do TRT4, dispôs que a Lei nº 13.467/2017 não pode retroagir, caso de
desrespeito ao direito adquirido do trabalhador:

PROPOSTA 1: DIREITO MATERIAL DO TRABALHO. LEI NOVA. TEORIA


DO EFEITO IMEDIATO. Dada a qualidade de ordem pública em que se
fundam as disposições trabalhistas e a natureza de trato sucessivo do
contrato de trabalho, a Lei 13.467/17 é aplicável de imediato aos
contratos de trabalho em curso à data de sua vigência, de forma não
retroativa, respeitados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada, nos termos do artigo 6º da Lei de Introdução às

1
CASSAR, Vólia Bomfim, Leandro Dias Borges. Comentários à reforma trabalhista. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 179 – 180.
normas do Direito Brasileiro, e observado o artigo 468 da CLT.
Aprovado por maioria. (grifo nosso)

Decisão que negue a justiça gratuita, com base na Lei nº


13.467/2017 é equivocada, visto que a decisão viria de encontro ao art. 5º, XXXVI da
CF/88, que dispõe que a “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada”.

Ainda, no que tange à contrariedade constitucional, a aplicação


da norma contida no art. 790, §3º da CLT afronta o direito ao acesso à justiça, disposto
no inciso XXXV do art. 5º da CF/88. Julgar o direito ou não ao benefício da justiça
gratuita, condicionando a limitação de até 40% do limite máximo dos benefícios do
Regime Geral da Previdência Social é, no mínimo, imprudente.

Não se presume que a pessoa possua condições financeiras de


arcar com eventuais custas, mesmo que receba mais que 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral da Previdência Social e, a presunção em questão, fere o
inciso LXXIV, do art. 5º da CF, o qual dispõe que o Estado irá prestar assistência jurídica
integral e gratuita. Inclusive, nesse aspecto, o doutrinador Jorge Souto Maior entende:

A regra em questão fere, mais uma vez, a garantia do inciso LXXIV,


do art. 5º, da CF, segundo a qual cumpre ao Estado prestar
assistência jurídica integral e gratuita aos que não puderem arcar
com os custos do processo. Assim, em esforço de adaptação da
norma à Constituição, há de se entender que a justificativa para o
não comparecimento pode ser social, familiar ou econômica, como o
fato de o reclamante ter alguma entrevista de emprego no mesmo
dia ou ainda de estar a serviço para o seu novo empregador em outra
localidade etc.

Com isso, observa-se que o dispositivo legal não deve ser


aplicado aos contratos de trabalho anteriores à entrada em vigor da Lei nº
13.467/2017, eis que ferem aos Princípios do Direito do Trabalho, a Constituição
Federal e, ainda, é contrária à norma subsidiária disposta no art. 14 do CPC, a qual
dispõe que a aplicação de nova norma processual deverá respeitar as situações
jurídicas consolidadas na vigência da norma anterior, que, no presente caso, trata-se
do cumprimento do contrato de trabalho antes da entrada em vigor da Lei nº
13.467/2017.

Nesse aspecto, em se tratando da situação jurídica da


retroatividade da Lei, a doutrina é pacífica que o autor da ação deve conhecer os riscos
do processo quando do ajuizamento da ação e não pode ser surpreendido por
eventual ônus que desconhecia, conforme:

(...), a análise sobre os riscos e ônus decorrentes do ajuizamento da


ação, da oferta da contestação ou da interposição do recurso é feita,
precisamente, quando do ajuizamento da ação, da oferta da
contestação ou da interposição do recurso (!). Não haveria falar, por
conseguinte, em que a natural demora do processo autorizasse,
diante da superveniente entrada em vigor do novo Código, que
regras eventualmente mais gravosas para a parte alterassem aqueles
elementos considerados por ela considerados quando da escolha pelo
ajuizamento da ação, pela resistência ou pela interposição do
recurso. É dizer, a ponderação custo vs. benefício que pauta a escolha
da parte quanto à conduta a ser adotada o processo não pode sofrer
posterior alteração que poderia influenciar aquela escolha pelo
simples fato de que a escolha já foi exercida.

Por fim, objetivando respeitar a Constituição Federal e os


princípios basilares do Direito do Trabalho, a parte reclamante não pode ficar
desamparada do judiciário e do benefício da assistência judiciária.

Assim, a parte autora requer o deferimento do benefício da


justiça gratuita.
7. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Com a procedência da ação, deve ocorrer a condenação de


honorários de sucumbência, incluindo aqui os honorários advocatícios pela
sucumbência, estipulados em 15%, conforme prevê o art. 791-A da CLT.

Logo, vindo a empresa a sucumbir integralmente nos pedidos,


deve ser condenada ao pagamento dos honorários de sucumbência, estipulado em
15%, em favor da parte reclamante.

Quanto aos honorários sucumbenciais a que possa ser


condenada a parte reclamante, não há como incidir no presente caso, consoante a
tese firmada no julgamento da ADI nº. 5.766, pelo STF, na qual se reconhece a
inconstitucionalidade dos Artigos 790-B, caput, parágrafo 4º, e 791-A, parágrafo 4, da
CLT, conforme decisão de julgamento, in verbis:

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o


pedido formulado na ação direta, para declarar inconstitucionais os
arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso
(Relator), Luiz Fux (Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por
maioria, julgou improcedente a ação no tocante ao art. 844, § 2º, da
CLT, declarando-o constitucional, vencidos os Ministros Edson Fachin,
Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Redigirá o acórdão o Ministro
Alexandre de Moraes. Plenário, 20.10.2021 (Sessão realizada por
videoconferência - Resolução 672/2020/STF) 2.

Considerando-se o efeito vinculante da decisão de


inconstitucionalidade, conforme dispõe o §2º do artigo 102 da CF/88:
2
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5250582
“§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas
ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal”.

Entende-se, pois, necessária a não condenação da parte


reclamante ao pagamento de honorários advocatícios.

8. DO FGTS

Requer seja a ré condenada ao pagamento dos recolhimentos


de FGTS decorrentes de verbas que a reclamante pretende sejam declaradas devidas
por esse Juízo, inclusive a título de indenização compensatória de 40%.

9. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Acerca do pedido formulado pela reclamada de autorização por


esse Juízo da realização dos descontos previdenciários e fiscais, entende a reclamante
que são de inteira e única responsabilidade do empregador, eis que não efetuou, em
época própria, as contribuições referidas. É clara esta responsabilidade, de acordo com
o disposto no artigo 33, parágrafo 5° da lei 8212/91.

Quanto aos descontos fiscais, o contribuinte estaria isento da


incidência do Imposto de Renda se tivesse recebido mês a mês as parcelas pleiteadas.
Quanto aos descontos previdenciários, incabível sua dedução.
A incidência do imposto é resultado exclusivo da mora do empregador; por isso, a
solução para flagrante injustiça deve ser dada pelo Judiciário, através da condenação
da empresa ao custeio deste ônus, sendo vedado qualquer desconto a este título dos
valores eventualmente obtidos com o sucesso da demanda.

Desta forma, considerando que a parte reclamante somente


receberá os créditos devidos em uma única oportunidade por culpa e ato exclusivo da
reclamada – que deixou de adimplir os direitos trabalhistas – deve ser indeferida a
incidência de descontos previdenciários e fiscais in casu.

10. DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Face à procedência da presente reclamatória trabalhista,


devidos são os juros e a correção monetária sobre as verbas trabalhistas deferidas.

11. DA DEDUÇÃO E RETENÇÃO

A reclamada postula a dedução de eventuais créditos


reconhecidos à parte autora, em razão da condição de entidade filantrópica. Não
merece prosperar tal pedido.

Aplicar a dedução dos créditos do reclamante apenas é meio de


puni-lo por postular em juízo seus direitos trabalhistas, além de claramente beneficiar
a parte reclamada que, em que pese lesar o trabalhador em seus direitos mínimos,
ainda não terá qualquer prejuízo econômico.

Diante do exposto, não merece procedência o pedido


postulado pela reclamada para dedução dos créditos da parte autora.

12. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS COM A CONTESTAÇÃO


Impugna todos os documentos juntados pela reclamada, pois
em sua maioria são unilaterais e insuficientes para comprovar as alegações que visam
impedir o direito postulado pelo autor.

Requer o recebimento da presente manifestação para que


surta seus jurídicos e legais efeitos.

DIANTE DO EXPOSTO, requer:

a) O prosseguimento do feito com a procedência total da


presente ação e condenação da Reclamada em todos os
pedidos da inicial;

b) Protesta-se pela produção de prova documental e


demais, caso seja necessário, considerando a testemunhal,
pericial, inspeção judicial e de todos os meios lídimos,
especialmente depoimento dos prepostos da Reclamada, sob
pena de confissão, se não comparecer, ou, comparecendo, se
negar a depor.

c) Que sejam declarados incontroversos os pedidos não


contestados ou contestados genericamente, gerando a
condenação das Reclamadas;

d) A aplicação dos arts. 341 e 400 do CPC.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Porto Alegre, 17 de agosto de 2022.


Leônidas Colla Tailessa Malta
OAB/RS 31.704 OAB/RS 126.288

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