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Tadeu Augusto Guirro

OAB/PR 64.421

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 5ª VARA DO


TRABALHO DE MARINGÁ – ESTADO DO PARANÁ

ATSum: 0000147-23.2021.5.09.0872
Reclamante: THAINA EWELLIN GARCIA SILVA
Reclamado: SIMONI CRISTINA VIEIRA FELISBINO e ROSALINA SOSSAI VIEIRA

SIMONI CRISTINA VIEIRA FELISBINO e ROSALINA SOSSAI


VIEIRA, já qualificadas, devidamente representadas por seu procurador judicial infra
firmado, nos autos em epígrafe de Reclamação Trabalhista proposta por Thaina Ewellin Garcia
Silva, igualmente qualificada, vem, tempestiva e respeitosamente à presença de V. Exª
apresentar sua CONTESTAÇÃO, consoante os fatos e fundamentos jurídicos a seguir
explicitados:

1. PRELIMINARMENTE - DA JUSTIÇA GRATUITA

Excelência dispõe o novo Código de Processo Civil, em seu artigo 337,


XIII:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


[...]
XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Atualmente, a simples afirmação de miserabilidade jurídica não basta


para o deferimento da assistência judiciária gratuita. Revogada foi à presunção de pobreza
anteriormente estabelecida em lei ordinária. Sendo que, a Constituição Federal, mais
precisamente em seu artigo 5º, inciso LXXIV, determina que, “O Estado prestará assistência
judiciária e integral gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos”. Neste sentido, o §4º
do artigo 790, da CLT, incluído pela Lei nº. 13.467/2017, prevê:

Art. 790. [...]


§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. (g.n.)

No presente caso, a Reclamante não comprova que não pode custear o


processo sem que haja prejuízo de sua subsistência.

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2. PRELIMINARMENTE – DA INÉPCIA DA INICIAL


- NÃO ATENDIMENTO DO §1º DO ART. 840 DA CLT
- AUSÊNCIA DE LIQUIDAÇÃO/INDICAÇÃO DO VALOR

Inicialmente, importante destacar que a petição inicial é inepta por não


atender requisito essencial de formalidade ao atribuir o valor da causa de forma incorreta.

Com o advento da reforma trabalhista – Lei 13.467/2017, a petição


inicial deve observar os requisitos previstos no §1º do artigo 840 da CLT, devendo ser o
pedido certo, determinado e com indicação de seu valor.

É que a parte Autora não indicou o valor do pedido de aplicação da


multa do art. 467 da CLT, trazida em pág. 24 da Inicial, no tópico “IX - MULTA DO ART. 467
DA CLT” – pág. 19 da exordial proposta, restando ausente a liquidação ou estimativa
plausível deste pedido em particular.

Ademais, não foi estabelecido o valor dos honorários advocatícios no


tópico “X – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS” (pág. 20) – pedido na razão de 15% - detém
meios para aferir o quantum a título de honorários de sucumbência.

Dessa forma, conclui-se que a liquidação dos pedidos e indicação do


correspondente valor da causa é requisito da petição inicial, não havendo qualquer
impossibilidade de apuração das informações necessárias à liquidação dos pedidos.

Em razão da ausência da causa de pedir constituir verdadeiro defeito


da petição inicial, requer seja reconhecida a inépcia da exordial, extinguindo o processo em
tela sem resolução do mérito, ou, sucessivamente, para que ao menos seja concedida a
oportunidade à Autora emendar a inicial a fim de sanar o vício.

3. DO MÉRITO – VÍNCULO EMPREGATÍCIO


- AUSÊNCIA DE CONTRATO DE TRABALHO

A Autora aduz que foi contratada para trabalhar para as Reclamadas


entre 18/05/2020 à 03/11/2020, na função de cuidadora, desempenhando a jornada de segunda
à sexta, das 8h às 18h, com intervalo e descanso de 2h e sábados das 8h às 12h, mediante o
pagamento do salário de R$1.200,00, pugnando pelo reconhecimento do vínculo laboral para
anotação da CTPS e demais pagamentos pleiteados na presente ação.

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No entanto, impugna-se a pretensão.

Desde o início da prestação de serviços, a Reclamante nunca foi


obrigada a comparecer diariamente, tanto que ela mesma comunicava quando queria e
quando seria possível o seu comparecimento para a eventual prestação de serviço, e nos dias
que optava por não comparecer, jamais existiu qualquer penalidade ou medida disciplinar
adotada, simplesmente deixava de ganhar sua diária.

O pactuado com a Autora, foi para o comparecimento na residência


apenas 1, 2 ou no máximo 3 vezes por semana, de modo eventual, em dias aleatórios, para
cuidar do finado sr. DARIO e após o falecimento deste, para cuidar da 2ª Reclamada, sra.
ROSALINA.

Outrossim, as irmãs da 1ª Reclamada, Sandra e Célia, também


auxiliavam nos cuidados de seus genitores, possuindo um grupo no WhatsApp para informar
as condições do sr. DÁRIO. Dessa forma, não era necessário o comparecimento todos os dias
pela Autora.

Assim sendo, pelo princípio da distribuição do ônus da prova, atribui-


se à Reclamante o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito, correspondente a
pretensão deduzida em juízo, ante os termos do art. 818 da CLT.

Neste aspecto, invoca-se a preliminar de ilegitimidade passiva para


que, caso assim Vossa Excelência entenda, analise-a em sede de mérito com o acréscimo das
razões a seguir aduzidas.

A Reclamante suscita a existência de vínculo empregatício com as


Reclamadas, mas, com a inicial não trouxe nenhum adminículo probatório que conforte suas
alegações e também não se desincumbirá deste ônus até o final da ação.

Com efeito, recorre-se à lei para se determinar se realmente houve a


prestação de serviços hábil a configurar a relação de emprego. A Consolidação das Leis do
Trabalho, em seu Art. 3º, estabelece três requisitos indispensáveis e cumulativos para a
caracterização da figura do emprego e, via de consequência, da figura da relação de emprego,
quais sejam:

a) pessoalidade e serviço não eventual;


b) dependência, em relação ao empregador;

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c) remuneração, mediante salário.

Assim, para a relação configurar-se de emprego, há de ser “intuito


personae”, de caráter não eventual; com subordinação, que se traduz pelo poder diretivo do
empregador, e mediante contraprestação. Ausente qualquer um dos elementos
constituidores do vínculo de emprego, resta afastada a possibilidade jurídica de sua
caracterização. No caso em comento não se vislumbra nenhum dos requisitos acima
mencionados.

Nunca houve prestação de serviço pessoal e não eventual. Jamais


houve subordinação, eis que a Reclamante não recebia ordens, não cumpria horário e sequer
prestava contas de seus afazeres para as Reclamadas.

Destarte, o cotejo das provas que serão produzidas apontará para a


inexistência de vínculo empregatício, exatamente nos termos aduzidos na presente
contestação, motivo pelo qual requer a improcedência da ação por negativa de vínculo.

Assim, improcede o pedido de anotação da CTPS, pagamento de


salários e suas pretendidas diferenças, DSR e feriados, férias +1/3, FGTS, aviso-prévio, 13º
salário, Seguro-Desemprego e indenização da multa do art. 477 da CLT.

4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS


- INEXISTÊNCIA DE DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA

Conforme acima referido, não houve na eventual prestação de serviços


da Reclamante para as Reclamadas, no período pleiteado, qualquer ânimus de firmar de
contrato de emprego, em uma relação de trabalho que se desenvolveu de forma esporádica,
razão pela qual, deverá restar julgado totalmente improcedente o pedido de determinação
de reconhecimento da extensão do contrato de trabalho, juntamente com o pedido de
anotação na CTPS do período reclamado, e de depósito do FGTS e contribuições
previdenciárias do referido período. Da mesma forma, totalmente improcedente o pedido de
verbas rescisórias de férias +1/3, 13º salário, aviso prévio, e demais consectários.

Na remota hipótese de ser reconhecido o liame laboral, o que não se


espera, requer seja considerado o motivo da rescisão como por iniciativa da empregada, pois
a própria Reclamante foi quem parou de comparecer na residência e cortou o contato, nunca
havendo uma “dispensa” por parte das Reclamadas.

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A Autora decidiu não mais proceder em suas atividades por seus


próprios motivos particulares, inexistindo qualquer ordem emanada das Reclamadas para
que não fosse realizar o serviço. Assim, impugna-se a pretensão de recebimento das verbas
rescisórias de aviso-prévio, multa de 40% do FGTS.

5. DA GARANTIA DE ESTABILIDADE – GESTANTE


- INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA

A Autora postula o direito à indenização pecuniária pelo desligamento


do emprego durante seu período de gravidez.

No entanto, tal pleito merece improceder, impugna-se, pois fora a


própria obreira quem não mais retornou ao trabalho, não merecendo prosperar o pedido,
visto que não há descumprimento contratual ou ato ilícito praticado pelo Reclamado.

Desta forma a intenção de rescindir o contrato não partiu das


Reclamadas, mas da própria Reclamante, e sendo assim, não faz jus à estabilidade provisória.

Ademais, a norma protege a gestante exclusivamente de rescisão do


contrato de trabalho que ocorre de forma injusta e abusiva, o que não ocorreu no presente
caso, devendo ser indeferida de plano a presente pretensão.

Referida norma não visa garantir um acréscimo pecuniária à


empregada, de modo que lhe é permitido escolher entre a reintegração e a indenização
substitutiva.

O direito da empregada gestante é de exclusivamente ter a sua


reintegração, e, exclusivamente nos casos de não cabimento da reintegração (por
extemporâneo ou por indicação médica), a indenização substitutiva.

Fora as hipóteses de dispensa fundada nas razões previstas no artigo


165, aplicável por analogia, o objetivo da Carta Magna é proteger o emprego contra a resilição
unilateral do contrato de trabalho pelo empregador, impedindo que a função fisiológica da
mulher no processo de reprodução constitua causa de discriminação, com embaraços ao
exercício de seu direito ao trabalho.

Portanto, o que se deve impor, caso dispensada a empregada, é a


reintegração no emprego, diante do fim perseguido pela normativa em questão.

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Neste caso a empregada deixa transcorrer, injustificadamente, todo o


período relativo à estabilidade provisória e ingressa em juízo só posteriormente,
inviabilizando a reintegração, não há como assegurar-lhe as vantagens pecuniárias
correspondentes. A rigor, o que a empregada pretende, agindo dessa forma, não é o emprego,
mas as vantagens pecuniárias advindas da estabilidade provisória. Comportamento dessa
natureza implica exercício abusivo do direito de ação, porque desviado de sua finalidade.

No presente caso, já não mais se trata de assegurar a Reclamante a


proteção oriunda da norma pública, mas de lhe acobertar a malícia e a tentativa de
enriquecimento indevido.

Neste diapasão:

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA.


GESTANTE. ABUSO DE DIREITO. A negligência da reclamante, que não
procurou a empresa para informar que estava grávida e requerer o retorno ao
trabalho, bem como a ausência de interesse da mesma na continuidade do pacto
laboral, e, por fim, a demora no ajuizamento da demanda, demonstram a
intenção única e exclusiva de receber a indenização substitutiva, furtando-se à
devida prestação de serviços. A conduta da reclamante viola os princípios da
boa-fé e da segurança jurídica, além de configurar evidente abuso de direito, o
que não deve ser tolerado por esta Justiça Especializada. Recurso Ordinário a que
se nega provimento. (Processo RO – 0000048-58.2017.5.06.0102, Redator: Maria do
Socorro Silva Emerenciano, Data de Julgamento: 25/10/2018, 1ªTurma) –
grifamos.

GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. A estabilidade provisória da gestante é


sim um instituto social que protege a gestação na sua grandeza biológica, procurando
coibir a dispensa imotivada, ou seja, aquela decorrente da iniciativa do empregador. Não
é objetivo da legislação servir às artimanhas daquelas pessoas que visam tão
somente ao recebimento da indenização. Por isso, se ficar evidente o interesse da
trabalhadora em apenas receber os salários do período estabilitário, sem a
contraprestação natural do contrato, ou seja, a colocação da sua força de
trabalho à disposição do empregador, mormente quando não sustenta e não
motiva concretamente a impossibilidade de retorno ao emprego, deve o julgador
obstar direito à indenização. (Processo n.º Nº 0002861-57.2013.5.12.0029, 1ª
Turma do TRT 12ª Região, p. 20/03/2015, Rel. Des. Águeda Maria Lovato Pereira).
- Grifamos

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Sendo ausente o pedido de reintegração, extraindo-se tal interpretação


da formulação de rescisão indireta pela parte Autora, o pedido de condenação em
indenização substitutiva pela estabilidade provisória resta inócuo, posto que não há amparo
legal, motivo pelo qual requer a improcedência do pedido.

Impugna-se, portanto, o pedido de reconhecimento da estabilidade


gestacional e pagamento da indenização substitutiva da reintegração, indeferindo-se o
pagamento integral de salários do período estabilitário.

6. DA DIFERENÇA SALARIAL

Como exposto pela própria Autora, a mesma era CUIDADORA, não


se encaixando na condição de empregada doméstica – de modo que não faz jus ao piso
salarial requerido.
Podemos averiguar o fato ao observar o “Print” retirado das redes
sociais da Reclamante, no Facebook (https://www.facebook.com/thayna.ewellin), que ela se auto
denomina como ‘cuidadora de idosos’, sendo informado até o período de trabalho de ‘9 de
junho de 2020 até o presente’.

Iremos ressaltar que a Reclamante exige o piso salarial desde o mês de


Maio de 2020, quando era exclusivamente o cargo de CUIDADORA do sr. DÁRIO, como

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evidenciado na Inicial. A priori, já não deve ser considerado os meses de cobrança do piso
salarial até o falecimento do sr. DÁRIO, que se deu no dia 24 de Junho de 2020. Ante os
motivos expostos, impugna-se a pretensão.

7. DO FGTS E MULTA DE 40%

Não há qualquer verba a ser quitada pelas Reclamadas a título de


recolhimento fundiário, vez que os depósitos foram quitados ao longo do período contratual,
e tendo em vista que a Reclamante foi quem pediu sua demissão, não faz jus à liberação e
saque do FGTS tampouco o adimplemento de sua multa de 40%, sendo que a causa de
desligamento restará inalterada não há em se falar em tal verba.

8. DOS SALÁRIOS REFERENTES À INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA

Conforme apresentado em tópico anterior, a Autora não se enquadra


no piso salarial de doméstica, tendo em vista o exercício da função de cuidadora, de modo
que a estabilidade, se caso devida, deve observar apenas o salário contratual.

9. AVISO PRÉVIO

Sendo mantido o pedido de demissão da obreira, não há que se falar


em deferimento do pagamento de aviso-prévio, devido somente na hipótese rescisão
imotivada, não sendo o caso dos autos, impugna-se a pretensão.

10. DAS VERBAS RESCISÓRIAS


- DO 13º SALÁRIO E FÉRIAS +1/3

Como já aduzido, as Reclamadas jamais deram ensejo para


configuração de ato ilícito apto a extinguir o liame empregatício por falta grave. Assim, a
Reclamante optou pela rescisão contratual quando não mais retornou ao trabalho, revelando
seu desinteresse na continuidade da relação com as Reclamadas, cessando a partir dali o
vínculo empregatício por vontade exclusiva da Reclamante, sem qualquer vício, coação ou
cometimento de qualquer falta pelas Reclamadas.

Desta forma, uma vez que a Reclamante manifestou desinteresse na


manutenção do contrato de trabalho, tem-se que partiu dela própria a iniciativa de romper o
vínculo empregatício, não há que se falar, portanto em rescisão indireta do contrato de
trabalho motivada por falta das Reclamadas.

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No caso dos autos, cabe à Autora a prova da justa causa cometida pelas
empregadoras, por se tratar de fato impeditivo do direito vindicado, a teor do art. 818, da
CLT e do art. 373, II, do CPC e em observância ao princípio da continuidade da relação
empregatícia.

Isso porque a hipótese de rescisão indireta consubstanciada no art. 483,


"d", da CLT, apenas se configura com a prova contundente de que as empregadoras
descumpriram obrigações decorrentes do liame empregatício que impossibilitam a
continuidade da prestação de serviços, ante a quebra da confiança que permeia o contrato de
trabalho, situação que não ficou configurada nos autos.

O que se nota, é que a Reclamante pretende se desligar das Reclamadas


por sua livre e espontânea vontade, mas agora quer se beneficiar da demissão sem justa
causa. Assim, não há que se falar em rescisão indireta do contrato de trabalho.

Não houve qualquer irregularidade; descumprimento contratual ou


fato outro que enseje a rescisão contratual, de modo que os episódios narrados na inicial não
correspondem com a realidade.

Desta feita, pugna-se pelo indeferimento do pedido de rescisão


indireta, sendo rejeitados, por conseguinte, a pretensão de pagamento das verbas rescisórias
de aviso-prévio, 13º salário; férias vencidas + 1/3 constitucional; férias simples e
proporcionais + 1/3 constitucional; depósitos de FGTS de 8% sobre o salário, multa de 40%
sobre os depósitos do FGTS; entrega das guias para levantamento do FGTS; entrega da guia
de seguro-desemprego ou indenização substitutiva nos termos da súmula 389, TST.

11. DO DANO MORAL

Alega a reclamante ser devida indenização por dano moral, alegando


que as Reclamadas, supostamente, teriam gerado abalo pois foi demitida em um período que
era estável. Impugna-se a pretensão obreira, que além de totalmente genérica, se mostra
inócua face à fragilidade do pleito de reversão da modalidade rescisória. Vale salientar,
conforme as conversas no WhatsApp, a existência de uma relação amigável, tendo a 1ª
Reclamada uma preocupação sobre a saúde da Reclamante e até oferecendo ajuda com roupas para o
filho da Autora.

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Contesta-se a pretensão, uma vez que improcede o pedido de danos


morais, que está mais uma vez comprovando o verdadeiro abuso que se tem visto em
pedidos desta natureza.

E, pelo que foi retro exposto, constatamos a total impossibilidade de a


Reclamante ver-se ressarcida em pecúnia, por uma inexistente ilicitude ou danos. Assim, por
todo o exposto, entende as Reclamadas que não houve ofensa a moral, não tendo havido o
indigitado DANO, motivo que leva a total improcedência do pleito indenizatório.

Repisa-se, o instituto do dano moral surgiu para reprimir as atitudes


que causem um verdadeiro prejuízo para a parte ofendida, no sentido de abalar sua
reputação, honra, sofrimento e diminuindo ou privando a integridade individual, causando
dor, tristeza. A obrigação de indenizar decorre da existência da violação e do dano
concomitantemente, fatores estes inexistentes na hipótese em apreço. Por todas essas razões
é que as Reclamadas não infringiram o disposto nos artigos 186 e 927, do Código Civil.

Assim, tem-se que descabe a condenação em danos morais e se, ad


argumentandum, coubesse, o deferimento não poderia seguir a linha traçada pela Reclamante.
A fixação, urge repetir, se fará de forma ponderada de modo a vedar o enriquecimento ilícito.

Portanto, é preciso redobrado cuidado para que não quede o julgador


ante as lamúrias infundadas e situações engendradas e defira quantias exorbitantes em favor
de quem não se faz merecedor. Destarte, não há que se falar em reparação por dano moral
e/ou existencial, restando improcedentes os pedidos elencados na peça exordial.

12. DA MULTA DOS ARTIGOS 467 DA CLT

Inaplicável o art. 467 da CLT, bem como o acréscimo de 50% sobre as


verbas rescisórias (Lei 10.272/ 2001), eis que todas as verbas ora postuladas são, no mínimo,
controversas.

13. DOS REFLEXOS

Tendo em vista que todas as verbas pleiteadas serão julgadas


improcedentes, não há que se falar nos inúmeros reflexos requeridos pela parte Autora.
Portanto, como será julgado improcedente o principal, melhor sorte não resta aos acessórios,
sendo estes indeferidos.

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14. DO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA

Na remota hipótese de deferimento de alguma verba pleiteada na


presente demanda, requer seja adotada a TR como índice de atualização monetária aplicável,
e não o IPCA-E, tendo em vista que está sedimentado pela atual jurisprudência o
entendimento de que o índice de correção monetária aplicável aos débitos trabalhistas
encontra-se fixado no artigo 39 da Lei 8.177/1991, como sendo a TR:

“Art.39. Os débitos trabalhistas de qualquer natureza, quando não satisfeitos


pelo empregador nas épocas próprias assim definidas em lei, acordo ou
convenção coletiva, sentença normativa ou cláusula contratual sofrerão juros
de mora equivalentes à TRD acumulada no período compreendido entre a data
de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento. ”

No mesmo diapasão segue a OJ 300 da SDI-1 do TST:

OJ-SDI1-300 EXECUÇÃO TRABALHISTA. CORREÇÃO


MONETÁRIA. JUROS. LEI Nº 8.177/91, ART. 39, E LEI Nº 10.192/01,
ART. 15 (nova redação) - DJ 20.04.2005 Não viola norma constitucional (art.
5°, II e XXXVI) a determinação de aplicação da TRD, como fator de correção
monetária dos débitos trabalhistas, cumulada com juros de mora, previstos no
artigo 39 da Lei nº 8.177/91 e convalidado pelo artigo 15 da Lei nº 10.192/01.

Portanto, requer a adoção da a TR como índice de correção durante


todo o período, ou então, sucessivamente, requer a correção dos créditos trabalhista com
observância do art.39 da Lei 8.177/1991, aplicando-se a TR até 24/03/2015 e o IPCA-E a partir
de 25/03/2015 até a data limite de 11/11/2017 em que passou a vigorar Lei 13.467/2017,
conforme modulação estabelecida pelo Tribunal Pleno do C. TST ao julgar os embargos de
declaração apresentados no processo nº 479-60.2011.5.04.0231.

15. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

No caso de pedidos em que a Reclamante for sucumbente, surge-se a


referida obrigatoriedade de pagamento dos honorários advocatícios em favor do procurador
patronal.

Diante do exposto, pugna-se as Reclamadas pela condenação da


Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios em favor do procurador da parte

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contestante em valor a ser fixado por V. Excelência no caso de pedidos em que houve
sucumbência da Reclamante.

Cumpre ressaltar que, o inverso não se aplica, posto que ainda não
foram derrogados o jus postulandi nem tampouco as súmulas 219 e 329 do C. TST, nem mesmo
a Súmula 17, do TRT da 9ª. Região.

16. DA CONCESSÃO DE JUSTIÇA GRATUITA AS RECLAMADAS

As Reclamadas não reúnem condições financeiras que permitam arcar


com as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família, fazendo jus, por
isso, ao benefício da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei 1060/1950. Destaca-se
que há entendimento no Egrégio Tribunal Regional da Quarta Região no sentido de que a
declaração de hipossuficiência econômica dispensa prova quando realizada por pessoa física,
firma individual ou microempresa, sempre sob as penas da lei.

Mas, segundo o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, e o artigo 2º


da Lei 1060/50, a gratuidade independente de a Requerente ser pessoa física ou jurídica,
empregado ou empregador. Esta questão está pacificada no TST e também no STJ, pois este
inclusive aprovou o enunciado da Súmula 481: "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa
jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais". No CPC vigente, da mesma forma, no seu art. 98 foi assegurado o direito de
gratuidade processual também à pessoa jurídica, nada mais justo se aplicar também as
Reclamadas, pessoa física.

Com relação à 2ª Reclamada, sra. ROSALINA extrai-se que a mesma é


pensionista do INSS recebendo o valor de 1 salário-mínimo (R$1.100) como renda oriunda
do benefício previdenciário, motivo pelo qual faz jus à justiça gratuita.

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Portanto, atualmente não aufere renda que lhe permita arcar com as
custas processuais sem o prejuízo do sustento da família, fazendo jus, por isso, ao benefício
da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da Lei 1060/1950.

Destarte, não obstante os fundamentos até o momento aduzidos


conduzirem à improcedência dos pedidos iniciais, requer a concessão do benefício da
Assistência Judiciária Gratuita, para isentar o Contestante de toda e qualquer custas,
honorários e despesas diversas do processo.

17. DO ABATIMENTO DAS VERBAS PAGAS

As Reclamadas requerem, desde já, pelo princípio de eventualidade, o


abatimento, a dedução e a compensação das verbas já pagas, nas verbas que, porventura,
venham a ser deferidas, de forma global.

18. OUTRAS QUESTÕES

Na remota eventualidade de se reconhecer qualquer verba a obreira, a


correção monetária deve obedecer a “época própria”, ou seja, a partir do 5º. dia útil do mês
subsequente ao vencido, e não o da competência salarial.

Invoca-se a Súmula Nº 381 do TST

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Em caso de eventual condenação, e conforme a Emenda Constitucional


nº 20, de 16 de dezembro de 1998, alterando o art. 114 da Constitucional Federal, requer-se a
determinação deste Juízo a proceder, assim que liquidados os cálculos, ao recolhimento da
contribuição previdenciária devida à seguridade social (arts. 43 da Lei 7.212/91 e Provimento
no. 02 da Corregedoria Geral da Justiça), e do Imposto de Renda (art. 46 da Lei 8.541/92 e
Provimento no. 01 da Corregedoria Geral da Justiça), observado o montante do salário
contribuição, tanto da parte do empregado como da cota patronal, de tudo promovendo-se
comprovação nos autos.

Invoca-se a Súmula Nº 368 do TST

Nessas condições, requer-se o deferimento dos descontos


previdenciários e fiscais, cada parte arcando com a sua quota parte procedendo-se o desconto
da quota do empregado quando dos cálculos, devendo os valores previdenciários serem
apurados mês a mês o os fiscais, sobre o montante total inclusive juros.

Improcede o pedido de imputação exclusiva as Reclamadas dos ônus


previdenciários. E, impugnam-se os documentos carreados pela Obreira posto que
unilaterais e inábeis a demonstrar seu pretenso direito.

Por fim, requer a produção de prova oral, notadamente no depoimento


pessoal do Reclamante e oitiva de testemunhas que comparecerão à audiência independente
de intimação, face às consideráveis controvérsias de matéria fática, sendo imprescindível a
colheita de provas sob pena de cerceamento de defesa.

19. DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, e com o protesto pela produção de todas as provas


em direito admitidas, julgando o presente feito pela TOTAL IMPROCEDÊNCIA dos
pedidos formulados, manifestando-se assim escorreita aplicação da lei e de justiça.

Nestes termos, pede deferimento.


Maringá - PR, 18 de agosto de 2021.

TADEU AUGUSTO GUIRRO


OAB/PR 64.421

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