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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 16ª REGIÃO
4ª Vara do Trabalho de São Luís
RTOrd 0017028-07.2017.5.16.0004
AUTOR: LUCIO ANDRE BRUZACA SANTOS
RÉU: ATEMDE-ATENDIMENTOS MEDICOS DE EMPRESAS LTDA - EM
LIQUIDACAO EXTRA-JUDICIAL, MULTICLINICAS-ASSISTENCIA MEDICA,
CIRURGICA E HOSPITALAR LTDA - EM LIQUIDACAO EXTRAJUDICIAL

ATA DE AUDIÊNCIA

PROCESSO N.º 0017028-07.2017.5.16.0004

Aos sete dias do mês de junho do ano de dois mil e dezoito, nesta cidade de São
Luís/MA, às 15hs10min, estando aberta a audiência, com a presença da Exma.
Sra. Dra. ÂNGELA CRISTINA CARVALHO MOTA LUNA,Juíza do Trabalho,
foram apregoados os litigantes: LUCIO ANDRE BRUZACA SANTOS,
reclamante, e ATEMDE-ATENDIMENTOS MÉDICOS DE EMPRESAS LTDA -
EM LIQUIDACAO EXTRA-JUDICIAL e MULTICLINICAS-ASSISTÊNCIA
MÉDICA, CIRURGICA E HOSPITALAR LTDA - EM LIQUIDAÇÃO
EXTRAJUDICIAL, reclamadas.

Ausentes as partes.

Em seguida, foi proferida a seguinte SENTENÇA:

I. RELATÓRIO.

O reclamante ajuizou reclamação trabalhista em face de ATEMDE-


ATENDIMENTOS MÉDICOS DE EMPRESAS LTDA - EM LIQUIDACAO
EXTRA-JUDICIAL e MULTICLINICAS-ASSISTÊNCIA MÉDICA, CIRURGICA E
HOSPITALAR LTDA - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL postulando as
parcelas contidas na petição inicial, sob os fundamentos fáticos e jurídicos ali
elencados. Deu à causa o valor de R$74.826,90. Juntou documentos.

As reclamadas não compareceram à audiência inaugural, apesar de


devidamente notificadas, e foram declaradas revéis.

Ouvido o reclamante.

Sem outras provas, foi encerrada a instrução, tendo o reclamante arrazoado


remissivamente.

As propostas conciliatórias ficaram prejudicadas.

É o relatório.

II. FUNDAMENTAÇÃO.
PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO.

É necessária a análise dos pedidos à luz do que foi esclarecido com o


depoimento do reclamante e passo a fazê-los.

O reclamante alega que trabalhou para as reclamadas de 01.01.2013 a


01.05.2017, na função de coordenador administrativo e remuneração de
R$4.628,00. Informa que as reclamadas não entraram em processo de falência
e vinham cumprindo as obrigações trabalhistas.

Por fim, alega que foi dispensado sem justa causa e não recebeu verbas
rescisórias.

Pleiteia a anotação da baixa na CTPS e o pagamento de verbas rescisórias,


FGTS com 40%, indenização pelo Seguro-desemprego e multas da CLT.

Regularmente cientes (Súmula 16, do TST) a comparecerem a ato em que


deveriam apresentar defesa, as reclamadas fizeram-se ausentes, razão pela
qual é declarada a revelia, sendo consideradas confessas quanto à matéria fática
discutida nos autos, nos termos do art. 844, da CLT, desde que verossímeis e
analisados em cotejo com as demais provas dos autos.

Os documentos que instruem a inicial contém o registro do início do contrato de


trabalho (cópia da CTPS de ID de20454) e o contracheque indica a remuneração
(ID 49b0526).

Contudo, a tese do reclamante não pode prosperar porque é inverossímil e fere


o bom senso de qualquer cidadão. A começar que não é crível que numa relação
de emprego, vínculo empregatício, venda de força de trabalho, a
contraprestação do trabalhador seja suprimida por exatos 20 (vinte) meses.
Ainda mais em se tratando de alguém que ocupava alto posto na reclamada,
conforme denoto do cargo e remuneração descritos na inicial. Além disso, o
processo de falência (Processo nº 34447-36.2015.8.10.0001) foi autuado desde
o ano de 2015, portanto, a 1ª reclamada está na inatividade desde então. Por
fim e como a revelia não gera presunção absoluta de veracidade da tese da
inicial, percebo da prova oral produzida não beneficiou o autor.

Em sede judicial o autor se contradisse e confessou que na verdade o contrato


de trabalho estava suspenso, pois recebia benefício previdenciário desde
dezembro de 2014. Porém, também nada veio aos autos a este respeito,
nenhuma comprovação.

Reconheço, então, o vínculo de emprego entre as partes com admissão em


01.01.2013, função de coordenador administrativo, remuneração de R$4.628,00
e dispensa em 31.12.2014.

Portanto, prestigiando o princípio da primazia da realidade, das provas


constantes dos autos é possível depreender que o contrato de trabalho se
extinguiu em dezembro de 2014 e, tendo em vista que o processo foi autuado
em 30.05.2017, portanto, após o lapso temporal relativo à prescrição bienal (art.
7º, inciso XXIX, da CRFB/88).

Assim, declaro prescrita a pretensão correspondente às verbas atinentes a


lesões de direito pleiteadas na petição inicial, exceto quanto às anotações na
CTPS (art. 11, parágrafo 1º, da CLT, e decido extinguir o processo com resolução
de mérito, conforme art. 7º, inciso XXIX, da CRFB/88 c/c art. 487, inciso II, do
CPC.

MÉRITO PROPRIAMENTE DITO.

GRUPO ECONÔMICO.

Consta dos documentos juntados aos autos pelo reclamante que as empresas
em referência possuem objeto social semelhante e que se complementam.

Dessa forma, com base no art. 2º, parágrafos 2º e 3º, da CLT, resta patente a
comunhão de interesses e atuação conjunta das empresas.

Assim, evidenciado que o reclamante laborou em benefício do grupo econômico


composto pelas empresas supramencionadas, reconheço a responsabilidade
solidária das reclamadas, nos termos do artigo 2º, parágrafo 2º, da CLT.

BAIXA NA CTPS.

Defiro o pedido de baixa na CTPS, pois tais anotações, possuem cunho


declaratório, logo, não são alcançados pela prescrição (art. 11, parágrafo 1º, da
CLT).

Reconheço, então, o vínculo de emprego entre as partes com admissão em


01.01.2013, função de coordenador administrativo, remuneração de R$4.628,00
e dispensa em 31.12.2014.

Condeno as reclamadas a procederem à anotação da baixa na CTPS obreira


(considerando-se a projeção ficta do aviso prévio). Tal obrigação de fazer ser
cumprida no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após notificação cartorial, sob
pena de a Secretaria da Vara o fazer (art. 39, parág. 2º, da CLT).

O reclamante deverá entregar sua CTPS na Secretaria da Vara, 05 (cinco) dias


após o trânsito em julgado para viabilizar a obrigação de fazer.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Indefiro o pedido de honorários advocatícios, pois ausentes os requisitos das


Súmulas nos. 219 e n. 329 do C. TST.

JUSTIÇA GRATUITA.
Indefiro o pedido de Justiça Gratuita ao reclamante em virtude do autor perceber
salário igual ou superior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social (art. 790, § 3º, da CLT).

III. DISPOSITIVO.

ANTE O EXPOSTO, nos termos da fundamentação, a qual passa a fazer parte


do presente dispositivo, na reclamação trabalhista ajuizada por LUCIO ANDRE
BRUZACA SANTOS, reclamante, em face de ATEMDE-ATENDIMENTOS
MÉDICOS DE EMPRESAS LTDA - EM LIQUIDACAO EXTRA-JUDICIAL e
MULTICLINICAS-ASSISTÊNCIA MÉDICA, CIRURGICA E HOSPITALAR
LTDA - EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL, reclamadas, decido, declarar
prescrita a pretensão correspondente às verbas atinentes a lesões de direito
pleiteadas na petição inicial, exceto quanto às anotações na CTPS (art. 11,
parágrafo 1º, da CLT) e, decido extinguir o processo com resolução de mérito,
conforme art. 7º, inciso XXIX, da CRFB/88 c/c art. 487, inciso II, do CPC, e, no
mérito, julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados pelo
autor para condenar as reclamadas a procederem à anotação da baixa na CTPS
obreira tendo a dispensa ocorrido em 31.12.2014 (considere-se, ainda, a
projeção ficta do aviso prévio). Tal obrigação de fazer ser cumprida no prazo de
48 (quarenta e oito) horas após notificação cartorial, sob pena de a Secretaria
da Vara o fazer (art. 39, parág. 2º, da CLT).

Custas processuais, pelas reclamadas, no valor de R$10,64, calculadas sobre o


valor provisoriamente arbitrado à condenação de R$500,00. Dispensadas ante
o módico valor.

Intimem-se as partes via Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.

Nada mais.

ÂNGELA CRISTINA CARVALHO MOTA LUNA

Juíza do Trabalho

SAO LUIS, 7 de Junho de 2018

ANGELA CRISTINA CARVALHO MOTA LUNA


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital


pertence a: 180403080337140000000
[ANGELA CRISTINA CARVALHO MOTA LUNA] 07484600
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Documento assinado pelo
Shodo

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