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INFORMATIVO TRABALHO NOTÁVEL 004/2020 – versão estendida

Este material está sendo distribuído para acompanhamento da LIVE DE


JURISPRUDÊNCIA DO TST #003, apresentada pelo Prof. Fabiano Coelho, no
perfil @trabalhonotavel do Instagram. A live ocorre no domingo, 16 de agosto,
às 11:00 horas, com transmissão simultânea para o Canal Trabalho Notável, no
YouTube. Porém, essa versão estendida é exclusiva dos alunos do treinamento
SEJA UM EXPERT EM RECURSO DE REVISTA AGORA! Os trechos marcados
em amarelo identificam o conteúdo que não está na versão original do
Informativo.

Tema 1: Indenização por danos morais em razão de acidente que não


provoca incapacidade laboral mas deixa sequela estética.
Em decisão publicada nesta sexta-feira, a 7ª Turma do TST, na relatoria
do Min. CLÁUDIO BRANDÃO, deferiu indenização por danos morais,
considerado in re ipsa, em situação na qual o reclamante, atingido por ácido,
durante a execução do serviço, ficou com notáveis manchas no rosto e pescoço.
A indenização arbitrada foi no valor de R$ 20.000,00 e foi considerado
improcedente o pedido de indenização por danos materiais porque não houve
incapacidade laboral resultante do acidente. Eis a ementa:

"AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40
DO TST. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO.
ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. NÃO APRESENTAÇÃO
DOS DADOS DA TESTEMUNHA. PRECLUSÃO TEMPORAL. O encerramento
da instrução processual não configura cerceamento do direito de defesa, quando
a parte, embora ciente, não apresenta tempestivamente os dados da testemunha
necessários para sua intimação. Precedentes da Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais. Agravo conhecido e não provido. ESTABILIDADE NO
EMPREGO. MATÉRIA FÁTICA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS Nº 126 E 297 DO TST. Nos termos do artigo 118
da Lei nº 8.213/91, será garantida a manutenção do contrato de trabalho do
segurado que, afastado por mais de 15 dias do emprego, em decorrência de
acidente de trabalho, tiver percebido o auxílio-doença acidentário, somente não
sendo exigido tal requisito nos casos em que, após a despedida, for constatada
a existência de doença profissional que guarde relação de causalidade com a
execução do contrato, consoante a Súmula nº 378, II, do TST. Na hipótese, o
Tribunal Regional, após rigorosa averiguação do conjunto fático-probatório dos
autos, consignou que a dor no joelho esquerdo do autor se refere a trauma
sofrido em jogo de futebol, não tendo, portanto qualquer relação causal com o
trabalho. Tal premissa fática não comporta revisão por esta Corte, a teor da
Súmula nº 126 do TST. Ademais, registre-se que a Corte a quo não apreciou a
matéria sob o prisma da alegada doença psicológica. Não foram opostos
embargos de declaração. Assim, nesse ponto, o recurso de revista encontra
óbice na ausência do prequestionamento a que se refere a Súmula nº 297 do
TST. Agravo conhecido e não provido. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
DO EMPREGADOR. DANOS MORAIS CAUSADOS AO EMPREGADO.
CARACTERIZAÇÃO. SEQUELAS DE ACIDENTE DE TRABALHO. Constatado
equívoco na decisão agravada, dá-se provimento ao agravo para determinar o
processamento do agravo de instrumento quanto ao tema em epígrafe.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. LEI Nº
13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR. DANOS
MORAIS CAUSADOS AO EMPREGADO. CARACTERIZAÇÃO. SEQUELAS
DE ACIDENTE DE TRABALHO. Agravo de instrumento a que se dá provimento
para determinar o processamento do recurso de revista, em face de haver sido
demonstrada possível afronta aos artigos 186 e 927 do Código Civil. RECURSO
DE REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº
40 DO TST. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO EMPREGADOR.
DANOS MORAIS CAUSADOS AO EMPREGADO. CARACTERIZAÇÃO.
SEQUELAS DE ACIDENTE DE TRABALHO. Para a configuração do dano
moral é necessário tão somente que sejam identificados os elementos que o
caracterizam; não se há de exigir a prova da dor e do sofrimento suportados pela
vítima. Em consagrada expressão da doutrina, afirma-se ser in re ipsa ou, em
outras palavras, o direito à reparação se origina da própria ação violadora, cuja
demonstração há de ser feita; o dano mostra-se presente a partir da constatação
da conduta que atinge os direitos da personalidade. No caso, considerando a
responsabilidade objetiva atribuída à empresa, evidenciado o dano e o nexo
causal entre este e o labor, constata-se violação dos artigos 186 e 927 do Código
Civil. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1610-39.2012.5.02.0442, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 14/08/2020).
Lembro que a indenização por acidente de trabalho pode envolver danos
materiais, morais ou estéticos. Os danos materiais envolvem (1) o dano
emergente, correspondente aos gastos com o infortúnio (hospital, médico,
medicamentos, fisioterapia) ou (2) lucros cessantes (correspondente à perda da
capacidade laborativa. Caso haja afastamento previdenciário, com alta e sem
sequelas, é evidente que o trabalhador teve a perda da capacidade laborativa
total, mas temporária, sendo possível pleitear a indenização por danos materiais
correspondente aos salários dos meses em que esteve afastado do trabalho.
Não há enriquecimento ilícito, porque o benefício previdenciário é pago em razão
da condição de segurado, ao passo que a indenização a cargo do empregador
tem origem na culpa ou na aplicação da responsabilidade objetiva, nos casos de
atividade de risco.

No caso aqui noticiado, embora deferida a indenização a título de


indenização por danos morais, a situação é de dano estético, que incide mesmo
que não haja incapacidade laborativa.

Tema 2: Caso o empregado participe do custeio do benefício alimentação,


considera-se a parcela sem natureza salarial.
A matéria não é nova, mas reputei oportuno comentar a decisão da 6ª
Turma do TST, publicada na última sexta-feira, na relatoria da Min. KÁTIA
ARRUDA. Considerou-se não salarial o benefício de alimentação porque o
reclamante pagava um valor mensal em razão de tal fornecimento. Eis a ementa:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMADA.


LEI Nº 13.467/2017. LEI Nº 13.015/2014. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO
TST. DESPACHO DE ADMISSIBILIDADE DO REGIONAL NEGANDO
SEGUIMENTO PORQUE NÃO ATENDIDOS OS REQUISITOS DO ART. 896, §
1º-A, DA CLT. 1. Na hipótese dos autos, o juízo de admissibilidade realizado
pelo Regional negou seguimento ao recurso de revista por entender que não
cumpriu o disposto no art. 896, §1º-A, III da CLT. Entretanto, analisando as
razões recursais, verifica-se que a parte indicou o trecho da decisão
correspondente à matéria e fez o cotejo analítico. 2. Afastado o óbice do
despacho agravado, prossegue-se no exame do recurso de revista, nos termos
da OJ nº 282 da SDI-1 do TST. TRANSCENDÊNCIA NATUREZA JURÍDICA
INDENIZATÓRIA DO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO DO
EMPREGADO NO CUSTEIO DO BENEFÍCIO. 1. Há transcendência política
quando se constata em exame preliminar o desrespeito da instância recorrida à
jurisprudência majoritária, predominante ou prevalecente no TST. 2. O recurso
de revista foi interposto na vigência da Lei n° 13.015/2014 e atende aos
requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 3. Está demonstrada a viabilidade do
conhecimento do recurso de revista, porque possivelmente houve divergência
jurisprudencial. 4. Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO
DE REVISTA. RECLAMADA. NATUREZA JURÍDICA INDENIZATÓRIA DO
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO CUSTEIO
DO BENEFÍCIO 1. A jurisprudência desta Corte tem firmado o entendimento de
que o custeio pelo empregado da alimentação fornecida pela empresa, ainda
que em valor ínfimo, afasta a natureza salarial da parcela. Julgados. 2. Recurso
de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-21203-
57.2016.5.04. 0701, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
14/08/2020).

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Tema 3: O mero acompanhamento do abastecimento, ainda que de 10


caminhões, não configura a periculosidade.

A questão não é nova, mas vale a pena reiterar: a jurisprudência do TST


é pacífica no sentido de que o acompanhamento de abastecimento de
caminhões não configura periculosidade; apenas o ato de executar o
abastecimento é que configura a situação de perigo, na forma da NR-16. Eis a
ementa:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI Nº


13.467/2017. RECLAMADA. PRELIMINAR DE NULIDADE DO ACÓRDÃO DO
TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Fica prejudicada a
análise da transcendência quanto à preliminar de nulidade do acórdão do TRT
por negativa de prestação jurisdicional quando há possibilidade de provimento
quanto à matéria de fundo. Não há utilidade no exame do mérito do agravo de
instrumento quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação
jurisdicional, nos termos do art. 282, § 2º, do CPC/15. Agravo de instrumento a
que se nega provimento. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS.
ACOMPANHAMENTO DO ABASTECIMENTO DE CAMINHÕES. Há
transcendência política quando se constata em exame preliminar o desrespeito
da instância recorrida à jurisprudência pacífica no TST. Aconselhável o
provimento do agravo de instrumento para melhor exame do recurso de revista
quanto à alegada violação do art. 193 da CLT. Agravo de instrumento a que se
dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017.
RECLAMADA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS.
ACOMPANHAMENTO DO ABASTECIMENTO DE CAMINHÕES. No presente
caso o reclamante tinha por atribuição acompanhar o abastecimento dos
veículos da reclamada, uma vez por semana, porém em dez caminhões. O
acompanhamento, pelo empregado, do abastecimento de veículo feito por
terceiro, não é suficiente para garantir o adicional de periculosidade por
exposição a inflamáveis, na medida em que não há o contato com o agente que
enseja o seu pagamento. A SBDI-1 do TST, a qual uniformiza a jurisprudência
das Turmas, já decidiu que não é devido o adicional de periculosidade ao
empregado cuja atividade não é de abastecimento de veículo. Julgados. Recurso
de revista a que se dá provimento" (RRAg-977-94.2018.5.08.0201, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 14/08/2020).
Para os nossos experts em recurso de revista, lembro que o recurso
envolvendo adicional de periculosidade não pode ser nominado como uma
discussão de violação ou interpretação da NR 16 do Ministério do Trabalho e
Emprego, que regulamenta o tema. Como o recurso de revista é cabível por uma
violação ou divergência na interpretação da lei federal, o advogado deve invocar
violação literal ou comprovar a divergência na interpretação do artigo 193, caput
e § 1º, da CLT.

Tema 4: A falta de anotação da CTPS não é suficiente, por si só, para


configurar dano moral.

Aqui trago a questão só para reiterar: a falta de anotação da CTPS, por si


só, não configura danos morais. Nesta decisão, o Colegiado faz, ainda, uma
distinção entre a situação da empregada gestante no contrato de trabalho
temporário (sem garantia de emprego) e no contrato a termo (para o qual não há
razão para afastar a estabilidade). Eis a ementa do acórdão relatado pela Min.
KATIA ARRUDA, em decisão da 6ª Turma, publicada nesta sexta-feira:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE.


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 896, § 1º-A, DA
CLT 1 - No caso, o juízo de admissibilidade a quo denegou seguimento ao
recurso de revista da reclamante, pela falta do confronto analítico em relação à
fundamentação jurídica invocada nas razões recursais, nos termos do art. 896,
§ 1º-A, III, da CLT. 2 - No entanto, em relação às matérias apresentadas no
recurso de revista, a parte atendeu o requisito previsto no art. 896, § 1º-A, III, da
CLT, pois foram expostas as razões do pedido de reforma mediante
demonstração analítica dos dispositivos indicados bem como da súmula e da
orientação jurisprudencial mencionadas nas razões recursais. 3 - Desse modo,
superado o óbice identificado pelo juízo primeiro de admissibilidade, prossegue-
se o exame dos demais pressupostos de admissibilidade, nos termos da
Orientação Jurisprudencial nº 282da SBDI-1 do TST. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. FALTA DE ANOTAÇÃO DA CTPS 1 - Esta Corte Superior
entende que a ausência de anotação na CTPS não é suficiente, por si só, para
caracterizar lesão aos direitos da personalidade e gerar, por consequência, a
respectiva indenização por dano moral. Julgados. Incidência do art. 896, § 7º, da
CLT. 2 - Agravo de instrumento a que se nega provimento. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA. GESTANTE. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO.
PERÍODO DE GARANTIA DE EMPREGO JÁ EXAURIDO QUANDO DO
AJUIZAMENTO DA RECLAMAÇÃO. DIREITO À INDENIZAÇÃO
SUBSTITUTIVA 1 - Aconselhável o provimento do agravo de instrumento para
determinar o processamento do recurso de revista, em razão da provável
contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 399 da SbDI-1 desta Corte. 2 -
Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA.
RECLAMANTE. VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ANTERIOR À LEI Nº
13.467/2017. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. CONTRATO POR
PRAZO DETERMINADO. PERÍODO DE GARANTIA DE EMPREGO JÁ
EXAURIDO QUANDO DO AJUIZAMENTO DA RECLAMAÇÃO. DIREITO À
INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA 1 - Inicialmente, cabe registrar que não se
aplica a tese firmada pelo Tribunal Pleno desta Corte no julgamento do IAC-
5639-31.2013.5.12.0051, uma vez que o caso dos autos não diz respeito à
hipótese de trabalho temporário, mas, sim, de contrato por prazo determinado. 2
- O contrato de trabalho temporário, regido pela Lei nº 6.019/74, é firmado por
meio de empresa interposta, especializada em trabalho temporário, sendo a
contratação cabível para atender a necessidade transitória de substituição de
pessoal regular e permanente ou quando há demanda complementar de
serviços. Nesse caso, o Pleno do TST concluiu que é inaplicável a garantia de
estabilidade provisória prevista no art. 10, II, b, do ADCT à empregada gestante
contratada sob o regime de trabalho temporário previsto na Lei n° 6.019/74. 3 -
Por sua vez, o contrato de trabalho por prazo determinado está disciplinado na
CLT (arts. 443 e seguintes) e é firmado entre empregado e empregador, cuja
vigência se dará por tempo certo. Esse é o caso dos autos, no qual é aplicável o
artigo 10, II, b , do ADCT que obsta a dispensa arbitrária ou sem justa causa da
empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
parto e se adota como pressuposto da garantia de emprego da gestante apenas
a existência da gravidez no curso de contrato de trabalho, sendo irrelevante o
momento em que constatado o estado gestacional. 3 - Em relação ao tema, o
TST editou a Súmula nº 244, segundo a qual, no item III, "a empregada gestante
tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea ' b', do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de
admissão mediante contrato por tempo determinado". 4 - No caso, apesar de ser
incontroverso que a reclamante encontrava-se grávida quando foi dispensada,
ao final da vigência do contrato por prazo determinado, o TRT não reconheceu
o direito à indenização substitutiva, por entender que a trabalhadora ajuizou a
ação depois de expirado o período da estabilidade provisória. 5 - Contudo,
diversamente do posicionamento adotado no acórdão recorrido, a jurisprudência
desta Corte Superior firmou-se no sentido de que o legislador não fixou prazo
para a empregada acionar pedindo indenização, exceto o previsto no art. 7º,
XXIX, da Constituição Federal, que foi devidamente observado neste caso.
Entendimento consolidado na Orientação Jurisprudencial nº 399 da SBDI-1. 6 -
Recurso de revista a que se dá provimento" (RRAg-20018-96.2016.5.04.0017,
6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 14/08/2020).
E, também da 6ª Turma do TST, publicada nesta sexta-feira, separei uma
decisão relatada pelo Min. AUGUSTO CÉSAR, em que foi mantida a indenização
pela estabilidade da gestante numa demanda em que a reclamante recusou a
oferta de reintegração. Eis a ementa:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RITO SUMARÍSSIMO. LEI 13.467/2017.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. No caso em tela, a decisão regional está em
contrariedade à Súmula 244, I, do TST, circunstância apta a demonstrar o
indicador de transcendência política. Transcendência reconhecida. AGRAVO
DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI N.º
13.467/2017. ESTABILIDADE GESTANTE. RECUSA EM RETORNAR AO
EMPREGO. AÇÃO AJUIZADA ANTES DO PERÍODO ESTABILITÁRIO.
REQUISITOS DO § 1º-A DO ART. 896 DA CLT ATENDIDOS. Agravo de
instrumento provido ante a possível violação do artigo 10, II, "b", do ADCT e
contrariedade à Súmula 244, I, do TST. RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE
DA LEI N.º 13.015/14. ESTABILIDADE GESTANTE. RECUSA EM RETORNAR
AO EMPREGO. AÇÃO AJUIZADA ANTES DO PERÍODO ESTABILITÁRIO.
REQUISITOS DO § 1º-A DO ART. 896 DA CLT ATENDIDOS. A jurisprudência
desta Corte vem se manifestando no sentido de que a negativa da trabalhadora
em retornar ao emprego não impede o seu direito à indenização compensatória
decorrente da estabilidade prevista no art. 10, II, "b", do ADCT e na Súmula 244,
I, do TST. No caso, a reclamante, apesar da recusa em retornar ao emprego,
pleiteou no prazo o direito à indenização compensatória do extinto contrato de
trabalho. Há precedentes. Recurso de revista conhecido e provido " (RR-21228-
52.2016.5.04.0028, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho,
DEJT 14/08/2020).

Tema 5: 6ª Turma reconhece gratuidade da justiça com base apenas na


declaração de pobreza.
Trago decisão interessante da 6ª Turma do TST, relatada pela Min. KÁTIA
ARRUDA, reconhecendo a gratuidade da justiça ao reclamante apenas com
base na juntada da declaração de pobreza. A questão é polêmica porque a
Reforma Trabalhista de 2017 retirou da CLT a previsão de uso da declaração de
pobreza como parâmetro de prova da condição de hipossuficiência. Eis a prova:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE.


LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA. RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA INTERPOSTA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017.
BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA
DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. 1 - Preenchida a exigência do
artigo 896, § 1º-A, inciso I, da CLT, supera-se o fundamento assentado no
despacho denegatório do recurso de revista e segue-se no exame dos demais
pressupostos de admissibilidade, nos termos da OJ nº 282 da SBDI-1 do TST. 2
- Deve ser reconhecida a transcendência na forma autorizada pelo art. 896-A, §
1º, IV, da CLT, quando constatada" a existência de questão nova em torno da
interpretação da legislação trabalhista". Caso em que se discute a exegese dos
§§ 3º e 4º do art. 790 da CLT, pela redação dada pela Lei nº 13.467/2017, em
reclamação trabalhista proposta na sua vigência. 3 - Aconselhável o provimento
do agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de
revista, em razão de provável contrariedade à Súmula nº 463, I, do TST. 4 -
Agravo de instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA.
RECLAMANTE. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA INTERPOSTA NA VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA.
COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES
DECLARAÇÃO 1 - A Lei nº 13.467/2017 alterou a parte final do § 3º e acresceu
o § 4º do art. 790 da CLT, o qual passou a dispor que "O benefício da justiça
gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o
pagamento das custas do processo". 2 - Questiona-se, após essa alteração
legislativa, a forma de comprovação de insuficiência de recursos para fins de
obter o benefício da justiça gratuita no âmbito do Processo do Trabalho. 3 -
Embora a CLT atualmente não trate especificamente sobre a questão, a
normatização processual civil, plenamente aplicável ao Processo do Trabalho,
seguindo uma evolução legislativa de facilitação do acesso à Justiça em
consonância com o texto constitucional de 1988, estabeleceu que se presume
"verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural". 4 - Também quanto ao assunto, a Súmula nº 463, I, do TST, com a
redação dada pela Resolução nº 219, de 28/6/2017, em consonância com o CPC
de 2015, firmou a diretriz de que "para a concessão da assistência judiciária
gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica
firmada pela parte ou por seu advogado". 5 - Nesse contexto, mantém-se no
Processo do Trabalho, mesmo após a Lei nº 13.467/2017, o entendimento de
que a declaração do interessado, de que não dispõe de recursos suficientes para
o pagamento das custas do processo, goza de presunção relativa de veracidade
e se revela suficiente para comprovação de tal condição (99, § 2º, do CPC de
2015 c/c art. 790, § 4º, da CLT). Harmoniza-se esse entendimento com o
princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal). 6 - De tal sorte, havendo o reclamante prestado declaração de
hipossuficiência e postulado benefício de justiça gratuita, à míngua de prova em
sentido contrário, reputa-se demonstrada a insuficiência de recursos a que alude
o art. 790, § 4º, da CLT. 7 - Recurso de revista a que se dá provimento" (RR-
149-80.2018.5.08.0013, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda,
DEJT 14/08/2020).

Tema 6: Decisão da 6ª Turma anula a decisão amparada em confissão ficta


por ausência da parte que não foi intimada pessoalmente para depor, nos
termos da súmula 74 do TST.

Nessa decisão, relatada pela Min. KATIA ARRUDA, a 6ª Turma do TST


acolheu a alegação de nulidade da decisão, alegada pelo autor por ter sido
aplicada a confissão ficta sem que tenha sido intimado pessoalmente para depor
na audiência em prosseguimento. A matéria comporta divergência pelo
entendimento de que, intimado, na audiência indicial, de que deverá comparecer
para depor, sob pena de confissão, a marcação da audiência poderia ser
comunicada apenas ao advogado. Eis a ementa:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE.


LEI Nº 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA NULIDADE POR CERCEAMENTO
DE DEFESA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO RECLAMANTE
PARA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. 1 - Há transcendência política quando se
constata em exame preliminar o desrespeito da instância recorrida à
jurisprudência sumulada do TST. 2 - O recurso de revista foi interposto na
vigência da Lei n° 13.015/2014 e atende aos requisitos do art. 896, § 1º-A, da
CLT. 3 - Está demonstrada a viabilidade do conhecimento do recurso de revista,
porque possivelmente foi contrariada a Súmula nº 74, I, do TST. 4 - Agravo de
instrumento a que se dá provimento. II - RECURSO DE REVISTA. LEI Nº
13.467/2017. NULIDADE POR CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO PESSOAL DO RECLAMANTE PARA AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO. 1 - O Tribunal Regional manteve a sentença em que foi aplicada
a confissão ao reclamante em face da sua ausência à audiência de instrução. 2
- Extrai-se do acórdão recorrido que houve marcação da audiência de instrução
e que o reclamante foi intimado por intermédio de seu patrono. 3 - A Súmula nº
74, I, do TST prevê que "Aplica-se a confissão à parte que, expressamente
intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em
prosseguimento, na qual deveria depor". 4 - Essa Corte firmou posicionamento
no sentido de que deve a parte ser intimada pessoalmente para prestar
depoimento, ainda que tenha advogado constituído nos autos, com poderes
específicos para receber intimação. Julgados. 5 - Recurso de revista a que se dá
provimento. Prejudicado o exame dos demais temas" (RR-12708-
48.2016.5.15.0012, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
14/08/2020).
Neste caso, o TST anula o acórdão e a sentença, devolvendo o processo
para o primeiro grau para que o juiz marque novamente a audiência de instrução,
com o cuidado de promover a intimação pessoal dos litigantes para que
compareçam na audiência com intuito de prestarem o depoimento pessoal, sob
pena de confissão. Para tanto, é necessário que o advogado registre os
protestos na ata de audiência contra o indeferimento de adiamento da sessão
por ausência da intimação pessoal do cliente.
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Tema 7: Aplica-se o adicional noturno pela jornada ordinária prestada


majoritariamente no horário noturno.
Trago essa questão aqui só para reiterar a jurisprudência: o TST aplica a
súmula 60 e defere o pagamento de adicional noturno para horas trabalhadas a
partir das 5:00 horas da manhã, quando a jornada é executada majoritariamente
em horário legalmente noturno. Não precisa, assim, que tais horas constituam
prorrogação da jornada. Eis a ementa da decisão da 6ª Turma, publicada nesta
sexta-feira, relatada pelo Min. AUGUSTO CÉSAR:

"I-AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA.


LEI 13.467/2017. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. HORAS EXTRAS.
ADICIONAL NOTURNO. REQUISITODO ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT, NÃO
ATENDIDO. TRANSCENDÊNCIA PREJUDICADA. Apesar de o art. 896-A da
CLT estabelecer a necessidade de exame prévio da transcendência do recurso
de revista, a jurisprudência da Sexta Turma do TST tem evoluído para entender
que esta análise fica prejudicada quando o apelo carece de pressupostos
processuais extrínsecos ou intrínsecos que impeçam o alcance do exame
meritório do feito. A recorrente não atentou para o requisito estabelecido no art.
896, § 1º-A, I, da CLT, deixando de indicar em sua petição recursal os trechos
pertinentes da decisão recorrida que consubstanciam o prequestionamento da
controvérsia objeto do recurso de revista. Importante destacar que a transcrição
da quase integralidade do acórdão não sucinto, sem nenhum tipo de destaque
ou realce no texto, não atende ao requisito previsto no art. 896, § 1º-A, I, da CLT.
Transcendência prejudicada. Agravo de instrumento não provido. II-RECURSO
DE REVISTA DA RECLAMANTE. LEI 13.467/2017. ADICIONAL NOTURNO.
JORNADA MISTA. SÚMULA 60, II, DO TST. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA.
No caso em tela, o entendimento regional no sentido de não aplicar a diretriz
contida na Súmula 60, II, do TST , para o caso de jornada mista, em que se
verifica o labor executado durante o dia em continuidade ao trabalho
majoritariamente prestado no período noturno, apresenta-se em dissonância do
desta Corte, circunstância apta a demonstrar o indicador de transcendência
política, nos termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência reconhecida.
RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. ADICIONAL
NOTURNO. JORNADA MISTA. SÚMULA 60, II, DO TST. REQUISITOS DO
ARTIGO 896, § 1º-A, DA CLT, ATENDIDOS. De acordo com o art. 73, § 2º, da
CLT, o fato gerador do adicional noturno é o trabalho realizado entre as 22h de
um dia e as 5h do dia seguinte. Não há dúvida, no trabalho noturno, o trabalhador
despende maior esforço do que aquele que cumpre jornada no período diurno,
e o prolongamento do trabalho para o período diurno somente agrava o quadro
de higidez do trabalhador, pois o desgaste do trabalhador persiste. Mesmo nas
hipóteses de jornada mista, a exegese do art. 73, §§ 4º e 5º, da CLT, condizente
com os princípios da proteção ao trabalhador e dignidade da pessoa humana,
permite concluir que o trabalho executado durante o dia em continuidade ao
trabalho majoritariamente prestado no período noturno deve ser remunerado
com a incidência do adicional noturno. Para garantir a higidez física e mental do
trabalhador submetido à jornada de trabalho mista, em face da penosidade do
labor noturno prolongado no horário diurno, entende-se que, nos casos de
jornada mista de trabalho preponderantemente no horário noturno, devido é o
adicional noturno, quanto às horas trabalhadas, que seguem no período diurno,
aplicando-se, portanto, a Súmula 60, II, do TST . Precedentes da SBDI-1 do TST.
Recurso de revista conhecido e provido" (ARR-1000071-37.2015.5.02.0241, 6ª
Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2020).
Nesta decisão, destaco como é importante conhecer a jurisprudência do
TST, pois a leitura da súmula 60 do TST não permite a ilação automática de que
a Corte defira o adicional noturno para estes casos.

TN – Lançamento da 2ª edição do Manual Prático das Audiências Trabalhistas.

Está disponível no site da editora Revista dos Tribunais, a segunda edição do


Manual Prático das Audiências Trabalhistas, do Quarteto Trabalhista, integrado por
Antonio Umberto, Fabiano Coelho, Ney Maranhão e Platon Neto. A obra foi revista e
atualizada, em especial pelas Leis da Liberdade Econômica e do Abuso de Autoridade.
Há um capítulo novo, dirigido aos atos preparatórios da audiência, a serem observados
pelo advogado. O livro inova, trazendo diversos casos reais vivenciados pelos autores,
para fixação do conteúdo, tornando a leitura da obra mais leve ainda.
Tema 8 – Decisão da 5ª Turma do TST admite a denunciação à lide em
matéria de contribuição sindical.
Trago interessante decisão da 5ª Turma do TST, publicada nesta sexta-
feira, na relatoria do Min. BRENO MEDEIROS: foi considerada a possibilidade
de denunciação à lide em matéria de contribuição sindical. Era uma ação de
cobrança de contribuição sindical patronal, julgada procedente, mas o réu
comprovou que recolheu a contribuição para uma outra entidade sindical,
indicando a necessidade de denunciação à lide do sindicato beneficiário do
recolhimento. Eis a ementa:

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. NULIDADE
PROCESSUAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA. O indeferimento da prova
oral, no caso concreto, decorreu da inutilidade da diligência requerida por se
tratar o objeto da prova de fato incontroverso, porquanto a atividade
preponderante que se pretendia provar constou do contrato social e demais
registros juntados e produzidos pela própria reclamada. O art. 794 da CLT limita
a declaração de nulidade à comprovação do prejuízo, o que não se verifica pelo
simples fato de a parte ser sucumbente na questão, por decisão fundada nas
provas por ela mesma produzida. Recurso de revista que não atendia as
exigências do art. 896, "c", da CLT e da Súmula 296, I, do TST. Agravo não
provido. NULIDADE PROCESSUAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. PLEITO DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE. INDEFERIMENTO. Com
fundamento no artigo 282, § 2º, do CPC de 2015, deixa-se de examinar a
preliminar em epígrafe. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DE SINDICATO
DESTINATÁRIO DE PRÉVIO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO
SINDICAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O ENQUADRAMENTO SINDICAL.
POSSIBILIDADE. Dá-se provimento ao agravo para prosseguir no exame do
agravo de instrumento em recurso de revista. Agravo provido. AGRAVO DE
INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DE SINDICATO
DESTINATÁRIO DE PRÉVIO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO
SINDICAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O ENQUADRAMENTO SINDICAL.
POSSIBILIDADE. Em razão de provável caracterização de ofensa ao art. 125,
II, do CPC, dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar o
prosseguimento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
DE SINDICATO DESTINATÁRIO DE PRÉVIO RECOLHIMENTO DA
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O
ENQUADRAMENTO SINDICAL. POSSIBILIDADE. Da subsunção do art. 125,
II, do CPC à controvérsia dos autos - cuja dicção insculpe postulado da economia
processual, assentado nos princípios constitucionais da razoável duração dos
processos e da eficiência -, tem-se que o instituto da denunciação da lide é
admissível para resguardar o denunciante do prejuízo advindo do alegado
recolhimento da contribuição sindical a outro sindicato que não o autor,
inserindo-se tal debate na competência da Justiça do Trabalho a justificar a
excepcionalidade do seu cabimento. Recurso de revista conhecido e provido"
(RRAg-289-06.2016.5.07.0016, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros,
DEJT 14/08/2020).
Deixo a dica de que sempre que vocês forem discutir a aplicação de um
artigo do CPC ao processo do trabalho é importante invocar junto a violação aos
artigos 15 do CPC e 769 da CLT, por serem a regra que induz a aplicação da
regra do processo comum ao processo do trabalho de modo supletivo ou
subsidiário.

Tema 9 – 4ª Turma do TST aplica multa ao reclamado que apresenta agravo


interno contra decisão monocrática que aplica o item I da súmula 463 para
deferir gratuidade da justiça ao reclamante.
O caso é interessante porque o relator, de forma monocrática, decidiu pelo
provimento do recurso de revista do reclamante, para deferir a gratuidade da
justiça, com base no item I da súmula 463 do TST. No caso, considerou-se
abusiva a interposição do agravo interno e, mesmo com a ação julgada
improcedente, a reclamada pagará a multa por ter adotado tal postura. Eis a
ementa:

"AGRAVO DA 2ª RECLAMADA - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE


DESACERTO DO DESPACHO AGRAVADO - RECURSO INFUNDADO. 1. Na
decisão ora agravada, reconhecendo-se a transcendência política da causa
(CLT, art. 896-A, § 1º, II), deu-se provimento ao recurso de revista do
Reclamante, por contrariedade à Súmula 463, I, do TST, para, reformando o
acórdão recorrido, restabelecer a sentença que deferiu ao Obreiro os benefícios
da gratuidade da justiça, nos termos da lei . 2. O agravo da 2ª Reclamada não
trouxe nenhum argumento que infirmasse os fundamentos do despacho
hostilizado, motivo pelo qual este merece ser mantido. Agravo desprovido, com
aplicação de multa" (Ag-RR-1677-43.2017.5.06.0401, 4ª Turma, Relator Ministro
Ives Gandra Martins Filho, DEJT 14/08/2020).
Esta decisão mostra o quão importante é que o advogado pense bem
sobre a melhor estratégia para adotar no processo. Neste caso, a empresa já
tinha vencido a demanda, era processo ajuizado antes da vigência da Reforma
Trabalhista de 2017 e, assim, é pacífico que as regras de sucumbência, previstas
na Lei nº 13.467, não eram aplicáveis ao caso. O advogado apresentou agravo
interno e, por isso, sendo medida recursal notoriamente infundada e abusiva, a
reclamada, mesmo ganhando o processo, foi condenada a pagar a multa
prevista no art. 1021 do CPC.

Tema 10 – 4ª Turma usa a técnica de declarar a transcendência para, em


seguida, negar provimento ao agravo de instrumento por obstáculo
processual.
Em Análises Técnicas do Recurso de Revista, feitas em reuniões pelo
zoom, tenho reiterado aos alunos do treinamento SEJA UM EXPERT EM
RECURSO DE REVISTA AGORA! que há dúvidas na elaboração do recurso de
revista sobre qual matéria vem primeiro: a menção aos pressupostos recursais
atendidos ou a preliminar de transcendência. Aqui trago decisão da 4ª Turma,
publicada nesta sexta-feira, na relatoria do Min. IVES GANDRA FILHO, em que
a transcendência econômica é declarada para, em seguida, negar provimento
ao agravo de instrumento, considerando que o RR na fase de execução de
sentença não tratava de matéria constitucional. Eis a ementa:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO EXECUTADO


- TRANSCENDÊNCIA ECONÔMICA RECONHECIDA - ÓBICES DAS
SÚMULAS 126 E 266 DO TST E DO ART. 896, § 2º, DA CLT -
DESPROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 896-A, § 1º, I, da CLT, constitui
transcendência econômica o elevado valor da causa. In casu , as discussões
giram em torno do excesso de execução no cálculo das horas extras relativas
aos dias de meio-expediente, dos reflexos do FGTS sobre as conversões
pecuniárias de férias e de licença-prêmio, da correção monetária das horas
extras e da complementação das custas processuais fixadas na fase de
conhecimento após a liquidação do valor da condenação na execução, já tendo
sido pago à Reclamante, por incontroverso, o valor de R$ 864.240,74, sendo
controverso, ainda, o valor devido pelo Executado de R$ 682.002,27. Nesse
contexto, ante o montante elevado da execução, resta reconhecida a
transcendência econômica da causa, recomendando a análise colegiada dos
demais pressupostos de admissibilidade do recurso. 2. Todavia, o agravo de
instrumento não merece prosperar, porquanto o recurso de revista não reúne
condições de admissibilidade, tropeçando nos óbices das Súmulas 126 e 266 do
TST e do art. 896, § 2º, da CLT. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-1754-
40.2014.5.10.0015, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT
14/08/2020).
Em sentido oposto, cito decisão da 6ª Turma do TST, também publicada
nesta sexta-feira, relatada pela Min. KÁTIA ARRUDA, em que, diante da
aplicação da súmula 422 do TST, considerou prejudicada a análise da
transcendência. Eis a ementa:

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


RECLAMADA. EXECUÇÃO. AGRAVO QUE NÃO IMPUGNA A DECISÃO
MONOCRÁTICA (AUSÊNCIA DE RENOVAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO
JURÍDICA DO RECURSO DE REVISTA. ATECNIA RECURSAL). 1 - Mediante
decisão monocrática, foi negado seguimento ao agravo de instrumento da
reclamada, porque não preenchido pressuposto extrínseco de admissibilidade,
consubstanciado na renovação da fundamentação jurídica do recurso de revista;
desse modo, ficou prejudicada a análise da transcendência quanto às matérias
objeto do recurso de revista denegado. 2 - Bem examinando as razões do
presente agravo, verifica-se que a parte não enfrentou a fundamentação
norteadora da decisão monocrática, consubstanciada na ausência de renovação
da fundamentação jurídica invocada no recurso de revista (dispositivos da
Constituição Federal), incidindo na incúria processual de desatender ao princípio
da dialeticidade recursal. 3 - Ressalte-se que não está configurada a exceção
prevista no inciso II da Súmula nº 422 do TST, pois a motivação da decisão
agravada que deixou de ser impugnada não é " secundária e impertinente ", mas
fundamental. 4 - Agravo de que não se conhece, com aplicação de multa" (Ag-
AIRR-41100-58.2009.5.05.0032, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes
Arruda, DEJT 14/08/2020).
Reitero que é recomendável que o advogado insira no recurso de revista
a preliminar de transcendência que, numa lógica argumentativa, deveria vir após
a indicação do cumprimento dos pressupostos recursais.
Tema 11 – Decisão da 3ª Turma aplica prescrição bienal em ação promovida
pelo empregador contra ex-empregado.
Nesta decisão da 3ª Turma do TST, relatada pelo Min. ALBERTO
BRESCIANI, publicada nesta sexta-feira, aplicou a prescrição bienal trabalhista
em ação de cobrança movida pelo empregador contra ex-empregado. Eis a
ementa:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO.


PRESCRIÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA MOVIDA PELO EMPREGADOR.
Tratando-se de demanda que envolve cobrança de valores supostamente
devidos pelo empregado, decorrentes da relação de trabalho, aplicável a
prescrição trabalhista prevista no art. 7°, XXIX, da CF. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido" (AIRR-1001272-96.2017.5.02.0046, 3ª Turma, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 14/08/2020).

TN – Lançamento do livro DIREITO DO TRABALHO DE EMERGÊNCIA.

Já está a venda o novo livro dos professores Fabiano Coelho e Antonio


Umberto escrito em parceria com os professores Danilo Gaspar e Raphael
Miziara. Trata-se do DIREITO DO TRABALHO DE EMERGÊNCIA – Impactos
da COVID-19 no Direito do Trabalho, editado pela Revista dos Tribunais e
tendo por enfoque o estudo sistematizado das medidas provisórias e demais atos
no campo do direito material e do direito processual do trabalho, decorrentes da
pandemia do covid-19.
Tema 12 – 3ª Turma do TST afasta responsabilidade objetiva do
empregador na hipótese de assalto ocorrido em supermercado.
Trago decisão interessante da 3ª Turma do TST, relatada pelo Min.
MAURÍCIO GODINHO, publicada nesta sexta-feira, afastou a responsabilidade
objetiva na hipótese de assalto em supermercado, por não se tratar de atividade
de risco. Eis a ementa:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA.


PROCESSO SOB A ÉGIDE DA Nº LEI 13.015/2014 E ANTERIOR ÀS
ALTERAÇÕES DA LEI Nº 13.467/2017. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
ASSALTO EM SUPERMERCADO. INEXISTÊNCIA DE LABOR EM
ATIVIDADE DE RISCO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. MATÉRIA
FÁTICA. SÚMULA 126/TST. A indenização por danos morais é devida quando
presentes os requisitos essenciais para a responsabilização empresarial. É
necessária, de maneira geral, a configuração da culpa do empregador ou de
suas chefias pelo ato ou situação que provocou o dano no empregado. É que a
responsabilidade civil de particulares, no Direito Brasileiro, ainda se funda,
predominantemente, no critério da culpa (negligência, imprudência ou imperícia),
nos moldes do art. 186 do CCB, que dispõe: "Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". Contudo, por exceção, o art.
927 do CCB, em seu parágrafo único, trata da responsabilidade objetiva
independente de culpa - "quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem". Nessa
hipótese excepcional, a regra objetivadora do Código Civil também se aplica ao
Direito do Trabalho, uma vez que a Constituição da República manifestamente
adota no mesmo cenário normativo o princípio da norma mais favorável (art. 7º ,
caput: "... além de outros que visem à melhoria de sua condição social "),
permitindo a incidência de regras infraconstitucionais que aperfeiçoem a
condição social dos trabalhadores. A jurisprudência do TST é nesse sentido e
considera objetiva a responsabilidade por danos morais resultantes do evento
"assalto" e seus consectários, por exemplo, relativamente a empregados que
exerçam atividade de alto risco, tais como bancários, motoristas de carga,
motoristas de transporte coletivo, seguranças, a par de outros trabalhadores e
funções art. 927, parágrafo único, CCB). Contudo, segundo o TRT, esta não se
trata da situação fática dos presentes autos. Nesse sentido, registra o TRT, na
decisão dos embargos de declaração, que: "a atividade do Reclamante
(AUXILIAR DE CONTROLE OPERACIONAL) não configura atividade de risco,
considerada aquela que expõe o trabalhador a um perigo iminente e constante,
em flagrante desvantagem quanto ao risco à vida, de forma a diferenciá-lo da
média das demais profissões. Desse modo, não entende-se que a hipótese se
enquadra em situação de responsabilidade objetiva, nos termos autorizados pelo
art. 927, parágrafo único do C.C. Prevalece, portanto, a regra geral da
responsabilidade subjetiva do empregador, conforme previsto no art. 7º, XXVIII,
da C.F". Tampouco registra o acórdão regional outros elementos fáticos
suficientes para se concluir que a atividade do Reclamante ofereceria risco
acentuado à sua integridade física. Nesse contexto, não cabe ao TST, diante da
exiguidade de dados fáticos explicitados pelo acórdão recorrido, concluindo pela
improcedência do pedido de danos morais, abrir o caderno processual e
examinar, diretamente, o conjunto probatório, chegando a conclusão diversa.
Limites processuais inarredáveis da Súmula 126 da Corte Superior Trabalhista.
Agregue-se, ainda, que também não se extrai do referido acórdão a existência
de conduta culposa patronal, no sentido de se omitir quanto à prática ações que
fossem capazes de proteger o seu empregado no desempenho da atividade.
Portanto, afirmando a Instância Ordinária, quer pela sentença, quer pelo
acórdão, a ausência dos elementos configuradores do dano moral, torna-se
inviável, em recurso de revista, reexaminar o conjunto probatório, por não se
tratar o TST de suposta terceira instância, mas de Juízo rigorosamente
extraordinário - limites da Súmula 126/TST. Como se sabe, no sistema
processual trabalhista, o exame da matéria fática dos autos é atribuição da
Instância Ordinária. Sendo o recurso de revista um apelo de caráter
extraordinário, em que se examinam potenciais nulidades, a interpretação da
ordem jurídica e as dissenções decisórias em face da Jurisprudência do TST,
somente deve a Corte Superior Trabalhista se imiscuir no assunto fático se
houver manifestos desajustes ou contradições entre os dados fáticos expostos
e a decisão tomada, o que não é o caso dos autos . Agravo de instrumento
desprovido" (AIRR-851-73.2016.5.20.0009, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 14/08/2020).

Tema 13 – Decisão da 3ª Turma reitera jurisprudência que valida os cartões


de ponto apócrifos.
Trago aqui decisão da 3ª Turma do TST, que reafirma a jurisprudência do
TST, relatada pelo Min. ALBERTO BRESCIANI, que valida os cartões de ponto
apócrifos, por compreender que a CLT não exige a formalidade de assinatura
para validar o documento. Eis a ementa:

"RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO


APÓCRIFOS. VALIDADE. A ausência de assinatura do trabalhador nos cartões
de ponto traduz vício formal, que não enseja, por si só, sua invalidação, na
medida em que tal exigência não encontra respaldo legal. Precedentes desta
Corte. Assim, não comprovada a irregularidade dos registros de frequência
quanto aos horários de entrada e saída, imperativa será a confirmação de
validade dos documentos, sem que com isso configure contrariedade à Súmula
338, I, do TST. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-101997-
91.2016.5.01.0008, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 14/08/2020).
Está disponível ao público o novo curso do TRABALHO
NOTÁVEL...

Tema 14 – Decisão da 3ª Turma invalida multa administrativa quando a


empresa prova que o descumprimento da cota de contratação de pessoas
com deficiência deu-se alheio à sua vontade.
Trago aqui uma decisão da 3ª Turma do TST, publicada nesta sexta-feira,
que reitera a jurisprudência da Corte, no sentido de que não prevalece a multa
por descumprimento do percentual de contratação de pessoas com deficiência,
quando demonstrada situação alheia à vontade do reclamado. Eis a ementa da
decisão relatada pelo Min. ALBERTO BRESCIANI:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO.


AUTO DE INFRAÇÃO - NULIDADE. RESERVA DE VAGAS PREVISTA NO
ART. 93 DA LEI Nº 8.213/91. MANUTENÇÃO DA MULTA. Demonstrado, nos
autos, que o não cumprimento integral do percentual previsto no art. 93 da Lei
nº 8.213/1991, ocorreu por motivo alheio à vontade da ré, em razão da
dificuldade de encontrar trabalhadores interessados em ocupar as vagas
destinadas aos trabalhadores com deficiência, não há que se falar em
descumprimento voluntário da legislação, afigurando-se indevida a manutenção
da multa aplicada. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e desprovido"
(AIRR-687-53.2017.5.09.0018, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani
de Fontan Pereira, DEJT 14/08/2020).

Tema 15 – Oportunidade na fase de cumprimento da sentença para o


trabalhador optar entre o adicional de insalubridade ou periculosidade.
O TST decidiu, em incidente de recurso repetitivo, que não cabe a
acumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade. Fez valer,
portanto, a regra celetista pela qual cabe ao trabalhador a escolha de qual
adicional prefere. Com isso, se o empregador já pagava o adicional de
insalubridade, o advogado da reclamada deve insistir na compensação dos
valores pagos a tal título numa eventual condenação em periculosidade. Do
contrário, o trabalhador alcançará o intento da indevida cumulação dos
adicionais.

"AGRAVO INTERNO EM RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA.


ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO.
CUMULATIVIDADE DOS ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E
INSALUBRIDADE. Este Relator deu provimento ao Recurso de Revista do
reclamante para condenar a reclamada ao pagamento do adicional de
periculosidade de 30% sobre o salário e os devidos reflexos. A reclamada
consigna que o agravado recebeu durante toda a contratualidade o adicional de
insalubridade em grau máximo, motivo pelo qual não pode receber de forma
cumulativa o adicional de periculosidade por expressa vedação legal. De fato, a
decisão agravada não analisou o tema sob a ótica da cumulação dos adicionais,
motivo pelo qual impõe-se a reapreciação das razões do Recurso de Revista da
parte autora, no tópico. Agravo conhecido e provido para nova análise do
Recurso de Revista do reclamante. RECURSO DE REVISTA DO
RECLAMANTE. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE
EXPOSIÇÃO. CUMULATIVIDADE DOS ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE
E INSALUBRIDADE. É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao
empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se
a condições de risco, nos termos da Súmula n.º 364 do TST. Buscando fixar
conceitos de eventualidade e intermitência, com o objetivo de saber se o obreiro
faz jus ou não ao pagamento do adicional de periculosidade, a SBDI-1, desta
Corte, considera que a permanência habitual em área de risco, ainda que por
período reduzido, não consubstancia contato fortuito, e sim contato intermitente,
com risco potencial de dano efetivo ao trabalhador, motivo pelo qual faz jus o
autor ao pagamento do adicional de periculosidade de 30% sobre o salário,
inclusive com os devidos reflexos legais. Incontroverso nos autos que o
reclamante recebeu durante toda a contratualidade o adicional de insalubridade
em grau máximo, e, diante da disposição do art. 193, § 2.º, da CLT, impõe-se
determinar que, na fase de liquidação de sentença, o autor formalize a opção
pelo adicional de insalubridade ou pelo de periculosidade. Recurso de Revista
do Reclamante conhecido e provido" (RR-28-52.2017.5.12.0053, 1ª Turma,
Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 14/08/2020).
‘Tema 16 – Possibilidade de uma segunda ação envolvendo pessoas que
não participaram da primeira ação indenizatória pelo óbito do trabalhador
em acidente do trabalho.

Essa questão é bem polêmica. O dano moral decorrente do óbito do


trabalhador é um dano em ricochete, personalíssimo do parente ou dependente
econômico do trabalhador falecido. O dano material, equivalente aos lucros
cessantes, e que é reparado pela pensão mensal vitalícia não pode ser pago
novamente se o empregador, responsável pela indenização, for condenado
numa primeira ação movida pelo cônjuge supérstite. Assim, se alguém se sentir
prejudicado por não ter sido agraciado com a pensão mensal vitalícia, deve
ingressar com ação na Justiça Comum Estadual contra os autores da primeira
ação. Já o dano moral, por ser personalíssimo, pode ser objeto de outra ação,
envolvendo autores diferentes da primeira demanda.

Feitas as observações acima, trago decisão da 1º Turma do TST, relatada


pelo Min. LUIZ JOSÉ DEZENA, que afastou a preliminar de ilegitimidade na
hipótese em que, após uma primeira ação movida pela viúva e filho do
trabalhador falecido, seus genitores ingressaram com a segunda ação. Assim,
foi reformado o acórdão regional que entendeu pela inviabilidade da segunda
ação. Eis a ementa:

"AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. LEGITIMIDADE ATIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
PEDIDO FORMULADO PELOS GENITORES DO TRABALHADOR
FALECIDO. EXISTÊNCIA DE AÇÃO ANTERIOR AJUIZADA PELA VIÚVA E
FILHO SOBRE O MESMO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE
PREJUDICIALIDADE. Constatada a viabilidade de trânsito do recurso trancado
por meio de decisão monocrática, o Agravo Interno deve ser acolhido. Agravo
conhecido e provido. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA. LEGITIMIDADE ATIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
PEDIDO FORMULADO PELOS GENITORES DO TRABALHADOR
FALECIDO. EXISTÊNCIA DE AÇÃO ANTERIOR AJUIZADA PELA VIÚVA E
FILHO SOBRE O MESMO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE
PREJUDICIALIDADE. Demonstrada a divergência jurisprudencial, dá-se
provimento ao Agravo de Instrumento para determinar o regular seguimento do
Recurso de Revista. Agravo de Instrumento conhecido e provido. RECURSO DE
REVISTA. LEGITIMIDADE ATIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
PEDIDO FORMULADO PELOS GENITORES DO TRABALHADOR
FALECIDO. EXISTÊNCIA DE AÇÃO ANTERIOR AJUIZADA PELA VIÚVA E
FILHO SOBRE O MESMO FATO GERADOR. AUSÊNCIA DE
PREJUDICIALIDADE. Discute-se nos autos a possibilidade de os genitores do
empregado falecido ajuizar ação pleiteando indenização por danos morais, nos
casos em que há ação anterior proposta pelo cônjuge e filho do de cujus. O
Regional, entendendo pela necessidade de se garantir a segurança jurídica e
prevenir indenizações em cascata, indeferiu a pretensão formulada, sob o
argumento de que, dada a peculiaridade do caso em exame - ação já proposta
com base no mesmo fato gerador -, seria imprescindível que os genitores
demonstrassem a proximidade com o empregado falecido. É entendimento desta
Corte Superior o de que, em tais casos, não há óbice processual para que
parentes postulem, em ações distintas, indenização por danos morais, ainda que
com base no mesmo fato gerador. Isso porque, o alegado abalo moral é direito
personalíssimo, devendo ser pleiteado em nome próprio e examinado à luz das
peculiaridades ínsitas ao ofendido. Não há falar-se, ademais, na análise da
pretensão material deduzida em juízo, como condicionante para o
reconhecimento da pertinência subjetiva da ação. Nas lições de Humberto
Theodoro Júnior, "se a lide tem existência própria e é uma situação que justifica
o processo, ainda que injurídica seja a pretensão do contendor, e que pode
existir em situações que visam mesmo negar in totum a existência de qualquer
relação jurídica material, é melhor caracterizar a legitimação para o processo
com base nos elementos da lide do que nos do direito debatido em juízo". Logo,
a discussão aventada pelo Regional, acerca de possível ausência de
proximidade entre os genitores e o de cujus, e, por conseguinte, a inexistência
do alegado abalo moral, deve ser examinado quando do julgamento do mérito
da controvérsia, e não como óbice para o reconhecimento da legitimidade ativa
ad causam. Recurso de Revista conhecido e provido" (RR-10277-31.2015.5.18.
0129, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 14/08/2020).

Tema 17 – Validade da alteração do valor da causa de ofício.


Na lógica do CPC de 1973, havia o entendimento de que o juiz não
poderia alterar de ofício o valor da causa. Na hipótese, era necessário que a
parte interessada apresentasse impugnação ao valor da causa. Com o CPC de
2015, há previsão explícita de que o juiz possa, de ofício, alterar o valor da causa,
o que terá muita relevância caso o pedido seja julgado improcedente e, assim,
servirá de base para o cálculo de custas, honorários advocatícios e multa por
litigância de má-fé.
Feitas as observações acima, trago aqui decisão da 2ª Turma do TST,
relatada pelo Min. JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA, que reconheceu que,
sendo a ação ajuizada na vigência do CPC de 2015, o juiz pode alterar o valor
da causa de ofício caso perceba ser incompatível com a expectativa econômica
da pretensão. Eis a decisão:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. VALOR DA
CAUSA. ALTERAÇÃO DE OFÍCIO. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
AJUIZADA NA VIGÊNCIA DO CPC/2015. POSSIBILIDADE. No caso, o
reclamante atribuiu à causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).
Contudo, por ocasião da prolação da sentença, o juiz de primeiro grau verificou
que "a importância dolosamente fixada pela petição inicial de R$ 40.000,00 é
notoriamente incompatível com os pedidos (f. 46/50), procedimento mais do que
dolosamente reiterado na Justiça do Trabalho, em nítida negligência processual
(CPC/15, arts. 77 e 80; Lei 8.906/1994, art. 32)". Diante disso, com fundamento
no artigo 292, § 3º, do CPC/2015, majorou, de ofício, o valor da causa,
arbitrando-a em R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). O Regional
manteve esse entendimento, contudo, reduziu o valor arbitrado para R$
550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil reais), ressaltando que "o valor da causa
mostra-se relevante porque servirá como base de cálculo de custas judiciais,
sanções pecuniárias e honorários, sendo de mesma forma importante para a
delimitação da competência e do procedimento, através da alçada, conforme
Súmula 71 do C. TST que torna imutável o valor da causa no curso do processo.
Contudo tal restrição alcança tão somente as partes, não o Juiz que se sujeita
ao § 3º do art. 293 do CPC, podendo alterá-lo de ofício". Ressalta-se que esta
reclamação trabalhista foi ajuizada em março de 2017, portanto, na vigência do
novo Código de Processo Civil, que impôs uma nova sistemática processual ao
sistema jurídico. Com efeito, o § 3º do artigo 292 do CPC/2015 prevê que "o juiz
corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não
corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico
perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas
correspondentes". Por sua vez, o artigo 3º, inciso V, da Instrução Normativa nº
39/2016 do TST, que trata sobre aplicabilidade das normas do CPC/2015 ao
Processo do Trabalho, assim dispõe: "Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao
Processo do Trabalho, em face de omissão e compatibilidade, os preceitos do
Código de Processo Civil que regulam os seguintes temas: (...) V - art. 292, § 3º
(correção de ofício do valor da causa)". Nesse contexto, ao contrário do que
sustenta o reclamante, ora agravante, o referido artigo do CPC/2015 autoriza a
correção do valor da causa, de ofício, pelo julgador. Assim, ainda que ausente
impugnação da parte contrária, é permitido ao órgão julgador majorar, de ofício,
o valor dado à causa. Agravo de instrumento desprovido. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014. JUSTIÇA
GRATUITA. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO
CONCOMITANTE À APLICAÇÃO DA PENALIDADE DE LITIGÂNCIA DE MÁ-
FÉ. HONORÁRIOS PERICIAIS. ISENÇÃO. No caso, os pedidos formulados na
reclamação trabalhista foram julgados parcialmente procedentes pelo Juízo de
primeiro grau. Contudo, este condenou o reclamante ao pagamento de multa por
litigância de má - fé, afastando, por isso, seu direito à gratuidade de Justiça e
determinando o pagamento dos honorários periciais, no importe de R$ 250,00.
Em recurso ordinário, o reclamante reiterou o pedido de concessão dos
benefícios da Justiça gratuita. Entretanto, o Regional manteve os fundamentos
da sentença e indeferiu o pleito. A Lei nº 1.060/50 dispõe, em seu artigo 4º e §
1º, sobre a garantia do benefício da Justiça gratuita que é assegurada a todos
aqueles que litigam judicialmente e que não podem arcar com as despesas do
recolhimento das custas processuais, impondo como única condição a esse
deferimento que assim se declararem mediante simples afirmação na petição
inicial acerca da sua situação econômica, presumindo-se a veracidade dessa
declaração, exceto quando houver provas em sentido contrário, conforme se
observa, in verbis: "Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em
condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família. § 1º Presume-se pobre, até prova em
contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de
pagamento até o décuplo das custas judiciais ". O artigo 790, § 3º, da CLT, da
mesma forma, dispõe, como uma das condições em que deve ser deferido o
benefício da Justiça gratuita, a simples declaração da parte postulante de não
poder arcar com as custas processuais judiciais sem que tenha prejuízo do seu
sustento ou da sua família, estatuindo: "É facultado aos juízes, órgãos julgadores
e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a
traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao
dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em
condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou
de sua família". A propósito, esta Corte, tratando do tema, firmou o entendimento
de que o benefício da Justiça gratuita pode ser requerido em qualquer tempo ou
grau de jurisdição, desde que, em recurso, o requerimento seja formulado no
prazo do recurso (inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 269 da SbDI-1).
No caso, conforme consignado pelo Tribunal de origem, o autor apresentou
declaração de pobreza. Desse modo, prevalece a presunção de veracidade da
declaração de miserabilidade jurídica firmada pelo reclamante, e não elidida pelo
reclamado. Nesse sentido, é o entendimento consagrado no item I da Súmula n°
463 do TST, in verbis: "ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1,
com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado
em 28, 29 e 30.06.2017 - Republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à
pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015) ". Conforme se extrai da
leitura dos dispositivos de lei e da jurisprudência mencionados, a simples
afirmação da parte de estar impossibilitado de arcar com os custos do processo,
sem que lhe advenham prejuízos econômicos em razão desse ônus, gera a
presunção juris tantum acerca dessa declaração, somente reputando-a
inverídica em caso de efetiva comprovação contrária à circunstância alegada.
Assim, a declaração de insuficiência econômica para demandar em Juízo gera
ao litigante judicial o direito de estar isento de arcar com as custas processuais,
salvo comprovação em sentido contrário. No caso, a despeito do consignado no
acórdão regional, constata-se que efetivamente o reclamante é beneficiário da
Justiça gratuita, uma vez que consta dos autos declaração de hipossuficiência
da parte autora, com presunção de veracidade, consoante o § 1º do artigo 4º da
Lei 1.060/50, o que atende à exigência legal. De outro lado, a condenação por
litigância de má-fé, (artigos 17 e 18 do CPC de 1973 e 80 e 81 do CPC de 2015),
por se tratar de norma punitiva, deve ser interpretada restritivamente, não
havendo nesses dispositivos nenhuma previsão acerca do benefício pretendido.
Ressalta-se que a jurisprudência desta Corte entende que a condenação por
litigância de má-fé não constitui óbice à obtenção do benefício da Justiça
gratuita. Portanto, tendo o reclamante apresentado declaração de
hipossuficiência de recursos para demandar em Juízo sem prejuízo do sustento
da sua família, está isento do recolhimento dos honorários periciais.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. DEVIDOS. PRESENTES OS REQUISITOS LEGAIS. Prevê a
Súmula nº 219, item I, do TST: "Na Justiça do Trabalho, a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por
cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte,
concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b)
e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou
encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem
prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (art.14§1°, da Lei n°
5.584/1970). (ex-OJ n° 305da SBDI-I)". No caso, ao contrário do decidido pelo
regional, verifica-se que o reclamante preencheu os requisitos previstos na Lei
n° 5.584/70, uma vez que se declarou hipossuficiente e está assistido por
advogado credenciado pelo sindicato de sua categoria profissional. Devidos,
portanto, os honorários advocatícios. Recurso de revista conhecido e provido"
(ARR-328-02.2017.5.12.0057, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire
Pimenta, DEJT 14/08/2020).

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18 – O agravo de petição não precisa seguir o princípio da dialeticidade.


De acordo com a súmula 422 do TST, o recurso ordinário (e, em
consequência, o agravo de petição) não exige obediência à dialeticidade. Deste
modo, não se exige que a parte promova a impugnação específica da sentença
proferida pelo juiz na Vara do Trabalho. Com isso, se a parte limitar-se a
reproduzir nas razões recursais o conteúdo dos embargos à execução ou da
impugnação do credor, compatível com os temas tratados na sentença, o recurso
é regular do ponto de vista da fundamentação. Trago, nessa linha, decisão da 2ª
Turma do TST, relatada pela Min. DELAÍDE ARANTES, que reconheceu a
nulidade por cerceamento do direito de defesa e determinou o retorno dos autos
ao Regional para julgamento do agravo de petição. Eis a ementa:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA


LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. EXECUÇÃO. INÉPCIA
DO AGRAVO DE PETIÇÃO. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. IMPUGNAÇÃO
DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. DEFICIÊNCIA FORMAL NÃO
DETECTADA. Demonstrada possível violação do art. 5.º, XXXV, da Constituição
Federal, impõe-se o provimento do agravo de instrumento para determinar o
processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido. II -
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.467/2017. EXECUÇÃO.
INÉPCIA DO AGRAVO DE PETIÇÃO. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE.
IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. DEFICIÊNCIA
FORMAL NÃO DETECTADA. Em sede de agravo de petição, a devolução
recursal é ampla, razão pela qual a reiteração dos argumentos dos embargos à
execução não implica necessariamente ausência de dialeticidade. Dessa forma,
o Tribunal Regional, ao não conhecer do recurso do executado, violou o art. 5.º,
XXXV, da Constituição Federal, notadamente porque a questão deduzida no
apelo dizia respeito a diversas parcelas constantes da liquidação, cuja análise é
devolvida ao órgão ad quem mesmo com a simples reprodução dos argumentos,
os quais, na hipótese, prestam-se, por si, a contradizer a tese consignada pelo
julgador singular. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1214-
41.2015.5.12.0034, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT
14/08/2020).

19 – O atestado de acompanhamento de cônjuge ao médico não é motivo


legítimo para justificar ausência à audiência trabalhista.
Pela súmula 122 do TST, a parte pode elidir os efeitos de sua ausência
mediante apresentação de atestado médico consignando a impossibilidade de
locomoção. Embora a súmula faça menção à revelia da reclamada, a
jurisprudência aplica o verbete para a ausência do reclamante à audiência em
que seria ouvido o depoimento pessoal, podendo afastar a confissão ficta
mediante a apresentação do atestado médico que indique a impossibilidade de
locomoção.

Trago aqui decisão da 2ª Turma do TST, relatada pela Min. MARIA


HELENA MALLMANN, ratificando a confissão ficta ao reclamante que, para
comprovar sua ausência à audiência, juntou um atestado médico de
acompanhamento da esposa ao médico para consulta regular, não se tratando
de emergência. Eis a ementa:

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


CERCEAMENTO DE DEFESA. (ÓBICE DA SÚMULA 122 DO TST). Com efeito,
a jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Súmula nº 122, é firme no
sentido de que os efeitos do não comparecimento da parte à audiência podem
ser elididos mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,
expressamente, a impossibilidade de locomoção no dia designado. Verifica-se,
no caso, que o Tribunal Regional não constatou a impossibilidade de locomoção
da reclamante, consignando que o atestado médico apresentado noticia que o
autor acompanhou sua esposa na consulta realizada no dia da audiência,
deixando assente que a consulta decorreu de acompanhamento médico regular
e não de emergência. Assim, não restou comprovado, pois, o justo impedimento
do comparecimento d reclamante à audiência. Não prospera o agravo da parte,
dadas as questões jurídicas solucionadas na decisão agravada. Em verdade a
parte só demonstra o seu descontentamento com o que foi decidido. Não merece
reparos a decisão. Agravo não provido" (Ag-AIRR-252-84.2014.5.04.0451, 2ª
Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 14/08/2020).
20 – 2ª Turma do TST mantém auto de infração com base em
responsabilidade objetiva de construtora em caso de acidente que resulta
na morte do trabalhador.

Foi publicado nesta sexta-feira, acórdão da 2ª Turma do TST, relatada


pelo Min. JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA, mantendo auto de infração
lavrado em razão do óbito de um empregado a serviço de uma construtora. Em
síntese, foi considerado que a construção civil constitui atividade de risco e,
assim, a responsabilidade objetiva é aplicada ao empregador, inclusive para fins
de imposição de multa administrativa. Eis a ementa:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO


REGIDO PELO CPC/2015, PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016 DO
TST E PELA LEI Nº 13.467/2017. preliminar de nulidade do despacho em que
se denegou seguimento ao recurso de revista por negativa de prestação
jurisdicional. A preliminar não será objeto de análise, porquanto a matéria se
encontra preclusa, uma vez que a agravante não interpôs embargos de
declaração para provocar a manifestação do Regional em relação às omissões
alegadas, incidindo à hipótese o disposto nos artigos 1º, caput e §§ 1º e 2º, da
Instrução Normativa nº 40/2016 do TST e 1.022 e 1.024, § 2º, do CPC de 2015.
Agravo de instrumento desprovido. cerceamento de defesa em razão do
indeferimento de oitiva de testemunha em processo administrativo. AUSÊNCIA
DE PREQUESTINAMENTO. Inviável a análise do recurso nesse particular, uma
vez que o Regional não adotou tese sobre cerceamento de defesa em razão do
indeferimento de oitiva de testemunha em processo administrativo. Ausente o
prequestionamento, incide o óbice indicado na Súmula nº 297, itens I e II, do
TST. Agravo de instrumento desprovido. AUTO DE INFRAÇÃO. AÇÃO
ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DO
TRABALHADOR. CONSTRUÇÃO CIVIL. ATIVIDADE DE RISCO. TEORIA DA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Trata-se de ação anulatória de débito fiscal
ajuizada pela MRV Engenharia S.A em desfavor da União, por meio da qual
pretende a nulidade do Auto de Infração lavrado em decorrência do acidente de
trabalho sofrido pelo autor, que, ao exercer suas atividades na construção civil,
caiu de uma altura de aproximadamente seis metros, o que ocasionou a sua
morte. Na hipótese, o Tribunal Regional, soberano na análise de fatos provas,
expressamente consignou que, "não tendo a reclamada adotado medidas de
saúde, segurança e medicina do trabalho eficazes para evitar o acidente de
trabalho fatal que deu ensejo à fiscalização trabalhista, bem como diante da
inexistência de vícios formais e materiais no auto de infração, no processo
administrativo e nas decisões administrativas proferidas pelo MTE, considero-os
todos válidos, verdadeiros e legítimos". Com efeito, uma vez que o acidente fatal
ocorreu no exercício de atividade laboral em favor da empresa reclamada,
evidente o nexo de causalidade entre o dano oriundo do acidente e o labor
desempenhado. Além disso, o Tribunal a quo adotou o entendimento de que a
responsabilidade da reclamada é objetiva, visto que a atividade profissional
desempenhada pelo reclamante era de risco. Com efeito, conforme teor do artigo
927, parágrafo único, do Código Civil c/c o parágrafo único do artigo 8º da CLT,
aplica-se, no âmbito do Direito do Trabalho, a teoria da responsabilidade objetiva
do empregador, nos casos de acidente de trabalho ou doença ocupacional
quando as atividades exercidas pelo empregado são de risco acentuado, como
na hipótese, em que o reclamante, ao laborar na construção civil, está mais
sujeito a acidentes do que outro trabalhador em atividade distinta. Dessa forma,
havendo comprovação da existência do dano sofrido pelo autor e do nexo causal
com as atividades por ele desempenhadas, não há por que afastar a
responsabilidade objetiva da reclamada pelo evento danoso. Agravo de
instrumento desprovido" (AIRR-10174-71.2017.5.15.0053, 2ª Turma, Relator
Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/08/2020).

21 – 2ª Turma do TST valida condena em adicional de periculosidade sem


realização de perícia.

A CLT indica a necessidade de realização da prova pericial como


premissa de condenação do empregador ao pagamento de adicional de
insalubridade ou de periculosidade em juízo. A jurisprudência do TST, no
entanto, tem flexibilizado tal exigência quando houver elementos robustos de
prova nos autos. É o que decidiu a 2ª Turma do TST, na relatoria do Min. JOSÉ
ROBERTO FREIRE PIMENTA, mantendo decisão regional que condenou a
empresa no pagamento do adicional de periculosidade, em especial em razão
da confissão do preposto em audiência. Eis a ementa:

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº


13.467/2017. CERCEAMENTO DE DEFESA. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. PERÍCIA TÉCNICA NÃO REALIZADA. EXPOSIÇÃO A
AGENTE PERICULOSO CONSTATADA POR OUTROS MEIOS DE PROVA.
CONFISSÃO DO PREPOSTO. O artigo 195 da Consolidação das Leis do
Trabalho dispõe sobre a necessidade de perícia técnica para a caracterização e
classificação da periculosidade e da insalubridade, de forma que, em regra, não
é permitido ao juiz dispensar a prova técnica. Entretanto, o Regional entendeu
desnecessária a realização da prova pericial para comprovar a periculosidade,
uma vez que, nos autos, constam outros elementos de prova. A Corte regional
consignou que houve confissão do preposto quanto à caracterização da
atividade periculosa. Nos termos do artigo 427 do CPC/73 (artigo 472 do
CPC/2015), "o juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e
na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que considerar suficientes". A jurisprudência desta
Corte vem admitindo a dispensa da realização da perícia quando, nos autos,
constarem outros meios de prova que atestem as condições periculosas.
Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (RR-1357-18.2017.5.20.0008,
2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/08/2020).

22 – 8ª Turma do TST reitera jurisprudência que acolhe a rescisão indireta


do contrato de trabalho por irregularidade no recolhimento do FGTS.

Trago decisão da 8ª Turma, relatada pelo Min. JOÃO BATISTA BRITO


PEREIRA, apenas para reiterar que a ausência de recolhimento dos depósitos
do FGTS ou seu recolhimento irregular, constitui falta grave do empregador,
suficiente a ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho. Eis a ementa:

"RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO INDIRETA. IRREGULARIDADES NOS


RECOLHIMENTOS DO FGTS. POSSIBILIDADE. A jurisprudência desta Corte
considera que a ausência do recolhimento dos depósitos do FGTS ou seu
recolhimento irregular constitui falta grave do empregador, suficiente a ensejar a
rescisão indireta do contrato de trabalho na forma que possibilita o art. 483,
alínea "d", da CLT. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá
provimento" (RR-529-78.2014.5.09.0672, 8ª Turma, Relator Ministro Joao
Batista Brito Pereira, DEJT 14/08/2020).

23 – O pedido de reconsideração de decisão impugnável por agravo de


petição não interrompe o prazo recursal.

Após decidida a questão, em lugar do agravo de petição, a parte


apresentou um pedido de reconsideração. Neste caso, como o pedido de
reconsideração não tem previsão legal e não traz impacto na contagem do prazo
recursal, este segue sua contagem normalmente, implicando em
intempestividade o agravo de petição apresentada fora do prazo legal de 8 dias.
Eis a ementa da lavra da Min. DORA MARIA DA COSTA:

"A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO.


INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO DE PETIÇÃO. PEDIDO DE
RECONSIDERAÇÃO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. Em face
da possível violação do artigo 5º, LV, da CF, dá-se provimento ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO.
INTEMPESTIVIDADE DO AGRAVO DE PETIÇÃO. PEDIDO DE
RECONSIDERAÇÃO. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL. Nos
termos da jurisprudência desta Corte, não se pode admitir a interposição do
agravo de petição à decisão que apenas ratificou a anterior, contra a qual o
exequente se insurge por meio de agravo de petição claramente fora do prazo.
Com efeito, se a parte interpõe pedido de reconsideração no lugar do agravo de
petição, provoca a si inevitável prejuízo, pois, não interrompido o prazo recursal,
a posterior interposição do agravo de petição dar-se-á intempestivamente.
Recurso de revista conhecido e provido" (RR-11599-44.2016.5.03.0008, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 14/08/2020).

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