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Alexandre D.

Dall’ Alba

Condição Mais Benéfica.

"RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI


Nº 13.015/2014. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. O exame dos autos revela
que a Corte a quo proferiu decisão completa, válida e devidamente fundamentada,
razão pela qual não prospera a alegada negativa de prestação jurisdicional. Recurso de
revista de que não se conhece. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE DO LAUDO
PERICIAL . O Tribunal Regional, soberano na análise das provas, consignou que a "
designação de médico do trabalho para a verificação da exposição a agentes
periculosos não constitui fator passível de anulação do laudo técnico ". Ademais,
registrou que a " nomeação do profissional em debate está em consonância com os
termos do art. 195 da CLT ". Desse modo, ao rejeitar o pedido de nulidade da prova
pericial com base na alegação de que foi elaborado por profissional sem qualificação
técnica, decidiu em consonância com o artigo 195 da CLT. No caso, não se há de falar
em nulidade da perícia que atestou a existência de exposição a agentes periculosos no
ambiente de trabalho, em razão de ter sido realizada por médico do trabalho, uma vez
que, no caso, o profissional atendeu aos requisitos previstos no artigo 145 do
CPC/1973 (conhecimento técnico, formação universitária e inscrição no órgão de
classe). Recurso de revista de que não se conhece. TEMA REPETITIVO Nº 0010.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO IONIZANTE. APARELHO MÓVEL DE RAIOS-
X. Ao julgar o IRR-1325-18.2012.5.04.0013, esta Corte decidiu não ser devido o
adicional de periculosidade ao trabalhador que, sem operar o equipamento móvel de
Raios-X, permaneça nas áreas de uso, mesmo que de forma habitual. Acrescente-se
que o fato de ter sido pago o adicional, a partir de determinado momento, como
registrou o Tribunal Regional , não acarreta o reconhecimento do direito à parcela, no
período anterior. Nesse caso, por não existir periculosidade, o pagamento caracteriza
mera liberalidade do empregador. Assim, deve ser reformado o acórdão regional para
adequá-lo aos parâmetros acima definidos, de observância obrigatória, nos termos dos
artigos 896-C, § 11, da CLT e 927 do CPC. Recurso de revista conhecido e provido.
HORAS EXTRAS EXCEDENTES DA 4ª DIÁRIA. MÉDICO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA . O Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto
fático-probatório, constatou que " a prova dos autos, em especial a documental,
demonstra que no decorrer da contratualidade o autor sujeitava-se à jornada de 04
horas " e " o reclamado passou a remunerar, como extras, as horas laboradas além da
quarta diária ". Ademais, registrou que, além de " esta circunstância ser verificada nos
cartões-ponto e recibos de pagamento, a ficha de registro de emprego confirma esta
prática, ao referir ser a autora ' horista' , com horário entre as 22h de um dia e 2h do
dia seguinte, com jornada total prevista de 4 horas ", e consignou que se trata " de
aplicação da condição mais benéfica ao autor, eis que integrada ao seu patrimônio
jurídico ". Por conseguinte, concluiu que, " uma vez confirmada a jornada arbitrada na
decisão de primeiro grau, de 4 horas, remanescem valores a serem adimplidos a título
de pagamento do trabalho suplementar ". O exame da tese recursal, em sentido
contrário, esbarra no teor da Súmula nº 126 do TST, pois demanda o revolvimento dos
fatos e das provas. A decisão regional vai ao encontro do princípio da condição mais
benéfica ao empregado, que tem como fundamento a proteção de situações pessoais
mais vantajosas que se incorporam ao patrimônio do trabalhador e que não poderão
ser extirpadas, sob pena de violação ao artigo 468 da CLT. Recurso de revista de que
Alexandre D. Dall’ Alba

não se conhece. EMPREGADO HORISTA. HORAS EXTRAS. ADICIONAL. DEDUÇÃO DOS


VALORES PAGOS . A decisão recorrida é favorável ao recorrente. Assim, carece de
interesse recursal, ante a ausência de sucumbência. Não configurado o trinômio
necessidade-utilidade-adequação, caracterizador do interesse em recorrer, a prestação
jurisdicional não comporta prosseguimento no exame da matéria. Recurso de revista
de que não se conhece. PLANTÕES DE 6 E 18 HORAS. JULGAMENTO EXTRA PETITA .
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. A análise do acórdão recorrido revela que a
Corte a quo não adotou tese explícita acerca do julgamento extra petita . Não foram
opostos embargos de declaração a esse respeito. Assim, nesse ponto, o recurso de
revista encontra óbice na ausência do prequestionamento a que se refere a Súmula nº
297 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. DESCANSO SEMANAL
REMUNERADO. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. REFLEXOS NAS DEMAIS PARCELAS.
A atual jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial nº
394 da SBDI-1, considera que " a majoração do valor do repouso semanal remunerado,
em razão da integração das horas extras habitualmente prestadas, não repercute no
cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS, sob pena de
caracterização de bis in idem ". Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento. EMPREGADOR PESSOA JURÍDICA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. O benefício
da gratuidade da justiça pode ser concedido ao empregador, pessoa física, quando
demonstrada a impossibilidade de arcar com o custeio da demanda, o que pode
ocorrer até mesmo por declaração que subscreve. Em se tratando de empregador
pessoa jurídica, mostra-se imprescindível a prova de impossibilidade de custeio, diante
do fato de exercer atividade econômica e, por conseguinte, gerar presunção em
sentido contrário. No caso dos autos, contudo, não há prova concreta a respeito da
alegada fragilidade financeira, a ser realizada, por exemplo, por meio da apresentação
de balanços contábeis da empresa, existência de bloqueios de contas, etc. A simples
alegação de que " eventuais despesas processuais que o recorrente seja obrigado a
arcar deixariam de ser canalizados para a sua tripla atividade-fim, causando enorme
fuga de recurso e prejudicando, principalmente, a população carente " não conduz à
ilação de que não detém meios para arcar com o seu pagamento. De mais a mais,
conforme já constatado, o reclamado possui as prerrogativas da Fazenda Pública, com
isenção do pagamento das custas processuais e do depósito recursal. Recurso de
revista de que não se conhece. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS . Ao condenar o réu ao
pagamento de honorários de advogado, apesar de reconhecer que o autor não está
assistido pelo sindicato, a Corte Regional contrariou a Súmula nº 219 do TST. Ressalva
do Relator. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-
88800-35.2009.5.04.0007, 7ª Turma, Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão,
DEJT 13/03/2020).

Comentários:

A decisão regional foi ao encontro do princípio da condição benéfica que fosse mais
benéfica ao empregado, pois tem por fundamento a proteção de situações pessoais
mais vantajosas que incorporem ao patrimônio do trabalhador e que não poderão ser
extirpadas, neste caso foi considerado que uma vez confirmada a jornada arbitrada na
decisão de primeiro grau, de 4 horas, devem remanescer os valores a serem
adimplidos a titulo de pagamento do trabalho suplementar.

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