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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA SEGUNDA REGIÃO – SÃO


PAULO/SP.

Processo TRT/SP nº. 00207200625102006


Acórdão nº. 20081043273 - 10ª Turma

CUSTÓDIO MARQUES DA SILVA, por seus


procuradores, no procedimento em destaque, tendo em vista o inconformismo com o V.
Acórdão proferido por essa E. Turma, vem, com fundamento no artigo 896 alínea "a",
"b" e "c" da CLT, interpor RECURSO DE REVISTA, conforme razões anexas,
requerendo sejam juntadas aos autos, para apreciação pelo C. Tribunal Superior do
Trabalho.

P. Deferimento.
Cubatão, 17 de dezembro de 2008.

ENZO SCIANNELLI TATIANA GRANATO KISLAK JOSÉ


ABÍLIO LOPES
OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682
OAB/SP 93.357
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Processo TRT/SP nº. 00207200625102006
Acórdão nº. 20081043273 - 10ª Turma
RECORRENTE: CUSTÓDIO MARQUES DA SILVA
RECORRIDA: MOSAIC FERTILIZANTES DO BRASIL S/A

RAZÕES DE

RECURSO DE REVISTA

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA,

CUSTÓDIO MARQUES DA SILVA,


inconformado com o V. Acórdão proferido pela 10ª Turma do C. Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região vem, através desta revista, recorrer da decisão lhe foi
desfavorável, na forma assegurada pela Carta Maior e no Diploma Consolidado,
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expondo suas razões conforme segue:

PRELIMINAR

Do Cabimento do Recurso

O presente apelo encontra respaldo no artigo 896,


alíneas “a” e “c”, da Consolidação das Leis do Trabalho, em face de notória afronta ao
que preconiza o estatuto adjetivo em apreço. Há que ressaltar que não se pretende a
revisão de provas posto que esta sede não se presta para se proceder ao reexame de
matéria fato probante. Entretanto, em se tratando de matéria exclusivamente de direito
com base na exegese da legislação vigente, neste sentido o processamento do presente
recurso não há que encontrar óbice.

Da Tempestividade do Recurso de Revista

Tendo em vista o fato de que a publicação do


presente despacho denegatório ocorreu em 16 de dezembro de 2008, o prazo para
interposição do presente recurso de encerra em 07 de janeiro de 2009.

Da Procuração

Por fim, informam os reclamantes que as


procurações encontram-se juntadas aos autos as fls. 15 e seguintes.

NO MÉRITO

Assim decidiu a 10ª Turma do TRT 2ª Região


sobre a matéria:

...
VOTO
Conheço do recurso, tendo em vista o preenchimento dos requisitos legais de
admissibilidade.
1. Nulidade do Julgado
Sustenta o autor que a sentença é nula porque não foi realizada a prova pericial
médica, requerida já na peça vestibular.
Não obstante tenha o autor referido na inicial a necessidade de realização de
perícia médica para constatação da moléstia que alegou ser portador (fl. 07),
quedou-se inerte quando do encerramento da instrução processual (fl. 272), daí se
presumindo pela sua concordância com o mesmo.
Verifica-se, assim, que o autor teve todas as oportunidades de produzir as provas
que entendeu necessárias e, se não requereu a realização da perícia médica por
ocasião da instrução processual, presume-se que concordou com as provas
produzidas nos autos.
Operada a preclusão acerca da questão, não há nulidade no julgado.
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Rejeito a preliminar.
2. Estabilidade do artigo 118 da Lei 8213/91
Insurge-se o recorrente contra a sentença que indeferiu a estabilidade provisória
prevista no artigo 118 da Lei 8213/91. Diz ser portador de doença profissional
obstativa da dispensa sofrida.
Contudo, razão não lhe assiste.
O reclamante trabalhou para a reclamada nas funções de servente e no período de
05.09.1997 a 01.03.2004, ocasião em que foi dispensado sem justa causa. Ajuizou
a presente ação em 31.03.2006, ou seja, muito tempo após o término do suposto
período estabilitário.
A garantia de emprego, prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, é assegurada ao
trabalhador que sofreu acidente do trabalho ou é portador de doença profissional,
que demande afastamento por período superior a 15 dias, com percepção de
benefício previdenciário, consistente em auxílio-doença acidentário.
No caso dos autos, já dá leitura da petição inicial afigura-se que o reclamante não
implementou os requisitos para a concessão de tal garantia. Asseverou o autor no
exórdio que "enquanto exercia suas funções entrou uma fagulha de aço e
ferrugem dentro de seu olho, embora estivesse ussando óculos de proteção. Em
decorrência desse acidente perdeu quase toda a visão do olho direito." (fl. 06).
Em depoimento pessoal, no entanto, afirmou que "estava fazendo limpeza de
madrugada e caiu uma fagulha de ferrugem no olho direito do depoente; (...)que
continuou trabalhando sem ter se afastado; que o chefe não deixou o depoente ir
ao médico; que o depoente trabalhava na máquina III na época do acidente; que
era o setor de ensaque; que no ano de 2001 foi para a máquina II, onde ficou até
a dispensa;"
A testemunha do autor confirmou que o mesmo continuou trabalhando e assim
também no dia seguinte.
O reclamante afirmou que se acidentou na segunda semana do mês de agosto e,
tendo perdido ‘quase toda a visão’, mas permaneceu trabalhando não só nos dois
dias seguintes, mas por mais dois anos e meio, já que o contrato se extinguiu
apenas em março de 2004! Ora, quem sofre um acidente com a perda de parte da
visão, não tem a menor condição de permanecer trabalhando, a menos que não use
a visão para a realização de seus misteres, o que não era o caso do autor.
Mas não é só. Ainda que se admita que a empresa se recusou a emitir a
Comunicação de Acidente do Trabalho, não se justifica o fato de que o autor,
acometido de tamanha agressão a sua visão, não tenha comparecido a um posto
médico, nem mesmo após o término de sua jornada laboral; ao contrário,
compareceu no dia seguinte e em todos os outros, dando mostras de que, se
efetivamente houve algum infortúnio na realização de suas tarefas, não foi
suficiente nem mesmo para o seu afastamento imediato das funções, a fim de
higienizar e realizar curativo no olho molestado.
Agiu com acerto o julgador a quo ao indeferir o pedido de estabilidade provisória
decorrente de acidente do trabalho, haja vista a total ausência de provas do
alegado acidente.
Mantenho a sentença, por seus próprios e jurídicos fundamentos.
3. Participação nos Lucros e Resultados

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O reclamante alegou em inicial ser credor de participação nos lucros e resultados
conforme previsto em norma coletiva da categoria. Ocorre que sua dispensa se
operou em 01.03.2004. A única norma coletiva que estabelece o direito à
participação nos lucros e resultados, juntada pela reclamada, prevê o pagamento
respectivo para os empregados que estivessem em exercício no mês de maio/2004,
não assegurando nenhum direito aos dispensados em data anterior.
Assim, cabia ao reclamante comprovar que a participação nos lucros e resultados
estivesse também assegurada nos instrumentos normativos dos anos anteriores,
ônus que lhe competia por se tratar de fato constitutivo do direito perseguido.
A alegação em razões recursais de que a ré não comprovou a existência de
prejuízo anual ou inexistência de lucro é malfadada tentativa de alterar os
contornos da lide e, ainda, de transferir ao réu o ônus de provar o fato impeditivo
de um direito cuja existência não foi comprovada.
Nego provimento a mais este item do apelo.
Do exposto, conheço do recurso e, no mérito, nego-lhe provimento, mantendo
incólume a sentença de origem.
CÂNDIDA ALVES LEÃO
RELATORA

O v. Acórdão recorrido foi proferido em flagrante


afronta aos dispositivos legais, inclusive da nossa Carta Magna, e divergência
jurisprudencial, hipóteses que autorizam o cabimento da revista.

Mostra-se absolutamente cabível a Revista in


casu, pelo que se requer o reexame da matéria por esse C. TST, sendo oportuno
ressaltar, a título de extrema cautela, que o verdadeiro objetivo da peça recursal não se
atém ao reexame dos fatos.

A admissibilidade do apelo extremo, nessa


hipótese, tem sido reiteradamente proclamada, a exemplo do que se destaca:

“Para efeito do cabimento do recurso especial, é necessário discernir entre a


apreciação da prova e os critérios legais de sua valoração. No primeiro caso há
pura operação mental de conta, peso e medida, à qual é imune o recurso. O
segundo envolve a teoria do valor ou conhecimento, em operação em que apura
se houve ou não a infração de algum princípio probatório.” (RTJ - 56/67;
RSTJ-11/341).

Desta forma, para melhor desenvolvimento da


exposição, oferece o recorrente suas razões de modo articulado, apontando em cada
tópico os fundamentos da revista, sendo certo que cada um deles basta, por si só, para o
seguimento da impugnação, nos exatos termos da Súmula 285, do Tribunal Superior do
Trabalho.

É certo que a falta de regulamentação pelo C.


TST, demonstra a transcendência da presente revista, tendo em conta a sua evidente
configuração nesse caso, haja vista que a matéria discutida é a violação frontal do texto
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Constitucional e de Lei Federal, bem como divergências jurisprudenciais, cuja
uniformização é imperativo de segurança jurídica, razão pela qual podemos apontar que
a presente revista é juridicamente transcendente.

Com efeito, persistindo a presente situação, a


insegurança do jurisdicionado será manifesta, uma vez que a duplicidade de
interpretações de casos idênticos gera desorientação e incertezas, atritando-se com a
função principal do direito que é eliminar as antinomias.

Nesse sentido podemos colacionar o seguinte


entendimento:

“Há de se considerar que o Direito do Trabalho é fator de integração social e


solução dos conflitos. Mas o Direito deve ser justo, sem o que pode
comprometer a sua função. Logo, o justo não é um fim do Direito. É condição
de legitimidade de todo ordenamento jurídico para que tenha condições de
cumprir suas formalidades. É a legitimação do poder, fator indispensável para a
manutenção do Direito como mecanismo de controle social, entendendo-se por
legitimação a existência de razões para sustentar o poder em padrões aceitáveis
de justiça e eqüidade, valores que são suporte de apoio para a sua manutenção.
O Direito é, portanto, instrumento de controle dos conflitos sociais. Nesse
sentido é que se fala em segurança jurídica como função do Direito”.

Do Cerceamento de Defesa

Evidencia-se dos autos o TOTAL


CERCEAMENTO DE DEFESA AO DIREITO DO RECORRENTE.

O Recorrente pleiteia dentre outros, a


ESTABLIDIDADE PROVISÓRIA POR ACIDENTE DO TRABALHO, acidente
este, que ocasionou LESÃO DE ORDEM FÍSICA à qual SOMENTE PODERIA
SER PROVADA ATRAVÉS DE REGULAR PROVA PERICIAL MÉDICA.

O cerceamento de defesa está caracterizado diante


da dispensa de realização de prova pericial médica, apurando-se, assim, o grau da lesão
decorrente do narrado acidente do trabalho.

A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso


LV, prevê o princípio do contraditório e da ampla defesa, o que, evidentemente não fora
devidamente observado na presente demanda.

Conforme entendimento Pretoriano:

“Caracteriza o cerceamento de defesa o indeferimento de prova essencial ao


deslinde da controvérsia” (TST, RR 159.976/95.5, João Tezza, Ac. 2ª T.
6.649/95).

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Evidente o prejuízo imposto ao recorrente, em
razão da impossibilidade de produzir prova do fato constitutivo de seu direito.

“CERCEAMENTO DE DEFESA. Se a decisão que resultar desfavorável está


fulcrada na ausência de prova, cuja produção, pela parte, foi obstada por
indeferimento judicial, cristaliza-se a figura do cerceamento de defesa. Recurso
provido”. (Ac 20000064089, Turma 06, data de julgamento: 15/02/00, relator
Renato de Lacerda Paiva).

Portanto, a liberdade do juiz na condução do


processo prevista pela CLT “não pode estar dissociada dos princípios relacionados ao
contraditório, conforme determina a Constituição Federal”, conforme já entendeu o I.
Min. Aloysio Corrêa da Veiga, do TST.

Ademais, o direito de ação constitui corolário da


cidadania, possui assento constitucional e seu exercício não significa inimizade capital
em relação à parte contrária, tampouco interesse pessoal no desfecho análogo.

O art. 5º, XXXV, consagra o direito de invocar a


atividade jurisdicional, como direito público subjetivo. Não se assegura aí apenas o
direito de agir, o direito de ação. Invocar a jurisdição para a tutela de direito é também
direito daquele contra quem se age, contra quem se propõe a ação. Garante a plenitude
de defesa, agora mais incisivamente assegurada no inciso LV do mesmo artigo: os
litigantes, em processo judicial e administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes.

Agora a seguinte passagem do magistério de


Liebman tem ainda maior adequação ao Direito Constitucional brasileiro:

O poder de agir em juízo e o de defender-se de qualquer pretensão de outrem


representam a garantia fundamental da pessoa para a defesa de seus direitos e
competem a todos indistintamente, pessoa física e jurídica, italianos (brasileiros)
e estrangeiros, como atributo imediato da personalidade e pertencem por isso à
categoria dos denominados direitos cívicos. 1

Inobstante as impugnações apresentadas nos


autos, em relação a não realização de prova pericial médica, o recorrente não concordou
com o encerramento da instrução processual, em face da necessidade de produzir prova
pericial.

Assim o recorrente ficou impossibilitado de trazer


a verdade aos autos posto que não fora realizado os exames necessários

 Um dos corolários máximos do contraditório,


reconhecido unanimemente pela doutrina, é o DIREITO À PROVA, tido como a

1
Cf. Mannuale di diritto processuale civile, v.I/10 e 11.
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oportunidade concedida ao acusado de produzir todas as provas lícitas necessárias à
comprovação de suas alegações, bem como, de contraditar as provas acusatórias.

Para LUIZ GUILHERME MARINONI, "de nada


adianta a participação sem a possibilidade do uso dos meios necessários à
demonstração das alegações. O direito à prova, destarte, é resultado da necessidade de
se garantir à parte a adequada participação no processo".

MANOEL DE OLIVEIRA FRANCO SOBRINHO


acentua a imprescindibilidade da prova para a garantia da defesa: "não há defesa, nem
eficácia quanto aos efeitos dela, sem que a matéria de prova assuma condição de relevo
jurídico na orientação dogmática do processo administrativo".

A garantia constitucional do contraditório conecta-


se diretamente com o direito à prova. Nestas condições, garante-se, à acusação e à
defesa, a igual oportunidade de pleitear a produção de provas e proibição de disparidade
de critérios para o deferimento ou indeferimento delas, ou seja, assegura-se a
equivalente possibilidade de participar dos atos probatórios e manifestar-se sobre seus
resultados.

A doutrina é uníssona em afirmar a íntima relação


da disciplina da prova com o contraditório, razão pela qual não se pode conceber uma
instrução pautada pelo contraditório sem o deferimento ao acusado do amplo e irrestrito
direito à produção de provas.
            
O direito à prova, entretanto, deve ser concedido de
forma ampla e irrestrita, cabendo apenas o indeferimento dos pedidos considerados
notadamente impertinentes ou meramente protelatórios.

Para admissão e produção de uma vez prova, é


suficiente que ela seja hipoteticamente idônea para apontar, direta ou indiretamente,
elementos de conhecimento sobre os fatos que devam ser provados.

É alheio ao conceito de pertinência da prova o


elemento de eventual eficácia da mesma, ou seja, baseando-se em juízos apriorísticos de
que a prova proposta não alcançará os resultados pretendidos, uma vez que a valoração
da prova somente tem lugar ao final do processo, quando da prolatação da sentença.

Segundo DROMI, citado por BACELLAR


FILHO,"o direito a oferecer e produzir provas compreende o direito a que toda prova
razoavelmente proposta seja produzida, à produção probatória antes da decisão, ao
controle da prova produzida pela Administração".

Diz ainda o jurista que "a garantia da defesa, no


processo administrativo, compreende o direito de ser ouvido, de oferecer e produzir
provas, de ter uma decisão fundamentada e de impugná-la".

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Jurisprudências favoráveis que indicam que há 
nulidade por cerceamento de provas quando o recorrente teve indeferido seu
requerimento de designação de audiência a fim de provar que o perito não levou em
conta o verdadeiro local de trabalho e as efetivas condições de labor:

"As provas devem ser produzidas para o esclarecimento da verdade dos fatos e
para a formação e o do convencimento do juízo, importando em cerceio de defesa
o seu indeferimento. AC. TRT 1ª Reg. 8ª T. ro 270/ 97, Rel. Designada Juíza
Maria de Lourdes Sallaberry do RJ 05/05/99, P. 115". (Fonte de Pesquisa:
Dicionário de Decisões Trabalhistas - B. Calheiros Bomfim e Silvério dos Santos
– 31ª Edição - pág. 147).

"Nulidade. Cerceamento de defesa. Há claro cerceamento de defesa na decisão de


impedir, sem motivo plausível à parte a produção de prova dos fatos constitutivos
de seu direito. AC unânime TRT 3ª região 1ª T. RO 13887/95 Rel. Juiz Fernando
Procópio de Lima Netto, DJ/MG 02/02/96, P. 50". (Fonte de Pesquisa: Dicionário
de Decisões Trabalhistas - B. Calheiros Bomfim e Silvério dos Santos – 27 ª
Edição – pág. 103).

PROCESSO DO TRABALHO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE.


É nulo, por cerceamento de defesa, o processo em que a parte teve indeferida
produção de prova pertinente e oportunamente requerida, advindo posteriormente,
sentença indeferitória de sua pretensão. (Processo nº TRT da 14ª Região/RO
1293/94. Acórdão nº 3.228/94. Publicado no DJ de: 06.12.94. Relator J. CARLOS
AUGUSTO GOMES LÔBO).

CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA - Encerrada a instrução


abruptamente, ante os protestos da parte que deseja produzir a sua prova,
configurado está o cerceamento de defesa, devendo o feito ser anulado a partir do
indeferimento da produção de provas. Recurso provido para anular o processo a
partir do indeferimento da produção de provas.
Ac. nº 3464/02 - Julg.: 12.09.02. TRT 17ª Região nº 3040/02 - Publ.
DOJT/7ªRG: 09.10.02. Rel. - Juiz: José Ronald Cavalcante Soares –
MAIORIA.

Pelo todo guerreado, requer seja acolhida a


presente preliminar, para que seja decretada a nulidade processual apontada, e como
conseqüência sejam anulados todos os atos processuais, com a remessa dos autos à Vara
de origem, para que seja prolatada nova sentença.

Da Doença do Trabalho

Consoante todo o exposto no corpo do presente


processo, o reclamante sofreu um acidente de trabalho, que lhe causa algumas
seqüelas até a presente data.

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Assim, não há qualquer dúvida do fato de que o
reclamante sofre de doença profissional, decorrente de um acidente de trabalho.

Portanto, em razão do acidente sofrido, jamais


poderia ter sido o empregado, ora reclamante, dispensado do serviço, ante a
estabilidade.

Correto é afirmar que, há época da dispensa, bem


como da propositura da demanda, o reclamante encontrava-se doente.

No ato da admissão na empresa Ré, o Autor gozava


de plena capacidade física e mental, conforme demonstram os exames médicos
admissionais a que fora submetido pela Ré.

  A culpa da empresa Ré caracterizou-se pela


inobservância das normas de Segurança do Trabalho, Lei nº 6.514 de 22.12.77,
Portaria nº 3.214 de 08.06.78, NR- 1 item 1.7, que regra caber ao empregador: b)
elaborar ordens de serviços sobre segurança e medicina do trabalho, dando ciência aos
empregados, com os seguintes objetivos:

IV) determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de acidente


do trabalho e Doenças Profissionais do Trabalho.

Lei nº 8.213 de 24.07.91, artigo 19 - parágrafo 1º:

A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais


de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

Parágrafo 3º:

É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da


operação a executar e do produto a manipular.

Portaria nº 3.214 de 08.06.79 NR - 7, item 7.2.2.

Quando da realização do exame demissional de diagnosticar DOENÇA


PROFISSIONAL ou do Trabalho, ou dela se suspeitar, a empresa deve
encaminhar o empregado imediatamente ao INPS, para os devidos fins .

NR-15, item 15.4.1,a

 a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância .

Constituição Federal 1.988 - art. 7º , XXII

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redução dos riscos iminentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança .

A doença profissional adquirida pela parte Autora


devido à exposição diária e de forma contínua a situações nocivas à saúde no setor de
trabalho, o que colocou à mostra injustificável falha e negligência nas condições de
segurança dos empregados da empresa Ré, com omissão de cautelas que poderiam
evitar as trágicas conseqüências previstas na legislação e aplicável à espécie.

Assim, está plenamente caracterizado o nexo


causal e a falta de procedimento da empresa para evitar a eclosão da doença.

O Contrato de Trabalho contém implicitamente


cláusula assecuratória das condições de segurança e saúde do trabalhador, de modo que
sua inexistência caracteriza inadimplemento da obrigação contratual ensejadora da Ação
Civil Reparatória.

  Nessas circunstâncias, o infortúnio laboral ocorreu


não pelo risco da atividade para a qual o reclamante foi contratado, mas por inexecução
de uma obrigação que compete ao empregador caracterizando um ato ilícito de natureza
contratual.

PONTES DE MIRANDA já afirmava que:

quem cria o perigo, ainda que não tenha culpa, tem o dever de eliminá-lo.

COLHEMOS, PARA A EXPOSIÇÃO, A


MELHOR DOUTRINA:

Doença do Trabalho
Acidente tipo é aquele que, por meio de causa repentina, provoca incapacidade
para o trabalho. A doença do trabalho, gênero do qual é espécie a doença
profissional, também enseja essa incapacidade. Mas, de forma lenta, no decorrer
do tempo. A cobertura securitária é a mesma, por força de equiparação legal
entre uma e outra situação. ...
Os agentes patogênico que produzem doenças do trabalho estão discriminados
no anexo II do Decreto n.º 3.048, de 6-5-99, que aprova o regulamento da
previdência social. Exemplo de agentes patogênicos: químicos (arsênico,
benzeno, chumbo), físico (ruído, ar comprimido, radiações), biológicos
(microorganismos, parasitas) e poeiras orgânicas (algodão, linho, sisal).
Constatado o nexo causal entre o trabalho e as doenças relacionadas pelo
Ministério da Previdência e Assistência Social, será concedido o benefício, na
forma da lei. (in Direito Previdenciário para Concursos, Odonel Urbano
Gonçales, Ed. Jurídico Atlas, 2ª Ed., p. 146) (grifamos)

De curial sabença que ao empregador incumbe


bem selecionar, capacitar e proteger seus empregados – a uma porquê lhe conferirá mais
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competitividade e, a duas, porquê prevenirá possíveis danos que certamente lhes serão
atribuídos em razão da condição de elemento diretor das atividades empresariais -,
sendo isto o que se infere, verbi gratia, do disposto no artigo 77 da Lei nº 7.036/76:

todo empregador é obrigado a proporcionar a seus empregados máxima


segurança e higiene do trabalho, zelando pelo cumprimento dos dispositivos
legais a respeito, protegendo-os, especialmente, contra imprudências que
possam resultar do exercício habitual da profissão (grifos nossos)

PARA AUXILIAR NA DEMONSTRAÇÃO DA


CONFIGURAÇÃO DO ILÍCITO CIVIL E DE SUAS CONSEQÜÊNCIAS,
CITAMOS A DOUTRINA DE JOSÉ LUIZ DIAS SANTOS, PROCURADOR DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO:

Configura-se, por outro lado, o ilícito civil quando a conduta do empregador ou


preposto revela negligência e imprudência, omissão de precauções elementares,
despreocupação e menosprezo pela segurança do empregado, dando causa ao
acidente, segundo a regra da responsabilidade subjetiva, prevista no art. 159 do
CC, presumindo-se à culpa do patrão por ato culposo do empregado ou preposto
(Súmula 341 do STF)... (RT 635/130).

          Outra não é a posição adotada pelo renomado


mestre José Luiz Dias Campos em artigo se sua autoria, intitulado Responsabilidade
Civil e Criminal Decorrente de Acidente do Trabalho na Constituição de 1988,
(publicado in RT, vol. 635/130) ao afirmar, in verbis:

Quando a empresa não cumpre a obrigação implícita concernente à segurança


do trabalho de seus empregados e de incolumidade durante a prestação de
serviços, tem o dever de indenizar por inexecução da sua obrigação (grifos
nossos)

A inobservância da empresa em observar o correto


uso dos EPI’s configura, de forma indiscutível, culpa in eligendo haja vista a total falta
de responsabilidade da mesma em assegurar plena segurança a seus empregados.

           A isto se soma o não fornecimento de


equipamentos de segurança suficientes para os empregados, no caso em tela, concorreu
para a extensão dos danos inflingidos ao Autor, é a culpa in omittendo.

NESSE SENTIDO, COLHEMOS A


JURISPRUDÊNCIA:

Acórdão: RESP 223420 / RJ ; RECURSO ESPECIAL 1999/0062861-6


Fonte: DJ DATA:22/11/1999 PG:00162
Relator: Min. RUY ROSADO DE AGUIAR (1102)
Ementa: ACIDENTE NO TRABALHO. Audição. Culpa. - Reconhecidos os
pressupostos da responsabilidade civil da empresa, entre eles o da sua
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negligência e o dano sofrido pelo operário, que teve reduzida sua capacidade
auditiva, impunha-se a procedência da ação de indenização. Art. 159 do C.
Civil. - Recurso conhecido e provido.
Data da Decisão: 07/10/1999
Orgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA
Decisão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e
das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe
provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram com o Relator
os Srs. Ministros ALDIR PASSARINHO JUNIOR, SÁLVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA, BARROS MONTEIRO e CESAR ASFOR ROCHA. (grifamos)

Juntamos, ainda, a seguinte decisão:

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO - PROCESSO N.º:


00153.2005.401.14.00-2 - CLASSE: RECURSO ORDINÁRIO - ORIGEM: 1.ª
VARA DO TRABALHO DE RIO BRANCO/AC - RELATORA: JUÍZA MARIA
CESARINEIDE DE SOUZA LIMA - REVISOR: JUIZ CARLOS AUGUSTO
GOMES LÔBO
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DOENÇA PROFISSIONAL.
REINTEGRAÇÃO. Equipara-se ao acidente de trabalho a doença profissional, e
sendo demonstrado que o empregado faz jus a estabilidade provisória ou
acidentária, deve esta ser mantida na empresa, uma vez que é direito seu a
permanência no emprego durante certo período de tempo, mesmo contra a
vontade do empregador, ou o recebimento de indenização correspondente, caso
ocorra a dispensa irregular. Nestes termos, é devida a reintegração da obreira,
caso não seja desaconselhável o seu retorno à empresa.

Discorrendo sobre garantia de emprego, assevera


Maurício Godinho Delgado (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do
trabalho. 4. ed., São Paulo: Ltr, 2005, págs. 1247/1248):

Garantias de emprego (estabilidades provisórias). Garantia de emprego, por sua


vez, conforme já definido, é a vantagem jurídica de caráter transitório deferida
ao empregado em virtude de uma circunstância contratual ou pessoal obreira de
caráter especial, de modo a assegurar a manutenção do vínculo empregatício por
um lapso temporal definido, independentemente da vontade do empregador. Tais
garantias têm sido chamadas, também, de estabilidade temporárias ou
estabilidades provisórias. (...) a estabilidade provisória, como a própria
expressão indica, é de extensão apenas temporária, durando o restrito período de
sua vigência estipulado pela ordem jurídica". Na tradição jurídica brasileira, as
garantias de emprego (ou estabilidades provisórias) têm sido fixadas por regras
jurídicas de origem e "status" diversificados. Às vezes se trata de regras
heterônomicas estatais, de "status" constitucional ou legal, como
ilustrativamente, as garantias de empregos do dirigente sindical e do empregado
acidentado.

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Portanto, devida à reintegração/indenização
pleiteada a exordial.

Da Participação nos Lucros

A recorrida não trouxe qualquer prova da


ocorrência de prejuízo anual ou da inexistência de lucro, mas ainda assim, não era
requisito essencial para o pagamento da parcela, uma vez que a norma coletiva previu o
pagamento com base em vários critérios, os quais não foram comprovados em qualquer
tempo pela recorrida, pelo que deve ter reconhecido o direito do recorrente no
percentual estabelecido na norma coletiva, o que espera ver deferido.

Dos Honorários Advocatícios

Com relação aos honorários advocatícios não


reconhecidos na R. decisão de 1ª Instância, a Constituição Federal inovou sobre a
matéria, sendo certo que em seu artigo 133 fez valer os direitos de uma categoria
profissional que vem sendo prejudicada, ao contrário do merecido, pois o advogado
representa, sem sombra de dúvidas, peça fundamental entre a Sociedade e o Poder
Judiciário, devendo assim, ser reconhecido o seu trabalho.

Os honorários advocatícios são devidos ainda que a


assistência seja particular, conforme os artigos 20 e 126 do Código Processo Civil, 8 º e
769 da Consolidação das Leis do Trabalho, art. 4o da Lei de Introdução ao Código Civil,
inciso LV do art. 5º e art. 133, ambos da CF/88.

O Estado se obriga a promover os meios


necessários para que a parte lesada seja integralmente ressarcida de seu prejuízo, sendo
certo que o entendimento do TST caminha no sentido de que os honorários advocatícios
somente são devidos se o trabalhador reunir duas condições: ser beneficiário de
assistência jurídica gratuita e estar assistido pela sua entidade sindical.

Quanto aos demais, caso não optem pelo advogado


que lhes é fornecido pela sua entidade sindical, só lhes resta o jus postulandi, ranço
pernicioso da fase administrativa da Justiça do Trabalho que lança o trabalhador
despreparado os bem treinados e não raro integrantes de grandes corporações advogados
que defendem os empregadores, gerando a desigualdade entre as partes.

No que tange a escolha de advogado particular,


esta gera o necessário dever de remuneração do trabalho do mesmo e acarreta a não
consecução da finalidade precípua da atividade jurisdicional de reparar integralmente a
lesão reconhecida, posto que o trabalhador gastará boa parte de seus créditos para pagar
seu patrono, que não pode ser obrigado a trabalhar sem remuneração.

Tenha-se por certo que por melhores e mais


combativos que sejam os advogados proporcionados pelas entidades sindicais, o
trabalhador não pode ser obrigado (CF art. 5º, II) a escolher o patrocínio dos mesmos
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para ver reparado, de forma integral, a lesão ao seu direito reconhecida pelo judiciário,
situação delineada pela jurisprudência consolidada do TST. Logo, nos termos da
fundamentação supra e ainda do art. 133 da Constituição Federal, deferem-se honorários
advocatícios no importe de 15% nos moldes da OJ 348 da SDI-1 do TST.

Veja-se as disposição legais do novo Código Civil:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais, regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão


pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo
da pena convencional.

De forma exaustiva e literal, o legislador ordinário


colocou em três diversos dispositivos que os honorários de advogado estão incluídos
entre as despesas que o devedor deve pagar ao credor, em face do descumprimento da
obrigação. O ilustre magistrado LUIZ EDUARDO GUNTHER é o principal defensor
do cabimento dos honorários advocatícios, contratuais e sucumbenciais, na Justiça do
Trabalho. O Tribunal Superior do Trabalho pronunciou-se sobre a matéria através da
Súmula 219, que diz:

Honorários Advocatícios - Cabimento - Na Justiça do Trabalho, a condenação


em honorários advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre pura e
simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por Sindicato da
categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do
mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.

Como se observa da leitura do Enunciado acima,


notamos que existem dois casos admitidos pelo TST para a condenação em honorários
advocatícios. A primeira, cujos fundamentos já expusemos acima, quando a parte está
assistida pelo Sindicato representante de sua categoria profissional, e não perceba além
do dobro do salário mínimo vigente; e o segundo caso, que passamos a analisar,
quando a parte não pode vir a Juízo sem prejuízo de sua manutenção própria e
familiar.

Neste particular, cite-se que o Supremo Tribunal


Federal já decidiu que para a obtenção das benesses da gratuidade judiciária basta tão
somente uma declaração firmada pelo própria parte, sob as penas da lei, de que não
pode vir a Juízo sem prejuízo de sua mantença pessoal e familiar.
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Juntamos os entendimentos:

HONORARIOS ADVOCATICIOS - Parcela devida, mesmo desassistido do


Sindicato. A Lei nº 5584/70, art. 14, confere obrigação ao Sindicato prestar
assistência ao empregado, mas não obriga a este só ser assistido pelo Sindicato
da Categoria. Ac. nº 681/02 - Julg.: 18.02.02. TRT 7ª Região - nº 176/02 - Publ.
DOJT/7ªRG: 25.04.02. Rel. Juíza: Maria Irisman Alves Cidade – MAIORIA

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INDEVIDOS QUANDO NÃO


SATISFEITAS AS EXIGÊNCIAS DA LEI 5.584/70 - Na Justiça do Trabalho, a
condenação em honorários advocatícios não decorre pura e simplesmente da
sucumbência, impondo-se, para sua concessão, o preenchimento, pelo
empregado, dos requisitos da Lei 5.584/70 (assistência sindical e percepção de
salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em situação econômica
que não lhe permita demandar sem prejuízo do seu sustento ou de sua família).
Ac. nº 1598/02 - Julg.: 29.04.02. TRT 7ª Região - nº 248/02 - Publ. DOJT/7ªRG:
04.06.02. Rel. Juíza: Laís Maria Rossas Freire – UNANIMIDADE

1.775. Honorários advocatícios deferidos, pouco importando a falta de


formulação expressa, ante pedido implícito (art. 293 do CPC) e princípio de
sucumbência (art. 20 do mesmo Código). Omissão sanada, via embargos de
declaração (art. 535, II, CPC), ressaltando-se que a verba honorária é corolário
da presença indispensável do advogado nos processos judiciais (art. 133 da
CF/1988). E que sem advogado não há como assegurar-se a ampla defesa, com
os meios a ela inerentes, direito fundamental de aplicação imediata (art. 5º, LV e
§ 1º, da CF) (TRT-RJ, AR 183/87, Azulino de Andrade, Ac. G. II). (Nova
Jurisprudência em Direito do Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora
Revista dos Tribunais Ltda)

1.779. Em face à indispensabilidade do advogado na justiça (art. 133 da nova


CF), devidos são os honorários (TRT-RJ, RO 9.195/88, Menandro de Carvalho,
Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho de Valentin Carrion -
1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)

1.780. Honorários advocatícios são devidos por força do art. 133 da CF (TRT-RJ,
RO 9.195/88, Carlos de Brito, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do
Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)

Ressalta-se que o recorrente quando vencedor da


lide, não pode arcar com o pagamento de honorários advocatícios, devendo ser a
sucumbência suportada pelas Recorridas, conforme entendimentos desta D. Corte a
seguir colacionados:

“Ante o princípio da sucumbência, os honorários advocatícios se fazem devidos


pelo vencido na causa.” Ac.TRT 1ª Reg.3ª T (RO4424/89), Rel. Juiz Roberto
Davis DO/RJ 9/7/90, p. 43.
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“Ante o art. 133 da Constituição, que torna indispensável a atuação do
advogado, em todas as causas, e à luz do art. 20 do CPC, que impõe ao Juiz
condenar o vencido no pagamento de honorários advocatícios, estes se fazem
devidos ainda que as partes não os tenha, expressamente cobrado”. Ac.
(unânime) TRT 1ª Reg. 3ª T (RO 790/89), Rel. Juiz Roberto Davis, DO/RJ 9/3/90,
p. 106.

Considerando que os honorários advocatícios


atendem ao princípio constitucional da ampla defesa, não se pode falar em acesso ao
judiciário, devido processo legal e ampla defesa sem que as partes possam escolher o
causídico de sua confiança. E a remuneração do advogado, nesta modalidade de ação,
decorrerá da sucumbência da parte. Assim, o V. Acórdão deve ser reformado por este E.
Tribunal consoante a fundamentação exposta, deferindo-se ao recorrente o pedido
formulado exordialmente.

Requer, por fim, se digne V. Exa. Determinar a


notificação e/ou publicação pela IMPRENSA OFICIAL, que lhe seja dirigida perante
este D. Tribunal, sejam feitas em nome destes subscritores, Dr. José Abílio Lopes,
OAB/SP nº. 93.327; e Dr. Enzo Sciannelli, OAB/SP nº. 98.327, ambos com escritório
profissional sito à Rua Silva Jardim n°. 201, Vila Mathias, Santos/SP, CEP 11015-021,
anotando-se assim tal ocorrência na capa e contracapa dos autos.

Por todo o exposto, os recorrentes esperam que


sejam acolhidas e providas as presentes Razões da Revista para que, ao final, seja
reformado o V. Acórdão, na forma da fundamentação, como medida da mais pura J U
STIÇA!!!

P. Deferimento.
Cubatão, 17 de dezembro de 2008.

ENZO SCIANNELLI TATIANA GRANATO KISLAK JOSÉ


ABÍLIO LOPES
OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682
OAB/SP 93.357

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