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P. Deferimento.
Cubatão, 17 de dezembro de 2008.
RAZÕES DE
RECURSO DE REVISTA
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA TURMA,
PRELIMINAR
Do Cabimento do Recurso
Da Procuração
NO MÉRITO
...
VOTO
Conheço do recurso, tendo em vista o preenchimento dos requisitos legais de
admissibilidade.
1. Nulidade do Julgado
Sustenta o autor que a sentença é nula porque não foi realizada a prova pericial
médica, requerida já na peça vestibular.
Não obstante tenha o autor referido na inicial a necessidade de realização de
perícia médica para constatação da moléstia que alegou ser portador (fl. 07),
quedou-se inerte quando do encerramento da instrução processual (fl. 272), daí se
presumindo pela sua concordância com o mesmo.
Verifica-se, assim, que o autor teve todas as oportunidades de produzir as provas
que entendeu necessárias e, se não requereu a realização da perícia médica por
ocasião da instrução processual, presume-se que concordou com as provas
produzidas nos autos.
Operada a preclusão acerca da questão, não há nulidade no julgado.
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Rejeito a preliminar.
2. Estabilidade do artigo 118 da Lei 8213/91
Insurge-se o recorrente contra a sentença que indeferiu a estabilidade provisória
prevista no artigo 118 da Lei 8213/91. Diz ser portador de doença profissional
obstativa da dispensa sofrida.
Contudo, razão não lhe assiste.
O reclamante trabalhou para a reclamada nas funções de servente e no período de
05.09.1997 a 01.03.2004, ocasião em que foi dispensado sem justa causa. Ajuizou
a presente ação em 31.03.2006, ou seja, muito tempo após o término do suposto
período estabilitário.
A garantia de emprego, prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, é assegurada ao
trabalhador que sofreu acidente do trabalho ou é portador de doença profissional,
que demande afastamento por período superior a 15 dias, com percepção de
benefício previdenciário, consistente em auxílio-doença acidentário.
No caso dos autos, já dá leitura da petição inicial afigura-se que o reclamante não
implementou os requisitos para a concessão de tal garantia. Asseverou o autor no
exórdio que "enquanto exercia suas funções entrou uma fagulha de aço e
ferrugem dentro de seu olho, embora estivesse ussando óculos de proteção. Em
decorrência desse acidente perdeu quase toda a visão do olho direito." (fl. 06).
Em depoimento pessoal, no entanto, afirmou que "estava fazendo limpeza de
madrugada e caiu uma fagulha de ferrugem no olho direito do depoente; (...)que
continuou trabalhando sem ter se afastado; que o chefe não deixou o depoente ir
ao médico; que o depoente trabalhava na máquina III na época do acidente; que
era o setor de ensaque; que no ano de 2001 foi para a máquina II, onde ficou até
a dispensa;"
A testemunha do autor confirmou que o mesmo continuou trabalhando e assim
também no dia seguinte.
O reclamante afirmou que se acidentou na segunda semana do mês de agosto e,
tendo perdido ‘quase toda a visão’, mas permaneceu trabalhando não só nos dois
dias seguintes, mas por mais dois anos e meio, já que o contrato se extinguiu
apenas em março de 2004! Ora, quem sofre um acidente com a perda de parte da
visão, não tem a menor condição de permanecer trabalhando, a menos que não use
a visão para a realização de seus misteres, o que não era o caso do autor.
Mas não é só. Ainda que se admita que a empresa se recusou a emitir a
Comunicação de Acidente do Trabalho, não se justifica o fato de que o autor,
acometido de tamanha agressão a sua visão, não tenha comparecido a um posto
médico, nem mesmo após o término de sua jornada laboral; ao contrário,
compareceu no dia seguinte e em todos os outros, dando mostras de que, se
efetivamente houve algum infortúnio na realização de suas tarefas, não foi
suficiente nem mesmo para o seu afastamento imediato das funções, a fim de
higienizar e realizar curativo no olho molestado.
Agiu com acerto o julgador a quo ao indeferir o pedido de estabilidade provisória
decorrente de acidente do trabalho, haja vista a total ausência de provas do
alegado acidente.
Mantenho a sentença, por seus próprios e jurídicos fundamentos.
3. Participação nos Lucros e Resultados
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O reclamante alegou em inicial ser credor de participação nos lucros e resultados
conforme previsto em norma coletiva da categoria. Ocorre que sua dispensa se
operou em 01.03.2004. A única norma coletiva que estabelece o direito à
participação nos lucros e resultados, juntada pela reclamada, prevê o pagamento
respectivo para os empregados que estivessem em exercício no mês de maio/2004,
não assegurando nenhum direito aos dispensados em data anterior.
Assim, cabia ao reclamante comprovar que a participação nos lucros e resultados
estivesse também assegurada nos instrumentos normativos dos anos anteriores,
ônus que lhe competia por se tratar de fato constitutivo do direito perseguido.
A alegação em razões recursais de que a ré não comprovou a existência de
prejuízo anual ou inexistência de lucro é malfadada tentativa de alterar os
contornos da lide e, ainda, de transferir ao réu o ônus de provar o fato impeditivo
de um direito cuja existência não foi comprovada.
Nego provimento a mais este item do apelo.
Do exposto, conheço do recurso e, no mérito, nego-lhe provimento, mantendo
incólume a sentença de origem.
CÂNDIDA ALVES LEÃO
RELATORA
Do Cerceamento de Defesa
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Evidente o prejuízo imposto ao recorrente, em
razão da impossibilidade de produzir prova do fato constitutivo de seu direito.
1
Cf. Mannuale di diritto processuale civile, v.I/10 e 11.
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oportunidade concedida ao acusado de produzir todas as provas lícitas necessárias à
comprovação de suas alegações, bem como, de contraditar as provas acusatórias.
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Jurisprudências favoráveis que indicam que há
nulidade por cerceamento de provas quando o recorrente teve indeferido seu
requerimento de designação de audiência a fim de provar que o perito não levou em
conta o verdadeiro local de trabalho e as efetivas condições de labor:
"As provas devem ser produzidas para o esclarecimento da verdade dos fatos e
para a formação e o do convencimento do juízo, importando em cerceio de defesa
o seu indeferimento. AC. TRT 1ª Reg. 8ª T. ro 270/ 97, Rel. Designada Juíza
Maria de Lourdes Sallaberry do RJ 05/05/99, P. 115". (Fonte de Pesquisa:
Dicionário de Decisões Trabalhistas - B. Calheiros Bomfim e Silvério dos Santos
– 31ª Edição - pág. 147).
Da Doença do Trabalho
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Assim, não há qualquer dúvida do fato de que o
reclamante sofre de doença profissional, decorrente de um acidente de trabalho.
Parágrafo 3º:
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redução dos riscos iminentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança .
quem cria o perigo, ainda que não tenha culpa, tem o dever de eliminá-lo.
Doença do Trabalho
Acidente tipo é aquele que, por meio de causa repentina, provoca incapacidade
para o trabalho. A doença do trabalho, gênero do qual é espécie a doença
profissional, também enseja essa incapacidade. Mas, de forma lenta, no decorrer
do tempo. A cobertura securitária é a mesma, por força de equiparação legal
entre uma e outra situação. ...
Os agentes patogênico que produzem doenças do trabalho estão discriminados
no anexo II do Decreto n.º 3.048, de 6-5-99, que aprova o regulamento da
previdência social. Exemplo de agentes patogênicos: químicos (arsênico,
benzeno, chumbo), físico (ruído, ar comprimido, radiações), biológicos
(microorganismos, parasitas) e poeiras orgânicas (algodão, linho, sisal).
Constatado o nexo causal entre o trabalho e as doenças relacionadas pelo
Ministério da Previdência e Assistência Social, será concedido o benefício, na
forma da lei. (in Direito Previdenciário para Concursos, Odonel Urbano
Gonçales, Ed. Jurídico Atlas, 2ª Ed., p. 146) (grifamos)
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Portanto, devida à reintegração/indenização
pleiteada a exordial.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais, regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.
1.780. Honorários advocatícios são devidos por força do art. 133 da CF (TRT-RJ,
RO 9.195/88, Carlos de Brito, Ac. 3ª T.). (Nova Jurisprudência em Direito do
Trabalho de Valentin Carrion - 1990 - Editora Revista dos Tribunais Ltda)
P. Deferimento.
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