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PROCESSO Nº 1000512-13.2017.5.02.0705
ATENTO BRASIL S.A., por seus advogados infra-assinados, nos autos da Reclamação Trabalhista
postulada por CAROLINE JULIANA SIQUEIRA, em face da vista que lhe foi concedida, vem, respeitosa e
tempestivamente, requerer a V.Exa. que se digne de autorizar a juntada das anexas CONTRARRAZÕES ao
Recurso Ordinário interposto, requerendo sejam as mesmas juntadas ao processo, para que produzam
todos os seus jurídicos efeitos, como de direito.
PROCESSO Nº 1000512-13.2017.5.02.0705
RECORRENTE: ATENTO BRASIL S/A
RECORRIDO: CAROLINE JULIANA SIQUEIRA
Egrégia Turma,
Ínclitos Julgadores,
O recurso ordinário interposto pela recorrente tem como objeto pontos específicos: o
pagamento dos honorários sucumbenciais.
Isto posto, em sede recursal, não deve sequer ser analisado o recurso ordinário e suas razões
além das matérias acima, sob pena de estar-se proferindo decisão extra petita bem como implicar em
ofensa direta aos artigos artigo 141 e 492, ambos do CPC.
PRELIMINARMENTE
DA TEMPESTIVIDADE
Próprio e tempestivo o apelo, tendo em vista que a intimação foi publicada no dia 13/04/2018
(sexta-feira). Iniciou-se a contagem do prazo para a interposição da presente Contrarrazão ao Recurso
Ordinário, no dia 16/04/2018 (segunda-feira), findando-se, pois, o octídio legal, em 25/04/2018 (quarta-
feira).
Nos termos do art. 1.010, II e III, do CPC, aplicado subsidiariamente a esta Especializada, é
pacifico que todo recurso deve ser fundamentado com as razões pertinentes para a apreciação e possível
reforma da decisão proferida pelo douto Juízo a quo.
No caso em tela, verifica-se serem as mesmas inexistentes, haja vista que tese recursal apenas
reproduziu as alegações iniciais, não atacando os fundamentos da decisão recorrida, tampouco
apresentando fundamentação com base nas provas e na sentença as razões de recorrer!
A falta de fundamentação do recurso implica em não conhecimento do mesmo, haja vista que
ausentes os seus requisitos, quais sejam, fundamentação e pretensões recursais. Desta forma, a ausência
de tais pressupostos, prejudica a apresentação pela Recorrida, das devidas contrarrazões,
impossibilitando sua ampla defesa e, até mesmo, o reexame da matéria pelo Tribunal. A matéria encontra-
se pacificada pelo TST pela edição da a Súmula 422 do TST:
Súmula nº 422 do TST
RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO
(redação alterada, com inserção dos itens I, II e III) - Res. 199/2015, DEJT
divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com errata publicado no DEJT divulgado
em 01.07.2015
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões
do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos
em que proferida.
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à
motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de
admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática.
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da
competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja
motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença.
Como no caso em tela, não se encontra fundamentação específica contrária aos fundamentos
que motivaram o convencimento do Magistrado de 1ª Instância, forçoso decretar o não conhecimento do
apelo interposto pela obreira, posto que não há, em qualquer parte do presente recurso, qualquer
fundamentação que ampare ou aponte qualquer contrariedade aos termos da r. sentença, o que impede
o seu conhecimento.
Assim, sob pena de afronta ao princípio da ampla defesa, do contraditório (art. 5º, LIV e LV da
CR/88), da legalidade (art., 5º, II da CF/88), e da fundamentação das decisões (art. 93, IX da CF/88), o
presente Recurso Ordinário não pode ser conhecido, haja vista que carece de argumento específico de
contrariedade à r. sentença, nos termos em que fora proferida.
Por certo, nesta especializada, não se admite impugnação genérica, ante o princípio da
dialeticidade. No mesmo sentido é a conclusão de CLITO FORNACIARI JÚNIOR:
Todavia, o silêncio do autor sobre o fato extintivo deduzido pelo réu implica o
mesmo efeito que se tem a partir do silêncio do réu acerca do fato constitutivo
do direito do autor. O fato torna-se incontroverso e não precisa ser provado. A
previsão de direito de manifestação ao autor sobre o fato novo, não fora para
lhe trazer efeito negativo diante do silêncio, seria inócua e até quebraria o
princípio da igualdade, isso porque, até esse instante, as partes falaram nos
autos igual número de vezes, de modo que a nova oportunidade conferida ao
autor não é de ser vista como uma simples homenagem, mas um ônus
processual, que carrega efeitos, se não for atendido. (26)
A pretensão recursal fere, o que preceitua os artigos 322 e 492 do CPC, pois, o julgador não está
obrigado a suprir omissões das partes, constantes da inicial e defesa. Ora Exa., a Recorrente não debate
as questões abarcadas na r. sentença, não cabendo qualquer reforma neste sentido, sob pena de
vulneração aos artigos 322, 141 e 492 do CPC e art. 5º, LIV e LV da CF.
Ad cautelam, os artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC, este aplicado subsidiariamente, assim
preceituam:
O ônus probatório é estabelecido para as partes, e, aquele que alega possuir um direito deve,
antes de mais nada, demonstrar a existência dos fatos em que tal direito se alicerça.
A palavra ônus, se origina do latim “ônus (carga, peso, obrigação), na significação técnico-
jurídica, entende-se todo encargo, dever, ou obrigação que pesa sobre uma coisa ou pessoa, em virtude
do que está obrigada a respeitá-los ou a cumpri-los”.
Ora e. Julgadores, o “ônus probandi”, é, pois, o encargo que têm os litigantes de provar, pelos
meios admissíveis, a veracidade dos fatos, conforme for a distribuição de tal imposição”.
Quando o legislador imputou ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito,
possibilitou que este estruturasse os fatos nos moldes da essência que visa demonstrar, fazendo, assim,
que a própria ligação direito-fato se constitua, nasça para o mundo jurídico.
Segundo Carnelutti, “O ônus de provar recai sobre quem tem o interesse em afirmar”.
Neste ponto, o ônus da prova competia a Autora, vez que não é possível imputar à Reclamada,
prova negativa. Ao contrário do que deseja fazer crer o Recorrente, não existem dúvidas que a finalidade
da prova é convencer o juiz da veracidade dos fatos; pode-se dizer então que ele é o destinatário da prova,
não se desincumbindo o mesmo do ônus que lhe foi imposto.
O que se verifica no caso em tela é que não foi o mesmo capaz de comprovar os fatos
constitutivos de seu direito, cujo ônus, conforme a distribuição prevista no art. 818 da CLT e at. 373, I, do
Código de Processo Civil, não se desincumbiu, se limitando a meras alegações desprovidas de elementos
de convicção.
Insta ainda ressaltar que, vigora no sistema processual brasileiro o Princípio do Livre
Convencimento Motivado, ou da Persuasão Racional, consubstanciados no art. 131, do CPC, de aplicação
subsidiária na esfera trabalhista, consoante o art. 769, da CLT, através do qual ao Julgador cabe valorar
livremente os elementos das partes, desde que suficientemente fundamentada a decisão, com ocorreu
na r. sentença recorrida.
Diante de todo exposto, deve ser mantida a r. sentença, haja vista que proferida de forma
coerente com as demais provas produzidas nos autos, e ainda por restar fundamentada nos arts. 131 e
436 do Código de Processo Civil.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Por tudo isso e por esses fundamentos, merece a r. sentença permanecer inalterada no tocante
a este pedido.
CONCLUSÃO
Nestes termos,
Pede deferimento,