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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ


CONSULTA DE PROCESSOS DO 1º GRAU
DADOS DO PROCESSO
Nº Processo: 0019907-52.2006.8.14.0301
Comarca: BELÉM
Instância: 1º GRAU
Vara: 7ª VARA CÍVEL E EMPRESARIAL DE BELÉM
Gabinete: GABINETE DA 7ª VARA CÍVEL E EMPRESARIAL DE BELÉM
Data da Distribuição: 27/09/2006

DADOS DO DOCUMENTO
Nº do Documento: 2020.01212955-51

CONTEÚDO
PROCESSO Nº 0019907-52.2006.814.0301
RECURSO ESPECIAL
RECORRENTE: MAMED WAGDY TORRES BALLOUT
RECORRIDA: CATARINA LUCIA GUIMARÃES

DECISÃO

Utilizando-me do juízo de retratação autorizado no §4º do art. 1.042 do Código de Processo Civil, revogo a decisão que não admitiu o
recurso especial (fls. 311-311v).
Isso porque a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no recurso especial nº 1813684/SP, modulou os efeitos do
entendimento acerca da impossibilidade de concessão de prazo para comprovação de feriado local que não tenha sido demonstrado
por meio de documento idôneo juntado no ato da interposição de recurso considerado intempestivo, a fim de que tal orientação seja
seguida apenas após a decisão proferida naquele recurso especial, a qual foi publicada em 18.11.2019.
Sendo assim, considerando que no agravo em recurso especial o recorrente apresentou comprovante de feriado local às fls. 321-322,
referente ao dia 20.06.2019, considero o recurso especial tempestivo e passo a realizar o juízo de admissibilidade.
Trata-se de recurso especial (fls. 297-306) interposto por MAMED WAGDY TORRES BALLOUT, com fundamento na alínea a do
inciso III do art. 105 da Constituição Federal, insurgindo-se contra acórdão que rejeitou embargos de declaração opostos contra
acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará, cuja ementa tem o seguinte teor:
APELAÇÕES CÍVEIS AÇÃO INDENIZATÓRIA RECURSO INTERPOSTO PELO APELANTE MAMED WAGDY TORRES BALLOUT
PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL REJEITADA AGRESSÃO
EXPERIMENTADA PELA APELADA RESTOU SOBEJAMENTE COMPROVADA, RAZÃO PELA QUAL RECHAÇADA A ALEGAÇÃO
FORMULADA PELO RECORRENTE DE QUE A SENTENÇA SE BASEOU APENAS DO DEPOIMENTO DO CÔNJUGE DA
RECORRIDA RESTA CARACTERIZADO O DANO MORAL, NÃO SÓ PELO VEXAME E SOFRIMENTO EXPERIMENTADO PELA
RECORRIDA, EM VIRTUDE DE TER SIDO AGREDIDA EM LOCAL PÚBLICO, COMO TAMBÉM PELA DOR FÍSICA DANOS
ESTÉTICOS, ESTÃO IGUALMENTE CONFIGURADOS, EIS QUE ALÉM DAS LESÕES E HEMATOMAS QUE FORAM
PROVOCADOS NO ROSTO DA APELADA, HOUVE IGUALMENTE A PERDA DE UM NA ARCADA SUPERIOR FRONTAL,
SEQUELA PERMANENTE IRRETOCÁVEL A SENTENÇA QUE CONDENOU O RECORRENTE AO PAGAMENTO DE R$
6.220,00, A TÍTULOS DE DANOS MORAIS E R$ 3.110,00, A TÍTULO DE DANOS ESTÉTICOS, EIS QUE DISTINTOS E
PERFEITAMENTE CUMULÁVEIS, CONFORME SÚMULA 387 DO STJ RECURSO INTERPOSTO POR CATARINA LÚCIA PEÇA
RECURSAL INSURGE-SE APENAS CONTRA O VALOR ARBITRADO PELA JUÍZA A QUO A TÍTULOS DE DANOS MORAIS,
MOTIVO PELA QUAL PUGNA PELA SUA MAJORAÇÃO ENTENDO QUE DEVE SER MANTIDO O QUANTUM FIXADO PELA
MAGISTRADA A QUO, PORQUANTO ATENTO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE RECURSO DA PARTE MAMED WAGDY
TORRES BALLOUT CONHECIDO E NÃO PROVIDO E RECURSO DA PARTE AUTORA CATARINA LÚCIA CONHECIDO E NÃO
PROVIDO, Á UNÂNIMIDADE (2014.04633029-07, 139.353, Rel. JOSE ROBERTO PINHEIRO MAIA BEZERRA JUNIOR, Órgão
Julgador 1ª TURMA DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 2014-10-20, Publicado em 2014-10-23).

Sustentou o recorrente violação aos arts. 489 e 1.022 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal não se manifestou em
relação aos argumentos apresentados no apelo da recorrente, deixando de apreciar os mesmo, os quais poderiam, de fato, infirmar a
conclusão adotada (fl. 301).
Também alegou a violação ao art. 405 do Código de Processo Civil de 1973, tendo em vista que a sentença ao decidir a lide, baseou-

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se única e exclusivamente em depoimento sem qualquer valor probante (fl. 304), no caso, no depoimento do companheiro da
recorrida.
Sem contrarrazões (fl. 310).
É o relatório. Decido.
Em relação ao argumento de violação dos artigos 489 e 1.022 do CPC, o recurso interposto está em desconformidade com o
enunciado 83 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça (não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação
do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida), haja vista que, na forma da jurisprudência do STJ, não se pode
confundir decisão contrária ao interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional (REsp
801.101/MG, REsp 1.672.822/SC, REsp 1.669.867/SC).
Quanto à alegada violação do art. 405 do CPC, sob o argumento de que a condenação se pautou unicamente no depoimento do
companheiro da recorrida, a Turma julgadora concluiu que Diferentemente do que sustentou o recorrente, a decisão da causa
encontrou arrimo não só no depoimento do sr. Haroldo Francisco Costa Dias, ouvido na condição de informante, como também no
auto de prisão em flagrante delito do recorrente e outras peças processuais oriundas de ação penal promovida, além de laudos
médicos e odontológicos da embargada (fl. 293), razão pela qual o recurso está em desconformidade com o enunciado 7 da Súmula
do Superior Tribunal de Justiça (A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial), haja vista que a sua análise
demanda a reapreciação do material fático-probatório.
Sendo assim, não admito o recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
Belém/PA, ___de _________________de 2020.

Desembargadora CÉLIA REGINA DE LIMA PINHEIRO


Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Pará

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