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1- O direito internacional pode ser considerado como um dos ramos jurídicos que mais teve
uma evolução nos últimos tempos. Segundo Mazzuoli, a evolução do Direito Internacional
Público,não é uma criação recente.
Na Antiguidade Clássica não existia um Direito Internacional propriamente dito, como o
concebemos hoje, mas apenas um Direito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas,
de língua comum, da mesma raça e com a mesma religião, como se dava com as anfictionias
gregas (que eram ligas pacíficas de caráter religioso, cuja finalidade era evitar as guerras e
julgar as infrações à santidade dos templos) e com as confederações etruscas.
Já na Idade Moderna tinha-se um problema que consistia em encontrar uma base comum a
todos os povos com independência da religião católica e do Império, princípios ambos que
acabavam com a sua força coagulante.Também surgem o Estado nacional e o de soberania
estatal, conceitos consolidados pela Paz de Vestfália em 1648. Já nesse ponto,os Estados
abandonaram o respeito a uma vaga de hierarquia internacional baseada na religião e não
reconheciam nenhum outro poder acima de si próprios.E a Europa nesse ponto, começou a
adotar uma organização política centrada na ideia de que a cada nação corresponderia um
Estado (Estado-nação).
Somente a partir do final do século XVI e início do século XVII que o Direito Internacional
Público aparece como ciência autônoma e sistematizada, principalmente a partir dos tratados
de Westfália (de cuja elaboração Hugo Grotius participou na qualidade de Embaixador do Rei
da Suécia), concluídos em 24 de outubro de 1648, que colocaram fim à sanguinária Guerra
dos Trinta Anos (1618-1648), conflito religioso entre católicos e protestantes que teve como
bloco vitorioso esse último, fortalecido pela França.
Os dois tratados de Westfália (Tratado de Münster, assinado por Estados católicos, e Tratado
de Osnabrück, assinado pelos protestantes envolvidos no litígio) demarca-se, até então, a
nova era do Direito Internacional Público, que, a partir daí, passaria a ser conhecido como
ramo autônomo do Direito moderno. Fato que pela primeira vez, se reconhece, no plano
internacional, o princípio da igualdade formal dos Estados europeus e a exclusão de qualquer
outro poder a eles superior. Então, mais do que colocar fim à Guerra dos Trinta Anos, os
tratados de Westfália criaram um “sistema pluralista e secular de uma sociedade de Estados
independentes, substituindo, desde então, a ordem providencial e hierarquizada da Idade
Média”. Muitos autores consideram que antes da Paz de Westfália não existia um Direito
Internacional propriamente dito, como se conhece nos dias atuais (não obstante já se
conhecer, desde o século XVI, a codificação das leis marítimas, a instalação de embaixadas, a
formação de exércitos permanentes, bem como as navegações e as conquistas).
Portanto, a Paz de Westfália pode ser considerada verdadeiro “divisor de águas” na história
do Direito Internacional Público, momento em que se desprenderam as regras fundamentais
que passaram a presidir as relações entre os Estados europeus, reconhecendo-se ao princípio
da igualdade absoluta dos Estados o caráter de regra internacional fundamental. Além disso,
esse fato histórico teve grande importância internacional por marcar o surgimento do que
hoje conhecemos por Estado moderno, que, a partir desse momento, passou a se tornar o
sujeito mais importante do Direito Internacional (é certo que com os temperamentos
introduzidos pelas normas mais modernas de limitação da autoridade estatal).
Não obstante a expressão Direito Internacional Público ser a mais empregada, tanto na
doutrina como na prática das relações internacionais, não se descarta chamá-lo de direito das
gentes (terminologia advinda do direito francês droit des gens). A justificativa para a
utilização da expressão “gentes” (na concepção, entre outros, de Georges Scelle) está em ser
o Direito Internacional Público não somente um direito vinculado a entes específicos, mas um
direito de todo o mundo, a englobar não somente Estados, mas também povos e pessoas.
6- A norma pacta sunt servanda foi definitivamente consagrada, em 1969, quando da adoção
da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que a positivou (inclusive com o
próprio nome de pacta sunt servanda) no seu art. 26, nos seguintes termos: “Todo tratado em
vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé”. Mas a mesma ideia já havia
sido anteriormente expressa, por exemplo, no Protocolo de 17 de janeiro de 1871, da
Conferência de Londres, no qual se declarou “que é princípio essencial do direito das gentes
que nenhuma potência possa livrar-se dos compromissos de um tratado, nem modificar as
estipulações, senão como resultado do assentimento das partes contratantes, por meio de
entendimento amigável”. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, ademais,
consagrou nos seus arts. 53 e 64 a noção de jus cogens como normas imperativas de Direito
Internacional geral, reconhecidas pela sociedade internacional no seu conjunto, em relação às
quais nenhuma derrogação, em regra, é permitida. Normas de Direito Internacional Geral são
normas, em princípio, costumeiras (nada impedindo que, posteriormente, venham ser
positivadas em tratados). São costumeiras pelo fato de ser praticamente impossível existir
norma internacional da qual sejam partes todos os Estados do mundo.
7- A frase não está correta pois a estrutura jurídica internacional ela é horizontal,porque não
há um governo central,e também ela não é hierárquica. A ONU não é um poder central
autônomo.
8- Segundo Mazzuoli: O jus cogens, por sua vez, representa uma categoria de normas
imperativas de Direito Internacional geral da qual nenhuma derrogação é possível, a não ser
por outra posterior da mesma natureza (sendo, por isso, mais amplo – até pelo fato de ser
hierarquicamente superior – que as obrigações erga omnes, como se verá). As normas de jus
cogens, buscam a preservação dos referidos “valores fundamentais” da sociedade
internacional.A emergência da noção de jus cogens, conforme explica Cassese, vem do final
dos anos 60, em decorrência da pressão dos países socialistas em via de desenvolvimento de
firmar a ideia de que algumas normas fundamentais, formadas pelo costume, deveriam estar
situadas em uma posição hierarquicamente superior às normas convencionais, tornando nulos
os tratados com elas contrastantes.
Dentre essas normas, tais países destacavam aquelas sobre a autodeterminação dos povos,
sobre a proibição da agressão, sobre a proibição do genocídio, da escravidão, da
discriminação racial e, em particular, da agressão racial (o apartheid).A doutrina, em geral,
cuida do jus cogens separadamente das fontes do Direito Internacional, o que não é correto.
No estudo das fontes do direito das gentes as normas de jus cogens deveriam vir destacadas
em primeiro lugar, antes do estudo dos tratados e do costume internacional. Isto se deve em
virtude de sua prevalência hierárquica sobre todas as outras fontes do Direito Internacional
Público. Apenas por questão metodológica (inclusive nós assim o fizemos) se poderia deixar
o seu estudo para um momento posterior, em seção apartada da que cuida das fontes
expressamente consagradas no art. 38 do ECIJ. O chamado jus cogens trata, pois, de outro
grupo de nulidades previsto pela Convenção de Viena de 1969, que regula o assunto em dois
pontos distintos (arts. 53 e 64).
Dizer que o jus cogens é “norma imperativa de Direito Internacional geral” não significa
dizer que os seus preceitos são somente obrigatórios, uma vez que mesmo aqueles derivados
do jus dispositivum também o são, mas quer significar que são insusceptíveis de derrogação
pela vontade das partes,portanto, o que diferencia a norma de jus cogens das demais normas
jurídicas é exatamente esse aspecto: a impossibilidade de derrogação pela vontade das partes.
Assim, a imperatividade das normas de jus cogens passa a encontrar o seu fundamento de
validade em sua inderrogabilidade.Por derrogação, entende-se a conclusão de um acordo
(tratado) afastando a aplicação da norma imperativa de Direito Internacional geral. Isto
significa que não se admite “acordo em contrário” em relação às normas de jus cogens, o que
é corolário lógico de sua imperatividade. Por fim, ainda segundo a Convenção de 1969,
trata-se de norma “que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional
geral da mesma natureza”; é dizer, somente uma norma de jus cogens posterior revoga outra
de jus cogens anterior, não havendo a possibilidade de norma sem esse status revogá-la por
qualquer meio.
9- Para Mazzuoli a forma como foi colocado na Convenção de Viena, o jus cogens passa a
estar na mais alta posição hierárquica da escala normativa. Em outros termos, ao dizer a
Convenção de 1969 deva prevalecer o jus cogens sobre os tratados tanto posteriores (art. 53)
como anteriores (art. 64), acabou por estabelecer uma regra imperativa que impossibilita a
utilização dos critérios da especialidade e cronológico de solução de antinomias nos conflitos
entre o jus cogens e quaisquer tratados, dando lugar apenas à solução hierárquica em favor
das normas de jus cogens. Dentro desse quadro, as normas de jus cogens passam a ser
universais e superiores a quaisquer tratados ou costumes internacionais, e superiores inclusive
ao próprio Direito Internacional Público, estando no ápice da hierarquia das normas da
sociedade internacional.
10- Não há exemplos de normas de jus cogens na Convenção de Viena, como se disse. O que
fez a Convenção foi reconhecer a “existência” do jus cogens, mas sem especificar o seu
conteúdo, sugerindo apenas que suas normas fossem análogas às de ordem pública em Direito
Internacional.Um exemplo reconhecido de "jus cogens" é a Declaração Universal dos
Direitos Humanos da ONU de 1948, que apesar de não ser uma norma formalmente cogente,
já que não é um tratado, possui obrigatoriedade material, uma vez que foi votada na
assembleia geral das nações unidas.
11- As fontes materiais não pertencem ao universo da Ciência do Direito propriamente, mas
sim à Política do Direito, porquanto – como leciona Miguel Reale – se referem ao exame do
conjunto de fatores sociológicos, econômicos, ecológicos, psicológicos e culturais, que
condiciona a decisão do poder no ato de edição e formalização das diversas fontes do
Direito.São as fontes que determinam a elaboração de certa norma jurídica, bem assim o seu
sentido ou alcance, fazendo prova da existência dessa norma. No plano do Direito interno
têm-se as necessidades sociais de elaboração de determinada regra de conduta, ao passo que,
no plano do Direito Internacional, têm-se as necessidades que decorrem das relações dos
Estados e das organizações internacionais de regulamentarem suas relações recíprocas.
Denominam-se formais pelo fato de indicarem as formas pelas quais o Direito (especialmente
o Direito positivo) pode desenvolver-se para atuar e se impor, disciplinando as relações
jurídicas. Emanam sempre de uma autoridade que subordina a vontade dos súditos às suas
deliberações ou seus comandos. Tais fontes podem ser primárias (substanciais ou de
produção), como a Constituição do Estado, e secundárias (formais ou de conhecimento),
como a lei (fonte formal ou de conhecimento imediata), os costumes e os princípios gerais de
direito (fontes formais ou de conhecimento mediatas).
Exemplo: Tratados,Princípios,Costumes,etc.
12- A Corte Internacional de Justiça não tem jurisdição para julgar indivíduos acusados de
crimes de guerra ou crimes contra a humanidade. Como não é um tribunal criminal, não tem
um procurador capaz de iniciar o processo.Esta tarefa é da competência dos tribunais
nacionais, os tribunais criminais estabelecidos pelas Nações Unidas e o Tribunal Penal
Internacional, instituído no âmbito do Estatuto de Roma. A 2ª Conferência da Paz de Haia
propôs a criação do que seria o primeiro tribunal internacional permanente, voltado para
decidir sobre a apreensão de navios, especialmente em tempos de guerra. Por falta de
ratificações, porém, a Corte Internacional de Presas Marítimas nunca chegou a se estabelecer.
13- O rol do art 38 fala que: são as fontes de direito internacional,os tratados, o costume
internacional, e os princípios gerais de direito, as decisões judiciais e a doutrina são meios
auxiliares, não constituindo fontes em sentido técnico.Todavia, os Tratados, ou qualquer
outra fonte, não pode ser analisada de forma isolada: todas elas estão interligadas,
sendo assim, todas são importantes para a regulação das várias relações estabelecidas
entre os atores internacionais. Os Tratados não são nada sem os Costumes, e estes são
embasados nos Princípios do Direito, e assim por diante. Não há ordem hierárquica entre as
fontes de direito internacional, ao contrário do que ocorre em diversos direitos nacionais.
Há, entretanto, que se ter como certo que o art. 38 do referido Estatuto jamais pretendeu ser
um rol taxativo das fontes do Direito Internacional Público, mas apenas um roteiro para a
própria Corte relativamente à aplicação do Direito Internacional num caso concreto.
14- Segundo o art. 38, § 1º, alínea b, do ECIJ, os costumes constituem-se numa “prática geral
aceita como sendo o direito”,é dizer que, o costume internacional resulta da prática geral e
consistente (para além de uniforme) dos atores da sociedade internacional em reconhecer
como válida e juridicamente exigível determinada obrigação.O costume resulta da prática
geral, consistente, contínua e uniforme dos Estados que reconhecem como válida e
juridicamente exigível determinada obrigação. Denominam-se, por isso, as regras
costumeiras geralmente aceitas entre os países de Direito Internacional universal.
15- Dois são os elementos necessários à formação do costume internacional, sem os quais
não se pode determinar e provar a sua existência: o material e o psicológico (também
chamados, respectivamente, de elementos objetivo e subjetivo).
Elemento material ou objetivo: A repetição generalizada, reiterada e uniforme de certos atos
praticados pelos sujeitos do Direito Internacional (exceto os particulares) ante a um quadro
fático é o elemento material do costume (inveterata consuetudo).Essa prática é sempre
adotada em virtude da multiplicação dos “precedentes” costumeiros seguidos pelos atores da
sociedade internacional. Por “precedentes” se entendem os casos aplicados pelos Estados ou
organizações internacionais, de forma reiterada e uniforme, quando da repetição de fatos
semelhantes. Exemplo: Caso de direito de passagem. Portugal vs India.
Elemento psicológico ou subjetivo: O elemento material, entretanto, não estaria apto para
formar a norma costumeira se a repetição de determinada prática fosse determinada apenas
por mero hábito, destituído de qualquer obrigatoriedade jurídica. Por esse motivo é que, para
a formação concreta do costume, além da prática geral é também necessária a convicção de
que aquilo que se pratica deve ser realmente (juridicamente) cumprido. Essa prática geral
deve ser “aceita como sendo o direito”. Assim, para que o costume sobreviva como tal, é
necessário que a prática reiterada de atos estatais ou organizacionais seja comandada pela
chamada opinio juris, que é o elemento psicológico, subjetivo ou espiritual da formação do
costume (opinio juris sive necessitatis).
17- O costume internacional particular é o que atinge apenas certo número de sujeitos,
podendo dizer respeito a um grupo determinado de Estados ou organizações internacionais
num contexto regional (costume internacional regional) ou apenas a dois únicos Estados ou
organizações internacionais (costume internacional local). Isto porque não são todos os
sujeitos do direito das gentes que participam (ou têm a possibilidade de participar) da
formação de um costume internacional, devendo então ser possível a particularização de sua
formação. Por exemplo: não são todos os Estados que dispõem de mar territorial, sendo ainda
em menor número aqueles que desempenham um papel ativo na formação do costume
relativo ao espaço extra atmosférico,o caso do asilo diplomático bem ilustra esse exemplo,
por ser prática eminentemente latino-americana, e que, sem embargo disso, tornou-se
costume entre os países da região.
E também o caso de direito de passagem que foi entre 21 e 22 de Julho de 1954, a Índia
impede a Portugal a passagem de Damão àqueles enclaves, por parte de súbditos portugueses
de origem européia, portugueses de origem indiana ao serviço do Governo de Portugal na
Índia e a uma delegação que o Governador de Damão se propôs a enviar a Dadra e a
Nagar-Aveli.
Seria, até mesmo, impossível atualmente lograr o aceite de todos os Estados para que
determinado costume internacional fosse consolidado, notadamente em razão de diferenças
(culturais, econômicas, sociais etc.) em tudo díspares entre eles, capazes de impossibilitar, de
facto, qualquer margem de aceite universal de determinada prática, além do mais, a teoria do
objetor persistente desaguaria na injustiça de não exigir dos velhos Estados o acatamento do
costume objetado persistentemente, ao mesmo tempo que obriga os novos Estados a respeitar
in totum esse mesmo costume, de cuja formação não participaram; nesse sentido, não seria
coerente “admitir que um Estado velho se subtraia à aplicação da norma consuetudinária
estabelecida com a sua oposição e sustentar sua obrigatoriedade para os novos Estados que,
precisamente por serem novos, não puderam participar de sua elaboração, nem opor-se a ela”
O que podem fazer os novos Estados (e somente eles) é, em casos excepcionais, exercer o
direito de escolha sobre o cumprimento de um costume já formado, quando este atenta contra
os seus ideais ou quando o costume não se encontra totalmente nítido (v. supra). Salvo tais
únicas exceções, o certo é que o costume já formado há de valer por igual para todos os
sujeitos do Direito Internacional Público, inclusive para aqueles que se opuseram ao seu
conteúdo ou que de sua formação não participaram com o seu próprio comportamento.
19- Nos termos do art. 38, § 1º, alínea b, do ECIJ, a parte que alega um costume geral tem
que provar que o mesmo é oponível à parte contrária, o que é certamente muito mais oneroso
que provar a existência de norma convencional em vigor, uma vez que esta última tem data
certa no calendário de quando foi celebrada e quando começou a vigorar, ao passo que a
existência e a validade daquele têm de ser auferidas levando-se em conta outras
circunstâncias, normalmente atos diplomáticos estatais,também não se pode entender
impossível a prova do costume. Os vários precedentes sobre determinado assunto, a troca de
correspondência diplomática, as declarações conjuntas, os atos unilaterais dos Estados (como
a sua legislação interna, os comunicados de imprensa etc.), as atividades diárias de milhares
de funcionários em departamentos governamentais, bem assim as decisões de tribunais
internacionais e as resoluções de organizações internacionais são sempre fortes indícios de
uma determinada opinio juris e também em atos estatais e a prova do costume no plano
internacional.
20- Para a solidificação do Costume Internacional, é necessário a sua repetição por lapso
temporal e espacial hábil a fazê-lo efetivo. Assim, a repetição da prática tem de ser uniforme
e continuada. Contudo, não há uma certeza de quantas vezes e até quando deve o ato ser
repetido, cabendo às Cortes Internacionais manifestarem-se sobre a questão.
Quantos sujeitos devem aceitar essas práticas: de igual forma à questão temporal, não há uma
certeza na questão espacial, ou seja, não há uma norma internacional que imponha o número
mínimo de sujeitos que devam aceitar as uniformes e contínuas práticas para que tais
consolida-se como um Costume Internacional. cabe também às Cortes Internacionais dizer
sobre o assunto, talvez reunindo as opiniões dos diversos países sobre a prática que se
pretende elevar a Costume Internacional, retirando-a, às vezes, de uma regionalização, para
uma universal internacionalização.
E também a equidade,que por sua vez, ocorre nos casos em que a norma jurídica não existe
ou nos casos em que ela existe, mas é ineficaz para solucionar coerentemente (com justiça e
razoabilidade) o caso concreto sub judice.
Decisões das organizações internacionais (OI): atos emanados das OI na sua condição de
sujeitos de direito internacional, na qualidade de pessoa jurídica, ou seja, seus atos precisam
ser internacionais, não meramente internos. Decisões unilaterais "externa coporis".
“Jus cogens”: é norma rígida, o oposto de "soft law". Estão previstas na Convenção de Viena
sobre Direito dos Tratados, de 1969, em seus arts. 53 e 64. São imperativas e inderrogáveis,
opondo-se ao "jus dispositivm". Ainda que não haja hierarquia entre as fontes até aqui
estudadas, há que se reconhecer que "jus cogens" é a exceção, estando acima de todas as
outras. Versam normalmente sobre matérias atinentes à proteção aos direitos humanos, como
a própria Declaração Universal de 1948.
“Soft law”: direito flexível ou direito plástico, oposto de "jus cogens". Para alguns, ainda é
cedo para considerá-lo fonte. Surgiu no século XX com o Direito Internacional do Meio
Ambiente. Prevem um programa de ação para os Estados relativamente à determinada
conduta em matéria ambiental ou econômica.
23- Entende-se por ato unilateral autônomo a manifestação de vontade pública e inequívoca
de um Estado, desvinculada de qualquer tratado ou costume internacional, formulada por
autoridade com competência para validamente engajar, com a intenção de produzir efeitos
jurídicos nas suas relações com outros Estados ou organizações internacionais, com o
conhecimento expresso destes ou destas,tais atos unilaterais são aqueles emanados de um
único sujeito de Direito Internacional, sem a participação (mas com o conhecimento) de outra
contraparte, com a finalidade de produção de efeitos jurídicos (às vezes erga omnes, às vezes
inter partes) capazes de criar direitos e obrigações no plano internacional.
24- São tais atos “uma clara intenção em aceitar obrigações vis-à-vis de outros Estados por
meio de uma declaração pública a qual não se traduz numa proposta contratual nem depende,
de outro modo, de compromissos recíprocos assumidos pelos Estados em causa”, para que os
efeitos jurídicos se produzem é necessário (como para qualquer outro ato jurídico)
demonstrar a imputabilidade do ato ao Estado, isto é, que o ato em causa é produto da
manifestação do Estado.
Assim, desde que autorizado pelo Direito Internacional, um ato unilateral deve ser analisado
sob a ótica dos direitos e obrigações que atingem outros Estados, bem como dos direitos e
deveres do Estado que o realiza. Mas, uma vez que, pelo princípio da igualdade soberana dos
Estados, não se permite que um Estado, unilateralmente, imponha obrigações a outro, só resta
então a possibilidade de um ato unilateral criar direitos para outros Estados, ficando o Estado
que o realizou com a obrigação jurídico-internacional de garanti-lo, mesmo no caso de o
Estado beneficiário dele não necessitar.
25- Entende-se por ato unilateral aquele manifestado por sujeito de direito internacional
público (estado ou organização internacional) que se apresenta suficiente para a produção de
efeitos jurídicos. Os atos unilaterais, apesar de sua particularidade, produzem efeitos "erga
omnes" (ou seja, para todos) entre aqueles componentes da Comunidade de Estados.
26- No caso dos Testes Nucleares a Austrália e Nova Zelândia iniciaram uma ação em
desfavor da França com o objetivo de interromper o programa francês de testes nucleares
atmosféricos no Pacífico Sul. Acontece que ainda no curso do processo, autoridades da
França fizeram uma série de declarações assumindo o compromisso de não mais realizar os
testes na atmosfera, mas apenas no subsolo. A Austrália não se contentou com as declarações
francesas e afirmou que nenhuma garantia efetiva foi dada pelo governo de Paris assegurando
que nenhum outro teste atmosférico seria realizado na região. A CIJ, ignorando as
preocupações da Austrália, concluiu que as declarações da França criaram uma obrigação
internacional a esse Estado, na qual ele se comprometeu a não mais realizar testes nucleares
na atmosfera do Pacífico Sul. A Corte afirmou, ao fim, que a reação australiana não aceitando
a declaração francesa não prejudica os seus efeitos jurídicos vinculantes face ao próprio
Estado francês.
O caso do templo de Preah Vihear, onde há uma batalha pela sua soberania entre a Tailândia e
o Camboja, é um caso rodeado de bastante burocracia.
Passados 50 anos, o Camboja utiliza o mapa em questão (entre outras observações) para
instituir uma demanda pela área do templo de Preah Vihear em seu favor. A corte considerou,
de forma unânime, que possuía competências para decidir a questão. No entanto, a Tailândia
refutou essas competências, afirmando que aceitou a jurisdição obrigatória da Corte
Permanente da Justiça Internacional até 1960 mas que a mesma se tinha dissolvido antes
dessa aceitação. Todavia, os juízes consideraram que a jurisdição ainda era válida pois
estariam a exercer as mesmas funções que a Corte Permanente da Justiça Internacional
exercia. A partir destes dois pontos e, considerando que a Tailândia tinha usufruído dos
benefícios conferidos pelo tratado que colocaria Preah Vihear em território do Camboja, a
corte concluiu que a Tailândia aceitou o mapa e sentiu-se obrigada a pronunciar em favor
deste, concedendo ao Camboja a soberania sobre o templo de Preah Vihear, obrigando à
Tailândia a retirar as suas forças da zona em questão.
27- Os atos auto normativos criam obrigações apenas aos próprios Estados que emitiram o
ato. E os atos heteronormativos atribuem direitos e prerrogativas a outros sujeitos do DIP.
28- A doutrina, neste caso, Mazzuoli, conclui que Princípios Gerais de Direito, como
expressão, é diferente de Princípio Gerais do Direito.Neste sentido, no primeiro caso os
autores do Estatuto da Corte, estabeleceram a possibilidade como fontes os Princípios Gerais
que pontuam tanto no Common Law e também no Civil law. Logo, teríamos, como
Princípios, a serem utilizados no D.I.P: "A coisa julgada", o "Ne Bis IN IDEM”,o de que
"Aquele que causa prejuízo a terceiro deve indenizar",pacta sunt servanda, "Boa Fé",entre
outros.
29- A doutrina ao contrário do que sustentam alguns autores não é fonte do Direito, não se
vislumbra na doutrina qualquer carga de normatividade capaz de obrigar os Estados ao
cumprimento daquilo que ela estabelece, ainda que seja inegável que a opinião de certos
jurisconsultos é tão respeitável que passa a ser capaz de mudar os rumos de um julgamento
internacional. Mas apesar de não ser tecnicamente fonte do Direito Internacional, é certo que
a doutrina tem o mérito “de ser o repositório dos costumes jurídicos internacionais, e de
apresentar o corpo do direito internacional em sua forma contemporânea”
A jurisprudência, na verdade, não é fonte do direito porque ela não cria o direito, mas sim o
interpreta mediante a reiteração de decisões no mesmo sentido. Sendo ela uma sequência de
julgamentos no mesmo sentido, nada mais é do que a afirmação de um direito preexistente,
ou seja, sua expressão. A leitura desavisada do art. 38, § 1º, alínea d, do Estatuto da Corte,
pode levar à falsa impressão de que as “decisões judiciárias” ali referidas seriam as proferidas
em foro doméstico. De fato, a norma diz serem aplicáveis pela Corte, como método auxiliar
para a determinação das regras de direito, “as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas
mais qualificados das diferentes nações…”. Assim, a junção da expressão derradeira (“das
diferentes nações”) à expressão anterior (“decisões judiciárias”) poderia levar a crer tratar-se
de jurisprudência nacional a estabelecida pelo art. 38 do ECIJ. Essa leitura do texto é
equivocada. A expressão “das diferentes nações” usada no texto diz respeito apenas à
“doutrina dos juristas mais qualificados”. Seria até mesmo absurdo entender que apenas a
jurisprudência interna deveria ser utilizada por um tribunal da magnitude da CIJ. Assim, ao
contrário do que pode sugerir a leitura fugaz do Estatuto, as “decisões judiciárias” ali
referidas não são, de forma alguma, as proferidas pelos tribunais internos de determinado
Estado. 104 Por “decisões judiciárias” deve ser entendida a jurisprudência internacional, que
é o conjunto de decisões dos tribunais internacionais sobre determinado assunto e no mesmo
sentido, incluindo-se aí as sentenças proferidas pelos tribunais internacionais permanentes ou
até mesmo ad hoc (destas últimas são exemplo as proferidas pelas cortes penais
internacionais para a ex-Iugoslávia e Ruanda), bem como as provenientes das cortes arbitrais
internacionais desde longa data (muito antes, aliás, de começarem a aparecer no plano
internacional os primeiros tribunais de caráter permanente) e, ainda, as provindas dos
tribunais de determinadas organizações internacionais.
31- A equidade, por sua vez, ocorre nos casos em que a norma jurídica não existe ou nos
casos em que ela existe, mas é ineficaz para solucionar coerentemente (com justiça e
razoabilidade) o caso concreto sub judice. 118 Trata-se de decidir com base em outras regras
ou princípios que supram a falta de previsão legal existente, ou que preencham a norma
jurídica obsoleta ou ineficaz. Assim, a equidade nada mais é do que a aplicação a um caso
concreto das ideias e princípios de justiça, a fim de preencher as lacunas das normas vigentes.
Daí ser também chamada de justiça do caso concreto, uma vez que resolve o caso por meio
da aplicação de critérios criados pelo próprio aplicador “num ajustamento da pauta de decisão
às características de cada situação em análise”. Contudo, não é propriamente a equidade que
vai preencher a falta de previsão legal num determinado caso concreto, pois ela é método e
não a norma substantiva propriamente dita. Daí não se poder tê-la como fonte formal do
Direito Internacional Público, senão como forma de aplicação desse Direito pelas cortes e
instâncias internacionais.
Mas o art. 38, § 2º, do ECIJ é claro em dizer que a aplicação da equidade em julgamento
internacional depende da expressa anuência das partes envolvidas, quando acrescenta que “a
presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et
bono, se as partes com isto concordarem”. Portanto, a Corte não pode decidir puramente por
equidade, a seu alvedrio e a seu talante, se assim não consentirem as partes litigantes, quer
esteja diante de flagrante impropriedade, quer de insuficiência das normas jurídicas aplicáveis
ao caso. Mas, caso as partes expressem o seu desejo de ver resolvido o caso pela aplicação da
regra ex aequo et bono, a conclusão é a de que a Corte está impedida de julgar com fulcro no
direito formal. Não seria razoável que as partes escolhessem a forma de aplicação da justiça
ao seu caso concreto (como autorizadas pelo próprio ECIJ) e a Corte se afastasse desse
comando.
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