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Inês Godinho 2019/2020
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suas relações1. Suarez esclarece toda a confusão da época em relação ao ius gentium,
ao distinguir o ius intra gentes (resume-se ao ius civille) e o ius intergentes (Direito
distinto do civil que todos os povos devem observar entre si). Francisco de Vitória
esclarece que face ao direito internacional, devido à sua autoridade própria, a vontade
de um estado não poderia prevalecer contra.
O direito internacional vai ser decomposto por Grócio em dois ramos: O Direito
Internacional Público da guerra e do Direito Internacional Público da paz. Esta divisão
mantém-se apenas até ao fim da 1º guerra Mundial, pois esta abala a crença na
soberania indivisível dos estados (base desta divisão) e leva à absorção por parte do
Direito Internacional de matérias económicas e sociais. As matérias de paz e guerra são
assim deixadas em 2º lugar face a matérias como a cooperação, desenvolvimento e
segurança.
Paz de Vestfália: Engloba uma série de tratados que acabaram com diversas guerras
desse período (Ex: Guerra dos 30 anos (Guerras nas Nações Europeias) e Guerra dos 80
anos (Países Baixos face à Espanha)) e levaram ao surgimento de diversos novos estados.
O âmbito de atuação do Papado é ainda limitado. Com estes acontecimentos surge o
conceito de Estado, caracterizado pela existência de um território, um poder soberano
e um povo que se vincula a esse através da cidadania.
Surgem as Escolas Positivistas de Direito Internacional Público.
2º. Período de Afirmação e Desenvolvimento: Após as Revoluções Liberais até à
atualidade.
→Primeira Fase: Após as Revoluções Liberais e do começo da Idade Moderna,
surge a ideia de que o Direito Internacional deveria ser independente do que era o
direito que regia as relações e casamentos entre casas reais, pois até essa altura
confundiam-se.
“Teoria ……. Iuris”: Defende que a delimitação territorial de cada colónia (recém-
independente)2 deverá ser de acordo com as suas fronteiras.
“Comunidade das Nações Civilizadas”: Da qual faziam parte os Estados Europeus,
Americanos, a Pérsia, China e Japão.
Sendo esta época um período de grandes conflitos, havia a ideia de que a guerra era
uma extensão do poder político, o que se mantém até à Primeira Guerra Mundial.
Nascem pela primeira vez organizações Internacionais: Cria-se a Comissão da Gestão
dos Rios Internacionais e também a União Postal Internacional.
→Segunda fase: Cria-se a Sociedade das Nações face às sequelas da Primeira
Guerra Mundial, a qual, apesar de não conseguir os seus objetivos por falta de consenso
interno e a existência do poder de veto pelos mais poderosos, promove a criação de
1 Já não há a ideia romana de que o direito das gentes era direito romano, isto é, interno, mas que o seu conteúdo
vinculava por ser comum às leis internas de vários estados.
2 Devido à quantidade de colónias que neste período se tornam independentes.
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3 Antes estávamos presentes uma sociedade Bipolar Imperfeita, pois apesar de haver 2 blocos principais (EUA e URSS),
havia ainda os países denominados de “não alinhados”, sendo que era sempre percetível uma aproximação a um dos
blocos.
4 O Tribunal Permanente de Justiça Internacional já antes (1927) afirma que o direito internacional é o conjunto de
princípios em vigor entre nações independentes. Determinava-se que havia outros sujeitos internacionais sem serem
os estados, mas o seu impacto reduzido sobre a vida internacional poderá explicar a alusão inicial apenas a estados.
5 A única definição que evita este é a de Silva da Cunha “conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre
todos os componentes da sociedade internacional, ainda que seja possível criticar a pouca técnica jurídica desta
definição.
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natureza. Este critério teve uma reduzida aceitação doutrinal e judicial6. Apesar
de haver matéria exclusiva do estado interno, não nos permite delimitar o que é
de direito internacional, pois a matéria reservada ao estado não é a única que
este pode regular. A dificuldade deste critério consiste no facto de do Direito
Internacional em princípio poder regular toda e qualquer matéria.
3. Critério da forma de produção da norma internacional (posição Guilherme
Pereira): Defende que uma questão se torna internacional quando uma norma
internacional a ela se refere (ao contrário do critério do objeto). O Direito
Internacional é, então, o conjunto de normas jurídicas criadas pelos processos
de produção jurídica próprios da Comunidade Internacional, e que transcendem
o âmbito estadual. Consciente da possibilidade de ser acusada a definição de
seguir um círculo vicioso por aludir, para definir o direito internacional, os
processos de formação das normas que são definidas também por este, defende-
se considerando que sendo uma definição formal se assenta num elemento
extrajurídico: Comunidade Internacional. Assim, é direito internacional o que
surge (o seu processo de formação e modificação) fora do âmbito do Estado, isto
é, o que surge na Comunidade Internacional.
“Sociedade”7 é o conjunto de sujeitos, por norma, com interesses distintos (mesmo que
tenham interesses comuns, os distintos sobrepõe-se) que acordam entre si formas de
regular as suas relações/conflitos. Acabam quase sempre por ter elementos comuns,
como o desejo da paz e resolução de conflitos. Ideia de que a sociedade é um resultado
artificial da vontade dos indivíduos que se associam para a prossecução de um dado
objetivo. A Comunidade Internacional anterior à 2º guerra enquadrava-se
perfeitamente numa sociedade, visto que apesar de haver interesses comuns entre os
estados, o individualismo internacional gerava conflitos e era um fator desagregador
com força superior aos interesses comuns. Para haver uma comunidade, os vários
estados criariam relações de subordinação e responderiam perante um poder político
superior que se impunha. O que não acontece, pois, as Organizações Internacionais não
são por norma obrigatórias aos Estados e é a própria constituição dos Estados que prevê
a vigência do Direito Internacional no âmbito interno.
“Comunidade” é o conjunto de sujeitos que partilham um conjunto de valores,
estreitando vínculos de cooperação (Ex. União Europeia). Ideia de que a comunidade é
um produto espontâneo da vida social. Atualmente, a comunidade internacional tem-se
vindo a enquadrar neste conceito, pois a solidariedade entre os Estados tem vindo a
sobrepor-se ao individualismo dos Estados e a soberania dos estados tem vindo a ser
limitada por um conjunto de regras internacionais (Ex. Regras de Direitos do Homem).
A União Europeia é um exemplo claro da vigência atual de uma Comunidade a nível
europeu, onde a soberania dos estados está limitada e estes respondem perante esta
6 O tribunal Permanente de Justiça Internacional em diversos acórdãos afirma a dificuldade de separar o que é a
matéria de competência interna de um estado e a matéria de competência internacional.
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Marcello Caetano: “na comunidade os membros estão unidos apesar de tudo quanto os separa; na sociedade
permanecem separados apesar de tudo o que fazem para se unir”.
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8 A opção de utilizar a expressão “Comunidade Internacional” surge da sedimentação desta expressão na doutrina e
do facto de se percorrer a largos passos para a instauração de uma verdadeira Comunidade Internacional.
9 O Blanco Morais concorda com a visão da existência de relações de força.
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10 Atualmente, esta ideia de Estado praticamente desapareceu. E se considerarmos que o Estado pode ser vinculado
por normas que o transcendem não existem obstáculos à aceitação do Direito Internacional como um real direito.
11GP- Se considerarmos certas áreas da Comunidade Internacional, conseguimos observar que existe um legislador
das partes, muitas convenções já têm jurisdição obrigatória e nas Comunidades Europeias a jurisdição é sempre
obrigatória.
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GP- No domínio do Direito Internacional, a regra geral é a existência de sanções. Nas relações de
reciprocidade, a reciprocidade do não cumprimento funciona como uma sanção. As próprias relações de
cooperação podem levar à existência de sanção, apesar de depender do grau de coordenação.
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Estados? Existe uma ordem jurídica internacional menos elaborada que num Estado e é
claro também que a Comunidade Internacional tem uma menor organização
(característica essencial para o ordenamento) e por isso, existem sempre mais
dificuldades em aplicar as sanções que no Direito Interno.
O Fundamento do Direito Internacional baseia-se na tentativa de saber porque o Direito
Internacional existir e também o porquê da sua vinculação. As posições doutrinais
dividem-se essencialmente em 2 grupos de ideias, conforme acreditam ou não na
vontade do Estado como fundamento do Direito Internacional- voluntaristas e anti
voluntaristas, respetivamente.
A. Tese Voluntarista: Considera que a obrigatoriedade do Direito Internacional se funda
na vontade do Estado singular ou na “vontade comum” dos Estados. Esta tese está
intimamente ligada à conceção de estado e soberania de Hegel, e, portanto, é difícil
configurar a existência de uma ordem jurídica superior ao estado. Assim, o Direito
Internacional existe enquanto expressão da vontade do estado nos acordos desse com
outros estados. Partindo desta conceção essencial surgiram diversas outras teorias14:
a. Teoria do “Direito Estadual Externo”: considera que o direito internacional, só
o é e só obriga, na medida em que é recebido pelo direito interno. Este é uma mera
projeção externa do direito interno, podendo este desvincular-se quando quisesse.
b. Teoria da “autolimitação” do Estado: Considera que o Direito Internacional só
vincula na medida em que o Estado se autovincula a este dentro da sua vontade. Assim,
quando não pretender estar mais vinculado poderá desvincular-se.
c. Teoria da Vereinbarung (acordo coletivo): Advém de uma corrente que tenta
extrair o fundamento do direito internacional da vontade comum ou coletiva dos vários
estados. A obrigatoriedade deste direito advinha dos tratados realizados por vários
estados, cujos prosseguem interesses comuns e vontades com o mesmo conteúdo,
obrigando-se da mesma forma. Esta doutrina, como as anteriores, falha por negar o
direito internacional como direito, pois da mesma maneira que um estado ou estados
se vinculam podem desvincular-se. Por outro lado, o acordo de vontades não obriga se
não tiver uma norma que lhe confira poder vinculatório.
B. Teses Anti Voluntaristas:
a. Tese Normativista (fundamento lógico): Para começar defende que a
obrigatoriedade de uma norma não se deve à vontade, mas à conformidade com uma
norma superior, e, portanto, as normas de Direito Internacional recebiam a sua
obrigatoriedade da sua norma superior, de acordo com a “teoria da pirâmide do
direito”.
14 Estas teorias ignoram a vinculação e importância do costume e dos princípios gerais de direito no Direito
Internacional. O avançar dos tempos vale por si só contra esta doutrina, pois hoje é difícil aceitar a tese de soberania
indivisível e absoluta do estado e na recusa da hetero-limitação do estado.
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15GP considera ser a teoria que menos imperfeições apresenta. Consiste na defesa de que o Direito Natural só pode
ser apreendido pela revelação e que o Direito Internacional se funda em princípios suprapositivos, como: os
compromissos celebrados têm de ser cumpridos; obrigação de reparar todo o prejuízo que injustamente se causou;
respeito pela autoridade. Os princípios foram aumentando.
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fica na mesma vinculado às convenções que ratificou e ainda o artigo 27º da CV. Assim,
a validade do Direito Internacional não depende da validade do Direito Interno.
Tese Monista com Primado Do Direito Internacional: Hoje é a tese mais preponderante
e com menos inconvenientes, considerando que a ordem jurídica interna cede em caso
de conflito perante a ordem internacional. A ordem Internacional traça os limites da
competência da ordem interna, não podendo o legislador criar normas contrárias ao
Direito Internacional. Esta tese pode ser radical (norma interna contrária é nula) ou
moderada (que reconhece mais liberdade de ação mais ampla ao legislador nacional).
Tese Monista de Equiparação: O Direito Interno e o Direito Interno têm a mesma
hierarquia e, por isso, a lei posterior revoga a lei anterior
Há sistemas que são predominantemente monistas ou dualistas, mas que mantêm
sempre características mistas.
➔ Misto de pendor dualista: sistema alemão e italiano no costume- não necessita
de transformação, sendo que, por outro lado, nas convenções precisam de
transformação. O Direito europeu: as diretivas terão de ser transformados em
lei, mas os regulamentos aplicam-se diretamente na ordem interna.
➔ Misto de pendor monista- França: O costume aplica-se diretamente na ordem
interna, os tratados solenes carecem de ser convertidos através de ato interno
e os demais tratados (comuns) são aplicáveis diretamente na ordem interna.
➔ Monistas: EUA, UK
➔ PT- É monista (art.8.º CRP): O costume tem uma receção automática- costume
internacional geral. E os costumes locais e regionais na ordem interna- como se
aplica? A lacuna resolve-se através de analogia, isto é, aplica-se de forma
automática (CBM). O professor André Eduardo Pereira adere à conceção
monista com primado do Direito Internacional: este primado do direito
internacional traduz exatamente o substrato do Direito Internacional.
Relevância do Direito Internacional na Ordem Interna à sombra da CRP de 1976
Art.8.º
Direito internacional
1. As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte
integrante do direito português.
2. As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto
vincularem internacionalmente o Estado Português.
3. As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que
Portugal seja parte vigoram diretamente na ordem interna, desde que tal se encontre
estabelecido nos respetivos tratados constitutivos.
4. As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das
suas instituições, no exercício das respetivas competências, são aplicáveis na ordem
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interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos princípios
fundamentais do Estado de direito democrático.
O artigo 8º/1 da Constituição expressa uma cláusula geral de receção plena
(entendimento geral da doutrina). Importa no entanto perceber o que se entende por
“normas e princípios do Direito Internacional geral ou comum”: será o Direito
Constitucional Internacional, isto é, o conjunto e normas e princípios básicos do Direito
Internacional de aceitação generalizada pela Comunidade Internacional (o que esta
expressão embarca é recorrentemente considerado pela doutrina como parte do ius
cogens, o que explica a sua necessidade de receção automática na ordem interna). Será
que os costumes bilaterais ou regionais também são abarcados por este número?
Considerando que o legislador não optou por uma norma interna expressa, entende-se
que quis atribuir ao costume particular uma receção automática plena na ordem interna
(à luz do monismo com primado do Direito Internacional).
O artigo 8º/2 apresenta uma cláusula geral de receção plena do Direito Internacional
Convencional (que o número 1 não abrange), ainda que esta fique sujeita à publicação
oficial das convenções e à regularidade do processo de vinculação de Portugal (À luz da
constituição a assinatura do PR é condição para haver existência do ato em questão, por
isso, não tem efeitos jurídicos se não houver assinatura do PR. Assim, carecem de
assinatura do PR e caso essa não exista são inexistentes). Por outro lado, só vigoram na
ordem interna, a partir do momento e enquanto vincularem Portugal16, não podendo
haver para isso um recesso ou uma declaração de inconstitucionalidade do TC.
O artigo 8º/3 apresenta um sistema de aplicabilidade direta, imediata e automática, sem
necessidade de interposição de qualquer ato legislativo, regulamentar ou administrativo da
parte do Estado Português para que as normas e atos emanados pela UE (Direito Comunitário
Derivado) vigorem na ordem interna. Artigo 8º/3: Qual direito da UE? Só tratados (com
base no artigo 7º e ainda na visão do Tribunal Alemão) ou também a jurisprudências dos
tribunais da UE?
O artigo 8º/4 apresenta que o direito da UE vigora na ordem interna “nos termos
definidos pelo direito da União”, isto é, de acordo com as convenções às quais Portugal
se vinculou, ainda que tenha sempre que se respeitar os princípios do Estado de Direito
Democrático. Com o aparecimento deste número do artigo, o número 3 assume um
caráter subsidiário.
Hierarquia do Direito Internacional na Ordem Interna Portuguesa
O Direito Internacional Geral ou Comum prevalece sobre o Direito Interno?
A doutrina divide-se neste aspeto:
1. Uma parte considera que este Direito prevalece sobre a Constituição e a lei:
a. Professor Jorge Miranda: A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem
um valor constitucional, pois a Constituição considera que as matérias
relativas a direitos, liberdades e garantias devem ser interpretadas à luz da
DUDH (Artigo 16º/2). Por outro lado, as normas de ius cogens apresentadas
no artigo 7º/1, impõem-se à Constituição devido à sua própria natureza,
16 Mesmo que vigorem na ordem internacional, deixam de vigorar na ordem interna se Portugal se desvincular delas.
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são as disposições que constam no artigo sobre as normas do direito privado europeu,
que estabelecem a mecânica da eficácia das normas (288º do Tratado de Lisboa). Como
nada é dito, entende-se que nenhuma lei de direito europeu prevalece sobre o direito
das Constituições dos estados. Suporta esta visão os seguintes factos: O tribunal
constitucional intervém sempre e tem a última palavra sobre uma violação da
constituição por uma norma de direito internacional (este problema nunca se colocou).
A constituição pode fiscalizar as convenções (277º, 278º, 279º) e, portanto, estas
subordinam-se a esta.
Poderá haver outra leitura: poderá prevalecer sobre a Constituição, mas não sobre os
princípios fundamentais do Estado Democrático Português (288º CRP- Limites Materiais
à Revisão Constitucional).
Artigo 288º17 do Tratado de Lisboa:
Diretivas da União Europeia: são normas jurídicas não muito detalhadas para que os
estados possam ter a possibilidade de normativamente completar essa norma com
meios de atingir o objetivo → Obriga sempre à transposição das normas para a ordem
interna. Até ao tratado de Amsterdão, havia muitas diretivas muito detalhadas que
apresentavam obrigações ou concediam direitos, sendo designadas Diretivas
Regulamentares. Determinavam que fim o tempo de transpor e o estado não transpôs
a diretiva, esta podia ser invocada em tribunal se tivesse disposições, pois os estados
demoravam muito tempo a transpor as diretivas exequíveis por si próprias (Ex. Decisão
do Tribunal da Relação do Porto). Os franceses consideravam que se estava presente
um abuso, porque os tratados exigem a transposição para o direito interno das diretivas
para produzir efeitos e para mais tarde poderem exercer a sua hierarquia. Hoje estas
diretivas são muito raras.
Decisões podem ou não caráter materialmente normativo: Pode dizer-se que por ter
uma individualidade dos destinatários, não são normas. Mas depende do conteúdo de
cada decisão. Aplicam-se imediatamente e têm efeito direto vertical.
Fontes de Direito Internacional Público:
→Tratados (fonte exclusiva de DIP);
17 ARTIGO 288.º Para exercerem as competências da União, as instituições adotam regulamentos, diretivas, decisões,
recomendações e pareceres. O regulamento tem carácter geral. É obrigatório em todos os seus elementos e
diretamente aplicável em todos os Estados-Membros. A diretiva vincula o Estado-Membro destinatário quanto ao
resultado a alcançar, deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios. A
decisão é obrigatória em todos os seus elementos. Quando designa destinatários, só é obrigatória para estes. As
recomendações e os pareceres não são vinculativos.
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18 Artigo 38º/ 1.
O Tribunal (*), cuja função é decidir em conformidade com o direito internacional as controvérsias que lhe forem
submetidas, aplicará:
a. As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas
pelos Estados litigantes; b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceite como direito; c. Os
princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d. Com ressalva das disposições do artigo 59, as
decisões judiciais e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a
determinação das regras de direito.
Artigo38º/2.
A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal (*) de decidir uma questão ex aequo et bono, se as
partes assim convierem
19 GP: Um tratado é um acordo de vontades, em forma escrita (os tratados de forma verbal não perdem a validade,
apenas não são implicados nas regras da Convenção- O direito Internacional não fere de invalidade os tratados
verbais), entre sujeitos de direito internacional, agindo nesta qualidade (não estão assim incluídos os acordos que os
estados celebram agindo enquanto pessoas coletivas de direito), de que resulta a produção de efeitos jurídicos.
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20 Os tratados que puseram fim às guerras mundiais foram bilaterais, isto é, havia apenas 2 partes: os vencedores e
os vencidos.
21 O que levou ao seu incremento como forma de evitar o processo demoroso da ratificação e também como forma
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23 A menos que seja uma conferência internacional, caso em que apenas é preciso o acordo de 2/3 dos Estados
presentes e votantes, salvo se definirem outra regra de votação.
24 Se o tratado for de uma matéria muito especifica, em vez de ser o plenipotenciário/ um diplomata a dirigir as
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26GP- Crê que o Presidente não pode utilizar o veto político quanto aos tratados, pois o veto só existe para os
documentos que necessitem de promulgação.
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“convenções”: todos os tratados;
“tratados”: tratados solenes;
“acordos internacionais”: acordos de forma simplificada.
28 O Estado não participou na negociação e exprime o seu consentimento quanto ao texto da convenção e vincula-se
à mesma. Assim, neste sentido “adesão” engloba a assinatura e ratificação. Só é possível quanto a tratados abertos
ou semi-abertos, e por outro lado, depende da vontade das partes originárias do tratado, ou mesmo dos que já
aderiram, a possibilidade de um Estado aderir. A adesão a tratados institutivos de Organizações Internacionais está
sujeita a um regime especial. Quando a adesão impõe uma vasta e pormenorizada negociação, a declaração unilateral
do Estado para aderir pode ser objeto de uma convenção, entre o estado aderente e as partes originais- Tratado de
Adesão (Ex. Tratado de Adesão de Portugal e Espanha à CEE).
29 O estado, ou tendo participado na negociação não o quis assinar no momento de adoção do texto e muda de ideias
decidindo vincular-se, ou não participa nas negociações e assina o tratado no período em que fica aberto à assinatura
de estados que não participaram na negociação.
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lhe basta aderir, tem de cumprir as exigências prévias que são exigidas (aprovadas pela
AR e ratificada pelo PR).
Depositário: Os estados não trocam as suas ratificações, depositam-nas junto da
entidade30 escolhida para o efeito. O depositário, segundo os artigos 77º e 78º, é quem
detém a guarda da convenção, guardando os originais e distribuindo cópias nas várias
línguas, receber as assinaturas e adesões e ainda proceder ao registo.
Qualquer convenção deve ser registada nas nações unidas, sob pena de não produzir
efeitos no quadro das nações unidas. Para os estados membros das Nações Unidas é um
dever, para os restantes é apenas uma forma dos tratados poderem ser invocados
perante órgãos das Nações Unidas.
Reservas: Não faz sentido nas convenções bilaterais (a reserva formulada por um estado
equivale ou à recusa ou à formulação de um novo texto), pois é nas convenções
multilaterais que se envolvem vários estados, o que pode levar a dificuldade de
conciliarem interesses, e assim, permite-se a formulação de reservas: ato jurídico
unilateral que tem características heteronomartivas e é não autónomo porque depende
da regulação na CV, isto é, um Estado no momento da vinculação à convenção declara
que é de sua vontade eximir-se de certas obrigações resultantes da convenção ou
esclarecer o entendimento que dá a todas ou a certas obrigações. A regra é a aceitação
de reservas em tratados, e apesar de ser aceite durante um bom período, a aceitação
unanime dos estados pertencentes ao tratado da reserva não é condição da sua
validade. A Convenção de Viena nos seus artigos 19º a 23º apresenta uma solução
acerca das condições de validade das reservas, rejeitando a praticabilidade da regra da
unanimidade, e expondo disposições supletivas que valiam no silêncio do tratado. Na
CV são distinguidos 3 tipos de tratados:
a. Nos tratados com número restrito de estados e no quais é uma condição
essencial para o consentimento dos Estados em vincularem-se a aplicação na
íntegra de todas as partes valia o critério de unanimidade (20º/2).
b. Nos tratados com um grande número de estados só são admissíveis reservas se
forem compatíveis com os fins do tratado, sendo essa compatibilidade avaliada
pelos outros estados do tratado. Considera-se que os estados aceitam a reserva
se não se opuserem expressamente a ela no prazo de 12 meses após a
notificação. A convenção modificada vai valer entre os estados que não se
opõem e o estado que formula a reserva, mas não vale entre os estados que se
opuseram, com a intenção de não ficarem a ela vinculados, e o estado que
formula a reserva;
c. Nos tratados que instituem Organizações Internacionais são os órgãos da
Organização que decidem sobre a admissibilidade das reservas.
30 Se for uma convenção sob a égide de uma Organização Internacional, o depositário é geralmente o Secretário-Geral
respetivo. Se não for, a prática é no sentido de escolher como depositário o Governo do estado em cujo território se
realizou a conferência de onde surge o tratado.
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A reserva poderá advir de uma parte determinar que um certo artigo não se aplica na
ordem jurídica do seu estado; ou que a norma se aplica, mas apenas em parte; ou que
a norma é transformada, modificando-se o sentido da norma de forma a ajustá-la ao
interesse do estado, tendo a reserva de apresentar esse sentido alterado.
Figuras afins de reservas: Declarações interpretativas (determina o sentido de uma certa
norma, e deve ser tratada como uma reserva se o estado acrescentar que a aceitação
da interpretação por parte dos outros estados é condição da sua vinculação à
convenção); Declarações políticas (clarificações feitas nos textos das convenções, mas
não têm valor normativo); clausulas de “optar para ficar de fora” (permite-se que
relativamente a certas matérias algumas normas não se aplique a certos estados- Ex.
Não adotar o Euro na União Europeia); Declaração de não reconhecimento de um Estado
parte do Tratado.
A convenção de Viena estabelece um conjunto de requisitos tanto formais e materiais
para a formulação de uma reserva (19º,20º e 21º):
→Regime material: nem todos os tratados admitem reservas, mas regra geral há um
princípio de liberdade de reservas, podendo ser formuladas no momento de
autenticação (devendo ser confirmada mais tarde no momento da confirmação) ou nos
momentos de adesão ou ratificação. O que acontece se o tratado nada disser sobre a
possibilidade de reservas? Só podem ser formuladas se não forem incompatíveis com o
objeto e fim do tratado (exige uma apreciação interpretativa). Quando uma convenção
é assinada por um número restrito de estados (max. 5) as reservas são avaliadas por
aceitação de todas as partes. Reservas quanto a tratados que são atos constitutivos de
organizações internacionais (artigo 20º/3- expressa que as reservas têm de ser aceites
pelo órgão competente, o que não faz sentido).
→Artigo 20º e 21º
Primeira Hipótese: Há um Estado que formula uma reserva e essa é aceite pelos
restantes estados. Há dispensa de aceitação se o tratado permitir a existência de
reservas nesse caso. Mas se houver uma questão não qualificada, os outros estados têm
de se pronunciar. Se aceitarem, a norma aplica-se aos restantes estados da forma, mas
de forma de acordo com a reserva entre o estado que a fórmula e os que aceitam.
Outra hipótese: Estado A formula uma reserva, mas o Estado B formula uma objeção
simples, sendo que os outros estados aceitam: a norma com reserva não se aplica entre
o Estado A e o Estado B; se for uma reserva com aplicação parcial ou transformação, não
é simplesmente aplicada entre estes 2 estados.
Terceira Hipótese: Objeção qualificada, isto é, quando o estado que objeta prefere uma
declaração a dizer que o tratado não se aplica entre o que formula a reserva e o que
objeta. Assim, a consequência é que a reserva opera normal para os que aceitam, e o
tratado não opera de todo nas relações entre o que formula a reserva e o que objeta de
forma qualificada.
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a. Por acordo entre as partes: As partes celebram um novo tratado que põe termo
ao anterior (ab-rogação- CV Artigo 54º alínea b), podendo este fenómeno ser
feito de forma tácita, havendo uma incompatibilidade do novo tratado que
regula a mesma matéria (CV artigo 59º). Poderá também extinguir-se pela
existência de um termo final, isto é, quando o tratado é concluído por um
período fixo ou pela existência de condição resolutiva. No caso dos tratados-
contratos, a execução da obrigação convencional pode, se for o único objeto do
tratado, levar à sua extinção.
b. Por vontade unilateral de uma das partes: Ocorre quando um dos Estados
formula uma denúncia (CV artigo 56º), tendo esta de ser prevista pelo tratado
enquanto meio de cessação da vigência do mesmo, sendo ilícita se assim não for
(salvo se as partes estabeleceram a admissão da possibilidade de uma denúncia
ou recesso ou se a possibilidade resultar da natureza do tratado- nesse caso,
devem notificar com 12 meses de antecedência a sua intenção). Se estivermos a
falar de um tratado multilateral, a denúncia pode não resultar na extinção de
todo o tratado, pois só deixa de vigorar quanto à parte denunciante →Recesso.
Existem tratados insuscetíveis de denúncia, pela sua natureza: os tratados de
integração e concretamente os tratados que criam as Comunidades Europeias e
os modificam.
c. Por circunstâncias Exteriores à Vontade das Partes: Remete para a questão da
caducidade dos tratados que pode ocorrer tendo diversas fontes: o
desaparecimento ou alteração territorial de um dos Estados contratantes;
impossibilidade superveniente do seu cumprimento (CV artigo 61º); a guerra era
considerada como fonte de caducidade de um tratado entre os 2 estados
envolvidos, contudo, a maioria da doutrina considera a guerra como algo fora do
contexto do Direito Internacional, não provocando qualquer efeito jurídico nesse
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31 Se o tratado for sujeito a referendo e a resposta for positiva, o PR é obrigado a ratificar, se for negativa não pode
ratificá-lo. A decisão da referenda ministerial nestas situações é obrigatória.
32 Correspondência da forma da carta de ratificação no direito Interno.
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3. Fiscalização Concreta
277º/2 (conjuga-se com 46º CV): Apresenta uma irregularidade, isto é, produz efeitos
jurídicos como se fosse válida. As normas de um tratado que sofra de
inconstitucionalidade orgânica ou formal, poderão vigorar na ordem interna, se o
tratado vigorar na ordem jurídica da outra parte (principio da reciprocidade) e a violação
não pode ser de uma disposição fundamental (maiorias qualificadas, ausência absoluta
de forma, não pode haver violação de normas de competência dos órgãos que intervêm
na aprovação, usurpação de poderes).O que será uma inconstitucionalidade orgânica
mais “leve”? Competências implícitas. E formal? A questão da participação das RA na
fase instrutória, porque os tratados podem ser aprovados mesmo contra a vontade das
RA. Ninguém sabe porque os acordos internacionais não estão apresentados no artigo,
há quem entenda que também deve ser aplicado a esses, devido à similitude de acordos
e tratados (CBM).
Para que Portugal formule uma denúncia, embora o ato formal caiba ao governo, este
não pode fazê-lo sem o consentimento do PR e, tratando-se de matérias a submeter à
AR, esta tem de aprovar. Aplica-se o disposto, analogicamente, quanto à suspensão de
vigência ou outra cessação de vinculação de Portugal a convenção internacional.
2. Costume Internacional (38º/1, alínea b): Fonte imediata e formal, de formação
espontânea, sendo uma “prática geral aceite como direito”. Tem 2 elementos: o
material (uso, onde o essencial é a uniformidade da repetição da prática) e o
psicológico (convicção de obrigatoriedade- apesar de ser imprescindível a sua
averiguação torna-se complicada, o que leva a que a prática seja assumir a
convicção de obrigatoriedade quando haja uma prática constante e uniforme.
Ainda assim, só este elemento pode distinguir o costume das práticas gerais e
constantes não obrigatórias). Pergunta-se qual o fundamento da
obrigatoriedade do costume, surgindo 2 correntes para o explicar: voluntarismo
(assenta o costume na prática/adesão dos Estados) e anti
voluntarismo/objetivista (considera que é alheio à vontade do Estado, sendo
uma forma espontânea de criação do direito pela prática). Na prática, com a não
exigência da intervenção de todos os estados para a criação do costume,
prevalece a visão objetivista. O costume, assim, impõe-se quando a convicção de
obrigatoriedade existir na maioria dos Estados (e impõe-se mesmo àqueles que
não tenham participado na sua elaboração33, apenas deve ter sido seguido pelos
Estados cada vez que tiveram oportunidade disso e de maneira uniforme). Tal
como os novos estados ficam vinculados aos costumes criados numa fase
anterior ao seu surgimento, também desfrutam de direitos (a teoria voluntarista
concordaria com a não atribuição de direitos advindos do costume a novos
estados?). Com o tempo tem ocorrido uma suavização do requisito da
antiguidade do costume, o que permite que surjam novos costumes em pouco
tempo. Considera-se a fonte mais importante de Direito Internacional, visto que
o costume rege um conjunto de matérias que constituem o núcleo fundamental
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34 Principalmente a jurisprudência do Tribunal Internacional de Justiça, que completa o direito internacional que tem
um caráter muito fragmentário.
35 Surge com uma especificidade no artigo 38º: só a doutrina mais reconhecida é fonte mediata.
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Hierarquia:
Maioria dos autores defende que as convenções e os costumes estão em pé de
igualdade, revogando-se por regras de posterioridade ou especialidade. Os tratados
institutivos das Organizações Internacionais prevalecem sobre os atos emanados pelos
seus órgãos.
Sujeitos de Direito Internacional
É sujeito de Direito Internacional quem for suscetível de ser titular de direitos ou suporte
de obrigações resultantes direta e imediatamente de uma norma de Direito
Internacional. Podem valer os seus direitos junto das instâncias Internacionais e estão
sujeitos a responsabilização internacional. Segundo a definição, poderemos retirar as
seguintes ideias:
→É o direito internacional que determina quais são os seus sujeitos, não havendo em
princípio36, sujeitos por direito próprio;
→É o direito internacional que estabelece a forma pela qual nasce a personalidade
jurídica internacional, podendo o processo ser automático ou implicar atos especiais de
reconhecimento;
→Só são sujeitos do Direito Internacional aqueles que estejam em relação direta e
imediata com a norma internacional e que não necessitem de outra pessoa para que os
efeitos da norma se projetem na sua esfera jurídica.;
→Também no Direito Internacional pode haver sujeitos com capacidade plena ou com
capacidade limitada;
→A personalidade jurídica internacional pode não coincidir com a de Direito Interno,
havendo pessoas jurídicas de direito interno que não podem ter personalidade
internacional e, também, há pessoas jurídicas internacionais que não têm personalidade
no Direito Interno.
Classificação dos Sujeitos de Direito Internacional:
1. Com capacidade Plena:
Têm de ter:
➢ O direito pleno sobre um conjunto indeterminado de matérias; poder de
celebrar convenções internacionais (ius tractum);
➢ Direito de delegação, isto é, de criar embaixadas noutros estados ou em
organizações internacionais. As relações diplomáticas são estabelecimentos que
um estado tem no território de outros Estados soberanos, mas que funcionam
como território próprio deste (ius legationis);
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Aceita-se sujeitos cuja capacidade de agir na cena internacional acaba por resultar de direito interno (Ex. estados
membros de uma federação).
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➢ Ius Bellum (direito de fazer a guerra): antes havia um direito de fazer a guerra e,
assim, entendia-se que havia um direito a tal. Com a carta das nações unidas o
uso da força é limitado (e também este direito- podendo dizer-se que não há
sujeitos com capacidade plena hoje) e hoje é entendido como um direito de
defesa apenas.
2. Com capacidade Limitada
(i) Sujeitos com Base territorial:
-Estados Protegidos: são titulares de direitos internacionais, mas só os podem
exercer através dos estados protetores.
-Estados Vassalos: são titulares de direitos internacionais, mas têm obrigações
para com outro estado, não podendo exercer alguns dos direitos sem a sua
autorização.
-Estados confederados: por pertencerem a uma confederação, têm a sua
soberania limitada em certas matérias, mas a sua contrapartida é a participação
nessa confederação. Em certas condições podem celebrar tratados.
-Estados ocupados e Estados divididos: estão em situação excecional decorrente
da guerra ou outras vicissitudes e sujeitos a ocupação ou a formas especificas de
limitação político-militar.
- Estados exíguos37: pelo seu tamanho reduzido, não possuem a plenitude de
capacidade internacional, ficando-lhes limitada a capacidade de gozo (e não a
capacidade de exercício como acontece nos restantes casos). Pequenos estados
da europa que através de tratado atribuem algumas atribuições da sua própria
soberania a estados vizinhos. Ex: Mónaco que confere a sua defesa a França. O
mesmo sucede com o Liechtenstein, em Andorra. O Luxemburgo não esta nesta
situação, pois apesar de pequeno tem exército próprio.
-Estados Falhados: o poder central não consegue impor-se a grupos armados
tribais, sectários ou regionais ou quem nem sequer se encontra uma verdadeira
autoridade do Estado, ficando afetada a participação na vida jurídica
internacional e o exercício dos correspondentes poderes.
-Regiões Autónomas: gozam de alguns poderes de incidência internacional, para
prossecução de interesses regionais por ela própria (227º/1 alínea u), x)) e outros
com natureza de poderes de participação (227º/1 alínea s) e t), x). Apesar disso
(JM) não se pode considerar que sejam sujeitos de direito internacional, pois são
meros poderes.
-Estados Federados: só conservam soberania na ordem interna, não na ordem
internacional. O mesmo acontece com os estados-membros de uma união real.
Estes não dispõem de ius tractum e outros direitos internacionais, só os
37
Diferente dos microestados, pois mesmo pequenos são formalmente soberanos.
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possuindo se houver uma autorização do poder central. Estes estados não são
soberanos.
-Rebeldes Beligerantes: existe uma força política militar que entrou em rebelião
contra o governo central e essa força domina uma certa parte do território. O
reconhecimento desse rebelde que domina uma parcela do território e que
exerce a sua autoridade como forma de responsabilizarem essa entidade rebelde
por qualquer dano a outros nacionais. O reconhecimento como beligerante por
parte do governo central leva a que se houver danos por parte do beligerante
para com outros estados, o governo central possa eximir-se da responsabilidade.
Este pode celebrar tratados que digam respeito à guerra de conflito armado;
pode criar embaixadas e ainda (falta 1 para ter capacidade plena). O problema é
que esta figura desapareceu. O manual diz que há uma diferença entre este e o
insurreto, afirmando que este último não é sujeito de DIP. No entanto, Blanco
Morais não entende dessa forma, dizendo que isso já não é verdade: caso
ganhem devido aos conflitos são-lhes impostos deveres: direito humanitário da
guerra, sereno arte de um estado faz com que caso violem direito humanitário
posam ser julgados no tribunal penal internacional. Não têm direito de
delegação; mas podem ter ius tractum. É necessário que eles tivessem um
domínio estável por uma parcela do território, que fossem representativos de
uma parte da população e que tenham um certo grau de organização. Isso não
sucede em vários casos. Eles exerciam a guerra de libertação, tinham um direito
limitado de celebrar tratados, para pôr fim a guerra e para alcançar a
independência- Só alguns foram reconhecidos de um movimento libertista nessa
qualidade.
-Grupos Insurretos: não tem as características, não são sujeitos de DIP.
-Estados semi-soberanos/ de soberania diminuída: O Camboja é um estado que
se encontra sob a tutela do Vietname e por isso, havendo essa tutela por parte
do Vietname há uma soberania limitada sendo que apesar disso não são
protetorados, tendo as capacidades anteriormente mencionados, mas com
tutela. A Bósnia, é um território que junta povoações da antiga Jugoslávia. Foram
estabelecidas 3 regiões, criando 3 estados federados e um governo central sendo
que muitos dos atos celebrados por este último estão sujeitos à autorização ou
veto das decisões deste e este tem também poder de destituição de alguns dos
órgãos isto por uma autoridade internacional. Para o professor isto não é mais
do que um protetorado. Em Portugal, em 2011, teve também a sua soberania
limitada por entidades internacionais, tornando-se um protetorado, embora não
no sentido jurídico da palavra.
(ii) Sujeitos sem Base Territorial:
-Santa Sé: é um sujeito originário. A capacidade traduz-se sobretudo no ius
legationis e no ius tractum, bem como a participação em certas organizações
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(II) Teoria do reconhecimento declarativo: Por outro lado, segundo esta teoria,
a personalidade jurídica nasce independentemente do reconhecimento,
tendo este apenas o efeito de o constatar e declarar. Assim, um estado é
sujeito de Direito internacional desde que existe (isto é, desde que tem um
povo, território e poder político soberano), mesmo que nenhum outro
estado o reconheça como tal.38 Regime típico do Estado, com as limitações a
seguir apresentadas.
Segundo o professor Blanco Morais a ideia geral é a que o reconhecimento deveria ser
declarativo, isto é, tem X caraterísticas, logo é reconhecido.
No entanto, há, pela negativa, critérios que obstam a esse reconhecimento declarativo
ou que o condicionam:
➢ Poderá não ser reconhecido um estado quando nasce na dependência de um
outro Estado de tal forma que a sua própria independência fica posta em causa;
➢ É recusado o reconhecimento quando se mostre evidente que o novo estado não
foi produto da expressão de exercício do direito à autodeterminação do seu
povo, ou até, pelo contrário, nasceu contra a vontade desse povo: pode ser
utilizado o referendo para perceber isto;
➢ Mesmo que haja direito de autodeterminação, não devem ser reconhecidos
como Estados as situações provenientes do recurso ilícito à força (Doutrina de
Stimson39);
➢ O reconhecimento pode ser condicionado (Ex. Reconhecimento condicionado
por parte das Comunidades Europeias em 1991 dos estados pertencentes à
URSS, pois houve um temor na europa que aparecessem novos estados)
Ex: África do Sul durante o apartheid decidiu dar a independência a muitos territórios.
Houve uma proibição dessa atribuição de independência devido ao facto de ser contra
a carta das nações unidas.
Autodeterminação interna de forma violenta não é reconhecida →Princípio do não
reconhecimento.
Um estado que reconhece outro não fica obrigado a estabelecer, ou a manter, relações
diplomáticas com ele.
Um estado que não consegue ser reconhecido não fica fora do âmbito de aplicação do
Direito Internacional.
Nenhum Estado deve ser reconhecido antes de estarem reunidos os elementos que
compõem o seu conceito, pois poderá levar a uma violação do princípio da não
ingerência nos assuntos internos e por isso, um comportamento de má fé. O caráter
38 A existência de um regime democrático no novo estado não tem constituído requisito do seu reconhecimento.
39 Tinha uma formulação mais abrangente, pois julgava contrárias ao direito internacional, todas as situações
decorrentes do uso da força, sendo uma precursora da proibição geral do artigo 2º/4 da Carta da ONU. A NATO vai
fazer o mesmo que o Japão faz à Manchúria, mas ao Kosovo.
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40 Doutrina Tobar-Wilson.
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41 Pode ser composta por outros sujeitos de Direito Internacional (p.e. Santa Sé) ou por outras Organizações
Internacionais (p.e. A ONU é membro da União Postal Universal). Poderão ser, em certos casos, membros de
Organizações Internacionais entidades que não têm qualidade de sujeito internacional, pois a sua participação
separada é exigida pelos fins da Organização.
42 Uma Organização Internacional pode também ser criada por outra Organização Internacional mediante resolução
tomada nos termos estatuários no seu do órgão competente (Ex. Assembleia Geral da ONU deliberou criar a ONUDI,
CNUCED e PNUD.
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43Não está expresso no artigo 2º, mas poderá ser retirado do número 6 do artigo 2º e do artigo 103º.
44É com base neste critério que a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança justificam a competência para dirigir
recomendações a um determinado estado não membro das Nações Unidas- regime espanhol em 1946 e África do Sul
em questão do apartheid.
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o âmbito do domínio reservado dos estados sofreu ainda uma maior redução a
propósito da proteção dos Direitos do Homem (Recuo do principio da não ingerência
nos assuntos internos do Estado: Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que
formula a necessidade de proteger, sendo que a soberania do estado implica a proteção
dos direitos humanos, e se isso falhar a comunidade pode intervir. Na prática traz
problemas: intervenção na Líbia, p.e).
Quem são os membros das Nações Unidas? (Artigos 3º a 6º) Todos os que participaram
na conferência (membros originários) e os que aderem posteriormente (membros
admitidos). Qualquer estado pode aderir à Carta, desde que seja amante da paz, que
aceitem as obrigações contidas na Carta e sejam aptos e dispostos a cumprir tais
obrigações (exclui-se os Estados Falhados- não são capazes de ter uma estrutura
suficiente para desenvolver as funções do Estado). Artigo 5º: Podem ser adotadas
medidas preventivas (cautelares) e coercitivas (efetividade de uma sanção) por parte do
Conselho de Segurança, podendo ser suspenso um membro da Assembleia Geral. São
medidas particularmente raras. Artigo 6º: Por violação sistemática dos princípios da
carta pode o membro ser expulso. Nunca ocorreu. A Carta é omissa quanto à
possibilidade de recesso: Na Conferência foi emitida uma declaração sobre o tema,
especificando as circunstâncias em que tal poderia acontecer, sendo o princípio de
recesso aprovado unanimemente. A tendência geral na doutrina é a da admissão do
recesso, mesmo que não se tenham dado as circunstâncias previstas na Conferência de
S. Francisco, o que claramente vai contra o espírito da Carta, pois este tentou limitar o
exercício do recesso.
Órgãos das Nações Unidas
45 Facilmente se percebe visto que as deliberações da Assembleia Geral em questões de importância só podem ser
tomadas após recomendação do Conselho de Segurança.
46 Sanções, Bloqueios, Suspensões, Inibições vinculam a ordem interna portuguesa.
47 A prática de que a abstenção de um dos membros não leva a veto, sendo para isso necessário, o voto negativo,
poderá levar a que, havendo 15 membros, com a abstenção dos 5 membros permanentes seja aprovada uma
deliberação ainda assim (havia 9 votos na mesma). Isso iria claramente contra o espírito da carta.
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questões procedimentais fala-se num duplo veto: haveria o risco de os membros para
fugirem ao veto, tratarem de matérias substantivas como procedimentais. E, por isso, o
elenco de matérias da ordem procedimental pode ser vetado pelos membros
permanentes.
Assembleia Geral (artigo 9º a 22º): é constituída por todos os Estados membros e cada
Estado membro tem um direito de voto, mas pode ter vários representantes (máximo
5). Fórum de discussão e debate e pode fazer recomendações (em forma de resolução
e não tem efeito jurídico). Problematização: A aceitação repetida e consistente do valor
normativo das recomendações relacionados com a descolonização pode ser encarado
como a criação de um costume?
Exceções: Em caso de bloqueio do Conselho de Segurança pode haver o precedente do
caso de Suarez, no qual a Assembleia assume em mão a quebra do bloqueio do Conselho
de Segurança.
Como se tomam as deliberações (Artigo 18º)? Em questões da Assembleia de
importância a votação é de maioria de 2/3. As decisões sobre outras questões, inclusive
aquelas que pretendam incluir matérias nas “questões de importância” são tomadas
pela maioria dos membros presentes e votantes (só contam os votos afirmativos ou
negativos, ficando de fora as abstenções).
• Elencam todas as situações que ocorrem e consideram que são violações das
Nações Unidas. Mas ao mesmo tempo dizem que a Carta é a base fundamental
e que os instrumentos que a Carta nos dá são atuais e chegam para resolver estes
problemas;
• BM: O regime da Carta foi estabelecido pela ordem jurídica do pós 2º guerra,
mas atualmente a realidade mudou, pois, as potências vencedoras da guerra
confrontam-se com problemas no seu poder geopolítico e surgem novos autores
internacionais. Todas as situações relativas ao uso da força devem ser
repensadas.
Pós 2ºGuerra Mundial:
48 Reveste a forma dos pactos de defesa coletiva: Pacto do Atlântico e Pacto de Varsóvia (quando existia).
49 Relevância das intervenções humanitárias e das operações de paz das Nações Unidas.
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→Mundo Bipolar: NATO e Pacto de Varsóvia. A ordem internacional foi garantida pelas
armas nucleares, e, portanto, os conflitos foram demovidos pela existência nas duas
partes de armas nucleares. Durante este período o que se verifica que as guerras entre
os blocos passaram a ser periféricas, noutro países.
→Após a queda do muro de Berlim: passamos a ter um direito precário com um Mundo
Unipolar (EUA e seus aliados). Há quem defenda que se tinha chegado a uma paz
perpétua. Essa ideia termina com o Caso da Somália: as Nações Unidas intervém, sendo
os EUA a intervir, tendo um objetivo filantrópico, não económico ou ideológico. Guerra
da Jugoslávia e outros conflitos, sem que tivesse havido uma intervenção das Nações
Unidas que pudessem garantir a paz.
→Unilateralismo Multipolar: Ocorre a partir da crise nos EUA, tendo a nova força
política considerado a retirada das forças americanas dos territórios. Começa o
movimento das Primaveras Árabes, mas as intervenções indiretas motivaram diversos
conflitos (Síria, Egito) e caos a nível internacional (refugiados, terrorismo). Esta situação
é criada pelo Ocidente, e dá origem à intervenção de várias potências internacionais
(arabia saudita, Iraque, Rússia na Ucrânica-Crimeira, Síria). Estas intervenções não
tiveram a autorização das Nações Unidas: surge uma anarquia internacional, tal como
no anterior da 1º guerra mundial, onde o uso da força essa corrente e não contestado.
Em fase disto, começam a surgir situações que merecem enquadramento jurídico, mas
que estão mal-enquadradas: represálias e retaliações, que se multiplicam e na sua quase
totalidade ficam impunes. Quanto à legitima defesa: é legitima a preventiva? As Nações
Unidas nunca criticaram a ação preventiva de Israel. O TIJ não a exclui, mas considerou
que não existem razões para ser convocada. Caso Caroline: tem sido o paradigma da
defesa da legitima defesa preventiva: ocorreu na fronteira dos EUA e Canadá, mal os
EUA se tornam independentes, havia um navio americano utilizado por rebeldes
independentistas canadianos que desempenha ataques armados à Britânica. Um dia os
britânicos entraram no território americano abatendo o navio, afirmando que era uma
defesa preventiva, para impedir mais ataques desse navio. Quando a pessoa que vai ser
atacada não dispõe nenhum outro meio para evitar o ataque é que pode ser considerado
legitima defesa preventiva: o navio não estava pronto a ataque. Face a um ataque
iminente devidamente comprovado, sem ter outros meios para se defender, o Estado
pode fazer um ataque armado preventivo.
Não há uma afeição à admissibilidade da legitima defesa preventiva, pois não está
permitido na Carta. Outros consideram que o artigo 51º nos consegue mostrar isso.
O Tribunal Internacional de Justiça quando se manifestou também não excluiu a
hipótese de legitima defesa preventiva, só considerou que os requisitos não se
encontravam presentes. Caso de Reator Nuclear e Caso do Iraque.
A legitima defesa preventiva nunca foi disciplinada ou estabelecida. Faria sentido
discipliná-la pois esta é usada, e muitas vezes abusada. Poder-se-ia no artigo 51º
acrescentar a legitima defesa preventiva com a definição dada no Caso Caroline.
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Timor-Leste (1999-2000) para pôr termo ao massacre dos invasores para anexar
Timor à Indonésia.
Caso do Haiti, devido a conflitos internos, o poder dissolveu-se e as pessoas ficam
à mercê às milícias armadas, criando uma crise humanitária, tendo a ONU de
intervir para garantir a paz.
O problema é que outros Estados invocam a proteção humanitária para invadir outros
Estados: União Indiana invade o Paquistão; Invasão do Camboja (pró-chinês) pelo
Vietname (pró-soviético).
EUA e Reino Unido criam zonas de proibição aérea no Iraque, sob criação do Conselho
de Segurança. O problema surge com: questão do Ruanda e o que aconteceu na
Jugoslávia (massacres feitos pela Sérvia). Renova-se a ideia da responsabilidade de
certos Estados intervirem para proteger as populações de outros Estados.
O Secretários Geral das Nações Unidas fez um apelo à sociedade internacional. Nunca
houve um critério de responsabilidade dos Estados. Pode ser retirado de uma Cimeira
que reúne os líderes dos Estados Internacionais: houve estados ocidentais que
entenderam que deveria sair uma resolução onde se assumia que os Estados podiam
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invocar essa responsabilidade, contudo, essa resolução foi rejeitada por grande parte
de estados, que consideraram que poderia levar, sob este pretexto, a intervenções
imensas aos Estados. Não houve nenhuma resolução que legitimasse os Estados,
individuais ou em grupo de intervirem. Só se reiterou a competência no âmbito das
Nações Unidas. Valeria a pena que uma alteração à Carta precisasse os termos em que
pode haver uma intervenção por razões humanitárias.
Existe ou não uma obsolescência da Carta em relação ao que é o uso da força?
O uso da força está a ser utilizado pelos Estados à margem da Carta e até mesmo contra
a Carta, e esta mostra-se pouco capaz de responder perante danos dos Estados e de
resolver este problema. Os Estados que violam muitas vezes são condenados, mas não
sancionados. As situações de retaliação são bastante comuns.
Blanco Morais: considera que a Carta está obsoleta, pois regulou o uso da força numa
época diversa da que se observa hoje. Ficar-nos pela legitima defesa que depois é
ignorada pelos Estados. Considerar que a Carta é suficiente para resolver os problemas,
é “pôr a cabeça na areia”. Conformar-nos com isso significa um perigoso regresso a uma
anarquia internacional, o qual esteve na origem da segunda guerra mundial. O sistema
multipolar permite que os conflitos a partir de um certo momento saiam fora do
controlo das grandes potências. As alianças militares são também promotoras de perigo,
pois a NATO avançou para leste, e é perigoso que a aliança tente absorver estados que
têm conflitos territoriais com a Rússia. É perigoso porque o ataque a um Estado significa
a resposta de todos os outros, portanto, um ataque a um sítio num desses países (por
mais insignificante que fosse) levaria ao início de um conflito em grande escala (foi o
que aconteceu na primeira guerra).
Responsabilidade Internacional
(Jorge Miranda)
Sempre que um sujeito de direito internacional viola uma norma ou um dever a que está
adstrito em relação a outro sujeito ou sempre que, por qualquer forma, lhe causa
prejuízo, incorre em responsabilidade: fica constituído um dever específico para com o
lesado.
No âmbito do direito internacional, os Estados e os demais sujeitos de direito
internacional respondem pelos atos ilícitos que pratiquem ou por certos atos lícitos que
lesam direitos e interesses de outros sujeitos. O princípio da responsabilidade
internacional deve ser considerado um princípio de ius cogens.
Especificidades da Responsabilidade Internacional:
➔ Diversidade e complexidade das formas de efetivação, desde a reparação dos
danos a medidas inibitórias e sancionatórias;
➔ A relevância entre as modalidades de reparação dos danos, a par do
ressarcimento, da satisfação (do estado lesado, através do reconhecimento do
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