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DIREITO INTERNACIONAL PUBLICO

O que é o DIP: ramo de direito que rege a sociedade internacional


Onde há sociedade há direito, onde há direito há sociedade – teoria institucionalista

Sociedade internacional- conjunto de sujeitos de direito internacional (estados e


organizações internacionais)
Ex de relações internacionais: Nações Unidas e EU.

Problema do DIP: falta de mecanismos compulsórios ou coercivos.

A história do DIP é uma história que acompanha o desenvolvimento do Estado.


(cidades estado---- impérios---- cidades-estado)

A história do DIP é também a história das relações com outros estados.

Sujeitos de direito internacional publico


1) Ius tractum- fazer tratados
2) Ius bellium- declarar a guerra
3) Ius legatione- delegar representantes

A história do DIP começa por ter na base as relações inter-estaduais. (direito externo
do estado, para um positivista)

Formação do direito e o seu desenvolvimento:


2 grandes períodos de formação do DIP
1) Período formativo- antiguidade clássica até revoluções liberais
2) Período de afirmação- desde as revoluções até à época contemporânea

Período formativo
1) Antiguidade clássica- implicou o desenvolvimento (principalmente no direito
romano) com o ius gentium/ direito das gentes – o equivalente a regulação dos
estrangeiros em Roma, mas também regulava os tratados de Roma com outros
Estados.

2) Idade média- pequena comunidade inter-reinos: ideia de povo não era clara. A
ideia de fronteiras e de povo era uma realidade imperfeita. DIP estava ligado à
respublica cristiana, onde o papa desempenhava um importante papel
enquanto intermediário das relações internacionais. O reconhecimento dos
reinos dependia do papado. Esteve a religião também no seio de guerras de fé.
(guerra dos 30 anos pex)
Idade moderna: é marcada pelas expansões territoriais (tratado de tordesilhas,
inicialmente)
O ius gentium foi reaproveitado por espanhóis (escola espanhola de direito natural/
escola de sevilha) – francisco vitoria e francisco suarez – ius gentium tranforma-se num
ius inter-gentium. Direito relacional entre Estados e OUTROS ESTADOS.

3) Direito internacional público da paz e direito internacional publico da guerra.


3ª fase- nascimento do estado contemporâneo com a Paz de Vestefalia (termo da
guerra dos 30 anos). Surge a ideia de soberania entregue ao Estado e não à família
real.
Estados passam a ter fronteiras definidas, poderes soberanos e só esse poder se
encontra legitimado para regular as relações com outros Estados. Paz de Vestefália
marca também o fim das respublica cristiana. Consagra-se a liberdade religiosa e a
religião passa a uma hierarquia inferior à da própria soberania do Estado.

2º período:

As revoluções liberais reafirmaram a ideia de Estado Soberano.


Bentham é quem apelida o Direito Internacional Público.
(princípios que regem as nações civilizadas- reportavam-se à Europa, Pérsia, império
Otomano, EUA, Mexico e América do Sul.)

Surge:
Principio da autodeterminação
Principio de que cada estado manteria as fronteiras que detinha antes da
independencia.

Surgem as organizações internacionais- que são também sujeitos de DIP


1ª GG surge em função de uma política de alianças.

2º fase do segundo período: surge a sociedade das nações, cuja destinação se prendia
com o afastar da possibilidade do recomeço de uma grande guerra.
Problemas da Sociedade das Nações:
1) EUA e URSS não ratificam o tratado
2) Não impediram Itália de anexar a etiópia

Surge as nações unidas depois da 2ª GG que se focou


1) Prevenir outra guerra
2) Outros objetivos, como a tutela de fins económicos, sociais e culturais; e
direitos humanos

Neste período multiplicam-se as organizações internacionais (OMS; OIT..- de caracter


geral) mas também organizações regionais (OEA; CEE; Conselho Europa)

Surge o direito de autodeterminação dos povos (africa e asia), desenvolvendo o


principio nascido no século XIX.
Passa a haver uma tutela jurídica de direitos fundamentais ao nível internacional.
DIP é aqui mais interventivo e limitativo da soberania.
EU é uma organização internacional supra-nacional que vincula diretamente os
Estados a ele pertencentes.

Dualismo de blocos caracterizava as relações internacionais, a aliar ao grupo dos países


não alinhados e de 3º mundo. (equilíbrio do terror pela posse de armas nucleares)—
com isto há um bloqueio das nações unidas, face ao direito de veto da URSS e dos EUA
em sede do Conselho de Segurança.

3ª fase do 2º período inicia-se com a queda do muro de Berlim


- Significou o desmembramento da união soviética, do comunismo, do imperialismo
russo e de afirmação do modelo de mercado e da democracia.
Há uma recomposição estratégica completa na Europa.

Surge o unilateralismo imperial – (Iraque, Sérvia) afinal afinal os mais poderosos


podem intervir unilateralmente. Esta situação muda com a eclosão da primavera
árabe, com o surgimento de novas potencias: Federação Russa, China, Israel e Turquia
(estes dois últimos em termos regionais).

2ª aula:

O que é o dip?
Critério dos sujeitos – normas que regulam a relação entre estados (insuficiente nos
nossos dias com a imposição das organizações internacionais, principalmente
organizações de estados); há ainda movimentos de independencia nacional, governos
no exilio....

“conjunto de regras que regulam as relações entre sujeitos do Direito Internacional”


- mas quais são os sujeitos do direito internacional?

“conjunto de normas jurídicas internacionais de natureza predominantemente


internacional”
- mas quais são as regras tipicamente internacionais? Ex: depois surgiu o direito penal
internacional
- hoje em dia todas as matérias são internacionalizadas ou internacionalizáveis

Critério positivista (de André Gonçalves Pereira) (/critério das fontes): “conjunto de
normas jurídicas criados pelos processos de criação e regulação normativa própria da
comunidade internacional”
-insatisfatório por não definir as normas jurídicas imanentes do Costume

Critério do Blanco: “conjunto de normas criadas pelas fontes próprias da comunidade


internacional e que regulam as relações jurídicas entre os sujeitos de DIP”

A única fonte que pode ser considerada no seu sentido próprio é o poder constituinte.
(sem limitações internas, para os positivistas, com a limitação do direito natural para
os jusnaturalistas)
No dip sempre se falou em fontes (descentralização e autonomia dos modos de
produção de normas jurídicas internacionais)

38º tribunal internacional


As decisões dos tribunais internacionais têm um papel relevante na revelação do
Direito positivo.

Diferença entre comunidade e sociedade internacional:


- comunidade internacional envolve uma relação de pertença a um objetivo comum, e
que exige consenso quantos aos fins a atingir – um projeto comum de destino
internacional.
Ex de uma comunidade internacional: nações unidas.
Estruturas orgânicas ou inorgânicas que estabelecem entre si regras de convivência
mínima para uma coexistência relativamente pacífica.

Relações jurídicas internacionais:


1) - subordinação (supremacia de alguns dos sujeitos perante os outros.
Supremacia/submissão) – ex: EU desde o caso Costa/ENEL OU relações de
supremacia fáctica (não formal). Ex histórico: Império Otomano com Estados
Vassalos OU com os protetorados: os estados arabes no médio oriente entre a
1ª e 2ª guerra mundial; Brunei também relativamente ao Reino Unido.
Também a Bósnia Herzgovina, de forma não oficial – depois dos acordos de Dayton
(estado com relações de tutela). Há um alto representante com grandes poderes na
Bósnia Herzgovina e que advem da Organização das Nações Unidas

2) - reciprocidade – tratados-contrato, num vai vem de vantagens e imposições


3) – coordenação – bens jurídicos de alcance internacional. Relações de caracter
horizontal, geralmente multilaterais. Tipicamente associados a Direitos
Humanos ou Clima

Juridicidade do Direito Internacional existe?


- teoria negacionista (pendor realista) – as relações internacionais são subordinadas a
posições de força. (Carlos Blanco de Morais é parcialmente favorável a esta visão,
ainda que admita a juridicidade do DIP).--> o facto de existirem relações de força não
obsta à obrigatoriedade de cumprir as normas e de serem submetidas a
responsabilidade no caso do seu desrespeito.

- teorias positivistas (Blanco apoia a visão) . Se as constituições admitem e se vinculam


aos tratados internacionais, então é porque o DIP é muito mais do que um mero
adorno.

O DIP é um direito cuja sanção é débil. A sociedade internacional não consegue aplicar
completamente o Direito que a rege. É um direito imperfeito, face à falta de coerção
que lhe é imanente pela sua própria natureza (descenteralizada)
Atos jurídicos unilaterais auto-normativos: como é o caso da promessa, o Estado
assume um compromisso para se auto-regular mas que pode ter consequências nos
outros

Renuncia: abdicação de utilização de um determinado direito

Ato heteronormativo: tem como destinatário imediato outros sujeitos do Direito


Internacional
(Reconhecimento) (Não havendo constrangimentos das nações unidas, este é em
principio um estado livre)
(Protesto) (Trava a expansão do costume)

Atos jurídicos unilaterais também podem advir de organizações internacionais


Há atos jurídicos unilaterais próprios das organizações internacionais (ex: aprovação
do orçamento das nações unidas e que se repercute internamente) (há atos juridios
unilaterais que se projetam sobre outros sujeitos, como é o caso do conselho de
segurança das nações unidas)

A maioria dos atos jurídicos unilaterais estarão numa posição secundária à das
convenções

Há princípios do DIP que têm origem no direito interno?


-Proporcionalidade
-Respeito pelo caso julgado
-Abuso do Direito
-Onus da prova
-Segurança jurídica
-Possibilidade de, em caso de duvida, os tribunais definirem quais são as suas próprias
competências

Respeito pela integridade territorial e pela soberania


Não agressão (uso da força sem fundamento) (há agressões que podem ser permitidas
pelas nações unidas)

“principio ocidente iuris”

Equidade contra legem é desadequada, na opinião de Blanco de Morais (visto que


derrogam normas e princípios positivados)

Interação de fontes:
Tribunais: competence competence
Se as definições dos institututos forem importante para interpretação das
constitucionais, em caso de duvida o tc pode definir a sua própria competência. Isso
passou a costume internacional, e isso foi positivado num tratado 36/6 ETIJ

Patamares de hierarquia
(há direito cogente mas ninguém sabe qual é. Nenhuma norma de direito positivo foi
declarada inválida por contrariedade ao ius cogens)

Blanco entende que existe ius cogens- normas sem as quais não há mínima convivência
social.
-tratamento de prisioneiros de guerra (4 convenções de Genebra quanto a isto)
- proibição de crimes de genocídio

Relações de hierarquia entre convenções internacionais:


- carta das nações unidas (103) e tratado da nato (6) impõem a sua superioridade a
outras convenções.
- superioridade das convenções internacionais principais em relação aos acordos
administrativos
- superioridade dos tratados constitutivos perante os atos jurídicos unilaterais.
- especialidade sobre a generalidade ou lex posterior

Costume internacional: fonte importante do DIP, principalmente antigamente.


Prática geral reiterada e praticada com convicção de vinculatividade
Costume tende a perder lugar face aos tratados (até porque os tratados costumam ser
muito mais detalhados e técnicas)
Costume passa a ter um caracter subsidiário

Uti possideti iuris- não alteração das fronteiras

Costume internacional

Costume tem particular relevo para regular as relações jurídicas internacionais

Elementos do costume
Material- prática reiterada (dos sujeitos de Direito Internacional) – conjunto de atos
dos sujeitos pelos quais esses sujeitos vão determinar a sua posição quanto a
determinada questão.

Que atos ou comportamentos podem servir para formar um costume?


a) Ações e omissões (desde que seja transmitida a posição de um estado)
b) A omissão pode ter valor político no ordenamento jurídico internacional,
diferentemente do direito civil
c) Atos no plano internacional (declaração ou objeção) ou atos materiais (ex:
confiscar determinado bem) – o que interessa é demonstrar, sem margem para
dúvidas, a posição do estado ou sujeito internacional
d) Sentenças de tribunais internos poderão ter relevância internacional
Psicológica- convicção de juridicidade
Abandonou-se parcialmente a ideia do “tempo” para que se forme costume, passou
sim a valorizar-se a consistência da prática dos atos. (é mais fácil formar uma regra
costumeira numa zona livre de direito)

Quantos estados devem fazer parte da prática para que se forme um costume? Não há
regra, depende da questão e da consistência (não existirem objeções)

Práticas de alguns estados valem mais do que outros? Prof diz que não (princípio da
igualdade soberana entre estados)

Estados dissidentes podem obstar à formação do costume, mas nem por isso deixa de
estar vinculado quando o costume se formar. (há divergência doutrinária)

Teoria do objetor persistente – o estado que tenha objetado desde o inicio até ao fim
está dispensado de obedecer ao costume. Eduardo Correia Batista não concorda com
esta posição. Ela na prática não é muito utilizada e é difícil de manter.

Novos Estados não têm hipótese de protestar contra costumes já em vigôr. Tentaram
os novos estados que isso se tornasse uma realidade, mas isso não teve adesão da
comunidade internacional. (mas não está sujeito aos tratados – livro do André
Gonçalves Pereira “a sucessão de Estados”)

Costume tem sobretudo interesse no seu âmbito espacial.

Costume internacional geral- aplica-se a todos os sujeitos da comunidade internacional


à excepção dos estados objetores

Costume regional- apenas se aplica aos estados em determinado âmbito geográfico, só


se aplicando aos Estados que participaram na formação do costume.

Costume local ou bilateral – não é pacifico o reconhecimento deste tipo de costume (a


doutrina anglo-saxonica objeta particularmente a esta teoria) forma-se apenas entre
dois sujeitos e passou a ser admitido desde 1957/1960 sobre os direitos de passagem.
vide Portugal vs India

Opinio iuris- convicção de obrigatoriedade.

Qual é o fundamento do costume?


1) Costume é um pacto tácito (stupid shit)
2) Proveniente de um conjunto de fatores na qual as vontades dos estados
tomaram parte, mas não só.

Tratados:
CV sobre o direito dos tratados

Tratado nos termos do artigo 2º da CV. Antes desta positivação só havia um costume
sobre o direito dos tratados

Criou-se um direito especial que prevalece sobre o direito geral (de origem
costumeira)
Há estados não vinculados à convenção de viena, que aplicam ainda o direito
consuetudinário.
A CV de 69 trata dos tratados entre Estados Soberanos

Tratado- acordo concluído entre 2 ou mais sujeitos do DIP, com capacidade de celebrar
tratados. (mais do que os Estados, também os sujeitos insurrectos, governos no
exilio...)

Tratados qualificados como tal pela convenção de viena: 1A da convenção:


Tratado é um acordo internacional (tem de ter objeto internacional/não se destine a
regular coordenação, reciprocidade ou subordinação) registados em forma escrita, em
que os sujeitos só podem ser os Estados Soberanos (afastam-se os estados federais,
R.A’s)

1) Vontade dos estados (acordo entre estados)


2) Celebrados por Estados (afastados os protetorados, OI’s, governos no exilio,
movimentos de libertação nacional (ex acordos do Alvor, Lussaca, Argel...),
acordos entre casas reais, acordos entre Estados e movimentos insurrectos)
3) Forma escrita
4) Não necessita de existir um instrumento unitário
Designações dos tratados:
1) Acordo
2) Compromisso
3) Carta
4) Estatuto
5) Convenção
6) Constituição
7) Pacto
O termo beligerante foi abandonado. (apesar de os insurretos terem ganho a distinção
de sujeitos do DIP)

Também alguns estados federados podem celebrar tratados internacionais com


outros estados (federais) mas terá de haver um acordo do governo central

Classificações das convenções:


Tratados-lei (coordenação), tratado-contrato (condições de reciprocidade), tratado-
misto (regras gerais e condições aplicadas em certos termos. Ex: tratados da EU, como
o que institui a moeda, mas a que nem todos se vinculam

Tratados gerais / tratados especiais

Tratados bilaterais / multilaterais

Tratados solenes/ acordos sob forma simplificada


- na ordem jurídica portuguesa os acordos internacionais previstos não são acordos
sob forma simplificada
- acordos terão sempre de ser aprovados ou pela A.R ou pelo governo, de acordo com
a matéria. (Blanco não concorda com a designação do JoMI). Não há na ordem jurídica
internacional acordos sob forma simplificada.

Celebração das convenções internacionais (seguir a CV)


Artigo 6º ss

1) Preambulo (Tem importância pelas suas definições e pela razão teleológica em


si inserida)
2) Preceituado
3) Anexos (caracter para-regulamentar, que poderia tornar o tratado inelegível)
4) Disposições finais e transitórias

Fases:
1) Negociação pelos plenipotenciários (que deve ter poderes de representação e
não se afastar das suas vinculações limitativas) (chefes de estado, chefes de
governo, ministros dos N.E, chefes diplomáticos – plenipotenciário é só o chefe
da negociação) - Estado pode confirmar a atuação de quem não tinha poderes
de representação.1
Elaboração do texto: fases do processo
Nos tratados bilaterais há rondas negociais (delegação a ir para um pais e a outra
delegação a ir para o outro país, sucessivamente)
Os técnicos participam nas negociações mas apenas a titulo delegado às ordens e
subordinação do plenipotenciário
Entre duas rondas negociais não está tudo parado (fazem-se propostas de redação e a
comunicar com técnicos de outra parte)
Governo tem competência para ajustar convenções internacionais. Cabe
primacialmente ao ministro dos negócios estrangeiros.

1) Não se pode ter pressa na negociação das convenções internacionais


2) Não se pode dar por garantido aquilo que se “fechou” informalmente

Fase da autenticação: fixação e certificação do texto definitivo da convenção que foi


acordada. É assinado pelos plenipotenciários.

Pode fazer-se assinatura ad referêndum (só se torna oficial quando assinado pelo
primeiro-ministro ou pelo ministro dos negócios estrangeiros)

A convenção da-se por finalizada com a assinatura? Não, carecem de ratificação.


Os processos de ratificação dos tratados internacionais remete para a constituição
interna dos estados federais.

18 cv boa fé no ulterior processo de autenticação: não deve inviabilizar-se, por


principio, a vinculação definitiva.

Fase da vinculação definitiva: (terá de cumprir com as suas vinculações)

Vinculação por
1) Tratados solenes (assinatura e ratificação dá-se num momento
necessariamente distinto) (na crp o ato definitivo compete ao PR) (PR pode
recusar a ratificação de tratados e serve de veto de gaveta)
2) Acordos sob forma simplificada (no momento em que o plenipotenciário
assina, exprime, simultaneamente, a vinculação definitiva do Estado)
3) (não há acordos sob forma simplificada na nossa ordem interna)

Ratificações imperfeitas: dois estados celebram uma convenção mas é


inconstitucional. (fica viciada do acordo interno do Estado)

A CV vem positivar uma forma de tratar das ratificações imperfeitas diferente da que
advinha do “pacta sunt servanta”. É o que está estatuído no artigo 46º da CV
46º:
a) So se pode alegar a invalidade do consentimento se existir
inconstitucionalidade orgânica
b) Há características a atender: tem de ser um vício claro e extensivo e que possa
a outra parte razoavelmente conhecer
c) Tem de haver desrespeito por uma norma de importância fundamental (em
termos formais) (se não se pode cumprir o acordo internacional, simplesmente
incorre-se em responsabilidade pelo desrespeito/não acatamento)

Fase da eficácia: entra, nos termos do 24º da CV, quando o próprio tratado o estipular
É Importante que as convenções sejam publicadas internamente e externamente (art
102 carta das nações unidas)

Às convenções multilaterais aplicam-se as regras dos tratados bilaterais mas com


determinadas particularidades.
Podem ser elaboradas numa conferência internacional (ainda que usualmente em
várias rondas negociais)
Normalmente as organizações internacionais patrocinam as conferências
internacionais.

No caso de uma conferência internacional, como se autentica o texto? (através da


adoção/ assinatura)
Há regras quanto à fixação do texto (artigo 9º) – maioria de 2/3 salvo outro acorde
precedente

Podem existir regras especificas sobre as maiorias necessárias no âmbito das


convenções elaboradas ao abrigo de determinado tratado institutivo de alguma
instituição internacional

Fase do consentimento:
1) Convenções abertas (negociadas, vinculadas e ratificadas pelos estados
elaborantes, mas outros estados podem aderir ao tratado posteriormente)
2) Convenções fechadas (celebradas por conjunto de estados, só eles se podendo
vincular
3) Convenções mistas/semi-abertas/semi-fechadas (para além dos Estados
aderentes, alguns estados e só esses poderão aderir. Ex: Angola não pode, em
função da sua geografia, aderir à EU)
Adesão é a vinculação definitiva dos estados nas convenções internacionais.
Convenções multilaterais conferem a figura do depósito. (custódia ou guarda dos
tratados) (muitas vezes o secretário geral ou um dos estados participantes na
negociação)
Artigo 57: funções do depositário
1) Tem de ser uma figura imparcial
2) Estabelecer cópias autenticadas
3) Recepção de assinaturas
4) Verificar a regularidade das assinaturas
5) Informar os estados terceiros do conteúdo da convenção

Quando se convenciona um tratado, num cruzamento sinalagmático de vontades, é


normal haver um acordo de vontades. É mais difícil acumular regras aplicáveis a tantos
estados nas convenções multilaterais. Tem, portanto, de haver alguma maleabilidade
que permita que certos estados não cumpram tudo ou modifiquem algumas das
obrigações.

Reservas têm varias figuras afins:


-declaração interpretativa: quando o preceito é ambíguo, ele tem um especifico
sentido para o Estado A.
-reservas dissimuladas (fingida de declaração interpretativa) (caso “tementach”)
-declaração politica – declarações politicas que são desprovidos de eficácia jurídica)
(declaração politica no âmbito da supremacia do direito europeu no âmbito do tratado
de lisboa não tem qualquer juridicidade- resposta do TC alemão)
-clausulas do opting-out: caso do tratado de Lisboa em relação à moeda. Tratado que
admite que em certas matérias haja reservas.
-requisitos de formulação das reservas: deve haver unanimidade sobre a reserva de
um Estado. Regra não funcionou porque os consensos eram dificílimos. Tratado de
Viena (19), Estado pode fazer reserva, a não ser que a reserva seja proibida pelo
tratado (por exemplo a convenção de genocídio de 48). Tratado pode aceitar
formulação de reservas sob certa matéria mas não sobre as demais. Quando o tratado
é silencioso sobre a matéria, quid iuris?
1) não são admissíveis reservas que sejam incompatíveis com o fim ou conteúdo do
tratado (19c)
2)existe pequeno numero de estados – velha regra da unanimidade prevalecerá (20/2)
3) critica ao numero 3 (está-se no fundo a criar uma organização que não existe mas já
pode rejeitar ou aceitar as reservas ???)
4) reserva, para todos os efeitos, inclui modificações às regras, logo a formulação de
uma reserva ou a sua revogação devem ser comunicadas às restantes partes (sob
forma escrita)
Em que momento pode ser formulada a reserva? -na assinatura, ratificação ou adesão
E se a reserva for formulada no momento da autenticação? Deve ser confirmada a
reserva no momento da adesão “definitiva”
12 meses é o prazo fixado para a formulação da reserva
-Há um estado que formula uma reserva sob determinado preceito, que as outras
partes aceitam (expressa ou tacitamente pelo silencio) – logo o tratado far-se-à com o
sentido da reserva (não aplicação da norma na esfera jurídica do Estado que a formula)
- Formula-se a reserva mas outros estados formulam objeções simples à reserva. Se
isto suceder, quid júris? A norma não será aplicada entre o Estado que objetaram à
reserva e o Estado que formulou a própria reserva. Mas o que se faz quando a reserva
é modificativa? Aqui haverá situação diferenciada. Não se aplicará a modificação aos
estados objetores, mas aplicar-se-á aos demais estados não objetores
- Estados que objetam qualificadamente (dá nota de que o Estado que emite a objeção
não quer ter relação com o Estado que emite a reserva)
-Reservas e objeções às reservas têm de ser feitas de forma escrita

Invalidades das convenções internacionais (valor jurídico negativo ou desvalor por


desconformidade a um parâmetro normativo superior)
Há nulidades absolutas e relativas (com retroatividade sobre os efeitos, para todos os
efeitos ou só para alguns)
O que é necessário para o tratado ser válido?
-Estados Parte têm de ter capacidade jurídica (requisito subjetivo)
-Vontade perfeita dos estados (não pode haver erro, dolo, coação ou corrupção)
-Objeto terá de ser lícito (não contrariedade a ius cogens ou tratado de hierarquia
superior, pex Carta das Nações Unidas

Vicios relativos à capacidade (do Estado, não dos seus representantes)


- Se determinada Entidade trata com estado mas não é um sujeito de DIP, o tratado
não tem efeito (caso redline)

Vícios de consentimento (46º permite que o Estado invoque junto de outros estados a
nulidade em caso de violação do Direito Constitucional, mas quando haja
inconstitucionalidade formal) (não cai a juridicidade do tratado, somente a vinculação
do sujeito ao tratado)

Nulidade relativa:
-erro
-problemas com os plenipotenciários

44/2 condiciona a invalidade parcial


- clausulas sejam separadas do tratado quanto à sua execução
- clausulas não trnham constituído um fundamento essencial para que as partes se
vinculem à convenção

- nas situações de dolo ou corrupção, os estados vinculados podem invocar a nulidade


total da convenção ou a invalidação apenas de algumas das suas normas
- no caso de violação de normas de ius cogens, a divisibilidade do tratado não será
aceite. A válvula de escape seria meramente a invalidação total

Vicissitudes da vigência da convenção:


(tem que ver com a cessação da vigência das convenções)
- modificação por acordo explicito das partes (39)

Há situações que envolvem especialidades nos tratados multilaterais

41º - pode haver uma modificação entre dois estados no âmbito de um tratado
multilateral embora sujeita a limites:
1) Tratado pode impor que esses acordos estejam sujeitos a autorização
2) Tratado pode proibir acordos modificativos
3) Acordos não podem violar o objeto e os fins do tratado
4) Não pode a alteração em causa ofender os direitos ou prerrogativas de outros
estados

Suspensão e cessação de vigência:


1) Suspensão de vigência pode resultar de uma vontade originaria das partes
(clausula expressa de caducidade) (ex do tratado quanto ao canal do Panamá)
2) Clausulas de caducidade podem estar subjacente a um facto (ex: caducidade do
pacto de Varsóvia) dissolução da politica comunista levou à extinção da aliança
militar
3) Razão de clausula implícita de caducidade

Denuncia ou recesso
(denuncia por iniciativa de uma das oartes – afastamento de clausulas ad aeternum
Deve ser dado um pre-aviso em força do principio da boa fé necessária entre estados.

Quando estamos perante um ato unilateral de desvinculação num tratado bilateral=


reununcia
Quando estamos perante um ato unilateral de desvinculação num tratado
multilateral= recesso

Recessos são possíveis (desde que tenham admitido fora da conferencia, ou possa ser
induzido do próprio tratado) (12 meses de antecedência é o mínimo para o recesso,
mas este é um critério subsidiário)
55º - não se estingue o tratado com o recesso do numero mínimo de estados
necessários para a entrada em vigor de um tratado

Quando a convenção não prevê a cessação


Mas e se as partes tiverem certo tipo de comportamentos? (incumprimento da
convenção (artigo 60) – tem de ser uma violação substancial (ler sobre o tratado de
1925 do tratado do Peru com o Chile)

Se houver violação substancial no âmbito de tratados internacionais podem extinguir-


se as relações jurídicas entre o estado violador e um dos estados ou entre todos os
estados

(67 – também é possível a rutura das relações diplomáticas)

CV não prevê as situações de conflito armado


- há quem entenda que vigora o costume do direito da guerra

Tratados bilaterais cessam


Tratados multilaterais mantêm-se, mas não em relação aos estados beligerantes

Costume revogatório tem o mesmo peso que o clausulado dos tratados

16 – Documento politico ao qual a constituição portuguesa adere, valor determinado


precisamente pelo artigo. Direito cogente prevalece sobre normas constitucionais?
Paulo Otero e Jorge Miranda considera que sim
Ius cogens só valem como tendo hierarquia superior no âmbito do direito
internacional, não no plano interno
Valem nos exatos termos queridos pela ordem jurídica, ou seja, 280 e 281, bem como
artigo 8/2. Supremacia sobre lei ordinária, mas não sobre a constituição – conforme
artigo 119

DUE prevalece sobre a constituição dos Estados?


- Grande parte da doutrina juscomunitarista e o tribunal da união europeu sustentam
que o Direito Europeu se pode sobrepor ao direito interno dos estados
- Constitucional Alemão, Italiano e Francês têm recusado o primado da CRP, excepto
sobre as suas normas estruturais (soberania, direitos liberdades e garantias) – algo
diferente do 8/4.

TC – casos solange – a propósito de direitos liberdades e garantias – se o Direito


Europeu conceder a mesma proteção, então podem aplicar o DUE. Na medida em que
tenham um grau de proteção inferior, o TC julgará a questão e poderá ter a faculdade
de julgar a sua constituição.

TC alemão, ao fungar o tratado constitucional europeu, onde decidiu que as normas de


resultado (espécie de diretiva), ao serem perfeitos pelo direito interno alemão, foram
julgadas inconstitucionais. Julgou-se inconstitucional o ato interno, não a diretiva.

TC entendeu que não há clausula de supremacia do DUE sobre os Estados. Normas que
permitem ao Direito Europeu vigorar são precisamente as normas constitucionais,
dentro dos seus parâmetros.

TC português tem um acordao que parece reconhecer a ultima palavra.

8/4.
Constitucionalistas (JOMI, Blanco, Otero) entendem que o direito aplicável é o direito
convencional, em conjugação com o 6/7.
Poiares Maduro, Jonas Machado entendem que essa é uma visão demasiado estreita,
e que também a jurisprudência do TJUE também deve ser entendido como vigorando
na ordem jurídica interna.
288 do Tratado de Lisboa determina a prevalência. Supressão do artigo 6º da
constituição europeu tem significado jurídico, na opinião do Blanco.

Relações entre direito internacional e lei ordinária-


1) Retira-se do artigo 8º a prevalência do DIP sobre o direito interno, ao dizer
“vigoram na ordem interna após a sua publicação” – o que permite entender
que qualquer ato anterior em contrário perde o seu vigor jurídico, e que,
vigorando durante a vinculação do estado português, têm maior força ativa do
que a força passiva do direito interno.
2) Norma de direito internacional tem aplicação preferente. Semelhante a uma
relação da lei geral e lei especial.
3) Costume tem a mesma hierarquia que os tratados, logo vigorarão de acordo
com o estabelecido
4) 288 tratado de Lisboa – diretivas são normas de resultado, que carecem de ato
legislativo. Se diretivas não forem transpostas, estado incorre em
responsabilidade, com sanções aplicadas pelo TJUE. No que toca aos
regulamentos e decisões do TJUE, aplicam-se diretamente na ordem jurídica
nacional, prevalecendo o regulamento europeu, desaplicando a lei portuguesa.
(o que resulta do caso Simmenthal)
5) Diretivas regulamentares, tribunal relação porto permitiu a aplicação direta
deste tipo de diretivas, apesar de tal não estar previsto nos tratados.

Celebração de convenções internacionais na CRP


- tratados
- acordos internacionais – não há acordos sob forma simplificada na ordem jurídica
interna. Os executive agreements exigem a vinculação definitiva do Estado, o que não
é permitido pela CRP, que distingue a assinatura e a aprovação e assinatura ou
ratificação do PR.

Parlamento pode aprovar tratados e acordos


Governo pode aprovar só acordos
Não é fácil distinguir tratados e acordos, que não têm hierarquia entre si, que carecem
de aprovação do parlmento ou governo, e cuja assinatura pelo PR é obrigatória (caso
contrário serve como veto de bolso)
Quem é que costuma negociar as convenções – geralmente o ministro dos negócios
estrangeiros.
Quanto aos tratados, a CRP não obriga a audições das entidades empregadoras e
outros interessados – só existe a exceção para as regiões autónomas, que podem
intervir nestas negociações. (alínea t 227/1)

Compete à AR
AR aprova tratados e acordos da sua matéria reservada.
161/I remete para o 164 e 165
Assembleia aprova estes tratados por maioria simples

Os tratados incidentes nas matérias de lei reforçada deveriam revestir a maioria


qualificada (CBM) – por analogia procedimental.
Aprovado o tratado, é remetido para o PR para retificação – que, negando, resulta
num “veto absoluto”.
Depois disso deve dar-se nota e transmitir os instrumentos

Governo pode aprovar acordos em todas as matérias constitucionalmente de natureza


concorrencial
Ato de governo que aprova acordo – chama-se decreto
Ato da AR que aprova convenção – chama-se resolução

CBM entende que assinatura é também um ato livre do PR. Ratificação do PR ou


assinatura têm o mesmo grau de liberdade.
Para os jusninternacionalistas, o PR tinha apenas uma faculdade notarial nas situações
em que o governo aprovava por decreto um acordo.

Como a assinatura é uma condição jurídica da existência de Normas, CBM não


comunga desta opinião – 137. Se recusar a assinatura, acordo é juridicamente
inexistente.

TC entendeu que o designadamente não abrange mais matérias – Jorge Sampaio usou
o argumento do Reis Novais (contrário a este entendimento) – acordao 434/99.

Quais são as matérias primárias? (não tem base constitucional)


- Aquelas que não têm acervo constitucional
- lesão direta das competências explicitas constitucionalmente consagradas
- tratado tem hierarquia superior e acordo hierarquia superior (JOMI) – não tem
cabimento factual nenhum
- Presidente da republica não está obrigado a assinar acordo internacional

Fiscalização da constitucionalidade de acordos internacionais:


- o facto de poder ser submetido à apreciação, mostra como a constituição é
hierarquicamente superior ao DIP
Fiscalização preventiva – 278 CRP

279/2 – tratados e decretos, ambos podem ser confirmados por 2/3 – opinião de CBM

Como se resolve uma inconstitucionalidade? Por reserva ou declaração interpretativa,


nos tratados multilaterais.

Fiscalização abstrata sucessiva – se houver insconstitucionalidade com força


obrigatória geral – simplesmente o tratado deixa de vigorar, salvo se se tratar da mera
irregularidade (abrangendo a inexistência e a ) – é o que resulta do 277/2.

Servulo Correia e Bacelar Gouveia – acordos internacionais também devem estar


abrangidos pelo 277/2, não obstante se falar meramente dos tratados internacionais

Sujeitos de DIP
Estados (soberanos)
Grande parte dos aspetos relativos a DIP reportam-se a algo de semelhante ao dos
estados, o sujeito paradigmático

Soberania – encontra-se na teoria da capacidade


Soberania: susceptibilidade de ter direito e estar sujeito a obrigações de Direito
Internacional Publico

Aferição da capacidade de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações.


Convençao de Montevideu (1983) – artigo 1º contem os elementos que um estado
deve apresentar para se apresentar como tal
- Territorio
- capacidade para se relacionar com outros estados
- população

Ius tractum- capacidade para celebrar tratados


Ius legatione- capacidade para manter relações diplomáticas
Ius bellium- uso licito da força, regulada, nomeadamente, pela carta das nações unidas

Estado tem competência genérica, não está sujeita a normas de competência nem
especialidade

Convenção de Montevideu- estado existe independentemente do seu reconhecimento


enquanto Estado.
Reconhecimento do Estado não tem caracter constitutivo.

Reconhecimento do Estado tem natureza declarativa. Mas existem exceções


(tendencialmente negativas):
- existem situações de reconhecimento constitutivo, mediante os quais não se
reconhece o Estatuto de Estados a Estados que se formam em determinadas
circunstâncias.
Doutrina Stinson (1932) – aplica-se o principio – não se deve retirar principio de injuria.
Deicou de ter aplicação depois do reconhecimento do KOSOVO
EUA não reconheciam o Estado criado mediante o uso ilícito da força.

Parecer do TIJ foi irresponsável e abriu uma caixa de pandora ao abrir a possibilidade
de declaração unilateral de independencia

Reconhecimento enquanto ato jurídico unilateral com carater constitutivo

Sujeito de DIP e outros sujeitos são diferentes (em termos de capacidade)

Não reconhecimento do governo de um estado por outro estado pode inviabilizar as


prerrogativas de capacidade plena, como o ius legatione e o ius tractum

Critérios que presidem o reconhecimento do governo:


Há duas teorias:
1) É enunciada num contexto americano – doutrina Escobar-Wilson – doutrina da
legitimidade. Só deveria haver reconhecimento de governo quando os são de
forma legitima à luz do direito interno. (em particular os que se estabelecem
pelo uso da força). Problemas desta doutrina: a)
2) Doutrina da efetividade (1930) – entende que o critério da legitimidade
representaria uma ingerência nos assuntos internos dos estados porque implica
juízo de valor em relação ao direito interno do Estado. Deveria ater-se no
“controlo efetivo, de facto, na ordem interna, para exercer as suas funções”
Para além do Estado Soberano, à luz do DIP, as organizações internacionais também
podem ter capacidade plena.

Sujeitos de capacidade limitada:


- Estados vassalos (figura foi desaparecendo)
- Protetorados (exemplo de Andorra)
- Estado Exiguo (Mónaco) (geralmente é o Ius Bellium que fica em xeque)
- Estado Neutralizado (Proibição de participar em conflitos armados, excepto Legitima
Defesa)
- Santa Sé (doutrina tende a autonomizar a Santa Sé como um sujeito suis generis) (o
que mais se aproxima da figura do Estado em termos de capacidade)
- Beligerantes(ECB entrnde que não tem incidência prática) (importante na
internacionalização de assuntos internos – reconhecimento da personalidade dos
beligerantes tinha função dupla: a) seria uma forma de limitar a responsabilidade do
Estado, se provocasse danos noutro Estado. B) aplicam-se regras de direito
internacional aos Beligerantes, muito particularmente as regras do Direito da Guerra)
e Insurrectos

Reconhecimento de iure – há mudança do poder publico e reconhece de direito o novo


estado
Reconhecimento de facto – reconhecimento temporário da efetividade do seu poder
politico, enquadrado num povo, território e poder.

Beligerante tem personalidade jurídica, insurrecto não, mas houve evolução posterior,
no pos guerra fria

Organização internacional – pessoa coletiva, formada por estados, que prossegue de


objetivos próprios

Organizaçoes intergovernamentais – essencialmente relações de coordenação, não


havendo grandes limites às soberanias nacionais. Ex: OCDE, Naçoes Unidas, Conselho
da Europa

Organizações supranacionais – associações de Estado, com tratado constitutivo,


limitam fortemente a sua soberania nacional. Aqui a organização pode fazer atos com
eficácia jurídica na própria ordem nacional

Conselho da europa e a convenção europeia dos direitos do homem


Conselho da europa é uma organização internacional de âmbito regional e que tem
particular importância no âmbito do DIP, que permite o acesso direto do individuo a
um tribunal internacional.
Individuos não costumam ter acesso direto aos tribunais internacionais. Sempre que
isso acontece o individuo é reconhecido como sujeito de direito internacional.
CEDH é especialmente importante pelos direitos que confere: propriedade, acesso aos
tribunais, ao ponto de se falar de um ius cogens regional

Este processo inicia-se em 1948 – criam um conselho consultivo composto por


ministros dos negócios estrangeiros. Assina-se em Londres o Estatuto do Conselho da
Europa. Artigo 3º assinala aquilo que se vai pretender com o Conselho da Europa:
primado do direito, respeito pelos direitos humanos e direitos fundamentais. Só um
estado que respeite estes princípios de liberdade individual, politica e de respeito pela
democracia é que pode aderir ao Conselho da Europa. Portugal só pôde entrar a 25 de
Abril.
Conselho da Europa é diferente de Conselheu Europeu e de Conselho da União
Europeia.
Orgaos do Conselho Europeu:
1) Assembleia parlamentar (composta por deputados de cada um dos estados
membros – mínimo 2. Só tem poderes consultivos, não deliberativos, apesar de
ter papel importante na designação de juízes
2) Comité de Ministros – um representante de cada Estado
3) Comissariado dos Direitos do Homem – funções de sensibilização dos direitos
humanos – podendo no entanto intervir nos processos em Tribunal
4) Secretariado – secretario e secretario geral adjunto
Houve uma serie de movimentos de diferente designação que no âmbito do Conselho
da Europa, apresentaram projetos de Carta de Direitos do Homem e para
estabelecimento de um tribunal

33 da convenção qualquer estado parte pode fazer queixa.


Tem reflexo no sentido de as sentenças terem reflexo ultravires por as suas
interpretações serem vinculativas.
Não há necessidade de uma vitima, o Estado pode apresentar queixa por qualquer lei
em abstrato.
Também pode servir de proteção de individuo, substituindo-se o Estado a ele e
defendendo-o

Duas condições de admissibilidade da queixa individual:


- exaustão dos meios internos (decorrência da subsidiariedade) – o que significa que há
aqui um obstáculo processual – esgotar as vias de recurso internas. Estão fora os meios
políticos ou legislativos. Aqui não se contam as matérias constitucionais.
Que excepções existem? – tolerância administrativa (Irlanda vs Reino Unido) (se for
mostrado que existe reiteração no direito interno de tolerância para com praticas
lesivas de direitos fundamentais)
É preciso impor uma ação nos tribunais europeus antes de ir ao TEDH? Tribunal
europeu considerou que sim. Mas isto é de difícil compatibilização com o 33/2

Ação de responsabilidade, é necessário? – jurisprudência não é uniforme

Podem haver medidas provisorias que garantam a utilidade da decisão final (evitar a
execução de dois alemães – tema de oral do Tito)
Tribunal não vai substituir os factos alegados no direito interno, a não ser em casos
claramente excepcionais

A logica é de reposição natural, mas nem sempre é possível (veja-se o caso em que o
individuo é preso individamente)
Cabe ao estado definir como vai fazer restituição in natura, mas isso não pode levar a
uma suspensão do estipulado na convenção.

Importante: direito 2º (vida), 6 (processo equitativo), 1 (proteção da propriedade) – do


aditamento nº1

Nações unidas eram as potências do eixo. Carta é iniciada num contexto ainda dentro
da conjuntura da 2ª guerra mundial

Nações Unidas sucederam à sociedade das nações, que é instituída após o termo da
primeira guerra mundial.

SDN não é ratificada pelos EUA. Mais ainda, o critério da unanimidade paralisava as
suas ações

N.U – decisões por maioria qualificada, não obstante o veto permanente junto do
Conselho de Segurança

OIT
OIDPI
OMS, ambas são exemplo de organizações que operam junto das nações unidas.

Há um conjunto de convenções importantes: pacto dos direitos civis e políticos e pacto


dos direitos sociais

Fins estruturantes:
1º - paz e segurança internacionais
Igualdade de direitos entre estados
Autodeterminação dos povos – faculdade dos povos que se encontram sob domínio
poderem decidir livremente o seu próprio futuro, aos quais é concedida a faculdade de
escolherem independencia, autonomia ou manutenção da relação de ocupação.
Cooperação internacional
Cumprimento da boa fé (lealdade à carta)
Resolução Pacífica de conflitos
(nº7 – reserva de jurisdição interna relativamente a matérias que lhe dizem respeito)
(mas não é essa a interpretação que vem surgindo do artigo) “essencialmente” é uma
espada de dois gumes.
Caso namibia: resolução foi sucessivamente repetida durante duas décadas, razão pela
qual se poderá ter criado um costume favorável à descolonização.

Autodeterminação externa distingue-se da autodeterminação interna (há estados que


não têm territórios coloniais mas que são multi-etnicos ou multi-nacionais)

Nações Unidas são, tipicamente, contrárias ao separatismo. Há um historial disto no


Katanga/Catanga (Congo)
Se houver situação de discriminação ou repressão grave, Nações Unidas não se
comprometeriam com a negação do separatismo.

Se o poder central aceitar, dentro da sua ordem jurídica, uma parcela do seu território
em separar-se, as nações unidas aceita-lo-iam (ex: Checoslováquia, Canadá – mas não
se deve ter esta possibilidade de referendos como modelo. Impoe-se a unidade
constitucional no plano interno)

Carta das nações unidas tem a si acopulada a declaração universal dos direitos do
homem. Estado Portugues procedeu a uma recepção constitucional da mesma. (16/2)

Direitos Humanos – direitos dos cidadãos contidos em CI


Direitos fundamentais- direitos dos cidadãos contidos nas constituições

Se estado for objeto de agressão, nem por isso terá direito a retaliação. (Blanco
discorda, e acha que é o pão nosso de cada dia)

Doutrina Stinson está aqui presente (não pode o Estado invadir a esfera/fronteira de
outro Estado)

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