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Cap.I.

: Introdução ao Direito Internacional Público e às Relações


Internacionais

Analise do Direito Internacional Público


O DIP nasceu do facto de existir uma sociedade internacional.
Onde há sociedade, há direito, ou seja, onde há pessoas é necessário que haja regras que as
organizem.
Assim, o DIP é o conjunto de regras que regem a sociedade internacional.

Há uma relação umbilical entre o DIP e o Estado. O DIP afirma-se quando se separaram os
Estados do poder papal e da Igreja.
Atualmente, além do Estado, temos organizações internacionais como sujeito.

Períodos de evolução do Direito Internacional Público


- primeiro período: antiguidade clássica à revolução francesa

Este período em que o DIP está num limbo entre o que será direito e uma espécie de
convenções que os Estados deveriam seguir.

Numa primeira fase, na Antiguidade, vivia-se um período de impérios, emergindo


em Roma a noção de Ius gentium (“direito das gentes”), que se aplicava aos
estrangeiros e a tratados com outros povos.

Numa segunda fase, surge a Idade Média, em que havia um direito centrado na
Europa.
Neste período há a noção de que os Estados cristãos formariam a república cristã
onde emergia o papel do Papa. Era este que determinava o que era uma guerra justa
e uma guerra injusta, resolvia questões religiosas, reconhecia os territórios
descobertos, etc.

Numa terceira fase, surgiu a Paz de Vestefália, da qual resultaram 3 consequências:


- diminuição do poder da Igreja
- afirmação da soberania do Estado (fim das
relações de vassalagem)
- afirmação de um direito internacional (regras
que estabelecem o direito na paz e na guerra)

Esta fase vai ate às revoluções Americana e Francesa.

- segundo período: revoluções liberais até ao presente

Numa primeira fase, da Idade Contemporânea até ao fim da 1ª guerra, surge a noção
de DIP, reafirma-se a ideia de Estado soberano, dá-se a ideia da autodeterminação
dos povos, surge a comunidade das nações civilizadas.
Este período foi caracterizado pela habituação à guerra, dando origem à 1ª Guerra
Mundial.
Criou-se a Sociedade das Nações, que visava prevenir uma futura guerra e garantir a
paz. Contudo, não se conseguiu evitar a 2ª Guerra Mundial.

Numa segunda fase, cria-se a Organização das Nações Unidas, que substituiu a
Sociedade das Nações. Esta englobava as nações vencedoras da guerra, mas foi
estendida a todos os outros Estados, posteriormente. O objetivo principal era a
garantia da paz internacional.
Nos anos 50, 60 e 70 segue-se um período de autodeterminação das colónias.
Durante este período o DIP tem um grande desenvolvimento, aumentando os seus
sujeitos. Passam a existir escolas do mesmo, uma francesa e outra anglo-saxónica.

Numa terceira fase, dá-se a queda do muro de Berlim e a desintegração da união


soviética. Esta fragmentação tornou o mundo unipolar, onde a única potência eram
os EUA.
O fenómeno terrorista deu origem a uma realidade multipolar, que veio a
enfraquecer o Direito Internacional, já que os Estados passaram a intervir de forma
diferente às regras internacionais.

Definição de Direito Internacional Público


São utilizados três critérios:
- critério dos sujeitos: conjunto de normas jurídicas que regulam o direito entre os Estados

Hoje em dia, o DIP envolve mais que Estados, não podendo ser assim definido.

Após a 2ª Guerra Mundial, desenvolve-se esta definição para o conjunto de normas


jurídicas que regulam o direito entre sujeitos de direito internacional.
Contudo, este critério não pode ser aceite, pois as relações entre os sujeitos do
direito internacional podem ser reguladas pelo direito interno.

- critério do objeto: conjunto de normas jurídicas que regulam matérias internacionais por
natureza

Este conceito não foi aceite, pois é impossível encontrar uma fronteira nítida entre as
questões de competência nacional e aquelas que interessam à Comunidade
Internacional.

- critério das fontes: conjunto de normas jurídicas produzidas e reveladas pelo direito
internacional

Falta saber o que é que se destinam a regular, qual o objeto.


Assim, adiciona-se o critério estrutural, ou seja, é o conjunto de normas jurídicas que
se destinam a reger relações jurídicas.

Diferença entre Comunidade Internacional e Sociedade Internacional


Sociedade internacional- este é um conceito mais amplo do que o de comunidade
internacional; faz parte de uma associação inorgânica de pessoas coletivas internacionais
que estabelecem entre si relações jurídicas de natureza pública (ex.: ONU e OMS)
Comunidade internacional- os Estados têm elementos identitários que os aproximam na
promoção do que é o seu “tronco” político, cultural e económico

Na Comunidade internacional as relações que se estabelecem entre os Estados são de


diversa índole. Classificam-se em três categorias:
- relações jurídicas internacionais de subordinação: há um sujeito de Direito Internacional
que se encontra numa posição de domínio em relação a outros sujeitos

Protetorados de DIP: Estado protetor exerce um certo domínio sobre o Estado


protegido. O Estado protegido, no âmbito das relações internacionais, necessita de
autorização do Estado protetor para praticar certos tipos de atos. Os protetorados
tinham como base um Tratado. A permuta desta intervenção era quer se um Estado
agredir um Estado protegido, o Estado protetor assumia o compromisso de defender
o Estado protegido.

- relações jurídicas internacionais de reciprocidade: relações horizontais entre sujeitos de


direito internacional que visam satisfazer os seus interesses recíprocos (ex.: tratado bilateral)

- relações jurídicas internacionais de coordenação: resultam do simples relacionamento


entre Estados e da necessidade sentida por estes de satisfazerem em conjunto os interesses
comuns nos diversos domínios (ex.: preservação da paz e da segurança internacionais)

A juridicidade do Direito Internacional


As regras de Direito Internacional Público por vezes não são acatadas pelos Estados, pelo
que começa a haver problemas relativamente aquilo que é um dos elementos fundamentais
do Direito, a coercibilidade.

Questiona-se se o DIP tem verdadeira natureza jurídica.


A doutrina diverge:
- escola realista

Esta vê o DIP como uma cobertura daquilo que são as relações de força
internacional.
As potências dominantes constroem as regras de Direito à sua medida, evoluindo o
DIP vai evoluindo de acordo com as forças políticas dominantes.

É verdade que as regras de DIP são ditadas pelas potências dominantes, mas isto não
serve para negar a existência do Direito.
Assim, esta escola serve para compreender as relações internacionais e a influencia
destas na formação do Direito.

- escolas positivistas

Estes dizem que o DIP não é direito, porque não há um único legislador, nem um
único tribunal.
Esta argumentação não faz muito sentido, pois o DIP é uma realidade
descentralizada.

- conceções jusnaturalistas

Para estas há muito tempo que o Direito das gentes se baseia no que é Direito
natural, logo a ordem internacional implica, tal como os outros ramos de Direito,
uma subordinação a grandes valores jusnaturalistas (ex.: dignidade humana,
coexistência pacífica entre os Estados).

Podemos concluir que o DIP é um direito incompleto, pois faltam alguns atributos do direito
nos sistemas jurídicos internos, como a coercibilidade. No DIP não se pode dizer que existem
mecanismos de imposição de regras jurídicas, mas estes são, muitas vezes, políticos.

Temos um DIP caracterizado pela descentralização das fontes e do modo de produção das
normas.
Há também descentralização e pluralidade das relações jurídicas que são produzidas por
essas fontes.
O DIP é reconhecido como Direito pelas Constituições dos Estados, pois estes referem-se às
várias fontes de DIP e à sua aplicabilidade interna.

Cap II.: Fontes de Direito Internacional Público


Diferença entre fontes e normas
Fonte- modo de revelação, de regulação de uma norma

Norma- critérios de decisão gerais e abstratos

Existem duas dicotomias importantes:


- fontes formais vs. materiais

Fontes formais- processos de produção e revelação de normas jurídicas


internacionais; podem ser voluntárias (ex.: convenções e tratados) ou fontes de
formação espontânea (ex.: princípio da proporcionalidade)

Fontes materiais- aludem aos valores que fundamentam mesmas normas jurídicas;
são os princípios de DIP, ou seja, enunciados jurídicos de valor internacional que
podem ter origem e ser comum aos Estados (ex.: boa-fé) e outros são princípios
típicos, próprios e específicos das relações internacionais

- fontes meditas vs. imediatas

Fontes imediatas- implicam que as normas se apliquem diretamente e


imediatamente a uma relação jurídica (ex.: convenções internacionais, costume)

Fontes mediatas- medidas de valor e ensinamentos subsidiários que sustentam a


aplicação ou não aplicação das fontes primárias

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