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INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFIA E DE TEOLOGIA

DOM JAIME GARCIA GOULART

FACULDADE DE FILOSOFIA

A LIBERDADE DE IMPRENSA E A SUA UTILIDADE


NA CULTURA DEMOCRÁTICA SEGUNDO JOHN STUART MILL

SERÍLIO VERDIAL MARIA BORGES


NRE: 30116145

FATUMETA
2020

SERÍLIO VERDIAL MARIA BORGES


NRE: 30116145
(ISFIT – 2020) 2

A LIBERDADE DE IMPRENSA E A SUA UTILIDADE


NA CULTURA DEMOCRÁTICA SEGUNDO JOHN STUART MILL

Trabalho conclusivo do curso, apresentado como


requisito parcial à obtenção do grau de licenciatura
em Filosofia pelo Instituto Superior de Filosofia e de
Teologia Dom Jaime Garcia Goulart Fatumeta, Dili.

Orientador: Pe. Bento Barros Pereira, Ms. Com. Social

FATUMETA
2020
(ISFIT – 2020) 3

SERÍLIO VERDIAL MARIA BORGES


NRE: 30116145

Trabalho conclusivo do curso, apresentado como


requisito parcial à obtenção do grau de licenciatura
em Filosofia pelo Instituto Superior de Filosofia e de
Teologia Dom Jaime Garcia Goulart Fatumeta, Dili.

APROVADO: No dia 24 de Janeiro de 2020.

Pe. Bento B. Pereira, Ms. Com. Social Frei Dr. Joel Casimiro Pinto, OFM
(Orientador) (Examinador)

Pe. Justino Tanec, Ms. Teo.


(Decano da Faculdade de Filosofia)
ISFIT

FATUMETA
2020
(ISFIT – 2020) 4

DEDICATORIA

Querido amigo,
Fr. Norberto da Conceição Guterres (+)
Desejo-te sempre na atarasia.

EPÍGRAFE
(ISFIT – 2020) 5

“A liberdade de imprensa não faz sentir


o seu poder apenas sobre as opiniões políticas,
mas também sobre todas as opiniões dos homens.
Amo-a pela consideração dos males que impede,
mais ainda do que pelos bens que produz”.
(Alexis Tocqueville)

LISTA DE ABREVIATURAS
(ISFIT – 2020) 6

o Cf. = Confere.
o J. S. Mill = John Stuart Mill.
o RDTL = República Democrática de Timor Leste.
o Art. = Artigo.
o STL = Suara Timor Lorosa’e.
o ISFIT = Instituto Superior de Filosofia e Teologia Fatumeta.
o Ed. = Edição.
o Trad. = Tradução.
o Vol. = Volume.
o Teo. = Teologia.
o Ms. = Mestrado
o Com. Social = Comunicação Social.
(ISFIT – 2020) 7

AGRADECIMENTOS
Ao escrever esta monografia, foi o resultado de um processo de pesquisa, pela
vivência pessoal e interação com os outros, e foi uma tarefa desafiadora. Agora o resultado
deste processo está pronto para ser lido e avaliado em relação ao sucesso ou não que obtive
nesta tarefa. Entretanto, não seria capaz de escrever este trabalho sem o apoio de algumas
pessoas. Gostaria de usar a oportunidade para dizer obrigado a todos que fizeram parte
nesta jornada possível.
Agradeço еm primeiro lugar а Deus quе me ilumina durante esta caminhada. Ao
reverendo Pe. Bento Barros Pereira, sou grato não apenas pelo acopanhamento acurado do
meu trabalho, orientando-me com precisão e competência indiscutíveis, mas também pelo
apoio e estímulo que me dispensou ao longo de todo o trabalho. Sua generosidade e
paciência foram inestimáveis para que toda esta pesquisa fosse possível.

Agradeço profundamente ao Seminário Maior Interdiocesano de São Pedro e São


Paulo Fatumeta, Dili, Timor Leste. De modo especial ao Reitor, Pe. Eduardo de Almeida,
pelo amor como um pai na casa formação, contudo junto com a equipa formadora nos
ofereceram mais a facilidade no Seminário para nos ajudar a finalizar o nosso Trabalho
Conclusivo. Ao ISFIT, queria agradecer toda a direção do ISFIT, primeiramente ao reitor
Pe. Domingos Alves da Costa, aos vice-reitores, aos docentes, aos funcionários e também
aos empregados, por todo apoio proporcionaram um ambiente propício para o
desenvolvimento do meu trabalho de conclusão de curso.

Agradeço de modo especial também á professora Palmira Sousa Nobre dos Reis,
pela disponibilidade, carinho e paciência para corrrigir essa minha elaboração, contudo a
sua disponibilidade de atendimento em qualquer hora, quando mandei-lhe os textos no
email.

Aos meus pais, que apesar de todos as dificuldades, me ajudaram na realização do


meu sonho. Aos meus amigos de trabalho, parceira e companheiros de pesquisa, por toda a
ajuda  e apoio durante este período tão importante da minha formação acadêmica. Último
do profundo coração queria agradecer também a Diocese de Sagrado Coração de Jesus de
Maliana que me apoia de tal maneira da parte financeira durante o curso.
(ISFIT – 2020) 8

RESUMINDO
John Stuart Mill em princípio definiu a liberdade em duas divisões, primeiro é a
liberdade que cada individo tem, pronuncoiu-se sobre o princípio de dano ou seja que
dizem respeito ao próprio individo (self regarding matters), e o segundo sobre a liberdade
que todo o cidadão tem perante o seu estado.

Mill era um filósofo liberal também utilitarista e defensor dos feministas, tem como
suas obras principais que através daí podemos ver toda a sua vida e toda a sua luta, a sua
obra cujo título Sobre Liberdade refletiu toda sua posição defensora da liberdade humana e
o direito cidadania, exigiu uma liberdade natural dos homens a falar, expressar e agir. Sua
obra Utilitarista exclareceu claramente a utilidade das liberdades que cada individo ou
cidadão deve tomar para chegar ao bem comum, aonde declarou o princípio de maior
felicidade ou seja a maximização dos prazeres, e também uma outra obra principal foi um
ensaio em titulado A Sujeição das Mulheres, ele argumentou perante o custume e sistema
da sua época, exigiu o direito e a participação das mulheres nas ações sociais, e declarou
também o princípio da perfeita igualdade de genêro, aos mulheres para que não sejam
mais servos e submetidas pelo comando dos homens.

Entretanto, falamos sobre A Liberdade de Imprensa, Mill insistiu para que todo o
sistema de governação tanto na democracia como na autocracia, deve permitir a
participação dos cidadãos na construção de estado, através da liberdade de expressão e de
ter acesso a informação, assim que uma nação seja conStrutiva, participativa e inclusiva.

Palavras chaves: Liberdade de Expressão; Imprensa; Discussão, Utilidade, Felicidade.


(ISFIT – 2020) 9

ABSTRACT

John Stuart Mill in principle defined freedom in two divisions, the first is the freedom that
each individual has, he spoke about the principle of harm, that is, they concern the
individual itself (self-regarding matters), and the second about the freedom that every
citizen has before his state.

Mill was a liberal philosopher also utilitarian and defender of feminists, has as his
main works that through there we can see all his life and all his struggle, his book whose
title On Liberty reflected his entire position in defense of human freedom and law
citizenship, demanded a natural freedom of men to speak, express and act. His Utilitarian
book clearly clarified the usefulness of the liberties that each individual or citizen must
take to reach the common good, where he declared the principle of greater happiness, or
the maximization of pleasures, and also another main work was an essay entitled The
Subjection of Women, he argued before the custom and system of his time, demanded the
right and participation of women in social actions, and also declared the principle of
perfect gender equality, for women, so that they are no longer servants and subjected to the
command of men .

However, we talk about Freedom of the Press; Mill insisted that the entire system
of governance, both in democracy and in autocracy, must allow citizens to participate in
state-building, through freedom of expression and access to information, so that a nation is
constructive, participatory and inclusive.

Keywords: Freedom of Expression; Press; Discussion, Usefulness, Happiness.

INDICE

INDICE …………………………………………………………………………...…… 10
(ISFIT – 2020) 10

INTRODUÇÃO............................................................................................................................12

CAPÍTULO I
A VIDA E A OBRA DE JOHN STUART MILL......................................................................13
1.1 VIDA E AS OBRAS DE JOHN STUART MIL………………………..
………………...13

1.1.1 A vida de John Stuart Mill...................................................................................13

1.1.2 As obras de J. S. Mill.............................................................................................15

1.2 O CONTEXTO SOCIO-HISTÓRICO E CULTURAL......................................................18

1.2.1 John Stuart Mill e a política da Inglaterra no século XIX.................................21

CAPÍTULO II
A LIBERDADE DE IMPRENSA E A SUA UTILIDADE
NA CULTURA DEMOCRÁTICA.............................................................................................23
2.1 A LIBERDADE DE IMPRENSA..................................................................................23

2.1.1 A Liberdade............................................................................................................24

2.1.1.1 A liberdade no liberalismo de John Locke..............................................................24

2.1.1.2 A liberdade na democracia de Jean Jacques Rousseau..........................................26

2.1.2 A Imprensa.............................................................................................................26

2.1.3 A liberdade de expressão e a opinião pública.....................................................27

2.2 A UTILIDADE..........................................................................................................29

2.2.1 É a questão da verdade..........................................................................................29

2.2.2 A discussão.............................................................................................................30

2.2.3 O bem e a felicidade...............................................................................................31

2.2.3.1 A felicidade no conceito de Sócrates.......................................................................32

2.2.3.2 A felicidade no prazer hedonismo Epícurista..........................................................32

2.3 A OPINIÃO PÚBLICA NA CULTURA DEMOCRÁTICA.................................................34


(ISFIT – 2020) 11

2.3.1 A democracia..........................................................................................................34

2.3.2 A participação de todo o cidadão na construção de Estado...............................35

CAPÍTULO III
A LIBERDADE DE IMPRENSA E SUA UTILIDADE
NO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO DE TIMOR LESTE...................................36
3.1 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO..................................................36

3.1.1 O direito de expressar e obter discussão..............................................................37

3.1.2 A censura................................................................................................................38

3.1.3 A respeita pela dignidade da pessoa humana......................................................40

3.1.4 A vontade popular.................................................................................................41

3.2 A CONTRIBUIÇÃO DA LIBERDADE DE IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DE ESTADO.....42

3.2.1 O Conselho de Imprensa de Timor Leste............................................................42

3.2.2 O papel dos jornalistas..........................................................................................44

3.2.3 A participação dos cidadãos na média imprensa................................................45

CONCLUSÃO..............................................................................................................................47

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................................49

ANEXOS………………………………………………..........................................…….. 54

INTRODUÇÃO

Nesta época em que vivemos, o serviço dos meios de comunicação social tão
importantíssimos, ainda mais porque tudo é digitalizado, e então a média imprensa assumiu
(ISFIT – 2020) 12

essa função mais avançada e exigente. Dada a sua relevância escolhi para o meu trabalho
conclusivo, A LIBERDADE DE IMPRENSA E A SUA UTILIDADE NA CULTURA
DEMOCRÁTICA SEGUNDO JOHN STUART MILL. É uma temática que nos levará a
refletir sobre a meta, os objectivos e funções da imprensa, bem como o dever de promover
a liberdade de imprensa em qualquer lugar e situação, sobretudo na nossa sociedade. E
John Stuart Mill entende que, a liberdade de imprensa não é somente nos serviços dos
meios de comunicação social e jornalismo, mas deve funcionar também na sociedade
democrática como uma instituição de poder transmissivo e transparante, onde se expôe
como deve ser a relação entre os cidadãos e o estado. Em princípio, como sabemos, o
objectivo da elaboração deste trabalho, é para completar a exigência académica, no meu
curso de filosofia a nível de licenciatura, no Instituto Superior de Filosofia e de Teologia,
D. Jaime Garcia Goulart, Fatumeta-Dili. O segundo objectivo é para aprofundar ou
enriquecer o meu conhecimento filosófico nas pesquisas da área de comunicação social e
política, que tendo a base de toda a reflexão filosófica o pensamento do autor. A pesquiza
na elaboração deste trabalho, baseia-se no método dedutivo e desenvolve-se a partir de um
recolhimento bibliográfico, das obras do próprio autor John Stuart Mill, de outros
relevantes neste assunto.

No primeiro capítulo vamos conhecer em primeiro lugar, quem era o John Stuart
Mill, sua história e antecedentes, pais e familiares, as condições desta época, seu
envolvimento político, suas obras e o tipo de sociedade que ele pertência. No segundo
capítulo vamos estudar na pesquiza das suas obras, e apresentar o pensamento do próprio
John Stuart Mill, o que queria dizer por liberdade de imprensa, em relação aos outros
autores, que ele seguia, e o seu princípio da utilidade com o seu rumo de doutrina. No
terceiro capítulo é que, através da ideia do autor vamos identificar e interpretar a sua
relevância na nossa sociedade, a respeito da liberdade de imprensa, seus funcionamentos e
objectivos de serviços garantidos.

CAPÍTULO I
A VIDA E A OBRA DE JOHN STUART MILL

1.1 VIDA E AS OBRAS DE JOHN STUART MILL


(ISFIT – 2020) 13

Sabemos que toda a nossa vida está sempre em influência pelo corrente da vivência
comunitaria, pela nossa formação humana, mental e chega até a formação de carácter
pessoal. Portanto muitas veses quando apresentamos a nossa naturalidade, por instinto as
pessoas podem nos conhecer por linhas gerais mesmo que ainda não sabem muito bem
interiormente. Entretanto para saber e conhecer que era John Stuart Mill vamos primeiro a
ver suas história de vida e toda a sua obra.

1.1.1 A vida de John Stuart Mill

John Stuart Mill é filho de “James Mill (Angus, 6 de Abril de 1773 - Kensintong,
23 de Junho de 1836) foi um historiador e filósofo escocês” 1. O senhor James Mill casou-
se com Herriet no ano 1805, e eles tiveram uma grande familia com nove filhos.2 Entre os
seus filhos o John Stuart Mill “nasceu em Pentonville, subúrbio de Londres, em vinte de
Maio de 1806”3. Na realidade John Stuart Mill nunca gozava da sua vida infância, porque
“recebeu de seu pai (James Mill) uma rigorosa educação fazendo com que, segundo a sua
biografia, aos três anos de idade, já conhecia o alfabeto grego e, aos oito anos, já lia Platão,
Xenofonte, Heródoto, etc.”4 John Stuart Mill iniciou o seu estudo normalmente como
outras crianças em primeiro lugar na familia onde ele pertencia. No entanto porque o seu
pai é um filósofo e historiador, ele não andou ás escolas ou universidades mas frequentava
as aulas na casa ensinando-se pelo seu próprio pai, com a assistência de Jeremy Bentham e
Francis Palace5. John Stuart Mill era um génio por isso seu pai logo submeteu-o
seguidamente no estudo que ainda “com 14 anos já estudou Química, Botânica e

1
James Mill – Wikipedia, Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Mill, acesso no dia 02 de
Dezembro de 2019.

2
Cf. Colin HEYDT, “John Suart Mill (1806-1873)”, in Revista electronica de filosofia faculdade católica de
Pouso Alegre, 6 (2014) 193.

3
Rodrigo Vitorino Souza ALVES, “Sobre a liberdade: Individo e sociedade em Stuart Mill”, in CEPPG, 25
(2011) 199.

4
Agemir BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação, em Sobre a
liberdade, de J. S. Mill”, in Ágora filosófica, 1 (2012) 11.

5
Cf. ALVES, “Sobre a liberdade”, 199.
(ISFIT – 2020) 14

Matemática na França, e em 1821, quando voltou para a Inglaterra, estudou direito.” 6


Mesmo estudar estas ciências ele na sua vida, preocupava-se também com a importância
do respeito pelos direitos e liberdade dos outros. Portanto as pessoas da sua época o
classificam como um filósofo famoso entre os filósofos das nações de lingua falada inglesa
no século XIX7.

Depois destes períodos educacionais, J. S. Mill quando chegou a idade de dezanove


anos ele começou inserir-se a sociedade em fazer o trabalho “como escriturário da
Compania Britânica das Índias, seguindo os passos de seu pai e como secretário de
Bentham”8. Depois de experimentar o trabalho durante um ano nessa compania

esgotado por todo este treino intensivo que inibiu o seu desenvolvimento afectivo,
Mill sofreu uma profunda depressão nervosa, [e depois] Superada esta crise, Mill
manteve-se fiel aos princípios fundamentais de Bentham, mas alargou
consideralvelmente os seus intereses e procurou novas fontes de inspiração
estudando autores com orientações filosóficas muito diversas9.

Quando um ano depois J. S. Mill recuperou da sua saúde ele começou aproximar-se a uma
mulher chamada “Herriet Taylor”10 e a amou profundamente. A mulher de J. S. Mill “na

6
BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação”, 11.

7
Cf. ALVES, “Sobre a liberdade”, 198.

8
ALVES, “Sobre a liberdade”, 199.

9
Pedro GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, Porto, Porto editora, 2005, 11.

10
Harriet Taylor (Londres, 8 de outubro de 1807 – Avinhão, 3 de novembro de 1858), ou Harriet Taylor Mill,
foi uma filósofa e defensora dos direitos das mulheres. Membro original da sociedade Kensigton, que
produziu a primeira petição requerendo votos para as mulheres, Herriet também defendeu o direito das
mulheres no sentido de serem autorizados a tomar parte no governo local. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Harriet_Taylor, acesso no dia 29 de Abril de 2019.
(ISFIT – 2020) 15

altura tinha vinte e três anos, estava casada e tinha filhos” 11. Herriet Taylor foi uma fonte
motivadora intelectual na vida de John Stuart Mill, e assim que na obra utilitarismo, o
tradutor nos informou que

Mill conheceu e aproximou-se por Herriet Taylor, a mulher que marcou


profundamente a sua vida afectiva e se tornou uma fonte decisiva de estímulo
intelectual. Embora fosse casada, Mill manteve sempre com ela um
relacionamento muito próximo. Acabaram por casar-se em 1851, dois anos após a
morte do seu marido. O casamento foi feliz, mas infortunadamente breve12.

J. S. Mill e Herriet depois de seus casamento, não geram filhos porque em breve “a saúde
de Herriet estava comprometida, vindo a falecer de tuberculose na cidade francesa de
Avignon em 1858, onde Stuart Mill viveu e foi também sepultado em oito de Maio de
1873”13. Pela influênciação da sua mulher na defesa dos direitos das mulheres, J. S. Mill
tomou a questão desse assunto na sua luta, e assim “Mill foi bastante aplaudido pela sua
defesa dos direitos das mulheres e das classes trabalhadoras. Passou os últimos anos de
vida em Avinhão com Helen, a sua enteada. Morreu em 1873.”14

1.1.2 As obras de J. S. Mill

Encontramos bastantes obras e ensaios de J. S. Mill, mas os significantes à nossa


elaboração são as seguintes:

a. Remarks on Bentham’s Philosophy (1833)

11
John Stuart MILL, Sobre a liberdade, Lisboa, Edições 70, 2014, 7.
12
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 11.

13
ALVES, “Sobre a liberdade”, 199.

14
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 11.
(ISFIT – 2020) 16

Por esta obra é que J. S. Mill descreve claramente a moral e as doutrinas proferidas
por Bentham, seu pensamento sobre o estabelecimento do utilitarismo e as
carácteristicas da felicidade que causa o prazer na isenção de dor.15
b. Um Sistema de Lógica Dedutiva e indutiva (1843)
Esta obra é a obra que vem como resposta de J. S. Mill para rejeitar a interpretação
alemã ou a apriori, a respeito do conhecimento sobre o mundo. Para J. S. Mill
todas as coisas que cocebe na mente humana, provém da pesquisa empírica ou das
ciências naturais. E por esta obra Mill tenta a expôr os princípios empíricos dentro
da lógica.16

c. Ensaios sobre algumas questões incertas de economia política (1848)


Foi uma obra que também vale “como uma investigação das aplicações de ideias
económicas ás preocupações sociais. Não era simplesmente um livro de ciência
abstrata, mas também de aplicação, e tratou a Economia Política não como uma
coisa em si mesma, mas como um fragmento de um todo maior.”17

d. Sobre a Liberdade (1849)


Foi uma obra que teve a defesa radical na liberdade de cada pessoa, projetando
ideias que dando a maior contribuição ao liberalismo, junto com o livro de Darwin
«On the origin of Species» publicadas em 1850. 18
E assim abrindo-se “ao
relativismo moral [por onde] Mill considera que toda a gente deveria ser livre para
viver e agir como quiser, desde que não fira os outros.”19

e. Whewell´s Moral Philosophy (1852)

15
Cf. Edward Bulwer LYTTON - John Stuart MILL, Remarks on Bentham's Philosophy (1833), Disponível
em: https://en.wikisource.org/wiki/Remarks_on_Bentham%27s_Philosophy, acesso no dia 02 de Dezembro
de 2019.

16
Cf. Colin HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 198.

17
Colin HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 220.

18
Cf. Francisco Xavier LORES, John Stuart Mill, Bruxelas, European Liberal Forum, 2012, 8.

19
LORES, John Stuart Mill, 8.
(ISFIT – 2020) 17

Mill criticou a afirmação de Whewell, de que as regras morais são verdades que
necessárimente existem e de fato eles são auto-evidentes. Mill entendeu que isso
significa não pode haver progresso na moralidade, e assim o auto-evidente sempre
permanecer. Como consequência os intuicionistas pensam que as regras atuais da
sociedade percisamente são regras absolutamente de carater verdades necessárias.
Este pensamento aparentemente esta na linha do estatus quo, que Mill criticou
retamente.20

f. Considerações sobre o governo representativo (1861)


J.S. Mill analizando-se por esta obra, sobre as questões e soluções da ordem de
cultura democrática, criticando o governo representativo naquela época, que assim
dizia “A ideia pura da democracia, de acordo com a sua definição, é o governo do
povo inteiro pelo povo inteiro, representado de maneira igual.”21

g. Exame da Filosofia de Sir William Hamilton (1863)


Foi uma obra de oposição ao intuicionismo. É nesta sua obra que ele tomando a
base das suas ideias na obra de A system of Logic(1843) condenou seriamente a Sir
Hamilton.22 J. S. Mill o condenou porque segundo ele Sir Hamilton “representou a
maior fortaleza da filosofia intuicionista”23 na Inglaterra.

h. Utilitarismo (1865)
A obra utilitarismo considerava como o fundamento moral, não estão nos conceitos
de justiça mas estavam nas consequências da acção, porque o princípio da utilidade

20
Cf. Laura S. SNYDER, William Whewell”, Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/whewell/,
acesso no dia 2 de Dezembro de 2019.

21
Jhon Stuart MILL, Considerações sobre o governo representativo, Brasilia, Editora Universidade de
Brasília, 1980, 71.

22
Cf. HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 207.

23
HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 207.
(ISFIT – 2020) 18

“defende que as ações estão certas na medida em que tendem a promover a


felicidade, erradas na medida em que tendem a produzir o reverso da felicidade.”24

i. The subjection of Womem (1869)


Mill e Herriet trabalharam junto por esta obra, por onde os dois tentaram a
promover, que a liberdade das mulheres não é meramente para obter oportunidades
a ser agradável e confortável, mas é porque a liberdade das mulheres é uma coisa
natural de ser livres e felizes, o problema era o nosso tratamento e hábitos.25

j. Capítulos e discursos sobre a questão da Irlandia (1870)


Foi uma obra que J. S. Mill coloca sua argumentação sobre a propriedade
camponeza na Irlanda, avalia que; deve haver as instituições sociais, culturais e
econômicas do pais, para que podia melhorar o carácter do povo, aumentaria a
produtividade agrícola e elevaria o nível de justiça do sistema e com isso ajudaria a
manter a ordem social.26

k. Autobiografia (1873)
Era um livro de memórias escrito ao público como uma narrativa, que se reflete
sobre a sua própria vida, em relação direta com a sua educação, com os temas
transversais ao seu trabalho.27

l. The three Essays on Religion (1874)

24
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 48.

25
Cf. LORES, John Stuart Mill, 7.

26
Cf. Laura Valladão de MATTOS, de J. S. Mill e a ‘questão da terra’ na Irlanda: Uma ilustração de sua
visão sobre instituições sociais, in Anais, Niterói, ANPEC, 2016, 2. Disponível em:
http://www.anpec.org.br/encontro/2016/submissao/files_l/i1-3d85d53ec5363dff55618eef292e9e14.docx,
Acesso no dia 03 de Dezembro de 2019.

27
Cf. John Stuart MILL, Autobiography 1873, Copyright Jonathan Bennet 2017, 68.
(ISFIT – 2020) 19

A obra que foi publicada na “primeira publicação pela sua enteada Helen Taylor
em 1874, no ano depois da sua morte,” 28 estas obras “criticaram as ideias religiosas
tradicionais e formularam uma nova alternativa na forma da religião da
humanidade.”29

1.2 O CONTEXTO SOCIO-HISTÓRICO E CULTURAL

Após dois anos da doença, Mill recuperou-se da sua saúde, e assim ele decidiu fazer
um curso da música, ler e escrever as poesias, ou observar às artes que encontrando na
Italia. Ele se envolveu nessas atividades com intenção de deixar a questão do liberalismo30.
Este período e esta situação foram como ocasiões que o encorajaram muito, porque depois,
no ano de 1834 ele começou uma outra coisa nova para continuar a sua ideia sobre
liberdade de expressão através de fundar um jornal chamado o London Review juntamente
com Thomas Carlyle. Por este meio eles concretizaram e descobriram as vantagens da
liberdade de expressão e de imprensa.31

Na luta contra os problemas sociais, “Mill primeiro inicia-se na filosofia, onde


estavam as ideias-e depois escreveu em jornais e em revistas onde estava o combate.” 32
Asim que nas suas publicações, divulgam-se umas das questões que diz

respeito ao individuo em relação à própria conduta, a sua indepêndencia é prerrogativa de


direito, carácter absoluto que deve ser preservado de qualquer despotismo político. O
28
Julie C. Van CAMP, “Three essays on religion”, in Philosofical review. Electornic journal (24.09.2009) 1.
Disponível em: https://ndpr.nd.edu/news/three-essays-on-religion/ acesso no dia 09 de Agosto de 2019,
(Trad. Minha).

29
HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 223.

30
Cf. LORES, John Stuart Mill, 3-4.

31
Cf. LORES, John Stuart Mill, 4.

32
LORES, John Stuart Mill, 3.
(ISFIT – 2020) 20

exercício da liberdade miliana, depende da manutenção de espaços que proporcionam a


livre expressão e associação entre os constituintes de toda e qualquer sociedade. 33

O passo seguinte desta luta foi participar na vida política como deputado, lutando pelas três
questões em acto de reforma como seguintes: a) queria trocar o conceito de “homem” para
“pessoa” isto aí foi a intenção para promover a igualidade do genero ou o direito das
mulheres, porque diz pessoa já é uma generalização ou conjunto dos homens e mulheres, e
se diz homem significa nós não valorizarmos a participação da mulheres num grupo; b)
contra a decisão do governador Eyre de Jamaica que torturando os nativos negros, e c) Mill
procura a involver os proletariados, para a luta contra a censura do acto de reforma que
estava perseguindo pelos militares do império.34 Mas depois Mill perdeu a sua careira pela
defesa desses interesses, porque Louis-Napoléon ganhou na eleição, e tornou-se o
governador. Com isto automaticamente o partido liberal esta fora do governo e Louis-
Napoléon substituiu outro sistema conhecido como sistema autoritarismo. Na sua prática
este sistema foi muito cruel e deshumano.35 Esta nova situação fortificou ainda mais a
posição de Mill como um opositor á sistema autoritarismo do seu governador. Na prática
ele resistiu e continuou lutar como podemos ver

quando o governador da Jamaica puniu cruelmente um preso nativo, torturando até a morte,
Mill lutou na Inglaterra criando um comitê para que o governador fosse julgado, não por
má administração como foi processado, mas por assassinato, [em respeito pelo direito á
vida e a liberdade por todos] Mill argumentava que, os seus próprios direitos não tinham
nenhum valor se as outras pessoas não tinham os mesmos direitos que ele. 36

33
Alexande António NERVO, “John Stuart Mill e sociedade da informação. Liberdade de imprensa, estado e
opinião pública”, in Estudos em jornalismo e mídia, 8 (2011) 522.

34
Cf. HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 197.

35
Cf. LORES, John Stuart Mill, 5.

36
LORES, John Stuart Mill, 5.
(ISFIT – 2020) 21

Aqui entendemos que Mill, não era um homem orgulhoso, mas um homem que se vale a si
e aos seus semelhantes, por isso declarou que, para ele não era válido enquanto não fossem
atribuídos aos outros os mesmos direitos que ele tem. Isto significa que Mill preocupava-se
muito pelo bem-estar das outras pessoas.

John Stuart Mill em relação a economia e a causa social queria que a comunidade
industrial organize cooperativas industriais, porque segundo ele isto é um único caminho
para garantir o direito dos lucros á todos os trabalhadores.37 Aqui J. S. Mill defendeu ainda
mais a política de “laissez-faire”38 e também “ao mesmo tempo preocupado pelas
desigualidades sociais”39 que assim contavam, que ele

defendeu a igualdade completa entre os sexos. Não só o voto feminino se não a paridade
absoluta. Também defendeu o direito de cotracecpção, foi preso quando tinha dezassete
anos por ajudar os pobres a obter contraceptivos. Defendeu o fim da ecravidão e da
igualdade entre todas asraças humanas [e também] foi um inimigo da intolerância e da

superstição religiosa, e amigo da tolerância e do livre pensamento.40

Foi por essas defesas é que transformam a sociedade, por onde não existia mais os servos
que trabalham como escravos.41 Mesmo assim naquele período a situação política na “Grã-
Bretanha ser bastante liberal com relação à esfera pública e política, o mesmo não pode ser
dito com relação aos costumes, sendo muitas obras censurados por estarem em conflito

37
Cf. HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 221-222.

38
Laissez-Faire é expressão escrita em francês que simboliza o libarelaismo económico, na versão mais pura
de capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência, taxas nem subsídios, apenas
com regulamentos suficientes para proteger os direitos de propriedade. Esta filosofia tem início nos Estados
Unidos e nos países da Europa durante o final do século XIX até ao início do século XX. Disponível em:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Laissez-faire, Wikipedia, “Laissez-Faire”, acesso no dia 03 de Dezembro de
2019.

39
LORES, John Stuart Mill, 1.

40
LORES, John Stuart Mill, 1.

41
Cf. BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação”, 12.
(ISFIT – 2020) 22

com os bons cotumes”.42 Em resumo podemos dizer que nesta época é que esta nação vivia
como “sociedade já gozava de muitas liberdades (mas não tantas quanto nos dias de
hoje)”.43

1.2.1 John Stuart Mill e a política da Inglaterra no século XIX

John Stuart Mill viveu na época em que a Inglaterra era reinado por Rainha Vitória
em 1837-1901. Quando a Vitória tomou a posse como rainha, ela teve dezaoito anos de
idade, e ao passo que Mill já teve trinta e um anos.44 Sabemos que no regime monarquico,
o poder soberano reside-se numa descendência familiar, portanto quando o rei morreu, o
seu reinado automaticamente transfere se a seu filho. Mas na época de 1837-1901 o
reinado de Inglaterra transferiu-se para a Vitória porque o rei Guilerme VI que era o tio da
Vitória faleceu não gerou filhos a retomar o seu reinado. 45 No reinado de Vitória
políticamente a Inglaterra era “ocupada por dois partidos, os Liberais e os Tories
(porteriormente denominados conservadores).”46 O partido Tories era o partido que
conserva as doutrinas políticas vitorianas, enquanto o partido Liberal era o partido que
defendeu o direito e a liberdade de todo o cidadão. Era por isso que Mill aderiu se ao
partido liberalismo47 e isto dava certo porque o sistema político do partido liberal estava
mesmo na linha dos seus pensamentos que se fundamenta na luta pelo direito de liberdade,
direito da igualidade, direito das posses, etecetera. A sua participação nesse partido levou
Mill a representar o povo concretamente “para ocupar uma cadeira parlamentar.”48

42
BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação”, 12.

43
BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação”, 12.

44
Cf. Debora SILVA, “Era Vitoriana”, in Estudo prático (21.03.2014) Disponível em:
https://www.estudopratico.com.br/era-vitoriana/, acesso no dia 3 de Dezembro de 2019.

45
Cf. Debora SILVA, “Era Vitoriana”, in Estudo prático (21.03.2014) Disponível em:
https://www.estudopratico.com.br/era-vitoriana/, acesso no dia 3 de Dezembro de 2019.

46
Debora SILVA, “Era Vitoriana”, in Estudo prático (21.03.2014) Disponível em:
https://www.estudopratico.com.br/era-vitoriana/, acesso no dia 3 de Dezembro de 2019.

47
Cf. LORES, John Stuart Mill, 5.
(ISFIT – 2020) 23

John Stuart Mill desde a sua careira como deputado, procurando juntar se aos
“líderes das classes dos trabalhadores para desarmar um confronto potencialmente perigoso
entre as tropas do governo e os trabalhadores que estavam protestando contra a derrota do
Ato de Reforma de 1866.”49 Juntamente com os trabalhadores ou seja os proletariados, eles
agiram-se contra o partido conservador Tories, principalmente estavam contra a realidade
de “restauração do prestígio da Coroa Inglesa e o enriquecimento da classe burguesa, além
da implantação dos rígidos valores morais e da repressão aos críticos das idéias vitorianas e
a perseguição ás pessoas que não seguiam os valores morais propostos pelo regime.” 50
Estas coisas no reinado de Vitória era já como dogma e Mill lutava contra ele porque
“tinha verdadeira aversão aos dogmas.”51 De facto na realidade houve a situação onde os
cidadãos estão livres por escravidão e outros, mas há também “muitas obras censuradas por
estarem em conflito com os “bons costumes.” 52 Os bons costumes aqui eram as ideias
vitorianas que o partido Tories conservando.

Portanto o reinado da Vitória de 1837-1901 era “um período marcado pela prosperidade e
paz, sendo conhecido como Pax Britannica, pois o desenvolvimento foi alcançado com
poucos conflitos armados.”53

48
HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 197.

49
HEYDT, “John Stuart Mill (1806-1873)”, 197-198.

50
Debora SILVA, “Era Vitoriana”, in Estudo prático (21.03.2014) Disponível em:
https://www.estudopratico.com.br/era-vitoriana/, acesso no dia 3 de Dezembro de 2019.

51
LORES, John Stuart Mill, 5.

52
BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade e liberdade de expressão e de informação”, 12.

53
Debora SILVA, “Era Vitoriana”, in Estudo prático (21.03.2014) Disponível em:
https://www.estudopratico.com.br/era-vitoriana/, acesso no dia 3 de Dezembro de 2019.
(ISFIT – 2020) 24

CAPÍTULO II
A LIBERDADE DE IMPRENSA E A SUA UTILIDADE
NA CULTURA DEMOCRÁTICA

2.1 A LIBERDADE DE IMPRENSA

Hoje em dia, nesta era digitalizada a liberdade de imprensa é classificada como um


dos conceitos básicos nos serviços técnicos e profissionais do jornalismo, nos média e em
todo os canais de informações. Mesmo assim a liberdade de imprensa dentro da vida social
a nivel nação foi também um dos factores mais importantes ligado ao desenvolvimento
nacional de um sistema democrático e liberal, aonde se caracteriza sobre qual deve ser a
relação entre o estado e o seu povo principalmente nas expressões das suas ideias ou
(ISFIT – 2020) 25

opiniões para o dezenvolvimento.54 Portanto na nossa percepção entendemos antes, que a


liberdade de imprensa é uma ação de liberdade em expressar-se, falar, agir e comunicar por
vontade própria de uma pessoa ou de um grupo através de um meio de comunicação, seja
ele o jornal, rádio, televisão, internet, com enorme expressão nos dias de hoje.

2.1.1 A Liberdade

No dicionário universal de Lingua Portuguêsa, a liberdade é definida como “o gozo


dos direitos do homem livre; faculdade de uma pessoa poder dispôr de si; autonomia; s. f.
pl. Privilégios.”55 Isto significa que o homem vive a sua vida em ação, baseada na sua
própria vontade e no seu próprio ser como dever ser. Mill descreve a sua compreensão
sobre a liberdade em duas partes fundamentais. O primeiro trata se da liberdade de um
indivíduo e a segunda da liberdade de todo o cidadão perante o seu estado.

A respeito da liberdade do individo Mill proferiu que em “toda a interferência (quer por
parte do Estado, quer por parte dos outros individuos) em assuntos que só dizem respeito
ao próprio individuo (ou, como Mill por vezes lhe chama, self-regarding matters).”56
Enquanto a liberdade é uma liberdade comunal, isto refere se a liberdade que todo o
cidadão tem perante o seu Estado e isto precisa ser respeitada da parte dos governantes que
muitas das vezes demostraram uma atitude de repressão.57 A respeito desta é que Mill
declarou “a liberdade significa proteção contra a tirânia dos governantes políticos. Pensava
que os governantes [provavelmente] estavam numa posição necessáriamente antagónica ao
povo que governavam”.58 Portanto a liberdade que entendemos aqui por Mill, é uma
liberdade não meramente livre por vontade de querer e agir, mas uma liberdade que deve
ter o seu raiz na natureza humana, isto é sem opressão de nenhum parte.

2.1.1.1 A liberdade no liberalismo de John Locke


54
Cf. MILL, Sobre a liberdade, 49-51.

55
Dicionário universal de lingua portuguêsa escolar, Texto editora, 3a edição, Lisboa-1996, 431.

56
MILL, Sobre a liberdade, 8.

57
Cf.MILL, Sobre a liberdade, 28.

58
MILL, Sobre a liberdade, 28.
(ISFIT – 2020) 26

Locke era um célebre “constituicionalismo liberal” 59, que defendeu o direito e a


liberdade dos homens sobre o estado tirânico. Foi por isso ele contextualmente na sua
sociedade contestou a monarquia Inglaterra dizendo que

a monarquia não se fundamenta no direito divino [...]. A sociedade e o Estado nascem do


direito natural, que coincide com a razão, a qual diz que, sendo todos os homens iguais e
independentes, “ninguém deve prejudicar os outros na vida, na saúde, na liberdade e nas
posses”. São portanto “direitos naturais” o direito à vida, o direito à liberdade, o direito à
propriedade e o direito à defesa desses direitos.60

Portanto para Locke o direito é uma uma coisa natural e o homem por natureza luta por
este seu direito. Luta para o garantir, à vida, à liberdade, à saúde, e à propriedade.
Entretanto Locke acrescentou isto concretiza se no “que leva o homem a agir e determina a
sua vontade e as suas ações [para o que] é a busca do bem-estar e da felicidade.” 61 Quer
dizer nenhum homem ou grupo ou poder pode violar o direito dos outros por qualquer
razão.

Locke não falou de uma liberdade sem regras. Mas ele falou de uma liberdade que
deve ser ajustada por uma lei, para que não possa haver prejudicados. 62 Portanto para
Locke a lei deve ser um como instrumento reguladora “promulgada através das luzes da
natureza ou seja, a lei que a própria razão humana pode descobrir” 63. Segundo ele uma lei
deve ser assim porque isto se fundamentada nas razões racionais, portanto “os cidadãos
renunciam unicamente ao direito de se defenderem, cada qual por conta própria, com o que

59
Giovanni REALE - Dario ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, Vol.4, São Paulo, Paulus,
2005, 108.

60
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 107.

61
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 107.

62
Cf. REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 107.

63
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 107.
(ISFIT – 2020) 27

não enfraquecem, e sim fortalecem os outros direitos.” 64 Locke insistiu para que a lei fosse
combinada ou seja fixada por razões humanas, porque ele descobriu que antes da lei, o
homem tem em sí “o poder de manter suspensa a execução de seus desejos, a fim de
examiná-los, atentamente e ponderá-los, fortalecendo assim aquele poder concreto.”65

2.1.1.2 A liberdade na democracia de Jean Jacques Rousseau

Jean Jacques Rousseau era “um iluminista, porque considera a razão como um
instrumento privilegiado para a superação dos males em que séculos de desvio haviam
lançado o homem, e para a vitória sobre eles”.66 Além de ser um iluminista ele também era
“um jusnaturalista, porque repõe na natureza humana a garantia e os recursos para a
salvação do homem”67. Entretanto segundo ele “o homem nasceu livre, e, todavia, em todo
lugar encontra-se em cadeias.”68 É portanto, para não cair nas cadeias, o que também
significa não viver sem liberdade segundo Rousseau

a única solução é que cada homem firme um contrato com todos os outros homens: «cada
um de nós partilha a sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral,
e recebemos em corpo cada membro como parte indivisível do todo. Cada associado une-se
a todos e não se une a ninguém em particulhar; deste modo, obedece apenas a sí mesmo e
continua tão livre quanto antes.»69

Entretanto descobrimos que a liberdade restituida por contrato social é a liberdade que
cada cidadão tem de compartilhar os seus direitos e posses a favor de todos, em respeito
pelo bem comum. Por isso Rosseau salientou que “se quiser tornar à sua vontade

64
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 108.

65
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 107.

66
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 283.

67
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 283.

68
REALE-ANTISERI, História da filosofia. De Spinoza a Kant, 284.

69
Dmitri Georges LAVROFF, Histórias das ideias políticas. Da antiguidade ao fim do século XVIII, Lisboa,
Edições 70 Lda, 2006, 219.
(ISFIT – 2020) 28

particular, deixa de ser livre, pois insurge-se contra a vontade geral, que é a sua verdadeira
vontade. Obrigar um cidadão a conformar-se à vontade geral não é limitar a sua liberdade,
mas sim pelo contrário, forçá-lo a ser livre.”70

2.1.2 A Imprensa

A palavra imprensa etimológicamente herdada da Língua Inglesa, por onde


distinguimos o “speech (expressão), print (imprimir), press (imprensa), e the press (a
imprensa).”71 Enquanto no dicionário de Lingua Portuguêsa define a imprensa como “um
conjunto dos jornais, revistas e outras publicações periodicas, ou seja o conjunto dos
jornalistas”.72 E assim podemos entender a imprensa nessas três definições seguintes, a
imprensa é:

(a) Uma máquina de imprimir (impessora ou tipografia) como (b) qualquer meio de
comunicação de massa, ou ainda, (c) um conjunto deles, a passagem do primeiro para os
outros sentidos, altera radicalmente o locus do sujeito da liberdade de expressão vinculado
a cada um dos três sentidos, vale a dizer do individo-cidadão para a instituição-empresa. 73

Muitas vezes entendemos que, a imprensa é um assunto tratado pelos mídia e dos
jornalistas, mas Mill não abordou esse assunto meramente neste mundo jornalístico e
comunicação. Conforme a sua obra sobre a liberdade, ele o trataou em relação a liberdade
so homem e do poder dos governantes. Isto se encontra propriamente no segundo capítulo,
no qual ele trata da liberdade de pensamento e discussão, e depois no desenvolvimento do
conteúdo inicia-se com o assunto da liberdade de imprensa. Para Mill a liberdade de

70
LAVROFF, Histórias das ideias políticas, 221.

71
Venício A. DE LIMA, “A censura disfarçada”, in Venício A. DE LIMA et.al. (Eds.), Liberdade de
expressão. As várias faces de um desafio, 1ª edição, São Paulo, Paulus, 2013, 95.

72
Dicionário universal de lingua portuguêsa escolar, 398.

73
LIMA, “A censura disfarçada”, 96.
(ISFIT – 2020) 29

imprensa é “uma das salvaguardas contra um governo corrupto ou tirânico.”74 Significa a


imprensa por sua natureza e a sua função social pode garantir e assegurar a liberdade do
cidadão para se expressar contra um poder tiranico e ilegítimo do estado. De modo jeral
exerce se na “capacidade dos individos de ler, o que vale a dizer, implica a existência de
um público leitor.”75

2.1.3 A liberdade de expressão e a opinião pública

O Diocionário Universal da Lingua Portugesa Escolar define a expressão como um


“acto de exprimir; representação escrita; frase; gesto; importância.”76. Portanto podemos
dizer que é uma ação de expôr o que está no nosso interior, através da escrita, dos gestos e
dos outros meios de comunicação. O que se expressa depois torna se como uma coisa
comum ou social e assim isto seja também como uma opinião pública. Para Mill a opinião
pública são as avaliações observadas pelos individos, cidadãos perante o estado ou a
sociedade e é isso que ele diz em relação ao funcionamento do governo, ou seja, que deve
exercer de acordo com as opiniões públicas, agindo de acordo com o que o povo propõe
para o bem de todos.77 Ele salientou ainda que “caso uma opinião constituísse um bem
pessoal sem qualquer valor, excepto para quem a tem, e se ser impedido de usufruir desse
bem constituísse apenas um dano privado, faria alguma diferença se o dano estava a ser
infligido apenas sobre algumas pessoas, ou sobre muitas.”78 Essa significa temos a
liberdade de expressão, mas tambem devememos avaliar em primeiro lugar o bem de todos
que o pessoal. Assim, a opinião pública é como um exame, onde inevitavelmente nós
sujeitamos as críticas e sugestões á nossa opinião expressada, tornando-se forte, útil e é
aceitável a todos.79 Portanto podemos dizer que Para Mill a liberdade de expressão e a
opinião pública são a própria liberdade de imprensa.

74
MILL, Sobre a liberdade, 49.

75
LIMA, “A censura disfarçada”, 98.

76
Dicionário universal de língua portuguêsa escolar, 336.

77
Cf. MILL, Sobre a liberdade, 51.

78
MILL, Sobre a liberdade, 51.
79
Cf. MILL, Considerações sobre o governo representativo, 112.
(ISFIT – 2020) 30

Dois séculos antes o fundamento de defender a liberdade de imprensa já era


estabelecida pelo John Milton na Inglaterra, exatamente no ano de 1644. Neste ano Milton
insistiu ao parlamento para que tomasse em consideração o direito a todo o individo do seu
livre-arbítrio, a expressar-se.80. Milton contestou fortemente dizendo que “dai-me a
liberdade para saber, para falar e para discutir livremente, de acordo com a consciência,
acima de todas as liberdades.”81 Deste modo o individuo através “da capacidade individual
de livre-arbítrio e da consequnte necessidade de cada um se expressar e se expor ás
diferentes versões sobre um assunto alcança a verdade.”82

2.2 A UTILIDADE

John Stuart Mill na sua obra utilitarismo, preocupa-se com a utilidade de todas as
coisas, ou seja das éticas expressivas, principalmente o que se refletimos nesta elaboração,
foi a preocupação pela utilidade das expressões e informações, a que tratamos sobre a
utilidade da liberdade de imprensa. O célebre Epícuro diz “o homem é um ser sempre em
busca do prazer e/ou de sua felicidade, então, todas as nossas ações devem ser pensadas
segundo as suas consequências práticas” 83 no sentido em que vivemos sempre na procura
da felicidade, mas deve haver uma previsão dos seus resultados que há-de vir. Ora a
utilidade segundo Mill é

como um fundamento da moralidade, defende que as acções estão certas na medida em que
tendem a promover a felicidade, erradas na medida em que tendem a produzir o reverso da
felicidade. Por felicidade, entende-se o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e

a privação de prazer.”84

80
Cf. DE LIMA, “A censura disfarçada”, 96.

81
DE LIMA, “A censura disfarçada”, 96.

82
DE LIMA, “A censura disfarçada”, 96.

83
BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade”, 14.
84
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 48.
(ISFIT – 2020) 31

Portanto a utilidade, conforme a definição acima por Epicuro e Mill, concebemos que é o
principio da maior felicidade que gera os prazeres, Mas Epícuro preocupa-se pela
consequência da nossa ação humana e Mill esclareceu ainda mais a medida das certezas e
incertezas das nossas ações que devemos gerir.

2.2.1 É a questão da verdade

A questão da verdade tem de haver com a questão da utilidade. O dicionário de


filosofia na sua defenição sobre verdade compreende a como uma “qualidade em virtude
da qual um procedimento cognoscitivo qualquer torna-se eficaz ou obtém êxito.”85
Significa ha correspondência do que está na nossa mente com o fato da realidade.
Podemos dizer que o que nós pensamos e o que se verifica na realidade deve ter relações
ou fatos provados. Mas para John Stuart Mill, a sua convicção sobre a verdade
fundamenta-se não do ponto de vista da verdade pessoal mas numa verdade coletiva,
aonde todos aceitam e não haver mais discussões.86 Por exemplo, se for uma opinião
lançada por uma pessoa sobre um assunto ao público e depois todos concordam, isto
significa que a opinião expressada é verdadeira. Mesmo assim, antes de tudo Mill dizia que
um individuo como pensador não “pode ser um grande pensador se não reconhecer que,
enquanto pensador, o seu dever é seguir o seu intelecto a quaisquer conclusões a que possa
levar.”87 Desa forma segundo Mill “à medida que a humanidade se desenvolve o número
das doutrinas que já não são questionadas ou duvidadas, estará constantemente a aumentar;
e o bem-estar da humanidade pode quase ser medido pelo número e pela importância das
verdades que chegaram a um ponto em que já não são contestadas.”88

2.2.2 A discussão

85
Nicola ABBAGNANO, Dicionàrio de filosofia, 1ª edição brasileira, Trad. Alfredo Bosi, São Paulo,
Martins fontes Ltda, 2007, 994.

86
Cf. MILL, Sobre a liberdade, 88.

87
MILL, Sobre a liberdade, 75.
(ISFIT – 2020) 32

A discussão é um diálogo sobre um assunto ou uma opinião que nela implica a


expressão integral de um individuo. Isto é implica a inteligência, a emoção, e mesmo a sua
espiritualidade. Em relação a esta Mill disse que “a própria utilidade de uma opinião
constitui matéria de opinião - tão disputável, e tão aberta à discussão, e precisa tanto de ser
discutida, como a própria opinião.”89 Assim isto esta dentro do mundo de liberdade de
imprensa, no qual a opinião sempre esta aberto a contestação, ao debate e ao diálogo. Mill
salientou ainda mais que “as pretenções de uma opinião pública a ser protegida do ataque
público assentam não tanto na sua verdade, mas sim na sua importância à sociedade.”90
Portanto se haver discussão sobre um assunto lançado, isto automaticamente nos leva rumo
a uma meta para alcançar a sua verdade e a sua utilidade. De outra parte quando uma
opinião é colocada ao público

não pode haver qualquer discussão justa da questão da utilidade quando um argumento tão
fulcral pode ser usado por um lado mas não pelo outro. E na realidade, quando o direito ou
o sentimento pùblico não permitem que a verdade de uma opinião seja posta em causa, há
igualmente pouca tolerância em relação a uma rejeição da sua utilidade. O máximo que se
permite é uma atenuação da sua necessidade absoluta, ou da culpa real em rejeitá-la.91

2.2.3 O bem e a felicidade

O princípio do utilitarismo declara que “a felicidade é desejável, e é a única coisa


desejável, como um fim; todas as outras coisas são desejáveis apenas enquanto meios para
esse fim”.92 No vida prática a felicidade é de facto um maior desejo da pessoa humana quer
a nível pessoal como também a nível comum. Por isso Mill afirma que “a única evidência+
que se pode produzir para mostrar que uma coisa é desejável é o facto de as pessoas
88
MILL, Sobre a liberdade, 88.

89
MILL, Sobre a liberdade, 59.

90
MILL, Sobre a liberdade, 58.

91
MILL, Sobre a liberdade, 60.
92
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 75.
(ISFIT – 2020) 33

efectivamente a desejarem”.93 Na verdade a felicidade é um bem porque ela é o fim de


todos os desejos dos homens, e portanto “para mostrar que a felicidade é um bem: que a
felicidade de cada pessoa é um bem para essa pessoa e, logo a felicidade geral um bem
para o agregado de todas as pessoas”.94 Mesmo assim segundo a ética utilitarista a
felicidade não deve parar só na felicidade individual mas sim deve chegar a felicidade
geral. A respeito deste Mill disse que

na ética utilitarista, o objecto da virtude é a multiplicação da felicidade: as ocasiões em que


qualquer pessoa (exepto uma em mil) tem o poder de a multiplicar a uma escala abrangente
(por outras palavras, de ser um benfeitor público), são excepcionais, apenas nessas ocasiões
uma pessoa é chamada a considerar a utilidade pública; em todos os outros casos, a
utilidade privada, o interesse ou felicidade de apenas algumas pessoas, é tudo aquilo que
tem de dar atenção. Apenas aqueles cujas acções têm uma influência que se estende à
sociedade em geral precisam de se preocupar habitualmente com uma objecto tão amplo.95

Deste modo a felicidade também da o sentido de ser “um dos fins da conuta e,
consequentemente, como um dos critérios da moralidade”.96

2.2.3.1 A felicidade no conceito de Sócrates

Sócrates no seu entendimento sobre a felicidade do homem, parte propriamente da


essência do homem que é a alma. A alma é entendida como a conciência, a inteligência e a
moral do ser humano.97 Baseando se neste entendimento Sócrates disse que “a felicidade
não pode vir das coisas exteriores, do corpo, mas somente da alma, porque esta e só esta é
a sua essência. E a alma é feliz quando é ordenada, ou seja, virtuosa.”98 Ao afirmar assim
93
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 75.

94
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 76.

95
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 60.

96
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 76.
97
Cf. Giovanni REALE - Dario ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga Vol.1, 3ª edição, São
Paulo, Paulus, 2007, 95.

98
REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 97.
(ISFIT – 2020) 34

Sócrates demostra que a felicidade é bem diferente dos prazeres corporais. Os prazeres
corporais são coisas exteriores enquanto a felicidades não são. A felicidade é um estado de
alma feliz ou estado de alma virtuosa ou está em ordem.99 Portanto um ser humano que
vive feliz significa a sua alma é feliz, é virtuosa e assim ele ou ela é concerteza virtuoso.
Segundo Socrates “quem é virtuoso, seja homem ou mulher, é feliz, ao passo que o injusto
e malvado é infeliz. Assim como a doença e a dor da física são desordem do corpo, a saúde
da alma é ordem da alma, e essa ordem espiritual ou harmonia interior é a felicidade.”100

2.2.3.2 A felicidade no prazer hedonismo Epícurista

A maior parte dos filósofos modernos, interpretavam negativamente a concepção


epicurista sobre a felicidade do prazer hedonismo, onde criticaram que os epicuristas
fundamentaram suas doutrinas só apenas nos prazeres que é comparando-a do prazer dos
animais.101 Mas Mill esclareceu em defesa dos epicuristas dizendo, que perante os seus
opositores, os epicuristas “responderam sempre que não eram eles, mas os seus acusadores,
que representavam a natureza humana a uma luz degradante, pois a acusação supõe que os
seres humanos não são capazes de ter quaisquer prazeres além daqueles que são acessíveis
aos porcos.”102 Eis a declaração do Epícuro “eu vou cuspir sobre a beleza da moral e sobre
todos aqueles que admiraram toda a sua beleza, mesmo todo isso dão prazer.”103 Para
Epicuro “a essência do homem é material, também necessáriamente será material o seu
bem específico, aquele bem que concretizado e realizado, torna o homem feliz. E este bem
é a natureza, considerada, que nos diz sem meias palavras, como já vimos: o bem é o
prazer.”104 Portanto segundo ele comcerteza uma vida feliz está no seu prazer não em ourta
coisa. Epicuro disse que

99
Cf. REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 97.

100
REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 97.

101
Cf. GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 49.

102
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 48.

103
Simon Petrus L. TJAHJADI, Petualangan intelektual. Konfrontasi dengan para filsuf dari zaman Yunani
hingga zaman moderen, Jakarta, Kanisius, 2004, 82.
(ISFIT – 2020) 35

o verdadeiro prazer consite na “ausência de dor no corpo” (aponia) e na “ausência da


perturbação da alma” (ataraxia), [portanto] quando dizemos que o prazer é um bem, não
aludimos, de modo algum, aos prazeres dos dissipados, que consistem em torpezas, como
crêem alguns que ignoram o nosso ensinamento ou o interpretavam mal, aludimos ao
contrário, à ausência de dor no corpo e à ausência de perturbação da alma. portanto nem
libações e festas ininterruptas, nem gozar com crianças e mulheres, nem comer peixe e tudo
o mais que uma mesa rica pode oferecer são fonte de vida feliz, mas sim o sóbrio
raciocínar, que perscruta a fundo as causas de ato de escolha e de recusa, e que expulsa as
falsas opiniões por via das quais grande perturbação se apossa a alma.”105

A aponia e ataraxia estão ligados interdependentes. Quer dizer na aponia a ausência de dor
signifca ter cuidado com a saúde do corpo, na ataraxia ou seja para chegar a tranquilidade
da alma devemos seguir os quais são naturais e necessários e não deve haver excessivo. 106
Portanto para alcançar uma vida feliz segundo os epicuristas “o homem deve fechar-se em
si, e permanecer distante da multidão e dos encargos políticos que só trazem perturbação e
fastio. A única ligação com os outros a ser cultivada deve ser a amizade que nasce
certamente pela busca do útil ou para ter determinadas vantagens.” 107 Assim entendemos
que os epicuristas são indiferentes porque preocupando-se só a si próprio e o seu bem estar.

2.3 A OPINIÃO PÚBLICA NA CULTURA DEMOCRÁTICA

Na época em que Mill viveu, a opinião pública estava progredindo pouco a pouco,
principalmente sobre as publicações dos panfletos, livros, artigos, etc, mesmo que a lei da
Inglaterra já tivesse uma certa consideração pela imprensa, ainda estava ameaçada na sua
prática, porque o debate político funcionava raramente. 108 Significa que o estado liberal de
Inglaterra naquela época, tinha o respeito de ouvir o seu povo, mesmo que a participação

104
REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 268.

105
REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 269.

106
Cf. REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 268.

107
REALE - ANTISERI, História da filosofia. Filosofia pagã antiga, 268.

108
Cf. MILL, Sobre a liberdade, 49.
(ISFIT – 2020) 36

fosse mínima principalmente no funcionamento do estado e na política. Assim Mill dizia


que

podemos supor que agora não será necessário qualquer argumento contra a permissão de
uma legislatura ou executivo, cujos interesses não sejam idênticos aos do povo, que
prescrevam opiniões ao povo e determinem que doutrinas ou argumentos lhe será permitido
ouvir.109

Ao dizer assim Mill encorajou o povo a participar no funcionamento do Estado, avaliar,


dar opiniões e a fazer críticas construtivas aos governantes para que não praticassem o
abuso de poder, e ao mesmo tempo encorajou o povo a desafiar os políticos para que ajam
assim segundo a vontade do povo. Na cultura democrática a liberdade de expressão deve
ser garantida com uma lei que funciona como instrumento reguladora. E todos os cidadãos
na pratica da sua liberdade de se expressar devem submeter se à lei.

2.3.1 A democracia

Já é um conhecimento comum, a famosa expressão fundamental da democracia que


afirma “o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da terra
(Abraham Lincoln).”110 Isso significa, a democracia é uma forma do governo no qual o
poder vem do povo, e o povo foi o primeiro motivo de funcionamento do estado. Segundo
Mill, na democracia “o governo identifica-se inteiramente com o povo, e que jamais pensa
em exercer qualquer poder de coerção, a não ser em concordância com o que pensa ser a
voz do povo.”111 Aque se encontra no funcionamento do estado que na prática age segundo
a vontade do povo para o bem do povo. Portanto na democracia “o povo deve ser amo e
senhor, sempre que quiser de todas as actividades do governo.”112

2.3.2 A participação de todo o cidadão na construção de Estado


109
MILL, Sobre a liberdade, 49.

110
Delmanto, “Abraham Lincoln. A alma da democracia!”, in blog do delmanto (03-02-2013), Disponível em
http://blogdodelmanto.blogspot.com/2013/02/abraham-lincoln-alma-da-democracia.html?m=1 acesso no dia
23 de agosto de 2019.
111
MILL, Sobre a liberdade, 50-51.

112
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 47.
(ISFIT – 2020) 37

Um estado democrático e participativo é o estado que tem a maior consideração


sobre o povo e sobre a participação de todo o seu cidadão no seu desenvolvimento nacional
quer como um povo simples seja como um governante. Sobre a Construção do Estado Mill
dizia que “as formas do governo seriam apenas um dos expedientes para a obtenção dos
objetivos humanos assume-se que o homem teria a escolha de fazê-las.” 113 Em relação a
esta segundo Mill

a forma ideal de governo é aquela em que a soberania, o poder supremo de controle em


última instância, pertence à massa reunida da comunidade; aquela em que todo o cidadão
não apenas tem uma voz no exercício do poder supremo, mas também é chamado, pelo
menos ocasionalmente, a tomar parte ativa no governo pelo exercício de alguma função
pública, local ou geral.114

Mill salientou ainda mais que “as instituições políticas fundamentalmente de um povo são
considerados por essa escolha uma espécie de produto orgânico da natureza e da vida desse
povo.”115 Portanto o povo há de eleger os seus representantes para que eles possam atuar
através destas instituições pelos seus interesses, nomeadamente os membros do
parlamento, ou seja membros do governo e o Presidente.116 Para Mill esta é um dever de
todos os cidadãos em exercício do seu direito e dever democrático através de uma eleição
ou um sufrágio.117 A eleição ou o sufrágio funciona como a voz do povo que se coloca na
boca dos seus representantes, e a agem conforme o que se diz. Esta é uma opinião pública
que funciona neste caso como Mill exigia que “todo o governo democrático deve
testemunhar.”118 Significa os representantes do povo que foram eleitos pelo próprio povo
devem pôr em prática segundo a necessidade do povo ou seja materializar a voz do povo.

113
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 5.

114
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 31.

115
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 5.
116
Cf. MILL, Considerações sobre o governo representativo, 101.

117
Cf. MILL, Considerações sobre o governo representativo, 101.
118
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 103.
(ISFIT – 2020) 38

CAPÍTULO III
A LIBERDADE DE IMPRENSA E SUA UTILIDADE
NO ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO DE TIMOR LESTE

3.1 A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

O estado de direito democrático de Timor Leste, consagra na Constituição da


RDTL como a base de toda a organização social, de bem estar do povo e da nação. O
artigo 40.º e 41.º fala sobre a questão que havemos de ver, a liberdade de expressão e
informação, a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação social. Tem por aí seus
por menores, tratando-se sobre o direito de cada homem, a liberdade sem pressão, e toda a
respeita pela dignidade da pessoa humana.

3.1.1 O direito de expressar e obter discussão

John Stuart Mill na defesa da sua ideia sobre o “princípio do dano”119, aonde
entendemos por ele como o direito natural de cada individo, ele dizia que “não impliquem
dano a outros.”120 Isto significa é só “dizem respeito aos sentimentos e opiniões das
pessoas, aos seus gostos e objectivos na vida, e á associação voluntárias de pessoas – que
sejam maiores de idade e estejam em plena posse das suas faculdades mentais” 121. De
acordo com o que Mill tinha dito, nós sabemos claramente que o direito de expressar, ou
seja como ele dizia sobre sentimentos e opiniões, tudo isto são as bases da formação
mental de cada um. Portanto vejamos que, na nossa constituição da RDTL no artigo 40.º
no. 1 dizia “todas as pessoas têm direito á liberdade de expressão e ao direito de informar e

119
MILL, Sobre a liberdade, 8.

120
MILL, Sobre a liberdade, 9.

121
MILL, Sobre a liberdade, 9.
(ISFIT – 2020) 39

ser informados com isenção”122, significa o estado de direito democrático de Timor Leste,
garante a todo o cidadão o livre em agir e comunicar ou opinar conforme os seus
sentimentos, a sua vontade e o seu querer, para que possa acolher ou compartilhar ideias e
informações “para o bem-estar mental da humanidade”.123

Mas como sabemos que nenhuma pessoa é certa em todo o lado, portanto o meio
para acertar cada um é apartir da discussão, como Mill dizia “a própria utilidade de uma
opinião constitui matéria de opinião – tão disputável, e tão aberta a discussão, e precisando
tanto de ser discutida, como a própria opinião.”124 Isto porque passa por discussão é que
resulta “se a opinião for correcta, ficarão privados da oportunidade de trocar erro por
verdade; se estiver errada, perdem uma impressão mais clara e viva da verdade.”125 John
Stuart Mill nem queria que alguem limita a liberdade em expressar do outro, porque é o
direito de cada homem, independentemente da sua opinião seja falsa ou verdade, deixa que
cada um acolhe por sí o que é útil através da discussão.126

3.1.2 A censura

Venício A de Lima na sua obra Liberdade de Expressão. As várias Faces de um


desafio (2013) fez uma pergunta fundamental para compreender a censura a dizer sera a
cencura igual “a ausência de voz e de participação – vale a dizer a ausência de isegoria”127
Para poder responder a esta pergunta em primeiro lugar temos que saber o que é a
insegoria. A isegoria significa o “direito de todos para expor suas opiniões, vê-las

122
Claudio XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, 1ª edição, Dili, Tribunal de
Recurso, 2010. Art. 40.º no. 1.
123
MILL, Sobre a liberdade, 100.

124
MILL, Sobre a liberdade, 59.

125
MILL, Sobre a liberdade, 51.

126
Cf. BAVARESCO et al., “Princípio da utilidade”, 28.

127
DE LIMA, “A censura disfarçada”, 87.
(ISFIT – 2020) 40

discutidas, aceitas ou recusadas em público”128. Portanto aqui podemos dizer que sim a
censura é uma condição onde não há isegoria.

Na prática a censura é uma ação de delimitar ou podemos dizer proibir as pessoas a


expressar suas ideias ou opiniões em liberdade. John Stuart Mill também na época em que
ele vivia, lutando perante o seu estado, e ele em defesa a liberdade de imprensa dizia
“podemos supor que agora não será necessário qualquer argumento contra a permissão de
uma legislatura ou executivo, cujos interesses não sejam idênticos aos do povo, que
prescrevam opiniões ao povo e determinam que doutrinas ou argumentos lhe será
permitido ouvir”129. Neste caso Mill contestou, um tipo de censura que funciona como um
controlo a toda a opinião pública dos cidadãos perante os seus governantes, podia ser
naquela época o estado proibe ou dar pressões ás críticas de más administrações,
corrupções, etecetera.

Na constituição da RTDL artigo 40.º no.2 diz “o exercício da liberdade de


expressão e de informação não pode ser limitado por qualquer tipo de censura.”130 Assim
no mesmo princípio a lei comunicação social de Timor Leste artigo 10.º afirma que “a
comunicação social exerce a liberdade de expressão, não é sujeitada a qualquer tipo de
censura, a autorização, a causão ou uma habilitação.”131 Portanto o estado de direito
democrático de Timor Leste, garante e respeita absolutamente o direito a liberdade de
expressão e de imprensa sem ser censurada. Segundo Sr. Virgilio da Silva Guteres actual
presidente conselho de imprensa de Timor Leste “a liberdade de imprensa é garantida e é
assegurada por própria instituição do conselho de imprensa, e até o próprio conselho de
imprensa no seu estatuto, declarando que, o serviço do conselho de imprensa não deve
haver intervenção política e intervenção do poder económico.”132.

128
DE LIMA, “A censura disfarçada”, 87.

129
MILL, Sobre a liberdade, 49.

130
XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, Art. 40.º no.2.
131
Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, Edisaun daruak (II),
Dili, Conselho de Imprensa, 2018, 6. (Trad. Minha).

132
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
(ISFIT – 2020) 41

Entretanto os tipos de censura que podemos encontrar em Timor Leste na prática da


liberdade de imprensa conforme o presidente do conselho de imprensa de modo jeral surge
dos três campos seguintes;

o primeiro é a intervenção económica, por exemplo, porque a média imprensa como


televisão, rádio e jornais receberam o lucro de bonus pelas publicidades que ofereceram
pelas empresas, então as veses algumas notícias que vai danificar essa empresa não deve
disseminar. E o segundo é a intervenção política, por exemplo se o dono da impresa é
aderente a um partido ou seja um militante radical de um partido, então a notícia que vai
falar sobre a questão desse partido não deve divulgar. E o terceiro é a questão de
familiaridade, por exemplo, o ministro cometeu alguns casos no seu serviço ministerial, e
os jornalistas fazem a cobertura sobre esse assunto, mas porque aquele ministro ainda era o
meu tio, então eu como o chefe de redação não permiti a divulgar essa notícia.133

Mesmo assim ele salientou que estes tipos de censura acima mencionados “oficialmente
ainda não registramos, mesmo que ouvimos alguns falar no público, mas até a data ainda
não recebemos a queixa pelos jornalistas tanto população”134.

3.1.3 A respeita pela dignidade da pessoa humana

A Constituição da RDTL artigo 1.º no.1 consagra o principio do respeito pela


dignidade da pessoa humana, afirma que “A República Democrática de Timor Leste é um
Estado de Direito Democrático, soberano, independente e unitário, baseado na vontade
popular e no respeito pela dignidade da pessoa human.” 135 Por isso, sabemos que o
respeito pela dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental do estado de Timor
Leste, com o objetivo a ser cumprido pelo estado e os seus cidadãos a cuidam de seus
semelhantes.

133
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.

134
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.

135
XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, Art. 1.º no.1.
(ISFIT – 2020) 42

O segundo Presidente da República Democrática de Timor Leste (RDTL) Nicolau


Lobato em 1975 dizia “«Ukun Rasik-an» interessa-lhe não como um fim, mas sim como
um processo de autodeterminação da dignidade da pessoa humana”136. Isto significa o povo
timorense deseja a sua independência não somente por vontade de querer ser livre, mas por
querer ser digno a viver como homem, com a sua própria identidade. Portanto em Timor
Leste “ninguem pode ser discriminado com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem
étnica, língua, posição social ou situação económica, convicções políticas ou ideologias,
religião, instrução ou condição física ou mental”137 como afirmando ainda no artigo 16.º
no.2 na Constituição da RDTL. Tudo isto são a base de referência a toda ação de prática da
liberdade de imprensa na nossa sociedade. O mesmo Mill dizia,

todo o fortalecimento dos laços sociais e todo o crescimento saudável da sociedade, além
de dar a cada individo um interesse pessoal mais forte em atender na prática ao bem estar
dos outros, ou pelo menos a ter um grau ainda maior de consideração prática por esse bem.
Como que por instinto, o homem acaba por se tornar consciente de si próprio como um ser
que, obviamente, tem os outros em consideração. O bem dos outros torna-se para ele uma
coisa que, natural e necessária, tem de ser levada em conta tal como qualquer condição
física da nossa existência.138

Entendemos por Mill que a respeita pela dignidade da pessoa humana é uma coisa natural
desde que era homem, cada individo deve tomar em consideração, pelo menos seja como
uma obrigação humana a garantir uma sociedade nas interações em harmonia.

3.1.4 A vontade popular

O funcionamento do serviço de estado democrático deve agir por vontade do povo,


ou como Mill afirmou que na democracia “o povo deve ser amo e senhor, sempre que
quiser, de todas as actividades do governo”139 ou seja possível dizer que na democracia “de

136
Martinho GUSMÃO (Ed.), Sabemos, e podemos, e devemos vercer!, Malang, Dioma, 2018, 44.

137
XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, Art. 16.º no.2.

138
GALVÃO, Utilitarismo de John Stuart Mill, 72-73.

139
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 47.
(ISFIT – 2020) 43

acordo com a sua definição, é o governo do povo inteiro pelo povo inteiro.”140 Assim
entendemos por Mill, que o poder surge pelo povo, e está a ser exercido em termos de
interesse a todo o povo, porque o poder atribuida ao governo é pelo próprio povo. Como
dito na Constituição RDTL no artigo 1.º no. 1; “A República Democrática de Timor-Leste
é um Estado de Direito Democrático, Soberano, Independente e Unitário, baseado na
vontade popular e no respeito pela dignidade da pessoa humana” 141, portanto todo o
funcionamento do serviço do estado desde que a máquina do estado funciona está sempre
configurando e agindo seguindo o desejo do povo, porque “a soberania reside no povo, que
a exerce nos termos da Constituição”142, visto no artigo 2.º, no. 1. Significa então, se fosse
o governo não exercendo a sua função conforme a vontade do povo, o seu próprio regime é
inconstituicional e o governo torna-se um poder ilegal143. Entretanto Mill exclareceu que “o
governo se identifica inteiramente com o povo, e que jamais pensa em exercer qualquer
poder de coerção, a não ser em concordância com o que pensa ser a voz do povo”. 144 A
respeito disto a liberdade de imprensa funciona como

patrimônio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de evolução político-


cultural de todo um povo. Pelo seu reconhecido condão de vitalizar por muitos modos a
Constituição, tirando-a mais veses do papel, a imprensa passa a manter com a democracia a
mais entranhada relação de mútua dependência ou retroalimento145

140
MILL, Considerações sobre o governo representativo, 71.

141
XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, Art. 1.º no.1.

142
XIMENES, Constituição da República Democrática de Timor Leste, Art. 2.º no.1.

143
Cf. MILL, Sobre a liberdade, 51.

144
MILL, Sobre a liberdade, 50-51.

145
DE LIMA, “A censura disfarçada”, 102.
(ISFIT – 2020) 44

Significa as instituições de imprensa, são como os meios expedientes que espelha toda a
correspondência do serviço de estado e o seu envolvimento do povo, a construir uma nova
forma de poder transparente e transmissível a todo o cidadão na construção do estado.

3.2 A CONTRIBUIÇÃO DA LIBERDADE DE IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DE ESTADO

A liberdade de imprensa em Timor Leste é claro que um factor determinante na


construção de Estado do país porque hoje em dia ela é considerada “o quinto órgão de
soberania [...] que rodeiam a actividade de imprensa.”146 Portanto para garantir a liberdade
de imprensa em Timor Leste o próprio estado de Timor Leste, tomando a iniciativa de
promover e assegurar a liberdade dos seus cidadãos e dos que trabalham nos meios de
comunicação social ou seja os jornalistas á imprensa, através de uma instituição chamado o
Conselho de Imprensa. Esta instituição tem como função orientar a participaçãos dos
cidadãos e promovam a creatividade jornalística.

3.2.1 O Conselho de Imprensa de Timor Leste

Segundo Virgilio da Silva Guterres, atual presidente do Conselho de Imprensa de


Timor Leste, O Conselho de Imprensa

é uma instituição coletiva dos jornalistas, que foi constituido por próprio estado de Timor
Leste, baseando-se na lei comunicação social no.5/2014, dia 19 de Novembro, com o seu
objectivo e serviço é para garantir a indepedência editorial a todos os meios de
comunicação social, para não obter a intervenção pelo poder dos tipos de censura. E para
garantir o direito do público a ter acesso ás informações certas e corretas. 147

A criação e aprovação desta instituição e seu estatuto foi no dia 5 de Agosto de 2015
através do decreto lei no.25/2015.148 A tomada de posse para o seu presidente Sr. Virgilio

146
Kay Rala Xanana GUSMÃO, “Conferência sobre os direitos da comunicação social. Hotel-Timor, Dili,
26.08.2003”, Lisboa, Lidel, 2014, 210.
147
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.

148
Cf. Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, X.
(ISFIT – 2020) 45

da Silva Guterres eleito no dia 31 de Março de 2016 e os membros para um período de


quatro anos, 2016-2020 foi realizada no Parlamento Nacional de Timor Leste através de
uma plenária dirigida pelo presidente parlamento nacionál Sr. Adérito Hugo da Costa, no
dia 10 de Maio de 2016.149

O artigo 44.º da lei Comunicação Social no.5/2014 destaca dez competéncias do


Conselho de Imprensa como seguinte:

a. Promove a liberdade de expressão e imprensa e a independência do meio de


comunicação social perante a influênciação de qualquer grupo ou de interesse político
e económico.
b. Aprova e supervisiona o acto de órgão comunicação social e os jornalistas a cumprem
seus códigos e éticos jornalisticos.
c. Organizar o poder disciplinar dos jornalistas, segundo o seu próprio regulamento que
aprova pelo próprio conselho de imprensa, com os seus infrações, que se corresponde
com as sanções do processo disciplinar.
d. Atribuir e renovar, estender e retirar o título profissionál dos jornalistas.
e. Criar o registo e promove a publicação no jornal da república o órgão dos
comunicações sociais.
f. Mantenha a atualização da base dos dados de uma empresa sobre a comunicação
social, sobre organização dos jornalistas e dos jornalistas que estão ativos.
g. Como árbitro e mediador a solucionar os problemas que acontecem pelo resultado da
actividade jornalística, nas relaçoes entre cidadãos, nas organizações, no órgão do
estado, e no órgão de comunicação social.
h. Dar um parecer quando o tribunál considera que precisa mesmo de uma opinião
espécial pelo conselho de imprensa para solucionar os litígios que acontcem nas
actividades jornalística.
i. Promove o diálogo entre os operadores da comunicação social, sociedade e os órgãos
do estado.
j. Apoiar a organização jornalística ao desenvolvimento da competência profissionál,
técnica e intelectual dos jornalistas.150

149
Cf. Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, X.

150
Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, 19 (Trad. Minha).
(ISFIT – 2020) 46

Por essas dez competéncias, podemos supor que, o Conselho de Imprensa tem o seu papel
importante para garantir a liberdade de imprensa nos serviços jornalisticos e liberdade da
expressão dos cidadãos perante o estado.

3.2.2 O papel dos jornalistas

Todos nós reconhecemos, quanto vale o papel dos jornalistas nos tempos da
colonização e da luta pela libertação até ao referendo. Eles passaram-se pelas confusões,
caos e ameaças de vida até a morte perante as censuras e crueldade dos colonialistas.
Mesmo assim com o espirito da liberdade de imprensa e liberdade de expressão os
jornalistas continuavam fazer os seus trabalhos e através deles o mundo conheceu o que
estava occorer em Timor Leste. Por seus trabalhos a voz de Timor chegou ao mundo e a
voz do mundo chegou a Timor.151

A importancia do papel dos jornalistas para Timor Leste torna se maior hoje em dia
na construção de República Democrática de Timor Leste e na defesa da liberdade de
expressão de todos os Timorenses. Para isto Kay Xanana Gusmão na conferência em
Hotel-Timor no dia 26 de Agosto de 2003 disse,

como dever do jornalista, estamos a cuidar da nossa democracia, o que permite que o
jornalismo expresse a verdadeira situação do país, em termos de dificuldades, em termos de
esperança e em termos de confiança ou não por parte do nosso povo, quanto ao processo
em curso. Um processo que engloba as instituições do estado, um processo que abrange o
sistema democrático de participação dos cidadãos, um processo que define os direitos e as
responsabilidades de cada um, um processo que busca o bem-estar social e económica das
pessoas.152

Portanto um jornalista em exercer s suas função “vai além de passar a informação, ela
envolve questões como cidadania e ética.”153 E os jornalistas não trabalham só por seus
próprios méritos a obter salários e lucros, mas também trabalham-se por assegurar a
essência da democracia, e preocupando-se também pela estabilidade do povo e da nação.
151
Cf. Rui MARQUES, Timor-Leste. O agendamento mediático, Porto editora Lda, 2005, 152.
152
GUSMÃO, Conferência sobre os direitos da comunicação social, 211.
(ISFIT – 2020) 47

3.2.3 A participação dos cidadãos na média imprensa

A participação dos cidadãos na média imprensa, era como uma contribuição ao


funcionamento do estado democrático, aonde o estado, tomando o povo em consideração
máxima pelas suas opiniões públicas ao desenvolvimento nacional. Em Timor Leste, isto
assegura se na lei comunicação social no.5/2014, dia 19 do mês de Novembro, declarando
que

o direito a informação, liberdade a expressão e imprensa era como a base fundamental para
assegurar a democracia, portanto o estado de Timor Leste preparando-se a ratificação de
sectór comunicação social. Neste contexto esta lei é o primeiro em Timor Leste, livre e
independente, na defesa da liberdade imprensa, nas regulações dos média, defende o direito
dos cidadãos para exercer sua plena liberdade por enquanto falar e pensar, e para garantir o
profissionalismo da informação, o sigilio profissional e a salvaguarda da sua
independência.154

Esta esta de acordo com o que Mill dizia que a “liberdade de imprensa como uma das
salvaguarda contra um governo corrupto ou tirânico.”155 Portanto é claro que a criação da
lei de Comunicação Social de Timor Leste tem com objectivo garantir a liberdade
imprensa, promover o balanço e a transparência das informações ao público com
responsabilidade através da média imprensa. E assim ao mesmo tempo a média imprensa
exerce também um papel fundamental na realização de poder do direito democrático.156

O presidente do Conselho de Imprensa disse que “hoje em dia, os timorenses


gozam de tantas liberdades, já não são como nós nos tempos passados que sofrermos muito
153
Tayla OLIVEIRA et al., “Censura e autocensura. Uma abordagem histórica e social da prática
jornalística”, in XVII congresso de ciências da comunicação na região Sudeste-Ouro Preto-MG-28 a
30/06/2012, Intercom, 3.

154
Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, 1 (Trad. Minha).

155
MILL, Sobre a liberdade, 49.

156
Cf. Conselho de Imprensa períodu 2016-2020, Kartilla jornalístika Timor-Leste 2018, 1.
(ISFIT – 2020) 48

pelos actos dos colonialistas, até próprio os meios de comunicação social e os serviços
jornalisticos também foram controlados e investigados das suas publicações.”157 Como
exemplo desse podemos ver em “um dos jornalistas japoneses, usando o pseudónimo Mau
Funu (Homem-Guerra), autor do primeiro programa de televisão japonêsa sobre Timor, em
1995, tenta uma segunda entrevista a Konis Santana”158. Ele usava o pseudónimo para que
os autoridades indonésios não o pudessem identificar.

Mas hoje em dia no mundo digitalizado as coisas funcionam diferentemente em


obter e dar ou divulgar as informações. Existe mais liberdade de imprensa e liberdade da
expressão. Mesmo assim segundo o presidente do Conselho de Imprensa Sr. Virgilio da
Silva Guterres “os timorenses só queriam falar menos ouvir, queriam que as pessoas os
oucham mas depois não queriam ouvir as pessoas, isto já se torna como uma característica
dos timorenses.”159 Em relação a esta John Stuart Mill deu a razão dizendo que nós não
queriamos ouvir uns aos outros “porque já as condenámos no nosso juízo, será desejável
restringir a discussão a um caso concreto; e escolho, preferencialmente, os casos que me
são menos favoráveis.”160

A Realidade da liberdade de imprensa e liberdade de expressão consagrada na


Constituição da RDTL concerteza deu espaço para a participação dos cidadãos na média
imprensa. Conforme Sr. Virgílio da Silva Guterres os cidadãos Timorenses de modo jeral
participam “principalmente nas televisões, rádio e jornais, muitas acompanham só as
notícias de divertimentos, telenovelas etecetera, do que as notícias de debates e discursos
académicos.”161 De fato as notícias os quais têm caracteres educacionais são menos
interessadas comparando com os de divertimentos.

157
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.

158
MARQUES, Timor-Leste, 154.

159
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.
160
MILL, Sobre a liberdade, 60.

161
Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.
(ISFIT – 2020) 49

Sr. Virgílio da Silva Guterres salientou também que “os cidadãos contribuem suas
opiniões de artigos publicados sobre assuntos sociais, sobre as decisões e questões
políticas, etecetera. Tudo isto leva ao debate público e discussões em respostas de artigos a
nível académico.”162 Isto podemos ver nos jornais nacionais como: Timor Post, STL news,
Jornal Independente, Diário Nacional, Seara, ITE de Dili, nos sítios de internet como:
Forum Haksesuk, Tempo Timor, Emerging Leadership in Democracy e sito da
Arquidiocese de Dili, etecetera. Este fato confirma o que refere presidente do Conselho de
Imprensa de Timor Leste Sr. Virgílio da Silva Guterres sobre a publicação de Repor-ters
Without Border no dia 24 de Abril de 2018 que “Timor Leste teve uma boa predicativo da
liberdade de imprensa a nível internacional e ocupa no primeiro lugar a prática da
liberdade de imprensa a nível regional do sudeste asiático.”163

CONCLUSÃO

No final dessa elaboração, distinguimos conceitos interligados que quase nos


confunde, a liberdade de expressão, a média imprensa, a liberdade de imprensa e o
Conselho de Imprensa. No princípio tentamos compreender o primeiro, a imprensa que é
uma tipografia ou impressora, a definição dada pela idade média, devido a publição dos
jornais, livros e revistas, que a empresa faz a impressão dos escritos publicados. Mas
conforme John Stuar Mill a imprensa é uma expressão que sofre a influência da discussão
dos outros, ou seja uma opinião lançada ao público e está sujeita a ser contestada. E ambos
de uma e outra parte tentam escutar-se para obter a solução.

Portanto a liberdade de expressão ainda é uma expressão gestual de cada um que


comunica e age por natureza como ser vivo. Enquanto que a liberdade de imprensa permite
lançar ao público e está aberta a tomar decisões a partir das críticas, transmitidas na média
imprensa como meio de divulgação das informações. E o Conselho de Imprensa é uma
instituição que garante a liberdade de imprensa e a independência da média imprensa
perante as intervenções de poder sobre tal. Entretanto nesta elaboração consideramos a
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Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.

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Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da liberdade de imprensa em Timor
Leste.
(ISFIT – 2020) 50

liberdade de expressão, mas preferimos tratar da liberdade de imprensa porque tentamos


ver mais amplamente ligado ao serviço da área de comunicação social em relação ao
funcionamento do estado democrático.

John Stuart Mill exigia a liberdade de imprensa, porque o estado era déspota
perante os seus cidadãos. Proibiam e condenvam os que faziam críticas e deviam ser
censuradas as opinões que tentassem expôr contráriamente a opinião coletiva. E então Mill
defendia primeiro por direito natural do homem e a dignidade da pessoa humana que é
inviolável. Mill dizia que, ninguem deve prejudicar alguém a agir e comunicar conforme a
sua vontade de querer a seu bem estar, enquanto ele não insulte ninguém. Mas como
sabemos que nenhuma pessoa é certa em todo o lado, portanto o meio para acertar cada um
é a partir da discussão, como Mill dizia que a própria utilidade de uma opinião constitui a
matéria de opinião tão disputável, e tão aberta a discussão, e precisando tanto de ser
discutida, porque passa por discussão é que resulta se a opinião for correcta, ficarão
privados da oportunidade de trocar o erro por verdade; se estiver errada, perdem uma
impressão mais clara e viva da verdade.

John Stuart Mill nem queria que alguém limita-se a liberdade de expressão do outro,
porque é o direito de cada homem, mesmo que seja ele completamente falsa e mentira, mas
deixa que cada um tome para sí o que é útil através da discussão. Porque as pretensões de
uma opinião pública ser protegida do ataque público assentam não tanto na sua verdade,
mas sim na sua importância para a sociedade.

O princípio de maior felicidade que é a própria meta de utilidade das ações


expressivas. Segundo a doutrina Milliana, deve estender-se a maximização dos prazeres,
significa toda a ação da nossa conduta reflete-se por prazeres, que é o maior interesse de
todos os seres humanos, por isso ninguém deverá agir por qualquer querer individual, sem
refletir antes pelo bem estar de toda a humanidade.

Por essas defesas e exigências de John Stuart Mill, é que estamos a ver que no
estado de direito democratico de Timor Leste, é garantida a liberdade de expressão e
informação a todo o seu cidadão e a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação
social visto no artigo 40.º e 41.º, o respeito pela dignidade da pessoa humana visto no
artigo 1.º no.1, da constituição da RDTL, e a criação do Conselho de Imprensa no decreto
(ISFIT – 2020) 51

lei no.25/2015, para assegurar a liberdade de imprensa e a indepedência dos jornalistas, dos
cidadãos, e da média imprensa sem intervencões de poder político e económico, promover
o diálogo entre os operadores da comunicação social, sociedade e os órgãos do estado.

Ao terminar, queria relembrar que cada cabeça tem a sua sentença, o melhor é escutar-
se uns aos outros, respeitar, e valorizar cada opinião, mesmo que totalmente errada. O Papa
Francisco na sua visita aos países asiáticos, no dia 15/01/2015 rumo a Manila, disse que a
liberdade de expressão não dá o direito de insultar o proximo. Todos têm não apenas o
direito, mas a obrigação de dizerem o que pensam pelo bem comum. E John Stuar Mill
também recomenda a todos nós que devemos pensar, que o meu próprio direito não tem
nenhum valor, se o outro não tivesse o mesmo de mim.

BIBLIOGRAFIA

LIVROS:

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Editora Universidade de Brasília, 1980.
(ISFIT – 2020) 52

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2018, Edisaun daruak (II), Dili, Conselho de Imprensa, 20218.

5. Galvão Pedro, Utilitarismo de John Stuart Mill, Porto, Porto editora, 2005.

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Dioma, 2018.

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2005.

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antiga, Vol.1, 3ª edição, São Paulo, Paulus, 2007.

12. TJAHJADI Simon Petrus L., Petualangan intelektual. Konfrontasi dengan


para filsuf dari zaman Yunani hingga zaman moderen, Jakarta, Kanisius, 2004.

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1ª edição, Dili, Tribunal de Recurso, 2010.

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Lisboa, 1996.

ARTIGOS:

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18. GUSMÃO Kay Rala Xanana, “Conferência sobre os direitos da comunicação


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(Eds.), Liberdade de expressão. As várias faces de um desafio, 1ª edição, São
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22. OLIVEIRA Tayla et al., “Censura e autocensura. Uma abordagem histórica e


social da prática jornalística”, in XVII congresso de ciências da comunicação
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ENTREVISTA:
(ISFIT – 2020) 54

23. Entrevista exclusiva com Sr. Virgilio da Silva Guteres sobre a prática da
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https://plato.stanford.edu/entries/whewell/, acesso no dia 2 de Dezembro de
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