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QUESTÃO 01

Item A

Uma das grandes inovações trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015
foi a possibilidade de majoração de honorários em sede de recurso, como forma de
frear a interposição indiscriminada de recursos, prevista em seu artigo 85, § 11, que
dispõe:

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados


anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em
grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2 o a
6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os
respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de
conhecimento.

De acordo com a atual redação, o critério objetivo para incidência a vera


sucumbencial é a derrota da parte em virtude do julgamento do recurso interposto.
No caso em tela, Maria foi beneficiada com o julgamento do recurso interposto por
Pedro, de modo que a aplicação do § 11 do artigo 85 deve ser observada.

Ainda que não haja nas contrarrazões de Maria pedido expresso de


majoração dos honorários de sucumbência, tem-se que o códex processual prevê,
nos termos do disposto em seu artigo 322, §1º, que o pedido de honorários
advocatícios é implícito, não havendo necessidade de manifestação expressa pela
parte.

Ademais, a redação do artigo 85, § 11 do CPC utiliza o verbo “majorará” em


sua forma imperativa, de modo que a aplicação da verba honorária em momento
algum pode ser interpretada como uma faculdade da Câmara julgadora, ou que a
aplicação esteja condicionada à manifestação expressa da parte, mas que se trata
de um poder-dever conferido ao tribunal.

Dessa forma, entendemos que a postura do tribunal foi correta nesse ponto,
já que a majoração dos honorários é medida que se impõe.

ITEM B
A possibilidade de fixação de honorários recursais diante da ausência de
apresentação de contrarrazões pode ser questionada quando se utiliza o trabalho
adicional do advogado como requisito para tanto. Há quem entenda que a
majoração, neste caso, é indevida, já que os honorários seriam devidos para
remunerar o trabalho adicional e, inexistindo trabalho, não deve haver majoração 1.

Contudo, a interpretação que se deve extrair do artigo 18, § 11, do Código de


Processo Civil, é a de que o trabalho adicional do advogado é critério para a
quantificação dos honorários recursais, e que o único requisito para majoração seria
o julgamento de recurso pelo tribunal, já que o artigo é claro em prever que “O
tribunal, ao julgar o recurso, majorará os honorários fixados fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (...)”.

O Superior Tribunal de Justiça já reconheceu a desnecessidade de


comprovação trabalho adicional do advogado para fixação de honorários recursais,
devendo ser utilizado tão somente como critério de quantificação da verba:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO CONFIGURADA.
ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS PARA SANAR O VÍCIO. CABIMENTO
DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. REQUISITOS.

I - Para fins de arbitramento de honorários advocatícios recursais, previstos


no § 11 do art. 85 do CPC de 2015, é necessário o preenchimento
cumulativo dos seguintes requisitos:
1. Direito Intertemporal: deve haver incidência imediata, ao processo em
curso, da norma do art. 85, § 11, do CPC de 2015, observada a data em
que o ato processual de recorrer tem seu nascedouro, ou seja, a publicação
da decisão recorrida, nos termos do Enunciado 7 do Plenário do STJ:
“Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18
de março de 2016, será possível o arbitramento de honorários
sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC”;
2. o não conhecimento integral ou o improvimento do recurso pelo Relator,
monocraticamente, ou pelo órgão colegiado competente;
3. a verba honorária sucumbencial deve ser devida desde a origem no feito
em que interposto o recurso;
4 . não haverá majoração de honorários no julgamento de agravo interno e
de embargos de declaração oferecidos pela parte que teve seu recurso não
conhecido integralmente ou não provido;
5 . não terem sido atingidos na origem os limites previstos nos §§ 2º e 3º do
art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, para cada fase do processo;
6 . não é exigível a comprovação de trabalho adicional do advogado do
recorrido no grau recursal, tratando-se apenas de critério de
quantificação da verba.
(STJ - EDcl no AgInt no REsp: 1573573 RJ 2015/0302387-9, Relator:

1
CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Os honorários advocatícios pela sucumbência recursal no CPC/2015. In:
DIDIER JUNIOR, Fredie. Coleção Novo CPC Doutrina Selecionada. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. Cap. 5, p.
938.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 04/04/2017,
T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/05/2017). Grifo
nosso.

Nesse sentido também é o entendimento jurisprudencial:

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


FUNDAMENTOS AMPLAMENTE DEBATIDOS. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. TRABALHO ADICIONAL EM FASE
DE APELAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONTRARRAZÕES. MAJORAÇÃO.
POSSIBILIDADE. EMBARGOS CONHECIDOS E REJEITADOS. I. O
acolhimento dos Embargos de Declaração supõe o reconhecimento
da presença de um dos vícios elencados no art. 1.022 do Novo
Código de Processo Civil no acórdao impugnado, quais sejam,
omissão, contradição, obscuridade ou erro material. II. Inexistindo
indício de vício que justifique a complementação do acórdão ou o
caráter infringente do julgado, uma vez que este só é aceito quando
encontra eco no primado da excepcionalidade, inviável o acolhimento
da pretensão. III. A majoração dos honorários recursais é pedido
implícito e pode ser apreciado ainda que a parte adversa não
apresente contrarrazões. Precedentes do STF. Nos termos do art.
85, §§ 2º e 11 do CPC/2015, o tribunal, ao julgar o recurso, deve
elevar o valor dos honorários fixados no 1º grau, levando em
consideração o zelo profissional, o lugar do serviço, natureza e
importância da causa, trabalho e tempo exigido do advogado. lV.
Embargos declaratórios conhecidos e rejeitados. (TJDF; Proc
0002.71.0.752015-8070008; Ac. 107.3640; Sétima Turma Cível; Rel.
Des. Romeu Gonzaga Neiva; Julg. 07/02/2018; DJDFTE 20/02/2018)

Adotando-se esse entendimento, chega-se à conclusão de que é possível a


fixação de honorários recursais mesmo se Maria não houvesse apresentado
contrarrazões ao recurso de Pedro, já que é requisito tão somente o julgamento do
recurso.

A apresentação ou não de contrarrazões deve influenciar apenas no


percentual de majoração dos honorários pelo tribunal, mas não é requisito para a
fixação dos honorários recursais.

ITEM C

A análise sobre a questão de incidência de verba honorária recursal em sede


de declaração também recai na interpretação da redação trazida pelo artigo 85, §
11, do CPC, já que ele traz de forma expressa que a aplicação do dispositivo é
conferida ao Tribunal.
Conforme exposto no item anterior, o entendimento hoje adotado pelo
Superior Tribunal de justiça é no sentido de que, para a majoração de honorários,
basta a interposição de recurso e apreciação pelo tribunal.

Contudo, os embargos de declaração, quer se entenda por sua natureza


recursal, quer se entenda por sua natureza incidental, são opostos e julgados em
mesmo grau de jurisdição, sejam eles opostos em primeiro grau, sejam opostos nas
instâncias superiores.

Em virtude disso, entendemos que a figura não se enquadra na disposição do


artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil, não se sujeitando à fixação de
honorários recursais, já que inexiste julgamento de recurso pelo tribunal, único
requisito.

Neste sentido já se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO QUANTO À QUESTÃO DOS
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS
REJEITADOS. DECISÃO Cuida-se de embargos de declaração no agravo
interno opostos por Maria Donizete Alves Veronez ao acórdão proferido pela
Terceira Turma desta Corte nos termos da seguinte ementa (e-STJ, fl. 319):
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 1.
VIOLAÇÃO DO ART. 777 DO CC. SÚMULA 284/STF. 2. AFRONTA AO
ART. 475 DO CPC/73. TESE FORMULADA APENAS NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. INOVAÇÃO RECURSAL. 3. RECURSO
IMPROVIDO. 1. Apesar de a recorrente ter indicado, no recurso especial,
ofensa ao art. 777 do Código Civil, não demonstrou, clara e precisamente,
no que consistiu a alegada negativa de vigência ao referido dispositivo, ou
mesmo qual a sua correta aplicação, o que impossibilita a exata
compreensão da controvérsia, atraindo a incidência, à hipótese, do
enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. 2. Constatado que
a agravante deixou de apontar violação ao art. 475 do CPC/73 no recurso
especial, e que somente nas razões do agravo em recurso especial
apresentou tal argumento, tem-se verdadeira inovação recursal. 3. Agravo
interno a que se nega provimento. Sustenta a embargante a ocorrência de
omissão pela ausência de arbitramento de honorários advocatícios, nos
termos do art. 85, § 11, do CPC/2015. Impugnação apresentada (e-STJ, fls.
330-333). Brevemente relatado, decido. Quanto aos honorários, nos termos
do Enunciado Administrativo n. 7 desta Casa, "somente nos recursos
interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do
art. 85, § 11, do novo CPC". Importante salientar que os honorários
acima referidos são devidos para cada grau recursal e não para cada
recurso interposto no mesmo grau. No caso, constatado que o grau
iniciado com o manejo do recurso especial ocorreu ainda na vigência do
Código de Processo Civil de 1973, não há falar em honorários recursais,
sob pena de indevida retroação do art. 85, § 11, do Código de Processo
Civil de 2015. A propósito: PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS.
AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 20, § 4º, CPC.
APRECIAÇÃO EQUITATIVA. CRITÉRIOS. ART. 20, § 3º, CPC. AUSÊNCIA
DE ABSTRAÇÃO NO ACÓRDÃO. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. NOVO CPC.
APLICAÇÃO RETROATIVA. VEDAÇÃO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. Nas causas em que não haja condenação, os honorários advocatícios
devem ser fixados de forma equitativa pelo juiz, nos termos do § 4º do art.
20 do CPC/73, não ficando adstrito o juiz aos limites percentuais
estabelecidos no § 3º da aludida norma, mas aos critérios neste previstos.
2. A decisão agravada consignou que a alteração da verba honorária, fixada
em atenção aos parâmetros do art. 20, § 4º, do CPC/73, encontra óbice na
Súmula 7/STJ, visto que o valor fixado na origem não se mostra irrisório a
ponto de viabilizar a intervenção do STJ. 3. As alegações da agravante de
aplicabilidade dos preceitos contidos no art. 85 do Novo Código de
Processo Civil, além de se revestirem de inovação recursal, visto que o
recurso especial foi interposto por afronta ao art. 20 do CPC/73, mostram-se
impertinentes, pois a questão sub judice refere-se à aferição da
razoabilidade e da proporcionalidade da verba honorária fixada pelo
Tribunal de origem, estabelecida naquela instância à luz da norma em
vigência à época, que era o CPC/73, em atenção ao princípio do tempus
regit actum. 4. A toda evidência, os honorários advocatícios não poderiam
ser fixados à luz de norma processual inexistente, de modo que a pretensão
da agravante em fazer prevalecer os novos parâmetros da Lei 13.105/15
configura manobra que visa a promover aplicação retroativa da norma
processual, o que é vedado. 5. A não realização do necessário cotejo
analítico, bem como a não-apresentação adequada do dissídio
jurisprudencial, não obstante a transcrição de ementas, impedem a
demonstração das circunstâncias identificadoras da divergência entre o
caso confrontado e o aresto paradigma. Agravo interno improvido. (AgInt no
AREsp 903.987/SP, Relator o Ministro HUMBERTO MARTINS, DJe de
30/08/2016, sem grifo no original) PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS.
RECURSO EM MESMO GRAU. NÃO CABIMENTO. OMISSÃO
INEXISTENTE. 1. Os preceitos do art. 85, § 11, do CPC/2015, claramente
estabelecem que a majoração dos honorários está vinculada ao trabalho
desenvolvido em cada grau recursal, e não em cada recurso interposto no
mesmo grau. 2. "Não é possível majorar os honorários na hipótese de
interposição de recurso no mesmo grau de jurisdição (art. 85, § 11, do
CPC/2015)" (Enunciado 16 da ENFAM). 3. No caso dos autos, o grau
inaugurado com a interposição de recurso especial ocorreu em
momento anterior à vigência da nova norma, o que torna sua aplicação
indevida, sob pena de retroação de seus efeitos. Ressalte-se que até o
agravo regimental, ao contrário do que aduz a embargante, foi interposto
antes da vigência do novo CPC. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl
no AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1461914/SC, Relator o Ministro
HUMBERTO MARTINS, DJe de 10/08/2016, sem grifo no original) 4. Deixa-
se de aplicar honorários sucumbenciais recursais nos termos do enunciado
16 da ENFAM: 'Não é possível majorar os honorários na hipótese de
interposição de recurso no mesmo grau de jurisdição (art. 85, § 11, do
CPC/2015)' (AgInt no AgRg no REsp 1.200.271/RS, Relator o Ministro
MARCO BUZZI, DJe de 17/05/2016.) Diante do exposto, rejeito os
embargos de declaração.
(STJ - EDcl no AgInt no AREsp: 943252 SP 2016/0168662-7, Relator:
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 29/06/2017).
Grifo nosso.

AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA DE


DISSÍDIO ENTRE JULGADO QUE NÃO ULTRAPASSOU O MÉRITO E
PARADIGMA CUJO CERNE DA CONTROVÉRSIA RESTOU
SOLUCIONADO. NECESSIDADE DE CONFRONTO ENTRE ARESTOS
COM O MESMO GRAU DE COGNIÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.
315/STJ, POR ANALOGIA. MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS.
DESCABIMENTO. ENUNCIADO N. 16 DA ENFAM. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Este Superior Tribunal de Justiça possui remansosa jurisprudência que
inadmite a configuração de divergência jurisprudencial entre acórdãos
oriundos de diferentes graus de cognição, em virtude da inexistência de
similitude fática entre os julgados. 2. No presente caso, o aresto impugnado
nos embargos de divergência não ultrapassou o juízo de admissibilidade,
enquanto o julgado paradigma, por sua vez, analisou o mérito do
controvérsia. Incidência da Súmula n. 315/STJ, por analogia, na hipótese
dos autos. 3. No presente caso, o agravo interposto impugna decisão
proferida no julgamento dos embargos de divergência, cuja discussão se
mantém no mesmo grau de jurisdição do acórdão recorrido, sendo, portanto,
indevida a majoração dos honorários prevista no artigo 85, § 11, do
CPC/2015, nos termos do Enunciado n. 16 da Escola Nacional de Formação
e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira -
Enfam. 4. Agravo interno improvido.
(STJ-AgInt nos EDiv em AgREsp: 726.917 RJ 2015/0138317-4, Relator:
Ministro Jorge Mussi, Data da publicação: 06/02/2018).

Cabe mencionar o Enunciado n. 16 da ENFAM:

Não é possível majorar os honorários na hipótese de recurso no mesmo


grau de jurisdição (art. 85, § 11, do CPC/15)

Ainda, necessário destacar que os embargos de declaração são interpostos


com o condão de complementar a atividade jurisdicional prestada de forma
incompleta pelo poder judiciário, de modo que eventual alteração da decisão
decorrerá em virtude da falta de zelo do Estado na prolação da decisão, não
havendo sucumbência recursal para qualquer uma das partes.

Nesse sentido, Fredie Didier Jr leciona:

No julgamento de embargos de declaração, não há majoração de


honorários anteriormente fixados. Isso porque o §11 do art. 85 doCPC
refere-se a tribunal, afastando a sucumbência recursal no âmbito da
primeira instância. Assim, opostos os Embargos de Declaração contra
decisão interlocutória ou conta sentença, não há incumbência recursal, não
havendo, de igual modo e em virtude da simetria, sucumbência recursal em
embargos de declaração opostos contra decisão isolada do relator ou contra
acórdão.2

Dessa forma, entendemos não ser possível a incidência de honorários


recursais em sede de embargos de declaração.

QUESTÃO 02

Item A

2
DIDIER JUNIOR, Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processo Civil. 13. ed. Salvador:
Juspodivm, 2016. Pag. 158.
No caso em apreço, quanto ao pedido de concessão de justiça gratuita à
parte Autora, este poderia ser deferido sem a exigência de prova concreta. É a
exegese da lei processual de regência: Art. 99, §3º: presume-se verdadeira a
alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.

É importante frisar que, ainda que a viagem da Autora, objeto da demanda,


seja em local turístico e de considerável valor econômico, não entendemos que
poderia haver indeferimento de plano do pleito gratuito de justiça;

TJ-MG - 107020525086790011 MG 1.0702.05.250867-9/001(1) (TJ-


MG) Data de publicação: 30/10/2009 Ementa: DIREITO CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE DESPEJO - IMÓVEL NÃO
RESIDENCIAL - DENÚNCIA VAZIA - PEDIDO DE JUSTIÇA
GRATUITA - PESSOA FÍSICA - DECLARAÇÃO DE POBREZA -
PRESUNÇÃO DE VERACIDADE - DEFERIMENTO - PRETENSÃO
EXCLUSIVA DE RETOMADA DO IMÓVEL - DEVOLUÇAO
VOLUNTÁRIA RECONHECIMENTO DO PEDIDO - EXTINÇÃO DO
FEITO NOS TERMOS DO ART. 269 , II , CPC - SENTENÇA
MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. A comprovação
necessária ao deferimento da justiça gratuita a pessoa natural
se faz mediante mera declaração do requerente, no sentido de
encontrar-se incapacitado financeiramente para o custeio das
custas e despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio
ou de sua família. A devolução voluntária do imóvel locado em ação
de despejo cuja pretensão consiste exclusivamente na retomada do
bem importa em reconhecimento do pedido e deve ser extinta nos
termos do art. 269 , II do CPC .

Portanto, de plano, não pode o juízo indeferir o pleito de justiça gratuita, haja
vista que a mera declaração de hipossuficiência já faz prova cabal de deficiência
econômica, e, havendo elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais,
deve abrir prazo para comprovação de hipossuficiência da parte requerente, nos
termos do artigo 99 do Código de Processo Civil 3, consoante nosso entendimento
albergado na possibilidade de corrigir vício totalmente sanável, mormente no que se
faz alusão à supremacia do julgamento de mérito.

ITEM B

3
Art. 99 CPC, § 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos
que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.
Entendemos que poderia o juiz ter determinado à ré a comprovação da
fragilidade econômica, tendo em vista que o próprio Código de Processo Civil, em
seu artigo 99, §2º e §3º preconiza que há tratamento desigual entre pessoa física e
jurídica, ao prever a presunção de veracidade da alegação de hipossuficiência
somente em favor da pessoa física, o que justifica e autoriza o tratamento desigual.

Contudo, não pode o juiz indeferir de plano o pedido de gratuidade da justiça,


nos termos do artigo 99, § 2º, do Código de Processo Civil, já que o indeferimento
está condicionado a prévia determinação à parte de comprovação dos pressupostos
para concessão do benefício.

Ademais, pelo princípio da primazia do julgamento de mérito 4 em liame à


verossimilhança de compor vício sanável, consoante artigo 317 5 do CPC, deverá o
juízo abrir prazo para comprovação de deficiência econômica da parte Ré.

Luiz Henrique Volpe Camargo6 aduz:

O art. 4º diz que as partes têm direito à “solução integral de


mérito”. O inc. IX do art. 139, por sua vez, diz que incumbe ao
juiz “determinar o suprimento de pressupostos processuais e o
saneamento de outros vícios processuais”. O art. 352, ao seu
turno, estabelece que cabe ao juiz determinar a correção de
“irregularidades ou de vícios sanáveis”. O art. 317, em especial,
pronuncia que “antes de proferir decisão sem resolução de
mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para,
se possível, corrigir o vício”. O art. 488, ainda mais amplo,
diz que “desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre
que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria
eventual pronunciamento nos termos do art. 485”. A norma que
se extrai do texto legal é a de que, mesmo que não seja
possível a solução do vício, desde que este diga respeito
apenas ao interesse das partes, deve o juiz, ao invés de
proferir sentença sem resolução de mérito, emitir
pronunciamento com fundamento no art. 487. É condição para
atuação com fundamento no art. 488 que a decisão de mérito
seja favorável àquele a quem aproveitaria eventual
pronunciamento judicial com fundamento no art. 485. Pois bem,
esses – e tantos outros dispositivos – do CPC/2015

4
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa
5
Art. 317.  Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à
parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.
6
CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Dos elementos e dos efeitos da sentença. In:
SCARPINELLA BUENO, Cassio. (Org.). Comentários ao Código de Processo Civil Parte
Especial. São Paulo: Saraiva, 2017, v. 2, p. 401-402
demonstram a clara opção legislativa de, em regra, assegurar
às partes o julgamento do mérito do processo. A decisão sem
julgamento do mérito é hipótese residual e somente pode ser
proferida quando: (a) o vício realmente for insuperável e disser
respeito ao interesse da jurisdição; ou, (b) a parte não sanar o
vício e não for possível decidir o mérito a seu favor.

O Superior Tribunal de Justiça já vem adotando entendimento neste


diapasão:

“(...) O formalismo positivista deixou de ser obstáculo ao


provimento jurisdicional justo e equânime. Ocorre que, desse
modo, nem toda falta de um pressuposto processual impede a
decisão de mérito (...) AgRg no AREsp 132.584/RJ, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma,
julgado em 03/11/2015, DJe 11/12/2015

Quanto à necessidade de determinação de comprovação de hipossuficiência


por pessoa jurídica, manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça:

STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL AgRg no AREsp 216411 SP 2012/0167433-8 (STJ)
Data de publicação: 08/10/2012. Ementa: PROCESSUAL
CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIALQUE NÃO ATACA OS FUNDAMENTOS DA
DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA N. 182/STJ. JUSTIÇA
GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É inviável o agravo do art. 545 do
CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da
decisão agravada (Súmula n.182/STJ). 2. A pessoa jurídica,
para obter os benefícios da assistência judiciária gratuita,
deve comprovar ser financeiramente incapaz de arcar com
as despesas do processo, não lhe sendo aplicável a
presunção juris tantum prevista no art. 4º da Lei n. 1.060
/1950.3. Agravo regimental não provido.

Dessa forma, entendemos que o juiz não poderia ter concedido ou rejeitado o
pedido de plano, já que a regra de presunção de veracidade exclui a pessoa jurídica,
e o juiz não está autorizado a indeferir o pedido de plano, condicionado à prévia
determinação de produção de provas.
ITEM C

Entendemos que, conforme o artigo 100 da norma processual de regência, no


primeiro momento, a parte Ré poderá impugnar mediante petição simples o
deferimento de justiça gratuita, quando esta ocorrer por fato superveniente. Ou
ainda, se for em despacho interlocutório, antes do prazo de defesa, deverá a Ré
arguir em sede de contestação, mediante preliminar, a impugnação ao cumprimento
de sentença. Consoante se extrai do CPC hodierno:

Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação


na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de
pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição
simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do
próprio processo, sem suspensão de seu curso.

Portanto, tendo o deferimento do pedido ocorrido após a apresentação de


defesa pela parte, a impugnação deve ser formulada por meio de petição simples, a
ser apresentada no prazo de 15 dias contados da publicação da decisão.

ITEM D

Uma das novidades trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015 foi prever
taxativamente as situações de cabimento do Agravo de Instrumento, previsto no
artigo 1.015.

Nos termos do inciso V do referido artigo, é cabível o recurso de agravo de


instrumento nos casos de “rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação”, desde que concedido através de decisão
interlocutória.

Nesse sentido, preconiza Humberto Theodoro Júnior:

O indeferimento do benefício e a sua revogação são objeto de meros


incidentes do processo, julgados, portanto, por decisão interlocutória, que
desafia o recurso de agravo de instrumento (NCPC, art. 101, caput). Se,
contudo, a questão for decidida na sentença, o recurso cabível será de
apelação (NCPC, art.101, caput, in fine).7

Assim, caso o juiz rejeite o pedido de gratuidade em favor da ré, no caso em


tela, entendemos cabível o agravo de instrumento nos termos previstos no artigo
1.015, inciso V, do Código de Processo Civil.

QUESTÃO 03

ITEM A

Os advogados da empresa Pig Alimentos Ltda. interpuseram Recurso de


Apelação, em face da Fazenda Pública, a fim de majorar os honorários advocatícios
arbitrados em sentença, no valor de 3% da condenação.

Contudo, afirmam que a limitação de 3% do valor da condenação seria


inaplicável a este processo, vez que fora instaurado antes da vigência do Código de
Processo Civil de 2015, e pleiteiam a majoração dos honorários para pelo menos
10% do valor da condenação.

Deste modo, faz-se importante ressaltar que os artigos 14 e 1.046 Código de


Processo Civil vigente estabelecem que as normas processuais civis serão
aplicadas imediatamente, inclusive nos processos em curso.

Neste sentindo, tem-se o entendimento do STJ quanto a aplicabilidade das


normas relativas aos honorários advocatícios:

Conclui-se, pois, que, na aplicação do direito intertemporal, as novas


regras relativas a honorários advocatícios de sucumbência, advindas da
edição do CPC de 2015, devem ser aplicadas imediatamente em
qualquer grau de jurisdição, sempre que houver julgamento da causa já
na vigência do novo Código. 8
7
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol.1. 57. ed. rev., atual e apl.
Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 325.
8
EDcl no AgInt no REsp 1573573/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/04/2017, DJe 08/05/2017
Sendo assim, diante a condenação da Fazenda Pública no valor de
R$1.200.000,00, os honorários advocatícios serão fixados no percentual mínimo de
8% e máximo 10% do valor da condenação, nos termos do artigo 85, § 3º, II do
Código de Processo Civil.

Nota-se, portanto, que os advogados da empresa Pig Alimentos Ltda. não


possuem razão no seu argumento, pois ao contrário do que pretendem o percentual
de 10% é o máximo a ser aplicado.

No entanto, é possível perceber que o percentual aplicado em sentença – 3%


do valor da condenação – não faz jus ao disposto no artigo 85, § 3º, II do Código de
Processo Civil, o qual se subsumi a esta demanda.

ITEM B

A Sociedade de Advogados contratada por Pig Alimentos Ltda. possui


legitimidade para interpor Recurso de Apelação, quando o objeto recursal tratar-se
de honorários.

Em atenção ao disposto no artigo 23 da Lei n.º 8.906/94 9, Estatuto da


Advocacia e da Ordem dos Advogados, os honorários sucumbenciais constituem
direito autônomo do advogado da parte vencedora, podendo executar a parte que
lhe cabe da sentença.

Neste passo, considerando que o advogado é o detentor da verba honorária


sucumbencial, é notório que o mesmo possui legitimidade e interesse recursal para
recorrer – em nome próprio – da decisão que fixou ou deixou de fixar seu crédito.

Ademais, o artigo 85, § 14 do Código de Processo Civil ressalta o direito do


advogado a verba honorária sucumbencial e, ainda, evidencia a natureza alimentar
do crédito.
9
“Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado,
tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando
necessário, seja expedido em seu favor”.
Art. 85.  A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao
advogado do vencedor.
§ 14.  Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação
do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência
parcial.

Nesse sentido a jurisprudência já se manifestou:

Ação declaratória de nulidade de contrato de venda e compra de


estabelecimento comercial. Sentença de procedência. Condenação dos
réus ao pagamento de honorários sucumbenciais ao patrono dos
autores. Sua mantença em sede de apelação. Interposição de recurso
especial. Destituição do advogado dos autores sucedida de transação
entre as partes, englobando a verba honorária. Desistência do recurso
interposto perante o Tribunal Superior. Homologação, na origem, do
acordo. Oposição de embargos de declaração, pelo patrono destituído,
não conhecidos. Agravo de instrumento deste. Legitimidade do
advogado para recorrer quanto à verba honorária, na qualidade de
terceiro interessado. Honorários sucumbenciais que constituem
direito autônomo do advogado, sendo ineficaz o acordo que deles
dispuser, sem a sua anuência. Inteligência do § 4º do art. 24 da Lei
8.906/94. Precedentes deste Tribunal de Justiça. Reforma da decisão
agravada. Agravo de instrumento provido, para que sejam examinados,
como de direito, os declaratórios do advogado preterido.  

(TJSP;  Agravo de Instrumento 2130908-24.2017.8.26.0000; Relator


(a): Cesar Ciampolini; Órgão Julgador: 1ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial; Foro Central Cível - 17ª Vara Cível; Data do Julgamento:
21/03/2018; Data de Registro: 22/03/2018)

E ainda:

Agravo de Instrumento. Honorários advocatícios – Ação indenizatória em


fase de liquidação de sentença – Decisão que indeferiu pleito de
arbitramento de honorários – Honorários que pertencem ao advogado
– Legitimidade do advogado para postular a reforma da R. Decisão
agravada – Recurso interposto pela parte que não merece ser
conhecido por ilegitimidade recursal. Não se conhece do recurso. 
(TJSP;  Agravo de Instrumento 2086287-39.2017.8.26.0000; Relator
(a): Christine Santini; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Privado;
Foro Regional XI - Pinheiros - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento:
15/09/2017; Data de Registro: 15/09/2017)
Desse modo, resta evidente que o advogado possui legitimidade e interesse
para recorrer da decisão, a fim de majorar os honorários sucumbenciais ou até
mesmo para condenar a parte contrária ao pagamento.

ITEM C

Diante a pretensão do advogado em majorar os honorários sucumbenciais


fixados em sentença, através da interposição de Recurso de Apelação, faz-se
necessário a análise da base de cálculo adotada no Tribunal competente para a
apuração do valor do preparo recursal.

Deste modo, após análise da jurisprudência, constatamos que o Tribunal de


Justiça de São Paulo utiliza o valor da condenação como base de cálculo para o
preparo do Recurso de Apelação, nos termos do artigo 4º, § 2º da Lei Estadual n.º
11.608/03.

Neste passo, como o Recurso de Apelação dos advogados pretende discutir


apenas o valor arbitrado em sede de honorários advocatícios, é certo que o
recolhimento ocorra sobre parte da condenação que lhe é de direito, ou seja, sobre a
verba honorária fixada em sentença.

Este é o entendimento da jurisprudência do TJSP:

PREPARO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Recurso interposto com


pretensão de majorar o arbitramento da verba honorária, levando-se em
consideração o valor dado à causa. PREPARO. Base de cálculo.
Preparo que deve ser calculado tendo por baldrame o valor
específico da condenação sucumbencial. Precedentes desta E.
Corte Bandeirante. Inteligência e aplicação do disposto no §2º do artigo
4º da Lei Estadual n. 1.608/2003. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Princípio da causalidade. O fato de a parte atribuir um determinado valor
a uma causa, não vincula automaticamente o Juízo no arbitramento dos
honorários pelo §2º do art. 85 do Novo Código de Processo Civil, daí o
disposto no seu §8º, permitindo-se a apreciação equitativa do
magistrado. Arbitramento por equidade, em quantia que não avilta a
atividade profissional desenvolvida, devendo ser mantido. Sentença
Mantida. Apelo não provido. 
(TJSP;  Apelação 1061472-54.2015.8.26.0100; Relator (a): Ramon
Mateo Júnior; Órgão Julgador: 12ª Câmara Extraordinária de Direito
Privado; Foro Central Cível - 8ª Vara Cível; Data do Julgamento:
15/04/2016; Data de Registro: 15/04/2016)

Agravo de Instrumento. Descumprimento do art. 526 do Código de


Processo Civil. Oferta, entretanto, de contrariedade. Preliminar rejeitada.
Preparo. Honorários advocatícios. Recurso de apelação interposto com
pretensão de majorar a verba honorária. Base de cálculo. Preparo que
deve ser recolhido com base no valor específico desta condenação.
Precedentes desta C. Corte. Recurso provido. 
(TJSP;  Agravo de Instrumento 2192387-86.2015.8.26.0000; Relator
(a): Araldo Telles; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro
de São José dos Campos - 4ª. Vara Cível; Data do Julgamento:
15/12/2015; Data de Registro: 17/12/2015)

Portanto, o valor do preparo do Recurso de Apelação em questão seria de


R$1.440,00, correspondente a 4% da condenação em honorários sucumbenciais
fixada em sentença.

ITEM D

Nos termos do artigo 85, § 11 do Código de Processo Civil, o Tribunal, ao


julgar recurso, deverá majorar os honorários advocatícios anteriormente arbitrados,
desde que não supere o valor de 20% da condenação, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, do valor atualizado da causa.

Nota-se, portanto, que a majoração decorre do julgamento negativo do


recurso, independentemente da matéria recorrida, do parte recorrente e, até mesmo,
da apresentação de contrarrazões pela parte recorrida.

Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha corroboram com este


entendimento:

O valor dos honorários recursais soma-se aos honorários anteriormente


fixados. Assim, vencida numa demanda, a parte deve sujeitar-se ao
pagamento de honorários sucumbenciais para o advogado da parte
contrária. Nessa hipótese, caso recorra e seu recurso não seja, ao final,
acolhido, deverá, então, haver uma majoração específica no valor dos
honorários de sucumbência. A inadmissibilidade ou a rejeição do
recurso implica, objetivamente, uma consequência específica,
correspondente ao aumento do percentual dos honorários de
sucumbência. A sucumbência recursal, com majoração dos honorários
já fixados, ocorre tanto no julgamento por decisão isolada do relator
como por decisão proferida pelo colegiado. [...] A majoração dos
honorários em virtude do julgamento de um recurso não depende
de pedido. Não tendo os honorários alcançado o limite máximo, o
tribunal, ao inadmitir ou desprover o recurso, deve aumentar seu valor.” 10

Ressalta-se, ainda, que o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do


Embargos de Declaração n.º 1.573.573, entendeu que “os honorários advocatícios
recursais devem ser aplicados em relação ao recurso que deu causa à inauguração
de instância recursal[...]”.11

É possível perceber que este é o entendimento majoritário do STJ:

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, § 4º, DO CPC de 1973.
VALOR. REEXAME. SÚMULA N. 7/STJ. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
SIMPLES UTILIZAÇÃO DE RECURSO. NÃO OCORRÊNCIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. ART. 85, § 11, DO CPC.
MESMO GRAU DE JURISDIÇÃO. NÃO APLICAÇÃO. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. A revisão dos honorários advocatícios fixados por
equidade, nos termos do artigo 20, § 4º, do revogado Código de
Processo Civil, não é admissível na estreita via do recurso especial,
porquanto decididos com base nos elementos informativos do processo,
cujo reexame encontra as disposições do verbete n. 7 da Súmula desta
Corte. 2. A simples utilização de instrumento processual previsto no
ordenamento jurídico pátrio não importa, por si só, em litigância de má-
fé. 3. Os honorários devidos na fase de recurso especial
compreendem a remuneração de todo o trabalho advocatício nesta
etapa, inclusive eventual agravo interno que se faça necessário
para que o recurso chegue ao conhecimento do colegiado
naturalmente competente, a Turma. Não cabe, portanto, majorar os
honorários, com base no art. 85, § 11, do CPC de 2015, em razão da
interposição de agravo interno. Atitudes eventualmente procrastinatórias
são passíveis de sanção processual própria, inconfundível com o escopo
dos honorários de sucumbência (CPC de 2015, art. 80, §12). 4. Agravo
interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 788.432/SP, Rel.
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
04/10/2016, DJe 11/10/2016)

Deste modo, podemos concluir que o Tribunal ao negar provimento ao


Recurso de Apelação, interposto pelos advogados da empresa Pig Alimentos Ltda.,
pode fixar os honorários advocatícios recursais em detrimento aos Apelantes, vez

10
Curso de Direito Processual Civil: Meios de impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais, Vol.
3, 15ª ed. reform. Salvador: Jus Podivm, 2018, p.188-189

11
EDcl no AgInt no REsp 1573573/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/04/2017, DJe 08/05/2017
que ensejou a abertura de uma nova instância recursal e, mais do que isso, houve o
julgamento do seu Recurso.

Ademais, nos termos do artigo 85, § 11 do Código de Processo Civil, verifica-


se que os honorários serão fixados de acordo com o trabalho adicional do advogado
da parte vencida, sendo este o parâmetro para a fixação.

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