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EXECUÇÃO FISCAL Termo inicial da prescrição para MEDIDA DE SEGURANÇA Na aplicação do art.

97 do CP
redirecionamento em caso de dissolução irregular da NÃO deve ser considerada a natureza da pena privativa
empresa Importante!!! i) o prazo de redirecionamento de liberdade aplicável, mas sim a PERICULOSIDADE DO
da Execução Fiscal, fixado em cinco anos, contado da AGENTE, cabendo ao julgador a faculdade de optar
diligência de citação da pessoa jurídica, é aplicável pelo tratamento que melhor se adapte ao inimputável
quando o referido ato ilícito, previsto no art. 135, III, do Segundo o art. 97 do CP:
CTN, for precedente a esse ato processual; ii) a citação Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará
positiva do sujeito passivo devedor original da obrigação sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto
tributária, por si só, não provoca o início do prazo como crime for punível com detenção, poderá o juiz
prescricional quando o ato de dissolução irregular for a submetê-lo a tratamento ambulatorial.
ela subsequente, uma vez que, em tal circunstância, Assim, se fosse adotada a redação literal do art. 97
inexistirá, na aludida data (da citação), pretensão contra teríamos o seguinte cenário:
os sócios-gerentes (conforme decidido no REsp • Se o agente praticou fato punido com RECLUSÃO, ele
1.101.728/SP, no rito do art. 543-C do CPC/1973, o mero receberá, obrigatoriamente, a medida de internação.
inadimplemento da exação não configura ilícito • Por outro lado, se o agente praticou fato punido com
atribuível aos sujeitos de direito descritos no art. 135 do DETENÇÃO, o juiz, com base na periculosidade do
CTN). O termo inicial do prazo prescricional para a agente, poderá submetê-lo à medida de internação ou
cobrança do crédito dos sócios-gerentes infratores, tratamento ambulatorial.
nesse contexto, é a data da prática de ato inequívoco O STJ, contudo, abrandou a regra legal e construiu a
indicador do intuito de inviabilizar a satisfação do tese de que o art. 97 do CP não deve ser aplicado de
crédito tributário já em curso de cobrança executiva forma isolada, devendo analisar também qual é a
promovida contra a empresa contribuinte, a ser medida de segurança que melhor se ajusta à natureza
demonstrado pelo Fisco, nos termos do art. 593 do do tratamento de que necessita o inimputável.
CPC/1973 (art. 792 do novo CPC - fraude à execução), Em outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: mesmo
combinado com o art. 185 do CTN (presunção de fraude que o inimputável tenha praticado um fato previsto
contra a Fazenda Pública); e, iii) em qualquer hipótese, a como crime punível com reclusão, ainda assim será
decretação da prescrição para o redirecionamento possível submetê-lo a tratamento ambulatorial (não
impõe seja demonstrada a inércia da Fazenda Pública, precisando ser internação), desde que fique
no lustro que se seguiu à citação da empresa demonstrado que essa é a medida de segurança que
originalmente devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato melhor se ajusta ao caso concreto.
inequívoco mencionado no item anterior À luz dos princípios da adequação, da razoabilidade e da
(respectivamente, nos casos de dissolução irregular proporcionalidade, na fixação da espécie de medida de
precedente ou superveniente à citação da empresa), segurança a ser aplicada não deve ser considerada a
cabendo às instâncias ordinárias o exame dos fatos e natureza da pena privativa de liberdade aplicável, mas
provas atinentes à demonstração da prática de atos sim a periculosidade do agente, cabendo ao julgador a
concretos na direção da cobrança do crédito tributário faculdade de optar pelo tratamento que melhor se
no decurso do prazo prescricional. STJ. 1ª Seção. REsp adapte ao inimputável.
1.201.993-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em Desse modo, mesmo em se tratando de delito punível
08/05/2019 (recurso repetitivo - Tema 444) (Info 662). com reclusão, é facultado ao magistrado a escolha do
tratamento mais adequado ao inimputável.
STJ. 3ª Seção. EREsp 998.128-MG, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 27/11/2019 (Info 662).
PRESCRIÇÃO Acórdão que confirma ou reduz a pena
interrompe a prescrição? Tema polêmico! Acórdão que
confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição?
SIM. É a posição atual da 1ª Turma do STF. O acórdão
confirmatório da sentença implica a interrupção da
prescrição. A prescrição é, como se sabe, o perecimento
da pretensão punitiva ou da pretensão executória pela
inércia do próprio Estado. No art. 117 do Código Penal
que deve ser interpretado de forma sistemática todas as
causas interruptivas da prescrição demonstram, em
cada inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante
a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz
distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão
condenatório confirmatório da decisão. Não há,
sistematicamente, justificativa para tratamentos
díspares. A ideia de prescrição está vinculada à inércia
estatal e o que existe na confirmação da condenação é a
atuação do Tribunal. Consequentemente, se o Estado
não está inerte, há necessidade de se interromper a
prescrição para o cumprimento do devido processo
legal. STF. 1ª Turma. (INFO 965//2020).
NÃO. É a posição da doutrina, do STJ e da 2ª Turma do
STF. O art. 117, IV do CP estabelece que o curso da
prescrição interrompe-se pela publicação da sentença
ou acórdão condenatórios recorríveis. Se o acórdão
apenas CONFIRMA a condenação ou então REDUZ a
pena do condenado, ele não terá o condão de
interromper a prescrição. STF. 2ª Turma. RE 1238121
AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/12/2019.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1557791/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 06/02/2020. STJ. Corte Especial.
AgRg no RE nos EDcl no REsp 1301820/RJ, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 16/11/2016.
ESTUPRO O mentor intelectual dos atos libidinosos REINCIDÊNCIA Admite-se o uso de informações
responde pelo crime de estupro de vulnerável. processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos
Importante!!! O estupro de vulnerável se consuma com tribunais, quando completas, a fim de demonstrar a
a prática de qualquer ato de libidinagem ofensivo à reincidência do réu. Importante!!! Para fins de
dignidade sexual da vítima. Para que se configure ato comprovação da reincidência, é necessária
libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e documentação hábil que traduza o cometimento de
vítima. Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a novo crime depois de transitar em julgado a sentença
prescindibilidade do contato físico direto do réu com a condenatória por crime anterior, mas não se exige,
vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre o ato contudo, forma específica para a comprovação. Desse
praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua modo, é possível que a reincidência do réu seja
lascívia, e o efetivo dano à dignidade sexual sofrido pela demonstrada com informações processuais extraídas
ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478.310, Rel. Min. Rogério dos sítios eletrônicos dos tribunais. STJ. 5ª Turma. AgRg
Schietti, julgado em 09/02/2021 (Info 685). no HC 448.972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 16/08/2018. STF. 1ª Turma. HC
162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
16/6/2020 (Info 982).
DESOBEDIÊNCIA Comete crime de desobediência o STJ (INFO 684/2020) Havendo pluralidade de causas de
indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de aumento de pena e sendo apenas uma delas
justiça na ocasião do cumprimento de mandado de empregada na terceira fase, as demais podem ser
entrega de veículo Importante!!! Comete crime de utilizadas nas demais etapas da dosimetria da pena. O
desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que não deslocamento da majorante sobejante para outra fase
atende a ordem dada pelo oficial de justiça na ocasião da dosimetria, além de não contrariar o sistema
do cumprimento de mandado de entrega de veículo, trifásico, é a que melhor se coaduna com o princípio da
expedido no juízo cível. O indivíduo, depositário do bem, individualização da pena. Exemplo: Camila foi
recusou-se a entregar o veículo ou a indicar sua condenada pela prática do crime de roubo
localização. Essa conduta configura ato atentatório à circunstanciado com o reconhecimento de três causas
dignidade da justiça (art. 77, IV, do CPC/2015), havendo de aumento de pena (art. 157, § 2º, II, V e VII). O juiz
a previsão de multa processual (art. 77, § 2º). Ocorre pode empregar a majorante do inciso II (concurso de
que a Lei afirma expressamente que a aplicação da agentes) na terceira fase da dosimetria e utilizar as
multa ocorre sem prejuízo de responsabilização na outras na primeira fase como circunstâncias judiciais
esfera penal. STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. negativas. STJ. 3ª Seção. HC 463.434-MT, Rel. Min.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/11/2020
Moraes, julgado em 28/4/2020 (Info 975). (Info 684). A possibilidade de se deslocar a majorante
sobejante para outra fase da dosimetria, além de não
contrariar o sistema trifásico, é a que melhor se coaduna
com o princípio da individualização da pena. Se o crime
foi praticado com mais de uma qualificadora, uma delas
será utilizada para qualificar o crime e as sobressalentes
podem ser valoradas na primeira ou na segunda fase da
dosimetria da pena. Reconhecida a incidência de duas
ou mais qualificadoras, uma delas poderá ser utilizada
para tipificar a conduta como delito qualificado,
promovendo a alteração do quantum de pena
abstratamente previsto, sendo que as demais poderão
ser valoradas na segunda fase da dosimetria, caso
correspondam a uma das agravantes ou como
circunstância judicial, na primeira fase da etapa do
critério trifásico. STJ. 5ª Turma. HC 505.263/RJ, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/08/2019.
Esse mesmo raciocínio empregado no caso das
qualificadoras pode também ser utilizado para os casos
em que há pluralidade de causas de aumento de pena.
Assim, as causas de aumento de pena que não forem
utilizadas na terceira fase, podem ser empregadas nas
demais etapas da dosimetria. A desconsideração da
majorante sobressalente viola o princípio da
individualização da pena, o qual preconiza a necessidade
de a pena ser aplicada em observância ao caso concreto,
com a valoração de todas as circunstâncias objetivas e
subjetivas do crime. Ademais, essa desconsideração vai
de encontro ao sistema trifásico, pois as causas de
aumento (terceira fase), assim como algumas das
agravantes, são, em regra, circunstâncias do crime
(primeira fase) valoradas de forma mais gravosa pelo
legislador. Assim, não sendo valoradas na terceira fase,
nada impede sua valoração de forma residual na
primeira ou na segunda fases. Lado outro, se não
tivessem sido previstas como majorantes, poderiam ser
integralmente valoradas na primeira e na segunda fases
da dosimetria.

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