Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução Advogado.
Bem jurídico
Segundo Bitencourt (2008, p. 257-258),
[...] em tempos globalizados, com a criminalização da falsificação da moeda, tutela-se
apenas o símbolo do valor unitário, protegendo os interesses da coletividade, que acredita
na autenticidade da moeda, ou apenas a soberania monetária do país, mas protege-se
igualmente a circulação monetária, nacional e internacionalmente.
Sujeitos do crime
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Tipo objetivo
A conduta penalmente tipificada é falsificar moeda metálica ou papel-
-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro, fabricando-a ou alteran-
do-a. (BITENCOURT, 2008, p. 258)
Falsificar
Explica Bitencourt (2008, p. 258) que “falsificar significa imitar, reproduzir
fraudulentamente, de modo a fazer passar por verdadeiro o que não tem
essa característica, ou seja, apresentar algo como se verdadeiro fosse, o que
na realidade não o é.”
Fabricação e alteração
Nelson Hungria (apud BITENCOURT, 2008, p. 259) ensina que “Contrafa-
ção é a fabricação ou forjadura ex integro da moeda ilegítima; alteração é
qualquer modificação da moeda genuína ou autêntica, a fim de lhe atribuir,
na aparência, maior valor.
Falsificação grosseira
Para configuração deste delito é necessário que a falsificação seja capaz
de enganar um número indeterminado de pessoas, característica que possi-
bilitará a circulação da moeda falsa como se fosse verdadeira.
Objeto material
2. Conforme extrai-se do próprio tipo, o crime de moeda falsa apenas terá vez se houver
falsificação, por fabricação ou alteração, de moeda metálica ou papel-moeda de curso
legal no país ou no estrangeiro.
Explica Bitencourt (2008, p. 261) que “[...] não será moeda, no sentido ju-
rídico, aquela que não tenha, ou haja deixado de ter, curso legal, embora
possa manter valor histórico (exemplo: cédula de cruzeiro).
Tipo subjetivo
Ensina Nelson Hungria (apud BITENCOURT, 2008, p. 263) que o elemento
subjetivo é a vontade livre de fabricar moeda (metálica ou em papel) imi-
tando a verdadeira, ou de alterar a moeda verdadeira frustrando o seu valor
intrínseco ou nominal.
Por seu turno, Cezar Roberto Bitencourt (2008, p. 262), sustenta que a
figura desse delito “traz em seu bojo a exigência implícita de um elemen-
to subjetivo especial do injusto, sob pena de a falsificação de moeda não
se adequar à descrição típica”. Explica o autor, “se o sujeito ativo age com a
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 3
mais informações www.iesde.com.br
Crimes contra a fé pública I
Classificação doutrinária
Nas palavras de Bitencourt (2008, p. 265), trata-se de crime comum,
formal (não exige nenhum resultado consistente na efetiva perturbação da
fé pública); comissivo; de forma livre (pode ser praticado por qualquer meio
ou forma que o agente eleger); unissubjetivo; plurissubsistente (a conduta
pode ser composta por atos distintos, admitindo seu fracionamento); instan-
tâneo, mas pode ser permanente, na hipótese de o agente “guardar”.
Consumação e tentativa
Consuma-se o delito no momento em que se conclui a falsificação. Admite
tentativa, pois a execução do delito admite fracionamento.
Tipo objetivo
As condutas incriminadas estão previstas em rol taxativo e são as se-
-guintes:
ceder – é transferir a moeda falsa a terceiro e dela abrir mão para ou-
trem, a título gratuito ou oneroso;
Possibilidade de desclassificação
para o crime de receptação
Conforme ensina Bitencourt, (2008, p. 267)
[...] quem pratica as condutas de adquirir, receber, ocultar, em regra, incorre no crime de
receptação, contudo, nem sempre a ocultação, o recebimento e a aquisição de produto
do crime, constitui o delito de receptar, podendo, conforme as circunstâncias, tipificar
outra infração penal.
Objeto material
Nos mesmos moldes do caput, o objeto material deste delito é a moeda
(metálica ou papel-moeda) falsificada, nacional ou estrangeira, com circula-
ção legal no país.
Modalidade privilegiada
Nas palavras de Bitencourt (2008, p. 270),
[...] trata-se de uma modalidade atenuada do crime de moeda falsa, em que quem adquire
a moeda nessas condições incorreu em erro, sendo, por conseguinte, vítima de falsificação
de terceiro, e entre ficar no prejuízo e passá-la a frente, prefere esta segunda alternativa.
Sujeito ativo
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, menos o falsificador, pois este
infringe a proibição constante do caput do artigo 289.
Sujeito passivo
A pessoa lesada, que recebe a moeda falsa do sujeito ativo.
Tipo objetivo
As ações criminalizadas consistem em fabricar e emitir, ou então em auto-
rizar a fabricação ou omissão.
Objeto material
Segundo Bitencourt (2008, p. 271), “[...] o objeto material dessa figura
penal qualificada é a moeda não autorizada a circular (tanto a metálica
quanto o papel-moeda, cédula).”
O referido autor ainda explica que “[...] para a configuração desse crime,
é indispensável que, subjetivamente, o agente tenha a consciência da liga
da moeda metálica e de seu peso, assim como da quantidade de emissão
autorizada de papel-moeda.”
Sujeitos do crime
Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por funcionário pú-
blico, diretor, gerente ou fiscal de banco emissor de moeda.
§4.º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não
estava ainda autorizada.
Tipo objetivo
Os verbos que indicam a ação delituosa são desviar (mudar o destino) e
fazer circular (retirar o dinheiro do seu local e colocá-lo em circulação, anteci-
padamente, de forma abusiva e ilegal).
Para Bitencourt (2008, p. 273), “[...] é irrelevante que o sujeito ativo obtenha
alguma vantagem pessoal, pois embora não integre a descrição típica, se houver
alguma vantagem para o agente, representa simples exaurimento do crime.”
Objeto material
Ao contrário dos delitos anteriormente abordados, o objeto material desse
tipo penal é a moeda válida, apta a atender seu objetivo monetário, mas o sujeito
ativo se antecipa e a coloca, ilegalmente, em circulação antes da data prevista.
Crime material
Trata-se de crime material, que se consuma quando a moeda entra efeti-
vamente em circulação.
Cominação de pena
Bitencourt (2008, p. 275), com base na doutrina de Heleno Fragoso e Ma-
galhães Noronha, sustenta que as penas cominadas são aquelas do caput,
três a doze anos, e não as cominadas no parágrafo 3.º, pois, “[...] o parágrafo
subordina-se ao artigo, donde, para o tratamento penal, a lei equipara a pre-
sente espécie àquele (caput), uma vez que soa: ‘nas mesmas penas’.
Ação penal
A ação penal é pública incondicionada. Na hipótese do crime privilegia-
do previsto no parágrafo 2.º do artigo 289, a competência para processar e
julgar é do Juizado Especial Criminal, cabendo a suspensão condicional do
processo, nos termos do artigo 89 da Lei 9.099/95.
Dica de estudo
Indica-se a verificação do posicionamento jurisprudencial do STJ e do STF
sobre os referidos crimes.
Referências
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: dos crimes contra os cos-
tumes até dos crimes contra a fé pública. 3. ed., v. 4. São Paulo: Saraiva, 2008.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral e parte espe-
cial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.