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Direito IES 2020/2

7ª/8ª fase
Boa noite!
Profa. Janaina Carvalho de Souza
Disciplina: Proteção Penal aos Interesses Sociais
E-mail: janaina.souza44@docente.suafaculdade.com.br

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Aula 06
Conteúdo: 3. Crimes contra a fé pública.
3.1. Moeda falsa: generalidades, objetividade jurídica,
conduta, consumação – art. 289 do CP
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PUBLICA
4 Título X do Código Penal – art. 289 ao 311 do CP
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Capítulo I - Da Moeda Falsa
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou
no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,
depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.
CRIME DE MOEDA FALSA
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Bem jurídico tutelado: Fé Pública

Fé Pública: é a confiança que a sociedade deposita nos objetos, sinais e formas


exteriores (moedas, emblemas, documentos), aos quais o Estado, mediante o direito,
privado ou público, atribui um valor probatório qualquer, bem como a boa-fé e o
crédito dos cidadãos nas relações da vida comercial e industrial.
“fé pública, como bem jurídico, tutela a confiança na autenticidade de documentos que
permitem a continuidade das relações jurídicas.”.
Interesse de natureza supra-individual, de toda a coletividade. A confiança depositada
dos documentos públicos e privados em geral. Credibilidade plena.

Objeto material: Moeda metálica ou papel moeda.


CRIME DE MOEDA FALSA
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Sujeito Ativo
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de moeda falsa, pois o tipo penal do
artigo 289 não exige nenhuma qualidade ou condição especial para a prática,
portanto, trata-se de crime comum. Em outras palavras, sujeito ativo é quem falsifica
moeda, metálica ou de papel, fabricando-a ou alterando-a. Ademais, é indispensável
que o sujeito ativo tenha consciência da falsidade da moeda.
Exceção: §3º - Funcionário Público - Crime próprio.

Sujeito Passivo
O sujeito passivo é o Estado, representando a coletividade, bem como a pessoa
lesada com a conduta praticada pelo sujeito ativo. No caso concreto, sujeito passivo é
sempre quem tem seu interesse lesado pela conduta do agente, podendo ser sujeito
passivo do crime tanto a pessoa física como a jurídica.
CRIME DE MOEDA FALSA
7 Classificação Doutrinária:

Quanto ao sujeito, será crime comum. Exceção: crime próprio em seu §3º;

Quanta à necessidade de resultado naturalístico para sua consumação: A


consumação do crime de moeda falsa se dá no lugar e no momento em que se
conclui a falsificação, em qualquer de suas modalidades, independentemente de ser
colocada de modo efetivo em circulação.
Crime formal: Não depende de resultado naturalístico. Não necessita sua colocação
em circulação.

Elemento subjetivo: Art. 18 do CP - Dolo (não há previsão para a modalidade de


natureza culposa);

Falsificação Grosseira: Crime impossível (Art. 17 do CP) - Ou estelionato, caso


tenha causado um dano a alguém. Quem dirá que se trata de falsificação grosseira?
PERITO.
CRIME DE MOEDA FALSA
8 Princípio da Insignificância: Não se aplica. Bem tutelado é a fé pública.
Arrependimento posterior: causa de diminuição de pena quando, após a
consumação do delito, nos crimes sem violência ou grave ameaça, o agente repara o
dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia. Não se aplica.

Competência: Quem emite a moeda: Casa da Moeda - União - Art. 109, IV, da CF:
Justiça Federal.
Mas se a falsificação é grosseira - causou um dano a terceiro, crime de estelionato
(art. 171 do CP) - Competência Estadual - Súmula 73 do STJ: A utilização de papel
moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da
competência da Justiça Estadual.

De que forma se dá o delito:


Ação: Falsificação - Meio: Fabricando (formação de uma cédula nova)
Alterando: O dinheiro já existe – o agente promove uma alteração para o aumento do
valor. Em nosso país, grande dificuldade, pois as notas são de cores e tamanhos
diferentes.
CRIME DE MOEDA FALSA – FIGURA EQUIPARADA
9 TENTATIVA: quando o sujeito ativo é surpreendido durante a realização da conduta
de falsificar a referida moeda, sendo impedido de prosseguir em sua tarefa.

Conduta equiparada – CIRCULAÇÃO DE MOEDA FALSA (ART. 289, § 1º, CP)


§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.

Exemplo do “Bolão”: Se João fabrica, mas Joana coloca em circulação – João


responde pelo caput e Joana pelo § 1º.
Agora, se João fabrica e coloca em circulação: os dois crimes tem o mesmo bem
jurídico tutelado – João responde pelo primeiro e o segundo torna-se POST FACTUM
IMPUNÍVEL.
Também não cabe insignificância, nem arrependimento posterior.
Repassar nota falsa para ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou criança, aplica-
se agravante do art. 61, II, e e h.
CRIME DE MOEDA FALSA – FIGURA PRIVILEGIADA
10 FIGURA PRIVILEGIADA (ART. 289, § 2º, CP) - § 2º - Quem, tendo recebido de boa-
fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de
conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Trata-se de uma modalidade atenuada do crime de moeda falsa, em que quem


adquire a moeda nessas condições incorreu em erro, sendo, por conseguinte, vítima
da falsificação de terceiro, e entre ficar no prejuízo e passá-lo a frente, prefere esta
segunda alternativa.
Não sabe que é moeda falsa quando recebe.
Dolo: evitar prejuízo patrimonial. Pena muito menor.

Competência - Juizado Especial Criminal da JF. Suspensão condicional do processo


- art. 89 da Lei 9099/95 - solução alternativa para problemas penais, que busca evitar
o início do processo em crimes cuja pena mínima não ultrapassa 1 ano ( pena ≤ 1ano)
quando o acusado não for reincidente em crime doloso e não esteja sendo
processado por outro crime.
CRIME DE MOEDA FALSA – FIGURAS QUALIFICADAS – ART. 289,
§ 3º E 4º DO CP
11 1) FIGURAS QUALIFICADAS: § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que
fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige condição e qualidade especial do
sujeito ativo. Aqui o objeto material passa a ser a moeda não autorizada ou com
título ou peso inferior ao determinado em lei.

2) DESVIO OU CIRCULAÇÃO ANTECIPADA (ART. 289, § 4º, CP) - § 4º - Nas


mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava
ainda autorizada.
Agente que dá a moeda destino que ela não tinha naquele momento, colocando-a em
circulação antes da data autorizada. A moeda verdadeira, fabricada e apta a entrar em
circulação, não o pode por não ser o momento próprio. O agente, entretanto, desvia-a
e a coloca em circulação antecipadamente.
CRIME DE MOEDA FALSA – FIGURAS QUALIFICADAS – ART. 289,
§ 3º E 4º DO CP
12 1) FIGURAS QUALIFICADAS: § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que
fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige condição e qualidade especial do
sujeito ativo. Aqui o objeto material passa a ser a moeda não autorizada ou com
título ou peso inferior ao determinado em lei.

2) DESVIO OU CIRCULAÇÃO ANTECIPADA (ART. 289, § 4º, CP) - § 4º - Nas


mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava
ainda autorizada.
Agente que dá a moeda destino que ela não tinha naquele momento, colocando-a em
circulação antes da data autorizada. A moeda verdadeira, fabricada e apta a entrar em
circulação, não o pode por não ser o momento próprio. O agente, entretanto, desvia-a
e a coloca em circulação antecipadamente.
EXERCÍCIOS
13 Ângela recebeu, inadvertidamente, algumas notas falsas de R$ 50,00 (cinquenta
reais) e não se recorda mais de quem as obteve. As notas em questão foram
recusadas em diversas oportunidades em estabelecimentos comerciais que
dispunham de equipamento apropriado à verificação da autenticidade de papel-
moeda. Mesmo assim, e sentindo-se injustiçada por ter recebido as notas falsas
em questão de boa-fé, como se verdadeiras fossem, continuou a repassá-las em
outros estabelecimentos. Acerca de sua conduta, pode-se afirmar que Ângela:
A. não praticou crime algum, pois recebeu as notas em questão de boa-fé.
B. praticou o crime de moeda falsa, a ser punido com a mesma pena prevista para a
falsificação da moeda falsa.
C. praticou forma privilegiada do crime de moeda falsa, pois repassou as notas
sabendo serem falsas.
D. praticou o crime de estelionato, uma vez que não realizou a falsificação das notas
em questão, tendo apenas as restituído à circulação.
E. não praticou crime algum, pois não tem obrigação legal de reconhecer a falsidade
de papel-moeda.
EXERCÍCIOS
Teodoro, 30 anos de idade, brasileiro, casado e sem antecedentes, falsificou 10
14 cédulas de R$ 10,00 (dez reais) com o intuito de introduzi-las em circulação, na
conduta de pagar uma conta de TV a cabo atrasada. A caminho da casa lotérica,
no entanto, foi abordado por policiais e, assustado, entregou as cédulas e
confessou a falsificação. Considerando-se a situação hipotética, é correto
afirmar que
A. Teodoro praticou o crime de moeda falsa na modalidade tentada, pois não
conseguiu consumar seu intento que era o de colocar as cédulas em circulação.
B. Tendo em vista o ínfimo valor das cédulas falsificadas, trata-se de fato atípico.
C. Teodoro praticou o crime de moeda falsa na modalidade consumada e, se
condenado, poderá receber uma pena de reclusão de 3 (três) a 12 (doze) anos, mais
a imposição de multa.
D. apesar de ter falsificado as cédulas, tendo em vista que as entregou à autoridade
policial antes de introduzi-las na circulação, Teodoro poderá ter reconhecida em seu
favor a figura privilegiada prevista no § 2o do art. 289 do Código Penal, que trata de
figura privilegiada.
E. por ter falsificado as cédulas visando pagar uma conta atrasada, Teodoro poderá
alegar estado de necessidade e ter reconhecida a excludente de ilicitude.
EXERCÍCIOS
15 Ronaldo, dono de um minimercado situado na cidade de Florianópolis, recebeu
em seu estabelecimento, de boa-fé e como verdadeira, uma nota de R$ 100,00 de
um cliente para pagamento de uma compra. No dia seguinte, Ronaldo tomou
conhecimento de que a nota recebida é falsa, mas, mesmo assim, ele a restituiu
à circulação. Neste caso, Ronaldo
a) não cometeu qualquer infração penal.
b) cometeu crime de moeda falsa e está sujeito à pena de detenção, de 6 meses a 2
anos, e multa.
c) cometeu crime de moeda falsa e está sujeito à pena de reclusão, de 3 a 12 anos, e
multa, sem qualquer benefício.
d) cometeu crime de moeda falsa e está sujeito à pena de reclusão, de 3 a 12 anos, e
multa, que será reduzida de 1/6 a 1/3 em razão da boa-fé quando do recebimento da
cédula.
e) cometeu crime de moeda falsa e está sujeito à pena de reclusão, de 3 a 12 anos, e
multa, mas o Magistrado poderá lhe conceder o perdão judicial.
Obrigada!

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