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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DA GRANDE FLORIANÓPOLIS - IES

CURSO DE DIREITO - NOTURNO

GUILHERME AUGUSTO DA SILVA – RA 32010001976

TRABALHO DE HISTÓRIA DO DIREITO

DOZE TÁBUAS X DIREITO CIVIL E PENAL BRASILEIRO

São José
2017
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DA GRANDE FLORIANÓPOLIS – IES
CURSO DE DIREITO - NOTURNO

GUILHERME AUGUSTO DA SILVA

DOZE TÁBUAS X DIREITO CIVIL E PENAL BRASILEIRO

Trabalho elaborado para a disciplina de


História do Direito do Curso de Direito do
Instituto de Ensino Superior da Grande
Florianópolis – IES.

Orientador: Prof. Ms. Marcos Canetta

São José
2017
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INTRODUÇÃO

Neste trabalho, trataremos sobre a relação das leis doze tábuas (Lex Duodecim
Tabularum ou simplesmente Duodecim Tabulae, em latim) que constituía uma antiga
legislação que está na origem do direito romano com as leis do código civil e penal
que regem o nosso sistema de leis do direito brasileiro. A Lei das XII Tábuas é mais
uma conquista dos plebeus, condicionados à submissão incerta dos costumes, que,
até então, pautam a vida romana.
A quantidade de normas existentes por volta de 450 A.C., no mundo romano
com o intuito de determinar o direito legislativo e processual e o qual pautará a vida
e a forma de solucionar os conflitos de interesses do povo romano de modo geral.
Procuraremos estabelecer um paralelo direto entre algumas destas normas em
consonância com normas procedimentais do Código Processual Civil Brasileiro que
nos interessa mais proximamente.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

 Analisar e interpretar as leis da antiga legislação do direito romano, chamada leis


das doze tábuas com relação as leis civis e penais do Direito brasileiro em vigor.

1.1.2 Objetivos específicos

 Associar os artigos das normas antigas com as normas e leis do Direito brasileiro
atual;
 Relacionar a constante evolução das normas e leis que regem o Direito civil e
penal brasileiro.
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TÁBUA PRIMEIRA
Do chamamento a Juízo

1. Se alguém e chamado a Juízo, compareça.


2. Se não comparece, aquele que o citou tome testemunhas e o prenda.
3. Se procurar enganar ou fugir, o que o citou pode lançar mão sobre (segurar) o
citado.
4. Se uma doença ou a velhice o impede de andar, o que o citou, lhe forneça um
cavalo.
5. Se não aceitá-lo, que forneça um carro, sem a obrigação de dá-lo coberto.
6. Se se apresenta alguém para defender o citado, que este seja solto.
7. O rico será fiador do rico; para o pobre qualquer um poderá servir de fiador.
8. Se as partes entram em acordo em caminho, a causa está encerrada.
9. Se não entram em acordo, que o pretor as ouça no comitium ou no forum e
conheça da causa antes do meio-dia, ambas as partes presentes.
10. Depois do meio-dia, se apenas uma parte comparece, o Pretor decida a favor da
que está presente.
11. O pôr do sol será o termo final da audiência.

Inciso 11, Tábua I.


O pôr do sol será o termo final da audiência.
Comparando-se o inciso XI da Tábua I com o art. 172 do Código de Processo Civil,
nota-se semelhança na delimitação relativa ao horário dos atos processuais.
Há, porém, diferenças entre códigos pela aceitação de exceções pelo Código
de Processo Civil brasileiro, segundo o qual:
Art.172 – os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às (vinte) 20
horas. Parágrafo primeiro: Serão, todavia, concluídos, depois das 20 (vinte) horas,
os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave
dano.

TÁBUA SEXTA
Do direito de propriedade e da posse

1. Se alguém empenha a sua coisa ou vende em presença de testemunhas, o que


prometeu tem força de lei.
2. Se não cumpre o que prometeu, que seja condenado em dobro.
3. O escravo a quem foi concedida a liberdade por testamento, sob a condição de
pagar uma certa quantia, e que é vendido em seguida, tornar-se-á livre se pagar a
mesma quantia ao comprador.
4. A coisa vendida, embora entregue, só será adquirida pelo comprador depois de
pago o preço.
5. As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas
móveis depois de um ano.
6. A mulher que residiu durante um ano em casa de um homem, como se fora sua
esposa, é adquirida por esse homem e cai sob o seu poder, salvo se se ausentar da
casa por 3 noites.
7. Se uma coisa é litigiosa, que o pretor a entregue provisoriamente àquele que
detém a posse; mas se se tratar da liberdade de um homem que está em
escravidão, que o pretor lhe conceda a liberdade provisória.
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8. Que a madeira utilizada para a construção de uma casa, ou para amparar videira,
não seja retirada só porque o proprietário a reivindica; mas aquele que utilizou a
madeira que não lhe pertencia, seja condenado a pagar o dobro do valor; e se a
madeira é destacada da construção ou do vinhedo, que seja permitido ao
proprietário reivindicá-la.
9. Se alguém quer repudiar a sua mulher, que apresente as razões desse repúdio.

Da Usucapião Art. 1238 ao 1244 CC

As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as


coisas móveis depois de um ano.
Com respeito à propriedade rural, salienta -se na legislação brasileira que o agente
não deve ser proprietário de nenhum imóvel rural ou urbano.
Art. 1.238, Código Civil. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir - se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo. No entanto, diferenciam- se, no artigo
1.238 do Código Civil. O prazo de quinze anos expresso no caput do artigo é
reduzido a dez anos em s eu parágrafo único caso o possuidor tenha
estabelecido moradia ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo no imóvel.

Art.1.239, Código Civil. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural
ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área
de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva
por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua mor adia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
Art. 1.240, Código Civil. Aquele que possuir, como sua, área urbana de
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente
e sem oposição, utilizando -a para sua moradia ou de sua família, adquirir -
lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.

TÁBUA SEGUNDA
Dos julgamentos e dos furtos

1. ... cauções... subcauções ... a não ser que uma doença grave ... um voto ..., uma
ausência a serviço da república, ou uma citação por parte de estrangeiro, dêem
margem ao impedimento; pois se o citado, o juiz ou o árbitro, sofre qualquer desses
impedimen-tos, que seja adiado o julgamento.
2. Aquele que não tiver testemunhas irá, por três dias de feira, para a porta da casa
da parte contrária, anunciar a sua causa em altas vozes injuriosas, para que ela se
defenda.
3. Se alguém comete furto à noite e é morto em flagrante, o que matou não será
punido.
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4. Se o furto ocorre durante o dia e o ladrão é flagrado, que seja fustigado e


entregue como escravo à vítima. Se é escravo, que seja fustigado e precipitado do
alto da rocha Tarpéia.
5. Se ainda não atingiu a puberdade, que seja fustigado com varas a critério do
pretor, e que indenize o dano.
6. Se o ladrão durante o dia defende-se com arma, que a vítima peça socorro em
altas vozes e se, depois disso, mata o ladrão, que fique impune.
7. Se, pela procura cum lance licioque, a coisa furtada é encontrada na casa de
alguém, que seja punido como se fora um furto manifesto.
8. Se alguém intenta ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado no
dobro.
9. Se alguém, sem razão, cortou árvore de outrem, que seja condenado a indenizar
à razão de 25 asses por árvore cortada.
10. Se transigiu com um furto, que a ação seja considerada, extinta.
11. A coisa furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião.

Art. 155 – Furto CP

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Furto de coisa comum.

TÁBUA QUINTA
Das heranças e tutelas

1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens ou a


tutela dos filhos terão a força de lei.
2. Se o pai de família morre intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que
o agnado mais próximo seja o herdeiro.
3. Se não há agnados, que a herança seja entregue aos gentis.
4. Se um liberto morre intestado, sem deixar herdeiros seus, mas o patrono ou os
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filhos do patrono a ele sobrevivem, que a sucessão desse liberto transfira ao parente
mais próximo na família do patrono.
5. Que as dividas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o
quinhão de cada um.
6. Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros, poderão parilhá-los,
se assim o desejarem; para esse fim o pretor poderá indicar 3 árbitros.
7 Se o pai de família morre sem deixar testamento, ficando um herdeiro seu
impúbere, que o agnado mais próximo seja o seu tutor.
8. Se alguém torna-se louco ou pródigo e nato tem tutor, que a sua pessoa e seus
bens, sejam confiados à curatela dos aguados e, se não há agnados, à dos gentis.

Do Direito das Sucessões Art. 1784 ao 1.790

Art. 1.784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.
Art. 1.785 – A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Art. 1.786 – A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.
Art.1.787 – Regula a situação e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da
abertura daquela.
Art.1788 – Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado
nulo.
Art.1.789 – Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade
da herança.
Art.1790 – A companheira ou companheiro participará da sucessão do outro, quanto
aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições
seguintes:

I. Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que
por lei for atribuída ao filho;
II. Se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade
do que couber a cada um daqueles;
III. Se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança.
IV. Não havendo parentes sucessíveis, terá direito a totalidade da herança.

TÁBUA OITAVA
Dos direitos prediais

1. A distância entre as construções vizinhas deve ser de dois pés e meio.


2. Que os sodales (sócios) façam para si os regulamentos que entenderem,
contando que não prejudiquem o público.
3. A área de cinco pés deixada livre entre os campos limítrofes não pode ser
adquirida por usucapião.
4. Se surgem divergências entre possuidores de campos vizinhos, que o pretor
nomeie três árbitros para estabelecerem os limites respectivos.
5. Lei incerta sobre limites
6. ... jardim ..........
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7. ... herdade ..........


8. ... choupana ..........
9. Se uma árvore se inclina sobre o terreno alheio, que os seus galhos sejam
podados à altura de mais de 15 pés.
10. Se caem frutos sobre o terreno vizinho, o proprietário da árvore tem o direito de
colher esses frutos.
11. Se a água da chuva retida ou dirigida por trabalho humano, causa prejuízo ao
vizinho, que o pretor nomeie 3 árbitros, e que estes exijam, do dono da obra,
garantias contra o dano iminente.
12. Que o caminho em reta tenha oito pés de largura e o em curva tenha dezesseis.
13. Se aqueles que possuem terrenos vizinhos a estrada não. os cercam, que seja
permitido deixar pastar o rebanho à vontade. (Nesses terrenos).

Do Direito de construir 1.277 ao 1.281 CC

São regras que limitam o direito de propriedade a fim de evitar conflitos entre
proprietários de prédios contíguos, respeitando, assim, o convívio social. Constituem
obrigações propter rem (que acompanham a coisa).

Prevê o art. 1.277 do Código Civil que "o proprietário ou o possuidor de um prédio
tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego
e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha".

Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato


ilícito; abusivos, aqueles que causam incômodo ao vizinho, mas estão nos limites da
propriedade (barulho excessivo, por exemplo); lesivos, que causam dano ao vizinho,
porém não decorre de uso anormal da propriedade (indústria cuja fuligem polui o
ambiente, por exemplo).

Os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal de propriedade, posto


que ultrapassam os limites toleráveis da propriedade. Outro ponto a ser analisado
para verificar a normalidade de uso é a zona de conflito, somados aos costumes
locais, já que são diferentes num bairro residencial e industrial, por exemplo. Além
disso, deve-se considerar a anterioridade da posse, pois a pessoa que comprou o
imóvel próximo de estabelecimentos barulhentos não tem razão de reclamar.

Entende-se que os primeiros a se instalarem num certo local determinam a


sua destinação, no entanto, esta teoria não é absoluta, ou seja, os proprietários não
podem se valer da anterioridade para justificar a moléstia ao vizinho.

Soluções

As reclamações serão atendidas apenas se danos forem intoleráveis. Sendo


assim, deve o juiz primeiro determinar a sua redução, de modo a torná-lo suportável
pelo homem normal.
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De acordo com o art. 1.279 do CC "ainda que por decisão judicial devam ser
toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação,
quando estas, se tornarem possíveis".

Porém, se não for possível que o dano seja reduzido a um nível normal de
tolerância, determinará o juiz a cessação da atividade causadora do incômodo
(fechamento da indústria, p.ex.). Deve-se observar, no entanto, que se a atividade
for de interesse social, determina-se que o causador do dano pague indenização ao
vizinho (art. 1.278 do CC).

A ação que deve ser interposta nestes casos é a cominatória, que pode ser
ajuizada pelo proprietário, pelo possuidor ou pelo compromissário comprador.
Porém, se o dano for consumado, caberá ação de ressarcimento de danos.

Estabelece ainda o art. 1.280 do CC que "o proprietário ou o possuidor tem


direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando
ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente".

Árvores Limítrofes

Dispõe o art. 1.282 do CC que "a árvore, cujo o tronco estiver na linha divisória,
presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes".

Pode ainda, conforme previsto no art. 1.283, o proprietário do terreno invadido pelas
raízes ou ramos de árvore que ultrapassarem a estrema do prédio, cortá-los até o
plano divisório.

Tem direito, também, o vizinho aos frutos que caírem naturalmente no solo de seu
imóvel, se este for particular. Já se cair em propriedade pública, o proprietário
continuará sendo seu dono.

Cabe lembrar que, sendo comum a árvore, os frutos e o tronco, pertencem a ambos
os proprietários e, por isso, não pode um deles arrancá-lo sem o consentimento do
outro.

Das águas

De acordo com o art. 1.288 do CC "o dono ou o possuidor do prédio inferior é


obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo
realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do
prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do
prédio superior".

Prevê ainda o art. 1.290 do mesmo código o direito às sobras das águas
nascentes e pluviais dos prédios inferiores, que poderão utilizá-las através de
servidão.

Não pode o proprietário do prédio superior poluir as águas indispensáveis às


necessidades primordiais dos possuidores dos imóveis inferiores e deverá recuperar
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ou ressarcir os danos pelas demais que poluírem, conforme dispõe o art. 1.291 do
CC.

Estabelece também o art. 1.292 do mesmo diploma que "o proprietário tem
direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água
em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu
proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido".

Limites entre prédios e direito de tapagem

Preceitua o art. 1.297 do CC: "o proprietário tem direito a cercar, murar, valar
ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu
confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar
rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
É interesse do dono de um prédio que se estabeleça os limites extremos de sua
propriedade".

A ação cabível para solucionar as confusões entre as linhas divisórias é a


demarcatória, que não se confunde com ações possessórias e reivindicatórias.

Interposta tal ação o juiz delimitará as áreas de acordo com a posse justa e, no caso
da mesma não ser provada, o terreno será dividido em partes iguais entre os prédios
ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante
indenização ao outro (art. 1.298 do CC).

Entende-se que os tapumes pertencem a ambos os proprietários confinantes


que, por isso, devem arcar com as despesas de conservação e construção em
partes iguais.

Porém, para "a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de


animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a
necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as
despesas".

Limitações e responsabilidades

O art. 1.299 do C.C. que "o proprietário pode levantar em seu terreno as
construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos
administrativos".

Assim, todo o proprietário deve ressarcir o seu vizinho pelos danos causados
pela construção, podendo este último valer-se da ação de indenização, na qual
provará a ocorrência do dano e o nexo de causalidade com a construção.

Cabe lembrar que os construtores, arquitetos e empresas que prestam


serviços de construção civil respondem solidariamente com os proprietários pelos
danos causados pela obra, já que são técnicos habilitados para realizá-la. Se os
danos decorrem de imperícia ou negligência do construtor, pode o proprietário que
pagar sozinho valer-se de ação regressiva contra àquele.
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Devassamento da propriedade vizinha

Prescreve o art. 1.301 do CC "é defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço
ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho", com a finalidade de
resguardar a intimidade a intimidade das famílias. No entanto, não estão proibidas
pequenas aberturas para luz e ventilação.

Pode o proprietário "no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir
que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o
prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo
antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com
prejuízo para o prédio vizinho", conforme previsto no art. 1.302 do CC.

Entretanto, em se tratando de aberturas ou vãos para luz, poderá o vizinho


levantar sua edificação ainda que vede a claridade do outro (art. 1.302, parágrafo
único do CC).

Já na zona rural não de pode levantar edificações a menos de três metros do


terreno vizinho (art. 1.303 do CC).

Águas e beirais

Estabelece o art. 1.300 do Código Civil que "o proprietário construirá de


maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho",
portanto, as águas pluviais devem ser despejadas no solo do proprietário e não no
do vizinho, já que este só está obrigado a receber as águas que naturalmente
correm para seu prédio.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS

Sites:

A relação entre o direito e a economia. Âmbito jurídico. Disponível em:


<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12533>. Acesso em:
30 abr. 2017

Direito e Economia: breve ensaio sobre as relações entre os fenômenos econômicos


e as instituições jurídicas. Jus. Disponível em:
<https://www.jus.com.br/artigos/28250/direito-e-economia-breve-ensaio-sobre-as-
relacoes-entre-os-fenomenos-economicos-e-as-instituicoes-juridicas>. Acesso em:
21 abr. 2017

Os Desafios da Interdisciplinaridade em Direito e Economia. IE. Disponível em:


<http://www.ie.ufrj.br/datacenterie/pdfs/seminarios/pesquisa/texto2009.pdf> Acesso
em 04 maio 2017

Poder Judiciário e Desenvolvimento Econômico. JF.Disponível em:


<http://www.jf.jus.br/ojs2/index.php/mono/article/viewFile/1966/1886> Acesso em: 06
maio 2017

Princípio da Eficiência Econômico-Social no Direito.Scielo.Disponível


em: <www.scielo.br/pdf/seq/n68/12.pdf> Acesso em: 04 maio 2017.

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