FUNDADO EM 1875 Quarta-feira 14 de FEVEREIRO de 2024 l R$ 7,00 l Ano 145 l Nº 47601

JULIO MESQUITA (1862—1927) estadão.com.br

ALEX SILVA/ESTADÃO

Mário de Andrade brilha e Mocidade Alegre vence em SP. De novo

Enredo sobre as viagens do escritor pelo Brasil (acima, referência à arte barroca em MG) levou a Mocidade Alegre a seu 12º título. O triunfo no último quesito
consolidou a escola como segunda em conquistas em SP – maior campeão, o Vai-Vai ficou em 8º. Tom Maior e Independente Tricolor foram rebaixadas. __ A12

LEO MARTINS/ESTADÃO

E&N Reforma tributária __ B1 e B2

C2
Setores de mineração e petróleo
resistem ao ‘imposto do pecado’
Cobrança prevista é de até 1% sobre itens considerados nocivos

C
om foco na regula-
mentação da refor-
ma tributária, empre-
sas dos setores de mi-
neração e petróleo se articulam
para reduzir o impacto do novo
Imposto Seletivo – o chamado
“imposto do pecado” –, que inci-
dirá sobre itens considerados
Notas e Informações __ A3
Prioridade
errada
R$ 3,4 bilhões
o setor de mineração pagou em
royalties no 1º semestre de 2023
nocivos à saúde e ao meio ambien-
te, incluindo a extração de recur-
sos naturais não renováveis. O te-
Coluna do Estadão __ A2
No G-20, Brasil reagirá
ao ‘protecionismo verde’
ma será debatido em grupo de tra-
balho do Ministério da Fazenda,
que deverá receber sugestões do
setor privado. Em paralelo, o
Congresso criou pequenos comi-
tês para preparar os parlamenta-
res para as negociações. O objeti-
vo das mineradoras é barrar a co-
brança sobre as exportações, pa-
Nicolau da Rocha Cavalcanti __ A4
Bolsonaro cometeu crime
de tentar um golpe?
ra manter a competitividade do
produto nacional, sobretudo
do minério de ferro. Já as empre-
sas de óleo e gás buscam redu- Detox __ C8
zir a alíquota do tributo, de até
1% sobre o valor do produto. Os
dois setores alegam também
Álcool demais?
que pagam impostos específi-
cos e ocorreria bitributação.
Testamos 11
sucos de laranja
Júri convocado pelo ‘Paladar’
Roberto DaMatta __ C5 deixou de fora refrescos, néc-
Por que afinal tares e as versões com açú-
carnaval é Brasil? car e conservantes.

Na Paulista, dia 25 __ A6
Bolsonaro convoca
ato em SP em meio
a investigações da
Polícia Federal
Em vídeo, ex-presidente fala
em manifestação pacífica e pe-
de que sejam evitadas faixas
“contra quem quer que seja”.
C2 Música __ C1
Saúde __ A11 A fundo __ C6 e C7 E&N Veículos elétricos __ B10
Nasi lança álbum e critica
País já tem mais de Metade dos Como a montadora funkeiros e sertanejos
500 mil casos de reservatórios de BYD, com ajuda
C2 ‘Um Defeito de Cor’ __ C3
dengue e 75 mortes água no mundo do governo chinês, Clássico literário antirracista
confirmadas está secando desbancou a Tesla inspirou desfile da Portela
Outros 340 óbitos estão sob Estudo de 1.700 aquíferos Empresa que vendia bate-
investigação. Minas lidera conclui que nível só subiu em rias agora cresce em ritmo Soluções ambientais __ A14
em infecções prováveis, com 7% deles em 20 anos. Algu- acelerado e ergue fábricas pe- Drones reflorestam região
São Paulo em segundo. mas ações já revertem perdas. lo mundo, incluindo o Brasil. destruída por chuvas no litoral

Edição de hoje Caderno A. Opinião, Política, Internacional, Metrópole, Saúde, Esportes, Para fechar... C2. Cultura & Comportamento, JC. Jornal do Carro Tempo em SP
4 CADERNOS – 44 páginas E&N. Destacar Economia & Negócios A fundo 22° Mín. 26° Máx.
 QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
A2 O ESTADO DE S. PAULO

ROSEANN KENNEDY
COM EDUARDO GAYER, AUGUSTO TENÓRIO E GABRIEL DE SOUSA Coluna do
Estadão
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
ESTADAO.COM.BR/POLITICA/COLUNA-DO-ESTADAO

Brasil pauta na presidência SINAIS

do G-20 proposta ‘ambiciosa’ PARTICULARES

contra ‘protecionismo verde’ por Kleber Sales

Brasil quer aproveitar a presidência do G-20 para

O influenciar a discussão de quatro pautas na área de

comércio exterior e tem como meta principal pro-
por normas para barrar o “protecionismo verde”.
Em entrevista à Coluna, a secretária de Comércio Exterior
do governo Lula, Tatiana Prazeres, defende a necessidade
de disciplinar a relação entre comércio e desenvolvimento
sustentável e revela que o governo vai apresentar uma pro-
posta de regras a serem seguidas pelos países do grupo. “A
agenda da sustentabilidade é uma prioridade para o gover-
no brasileiro. Mas muitos países a usam para, na verdade,
promover os seus interesses protecionistas. Nosso objeti-
vo é viabilizar um entendimento sobre parâmetros que afe-
tam o comércio. Essa é a agenda mais ambiciosa”, afirma.

l PONTOS. Como princípios ge- l TEM MAIS. Além do comércio e

rais, o Brasil vai defender que as
medidas para sustentabilidade
sejam transparentes, envolvam
consultas ao setor privado, se-
jam baseadas em ciência, não se-
jam mais restritivas do que o ne-
cessário nem discriminatórias.
desenvolvimento sustentável, a
secretária quer pautar: a partici-
pação das mulheres no comér-
cio, o desenvolvimento susten-
tável em acordos de investi-
mento e a reforma da Organi-
zação Mundial do Comércio. Tatiana Prazeres,
secretária de Comércio Exterior

l ADIANTE. Na visão do governo l MUDANÇA... A crise no PL, com

brasileiro, por exemplo, a taxa de
carbono da fronteira da União
Europeia não atenderia a esses
princípios. Mas Tatiana ressalta
que a expectativa do Brasil não é
derrubar essa taxa europeia, mas
olhar para a frente. “Os europeus
não mudarão de ideia no G-20
por causa da pressão dos mem-
bros. Mas podemos definir bali-
zas e princípios que orientem os
países que formam uma posição
no contexto global”, avalia.
l COMPROMISSO. O Brasil quer
ver as propostas formalizadas
no documento final do G-20.
“Mas um documento aguado
demais (só para ter consenso)
não é algo que nos interessa.”
o avanço das investigações da Po-
lícia Federal, pode gerar uma revi-
ravolta na candidatura à prefeitu-
ra do Rio. Em público, o partido
sustenta que está mantida a pré-
candidatura do deputado federal
Alexandre Ramagem. Nos basti-
dores, integrantes da sigla volta-
ram a falar no nome do senador
Carlos Portinho para a disputa.
l ...DE RUMOS. Em 2023, Portinho
tentou viabilizar sua candidatu-
ra a prefeito do Rio, mas o ex-pre-
sidente Bolsonaro escolheu Ra-
magem, seu amigo pessoal. Ou-
tro nome cotado anteriormente
foi o do general Braga Netto. Mas
ele está na mira da PF e enfrenta
processo na Justiça Eleitoral.
l TENDÊNCIA. O PSOL caminha PRONTO, FALEI! CLICK
para indicar a deputada Érika Hil-
ton (SP) para a liderança do parti-
do na Câmara. Ela deve substi-
tuir Guilherme Boulos, que vai
se dedicar à sua pré-candidatura
a prefeito de São Paulo. A indica-
ção reforçaria a bandeira do parti-
do de dar mais visibilidade à co-
munidade LGBTQIA+, e torna-
ria Érika a primeira líder de ban-
cada transexual da história. Leandro Piquet Marina Helena (Novo)
Economista e professor da USP Pré-candidata à Prefeitura de SP
l PREVISÃO. A troca na liderança
do PSOL na Câmara será oficial- “Há uma conexão entre crime e Economista, encontrou-se com
mente decidida na semana que desordem urbana, com grande o ex-ministro Andrea Matarazzo
vem. Se Érica Hilton não assumir impacto na economia. Áreas de- (PSD), convidado pelo PSDB pa-
o posto, outro nome cotado é o gradadas viram um ambiente ra concorrer ao mesmo cargo, e
do deputado Chico Alencar (RJ). propício para os criminosos.” a advogada Janaína Paschoal.

Alcântara,
o desastre espacial brasileiro
20 ANOS DEPOIS

O podcast do Estadão apresenta uma longa

investigação sobre o maior acidente espacial
da história do Brasil – e um dos maiores do
mundo.

Os episódios estão disponíveis nas principais

plataformas de áudio. Use o QR Code para acessar.
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Publicado desde 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
NOTAS E INFORMAÇÕES
Prioridade
errada
Estudo mostra que temos transferência de renda às avessas: o
Brasil gasta muito com o ensino superior para a minoria rica,
enquanto oferta educação básica péssima para a maioria pobre
educação pública brasilei-
A ra costuma ser um terreno
fértil de erros e inversão de
prioridades que geram atra-
sos e desigualdades, impon-
do um horizonte sombrio para milhões
de crianças e jovens. O estudo divulga-
do recentemente pela Secretaria do Te-
souro Nacional (Despesas por Função do
Governo Geral) reafirmou em números
um desses equívocos. Mapeando da-
dos consolidados até 2022, constata-se
que, no ensino superior, o Brasil exibe
gasto no padrão de países ricos, enquan-
to fica aquém em etapas da educação
Boas práticas
anticorrupção
Dados comprovam o bom senso: para os sintomas da corrupção,
o melhor remédio é a pressão popular por mais Estado de
Direito; para a sua causa, o desenvolvimento socioeconômico
ejam lá quais forem os ques-
S tionamentos que se possam
fazer em relação à metodolo-
gia do Índice de Percepção
da Corrupção (IPC) da
Transparência Internacional e sejam lá
quais tenham sido os impactos e usos
políticos da última edição, que consta-
tou um declínio da trajetória já medío-
cre do Brasil, dois fatos permanecem: o
IPC é o mais reputado indicador de per-
cepção da corrupção e a corrupção está
entre as maiores preocupações dos bra-
sileiros. Segundo a pesquisa Atlas Intel
publicada no início do mês, entre os
maiores problemas do País, a corrup-
ção é o segundo mais citado (57%), só
atrás do crime organizado (59%), am-
bos bem acima do terceiro colocado:
pobreza, desemprego e desigualdade
(19%). Desde novembro, as menções à
LUIZ CARLOS MESQUITA(1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
básica como o ensino fundamental 2 e
o ensino médio. Não difere muito nas
despesas com educação infantil e fun-
damental 1, mas no conjunto de despe-
sas gerais com a educação (4,49% do
Produto Interno Bruto – PIB) o País
fica abaixo de vizinhos da América Lati-
na e de economias avançadas.
É importante notar, de acordo com
o estudo, que o Brasil vinha ampliando
sistematicamente o volume de despe-
sas com educação entre 2010 e 2019 –
de R$ 397 bilhões para R$ 520 bilhões
no período, ainda que proporcional-
mente em relação ao PIB tenha sido
corrupção aumentaram sete pontos
porcentuais.
Assim, antes de matar o mensagei-
ro, as autoridades deveriam utilizar in-
dicadores como o IPC e outros para
diagnosticar as causas da corrupção e
buscar a sua cura.
Comparando-se os países do topo e
da base, há uma evidente correlação en-
tre corrupção e desenvolvimento so-
cioeconômico. A corrupção tende a ser
menor em países mais ricos, em econo-
mias baseadas no conhecimento e em
sociedades mais tolerantes, plurais e
democráticas. As evidências compro-
vam o que é intuitivo: o meio mais efi-
caz de combate à corrupção é desenvol-
ver o capital humano para alavancar o
crescimento econômico e fortalecer a
democracia.
Mas, se esses fatores são determi-
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE
DIRETOR PRESIDENTE
FRANCISCO MESQUITA NETO
ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA DIRETOR DE JORNALISMO
MEMBROS EURÍPEDES ALCÂNTARA
FRANCISCO MESQUITA NETO DIRETOR DE OPINIÃO
JÚLIO CÉSAR MESQUITA MARCOS GUTERMAN
LUIZ CARLOS ALENCAR
RODRIGO LARA MESQUITA
verificada uma certa estabilidade entre
2011 e 2018. Entre 2019 e 2021, no entan-
to, iniciou-se um período de redução e,
nela, a educação básica foi especialmen-
te atingida, graças à pandemia de co-
vid-19 e à retração que se verificou tan-
to nos governos estaduais e municipais
quanto em nível federal. O ano de 2022
inverteu a trajetória decrescente.
Essa curva não inverte o essencial:
em matéria educacional, o Brasil tem
um sistema de transferência de renda e
geração de oportunidade às avessas,
distorção que já vem sendo apontada
há bastante tempo por especialistas.
Enquanto a uma esmagadora maioria
pobre se oferta um péssimo ensino bási-
co público, a minoria rica tem a seu dis-
por boas universidades públicas e gra-
tuitas. Existe padrão internacional nas
escolas privadas, não faltam magnífi-
cas exceções entre as escolas públicas
da educação básica e há trágicos exem-
plos de má qualidade entre universida-
des públicas, mas o retrato geral é desa-
bonador, completado e aprofundado
pela defasagem do ensino técnico e pro-
fissionalizante.
Isso significa estar na contramão do
que ensinam boas práticas apontadas pe-
la literatura especializada. A lição inter-
nacional indica dois pilares essenciais:
prioridade para a educação básica e a qua-
lificação de professores. No abecedário
dos erros do Brasil, falha-se em ambos.
Em setembro do ano passado, o rela-
tório Education at a Glance, da Organiza-
ção para Cooperação e Desenvolvimen-
to Econômico (OCDE), mostrou que
desde 2010 o Brasil investe menos de
um terço do que os países ricos para
cada aluno da educação básica pública:
nantes, não são definitivos. Há países
em condições similares às do Brasil, co-
mo Chile ou Uruguai, muito menos cor-
ruptos há décadas. E há outros em con-
dições piores que evoluíram mais vigo-
rosamente. Exemplos clássicos de pro-
gresso rápido e sustentável incluem
Hong Kong, Cingapura, Libéria, Geor-
gia, Botswana, Estônia e Coreia do Sul.
O caso da Coreia do Sul é particular-
mente elucidativo. Segundo o IPC, no
final da década de 90, o país tinha índi-
ces similares aos do Brasil (na faixa dos
30-40 pontos, de 0 a 100). Hoje tem
índices similares aos do Chile (60-70
pontos). A evolução é corroborada por
outros levantamentos.
Embora a Coreia seja considerada
hoje um país desenvolvido, a transição
foi relativamente recente. Como o Bra-
sil, ela cresceu rapidamente nos anos
60 e 70 sob ações governamentais de
um Estado autoritário e se consolidou
como uma democracia nos anos 80. E,
como no Brasil, a sociedade coreana
era, e em certa medida ainda é, dividida
em redes de confiança agrupadas em
torno de indivíduos poderosos que
competem por influência, poder, em-
pregos e recursos públicos – em outras
palavras, o capitalismo de compadrio.
Apesar de reformas ambiciosas para
conter o clientelismo e promover a
transparência e a responsabilização na
governança corporativa, a corrupção
política e empresarial ainda se faz sen-
A3
DIRETORA JURÍDICA
MARIANA UEMURA SAMPAIO
DIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE
PAULO BOTELHO PESSOA
DIRETOR FINANCEIRO
SERGIO MALGUEIRO MOREIRA
US$ 3.583 por aluno/ano, enquanto a
média entre as nações desenvolvidas é
de US$ 10.949. Em contrapartida, o Bra-
sil investe no ensino superior público
quase US$ 14.800 ao ano por aluno, o
mesmo valor da média da OCDE, além
de ter um dos menores porcentuais de
estudantes matriculados na educação
profissional, considerando os 45 países
analisados. Um ano antes, o Anuário
Brasileiro da Educação Básica já aponta-
va tendências similares.
Esse pode ser um recado particular-
mente útil para o presidente Lula da
Silva. As primeiras gestões lulopetistas
dedicaram especial atenção à amplia-
ção de vagas no ensino superior, tanto
pela abertura de novas universidades
públicas federais quanto pelos incenti-
vos às universidades particulares por
meio de mecanismos como o Prouni.
Lula e o PT se mostram garbosos até
hoje ao falar dos números exuberantes
das gestões anteriores, entre novos
campi universitários (181), novas uni-
versidades federais (18) e os chamados
institutos federais (422). Obras e priori-
dades que jamais se converterão em
mudança efetiva para a vida de crianças
e adolescentes diante de uma educação
básica que fracassa em quantidade e
qualidade, na atração de recursos e na
gestão.
Enquanto alunos de escolas priva-
das têm desempenho similar ao dos
norte-americanos, a esmagadora maio-
ria que vem da escola pública ingressa
na vida profissional só com as frágeis
ferramentas do ensino básico. Tal des-
compasso não é uma imposição do des-
tino, e sim o resultado de más escolhas
públicas.l
tir. No entanto, outras reformas se
mostraram bastante bem-sucedidas.
A prioridade em um processo meri-
tocrático de recrutamento e promoção
dos servidores é consensualmente con-
siderada um fator decisivo na redução
da corrupção coreana, especialmente
na administração pública. A transpa-
rência e a abertura do governo foram
fortalecidas por uma série de leis, espe-
cialmente rigorosas em relação à trans-
parência do orçamento e das compras
e procedimentos governamentais. Es-
sa dinâmica foi turbinada por massivos
investimentos em plataformas digitais
facilmente acessíveis ao público. A Co-
reia tem hoje um dos maiores sistemas
de licitação digital do mundo, o que
ajuda a fiscalizar e excluir empresas
corruptas.
Mas na Coreia, como em outros ca-
sos, a precondição do sucesso foi al-
gum nível de liderança e vontade políti-
ca de enfrentar a corrupção. A pressão
da sociedade civil, por sua vez, foi deci-
siva para estimular essa vontade políti-
ca. A comparação internacional mos-
tra que, no combate aos sintomas da
corrupção, um Judiciário e um funcio-
nalismo autônomos, eficientes e meri-
tocráticos, assim como a transparência
e a participação popular na definição
de políticas e gastos públicos, são os
melhores remédios. Quanto à causa da
corrupção, a melhor cura é o crescimen-
to socioeconômico.l
 O ESTADO DE S. PAULO
A4
ESPAÇO ABERTO
A hora da verdade
do art. 359-M
Nicolau da Rocha Cavalcanti
is a questão. O an-
E terior presidente
da República prati-
cou ou não o crime
do art. 359-M do
Código Penal: “tentar depor,
por meio de violência ou grave
ameaça, o governo legitima-
mente constituído”?
Cada um pode ter uma res-
posta para essa pergunta. No
entanto, no Estado Democráti-
co de Direito, com vigência do
princípio da presunção da ino-
cência, não basta uma opinião,
por mais fundamentada que se-
ja, para condenar uma pessoa.
É necessário que se tenha uma
ação penal, dentro do devido
processo legal e com amplo di-
reito de defesa, para que al-
guém seja declarado culpado
por um crime.
Até o momento, o que exis-
te é um inquérito sigiloso, no
qual tem havido divulgação se-
letiva de alguns elementos
probatórios. Ou seja, a socie-
dade ainda não conhece inte-
gralmente o que a Justiça tem
em mãos. Sabe-se apenas o
que o juiz do inquérito, o mi-
nistro Alexandre de Moraes,
quis revelar.
Essa divulgação seletiva é
muito útil para gerar determi-
nadas impressões na socieda-
FÓRUM DOS LEITORES
Dengue
E o saneamento básico?
É preocupante a atual infestação
do Aedes aegypti, o mosquito
transmissor da dengue. Infecto-
logistas brasileiros estão mobili-
zados no sentido de desenvolver
vacinas eficazes que previnam
não só a dengue, como também
o zika vírus e a chikungunya. En-
quanto isso, antídotos importa-
dos são colocados à disposição
na rede pública de saúde em
quantidades insuficientes, atin-
gindo só pequena parte da popu-
lação. É evidente que, sendo a
dengue um desafio importante
de saúde pública, presente por
aqui há várias décadas, levanta-
se a pergunta a respeito de um as-
pecto fundamental relacionado
a ela, pouco lembrado e nunca
abordado com a devida atenção
pelas autoridades responsáveis.
Trata-se do saneamento básico,
quesito no qual o Brasil se encon-
tra mal classificado no cenário
mundial e, pior, que não vem re-
cebendo um nível de investimen-
de, mas é muito prejudicial pa-
ra um processo judicial ade-
quado, apto a pacificar os con-
flitos sociais. É como se a pró-
pria Justiça estimulasse juízos
parciais pela população, com
condenações imediatistas,
que eliminam, na prática, a pre-
sunção de inocência. Nas pala-
vras de Vittorio Manes, profes-
sor da Università di Bologna, o
acusado torna-se um “culpado
aguardando julgamento”.
Esse modo de proceder tem
relação direta com um proble-
ma sério e, infelizmente, mui-
to frequente na Justiça brasilei-
ra: a análise superficial dos fa-
tos. É uma situação paradoxal,
pois o processo judicial, com
suas etapas e recursos, está
orientado justamente a assegu-
rar uma verificação cuidadosa
dos fatos. Para condenar al-
guém, não basta ter uma opi-
nião sobre o que teria ocorri-
do. É preciso um procedimen-
to epistemologicamente segu-
ro para aplicar corretamente o
Direito.
A Operação Lava Jato deve
servir de aprendizado. O abun-
dante material levantado pro-
duziu, em parcela relevante da
sociedade, profunda convic-
ção sobre a culpa de algumas
pessoas. Ao mesmo tempo,
O Estado reserva-se o direito de selecionar e resumir as cartas.
Correspondência sem identificação (nome, RG, endereço e telefone) será desconsiderada l E-mail: forum@estadao.com
tos significativo no sentido de
melhorar o estado geral de higie-
ne da população, pelo simples fa-
to de não constituir uma usina
de votos, como as obras faraôni-
cas e as festas retumbantes. Cer-
tamente, os surtos anuais da
doença que ocorrem na estação
do ano em que o País recebe mais
visitantes seriam hoje menos in-
tensos, se nossos governantes,
desde as primeiras manifesta-
ções, fossem mais dedicados ao
interesse público do que a objeti-
vos pragmáticos e egoístas que vi-
sam a mantê-los no poder pelo
maior tempo possível.
Paulo Roberto Gotaç
pgotac@gmail.com
Rio de Janeiro
Cabe a nós
Estamos em plena epidemia de
dengue, que deve atingir o pico
nestes meses de fevereiro e mar-
ço. Dispomos de apenas 6,5 mi-
lhões de vacinas, portanto cabe-
rá à população o combate à doen-
ça, individual e coletivamente,
matando o Aedes aegypti, o inseto
que nasce e se prolifera nas casas
A tipificação do ‘tentar
depor’ foi o modo de
assegurar que o Estado
tenha meios de
defender a democracia
antes do golpe
além da questão da legalidade,
os métodos utilizados – episte-
mologicamente frágeis – pro-
duziram, em parcela relevante
da sociedade, profunda dúvida
sobre a acurácia de suas desco-
bertas. Por mais controvérsias
que haja em torno da Lava Ja-
to, tem-se um consenso: ali, a
Justiça fracassou.
No caso da Operação Tem-
de todos nós. O brasileiro é cam-
peão em manter vasos com água
parada, além de lixo acumulado,
pneus e latas velhas cheios de
água parada nos quintais.
Paulo Sergio Arisi
paulo.arisi@gmail.com
Porto Alegre
Futebol brasileiro
Fora da Olimpíada 2024
Vergonhoso a seleção brasileira
ter perdido para a Argentina. Se-
rá o prenúncio do que acontece-
rá na Copa do Mundo de 2026?
Há dinheiro e bons jogadores no
Brasil. Falta o quê, CBF?
Alberto Utida
alberto.utida0926@gmail.com
São Paulo
Falta Brasil ao Brasil
Por mais que o futebol das ou-
tras nações esteja melhorando,
isso não justifica estarmos com
um futebol tão ruim. A tecnolo-
gia está virando as páginas do
tempo numa velocidade assusta-
dora e a memória do brasileiro jo-
vem é a da bolha midiática para
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
pus Veritatis, há uma dificulda-
de adicional. O crime do art.
359-M é novo. O que significa
“tentar depor” o governo legi-
timamente constituído? O
que constitui uma “grave
ameaça”?
Divulgado pelo Supremo
Tribunal Federal, o vídeo de
uma reunião de julho de 2022,
com a presença do então presi-
dente da República e minis-
tros de Estado, gerou forte de-
bate. O que ali se presencia é a
execução da tentativa de um
golpe de Estado ou seriam
“apenas” atos preparatórios
desse crime?
Responder juridicamente a
essa questão exige uma ade-
quada compreensão do art.
359-M, bem como uma adequa-
da verificação dos fatos. A Lei
n.º 14.197/2021 criminalizou a
tentativa de golpe de Estado, e
não apenas o golpe de Estado
fracassado. A tipificação do
“tentar depor” foi precisamen-
te o modo encontrado pelo le-
gislador de assegurar que o Es-
tado tenha meios de defender
a democracia antes do golpe.
Afirmar que todas as ações pré-
vias ao golpe de Estado pro-
priamente dito (a deposição
do governo) seriam meros
atos preparatórios é minar a
eficácia protetiva do art. 359-
M, além de representar um
olhar simplista sobre o que é
um golpe – sempre um proces-
so complexo de ações, e não
um único ato numa hora deter-
minada. Tem-se aqui mais um
motivo para a não divulgação
seletiva de elementos probató-
rios: é preciso compreender o
todo.
O legislador foi prudente.
Para não instituir um tipo pe-
aquela faixa etária. Talvez jovens
jogadores, como Neymar ou Ga-
bigol, nem saibam quem foram
João Goulart, Elza Soares, os Ti-
tãs. O tão falado esforço de pacifi-
cação nacional deveria vir acom-
panhado de projetos de memó-
ria sobre a cultura e a história do
País. Falta Brasil ao Brasil.
Fernando Correia
fecorreia2016@bol.com.br
São Paulo
Pré-Olímpico
Em matéria de responsabilidade
esportiva, o Brasil ainda não atin-
giu a Idade do Bronze...
A.Fernandes
standyball@hotmail.com
São Paulo
Tentativa de golpe
Maus militares
Poucos dias antes de tomar pos-
se como comandante do Exérci-
to, em janeiro de 2023, o general
Tomás Miguel Ribeiro Paiva, afir-
mou em discurso: “Ser militar é
isto, é ser profissional, é respei-
tar hierarquia e disciplina, é ser
nal muito amplo, violando o
princípio da legalidade, deter-
minou que, para haver crime,
a tentativa de deposição deve
se dar “por meio de violência
ou grave ameaça”. Entendo
que um presidente da Repúbli-
ca, reunido com seus minis-
tros de Estado, atuando para
que o resultado da eleição não
fosse respeitado constitui,
sim, uma grave ameaça. Isso é
muito diferente do que al-
guém escrever, num grupo de
WhatsApp, “não podemos dei-
xar o Lula assumir”.
O Código Penal prevê não
apenas os crimes e as respecti-
vas penas. Na sua Parte Geral,
estabelece como esses crimes
devem ser aplicados – e essa
aplicação normativa é o que
distingue, entre outras coisas,
a sentença judicial da mera opi-
nião. Por hipótese, em muitos
casos do 8 de Janeiro talvez
não haja o preenchimento da
tipicidade subjetiva, em espe-
cial acerca da compreensão de
“governo legitimamente cons-
tituído”. Como se sabe, “o erro
sobre elemento constitutivo
do tipo legal de crime exclui o
dolo” (art. 20 do Código Pe-
nal). De toda forma, a situação
é outra, por exemplo, quando
se refere a alguém que, para as-
sumir o cargo, jurou cumprir a
Constituição e, mais tarde, san-
cionou a própria Lei n.º
14.197/2021.
Não é preciso inventar na-
da. O Congresso Nacional fez
a sua parte. Agora, cabe ao Ju-
diciário assegurar o sentido
sistêmico e funcional do art.
359-M. Sem manobras e sem
ingenuidades. l
ADVOGADO
coeso, é ser íntegro, é ter espírito
de corpo, é defender a Pátria, é
ter uma instituição de Estado
apolítica, apartidária”. Está mais
do que na hora de os bons milita-
res virem a público se posicionar
sobre os maus militares que, se-
gundo provas divulgadas pela Po-
lícia Federal, tentaram orques-
trar um golpe militar e instaurar
– ou, melhor, reinstaurar – uma
ditadura no Brasil. A cúpula das
Forças Armadas não pode mais
ficar em silêncio, observando e
aguardando a burocracia dos fa-
tos. É imperativo que haja mani-
festações oficiais de repúdio a es-
ses maus militares que envergo-
nham e mancham a imagem do
Exército. O general Paiva prosse-
guiu no mesmo discurso: “No
que pese turbilhão, terremoto,
tsunami, nós vamos continuar
íntegros, respeitosos, coesos e
garantindo a nossa democra-
cia”. Este é o momento de de-
monstrar isso, não só por meio
de palavras, mas de atitudes.
Luciano Harary
lharary@hotmail.com
São Paulo
 O ESTADO DE S. PAULO A5
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

ESPAÇO ABERTO

Alguma luz neste mundo escuro

Paulo Delgado

inguém nasceu so- coleção de esquisitices.” “Cer- tia pela máquina de retrato: “Se líquia. Sem alimentar hostilida-

N bre o mundo, so- ta vez, um repórter me pergun-

mos locais. Univer-
sal é a cultura. Pa-
ra quem gosta de
ler, boa recordação traz espe-
rança. Enquanto no Brasil po-
bres de renda fixa são humilha-
dos por milionário holerite de
juiz e procurador, a América La-
tina sucumbe ao ilícito. Sobre
Gaza, se amar os palestinos fos-
se mais forte do que odiar Is-
rael, o conflito sumiria. Uma
conjuntura política mundial
feia e sem paz de espírito finge
sua cólera. A política elabora
muito mal a sua raiva.
Mas há um canto meio ador-
mecido onde a política é me-
lhor. Lá, escritor sem talento
não engana. Então, comparti-
lho com os leitores opiniões de
alguns escritores do século 20.
São entrevistas feitas pela The
Paris Review – revista de língua
inglesa, fundada em Paris, com
sede em Nova York – ao longo
de vários anos.
Jorge Luis Borges, por exem-
plo, pensa que não se deve jul-
gar um escritor por suas ideias.
Ele “deve ser julgado pelo pra-
zer que proporciona e que se
tem com ele. Quanto às ideias,
não é tão importante se um es-
critor tem estas ou aquelas opi-
niões políticas, porque uma
obra boa se realiza apesar de-
las”. “Uns veem o mundo como
museu de diamantes, outros,
tou se a morte daquele cujo no-
me não quero me lembrar in-
fluenciaria minha obra.” Bor-
ges, que via em Perón o mal
maior da Argentina, riu e disse:
vivo, já o tinha morto. Conside-
rava o nacionalismo político
um erro. “Porque se alguém
gosta de uma coisa em detri-
mento de outra, é porque não
gosta dela realmente. Não se
ama a Inglaterra em detrimen-
to da França.”
As opiniões de Amós Oz, es-
critor de Israel – morava no de-
serto perto de Jerusalém –, são
totalmente atuais. “Muita cor e
política local são mortais para
o romance. As situações, o enre-
do, são importantes como os
personagens. Mas o leitor tam-
bém existe e, para um escritor
como eu, de uma das partes
mais conturbadas do mundo,
tudo é interpretado alegorica-
mente.” “É ilusório achar que
existe uma ocupação militar
suave e desconfio da sincerida-
de da sensibilidade moderna
de querer politizar tudo no cam-
po dos direitos civis. Usar a lite-
ratura como alegoria política re-
tira seus matizes e põe em rele-
vo o dogmático. Se em roman-
ce meu mulher israelense ama
um árabe, desagrado aos dois
lados.” “Se Moby Dick fosse es-
crito por Vargas Llosa, as pes-
soas diriam que a baleia é um
Uma conjuntura política
mundial feia e sem paz
de espírito finge sua
cólera. Mas há um canto
meio adormecido onde a
política é melhor. Lá,
escritor sem talento
não engana
ditador sul-americano.”
W. H. Auden, poeta anglo-
americano, era alheio à influên-
cia eletrônica. Não dava entre-
vista gravada pois, se algo dito
valesse a pena, o repórter se
lembraria. E contava a história
do escritor Truman Capote,
que, diante de um repórter cujo
gravador emperrou no meio da
entrevista e sem conseguir con-
sertá-lo, sugeriu que ele anotas-
se. “Não, vamos encerrar. Nem
perco tempo, depois que sur-
giu o gravador, não ouço o que
diz o entrevistado.” Antes do
celular, havia a mesma antipa-
você cruza na rua com alguém
caído, nem tenta ajudar, quer é
fotografar”. Tinha também res-
trições ao sistema eleitoral.
“Como todo político é igual,
nossos líderes deveriam ser
eleitos por sorteio.” “As pes-
soas não conhecem mais o sig-
nificado das palavras e as artes
nada podem fazer. A história da
Europa seria exatamente a mes-
ma se Dante, Shakespeare, Mi-
chelangelo, Mozart e Cia. nun-
ca tivessem existido. A respon-
sabilidade política do escritor é
não deixar as palavras perde-
rem o sentido.”
Doris Lessing, família ingle-
sa, nasceu na Pérsia, cresceu na
África e viveu em Londres. Em
tempo de influenciadores, o na-
da codificado, é bom ver quem
ignora modas. As pessoas a fa-
ziam uma espécie de guru, seja
na política ou na metafísica. Ela
reagia: “É, as pessoas estão sem-
pre à procura de gurus. É a coi-
sa mais fácil do mundo virar
um. É apavorante. Há gente
que diz ‘não dá para fazer ome-
lete sem quebrar os ovos’, para
justificar a ideia de assassinar
uma multidão. Ensinar a viver?
Não dou conselhos, sei que tu-
do nessa área é clichê”.
Primo Levi, químico e escri-
tor italiano, sobreviveu ao na-
zismo em Auschwitz e dava ao
recato nas relações pessoais e
políticas a dimensão de uma re-
de, ressentimento ou ódio, sua
obra é um retrato dos seus hor-
mônios delicados. Dizia: “Ja-
mais fiquei irado mesmo sendo
incapaz de perdoar. Não é uma
virtude minha; é um defeito. É
o hábito de ter sempre uma se-
gunda reação antes da primei-
ra”. Sobre o político, é certeiro:
“É o descaso com as leis e os
costumes que nunca permitiu à
Itália forjar uma classe política
digna do nome. Nossos piores
males são as escolas e a política,
onde nossos professores e líde-
res ensinam sem ter aprendido.
Quem abandona a cultura e se
dedica à luta política a vida toda
precisa que sempre exista con-
fronto. Meu sentimento em re-
lação ao ativismo político é am-
bíguo. Admiro as pessoas capa-
zes de enfrentar qualquer situa-
ção. Mas não aquelas que
acham que política é guerra e
que a guerra jamais acabou”.
Tantos outros traduziram
em literatura o que viram da
política. Dos melhores fica
uma lição para autoridades pú-
blicas: só se deve buscar sua
vantagem pessoal, por opi-
niões e atos, se a vantagem das
pessoas que representam al-
cança a mesma compreensão e
sucesso que seus representan-
tes se concedem. l
SOCIÓLOGO
E-MAIL: CONTATO@PAULODELGADO.COM.BR

TEMA DO DIA PRODUTOS DIGITAIS

CRISTINA CONTI/ADOBE STOCK STUDIO ROMANTIC/ADOBE STOCK

Comentários de leitores no
portal e nas redes sociais

l “Nunca vi um cachorro, gato ou até mes-

mo um passarinho trair o outro.”
JOÃO PEDRO MAIA

l “Animais são fiéis, sinceros e só transmi-

tem amor, sem exigir nada em troca, no
máximo uma ração, petisco ou carinho. Já
os seres humanos...” Saúde
JULIANA COELHO Já ouviu falar em ioga ni-
dra? Prática ajuda memória. l
l “Com essa ‘humanidade’ que se apresen- https://bit.ly/3OGR2a6
ta, jura que precisamos explicar?”
Amor pelos pets ÉRICA SARAIVA Educação
Por que nossa relação com animais pode Canadá tem novas regras
l “Cada uma! É a inversão total de valores.” para intercâmbio. l
ser até mais forte do que com humanos MARCELO NICOLÓSI https://bit.ly/3HWfQHx
Relacionamento com os bichos de esti-
mação tende a ser menos complicado. Pesquisa- Newsletter
dores utilizam a teoria do apego, que defende 32.818 NAS REDES SOCIAIS
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A6
POLÍTICA
Operação Tempus Veritatis
Bolsonaro convoca ato para a Paulista,
sem faixas ‘contra quem quer que seja’
Manifestação é anunciada no momento em que apurações policiais se aproximam
do ex-presidente; em vídeo, ele diz que evento será usado para se defender das suspeitas
Em um vídeo distribuído nas
redes sociais por perfis de alia-
dos próximos, o ex-presidente
Jair Bolsonaro (PL) convocou
um ato para o próximo dia 25
na Avenida Paulista, em São
Paulo. Alvo de investigações
da Polícia Federal, Bolsonaro
afirmou que quer usar a mani-
festação para se defender. Ele,
porém, demonstrou estar me-
lindrado com eventuais conse-
quências negativas.
No vídeo, o ex-presidente
argumenta que o ato será “pa-
cífico” e pede que seus apoiado-
res evitem levar faixas “contra
quem quer que seja”. Em even-
tos anteriores convocados por
Bolsonaro, tornou-se comum
a presença de faixas pedindo
intervenção federal e atacando
ministros do Supremo Tribu-
nal Federal (STF). O assessor e
advogado do ex-presidente, Fa-
bio Wajngarten, confirmou a
realização da manifestação.
Bolsonaro foi um dos alvos
da Operação Tempus Veritatis
na última semana e precisou en-
tregar seu passaporte às autori-
dades policiais, por determina-
ção do ministro do STF Alexan-
dre de Moraes. A PF apura a par-
ticipação do ex-presidente em
uma articulação para dar um
golpe de Estado, impedindo as
eleições de 2022 ou a posse do
então presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
A revelação de uma reunião
em que o ex-presidente fala em
“reagir” antes da eleição e con-
versas de aliados sobre uma
possibilidade de ruptura apro-
Busca de apoio popular é
sempre jogada arriscada
ANÁLISE
CARLOS PEREIRA
olíticos acusados de
P comportamentos des-
viantes, sejam eles de
esquerda ou de direita, sempre
vão se valer de narrativas de viti-
mização de que estão sofrendo
algum tipo de perseguição políti-
ca. Até um determinado mo-
mento, essa estratégia de vitimi-
ximaram as investigações do
ex-chefe do Executivo federal.
A PF também apura outros
casos envolvendo o ex-presi-
dente e seu entorno, como a
suposta venda de joias que per-
tenceriam à União, revelada
pelo Estadão; a criação de
uma Abin paralela no governo;
a falsificação de dados de car-
tões de vacinação; e a atuação
de milícias digitais.
‘VERDE E AMARELO’. “Olá, ami-
gos de todo o Brasil, em espe-
cial em São Paulo. No último
domingo de fevereiro, dia 25,
às três da tarde, estarei na Pau-
lista realizando um ato pacífi-
co em defesa do nosso estado
democrático de direito. Eu pe-
ço a todos vocês que compare-
çam trajando verde e amarelo
e, mais que isso, não compare-
çam com qualquer faixa e car-
taz contra quem quer que se-
ja”, diz Bolsonaro no vídeo.
O ex-presidente afirma
que, no evento, quer se defen-
der “de todas as acusações que
têm sido imputadas” a ele.
“Mais do que discursos, uma
fotografia de todos vocês, pois
vocês são as pessoas mais im-
portantes desse evento. Para
mostrar para o Brasil e para o
mundo a nossa união, as nos-
sas preocupações, o que nós
queremos”, completou.
As investigações autoriza-
das por Moraes – que indicam
que um grupo de aliados do ex-
presidente teria orquestrado
uma tentativa de golpe de Esta-
do – foram base da Operação
zação pode funcionar, e as acusa-
ções, se frágeis, tendem a se dis-
sipar e a sair do debate público.
Mas, se o delito cometido for
percebido como muito grave
pela sociedade, e as evidências
se acumularem e começarem a
fragilizar demasiadamente o ca-
pital político do acusado, a pro-
cura por socorro via apoio po-
pular passa a ser premente... tal-
vez a última cartada de sobrevi-
vência que ainda resta.
A busca de apoio popular, en-
tretanto, é sempre uma jogada
@DELEGADORAMAGEM VIA ISNTAGRAM
Bolsonaro diz que quer mostrar
sua ‘união’ com apoiadores
“Vocês são as pessoas
mais importantes desse
evento. Para mostrar
para o Brasil e para o
mundo a nossa união, as
nossas preocupações”
Jair Bolsonaro
Ex-presidente da República
Tempus Veritatis, deflagrada
na quinta-feira passada. Esse
grupo, composto por civis e mi-
litares, trabalhava pela aboli-
ção do estado democrático de
direito, segundo a PF. “Alguns
investigados atuaram em mais
de uma tarefa, colaborando
em diversos núcleos de forma
simultânea e coordenada”, diz
a corporação em relatório.
Conforme despacho de Mo-
raes, relator do caso, as tarefas
das frentes tinham três objeti-
muito arriscada, especialmente
quando se está politicamente
vulnerável. Fazer apelos diretos
a eleitores, mesmo aqueles mais
conectados ideologicamente
e/ou identitariamente com o lí-
der político acusado, em vez de
usar os canais institucionais e
tradicionais de negociação, não
é destituído de custos.
Se a estratégia de comunica-
ção direta com o público for
bem-sucedida, pode sinalizar
força política e ajudar a estancar
o sangramento e a dissipar o pe-
so das acusações. Mas, se for
percebida como um fracasso,
pode ser o empurrão que faltava
para a condenação pública do
acusado e consolidar o caminho
de punições políticas e judiciais
pelas organizações de controle.
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
vos: desacreditar o processo elei-
toral, planejar e executar o gol-
pe e abolir o estado democráti-
co de direito para manter a per-
manência do grupo no poder.
‘CANALHA’. Foi em ato na Pau-
lista, no Sete de Setembro de
2021, que Bolsonaro fez o ata-
que mais contundente a Mo-
raes. O então presidente cha-
mou o ministro de “canalha” e
ameaçou, diante de uma multi-
dão, tentar afastá-lo do cargo.
Moraes havia expedido, dois
dias antes, ordem de busca e
apreensão contra apoiadores
de Bolsonaro, além de bloquear
contas de entidades suspeitas
de financiar atos a favor do
mandatário e contra a Corte.
“Sai, Alexandre de Moraes,
deixe de ser canalha, deixe de
oprimir o povo brasileiro”, dis-
se, à época, o chefe do Executi-
vo. “No nosso Supremo Tribu-
nal Federal, um ministro ousa
continuar fazendo aquilo que
nós não admitimos, um minis-
tro que deveria zelar pela nossa
liberdade, pela democracia, pela
Constituição, e faz exatamente
o contrário. Ou esse ministro se
enquadra ou ele pede para sair.”
As palavras de Bolsonaro e a
ameaça de descumprir deci-
sões judiciais repercutiram
tão mal que ele se viu obrigado
a divulgar uma “Declaração à
Nação”, elaborada com auxílio
do ex-presidente Michel Te-
mer (MDB), dois dias depois.
No texto, Bolsonaro diz que
nunca teve “intenção de agre-
dir quaisquer dos Poderes”. l
Esse é o risco que Jair Bolso-
naro corre neste exato momen-
to. Decidiu, repentinamente,
convocar um ato público em
sua defesa na Avenida Paulista
no dia 25 de fevereiro com o ob-
jetivo de mostrar que ainda pos-
sui alguma força política.
Essa decisão coincide justa-
mente com a Operação Tempus
Veritatis da Polícia Federal, que
investiga a participação direta
do ex-presidente na articulação
de um golpe de Estado, além da
apuração sobre a criação de
uma Abin paralela, entre outras.
Bolsonaro espera que esse ato
público não apenas o fortaleça
politicamente, como também
impulsione a agenda no Legisla-
tivo de enfraquecimento dos po-
deres da Suprema Corte, espe-
O ESTADO DE S. PAULO
Ex-presidente age para
vetar alianças do PL
com o PSD de Kassab
O ex-presidente Jair Bolso-
naro atua para vetar o
apoio do PL a candidatos
PSD nas eleições munici-
pais. “Deixo claro: PSD do
Kassab eu não apoio nin-
guém, tá ok?”, diz Bolsona-
ro em um áudio obtido pelo
Estadão. A conversa era
sobre a eleição em Presiden-
te Prudente, no interior de
São Paulo, mas, segundo
bolsonaristas ouvidos pela
reportagem, o veto é amplo
e se estende a todo o País.
Aliados do ex-presidente
relatam que Bolsonaro cul-
pa o presidente do PSD, Gil-
berto Kassab, pelo voto fa-
vorável de todos os deputa-
dos e senadores da sigla ao
seu indiciamento na CPI
Mista do 8 de Janeiro. Se-
gundo esses bolsonaristas,
o ex-presidente costuma
mandar notícias críticas a
Kassab em sua lista de
transmissão no WhatsApp.
Bolsonaro foi procurado
ao longo da semana por
meio de seu assessor, Fabio
Wajngarten, mas não se po-
sicionou. Kassab, que é se-
cretário de Estado de Go-
verno de Tarcísio de Frei-
tas (Republicanos), foi pro-
curado por meio de assesso-
ria e também não se mani-
festou. l PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO
cialmente do ministro Alexan-
dre de Moraes, identificado por
ele como o seu principal algoz.
No entanto, a gravidade das
acusações e evidências colhi-
das até o momento contra Bol-
sonaro coloca seus aliados em
um verdadeiro dilema. Será que
vale a pena continuar apoiando
um ex-presidente já banido elei-
toralmente por oito anos e que
pode vir a enfrentar mais puni-
ções judiciais por atentar con-
tra a democracia brasileira? Es-
se ato pode representar o últi-
mo apelo de um líder que, pela
fadiga causada por sua toxicida-
de, pode vir a ser abandonado
pelos próprios aliados. l
PROFESSOR DA FGV EBAPE, SÊNIOR FELLOW DO
CEBRI E COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’

QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Carnaval
Deputados pedem a Tarcísio e Nunes que
barrem recursos para Vai-Vai em 2025
Parlamentares do PL
defendem punição à
escola de samba por
‘conduta ofensiva’ a
policiais durante
desfile no Anhembi
BRASÍLIA
O deputado federal Capitão
Augusto (PL-SP) e a deputada
estadual Dani Alonso (PL-SP)
enviaram ofício ao governador
de São Paulo, Tarcísio de Frei-
tas (Republicanos), e ao prefei-
Parlamentares esticam feriado e voltam no dia 19
Os 513 deputados e os 81 sena-
dores voltam a se reunir para
comissões e sessões no Con-
gresso a partir do dia 19, segun-
do a agenda disponível das
duas Casas consultadas na tar-
de de ontem. Assim, os parla-
to da capital paulista, Ricardo
Nunes (MDB), em que defen-
dem uma punição para a esco-
la de samba Vai-Vai. Os parla-
mentares querem que a agre-
miação seja impedida de rece-
ber recursos públicos tanto da
Prefeitura de São Paulo como
do Estado no próximo ano.
A escola desfilou no sábado
e levou ao Anhembi um enre-
do em homenagem ao hip-
hop. Uma das alas era compos-
ta por pessoas fantasiadas de
policiais do Batalhão de Cho-
que. Elas usavam chifres e asas
vermelho-alaranjadas, fazen-
mentares esticam o recesso de
carnaval e retomam as ativida-
des legislativas cinco dias de-
pois da Quarta-Feira de Cinzas.
De acordo com informa-
ções do Senado, a próxima se-
mana começa com uma sessão
do alusão a demônios. As alego-
rias provocaram protestos da
Frente Parlamentar de Segu-
rança Pública da Câmara, a cha-
mada bancada da bala, e de en-
tidade de delegados.
SANÇÃO. “Proponho que a es-
cola de samba Vai-Vai seja proi-
bida de receber qualquer for-
ma de recurso público no
próximo ano fiscal, como for-
ma de sanção pela conduta ir-
responsável e ofensiva de-
monstrada. Tal medida não
apenas servirá de punição
apropriada, mas também co-
a partir das 14h, mas não delibe-
rativa – ou seja, reunião desti-
nada a discursos, leitura de
proposições e outros assuntos
de interesse político e parla-
mentar. Por enquanto, três se-
nadores aparecem como inscri-
mo um claro sinal de que ofen-
sas contra as instituições e pro-
fissionais de segurança não se-
rão toleradas em nosso Esta-
do”, diz o ofício encaminhado
a Tarcísio e a Nunes.
No início da tarde de ontem,
o prefeito de São Paulo infor-
mou ao Estadão que ainda
não havia recebido o ofício,
mas que iria analisar o pedido
feito pelos parlamentares.
CRÍTICAS. Parlamentares da
bancada da bala da Câmara
acusaram a agremiação paulis-
tana de “demonizar” a polícia.
tos: Eduardo Girão (Novo-
CE), Paulo Paim (PT-RS) e Flá-
vio Dino (PSB-MA).
Na Câmara, a movimenta-
ção ocorre apenas a partir do
dia 21, conforme agenda. Na
ocasião, haverá “reunião da
bancada feminina e órgãos par-
ceiros para fazer um balanço
dos avanços obtidos em 2023 e
POLÍTICA A7
“A que ponto chegamos?”, afir-
mou o deputado Alberto Fraga
(PL-DF), presidente da frente
e primeiro-vice-presidente da
Comissão de Segurança Públi-
ca da Casa. “Torço para que
uma escola de samba que pro-
move esse tipo de absurdo seja
rebaixada”, disse o deputado
Sargento Gonçalves (PL-RN).
Em nota divulgada anteon-
tem, a agremiação declarou
que não teve a intenção de pro-
mover “qualquer tipo de ata-
que individualizado ou provo-
cação”. “É de conhecimento
público que os precursores do
movimento hip-hop eram mar-
ginalizados, sofrendo repres-
são e sendo presos, apenas por
dançarem e adotarem um esti-
lo de vestimenta considerado
inadequado. O que a escola fez
foi inserir os acontecimentos
históricos no contexto em que
eles ocorreram.” l
debater as perspectivas para a
sessão legislativa de 2024”.
Quando voltarem ao traba-
lho, parlamentares terão te-
mas espinhosos para tratar, co-
mo a medida Provisória (MP)
1.202/2023, que discute a reo-
neração da folha de pagamen-
tos e gera embate entre Execu-
tivo e Legislativo. l HEITOR MAZZOCO
 POLÍTICA
A8
Judiciário
Tribunais de todo o País registram
40 milhões de processos com erros
Levantamento é
feito nas Cortes pelo
CNJ; inconsistências e
divergências de dados
contribuem para a
morosidade da Justiça
HEITOR MAZZOCO
Quase 40 milhões de proces-
sos, ou cerca de 20% do total
dos feitos que tramitaram nos
últimos anos em tribunais de
todo o País, foram identifica-
dos com algum tipo de erro, o
que aumenta a morosidade e
dificulta a atuação de servido-
res do Poder Judiciário. São
problemas como falta de docu-
mentação das partes (autor e
réu), dados errados ou falsos,
falta de informações e assunto
jurídico cadastrado de manei-
ra incorreta.
Desde 2020, o Conselho Na-
cional de Justiça (CNJ) compi-
la nos tribunais o número de
demandas com problemas,
chamadas de ações com incon-
sistências. São processos que
se iniciaram nas últimas déca-
das e que estiveram em trami-
tação nesse período de análise.
A meta do CNJ é diminuir o
maior número possível de cau-
sas com algum tipo de falha,
mesmo em processos que já es-
tejam arquivados. Pelos núme-
ros atuais, de um montante de
195.595.520 ações, 39.790.342
tiveram erros detectados até
novembro de 2023.
Procurado, o CNJ afirmou
que o objetivo do levantamen-
to é justamente auxiliar os tri-
bunais brasileiros na correção
e na melhoria das informações
processuais cadastradas. “Os
tribunais focam mais na solu-
ção dos casos mais novos e em
trâmite. É natural que haja
uma parcela de processos
Violência
PF prende foragido que contratou
pistoleiros da chacina de Unaí
A Polícia Federal prendeu na
madrugada de ontem um dos
condenados pela chacina de
Unaí, ocorrida há 20 anos na
cidade do noroeste de Minas
Gerais. Hugo Alves Pimenta es-
tava foragido desde setembro
do ano passado, de acordo
com a PF. Ele foi preso em
Campo Grande (MS).
Condenado a 96 anos de pri-
são, inicialmente, Hugo Pi-
mais difícil de ser corrigida”,
afirmou o conselho.
ESTADOS. Entre tribunais esta-
duais, 146,7 milhões de proces-
sos foram analisados, e 32,1 mi-
lhões apresentaram erros. Em
Alagoas, por exemplo, segun-
do dados do CNJ, de 1.650.475
litígios, pouco mais de 515 mil
tiveram problemas, o que re-
presenta 31,2% das ações anali-
sadas. É a unidade federativa
com mais problemas em pro-
cessos, em termos porcen-
tuais. Em São Paulo, a porcen-
tagem de processos com erros
é de 24,3% (10.675.922 em um
universo de 43.972.482 ações
analisadas).
Um juiz de São Paulo ouvido
pelo Estadão afirmou que ma-
gistrados têm ciência dos ca-
sos que acabam atrasando ain-
da mais o ritmo dos tribunais.
Segundo ele, advogados, mui-
tas vezes, entram com um ca-
dastro cheio de erros e o cartó-
rio tem de corrigir. No entan-
to, nem sempre o “pente-fino”
é capaz de detectar todas as fa-
lhas, porque o número de servi-
dores é insuficiente para cui-
dar da quantidade atual de pro-
cessos, disse.
Os problemas também são
encontrados na Justiça Fede-
ral (Tribunais Regionais Fede-
rais 1, 2, 3, 4, 5 e 6). De acordo
com os dados do CNJ, pouco
mais de 5 milhões de ações
apresentaram algum erro. Fo-
ram avaliados 26,5 milhões de
demandas no total.
DIVERGÊNCIA. Para o advogado
Douglas Garcia, o cliente do ad-
vogado, muitas vezes, fornece
dados de maneira verbal e há a
necessidade de o defensor con-
ferir as informações com docu-
mentos oficiais. “O advogado,
quando vai ajuizar a ação, ele
pede o documento do cliente,
menta teve a pena reduzida de-
pois que confessou envolvi-
mento no crime e fechou acor-
do de delação premiada. Du-
rante o julgamento, em 2015,
ele admitiu que agiu como in-
termediário na contratação
dos pistoleiros que executa-
ram os auditores.
A chacina ocorreu em 28 de
janeiro de 2004. Os auditores
fiscais do Trabalho Nélson Jo-
FALHAS
Problemas incluem falta de documentação das
partes, dados errados ou falsos, falta de informações
e assunto jurídico incorreto
TRIBUNAL PROCESSOS
ANALISADOS
TJS ESTADUAIS
FEDERAL
TRABALHO
MILITAR ESTADUAL (MG, RS E SP)
STJ, STM, TSE E TST
REGIONAIS ELEITORAIS
TOTAL
“Seria interessante
se o próprio sistema
do tribunal fosse
vinculado aos sistemas
governamentais.
(Hoje) A gente não
consegue saber se o
RG do cliente ou da
parte contrária é
falso. O sistema
poderia dar um
suporte em relação
a isso”
Douglas Garcia
Advogado
que às vezes fornece o número
pelo WhatsApp ou por e-mail.
E o advogado já começa a ela-
borar a petição. Depois, quan-
do o cliente envia o documen-
sé da Silva, João Batista Soares
Lage e Eratóstenes de Almeida
Gonçalves e, ainda, o motoris-
ta Ailton Pereira de Oliveira so-
freram uma emboscada e fo-
ram fuzilados à queima-roupa
na zona rural de Unaí.
TRABALHO ESCRAVO. Os audi-
tores investigavam denúncias
de trabalho análogo à escravi-
dão. O fazendeiro Norberto
PROCESSOS PORCENTAGEM DOS
COM ERROS PROCESSOS COM ERROS
146.785.238 32.150.944
26.573.469 5.096.753
16.762.438 2.343.299
18.534 1.363
3.403.385 144.476
2.052.456 53.507
195.595.520 39.790.342
FONTE: CNJ / INFOGRÁFICO: ESTADÃO
to para anexar ao processo, há
a necessidade de conferir. Se
não conferir, e (o advogado)
lançou com base no que o clien-
te passou por WhatsApp ou
por e-mail, pode ocorrer essa
divergência”, disse.
Garcia afirmou também que
os tribunais poderiam tentar
vincular os dados de proces-
sos com órgãos governamen-
tais, o que evitaria informa-
ções de documentos falsos,
por exemplo. “Seria interes-
sante se o próprio sistema do
tribunal fosse vinculado aos
sistemas governamentais. A
gente coloca o RG ou o CPF do
cliente, o sistema já vai buscar
essas informações. A gente
não consegue saber se o RG do
cliente ou da parte contrária é
falso. O sistema poderia dar
um suporte em relação a isso.”
SISTEMA ÚNICO. O também ad-
vogado José Arnaldo da Fonse-
ca Filho afirmou que, em al-
guns casos, os problemas ocor-
rem porque os defensores são
induzidos ao erro. “Se estou pe-
ticionando pelo meu cliente
contra outra pessoa, eu preci-
Mânica, principal acusado co-
mo mandante, pegou um sécu-
lo de pena de prisão.
Segundo a PF, Hugo Pimen-
ta tinha mandado de prisão em
aberto e, no momento em que
foi capturado, estava com um
passaporte falso.
Emboscada
Em janeiro de 2004, três
auditores fiscais e um
motorista foram mortos a
tiros na cidade mineira
Foram condenados, além
de Mânica, outros três acusa-
dos também como mandantes
e os cinco pistoleiros da chaci-
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
so desses dados. E, muitas ve-
zes, os dados estão equivoca-
dos, de forma proposital ou
não, num documento, contra-
to. Então, somos induzidos ao
erro. Com a tecnologia isso me-
lhorou”, disse.
Fonseca Filho defende um
sistema único para petição de
ações, o que, segundo ele, evita-
ria a repetição de inclusão de
dados em cada tribunal do
País. “O poder público tem fer-
ramentas e poderia investir
mais, o próprio CNJ, com a uni-
ficação dos programas, integra-
ção mais eficaz com sistemas
da Receita Federal, do Tribu-
nal Regional Eleitoral, porque
facilita cada vez mais. Eu entro
21,9 com ação no Tribunal de Justi-
19,2 ça de Brasília, é o sistema PJe
14,0 (Processo Judicial eletrônico).
7,4 Em cada tribunal eu tenho que
4,2 cadastrar partes. Em São Pau-
2,6 lo é o e-SAJ (Sistema de Automa-
20,3 ção da Justiça), no Rio, outro
sistema. Se tudo fosse unifica-
do, seria mais fácil.”
Padronização
Advogado defende uma
unificação de sistemas nos
tribunais brasileiros para
mitigar riscos de falhas
REQUISITOS. No Código de Pro-
cesso Civil (CPC), o artigo 319
diz que a petição inicial deverá
indicar “os nomes, os preno-
mes, o estado civil, a existên-
cia de união estável, a profis-
são, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas
ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a resi-
dência do autor e do réu”.
O parágrafo primeiro do
CPC também permite que o au-
tor da ação solicite ao juiz dili-
gências para obter os dados do
réu, por exemplo. Já o artigo
321 é claro ao afirmar que, se o
juiz verificar que a petição ini-
cial não preenche os artigos an-
teriores, o advogado deve cor-
rigir o documento em um pra-
zo de 15 dias. “Se o autor não
cumprir a diligência, o juiz in-
deferirá a petição inicial”, diz o
parágrafo único do artigo. l
na. Atualmente, destacou a
PF, um mandante do crime ain-
da está foragido.
HOMENAGEM. Por causa da bru-
talidade do crime e sua grande
repercussão, foi instituído o
Dia Nacional de Combate ao
Trabalho Escravo em homena-
gem aos auditores fiscais do
Trabalho assassinados.
A PF informou que o preso
passaria por exame de corpo
de delito. A reportagem do Es-
tadão buscou contato com a
defesa de Hugo Pimenta, mas
não havia localizado seus advo-
gados até a noite de ontem. l
EXCEPCIONALMENTE HOJE, A COLUNA
DE MARCELO GODOY NÃO É PUBLICADA

QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Aliança com limites
Luta por influência na África expõe
divisões na parceria entre Putin e Xi
Enquanto Pequim se apresenta como uma alternativa para o desenvolvimento
econômico, Moscou tenta se impor no vácuo de poder deixado pelas potências ocidentais
JÉSSICA PETROVNA
China e Rússia reforçaram os
laços em oposição ao eixo oci-
dental liderado por Washing-
ton, que virou o adversário em
comum em meio a uma nova
Guerra Fria. Xi Jinping e Vladi-
mir Putin foram aproximados
pela circunstâncias, mas a ex-
tensão dessa aliança ainda é
motivo de dúvidas quando con-
frontada com os objetivos e es-
tratégias diferentes, como fica
claro em solo africano.
A China se apresentou no
continente como uma alterna-
tiva para o desenvolvimento
econômico com o megaproje-
to de infraestrutura Belt and
Road, ou Cinturão e Rota. Um
investimento massivo, que mu-
dou a paisagem dos países afri-
canos a exemplo do que acon-
teceu em Angola, onde a princi-
pal rodovia da capital, Luanda,
é sinalizada por placas em por-
tuguês e mandarim.
A Rússia, por sua vez, avança
em uma campanha de influên-
cia no vácuo deixado pelas po-
tências ocidentais. Com desin-
formação e mercenários do
grupo Wagner, Moscou dá sus-
tentação para as ditaduras no
continente, palco de golpes
em série nos últimos anos.
“A Rússia é o agente do caos
na África”, diz o chefe do pro-
grama que estuda Eurásia no
Foreign Policy Research Insti-
tute Robert Hamilton em en-
trevista ao Estadão. “Em no-
me do combate ao terrorismo,
apoia golpes e contribui para
instabilidade, especialmente
na região do Sahel. Isso não
agrada Pequim porque os inte-
resses da China são principal-
mente econômicos.”
Mesmo quando o assunto é
economia, as diferenças tam-
bém aparecem. A Rússia, por
um lado, tem um viés mais ex-
trativista, está interessada em
ouro e minerais, frequente-
mente usados como pagamen-
to nos acordos que envolvem o
grupo Wagner. A China, por
outro, é mais desenvolvimen-
tista, o que requer estabilida-
de, e pode perder a paciência
com o caos russo.
Os números dão a dimensão
dessa diferença de aborda-
gem. Quando o assunto é eco-
nomia, a China está consolida-
da como maior parceiro do
continente: em 2022 (dados
AÇÕES DE SEGURANÇA
Pequim e Moscou ampliam presença no continente para fazer frente ao Ocidente,
mas têm objetivos e estratégias diferentes
EMPRESAS PRIVADAS
DE SEGURANÇA OU
VENDA DE ARMAS
(CHINA OU RÚSSIA -
APENAS UM PAÍS)
MARROCOS
SAARA
OCIDENTAL
MAURITÂNIA
SENEGAL
GÂMBIA
GUINÉ-BISSAU
GUINÉ
SERRA LEOA COSTA DO
MARFIM GANA
LIBÉRIA
mais recentes para compara-
ção), as importações e exporta-
ções ultrapassaram US$ 280 bi-
lhões. A Rússia, por outro lado,
celebrou trocas comerciais de
cerca de US$ 18 bilhões como
um aumento da parceria.
No que diz respeito à presen-
ça militar, a situação se inver-
te, embora Pequim tenha au-
mentado significativamente a
venda de armas para os países
africanos. Moscou assumiu
nos últimos anos a liderança
em transferência de equipa-
mentos militares no continen-
te e tem os seus paramilitares
– principalmente os mercená-
rios – em operação em mais de
30 países. A China, por sua vez,
tem empresas privadas de se-
gurança em 15. E também há
diferenças nesse aspecto. En-
INTERNACIONAL A9
em 4 de fevereiro de 2022, 20
dias antes de a Rússia invadir a
Ucrânia. O conflito reforçou
esse laço, mas criou um proble-
ma político para a China. O
país que tem a soberania nacio-
nal como princípio basilar se
EMPRESAS PRIVADAS EMPRESAS PRIVADAS EMPRESAS PRIVADAS DE EMPRESAS PRIVADAS viu obrigado a apoiar, ainda
DE SEGURANÇA OU DE SEGURANÇA OU SEGURANÇA E/OU VENDA DE SEGURANÇA E/OU
VENDA DE ARMAS VENDA DE ARMAS DE ARMAS VENDA DE ARMAS que apenas na retórica, o alia-
DA RÚSSIA (SEM
ATIVIDADES DA CHINA)
(UM TIPO DE ATIVIDADE
DE CADA PAÍS)
CHINA/RÚSSIA (TRÊS DOS
QUATRO TIPOS DE
RÚSSIA E CHINA (TODOS
OS NÍVEIS DE ATIVIDADE
do que invadiu outro Estado.
ATIVIDADES REGISTRADOS) REGISTRADOS) Além de ecoar as justificati-
TUNÍSIA
vas de Putin para a guerra, Pe-
quim ajudou Moscou a contor-
nar as sanções impostas por
EUA e aliados. “A guerra acele-
ARGÉLIA
rou um processo na relação si-
LÍBIA EGITO
no-russa que estava em anda-
mento há uma década, que é a
subordinação da Rússia à Chi-
MALI
na nessa parceria. A Rússia é
NÍGER
CHADE
SUDÃO ERITREIA claramente o parceiro júnior”,
BURKINA
afirma Hamilton.
FASSO DJIBOUTI E se a África revela as diferen-
BENIN
NIGÉRIA
ças estratégias, a Ásia Central,
TOGO
REPÚBLICA SUDÃO
ETIÓPIA argumenta o pesquisador,
CAMARÕES
CENTRO-AFRICANA DO SUL
expõe as trajetórias de poder.
SOMÁLIA No ano passado, enquanto
GUINÉ UGANDA os líderes do G-7 se reuniam
EQUATORIAL QUÊNIA
GABÃO
CONGO REPÚBLICA em Hiroshima, no Japão, Xi re-
DEMOCRÁTICA RUANDA
DO CONGO BURUNDI cebeu os líderes das ex-repúbli-
cas soviéticas da Ásia Central
TANZÂNIA em uma cúpula paralela – e
inédita. Os representantes de
COMOROS Casaquistão, Usbequistão, Ta-
ANGOLA MALAWI jiquistão, Turcomenistão e
ZÂMBIA
Quirguistão saíram do chama-
MOÇAMBIQUE
do C+C-5 com um pacote de
ZIMBÁBUE
MADAGASCAR US$ 3,8 bilhões (R$ 18 bilhões)
NAMÍBIA
BOTSUANA em acordos comerciais e inves-
timentos. Além da promessa
ESSUATÍNI de assistência em segurança e
ÁFRICA
defesa, que tradicionalmente
DO SUL
LESOTO
vinha da Rússia.
Em mais um sinal do avanço
FONTES: RAND ANALYSIS / INFOGRÁFICO: ESTADÃO na região historicamente liga-
da a Moscou, Pequim elevou o
status da relação diplomática
quanto os russos estão em tabilizá-los”, diz Hamilton. com o Usbequistão há duas se-
combates diretos, os chineses Durante pesquisa para um manas. Na ocasião, Xi pediu
estão mais preocupados em re- artigo, Hamilton ouviu de espe- que a construção da ferrovia
forçar a segurança em áreas de cialistas africanos que russos e China-Quirguistão-Usbequis-
interesse econômico. chineses perguntam com fre- tão comece o mais rápido pos-
quência sobre as ações um do sível. A obra deve abrir uma ro-
outro no continente. ta comercial alternativa à Rús-
Laços “A relação entre Rússia e Áfri- sia driblando as sanções e au-
Guerra reforçou parceria ca no continente é mais de coe- mentando a influência chinesa
entre China e Rússia, mas xistência”, afirma Landry Sig- na Ásia Central.
criou um problema ne, pesquisador sênior da Ini- “O poder da autoridade da
político para Pequim ciativa de Crescimento Africa- Rússia estão colapsando de
no do Brookings Institution, muitas maneiras na Ásia Cen-
em entrevista ao Estadão. “A tral enquanto a China está em
“O ponto em comum é o fo- colaboração não é impossível, ascensão. Será mais uma ques-
co em diminuir a influência oci- mas quando a China tem um tão que os dois terão de lidar:
dental, mas a Rússia está mais projeto, tenta controlar todo as trajetórias de poder diferen-
interessada nisso e está mais processo, do início ao fim”, diz. tes. É difícil para duas potên-
disposta a causar o caos e rom- cias, mesmo que sejam amigá-
per padrões para alcançar esse ‘SEM LIMITES’. As diferenças es- veis, gerenciar seu relaciona-
objetivo enquanto a China po- tratégicas contrastam com a mento quando uma está em de-
de trabalhar com governos de- alegada parceria “sem limi- clínio e a outra está em ascen-
mocráticos, sem tentar deses- tes”, anunciada por Xi e Putin são”, avalia Hamilton. l
 INTERNACIONAL
A10
l HISTÓRIAS DO MUNDO Processo democrático
Ditadura até os 90 e hoje a 3ª
maior democracia, Indonésia
vai às urnas (fantasiada)
Homem decora com corações e balões seção eleitoral em Suracarta, na Província de Java Central
Comparecimento às
urnas no país tem
sido um dos mais
altos do mundo e
atingiu um recorde
de 80% em 2019
JACARTA
Dezenas de milhões de indo-
nésios irão hoje a seções elei-
torais que, às vezes, são deco-
Diplomacia
Lula viaja para África
com conflito na Faixa
de Gaza na agenda
FELIPE FRAZÃO
IANDER PORCELLA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva desembarca hoje no
Egito, em uma viagem que o
levará também à Etiópia, onde
participará da cúpula da União
Africana, onde defenderá o
fim do conflito na Faixa de Ga-
za e uma nova multipolaridade
global. Os dois países foram re-
centemente convidados a inte-
grar o Brics.
Ontem, o governo brasileiro
se somou à lista de nações que
têm pressionado Israel para
que desista de sua ofensiva ter-
restre em Rafah, cidade palesti-
na na fronteira com o Egito.
Em nota, o Ministério das Rela-
radas com balões, guirlandas e
flores e atendidas por funcio-
nários fantasiados de Ho-
mem-Aranha, Batman, Thor
ou outros super-heróis. Os
eleitores escolherão os candi-
datos à presidência, ao Parla-
mento e ao Legislativo local.
Eleições livres e justas na In-
donésia eram impensáveis até
meados da década de 90, quan-
do o país ainda estava sob o go-
verno brutal de Suharto. Após
sua queda, em 1998, o país emer-
ções Exteriores alertou para
“graves consequências” e vol-
tou a pedir um cessar-fogo.
No Egito, Lula se reunirá
com o presidente Abdel Fatah
al-Sissi com quem tratará, en-
tre outros temas, da “reforma
dos organismos internacionais
e do conflito entre Israel e Pales-
tina”, segundo nota oficial.
O governo ressaltou que as
relações com o Egito se estrei-
taram nos últimos meses em
meio às negociações para a re-
patriação de brasileiros que es-
tavam em Gaza. A retirada pre-
cisa da autorização do governo
egípcio para a passagem por
seu território. Um grupo de 19
brasileiros aguarda para ser re-
patriado e o brasileiro Michel
Nisenbaum ainda continua re-
ACHMAD IBRAHIM/AP
giu como a terceira maior de-
mocracia do mundo. O compa-
recimento às urnas tem sido
um dos mais altos do mundo e
atingiu um recorde de 80% em
2019. Com a idade mínima para
votar de 17 anos, o maior bloco
é formado por pessoas com me-
nos de 40, que representam
mais da metade dos 205 mi-
lhões de eleitores da Indonésia.
A eleição presidencial é uma
corrida tripla, e os outdoors
com os rostos dos três candida-
fém do Hamas. Depois, Lu-
la terá uma reunião na Liga
Árabe, cuja sede fica no Cai-
ro. Na Etiópia, o líder brasi-
leiro conversará com Mah-
moud Abbas, presidente da
Autoridade Palestina.
CESSAR-FOGO. Ontem, no
Cairo, mediadores de Egito,
EUA e Catar se reuniram pa-
ra discutir um cessar-fogo
entre Israel e Hamas.
Aproximação
Relações entre Brasil e
Egito se estreitaram em
meio a repatriações de
brasileiros em Gaza
O presidente dos EUA,
Joe Biden, enviou o diretor
da CIA, William Burns, para
se juntar às negociações. Se-
gundo Biden, os negociado-
res esperavam chegar a um
acordo que libertaria os re-
féns restantes em Gaza e in-
terromperia os combates
por pelo menos seis sema-
nas. l COM EFE
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
tos – Anies Baswedan, Pra-
bowo Subianto e Ganjar Pra-
nowo – estão pelas principais
estradas. Seus debates foram
discutidos com furor no Insta-
gram, TikTok e X (antigo Twit-
ter). Os indonésios se referem
aos três homens pelos seus nú-
meros de candidato: 1, 2 ou 3.
Mas mesmo esse vibrante
processo eleitoral tem seus li-
mites. “A Indonésia é muito
nova na democracia, e muitas
pessoas não estão acostuma-
das a escolher seus candidatos
com base em históricos e
ideias”, disse Abigail Limuria,
organizadora do encontro Fes-
tival Eleitoral em Jacarta, que
recentemente teve como obje-
tivo educar os eleitores sobre
os candidatos.
Essa campanha também le-
vantou sérias questões sobre o
futuro das normas democráti-
cas duramente conquistadas
na Indonésia. Joko Widodo, o
popular presidente em exercí-
cio que está impedido de bus-
car um terceiro mandato de
cinco anos, alarmou os críti-
cos com manobras que permi-
tiram que seu filho concorres-
se à vice-presidência.
Embora não tenha explicita-
mente endossado ninguém,
ele parece ter planejado uma
aliança com Prabowo, um anti-
go rival que há muito é acusa-
do de abusos dos direitos hu-
manos e já foi casado com uma
filha do ditador Suharto.
CAMPANHA. “Estou encarando
isso como uma oportunidade
de contribuir para mudar a In-
donésia para melhor”, disse
Shiela Mutia Larasati, de 25
anos, empresária do setor de
EUA
Biden chama Trump de
antiamericano após falas
WASHINGTON
O presidente dos EUA, Joe Bi-
den, classificou ontem como
“antiamericanas” as falas do
ex-presidente e pré-candidato
presidencial Donald Trump,
que disse que Vladimir Putin
poderia “fazer o que quisesse”
a países que não cumprem as
metas de gastos com defesa da
Otan. O democrata fez um pro-
nunciamento em que celebrou
a aprovação, pelo Senado, de
um novo pacote de ajuda à
Ucrânia e instou a Câmara que
acelerar a votação do projeto.
“O mundo inteiro ouviu is-
so, e o pior é que ele está falan-
do sério”, disse Biden. “Quan-
do os EUA dão a sua palavra
(de proteger aliados), isso sig-
nifica alguma coisa.”
O pacote de ajuda externa
O ESTADO DE S. PAULO
moda que mora em Jacarta.
As eleições recentes na In-
donésia, que tem a maior po-
pulação muçulmana do mun-
do, foram prejudicadas por
uma campanha feia – Joko
Widodo foi chamado de “cris-
tão chinês” (ele não é ne-
nhum dos dois), e Prabowo,
que tentou a presidência vá-
rias vezes, mas nunca ga-
nhou, foi perseguido por per-
guntas sobre quantas vezes
ele orava em um dia.
A discussão política deste
ano esteve mais focada em
questões como democracia e
defesa, ainda que todos os
candidatos à presidência ti-
vessem oferecido uma visão
semelhante à de Joko: políti-
ca com base em projetos de
infraestrutura e bem-estar.
Incentivo
Para motivar eleitores,
ativistas se valeram de
vídeos no TikTok e
músicas de Taylor Swift
Para levar os eleitores às ur-
nas, os ativistas se valeram de
memes e truques, como a pu-
blicação de vídeos no TikTok
equiparando os candidatos a
várias músicas de Taylor Swift.
Pelo menos um candidato
também usou a mídia social a
seu favor. Prabowo teve al-
gum sucesso em se transfor-
mar de um general temido em
um avô fofo. Muitos jovens
simplesmente não sabem so-
bre seu passado. Sua aparente
aliança com o presidente em
exercício também ajudou sua
popularidade. l NYT
aprovado ontem foi por meses
objeto de embate entre os repu-
blicanos. Ele prevê o envio de
US$ 95 bilhões (R$ 472 bilhões)
para Ucrânia, Israel e Taiwan.
Com US$ 60,1 bilhões ex-
tras para a Kiev, os EUA chega-
rão a um repasse de mais de
US$ 170 bilhões na guerra da
Rússia na Ucrânia. Outros
US$ 14 bilhões (R$ 69,5 bi-
lhões) serão enviados para Is-
rael e Taiwan.
Foram 70 votos a favor da
medida e 29 contrários. A vota-
ção dividiu os republicanos: 22
dos 49 senadores do partido
votaram com os democratas.
A ajuda externa tem sido mal
recebida pela base de eleitores
republicanos e entrou na re-
tórica de campanha de Trump.
Ela enfrentará forte resistên-
cia na Câmara, onde os republi-
canos são maioria. l AFP e NYT

QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Vigilância sanitária
País chega a 512 mil casos prováveis
de dengue e 75 mortes pela doença
Há mais 340 óbitos em investigação, segundo atualização do governo federal; até
agora, mulheres foram mais atingidas do que homens, e Minas Gerais lidera em casos
RENATA OKUMURA
O Brasil já registrou 75 mortes
causadas pelo vírus da dengue
neste ano, e há mais 340 óbitos
em investigação, segundo a
atualização do Painel de Moni-
toramento de Arboviroses do
Ministério da Saúde. Apenas
entre janeiro e fevereiro, o
País já registrou 512 mil infecta-
dos pela doença em todo o ter-
ritório nacional.
Como o Estadão mostrou,
especialistas já temem ainda
mais casos com as aglomera-
ções de carnaval. A maior inci-
dência de casos ocorreu, até o
momento, em mulheres, que
representam 54,9% dos casos,
ante 45,1% em homens. Em nú-
meros totais, o Estado de Mi-
nas tem atualmente o maior
coeficiente de infectados pro-
váveis, com 171 mil, seguido de
São Paulo, com 83 mil, e Para-
ná, com 55 mil.
Ainda segundo o painel do
ministério, ao avaliar os casos
a cada 100 mil habitantes, o
Distrito Federal tem o maior
coeficiente de incidência, com
Alta de casos reacende
teorias conspiratórias
ANÁLISE
MONICA GUGLIANO
assada a euforia car-
P navalesca, a vida real
vai nos impondo a
realidade dos nossos proble-
mas, entre eles a epidemia de
dengue, que continua em alta.
Nesse cenário, ganha relevân-
cia a Pesquisa do Instituto De-
mocracia em Xeque sobre a re-
percussão da dengue nas re-
des sociais, mostrando que a
doença reacendeu as teorias
conspiratórias antivacina e
tem sido usada para atacar o
Ministério da Saúde e o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Sil-
va. O instituto, que faz o acom-
panhamento do debate públi-
co digital das campanhas de
desinformação e de violação
dos direitos humanos, consta-
Hospital em Brasília, que tem 2,2 mil casos por 100 mil habitantes
2,2 mil casos por 100 mil, segui-
do de Minas, com 836 por cem
mil, e o Acre, com 582.
No mesmo período, o País
também teve 29 mil casos pro-
váveis de chikungunya, dos
quais 4 óbitos foram confirma-
dos e 31 estão em fase de inves-
tigação. Houve ainda 341 casos
positivos de zika, sem nenhu-
ma morte associada, segundo
tou que grupos de extrema di-
reita e de oposição têm agido
de forma muito semelhante
àquela usada durante a pande-
mia da covid, quando bolsona-
ristas e seus apoiadores espa-
lhavam desinformação e me-
do sobre a doença e a imuniza-
ção.
“As mensagens seguem a ló-
gica da pandemia numa divul-
gação massiva feita de forma
muito coesa, organizada e
coordenada por esses gru-
pos”, explica Andressa Costa,
pesquisadora do Instituto De-
mocracia em Xeque e do Cen-
tro de Administração e Políti-
cas Públicas (CAAP) da Uni-
versidade de Lisboa. Nesse ce-
nário, as hashtags mais asso-
ciadas às buscas tem sido #Lu-
lagenocida, #EsquerdaCrimi-
nosa, #EsquerdaGenocida, e
#ForaLula. “Podemos perce-
ber que são praticamente as
mesmas mensagens que eram
WILTON JUNIOR/ESTADÃO-5/2/2024
o painel de monitoramento.
COMO SABER SE ESTÁ COM A
DOENÇA? Sintomas como dor
de cabeça, mal-estar, febre e
fraqueza são sinais comuns
presentes em várias enfermida-
des, incluindo a dengue e a gri-
pe. Desta forma, em caso de
suspeita de alguma dessas
doenças, é importante aumen-
usadas contra o então presi-
dente Jair Bolsonaro pela es-
querda e que agora servem
aos grupos de direita”, diz a
pesquisadora.
Os movimentos organiza-
dos utilizam as hashtags de
oposição associando o gover-
no federal com a alta nos ca-
sos de dengue por todo o Bra-
sil e mencionando um recor-
de de mortes pela contamina-
ção que não corresponde à rea-
lidade. As mortes, cujos núme-
ros superestimados só exis-
tem nas fake news, servem pa-
ra criar um movimento tam-
bém semelhante ao que acon-
teceu com a covid. Acusa-se o
governo de não comprar ou
produzir _ o Instituto Butantã
_ vacinas suficientes para
atender a população.
Alguns exemplos destaca-
dos pela pesquisadora, princi-
palmente no Telegram, mos-
tram o tipo de mensagem que
vem ganhando espaço nas re-
des sobre a vacinação contra a
dengue. Uma dessas mensa-
gens, do senador Marcos Pon-
tes (PL-SP), diz: “Você sabia
que o Brasil já poderia estar
protegido contra a dengue?
METRÓPOLE
Venda de repelentes
contra o ‘Aedes aegypti’
dispara nas farmácias
As vendas de repelentes
contra o Aedes aegypti dispa-
raram nas maiores redes
farmacêuticas do País. A
Raia Drogasil registrou cres-
cimento de 450% na venda
de repelentes de novembro
de 2023 a janeiro de 2024. O
grupo DPSP, dono da Dro-
garia São Paulo e da Droga-
ria Pacheco, registrou alta
de 138% nas vendas diárias
de repelentes em fevereiro
de 2024. l LARA CASTELO
tar a hidratação e evitar a auto-
medicação. Somente um médi-
co pode fazer o diagnóstico
correto. “É possível ainda reali-
zar testes para identificar a en-
fermidade exata e fazer o trata-
mento adequado. O diagnósti-
co correto só pode ser feito pe-
lo médico. Busque assistência
na unidade de saúde mais
próxima”, alerta o Ministério
Alertei em 19 de abril de 2023,
quando enfrentamos um sur-
to da doença, que o Brasil já
estava apto para adquirir a va-
cina de um laboratório japo-
nês”, diz um desses posts do
senador que foi ministro da
Ciência e Tecnologia no gover-
no de Bolsonaro.
Pesquisa nas redes sociais
Fake news são construídas
com roteiro semelhante ao
utilizado durante a
pandemia da covid-19
Outras mensagens dizem
que “o governo genocida e ne-
gacionista, só comprou vaci-
na para 1,1% da população”.
Mas, segundo o Ministério da
Saúde, a distribuição das vaci-
nas iniciou-se na quinta-feira
passada. O lote inicial será
destinado à imunização de
crianças de 10 a 11 anos e a
previsão é que os 521 municí-
pios, selecionados para come-
çar a imunização, recebam as
doses para vacinar essa faixa
etária até a primeira quinzena
de março. Segundo o ministé-
A11
da Saúde.
Normalmente a primeira
manifestação da dengue é a fe-
bre alta, de início abrupto, que
geralmente dura de dois a sete
dias, acompanhada de dor de
cabeça, dores no corpo e nas
articulações, prostração, fra-
queza, dor atrás dos olhos e
manchas vermelhas na pele. É
importante ficar atento aos si-
nais que indicam um quadro
grave da doença, que podem
surgir após o declínio da febre,
entre o terceiro e o sétimo dias
do início da doença. A dengue
não tem sintoma respiratório.
Já a gripe é uma infecção res-
piratória causada pelo vírus In-
fluenza, mais comumente
transmitido de pessoa a pes-
soa durante o período do inver-
no, embora possa estar presen-
te em outras estações. Os sin-
tomas geralmente aparecem
de forma repentina, como fe-
bre, dor de garganta, tosse, do-
res no corpo e de cabeça. Geral-
mente, tem resolução espontâ-
nea em aproximadamente se-
te dias, embora a tosse, o mal-
estar e a fadiga possam perma-
necer por algumas semanas. l
rio, a vacinação irá avançar pa-
ra outras idades assim que fo-
rem sendo entregues novas
doses pelo fabricante da
Qdenga, até alcançar todo o
público-alvo de 10 a 14 anos.
Com os imunizantes já co-
meçando a ser distribuídos,
as fake news voltaram a apelar
para um discurso muito fre-
quente e também similar ao
usado durante a covid em que
se alegava que não era seguro
tomar a vacina e dezenas de
posts relatavam casos não ver-
dadeiros de pessoas que te-
riam tido problemas, contraí-
do a doença ou até mesmo
morrido após a imunização.
A pesquisa mostra que, em
momentos como este, tão im-
portante quanto conter a
transmissão da doença e a epi-
demia é usar de todos os recur-
sos disponíveis para comba-
ter a desinformação. Dela re-
sultam o descaso e a falta de
cuidados que aumentam o nú-
mero de casos e o risco de mor-
tes, saturam os serviços de
saúde e põem em risco a popu-
lação. l
É REPÓRTER E COLUNISTA DO ESTADÃO.COM
 METRÓPOLE
A12
A festa na quadra, no bairro do Limão; a escola apresentou o enredo ‘Brasiléia desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país’
Carnaval 2024
Em disputa acirrada,
Mocidade é bicampeã
do carnaval paulistano
Dragões é vice; Tom
Maior e Independente
foram rebaixadas e
Estrela do Terceiro
Milênio e Colorado do
Brás chegam à elite
ÍTALO LO RE
PRISCILA MENGUE
Vencedora em 2023, a Moci-
dade Alegre é novamente
campeã do carnaval de São
Paulo em 2024. Agora soma
12 títulos e se tornou a segun-
da maior vencedora da histó-
ria dos desfiles carnavales-
cos paulistanos, atrás apenas
do Vai-Vai, que tem 15. A Ne-
Galo da Madrugada homenageia Reginaldo Rossi em SP
O carnaval do Recife desem-
barcou no Parque do Ibirapue-
ra, na zona sul da capital paulis-
ta, na manhã de ontem. Com o
tema Reginaldo Rossi no Reina-
do do Frevo, o bloco Galo da
Madrugada reverenciou a vida
e a obra do artista recifense e
atraiu cerca de 500 mil foliões.
O bloco desfila desde 2020 em
São Paulo, primeira cidade on-
de se apresentou fora da capi-
tal pernambucana.
O Galo reúne diversas mani-
festações artísticas típicas de
Pernambuco, como maracatu,
bonecões e caboclos de lança,
e levou artistas do brega e do
nê de Vila Matilde, com 11, pas-
sou ao terceiro lugar. Com se-
de no Limão (zona norte), a
Mocidade desfilou com o enre-
do Brasiléia desvairada: a busca
de Mário de Andrade por um
país, repleto de referências às
expedições que o intelectual e
escritor fez pelo Brasil.
O resultado foi decidido pe-
los critérios de desempate. Em
busca do primeiro título, a Dra-
gões da Real somou os mes-
mos 270 pontos da Mocidade.
O primeiro critério de desem-
pate eram as notas descarta-
das, seguido do quesito Har-
monia, o que desempatou a fa-
vor da Mocidade. A Acadêmi-
cos do Tatuapé ficou em tercei-
ro lugar, seguida da Gaviões da
frevo para São Paulo. Um dos
organizadores, Cesar Pacci,
disse que a diversidade cultu-
ral paulistana é que proporcio-
na o espaço para a dissemina-
ção da cultura recifense. “A
multiplicidade de entregas cul-
turais e misturas de públicos
tem feito do carnaval da cida-
de um dos maiores e mais im-
portantes do País. O Galo da
Madrugada é essa integração
original e genuína.”
De fato, além das fantasias e
músicas típicas, o público car-
navalesco de São Paulo reco-
nhece a identificação e impor-
tância desse intercâmbio cul-
“É uma emoção muito
grande, em um ano
muito difícil e em um
concurso muito
acirrado, em que todas
escolas foram muito
bem e a gente não sabia
quem iria ganhar”
Solange Bichara
Presidente da Mocidade
Foliões desfilam no Galo da Madrugada, no Parque do Ibirapuera
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
FELIPE RAU / ESTADÃO
Fiel, em quarto, e Mancha Ver-
de, em quinto. O desfile das
campeãs vai reunir essas cinco
escolas no sábado, a partir das
20 horas. A Independente Tri-
color foi rebaixada ao Grupo
de Acesso 1, ao lado da Tom
Maior. Sobem a Estrela do Ter-
ceiro Milênio, campeã do Aces-
so, e a Colorado do Brás.
Como em outros anos, a pre-
sidente da Mocidade, Solange
Cruz Bichara, permaneceu
com terços nas mãos ao longo
da leitura das notas, ao lado do
Mestre Sombra, comemoran-
do seus 30 anos à frente da ba-
teria. O desfile foi assinado pe-
lo carnavalesco Jorge Silveira.
“É uma emoção muito grande,
em um ano muito difícil e em
um concurso muito acirrado,
em que todas escolas foram
muito bem e a gente não sabia
quem iria ganhar”, disse Solan-
ge após a vitória. “A gente tem
uma equipe fantástica.”
Após a vitória, integrantes
da vice-campeã foram parabe-
nizar Solange e outros direto-
res. A atitude foi elogiada pela
presidente da Mocidade. “É al-
go muito importante para o
nosso carnaval”, disse.
FELIPE RAU/ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO
Diretora de carnaval da
campeã, Victoria Catarine fa-
lou sobre a importância de ga-
nhar com Mário de Andrade
como tema. “Carnaval é para
o povo e a gente tem de falar
da cultura do povo”, disse. Já
o Mestre Sombra destacou
que “Mário de Andrade é um
cidadão ‘barrafundense’,
próximo de onde estamos”.
“Parece que a energia dele
pairou no ar. Mesmo já ga-
nhando outras vezes, é uma
sensação ímpar”, completou.
O Vai-Vai, que voltou à eli-
te, fez um desfile dedicado
ao hip hop e marcado por
críticas sociais e obteve o oi-
tavo lugar. De volta também,
a Camisa Verde e Branco
conseguiu ficar no Grupo Es-
pecial, com o 12.º lugar.
NOVA VOZ. Pela primeira vez
em 30 anos, a apuração não
teve as notas anunciadas por
Antônio Pereira da Silva, o
Zulu, que se aposentou e foi
substituído pela locutora
Eloise Matos, primeira mu-
lher nessa função. As escolas
foram avaliadas em nove que-
sitos, com quatro jurados pa-
ra cada. Neste ano os jurados
viram os desfiles em cabines
e não mais nas torres, fican-
do mais perto da pista. Tam-
bém houve mudanças nas re-
gras de avaliação.
Ao fim do primeiro quesi-
to anunciado, Evolução, seis
escolas somavam pontuação
máxima: Barroca Zona Sul,
Dragões da Real, Mocidade
Alegre, Acadêmicos do Ta-
tuapé, Acadêmicos do Tucu-
ruvi e Império de Casa Ver-
de. Uma jurada não deu nota
para a Império de Casa Ver-
de, e foi aplicada uma norma
prevista no regulamento, a
partir da média das demais
avaliações: como tinha rece-
bido duas notas 10 e uma 9,9,
ficou com mais um 10, com
30 pontos no total, já que a
menor é descartada.
A partir do quesito Comis-
são de Frente, a disputa se
afunilou entre Dragões, Mo-
cidade e Tatuapé. E ficou en-
tre as duas primeiras a par-
tir do Enredo. l
tural. A funcionária pública
Clea Rapouso, de 55 anos, nas-
ceu no Recife, mora há 30 anos
em São Paulo e vai todo ano ao
desfile. “A única coisa chata é
que não me deixaram entrar
no parque com meu guarda-
chuva de frevo. A segurança
acha que é arma e pode machu-
car”, afirmou.
O também funcionário pú-
blico José Luciano de Oliveira,
de 59 anos, é outro recifense e
vê no Galo uma forma de se
sentir “em casa”: “Viver essa
energia é uma forma de man-
ter minha cultura viva aqui”,
afirmou. l BÁRBARA CORREA
 METRÓPOLE A13
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Na Marquês de Sapucaí

Viradouro é destaque da 2ª noite de desfiles

Escola deve disputar
com a Imperatriz
o título deste ano;
Mangueira também se
destacou. Apuração
ocorre hoje à tarde
Na segunda noite de desfiles
das escolas de samba do Rio,
anteontem, a Unidos do Vira-
douro fez um desfile impecá-
vel no Sambódromo da Mar-
quês de Sapucaí e se tornou
uma das favoritas na disputa
pelo título. A Mangueira tam-
bém empolgou, com sua home-
nagem à cantora Alcione, e foi
outro destaque da noite.
A disputa pelo título deve fi-
car entre Viradouro e Impera-
triz Leopoldinense, principal
destaque da primeira noite. A
mesma concorrência ocorreu
em 2023, com vitória da Impe-
ratriz _ a Viradouro foi vice.
Também têm chances neste
ano a Grande Rio, que desfilou
no domingo, e Vila Isabel, que
se exibiu na segunda-feira. A
Porto da Pedra é a principal
candidata ao rebaixamento.
A apuração será na tarde de
hoje na Praça da Apoteose, co-
mo é chamada a parte final do
sambódromo. As seis escolas
melhor colocadas voltam a se
exibir no desfile das Campeãs,
na noite do próximo sábado.
A primeira escola a desfilar
anteontem foi a Mocidade In-
dependente de Padre Miguel,
que discorreu sobre o caju e
usou o trunfo de ter o samba
mais famoso desta temporada
pra fazer o desfile mais anima-
do até então, contando a liga-
ção da fruta com a história do
Brasil. Mas a escola pecou em
fantasias e alegorias.
A Portela apresentou um en-
redo sobre o racismo e trouxe
o ministro dos Direitos Huma-
nos, Silvio Almeida, represen-
tando Luiz Gama (1830-1882),
advogado e patrono da aboli-
ção da escravidão no País. Mas
a escola teve problemas com o
primeiro carro alegórico.
A Unidos de Vila Isabel reedi-
tou o enredo de 1993, Gbala –
Viagem ao Templo da Criação, e
fez um desfile técnico. Marti-
PEDRO KIRILOS/ESTADÃO
Destaque da Viradouro, escola
que encerrou o desfile no Rio
nho da Vila, presidente de hon-
ra da escola, completou 86
anos no dia do desfile e ga-
nhou “Parabéns a Você” execu-
tado pela bateria antes do iní-
cio do desfile. Ele desfilou re-
presentando Oxalá.
A Mangueira teve um “es-
quenta” de luxo, cantado por
Alcione, que depois desfilou
no último carro alegórico. Ami-
gos famosos, como a também
cantora Maria Bethânia, desfi-
laram. Já a Paraíso do Tuiuti
retratou a Revolta da Chibata e
homenageou João Cândido.
A Viradouro encerrou o des-
file com o enredo Arroboboi,
Dangbé, sobre o vodun Dang-
bé, culto do candomblé Jeje re-
presentado pela serpente. l

REPRODUÇÃO GOOGLE STREET VIEW

Colapso estrutural
Prédio de 19 andares é evacuado na Praia Grande
Um prédio residencial de 19 andares foi evacuado na
tarde de ontem, na Praia Grande (SP). De acordo com o Cor-
po de Bombeiros, colunas do edifício estavam danificadas e
não há vítimas. A Defesa Civil de Praia Grande foi acionada e
informou que o imóvel estava com “colapso estrutural” em
cinco colunas instaladas no subsolo da edificação.l
Santos
Juíza concede divórcio após morte de cônjuge
A 3.ª Vara da Família e das Sucessões de Santos, no lito-
ral paulista, determinou um divórcio pós-morte do cônjuge.
Na sentença, a juíza Mariella Amorim Nunes Rivau Alvarez
destacou que a jurisprudência vem admitindo a possibilida-
de do decreto do divórcio pós-morte no curso da ação, quan-
do já manifestada a vontade de qualquer uma das partes. l
 METRÓPOLE
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
A14 O ESTADO DE S. PAULO

HOJE: HOJE: HOJE: VOLUME UMIDADE AMANHÃ SEXTA SÁBADO DOMINGO SOL LUA: NOVA
PREVISÃO DO TEMPO MANHÃ TARDE NOITE

26° 26° 22°

DE CHUVA RELATIVA NOVA 09/02 19h59
19°/23° 18°/26° 18°/27° 20°/28°
24MM 55 95%
Para São Paulo - Capital NASCENTE: 5h52 CRESCENTE 16/02 12h00
POENTE: 18h48 CHEIA 24/02 09h30
Baseada na geocoordenada Última Atualização:
da Praça da Bandeira 12/02 55% 95% 90% a MINGUANTE 03/03 12h23

Regiões do Estado de SP Chance de Chuva Volume de Chuva Temperaturas (min./máx,)

Precipitação
ARARAQUARA
Média Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Capitais CHOVE? VOL.MÉDIO MÍN./MÁX. Mundo FUSO MÍN./MÁX. FUSO MÍN./MÁX.
88% 12.4mm 21°/35°
RIBEIRÃO PRETO ARACAJÚ 50% 1mm 26°C/30°C MACEIÓ 45% 4mm 25°C/30°C ASSUNÇÃO 0h 25°C/32°C LOS ANGELES -5h 7°C/15°C
+
75% 5.7mm 19°/36° CAMPINAS ATENAS +5h 11°C/12°C MADRID +4h 11°C/17°C
BELÉM 70% 13mm 25°C/31°C MANAUS 65% 15mm 25°C/30°C
100% 13.4mm 20°/33° 100mm
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO BELO HORIZONTE 65% 6mm 20°C/33°C NATAL 65% 7mm 26°C/29°C BARCELONA +4h 10°C/19°C MIAMI -2h 14°C/24°C
70% 5.1mm 22°/35° SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
BOA VISTA 35% 2mm 25°C/35°C PALMAS 25% 0mm 24°C/33°C BERLIM +4h 4°C/9°C MONTEVIDÉU 0h 15°C/20°C
100% 22.6mm 15°/31° 50mm
ARAÇATUBA BRUXELAS +4h 8°C/12°C MOSCOU +6h -14°C/-9°C
66% 5.5mm 22°/37° LITORAL NORTE BRASÍLIA 10% 0mm 18°C/30°C PORTO ALEGRE 30% 0mm 19°C/24°C
99% 29.3mm 24°/31° 25mm BUENOS AIRES 0h 17°C/21°C NOVA YORK -2h -1°C/2°C
PRESIDENTE PRUDENTE CAMPO GRANDE 35% 1mm 23°C/33°C PORTO VELHO 90% 16mm 24°C/30°C
CARACAS -1h 20°C/29°C PARIS +4h 10°C/15°C
74% 5.6mm 23°/37° 10mm CUIABÁ 30% 1mm 25°C/34°C RECIFE 65% 21mm 27°C/30°C
CIDADE DO MÉXICO -3h 12°C/25°C ROMA +4h 6°C/17°C
MARÍLIA Ondas: CURITIBA 95% 31mm 19°C/28°C RIO BRANCO 95% 14mm 24°C/30°C
86% 8.1mm 21°/35° 14/02 5mm ESTOCOLMO +4h -4°C/1°C SANTIAGO 0h 15°C/31°C
SOROCABA
FLORIANÓPOLIS 85% 21mm 23°C/26°C RIO DE JANEIRO 80% 23mm 25°C/32°C
100% 22.2mm 20°/33° GENEBRA +4h 2°C/12°C SYDNEY +14h 20°C/22°C
BAURU +
2,5m 2mm FORTALEZA 70% 13mm 26°C/30°C SALVADOR 30% 0mm 24°C/30°C
94% 12.7mm 20°/35° SÃO PAULO JOANESBURGO +5h 17°C/33°C TEL-AVIV +5h 12°C/19°C
100% 23.5mm 20°/30° 1,5m GOIÂNIA 20% 0mm 20°C/34°C SÃO LUÍS 75% 14mm 25°C/30°C LIMA -2h 24°C/29°C TÓQUIO +12h 5°C/16°C
TEMPOnaCidade.com.br 1mm
LITORAL SUL 1m JOÃO PESSOA 65% 16mm 26°C/32°C TERESINA 90% 15mm 25°C/30°C LISBOA +3h 15°C/23°C TORONTO -2h -7°C/-2°C
100% 43.3mm 24°/28° - - MACAPÁ 70% 10mm 25°C/31°C VITÓRIA 30% 1mm 23°C/35°C LONDRES +3h 11°C/13°C WASHINGTON -2h 2°C/7°C

SÃO PAULO RECLAMA HÁ UM SÉCULO

Soluções ambientais

Drones reflorestam Leitor solicita a revisão

das faturas de água
O recenseamento

A ultima synopse sobre o recen-

áreas destruídas pelas

Reclamação de Leonardo seamento de 1920 apresenta al-
Ferreira: “Gostaria de soli- garismos curiosos. Tem o nos-
citar uma revisão nos valo- so paiz 30.635.605 habitantes,
res das contas de água emiti- sendo : homens- 15.443.818; mu-

chuvas no litoral norte

das para o meu imóvel. Ob- lheres- 15.191.787. Dos ho-
servo que desde o ano de mens, são brasileiros
2019 temos enfrentado des- 14.506.679; tem nacionalidade
ligamentos noturnos recor- conhecida estrangeira
rentes no fornecimento de 923.958. Das mulheres,
O projeto usa pelas chuvas de 2023. Esses pensação ambiental pelos água, o que tem levado à pre- 14.538.548 são nacionaes;
semeadura aérea pontos foram mapeados pelo impactos causados pela ro- sença de ar na tubulação. Es- 632.767 estrangeiras (….) O es-
instituto e pela Atlântica Con- dovia –, com apoio de contri- sa situação tem resultado tado civil era o seguinte: ho-
para recuperar sultoria Ambiental durante oi- buições voluntárias de pes- em impactos diretos nas mens solteiros 11.023.660; mu-
terrenos da Serra do to meses – e a escolha da se- soas físicas e jurídicas que medições do consumo de lheres solteiras 10.294.337; ho-
Mar devastados pelo meadura com drone se deu mantêm o ICC. água, elevando indevida- mens casados 3.988.743; mu-
temporal de 2023 principalmente em função da O diretor executivo da mente os valores das fatu- lheres casadas 3.895.084; ho-
alta declividade do terreno. Fundação Florestal, Rodri- ras. Diante disso, gostaria mens viuvos 386.959, mulhe-
Depois de quase um ano do O projeto nasceu da articula- go Levkovicz, destaca o ca- de solicitar a revisão desses res viuvas 988.251... l
temporal que devastou o lito- ção entre o ICC e a Fundação ráter pioneiro do projeto. valores, considerando que a
ral norte de São Paulo em Florestal do Estado de São Pau- Antes, o órgão já havia feito presença de ar na tubulação
2023, deixando 64 mortos em lo, que abriu um chamamento semeadura de helicóptero é um fenômeno alheio à nos-
São Sebastião, muito ainda pre- público para restaurar a área – na Serra do Mar em Cuba- sa responsabilidade e que
cisa ser feito para reparar os do qual a multinacional Ambi- tão, na década de 1980, plan- tem afetado a precisão das
danos causados pela chuva aos par Group foi a vencedora. “Fo- tio que serviu de referência medições. Gostaria tam-
ecossistemas e à população. mos atrás de tecnologias que para a elaboração do proje- bém de expressar minha
Mas um projeto de restaura- pudessem ser compatíveis to com o uso de drones. “É preocupação em relação à
ção está usando drones para se- com a nossa necessidade”, diz uma tecnologia que está dificuldade que tenho en-
mear com cerca de 20 espécies Carbonelli. Além dos locais de sendo aplicada nessa escala frentado para entrar em
nativas as áreas onde a vegeta- no País pela primeira vez.” contato com a Sabesp e à
ção foi arrancada pela chuva. ineficiência dos canais de
A semeadura dos locais prio- Sem impacto ambiental ADAPTAÇÃO. Já usados em comunicação.”
ritários, pelo risco de maior A diretora do ICC afirma outras funções pelo agro, os
erosão e risco – um total de que o uso do drone trouxe drones foram adaptados pa- Resposta: “A Sabesp infor-
9,57 hectares distribuídos em um ganho em escala e ra a tarefa de despejar as se- ma que, em vistoria no lo-
29 deslizamentos, na Barra do em custo mentes na quantidade, altu- cal, foi identificado que o
Sahy, Baleia e As Ilhas – foi con- ra e localidade exatas, cálcu- consumo de água do imóvel
cluída no início de 2024. Fo- los feitos com auxílio de in- está compatível com o nú-
ram usados seis quilos de se- plantio íngremes e inacessí- teligência artificial. Os equi- mero de moradores infor- CORREÇÕES
mente por hectare, o que totali- veis, a perda de nutrientes pe- pamentos são carregados mado, que são cinco. A com-
zou 57,5 quilos de sementes lo solo, a salinidade e os ventos não apenas com sementes, panhia ressalta que, como
nas encostas nessa primeira fa- também dificultam a tarefa da mas com biocápsulas desen- foi constatado conserto re- Este espaço se destina à correção de erros
publicados na edição impressa do ESTADÃO.
se. Os próximos plantios serão restauração na Serra do Mar. volvidas pela Ambipar a par- cente de vazamento, conce- Você pode colaborar enviando e-mail para
realizados a partir de março. A diretora do ICC afirma tir de sobras de colágeno da deu a revisão das tarifas de correcoes@estadao.com. As correções abran-
gem erros como: de informação, nome, cargo,
que o uso do drone trouxe um indústria farmacêutica. O esgoto nas faturas de outu- dados numéricos, entre outros.
FECHANDO AS CICATRIZES. Se- ganho em escala e custo, além interior das cápsulas é enri- bro e novembro.” l
gundo Fernanda Carbonelli, di- de permitir realizar o plantio quecido com adubo orgâni-
retora executiva do Instituto sem o impacto de abrir aces- co e as sementes são revesti- Teve algum direito como cidadão
LOTERIA
ou consumidor desrespeitado? O
Conservação Costeira (ICC), sos no parque. O projeto de R$ das de carbono líquido, que blog Seus Direitos pode ajudar.
Envie suas reclamações, com os
o objetivo do projeto é restau- 3,5 milhões foi custeado majo- favorece a germinação por devidos documentos, dados pes- Para ver os resultados, aponte a câma-
rar em três anos 851 “cicatri- ritariamente pela Concessio- aumentar a fixação e a umi- soais e contatos, além do nome
dos envolvidos na questão, para o
ra do seu celular para o QR Code ou
acesse: https://loterias. esta-
zes” na Serra do Mar abertas nária Tamoios – como com- dade. l JULIANA DOMINGOS DE LIMA spreclama@estadao.com dao.com.br/mega-sena.

Para publicar anúncio fúnebre: Balcão Limão l (11) 3856-2139 / (11) 3815-3523 / WHATSAPP (11)99123-8351. l Atendimento de 2ª a 6ª das 8h30 às 21h horas, Sábado das 10h às 20h, Domingo das 14h às 20h l Só serão publicadas notícias de falecimen-
FALECIMENTOS to/missa encaminhadas pelo e-mail falecimentos@estadao.com, com nome do remetente, endereço, rg e telefone.

Fernando Túllio Colacioppo Júnior
– Dia 11, aos 89 anos. Era casado com
Sylvia. Deixa parentes e amigos. O enter-
ro foi realizado no Cemitério do Araçá.
Aparecido Silveiro dos Santos – Aos
70 anos. Era casado com Maria Nazare-
th de Queiroz. Deixa os filhos Wanderlei
e Wanessa. O enterro foi realizado no Odette Rodrigues Belleza – Ama- sa, na Av. Bernardino de Campos,360, 18h30, na Paróquia da Assunção de
Cemitério e Crematório Primaveras. nhã, às 12 horas, na Igreja de Nossa Se- Paraíso (9 anos). Nossa Senhora, na Al. Lorena, 665A,
MISSAS nhora do Perpétuo Socorro, na Praça Helena Villaça de Cerqueira Cesar – Jardim Paulista (7º dia).
Marilia Faé De Oliveira – Amanhã, às Honório Líbero, 90, Jardim Paulistano Dia 16, às 9h30, na Paróquia Santa Te- Nevino Antonio Rocco – Dia 17, às
11 horas, na Paróquia São Pedro e São (7º dia). resinha, na R. Maranhão, 617, Higienó- 18h30, na Paróquia Nossa Sra. de Fáti-
Paulo, na Rua Circular do Bosque, 31, Ignez Basso Olivi – Amanhã, às polis (7º dia). ma, na R. Flávio Fongaro, 126, Vila Mar-
(1 mês). 18h30, na Paróquia de Santa Genero- Vinício Paride Conte – Amanhã, às lene, São Bernardo do Campo (1 mês).

QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Campeonato Paulista
São Paulo e Santos duelam
em busca da liderança geral
Times ocupam a ponta em seus grupos, mas querem a melhor
campanha do Estadual para ficar em vantagem nas fases decisivas
MARCOS ANTOMIL
São Paulo e Santos têm pers-
pectivas opostas para a tempo-
rada, mas o que apresentaram
até aqui tem deixado o torce-
dor animado para as missões
que virão. Hoje, a partir das
19h30, no MorumBis, os rivais
medem forças pela oitava roda-
da do Campeonato Paulista e
duelam pela liderança da clas-
sificação geral do torneio.
O Santos aparece na ponta
com 16 pontos, liderando o
Grupo A. Já o São Paulo tem 13,
ocupando a primeira posição
do Grupo D. Por isso, a equipe
da baixada, se vencer, pode
abrir uma boa distância para
um adversário direto, enquan-
to para o time tricolor triunfar
diante de sua torcida pode al-
çá-lo à liderança geral. Ficar
em primeiro e sustentar essa
posição no mata-mata signifi-
ca decidir em casa os jogos das
quartas, semi e final.
O São Paulo vem de derrota
para a Ponte Preta, em Campi-
nas, e quer se reabilitar no Pau-
listão para não deixar o seu gru-
po embolado. A chave em que
Corinthians encara o
Botafogo para tentar se
firmar no Estadual
BRUNO ACCORSI
Recuperado de uma série de cin-
co derrotas após vencer a Portu-
guesa por 2 a 0, o Corinthians
volta a campo hoje, às 21h35, na
Arena Nicnet Eurobike, onde de-
safia o anfitrião Botafogo de Ri-
beirão Preto, pela oitava rodada
do Paulistão. Embora fortaleci-
do pelo fim do jejum, o time alvi-
negro ainda tem muito a provar
ao torcedor, até porque ainda es-
tá próximo da zona de rebaixa-
mento e longe da classificação
ao mata-mata.
Com seis pontos, em quarto
lugar, os corintianos não têm
chance de mudar de posição
dentro do Grupo C nesta roda-
da, mesmo se vencerem. Isso
porque o terceiro colocado Mi-
rassol e a vice-líder Inter de Li-
meira estão com 10 pontos. O
Calleri pede atenção com o Santos: “Melhor que no ano passado”
está é a mais equilibrada, com
muitos times fortes e com pon-
tuação elevada, como Novori-
zontino e São Bernardo.
A boa notícia para o técnico
Thiago Carpini é que ele pode-
rá contar com Alisson, que re-
torna após cumprir suspensão
pelo terceiro cartão amarelo.
No entanto, um desfalque cer-
to é de Wellington Rato. O
Red Bull Bragantino, dono da
liderança, tem 11. Na classifica-
ção geral, o time do Parque São
Jorge está em 12º lugar, três
pontos acima da Portuguesa,
primeiro time dentro da zona
da degola, em 15º.
Mas a vitória na estreia do téc-
nico português António Olivei-
ra renovou as esperanças. Ele
ainda está implementando seu
estilo de jogo, mas os jogadores
já deram sinais de que estão assi-
milando a filosofia.
“Ele chegou com muito âni-
mo. Acredito que, assim como
eu, é uma oportunidade muito
grande na carreira dele. A gente
já percebe que tem entendimen-
to muito grande do futebol, tem
várias formações”, afirmou o za-
gueiro Gustavo Henrique.
O defensor chegou ao Corin-
thians há três semanas, mas vi-
nha tratando um desequilíbrio
RUBENS CHIRI/SAOPAULOFC.NET
meia sofreu uma lesão na coxa
esquerda e está fora do jogo.
Erick aparece como um prová-
vel substituto.
“A gente quer outra vez uma
vitória. Fizemos um jogo ruim
no sábado, mas trabalhamos
bem essa semana para voltar a
ganhar um clássico em casa,
que para nós é importante pela
classificação geral e do grupo.
8ª RODADA DO PAULISTÃO
BOTAFOGO CORINTHIANS
BOTAFOGO: João Carlos; Lucas
Dias, Fábio Sanches (Patrick Brey) e
Bernardo Schappo; Thassio, Ma-
theus Barbosa, Leandro Maciel e
Jean Victor; Douglas Baggio, Tiago
Alves e Alex Sandro. Técnico: Pau-
lo Gomes
CORINTHIANS: Cássio; Léo Maná,
Félix Torres, Caetano e Hugo (Gusta-
vo Henrique); Raniele, Maycon e Ro-
drigo Garro; Romero, Wesley e Yuri
Alberto. Técnico: António Oliveira.
ÁRBITRO: Fabiano Monteiro do
Santos.
HORÁRIO: 21h35
LOCAL: Arena Nicnet Eurobike, em
Ribeirão Preto.
TRANSMISSÃO: TV Record e Pau-
listão Play.
muscular nas pernas. Agora, ele
se diz plenamente recuperado e
pode fazer sua estreia.
Para este jogo, António Olivei-
ra não vai contar com o zagueiro
Raul Gustavo e o lateral-direito
Fagner, que jogou como ala na
formação com linha defensiva
de três diante da Portuguesa. Ca-
so Gustavo seja liberado, o siste-
ESPORTES
8ª RODADA DO PAULISTÃO
SÃO PAULO SANTOS
SÃO PAULO: Rafael, Moreira,
Arboleda, Diego Costa e Welington;
Alisson e Pablo Maia; Erick, Luciano
e Galoppo; Calleri.
Técnico: Thiago Carpini.
SANTOS: João Paulo; Aderlan,
Gil, Joaquim e Felipe Jonatan;
João Schmidt, Diego Pituca e
Nonato; Otero, Guilherme e Willian
Bigode (Furch).
Técnico: Fábio Carille.
ÁRBITRA: Edina Alves Batista.
HORÁRIO: 19h30.
LOCAL: MorumBis.
TRANSMISSÃO: CazéTV (YouTube)
e Paulistão Play.
O Santos vem muito melhor
que no ano passado, vai ser um
jogo disputado, eles têm um
grande time”, afirmou o ata-
cante Jonathan Calleri.
CLÁSSICO DA TEMPORADA. O
jogo desta noite tem um gosto
especial para o Santos. Isso se
deve ao fato de o duelo com o
São Paulo poder ser o último
ma pode ser mantido. Se não,
o português deve optar por
ter apenas dois zagueiros,
Caetano e Félix Torres. O po-
tencial substituto de Fagner
é Léo Maná.
Há também uma nova bai-
xa no ataque, porque Pedro
Raul sofreu lesão no músculo
posterior da coxa direita.
Com isso, Yuri Alberto, que
atenuou as críticas ao seu res-
peito após marcar o segundo
gol da vitória do final de se-
mana, pode voltar a ficar
mais fixo no ataque. Além de-
le, Romero está de volta, de-
pois de cumprir suspensão.
Adversário do Corin-
thians, o Botafogo-SP está
oscilando e tem oito pon-
tos, na quarta colocação do
Grupo D. A vitória é essen-
cial para manter as chances
de avançar para a próxima
fase. Sem vencer há três jo-
gos, o time de Ribeirão Pre-
to vem de uma derrota para
a Inter de Limeira e se preo-
cupa com a sequência de jo-
gos. Na próxima semana, te-
rá de ir ao Espírito Santo
jogar a Copa do Brasil, con-
tra o Nova Venécia. l
A15
clássico da equipe alvinegra
em 2024. Como foi rebaixado
para a Série B do Campeonato
Brasileiro, se não voltar a en-
contrar um dos grandes nas
próximas etapas do Estadual,
o time da baixada só os verá
em 2025.
Fábio Carille, comandante
do Santos, não terá à disposi-
ção Giuliano, Cazares e o jo-
vem Souza, que estão machu-
cados, mas Julio Furch e Feli-
pe Jonatan devem retomar
seus espaços. Do lado alvine-
gro ainda, houve contesta-
ções sobre a escolha de Edina
Alves como árbitra do clássi-
co. O clube relembrou erros
do passado que o prejudica-
ram. “O Santos está em fase
de reconstrução de sua histó-
ria, não precisa ser beneficia-
do, mas exige retidão e impar-
cialidade para que nada o pre-
judique nesta retomada”, de-
clarou em nota.
O caminho do Santos parece
mais tranquilo do que o do São
Paulo, inclusive pensando na
sequência do Estadual. Os três
outros adversários no Grupo A
lutam para não cair e são os
três piores times do Paulistão:
Ituano, Portuguesa e Santo An-
dré. A equipe da Vila tem 12
pontos a mais que o conjunto
de Itu e está tranquilo pensan-
do em termos de acesso às
quartas de final.
O Santos também tem como
meta encerrar um tabu que já
dura três anos. A última vez
em que conseguiu uma vitória
sobre o São Paulo no Morum-
Bis foi em janeiro de 2021. Des-
de então, eles se enfrentaram
mais cinco vezes com mando
tricolor, com quatro vitórias
são-paulinas e um empate. l
O MELHOR DA TV
NATAÇÃO
l Mundial de Esportes
Aquáticos
Finais
12h50 / SporTV 2
SURFE
l Circuito Mundial
Etapa de Sunset Beach
14h55 / SporTV 3
FUTEBOL
l Liga dos Campeões
Paris Saint-Germain x Real
Sociedad
16h45 / TNT
Lazio x Bayern de Munique
16h45 / Space
l Campeonato Paulista
São Paulo x Santos
19h30 / CazéTV
Botafogo x Corinthians
21h35 / Record TV
BASQUETE
l NBA
Chicago Bulls x C. Cavaliers
21h30 / ESPN 2
Los Angeles Clippers x Golden
State Warriors
23h59 / ESPN 2
A16
PARA FECHAR...
ANDRÉA BAMBINO / AFP
A estrela do R&B Alicia Keys
e seu parceiro, o produtor de
hip-hop Swizz Beatz, são
dois apaixonados por arte.
Ao longo dos anos, monta-
ram uma coleção composta
principalmente de obras de
artistas negros americanos,
ou da “diáspora africana”. E
agora vão mostrar as peças
ao público no Museu do
Brooklyn, em Nova York.
Lacuna
‘Nossa comunidade
não colecionava
esses gigantes’, diz o
produtor musical e DJ
“Coletamos artistas de to-
do o mundo. A razão pela
qual nos concentramos em
artistas negros é porque nos-
sa própria comunidade não
colecionava esses gigantes”,
explica Swizz Beatz.
A exposição recebe o no-
me de Gigantes. Não apenas
pelo tamanho de algumas
obras, mas porque “nós que-
remos que vocês vejam os gi-
gantes, em cujos ombros nos
apoiamos”, destacou Keys,
ganhadora de 16 Grammys por
canções como Fallin ou Empire
State of Mind.
Os “gigantes” de Alicia
Keys e Swizz Beatz incluem no-
mes como o pintor nova-ior-
quino Jean-Michel Basquiat
(1960-1988), o fotógrafo do
Mali Malik Sidibé (1936-2016)
e o fotógrafo e cineasta ameri-
cano Gordon Parks (1912-
2006), que documentou a se-
gregação racial e o movimento
pelos direitos civis nos EUA.
A mostra também apresen-
ta trabalhos de artistas con-
temporâneos, como Kehinde
Wiley e Amy Sheldon, conheci-
dos por seus retratos de Ba-
rack e Michelle Obama, na Na-
tional Portrait Gallery de
Washington, onde predomi-
nam figuras negras.
Outro destaque é o pintor
de Botsuana radicado nos Esta-
dos Unidos Meleko Mokgosi,
cujas pinturas monumentais
da exibição Bread, Butter and
Power (Pão, Manteiga e Poder)
exploram as relações de poder
e gênero no sul da África.
A coleção de Keys e Beatz
também inclui Kwame Bra-
thwaite (1938-2023), fotógrafo
do movimento Black Is Beauti-
ful, e Jamel Shabazz, que captu-
rou a atmosfera em torno do
hip-hop em Nova York.
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
UMA BOA HISTÓRIA O ESTADO DE S. PAULO
TIMOTHY A. CLARY /AFP
Nascido no Bronx, Swizz
Beatz é DJ e produtor. Seu pri-
meiro sucesso veio antes dos
20 anos, quando lançou o rap-
per DMX. Nessa época, come-
çou a adquirir obras de arte e,
agora, é considerado um pio-
neiro na exposição de artistas
negros – alguns dos quais tive-
ram um aumento significati-
vo em seus preços.
NUANCES. A exposição tam-
bém ilustra a tentativa das
instituições culturais de al-
cançar um público mais jo-
vem e diversificado. “Na his-
tória da arte, as narrativas
sempre tendem a se concen-
‘Ndebele Abstract’, de Esther Mahlangu, exposta no Brooklyn trar em histórias eurocêntri-
cas. A maioria dos museus
enfrenta o fato de que essas
Diáspora africana histórias impregnaram suas
coleções por gerações, até
Uma coleção séculos”, explica a curadora
de arte moderna e contem-
porânea do Museu do
Brooklyn, Kimberli Gant.
de arte contra “Por meio das exposições
que apresentam e das obras
de arte que adquirem, os mu-
o preconceito seus tentam mostrar que o
mundo é muito mais comple-
xo. É muito mais desorganiza-
do. Tem mais nuances, tal-
Alicia Keys e Swizz Beatz expõem em NY vez, do que mostraram as co-
leções que conservaram por
acervo pessoal com obras de artistas negros muito tempo”, acrescenta. l

B7 Telecomunicações.
TIM mira
pacotes de
dados mais
robustos
para tentar superar
ganhos de 2023
Tributos Nova fase de negociações
Setores de mineração e petróleo se
articulam contra ‘imposto do pecado’
De olho nas discussões para regulamentar a reforma tributária, segmentos sujeitos
ao Imposto Seletivo querem reduzir eventual taxação e desenhar exceções à nova regra
BIANCA LIMA
BRASÍLIA
De olho na regulamentação da
reforma tributária, os setores
de mineração e de petróleo se
articulam para tentar reduzir o
impacto do novo Imposto Sele-
tivo – o chamado “imposto do
pecado” –, que incidirá sobre
itens considerados nocivos à
saúde e ao meio ambiente, inclu-
indo a extração de recursos na-
turais não renováveis. Pelo tex-
to promulgado pelo Congresso
no fim do ano passado, a alíquo-
ta será de até 1% sobre o valor de
mercado do produto extraído.
Para as mineradoras, o essen-
cial é barrar essa cobrança na
exportação, com o argumento
de preservar a competitivida-
de do produto brasileiro, so-
bretudo do minério de ferro –
responsável por quase 60% do
faturamento do segmento. Se
a negociação não avançar, o se-
tor não descarta recorrer à Jus-
tiça. Já o esforço das empresas
de óleo e gás busca estabelecer
redutores para a alíquota do tri-
buto, além de possibilidades
de isenção completa.
Em comum, as duas ativida-
des produtivas lançarão mão
de discurso sobre risco de bitri-
butação (dupla taxação), nu-
ma nova tentativa de sensibili-
zar o Ministério da Fazenda e o
Congresso Nacional. A minera-
ção alega que já recolhe bilhões
de reais via royalties, mais espe-
cificamente por meio da Com-
pensação Financeira pela Ex-
ploração Mineral (CFEM). Só
no primeiro semestre de 2023,
foram R$ 3,4 bilhões, segundo
dados do Instituto Brasileiro
de Mineração (Ibram).
Já o setor petrolífero argu-
Como ficou
l O que prevê a reforma
O Imposto Seletivo vai inci-
dir sobre produção, extra-
ção, comercialização ou im-
portação de bens e serviços
considerados prejudiciais à
saúde ou ao meio ambiente.
Terá suas alíquotas defini-
das por lei ordinária e não
INCLUI CLASSIFICADOS
ECONOMIA B1
E&N
&NEGÓCIOS
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
DESTAQUE O
CADERNO E&N
(B1 A B12)
MARCOS DE PAULA/ESTADÃO-11/3/2010
menta que a cadeia é onerada dutos da pauta de exportação
pela Cide-Combustíveis, uma brasileira, responsável por cer-
contribuição de caráter extra- ca de 40% do nosso superávit
fiscal. Ou seja, que não tem co- (saldo positivo)”, diz.
mo função principal a arrecada- Nas negociações com o gover-
ção, e sim estimular ou desesti- no e o Congresso, o setor tam-
mular determinadas atividades bém vai usar o argumento de
– exatamente o mesmo princí- que a mineração é a “indústria
pio do Imposto Seletivo. Seria, das indústrias”, ou seja, produz
portanto, na visão de entidades itens que servem de insumo pa-
do setor, uma taxação duplica- ra outras cadeias, como areia e
da, o que justificaria o pedido granito para a construção civil
para estabelecer a isenção. ou fosfato e potássio para os fer-
tilizantes do agronegócio. l
DISCUSSÕES. O tema será deba-
tido em um grupo de trabalho SETORES BUSCAM BRECHAS EM REFORMA
específico dentro do Ministé- PARA CONTESTAR NOVO IMPOSTO. PÁG. B2 Empresas de óleo e gás querem redutores para a alíquota do tributo
rio da Fazenda, formado por
membros da Secretaria Extraor-
dinária da Reforma Tributária e
da Receita Federal. Após pres- HOTEL RESORT E GOLFE CLUBE DOS 500
são do setor privado, esse gru-
po também contará com suges-
tões das entidades produtivas,
que devem começar a enviar as
propostas já nesta semana.
Em paralelo, o Congresso se
organizou em pequenos comi-
tês com o objetivo de preparar
os parlamentares para as nego-
ciações, que prometem ser ain-
da mais espinhosas do que as da
própria emenda constitucional
que mudou o regime de impos-
tos sobre bens e serviços no País.
“A questão central, para nós,
e, se perdermos, não vemos ou-
tra saída que não seja peticionar
os tribunais, é a (não) incidência
do seletivo sobre a exportação.
Isso nós não abriremos mão”,
afirmou o ex-ministro e atual di-
retor-presidente do Ibram, Raul
Jungmann. Para ele, tributar as
vendas externas “não é um tiro V I V A M O M E N T O S
no pé, e sim um tiro no peito”.
“Primeiro, porque estamos
indo contra o princípio consti-
tucional de não exportar im-
postos. E, segundo, porque vai
tributar um dos principais pro-
NO HOTEL RESORT E GOLFE CLUBE DOS 500
incidirá sobre energia elétri- Equipe de lazer, esportes variados, bem-estar, lazer e
ca e telecomunicações. gastronomia de alta qualidade. Sasfaça seus sendos neste paraíso.
l Receita
A ideia é que a receita obtida Localizado a apenas duas horas de São Paulo, o Hotel Resort e Golfe Clube dos 500
com a tributação ajude a fi- combina arte, bom gosto e hospedagem.
nanciar diversos fundos, co-
mo o Fundo de Participação
dos Municípios (FPM) e o
Fundo de Participação dos
Estados (FPE) – que hoje é
alimentado em parte pelo IPI
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
B2
A inadiável modernização do Estado
ARTIGO
Abram Szajman
Presidente da Federação do
Comércio de Bens, Serviços e
Turismo do Estado de São Paulo
(FecomercioSP)
O
s indicadores econômi-
cos de 2023 foram me-
lhores do que as previ-
sões iniciais supu-
nham: o PIB cresceu em torno
de 3%, a inflação caiu, assim co-
mo os juros, e há mais gente
formalmente empregada. Es-
ses números, no entanto, não
escondem o fraco desempe-
nho econômico que o Brasil re-
gistra desde, pelo menos, o iní-
cio dos anos 1980. No cotidia-
no dos setores de comércio,
Tributos Nova fase de negociações
Setores buscam brechas
em reforma para contestar
aplicação de novo imposto
Representantes da
cadeia de óleo e gás
falam em ‘atenuantes’;
mineração vê espaço
para preservar
minerais estratégicos
BIANCA LIMA
BRASÍLIA
Outra preocupação dos em-
presários em relação ao Im-
posto Seletivo tem a ver com
o valor da alíquota e a forma
de cobrança: se será um por-
centual uniforme ou se haverá
diferenciação. O texto da re-
forma tributária promulgado
pelo Congresso prevê taxação
de até 1% sobre o valor de mer-
cado do produto – redação
que, na avaliação de entidades
e parlamentares, abre mar-
gem para que determinados
itens sejam excetuados.
Nessa condição, os minerais
estratégicos – diretamente li-
gados à transição energética –,
como lítio e nióbio, seriam for-
tes candidatos a entrar nessa
lista de exceções. O problema
é como realizar essa classifica-
ção. “Qual é a lista de minerais
estratégicos? Os Estados Uni-
dos, por exemplo, têm uma
com 50 itens. Imagina a briga e
o inferno que vai ser isso? Di-
zer o que é e o que não é estra-
tégico”, diz o diretor-presiden-
te do Instituto Brasileiro de Mi-
neração (Ibram), Raul Jung-
serviços e turismo, essa é uma
percepção comum.
Para ter uma ideia, entre
1980 e 2022, o PIB brasileiro
subiu 139%. Nesse mesmo in-
tervalo, o do mundo aumentou
324%, enquanto o dos países
emergentes cresceu 561%. Ou
seja: estamos ficando relativa-
mente mais pobres.
O que aconteceu foi que nos-
so Estado passou a priorizar
seu próprio crescimento em de-
trimento do da economia. O re-
sultado foi o sufocamento do
potencial de desenvolvimento
do País, já que os investimen-
tos minguaram e a produtivida-
de ficou estagnada. Em 30
anos, ela cresceu 0,6% ao ano
no Brasil – taxa que foi de 3,3%
nos países de renda média.
O agigantamento da máqui-
na pública se efetivou, sobretu-
mann, destacando a complexi-
dade do tema e a dificuldade
de regulamentação desse novo
tributo.
Já os representantes da ca-
deia de óleo e gás passaram os
últimos dias debruçados sobre
a tributação do setor para bus-
car “atenuantes” à provável in-
cidência do imposto – bem co-
mo brechas e falhas na nova
legislação.
Um dos “atenuantes” que
poderiam ser considerados é
a petrolífera ter projetos am-
bientais, o que pode represen-
tar uma redução da alíquota.
Outra possibilidade seria es-
tabelecer critérios de recipro-
cidade no comércio externo.
Ou seja: se o Brasil fosse ex-
portar petróleo a um país eu-
ropeu que tributa carbono (is-
to é, faz uso de um “carbon
tax”, na sigla em inglês), have-
ria incidência do seletivo na
extração. Mas, se fosse ven-
der para a China, que não tem
esse tipo de taxação, aí a maté-
“Qual é a lista de
minerais estratégicos?
Os Estados Unidos, por
exemplo, têm uma com
50 itens. Imagina a
briga e o inferno
que vai ser isso?”
Raul Jungmann
Presidente do Instituto
Brasileiro de Mineração
O Estado passou a
priorizar seu
próprio crescimento
em detrimento do
da economia
do, no aumento da carga tribu-
tária, que passou de 25% do
PIB nos anos 1970 para 34% ho-
je. Aconteceu também por
ria-prima seria isenta.
EFEITO EM OUTROS SETO-
RES. Outro aspecto a ser le-
vado aos técnicos do Minis-
tério da Fazenda é o fato de
a reforma proibir a cobran-
ça do seletivo nas opera-
ções com energia elétrica.
Só que o gás natural é usado
como combustível em diver-
sas termoelétricas do País.
Logo, a sua tributação inevi-
tavelmente se refletiria no
preço da eletricidade, di-
zem os executivos da ca-
deia, o que é apontado co-
mo contraditório.
Já em relação à eventual
bitributação, além do acú-
mulo com a Cide, o setor te-
me que o seletivo incida em
dois momentos: na extra-
ção do óleo e na comerciali-
zação da gasolina e do die-
sel, onerando a cadeia. In-
terlocutores ouvidos pela
reportagem afirmam que es-
se será um ponto fundamen-
tal a ser barrado na regula-
mentação.
Por fim, os executivos do
setor apontam a dificulda-
de de se estabelecer fatos ge-
radores para a nova cobran-
ça. Hoje, a tributação de
bens ocorre na comerciali-
zação, quando há a transfe-
rência de propriedade. Há
dúvidas, portanto, de como
taxar uma etapa produtiva,
no caso, a extração dos re-
cursos naturais. l
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
meio dos gastos públicos que
foram de 25% para mais de
40% nesse intervalo. Os efei-
tos desse processo se veem ago-
ra, principalmente, na nossa in-
fraestrutura precária: outrora
com pelo menos 5% do PIB des-
tinados a rodovias, ferrovias,
portos e demais dispositivos,
hoje esses setores não chegam
a ter 2%.
Enquanto o Estado aumenta
gradativamente sua participa-
ção na renda nacional, o setor
privado vai perdendo espaço –
e, como a máquina pública é
menos eficiente, a produtivida-
de da economia não sobe.
É claro que, em um país co-
mo o nosso, políticas públicas
são fundamentais no enfrenta-
mento à desigualdade social.
Porém, há diversos outros ca-
minhos para lidar com esse de-
Política monetária Mudança de previsão
Inflação sobe 0,3% em
janeiro e pode retardar
corte de juros nos EUA
ALINE BRONZATI
CORRESPONDENTE NOVA YORK
Dados de inflação mais altos
em janeiro, associados a um
mercado de trabalho ainda bas-
tante aquecido, empurraram
as expectativas do mercado pa-
ra o início do corte de juros
nos Estados Unidos de maio
para junho.
O índice de preços ao consu-
midor (CPI, na sigla em inglês)
dos EUA avançou 0,3% em janei-
ro ante dezembro, informou on-
tem o Departamento do Traba-
lho. O desempenho superou a
mediana das estimativas de ana-
listas consultados pelo Proje-
ções Broadcast, de alta de 0,2%.
Na comparação anual, o CPI
subiu 3,1% em janeiro, desacele-
rando frente à alta de 3,3% de de-
zembro, mas ainda acima das ex-
pectativas, de 2,9%. Já o chama-
do núcleo do indicador – que ex-
clui itens voláteis como alimen-
tos e energia – subiu 0,4% em
janeiro e 3,9%, no ano.
A surpresa com a inflação
americana em janeiro esvaziou
o apetite a risco nas Bolsas de
Nova York, que fecharam o dia
com quedas expressivas. O
índice Dow Jones recuou
1,35%, enquanto o S&P 500 te-
ve baixa de 1,37%. Já a Nasdaq,
que reúne as empresas de tec-
nologia, desabou 1,8%. Por con-
ta do carnaval, a Bolsa brasilei-
ra não funcionou ontem.
As chances de manutenção
das taxas na próxima reunião
do Fed, marcada para março, fo-
ram reforçadas e passaram a ser
O ESTADO DE S. PAULO
safio além de aumentar as des-
pesas públicas. É preciso enxu-
gá-las, o que permitiria uma re-
dução na carga tributária e, as-
sim, uma melhora nas condi-
ções de investimentos – inclusi-
ve para gastos de ordem social.
Parece-nos claro que uma
agenda de reformas do Estado
brasileiro é inadiável. Ela deve
promover uma revisão na Pre-
vidência, vedar novos gastos
obrigatórios, limitar a abertura
desenfreada de cargos e elabo-
rar dispositivos que direcio-
nem recursos excedentes para
o pagamento de dívidas públi-
cas, além de se debruçar sobre
os desperdícios do Orçamen-
to, entre vários outros pontos.
É hora de se mobilizar para mo-
dernizar o Estado e, enfim, re-
colocar o País na rota do desen-
volvimento econômico. l
majoritárias também para o en-
contro de maio, mostra levanta-
mento da plataforma CME
Group. Assim, o mercado pas-
sou a apostar no primeiro corte
nas taxas apenas em junho – pro-
babilidade que chegou a 54,4%
após o CPI de janeiro. “A acelera-
ção (da inflação) será um fator
que atrasará a decisão do Fed
de começar a cortar as taxas pa-
ra junho deste ano”, diz o Mor-
gan Stanley, em relatório a
clientes.
De acordo com o estrategis-
ta-chefe da corretora Avenue,
William Castro Alves, o índice
de moradia continuou sendo o
principal vilão em janeiro, su-
bindo 0,6% e contribuindo
Esforço
Analistas citam desafio
da ‘última milha’ para o
Fed trazer a inflação
para a meta de 2%
com mais de dois terços da alta
no mês. Alimentação também
teve sua influência, enquanto
energia atuou na contramão.
Para a consultoria britâni-
ca Capital Economics, o de-
sempenho do núcleo do CPI
serve de combustível para a
narrativa de que “a última mi-
lha é a mais difícil” no comba-
te à inflação. “Os dados do
CPI são um lembrete de que o
caminho de regresso a uma in-
flação de 2% ao ano – meta do
Fed – provavelmente terá al-
guns buracos”, reforçou o
Wells Fargo. l
O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
Vida em Condomínio
José Elias de Godoy,
especialista de Segurança em Condomínios
A ousadia no roubo a condomínios
E
m segurança, a necessida-
de de atualização é uma
constante. Atualmente, a
delinquência tem utilizado as mais
diversas estratégias para invadir
um condomínio, seja para cometer
algum tipo de delito contra seus
moradores ou apenas para depre-
dar o patrimônio. Hoje em dia, o
que tem chamado a atenção de
especialistas é a ousadia e cora-
gem desses assaltantes, uma vez
que não têm poupado esforços a
fim de alcançar seus objetivos. O
principal aliado é o fator-surpresa,
assim a melhor forma de se pre-
venir é tomar conhecimento de
algumas dessas artimanhas com
o objetivo de evitar invasões aos
domicílios, furtos e roubos, entre
outros crimes, que podem causar
pânico nos moradores.
Podemos observar um padrão
nessas tentativas, em que os as-
saltantes procuram se aproveitar
das falhas e vulnerabilidades do
local. Aqui vou citar apenas algu-
mas mais comuns.
Muros, cercas ou escadas de
serviço mal planejados ou sem
monitoramento adequado podem
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para Condomínios Residenciais
e Corporativos.
facilitar a escalada em busca das
varandas dos apartamentos para
ter acesso a estes, por exemplo.
A falta de um controle de
acesso adequado facilita a entra-
da indevida de diversas maneiras:
como “passageiros” de veículos
de entrega que entram na gara-
gem, ou invasores travestidos
de prestadores de serviço de
empresas como de energia, gás,
internet ou TV a cabo; ou outros
prestadores de serviço do dia a
dia, como corretor de imóveis, um
comprador ou um locador interes-
sado em algum imóvel anunciado
na internet. Há ainda aqueles que,
iludindo o porteiro, entram como
O principal aliado é o fator-surpresa,
assim a melhor forma de se prevenir é
tomar conhecimento de algumas dessas
artimanhas com o objetivo de evitar
invasões aos domicílios, furtos e roubos,
entre outros crimes
Este material é produzido pelo Estadão Blue Studio com patrocínio da Souza Lima.
APRESENTADO POR
hóspedes do morador. Aqui vale
ainda uma atenção especial às
locações por aplicativo, entre ou-
tras novas modalidades de utili-
zação dos apartamentos.
Alguns desses golpes são mais
conhecidos, como entrar apenas
tocando a buzina ou piscando os
faróis do veículo defronte o portão
da garagem para que se libere o
acesso, ou simplesmente entran-
do pelo portão da garagem quan-
do este permanece aberto duran-
te a entrada ou saída de veículos.
O aumento da utilização das
mais diversas ferramentas de entre-
ga também pode facilitar a invasão,
já que um condomínio hoje recebe
ECONOMIA&NEGÓCIOS B3
centenas de entregas diariamente.
A audácia é tanta que, às ve-
zes, os ladrões incorporam seu
lado “atores” e na maior cara de
pau se passam por amigos de
moradores, por vezes imitando o
morador em ligações telefônicas,
dizendo que é morador de deter-
minada unidade, autorizando en-
trada de estranhos; passando-se
até por policiais militares, policiais
civis e policiais federais, uniformi-
zados ou à paisana, como oficial
de Justiça ou advogado querendo
forçar a entrada no condomínio
sem se identificar.
E, por fim, a mais aterrorizante
de todas essas práticas é a inva-
são por ação violenta de surpresa,
normalmente armados, com forte
apelo emocional.
Assim, é muito importante que
cada condomínio ou comunidade
aprenda com as novas facetas da
malandragem e tente se atualizar e
conhecer a maneira de agir dos la-
drões a fim de se prevenir e dificultar
a ação desses meliantes. Estando
preparados, podemos diminuir os
riscos de surpresas e de ficarmos re-
féns dessa covarde violência.
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 ECONOMIA&NEGÓCIOS
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
B4 O ESTADO DE S. PAULO

NOTAS E INFORMAÇÕES mitam esses desvios. Dito isso, pode ser considerado
previsível e até natural o movimento constatado nos
últimos anos no mercado de títulos de renda fixa.
Numa ação crescente, incentivos criados para finan-
O festim dos títulos ciar o setor imobiliário e o agronegócio acabaram sen-
do usados por diversos outros segmentos, num com-
incentivados pleto desvirtuamento da ideia original.
Mas, ora, seria muita ingenuidade não reconhecer
que parte considerável dos ganhos dos investimentos
financeiros consiste justamente na capacidade de
achar um caminho legal de potencializar os rendimen-
tos. Para aumentar a participação privada no financia-
mento a projetos considerados prioritários, o gover-
no concedeu isenção de Imposto de Renda a investido-
res em títulos específicos. Vieram LCI, LCA, CRI,
CRA e LIG. Todos os “is” e “as” das siglas são referen-
tes a imobiliário e agrícola, os setores que se preten-
Fim do uso indevido desses papéis dia alcançar.
Não demorou para que a engenharia comum no
prova que solução era fácil e mercado encontrasse um meio de vincular a emis-
são de debêntures a esses títulos. O que demorou foi
poderia ter vindo antes a reação do governo. Foram, ao menos, oito anos de
crescente uso da brecha, já um enorme buraco, até
que o Conselho Monetário Nacional (CMN) enfim
azer uso de brechas legais faz parte do jo- instituísse, na primeira reunião deste ano, um novo
passado, 55% das emissões lastreadas em títulos agrí-
colas ou imobiliários não passariam pelo novo crivo
do CMN, o que corresponde a R$ 46 bilhões, como
informou a Coluna do Broadcast, envolvendo uma ga-
ma de segmentos tão distintos quanto varejo e saúde.
Uma distorção que, por certo, há muito já havia sido
detectada pela autoridade monetária e pela equipe
econômica. Prova disso foram as inúmeras tentativas
de retirar o incentivo tributário.
Seria uma visão simplista demais rotular de vilões
os segmentos que se beneficiaram dessas emissões
para se capitalizar. O que ocorreu foi um caso clássico
de aproveitamento de uma má formulação. E a facili-
dade da solução encontrada faz questionar qual a ra-
zão para a demora em aplicá-la, se nem mesmo houve
necessidade de tramitação de nova lei no Congresso.
Uma mera decisão do CMN restabeleceu a normalida-
de ao incentivo.
Da mesma forma como a atuação do órgão superior
do sistema financeiro pôs fim, ainda que tardiamente,
ao festim do mercado de renda fixa, espera-se que
atitudes reguladoras desse tipo passem a ser rotinei-
ras – e não apenas no mercado financeiro. Afinal, meca-
nismos de incentivo são necessários e, em alguns ca-
sos, imprescindíveis para sustentar o crescimento eco-

F go. Não é crime encontrar meios de cami-

nhar no limite da lei sem, no entanto, in-
fringi-la. Cabe ao formulador evitar que a
estrutura legal apresente fissuras que per-
regramento para evitar o uso indiscriminado dos
títulos.
O volume da movimentação financeira não deixa
dúvidas sobre o custo dessa demora. Somente no ano
nômico, a qualidade de renda e a redução da desigual-
dade no País. Mas também são necessários e impres-
cindíveis o monitoramento e a fiscalização para garan-
tir que sua finalidade não seja comprometida.l

Petróleo Mataripe verno Jair Bolsonaro, o Muba- zar a nova configuração socie-
dala pagou US$ 1,65 bilhão (R$ tária e operacional ainda neste
Petrobras quer retomar operação de refinaria até junho 10 bilhões à época) para ficar primeiro semestre de 2024”,
com o controle da refinaria. escreveu Prates, em rede so-
O presidente da Petrobras, negociações com o fundo ára- na Bahia. O anúncio foi feito “Acertamos que nossas equi- cial. Ele não esclareceu se a Pe-
Jean Paul Prates, disse ontem be Mubadala Capital para reto- em rede social. pes intensificarão os trabalhos trobras vai recomprar a refina-
que a estatal deve concluir ain- mar participação na refinaria Em leilão de privatização rea- logo após a volta dos feriados ria ou se tornar sócia do Muba-
da neste primeiro semestre as Landulpho Alves - Mataripe, lizado em 2021, durante o go- de carnaval com vistas a finali- dala no negócio. l

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 NEGÓCIOS B7
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

Telecomunicações Plano de negócios preços maiores. Essa estraté-

gia tende a continuar ao longo
do ano. Há um entendimento
TIM mira pacotes de dados mais de que a telefonia móvel é es-
sencial e que os preços são
acessíveis. “O que nos permi-

robustos para superar ganho de 2023 te eventuais ajustes de preço é

a estratégia de gerar valor. Bus-
camos criar as condições ne-
cessárias para, eventualmen-
Lucro da operadora saltou 50,4% no ano passado, para R$ 2,69 bi, enquanto te, fazer ajustes no futuro.”
Griselli disse ainda que a
receitas somaram R$ 23,8 bi; meta é manter a expansão em serviços móvel e fixo TIM diminuirá gradualmente
a política de oferecer o uso de
aplicativos sem descontar con-
berto Griselli, em entrevista FATIAMENTO DA OI. O aumento competição, facilitando a alta sumo do pacote de dados (co-
CIRCE BONATELLI ao Estadão/Broadcast. “E te- da receita é um feito importan- dos preços. nhecida pelo jargão zero ra-
mos segurança em nossas di- te em um setor em que o fatura- A TIM, por exemplo, reajus- ting). O Facebook saiu dessa
Depois de bater recordes da re- retrizes de crescimento para mento crescia pouco ou quase tou recentemente o valor da re- lista há dois anos, por exem-
ceita ao lucro em 2023 e superar os próximos anos.” nada nos últimos anos, por carga mínima nos planos pré- plo. A razão é o volume signifi-
as metas previstas para o ano, A TIM registrou lucro líqui- conta da saturação do merca- pagos, que passou de R$ 15 para cativo de dados que esses apli-
de acordo com o balanço apre- do de R$ 2,69 bilhões em R$ 17 por quinzena. Também cativos movimentam. A TIM e
sentado na semana passada, a 2023, uma alta de 50,4% na aumentou os preços nos pla- outras teles mundo afora vêm
TIM entra em 2024 com pers- comparação com 2022. O lu- Bolo nos pós-pagos nos trimestres cobrando das big techs que pa-
pectiva de crescimento em to- cro operacional medido pelo Fatiamento dos clientes anteriores. Em sua apresenta- guem pelo tráfego gerado nas
das as suas áreas de atuação, pas- Ebitda (lucro antes dos juros, da Oi Móvel entre as ção de resultados, a TIM desta- redes.
sando pelas operações móvel e impostos, depreciação e outras operadoras ajudou cou que atingiu a maior receita Além disso, a TIM e outras
fixa no varejo, até o atendimen- amortização) somou R$ 11,68 a engordar resultados média por usuário do setor mó- teles mundo afora vêm cobran-
to ao mercado corporativo. bilhões, com expansão de vel, no valor de R$ 31, alta de do das big techs que paguem
“Com este último balanço, 14,2%. Já a receita líquida tota- 15,8% na comparação anual. pelo tráfego gerado nas redes.
estamos coroando um ano im- lizou R$ 23,8 bilhões, um avan- do de telefonia móvel. O fatia- A companhia, diz ele, segue “Essa estratégia vai continuar.
portante. Tivemos recordes ço de 10,6% na comparação mento de clientes da Oi Móvel concentrada na migração dos Vamos rebalancear os servi-
em todos os nossos KPIs (indi- anual. Esse ganho ajuda na di- entre TIM, Claro e Vivo ajudou clientes para planos com paco- ços oferecidos aos clientes e
cadores de performance)”, luição de custos e elevação da a engordar os balanços das con- te de dados maior e mais bene- diminuir a política de zero ra-
diz o presidente da TIM, Al- margem. correntes, além de abrandar a fícios, mas que também têm ting”, frisou.l

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA VETERINÁRIA

CNPJ nº 03.784.661/0001-43
Banda larga é
SAÚDE
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
A Presidência da Associação Brasileira de Dermatologia Veterinária (ABDV), fundamentada no Estatuto
da referida Associação, convoca todos os seus associados quites para Assembléia Geral (AGO) a ser
um dos pilares
AVISO DE ABERTURA DE LICITAÇÕES - A SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE, torna público as licitações abaixo.
Os pregões serão realizados pela plataforma COMPRAS.GOV. Os editais poderão ser consultados e/ou obtidos pelo
realizada no dia 28 de março de 2024, das 14 às 17 horas, em sua Sede Social, sita à Rua Pereira
Estéfano, nº 114, conjunto 1415, no Bairro da Saúde, na Capital de São Paulo, CEP 04144-070.
A Assembléia Geral, ora convocada visa a eleição da Diretoria Executiva e Conselho Consultivo, para
da estratégia
WWW.COMPRAS.GOV.BR ou pelo Painel de Negócios da PMSP, endereço
https://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/md_epubli_controlador.php?acao=negocios_pesquisar
PROCESSO: 6018.2024/0003532-8 PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90080/2024-SMS.G, do tipo menor preço, processo
Gestão 2024-2027, nos termos do Art. 33, a do Estatuto da ABDV.
São Paulo, 14 de fevereiro de 2024 de expansão
nº 6018.2024/0003532-8, destinado ao REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE MATERIAIS Carlos Eduardo Larsson
ODONTOLÓGICOS: LIMAS ENDODÔNTICAS KERR DIVERSAS. A abertura/realização da sessão pública do pregão CRMV-SP 1037
ocorrerá a partir das 09h, do dia 27 de fevereiro de 2024, a cargo da 3ª CPL/SMS. Presidente da ABDV
PROCESSO: 6018.2024/0002114-9 PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90081/2024-SMS.G, do tipo menor preço, processo O presidente da TIM, Alber-
nº 6018.2024/0002114-9, destinado ao REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE ELETRODO
AUTOADESIVO. A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 09h, do dia 27 de fevereiro to Griselli, diz que o setor de
de 2024, a cargo da 3ª CPL/SMS.
PROCESSO: 6018.2023/0099240-1 PREGÃO ELETRÔNICO Nº 939/2023-SMS.G, do tipo menor preço, processo EDITAL DE HABILITAÇÃO ABF01/24 banda larga será um dos pila-
nº 6018.2023/0099240-1, destinado ao REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE CURATIVO
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS E PRODUTOS AFINS –
res para expansão da compa-
POLI-ABSORVENTE COM TECNOLOGIA LÍPIDO COLÓIDE. A abertura/realização da sessão pública do pregão
ocorrerá a partir das 09h00min do dia 27 de fevereiro de 2024, a cargo da 16ª CPL/SMS. ABIFIBRA, em conformidade com seu estatuto vigente, artigo 29, torna público este edital de seleção e nhia, mas que o objetivo aí é
habilitação de laboratórios de prestação de serviços, testes e análises técnicas em Concreto Reforçado
PROCESSO: 6018.2024/0003514-0 PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90076/2024-SMS.G, do tipo menor preço, processo
nº 6018.2024/0003514-0, destinado ao REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE MATERIAIS com Fibras, em conformidade com as normas NBR 16.938; NBR 16.940; NBR 16.941; NBR 16.942. São
combinar crescimento com
ODONTOLÓGICOS. A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 09h00min, do dia
23 de fevereiro de 2024, a cargo da 11ª CPL/SMS.
condições de habilitação: A empresa deve apresentar como atividade principal ou secundária o CNAE rentabilidade. “Não faz senti-
71.20-1-00 – Testes e análises técnicas; apresentar engenheiro civil responsável devidamente registrado
no CREA; Declaração de qualificação técnica para realização das análises previstas no rol de normas do crescer por crescer. Pode-
EDITAL DE AVISO DO SINDICATO DOS AUXILIARES
apresentado e; Declaração de conformidade com o estatuto da Associação, que poderá ser acessado em ríamos acelerar, mas quere-
abifibra.org/estatuto. As inscrições poderão ser realizadas até às 23h59 do dia 15/02/2024, exclusivamente
DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR DE SÃO PAULO – SAAESP. por meio do endereço eletrônico: https://forms.gle/wVbjGdBWB5iou4Hr8. O resultado e apresentação das mos manter um trade off
Na forma do disposto na cláusula n.º 49 da Convenção Coletiva de Trabalho 2023/2025,
firmada com o SIEEESP, o sindicato patronal representante de instituições de educação empresas qualificadas será publicado no dia 29/02/2024, exclusivamente no site abifibra.org. com ganho de margem”, pon-
infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino técnico e outros, que institui a Contribuição
fixada pela Assembleia Geral dos Trabalhadores, na forma do artigo 513, “e” da CLT, no ano
derou. “A banda larga é desa-
de 2024, o SAAESP faz saber a todos os trabalhadores integrantes da categoria profissional fiadora no Brasil. Tem muita
por ele representada, na educação básica, associados ao sindicato ou não, da abertura do
prazo para a manifestação de oposição ao desconto da referida contribuição em 2024, no gente competindo, o que tor-
período compreendido entre os dias 14/02/2024 e 23/02/2024. Os eventuais interessados
deverão entregar pessoalmente suas cartas, que deverão ser elaboradas de forma individual
na a pressão elevada sobre o
CULTURA
e contendo as informações necessárias previstas na mencionada cláusula convencional. A
entrega será feita de modo presencial, na Praça Mal. Deodoro da Fonseca, n.º 340, térreo, na
Arpu (Average Revenue Per
data escolhida no momento do agendamento obrigatório, a ser realizado no endereço User, a receita média por
eletrônico www.saaesp.org.br, em horário comercial. Importante: para melhor receber os
trabalhadores, as cartas de oposição somente serão recebidas exclusivamente no dia e hora
Edital nº 11/2024/SMC/CFOC/SFA - 19ª EDIÇÃO DO PRÊMIO ZÉ RENATO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO - usuário).”
Processo SEI: 6025.2024/0002393-0. A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, por meio da SECRETARIA
agendados no endereço eletrônico informado, como forma de se evitar aglomerações e filas
desnecessárias. Outras informações e eventuais dúvidas, favor entrar em contato através do MUNICIPAL DE CULTURA, abre procedimento de licitação, na modalidade concurso, para a 19ª EDIÇÃO DO PRÊMIO ZÉ A receita da banda larga
fone 38298200. São Paulo,_09/02/2024. a) Miguel Abrão Neto - Presidente. RENATO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO, cujas inscrições estarão abertas no período compreendido entre o dia TIM UltraFibra cresceu 9,5%
26/02/2024 até as vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do dia 15/04/2024. O presente edital tem por finalidade,
nos termos do artigo 1º da Lei Municipal nº 15.951/2014, apoiar a produção e desenvolvimento da atividade teatral para a
no quarto trimestre de 2023
EDITAL DE CONVOCAÇÃO ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
Pelo presente edital, ficam convocados todos os trabalhadores representados pelo Sindicato
cidade de São Paulo, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura. O valor total deste edital é de R$ 4.500.000,00 (quatro na comparação anual, graças
dos Auxiliares de Administração Escolar de São Paulo - SAAESP, associados ou não, para
milhões e quinhentos mil reais), onerando a dotação orçamentária nº 25.10.13.392.3001.6.385.33903100.00 no ano de
2024. Só serão admitidas as inscrições realizadas através do link: http://smcsistemas.prefeitura.sp.gov.br/capac/.
ao aumento da base de usuá-
reunirem-se em Assembleia Geral Ordinária, na sede do Sindicato, na Praça Marechal
Deodoro, 340, bairro Santa Cecília, CEP 01150-010, São Paulo - SP, no dia 16 de fevereiro de O Edital na íntegra pode ser consultado nesta mesma edição, no caderno Editais. rios. Griselli mencionou ain-
2024, às 18:00 horas, em primeira convocação, a fim de discutirem e deliberarem sobre as
seguintes ordens do dia: a) Ata da Assembleia anterior; b) Concessão de poderes especiais à da como terceiro pilar de
Diretoria do SAAESP e da FEPAAE – Federação Paulista dos Auxiliares de Administração
Escolar para entabular negociações coletivas de trabalho com os sindicatos patronais represen- crescimento o setor corpora-
tantes de instituições de ensino ou com as próprias instituições de ensino em todos os níveis,
para os exercícios 2024/2025 e 2025/2026 (02 anos), podendo celebrar convenções coletivas tivo (B2B), com a oferta de
de trabalho e/ou acordos coletivos de trabalho, aditamentos aos mesmos, ou, na impossibili-
dade, instaurar os competentes dissídios coletivos; c) Elaboração do Rol de Reivindicações da conectividade para grandes
categoria para os exercícios 2024/2025 e 2025/2026 (02 anos); d) Aprovação de contribuição a
ser fixada pela Assembleia Geral, na forma do artigo 513, “e” da CLT, destinada à criação, empresas, principalmente
ampliação e manutenção dos serviços prestados, além da manutenção da estrutura negocial
sindical existente, a ser cobrada de todos os integrantes da categoria, associados ou não, nos setores de agricultura, lo-
mediante pagamento direto ao sindicato ou desconto em folha de pagamento, a ser feito pelo
empregador, nos termos da tese vinculante fixada pelo STF no Tema 935 (ARE 1018459), do AVISO DE LICITAÇÃO
gística e infraestrutura.
PN n.º 21 do TRT da 2ª Região, Acórdãos do STF – R.E. n.º 189.960-SP, D.J. de 10/08/2001 e Questionado se a TIM
R.E. n.º 337.718-SP D.J. de 28/08/2002, da letra “e” do artigo 513 da CLT, das Orientações n.º Pregão Eletrônico nº 90006/2024 - UASG 413001
04/2021, 13/2021 e 20/2022 da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical
(CONALIS) do Ministério Público do Trabalho e da Nota Técnica n. 1º, de 27 de abril de 2018, Processo nº: 53500.072039/2023-59. Aquisição de água mineral natural (sem
participa do processo de
também da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (CONALIS) do gás), vasilhame e copo descartável biodegradável. Valor total R$ 408.072,90. venda da Oi Fibra, braço de
Ministério Público do Trabalho, do Enunciado n.º 24 da Câmara de Coordenação e revisão – CCR
do MPT e do Memo Circular SRT/MTE n.º 04, de 20/01/2006, da Secretaria de Relações do Entrega das propostas: 14/02/2024, a partir da publicação no sítio: banda larga da Oi que será
Trabalho, valendo esta autorização para todos os membros da categoria, associados ou não; e) https://www.gov.br/compras. Abertura das Propostas: 26/02/2024 às 10h00.
Discussão e votação sobre a criação de outras formas de custeio da atividade sindical exercida; Esclarecimentos poderão ser enviados pelo e-mail: licitacao@anatel.gov.br alienado dentro do plano
f) Assuntos diversos. A Assembleia Geral poderá ser realizada de forma virtual ou híbrida
(presencial e virtual), caso a Diretoria não queira realiza-la de forma exlusivamente presencial, CARLOS EDUARDO BORDA DE ABRANCHES de recuperação judicial, diz
devendo, neste caso, divulgar o link para cadastro prévio e participação virtual na mesma em até Gerência de Aquisições e
48 (quarenta e oito) horas antes da data agendada. A votação será feita mediante escrutínio Contratos que a empresa “olha ativa-
secreto, e, caso não seja obtido “quorum” legal, a assembleia será realizada às 18:30h. no
mesmo dia e local, em segunda convocação, conforme os artigos 612 e 859 da CLT e disposições mente todas as oportunida-
estatutárias. São Paulo - SP, 09 de fevereiro de 2024. Miguel Abrão Neto - Presidente.
des do mercado”.l CB
B8 CLASSIFICADOS Para anunciar: QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

JORNAL DO CARRO IMÓVEIS OPORTUNIDADES&LEILÕES CARREIRAS&EMPREGOS (11) 3855-2001 O ESTADO DE S. PAULO

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EDITAL DE LEILÃO ON-LINE
DATA 1º LEILÃO 27/02/24 ÀS 10H00 - DATA 2º LEILÃO 29/02/24 ÀS 10H00 Æëéåêãë á âáîåÝàëï  ä Ɣï ä
Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho, Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho, Leiloeiro
Oficial inscrito na JUCEMA sob nº 12/96, faz saber, através do presente Edital, que devidamente
autorizado pelo Banco Bradesco S.A, inscrito no CNPJ sob nº 60.746.948/0001-12, promoverá a venda
em Leilão (1º ou 2º) do imóvel abaixo descrito, nas datas, hora e local infracitados, na forma da Lei
9.514/97. Local da realização do leilão: somente on-line via www.leilaovip.com.br. Localização do negocios& Serviço ao leitor de empréstimos e
imóvel: São Paulo-SP. Jardim Umuarama. Avenida Interlagos, nº 1.585, Apto. nº 52, no 5º Pav. da
torre Alpha III (Torre C), integrante do Condomínio Interclube I. Área privativa coberta edificada de
75,22m², com direito a 1 vaga indeterminada na garagem coletiva nos subsolos. Matr. 376.029 do 11º RI
local. Inscrição Municipal: 120.078.1629-5. Obs.: O vendedor providenciará, sem prazo determinado, a
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baixa da penhora da ação de execução constantes nas AV.7 e AV-8 da citada matrícula. Consta sobre
o imóvel Ação de Execução Fiscal processo nº 1555084-35.2020.8.26.0090 da Vara de Execuções
Fiscais Municipais de São Paulo - SP, o qual será de responsabilidade do vendedor o seu pagamento,
bem como a baixa da respectiva ação de execução. Caso haja o exercício de direito de preferência, o
✓Antes de solicitar um empréstimo, verificar a idoneidade de quem
débito e a baixa da respectiva ação de execução serão de exclusiva responsabilidade do ex-fiduciante. está oferecendo, solicitando documentos pessoais do fornecedor
Ocupado. (AF). 1°Leilão: 27/02/2024 às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 870.231,39. 2°Leilão: 29/02/2024
às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 343.800,00 (caso não seja arrematado no 1º leilão). Localização do
imóvel: Caieiras-SP. Bairro Centro. Rua Ambrosina do Carmo Bounaguide, nº 640, Apto. nº 52, no
5º andar do Edifício Residencial Essence. Área priv. 83,33m², com duas vagas de garagem nºs 76 e
✓Documentar a transação através de contrato com firma
77. Matr. 84.760 do RI de Franco da Rocha-SP. Inscrição Municipal: 341531491005201018. Obs.: O
vendedor providenciará, sem prazo determinado, a baixa da ação de execução constante na AV-5
reconhecida
da citada matrícula. Consta sobre o imóvel Ação de Execução de Condomínio processo nº 1004491-
06.2023.8.26.0106 da 2ª Vara Cível do Foro de Caieiras - SP, o qual será de responsabilidade do vendedor
o seu pagamento, bem como a baixa da respectiva ação de execução. Caso haja o exercício de direito ✓O contrato deve conter a taxa de juros e a forma de devolução do
de preferência, o débito e a baixa da respectiva ação de execução serão de exclusiva responsabilidade
do ex-fiduciante. Ocupado. (AF). 1°Leilão: 27/02/2024 às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 1.232.245,78
empréstimo
2°Leilão: 29/02/2024 às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 384.000,00 (caso não seja arrematado no 1º
leilão). Localização do imóvel: São Caetano do Sul -SP. Bairro Mauá. Rua General Estilac Leal, nº
145 (Lt 17 Qd 10). Casa. Áreas totais: terr. 168,00m² e constr. estimada no local 260,00m² (consta no ✓Forneça seus dados apenas pessoalmente
IPTU 130,00m²). Matr. 30.235 do 2º RI local. Inscrição Municipal: 13.012.0030. Obs.: Área construída
não averbada no RI. Regularização e encargos perante os órgãos competentes, da divergência de
área verificada no local com a lançada no IPTU, correrão por conta do comprador. Ocupada. (AF). ✓Faça a transação apenas pessoalmente
1°Leilão: 27/02/2024 às 10:00h LANCE MÍNIMO: R$ 1.088.630,91 2°Leilão: 29/02/2024 às 10:00h
LANCE MÍNIMO: R$ 528.000,00 (caso não seja arrematado no 1º leilão). Condição de pagamento:
à vista, mais comissão de 5% ao Leiloeiro. Da participação on-line: O interessado deverá efetuar o
cadastramento prévio perante o Leiloeiro, com até 1 hora de antecedência ao evento. O Fiduciante será ✓Evite documentos encaminhados via fax, eles podem ser frios
comunicado das datas, horários e local de realização dos leilões, para no caso de interesse, exercer o
direito de preferência na aquisição do imóvel, pelo valor da dívida, acrescida dos encargos e despesas,
na forma estabelecida no parágrafo 2º-B do artigo 27 da lei 9.514/97, redação dada pela lei 14.711/2023.
Os interessados devem consultar as condições de pagamento e venda dos imóveis disponíveis nos
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QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
Companhias aéreas Disputa
Tribunal dos EUA
aceita em parte ação
da Gol contra Latam
Aérea chilena terá de
dar explicações e
enviar documentos à
Justica; Gol fala em
‘ação predatória’
da concorrente
A Justiça dos Estados Unidos
decidiu, na segunda-feira, aca-
tar parcialmente ação da Gol
contra a Latam, sua principal
concorrente no mercado aé-
reo brasileiro. A empresa, que
está em recuperação judicial,
havia ajuizado na sexta-feira
Ação traz em anexo entrevista do CEO da Latam
Entre os documentos apresenta-
dos à Justiça americana, a Gol
anexou entrevista de Jerome Ca-
dier, CEO da Latam, ao jornal
Folha de S.Paulo, na qual o execu-
tivo diz que a Latam poderia co-
passada documento em que
acusa a companhia chilena de
“ação predatória”, em uma
“campanha deliberada e coor-
denada” para obter seus
aviões, contratar seus pilotos
e buscar as empresas que ar-
rendam suas aeronaves. Na
moção, a Gol pediu que a Justi-
ça desse cinco dias para a La-
tam explicar os fatos e “apre-
sentar todas as informações-
chave”.
A acusação da Gol foi apre-
sentada ao Tribunal de Falên-
cias do Sul de Nova York, o
locar aviões parados da Gol para
voar e que qualquer outra com-
panhia tentaria fazer o mesmo.
A Gol diz que, no momento,
opera apenas aviões Boeing 737,
enquanto que a Latam voa princi-
mesmo em que a companhia
entrou com pedido de recupe-
ração judicial em janeiro.
Em sua decisão, o juiz auto-
rizou o processo de “disco-
very”, o que significa que a La-
tam terá de prestar explica-
ções e apresentar as cartas en-
viadas às empresas de arren-
damento de aeronaves (lesso-
res). O magistrado também
determinou que três executi-
vos da companhia aérea chile-
na prestem depoimento por
cerca de cinco horas. Os no-
mes dos depoentes ainda não
estão definidos.
LISTA DE EXECUTIVOS. A Gol ha-
via pedido um número maior
de depoimentos além dos três
que foram acatados. Entre as
pessoas que solicitou para pres-
tar esclarecimentos, a aérea ci-
tava Jerome Cadier (presiden-
te da Latam Brasil), Roberto Al-
vo (presidente global da La-
tam), Ramiro Alfonsin (diretor
palmente com aeronaves da Air-
bus em rotas curtas, e com os mo-
delos 787, 777 e 767 da Boeing
para as viagens longas. Assim, a
única explicação para a conduta
da Latam seria de que ela “espe-
ECONOMIA&NEGÓCIOS
financeiro da Latam) e Sebas-
tian Acuto (vice-presidente de
Frota e Projetos). Todos os de-
poimentos serão confiden-
ciais, e apenas advogados das
partes terão acesso.
A Gol entrou com pedido
de recuperação judicial na Jus-
tiça dos Estados Unidos em 25
Foro
A acusação da Gol
foi apresentada ao
Tribunal de Falências
do Sul de Nova York
de janeiro. O pedido foi acata-
do no dia seguinte. Desde en-
tão, a aérea brasileira diz ter
tomado conhecimento de que
a Latam estava tentando adqui-
rir seus contratos de arrenda-
mento de aviões e também
atrair os seus pilotos, por meio
de contatos com parceiros co-
merciais com os quais “distor-
rava se aproveitar da Gol”.
Ao Estadão, a Gol disse es-
tar satisfeita com a decisão,
que permitirá que as ações da
concorrente sejam esclareci-
das, além de identificar se “des-
cumprem a lei de falências dos
EUA e das proteções legais re-
lativas aos ativos da empresa”.
B9
ce a capacidade financeira da
Gol”.
Na ação em que acusa a La-
tam apresentado à Justiça, a
Gol anexou um e-mail de Se-
bastian Acuto, enviado em 26
de janeiro a lessores, no qual o
executivo reforça que a Latam
continua “buscando por aero-
naves” e que a afiliada brasilei-
ra “está no mercado de manei-
ra normal e se esforçará para
aumentar a oferta de voos no
País e na região”. Na mensa-
gem, a Latam afirma que quer
comprar entre 20 e 25 aviões,
com disponibilidade imediata,
dos modelos Airbus A-320, Air-
bus A-321, ou Boeing 737.
A Gol cita também a divulga-
ção de anúncio de vagas de em-
pregos para pilotos, registradas
em 29 de janeiro, nas quais a La-
tam afirma que busca profissio-
nais para atuar no Brasil e que
ter licença para voar com aerona-
ves Airbus e Boeing, incluindo o
modelo 737, é um diferencial.l
A Latam reafirmou estar sem-
pre em contato com as “partes
interessadas relevantes em ma-
téria de frota” e que está ativa há
meses para “garantir a capacida-
de necessária para atender às ne-
cessidades contínuas e de longo
prazo, em um contexto de falta
de aeronaves ou motores”.l
 ECONOMIA&NEGÓCIOS
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
B10 O ESTADO DE S. PAULO

GILLES SABRIÉ/THE NEW YORK TIMES

Setor automotivo Crescimento acelerado

Como a China construiu

a BYD, empresa que
desbancou a Tesla
Principal empresa
chinesa de veículos
elétricos começou
como fabricante de
baterias; hoje, espalha
fábricas pelo mundo
NOVA YORK
A BYD da China era um fabri-
cante de baterias que tentava
construir carros quando exi-
biu, em 2007, seu então mais
novo modelo. Os executivos
americanos no salão do auto-
móvel de Guangzhou ficaram
boquiabertos com a pintura ro-
xa irregular do carro e o mau
ajuste de suas portas. “Eles
eram motivo de chacota na in-
dústria”, disse Michael Dun-
ne, analista da indústria auto-
mobilística chinesa. Ninguém
está rindo da BYD agora.
A empresa ultrapassou a Tes-
la nas vendas mundiais de car-
ros totalmente elétricos no fim
do ano passado. A BYD está cons-
truindo linhas de montagem no
Brasil, Hungria, Tailândia e Uz-
bequistão, e se preparando para
fazê-lo na Indonésia e no Méxi-
co. Está expandindo rapidamen-
te as exportações para a Europa.
E a empresa está prestes a ultra-
passar o grupo Volkswagen, que
COLUNA
Jornalista Responsável Silvia Carneiro MTb 19.466
Secovi-SP atento às
mudanças climáticas
Entidade integra Aliança Pela Redução de
Gases do Efeito Estufa no setor da construção
e da incorporação imobiliária
s mudanças climáticas e os perigos que
inclui a Audi, como líder de mer-
cado na China.
As vendas da BYD – mais de
80% delas na China – cresce-
ram cerca de um milhão de car-
ros em cada um dos últimos
dois anos. A última montadora
a conseguir isso em apenas um
ano no mercado americano foi
a General Motors – e isso foi
em 1946, depois que a GM sus-
pendeu as vendas de automó-
veis de passageiros durante os
quatro anos anteriores por cau-
sa da Segunda Guerra Mundial.
Caixa cheio
A BYD registrou dois
anos de crescimento
de vendas de um
milhão de carros
“O crescimento da BYD é di-
ferente de tudo que a indústria
já viu em muitas décadas”, dis-
se Matt Anderson, curador de
transporte do Museu Henry
Ford em Dearborn, Michigan.
Com sede em Shenzhen, o
centro da indústria eletrônica
da China, a BYD mostrou como
os fabricantes de automóveis
chineses podem explorar o do-
mínio do país nos produtos elé-
tricos. Nenhuma empresa se
beneficiou tanto da adesão da
Ano 40 Nº 2167 - 14 de fevereiro de 2024
China aos automóveis elétri-
cos a bateria e aos automóveis
híbridos (elétricos e a gasoli-
na). Juntos, esses veículos re-
presentam 40% do mercado da
China, o maior do mundo, e a
expectativa é de que represen-
tem mais da metade no próxi-
mo ano.
A BYD está liderando o esfor-
ço de exportação de carros elé-
tricos da China e está constru-
indo rapidamente os maiores
navios do mundo para trans-
portá-los. O primeiro deles, o
BYD Explorer 1, está em sua
viagem inaugural de Shenzhen
com 5.000 carros elétricos a
bordo e deverá chegar à Holan-
da em 21 de fevereiro.
INVESTIGAÇÃO. Com o sucesso
da China e da BYD, veio mais
escrutínio.
Elon Musk, presidente-exe-
cutivo da Tesla, alertou sobre a
força das exportações chinesas
de carros elétricos em uma tele-
conferência de resultados da
empresa em janeiro. “Franca-
mente, penso que, se não forem
estabelecidas barreiras comer-
ciais, elas irão praticamente de-
molir a maioria das outras em-
presas no mundo”, disse ele.
Os rápidos ganhos da BYD e
de outros fabricantes de auto-
móveis chineses na Europa le-
Informe Publicitário
secovi.com.br
Cliente observa veículo em uma revenda da BYD em Shenzhen
varam a uma investigação da
União Europeia sobre os subsí-
dios do governo chinês, que po-
derá resultar em tarifas. Os re-
latórios anuais da BYD mos-
tram um total de US$ 2,6 bi-
lhões em assistência governa-
mental de 2008 a 2022. E isso
não inclui outra ajuda, como
garantir que as empresas de
táxi na cidade natal da BYD
comprem apenas carros elétri-
cos da BYD. Procurada, a em-
presa não quis fazer comentá-
rios sobre isso.
A China construiu fábricas
suficientes para produzir mais
do dobro da quantidade de car-
ros que o seu mercado pode
comprar. Isso levou a uma
guerra de preços na China, es-
pecialmente entre a BYD e a
Tesla, com descontos que infli-
giram pesadas perdas. Um dos
mais novos modelos da BYD, o
subcompacto Seagull, custa
menos de US$ 11 mil (cerca de
R$ 55 mil).
A crise imobiliária e a queda
do mercado de ações estão ago-
ra tornando os consumidores
chineses mais cautelosos quan-
to à compra de um carro. Mas
os baixos custos de produção
da BYD a deixaram numa posi-
ção melhor do que a maioria
dos rivais para sobreviver a
qualquer longa desaceleração
nas vendas e à reestruturação
da indústria.
INÍCIO. O presidente da BYD,
Wang Chuanfu, fundou a em-
presa em 1995 para fabricar ba-
terias para a Motorola e outras
empresas de eletrônicos de
Buffett comprou uma partici-
pação de quase 10% por US$
230 milhões em 2008, dando à
BYD não apenas uma injeção
de dinheiro, mas também um
prestígio global.
A BYD agora tem sua própria
cidade murada em Shenzhen,
uma cidade no sudeste próxi-
ma a Hong Kong. Um monotri-
lho transporta trabalhadores
de apartamentos de empresas
até as torres de escritórios e la-
boratórios de pesquisa da BYD.
Liu Qiangqiang, engenheiro
do centro de Shenzhen, disse
que o número de funcionários
de sua equipe de desenvolvi-
mento de automóveis quase
triplicou desde que ele ingres-
sou na empresa vindo da Gene-
ral Motors, há 15 meses.
“O ritmo é rápido”, disse ele.
Depois de descartar a condu-
ção autônoma há um ano, a
BYD entrou em ação quando
as empresas de eletrônicos de
consumo Huawei e Xiaomi lan-
çaram carros com considerá-
veis capacidades de condução
autônoma. Wang anunciou em
janeiro que a BYD tinha 4.000
engenheiros trabalhando em
direção assistida, uma forma li-
mitada de tecnologia autôno-
ma que funciona principalmen-
te em rodovias e grandes estra-
das, e que investiria US$ 14 bi-
lhões nessa tecnologia.
A BYD tem uma vantagem
persistente sobre a Tesla: a
decisão de Wang, em 2011,
de desenvolver carros híbri-
dos plug-in, que respondem
por quase metade das ven-
das da BYD.

A elas representam para a humanidade

exigem a adoção de práticas sustentá-
veis. Com esse objetivo, Secovi-SP, Abrainc Apoiar o mercado imobiliário na jornada da
consumo. Ele havia estudado
na Central South University
em Changsha, uma instituição
Li Jingyu, vendedor de uma
concessionária BYD em Shenz-
hen, disse que muitas famílias
e SindusCon-SP instituíram a Aliança pela sustentabilidade é meta do Secovi-SP de elite famosa pela pesquisa compraram um híbrido como
Redução de Gases do Efeito Estufa (GEE), de- em química de baterias. Mas primeiro carro para que pudes-
dicada ao estudo de medidas que podem ser nal sobre as atividades e traz dados por setor, ele sonhava em fabricar carros. sem dirigir de volta às suas al-
implantadas pela construção e a incorpora- localização, operação, categoria e precursor de Em 2003, a BYD comprou deias ancestrais no Ano-Novo
ção imobiliária. escopos, com medição de emissões de vários uma fábrica em Xian que produ- Lunar – que começou na noite
No sentido de preparar o setor para as regu- tipos gases. Entre as recomendações de boas zia carros movidos a gasolina. de sexta-feira passada. A maio-
lações já existentes e as que ainda virão sobre práticas estão priorizar fornecedores que já Mas a empresa teve problemas ria das aldeias na China agora
possuem iniciativas de descarbonização e se-
emissões de GEE, e visando capacitar as ativi- no início, ganhando uma reputa- tem carregadores, disse Li,
guir o conceito de economia circular.
dades da área para um atuação propositiva e
No entender do Secovi-SP, que também apoia ção precoce na construção de mas não o suficiente para a
não apenas reativa, a Aliança contratou consul- máquinas obsoletas. Numa visi- multidão de motoristas visi-
o mercado com publicações e cursos alinhados
toria que elaborou diagnóstico com base em 42 ta à fábrica em 2006, uma gran- tantes no Ano-Novo Lunar.
à sustentabilidade e à agenda
companhias brasileiras. O resultado do inven- ESG, este é um tema que irá de área de reparos no fim da li- “As pessoas estão apenas
tário setorial foi apresentado em encontro que crescer cada vez mais e, do nha de montagem estava lotada preocupadas”, disse ele, “com
reuniu mais de 100 representantes de empresas ponto de vista empresarial, é de carros recém-construídos o tempo de espera”. l NYT
associadas às entidades. fundamental o protagonismo que já precisavam de mais obras.
Com abrangência nacional, o inventário do mercado imobiliário. Saiba
considera a abordagem de controle operacio-
As vendas da BYD cresce-
mais em www.secovi.com.br. LEIA MAIS
ram à medida que o mercado ESTE CONTEÚDO FOI TRADUZIDO COM O
AUXÍLIO DE FERRAMENTAS DE INTELIGÊNCIA
chinês disparava. Warren E. ARTIFICIAL E REVISADO PELA EQUIPE EDITORIAL.
 ECONOMIA&NEGÓCIOS B11
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO

ALEXANDRE ROCHA, CYNTHIA DECLOEDT E

CIRCE BONATELLI
Coluna do
TWITTER: @COLUNADOBROAD
COLUNABROADCAST@ESTADAO.COM Broadcast
Startups voltam a atrair DELIVERY NA LISTA SOBE
capital, mas 2024 deve TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO-27/5/2020
Gasolina registra alta no
início de fevereiro
ser mais um ano difícil JF DIORIO / ESTADÃO-2/2/2015

O
s investimentos dos fundos de venture capi-
tal, que compram participação em empresas,
ensaiaram uma retomada em janeiro em rela-
ção a startups. Entre os nomes que aparece-
ram, estão a fintech Conta Simples, que tem cartão
de crédito corporativo, e a Daki, especializada em
entregas rápidas, levantando US$ 187 milhões. Na
comparação com dezembro, o volume cresceu 47%,
mas ante janeiro de 2023 a queda foi de 28% no total, O preço da gasolina
isso na comparação com um período já fraco, quan- nos postos de com-
do os investimentos já haviam caído mais de 50%, bustível aumentou
entre os dias 2 e 8 de feve-
mostra levantamento do Distrito, que mapeia esse reiro, em relação à semana
setor na América Latina. Para gestores, o ano de anterior, com valor médio
2024 ainda deve ser difícil e com desafios para em- Especializada em entregas rápidas, Daki foi uma das startups que de R$ 5,938 por litro — alta
presas de tecnologia que queiram levantar recursos. levantaram capital em janeiro, quando teve um início de retomada de R$ 0,153, segundo a Vale-
Card. Os Estados que regis-
traram as maiores altas fo-
sair do Quinto Andar, onde tra- anúncio está no ar e se houve ram Amazonas (7,96%), Rio
Mercado passou por forte correção balharam por poucos meses redução de preço nesse perío- Grande do Norte (7,02%) e
Após o boom de 2020 e 2021, anos de juros muito bai- após desembarcarem no Bra- do. “O proprietário brasileiro Sergipe (4,77%). O menor
xos e recorde de investimentos em startups, o mercado sil, para criar uma startup pró- tem um preço na mente que, às preço médio do litro da ga-
entrou em rota de correção. Em janeiro de 2021, foram pria. A ideia era capturar e agre- vezes, não condiz com a reali- solina foi registrado em
gar as informações sobre imó- dade”, diz Gajardo. São Paulo a R$ 5,741.
US$ 720 milhões em aportes no Brasil, segundo o Dis-
veis espalhadas na internet.
trito, em quase cem empresas, cerca de três vezes mais
do que no mês passado, quando 35 startups captaram. l ESCALA. A Trular começou a DESCE
l ALI. Foi assim que nasceu a testar a busca de anúncios em
Trular, espécie de “Google dos 2021 e atualmente, tem 411 mil Fusões e aquisições caíram
imóveis”. Ela reúne anúncios anúncios de venda e 50 mil pa- 26% em janeiro no País
Fundo está mais otimista de venda e locação publicados ra aluguel na cidade de São Pau- PISMO-28/3/2023
Gustavo Ahrendes, sócio da Norte Capital, diz que já por diversas imobiliárias de lo. A prioridade é aumentar o
esteve bem mais pessimista com esse mercado. Agora, São Paulo. Assim, o usuário po- volume de anúncios captura-
de fazer uma busca mais ampla dos e as regiões cobertas. No
após a correção de preços e mudanças estruturais no
sem ter de entrar no site de ca- futuro, pretende chegar a ou-
setor, o cenário melhorou. Na era da abundância de re- da imobiliária. tras cidades.
cursos, a Norte Capital chegava a receber 180 startups
por mês atrás de recursos. Agora são 40, na média.
l MÉTRICA. “O mercado imobi- l MODELO. Outro objetivo é en-
liário brasileiro movimenta contrar formas de ganhar di-
os corretores comparam o pre- bastante dinheiro, mas não nheiro, possivelmente com pa-
l MEIO DO CAMINHO. Para o CEO ço de determinado imóvel tem muita disponibilidade de trocínio. No momento, a em- Em janeiro, foram
da gestora DXA, Oscar Decotel- com o de outras propriedades dados”, afirma Bishara. O dife- presa não tem receita. O di- feitas 103 fusões e
li, o ano de 2024 pode ser um no bairro e discutem há quan- rencial do negócio está na cap- nheiro para a operação rodar aquisições no Brasil,
período de transição para um to tempo aquela residência foi tura de informações que a vem dos sócios e de um grupo queda de 26% em relação às
momento melhor do mercado, colocada à venda sem que hou- maioria das imobiliárias não pequeno de investidores. 140 do mesmo mês de 2023,
que surgirá – talvez – em 2025. vesse interessados. No Brasil, divulga, como a localização de acordo com a TTR Data.
Por ora, o cenário ainda é de esses temas são pouco ou nada exata do imóvel e o valor por O setor de tecnologia foi o
muita incerteza, local e exter- explorados. Há, talvez, uma ra- metro quadrado. Há também l MENORES. O Sicoob concedeu mais ativo, com 31 transa-
na. “Ainda vai ser um ano de es- zão para isso: as imobiliárias uma régua que indica se a pro- R$ 45,9 bilhões em crédito para ções. As fusões movimenta-
cassez de recursos”, diz o sócio geralmente não divulgam es- priedade está acima ou abaixo empresas ao longo do ano pas- ram R$ 8,9 bilhões no mês
fundador da Peers Consulting sas informações – e pouca gen- do valor de mercado com base sado, volume 8% maior que o passado, ante R$ 10,5 bilhões
& Technology, Pedro Ribeiro. te pergunta. em outros anúncios da região. desembolsado em 2022. De há um ano. Do total de tran-
acordo com o sistema coopera- sações de janeiro, 72% já es-
tivo, 43% foram destinados a mi- tão concluídas. A destacada
l MÃOS À OBRA. Em qualquer rea- l JUNTADÃO. Pensando nisso, o l PARÂMETRO. A Trular ainda cro e pequenas empresas, e ou- pela TTR foi a aquisição da
lity show estrangeiro sobre americano Alex Bishara e o chi- oferece uma informação pre- tros 42% desse total, para em- fintech Pismo pela Visa, ne-
compra e venda de moradias, leno Julio Gajardo decidiram ciosíssima: há quanto tempo o presas de médio porte. gócio de US$ 1 bilhão.

BROADCAST MERCADOS VALORES DE MERCADO REFERENTES AO PREGÃO DE 09/02/2024 Ibovespa: 128.025,70 PTS. | Dia -0,15% | Mês 0,21% | Ano -4,59%

MAIORES ALTAS DO IBOVESPA Pontos Dia% Mês% Ano% INFLAÇÃO (%) INSS - COMPETÊNCIA (Janeiro) AGRÍCOLAS - MERCADO FUTURO MOEDAS E COMMODITIES
R$ Var. % Neg. NOVA YORK - DJIA 38.671,69 -0,14 1,37 2,61 Índice Dezembro Janeiro No ano 12 Meses Trabalhador assalariado e doméstica* Venc. Aju.C. Abe. Min. Máx. Var.% Venda Dia % Mês %Ano %
ALPARGATAS PN N1 8,62 7,48 11.748 INPC (IBGE) 0,55 0,57 0,57 3,82 Salário de contribuição Alíquota AÇÚCAR NY* MAR/24 24,02 221.261 23,86 24,42 0,17 DÓLAR COMERCIAL 4,9613 -0,67 0,48 2,22
FRANKFURT - DAX 16.926,50 -0,22 0,13 1,04
ATÉ R$ 1.412,00 7,5% DÓLAR TURISMO 5,1570 -0,71 0,35 2,02
MRV ON NM 7,16 6,87 53.557 LONDRES - FTSE 7.572,58 -0,30 -0,76 -2,08 IGP-M (FGV) 0,74 0,07 0,07 -3,32 CAFÉ NY* MAI/24 191,50 102.127 186,55 192,10 3,04
DE R$ 1.412,01 ATÉ R$ 2.666,68 9% EURO 5,3490 -0,61 -0,06 -0,39
CASAS BAHIA ON NM 7,82 4,27 9.797 TÓQUIO - NIKKEI 36.897,42 0,09 1,68 10,26 IGP-DI (FGV) 0,64 -0,27 -0,27 -3,61 SOJA CBOT** MAR/24 11,84 253.964 11,815 11,98 -0,84 OURO 279,000 -4,29 -8,52 -1,76
IPC (FIPE) 0,38 0,46 0,46 2,98 DE R$ 2.666,69 ATÉ R$ 4.000,03 12% MILHO CBOT** MAI/24 4,42 359.000 4,4075 4,485 -0,76 WTI US$/BARRIL 76,5100 0,16 0,98 7,32
MAIORES BAIXAS DO IBOVESPA IPCA (IBGE) 0,56 0,42 0,42 4,51 DE R$ 4.000,04 ATÉ R$ 7.786,02 14%
TESOURO DIRETO (*) Vcto. Ano % R$
(*) EM CENTS POR LIBRA-PESO (**) EM US$ POR BUSHEL IBRENTUS$/BARRIL 81,7100 -0,01 1,33 6,06
3R PETROLEUMON 28,19 -3,82 17.508 CUB (Sinduscon) 0,00 0,00 0,00 2,21 Autônomo Alíquota A pagar (R$) AGRÍCOLAS - MERCADO FÍSICO
IPCA 15/5/2029 5,46 3.186,70 US$ 1 Euro/ 1 Libra/ R$ 1/
ASSAI ON NM 13,35 -3,47 25.076 FIPEZAP-SP (FIPE) 0,16 0,27 0,27 4,68 (BASE EM R$) SOJA Ult. Var. (%) Var. 1 ano(%) 1/NY Europa Londres Brasil
15/5/2035 5,56 2.295,83 DE 1.412,00 A 7.786,02 20% DE 282,40 A 1.557,20 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 112,80 0,34 -32,37
MULTIPLAN ON N2 26,43 -3,01 29.292 Índices de reajuste do aluguel (Fevereiro) DÓLAR AMERICANO 1,000 1,0788 1,2635 0,2019
JUROS SEMESTRAIS 15/8/2035 5,54 4.433,96 VENCIMENTO 7/2. O PORCENTUAL DE MULTA A SER BOI EURO 0,927 1,0000 1,1712 0,1871
TR/TBF/POUPANÇA/POUPANÇA SELIC (%) IGP-M (FGV) -1,0332 IPCA (IBGE) 1,0451 APLICADO FICA LIMITADO A 20%, MAIS TAXA SELIC. Cepea/esalq, R$/@ 239,35 0,20 -18,91
PREFIXADO 1º/1/2027 9,90 761,59 FRANCO SUÍÇO 0,875 0,9435 1,1050 0,1766
IGP-DI (FGV) -1,0361 INPC (IBGE) 1,0382 CDB - CDI MILHO
6/2 a 6/3 0,0090 0,7391 0,5090 0,5000 1º/1/2031 10,65 499,79 Data Taxa ano Taxa dia Mês% Ano% LIBRA ESTERLINA 0,792 0,8538 1,0000 0,1598
IPC-FIPE 1,0298 ICV-DIEESE - Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 62,17 -0,54 -27,68 IENE 149,279 161,0390 188,6060 30,1390
7/2 a 7/3 0,0087 0,7388 0,5087 0,5000 SELIC 1º/3/2027 0,11 14.393,92 CDB (22/31) 11,11 0,00 -0,54 -4,64 CAFÉ
FATORES VÁLIDOS PARA CONTRATOS CUJO ÚLTIMO REAJUSTE AS MOEDAS NA VERTICAL:VALOR DE COMPRA SOBRE AS DEMAIS
8/2 a 8/3 0,0082 0,7383 0,5082 0,5000 (*)TÍTULOS A VENDA OCORREU HÁ UM ANO. MULTIPLIQUE O VALOR PELO FATOR CDI 11,15 0,00 -4,29 -4,29 Cepea/esalq, R$/sc 60 kg 1027,89 16,80 -8,08 / FONTE: IDC
B12
INOVAÇÃO
N
o Brasil, o carnaval é
mais do que uma festa:
é um espetáculo de re-
sistência, criatividade
e paixão. Da mesma forma, o
empreendedorismo no nosso
País é uma jornada de desafios,
inovação e muita determina-
ção. Ao invés de aguardar o
término da folia para dar início
aos projetos, os empreendedo-
res brasileiros entendem que a
dança rumo ao sucesso não per-
mite pausas, mesmo durante a
maior festa de rua do mundo.
Atualmente, com mais de
20 milhões de empresas ativas
no Brasil, segundo o Ministé-
rio do Empreendedorismo, da
Microempresa e da Empresa
SEG. Luiz Carlos Trabuco Cappi e Henrique Meirelles (revezam quinzenalmente) l TER. Demi Getschko (quinzenalmente) l QUA. Fábio Alves l SEX. Elena Landau e Laura Karpuska (revezam quinzenalmente) e Pedro Doria l DOM. José Roberto Mendonça de Barros (quinzenalmen-
te) e Affonso Celso Pastore (quinzenalmente); Roberto Rodrigues (2º domingo do mês), Albert Fishlow (3º domingo do mês) e Gustavo Franco (último domingo do mês)
Luiz Tonisi
‘Brasil pode ser polo para
desenvolvimento da IA’
Para presidente da Qualcomm na América
Latina, setores econômicos têm de liderar projetos
ENTREVISTA
Engenheiro, está na
Qualcomm desde
janeiro de 2021;
antes, passou por
grupos como
Nokia e RFS
BRUNA ARIMATHEA
corrida para explorar
A os recursos da inteli-
gência artificial (IA)
se intensificou entre EUA e Chi-
na nos últimos meses. Mas o
Brasil também pode ser um po-
lo importante da tecnologia. É
preciso, porém, que os setores
da economia, como agro, ener-
gia e indústrias, estejam aten-
tos e dispostos a investir na
área. É nisso que acredita Luiz
Tonisi, presidente da Qual-
comm na América Latina. A em-
presa é uma das principais fabri-
cantes de chips no mundo, e
passou a realizar fortes investi-
mentos em IA. “Se os setores
econômicos no Brasil quise-
rem, eles podem usufruir, usar
e criar (ferramentas de IA), e eu
acho que tem mão de obra e ca-
pacidade intelectual local para
IDEIAS&
EMPREENDEDORISMO
Camila Farani
Uma lição para os empreendedores
de Pequeno Porte (MEMP), fi-
ca evidente que o cenário para
quem deseja empreender é vas-
to, mas também saturado de
concorrência. O empreende-
dor que decide esperar o gran-
de festejo passar para começar
a agir já perdeu o ritmo da
música e, possivelmente, o pri-
meiro passo rumo ao sucesso.
O carnaval, com seus desfi-
les elaborados e preparação
que dura o ano inteiro, serve
de metáfora perfeita para o em-
preendedorismo. Assim como
as escolas de samba, que plane-
jam seu espetáculo meses an-
tes, o empreendedor de suces-
so é aquele que, consciente do
mercado dinâmico em que es-
isso”, disse Tonisi, em entrevis-
ta para o Estadão.
A urgência da Qualcomm pa-
ra liderar a disputa por IA se
explica. Em 2023, uma das em-
presas de tecnologia mais valo-
rizadas do período foi a Nvi-
dia, que foca em chips específi-
cos para IA. No ano passado, a
empresa viu uma sequência de
alta de ações de mais de 230%.
Uma área para oportunidades,
porém, pode ser a de chips de-
dicados para smartphones –
para equipar seus processado-
res, a Apple tem o Apple Neu-
ral Engine, fabricado pela pró-
pria empresa e voltado espe-
cialmente para a tecnologia de
IA. Já a Qualcomm é fornece-
dora de um dos primeiros chip-
sets com IA “embutida” do
mercado, o Snapdragon 8 Gen
3, que equipa os novos celula-
res Galaxy S24 da Samsung.
A seguir, os principais tre-
chos da entrevista:
Qual a visão da Qualcomm
para o novo período da IA
‘embutida’ nos aparelhos?
É muito simples: a gente acre-
dita que ela vai ser híbrida. Por
que a gente está começando a
ver IA nos celulares e em outros
dispositivos? Tudo o que a gen-
te viu de IA hoje era por meio da
nuvem. Na IA híbrida, parte do
contato@camilafarani.com.br
tá inserido, não espera o Ano-
Novo começar oficialmente
para planejar e executar suas
estratégias.
A jornada de um
empreendedor no
nosso País é de
desafios, inovação e
muita determinação
Este início de 2024 não foi
diferente. A Consumer Elec-
tronics Show (CES) de 2024,
por exemplo, iluminou o cami-
nho de muitos empreendedo-
res com inovações tecnológi-
cas que prometem revolucio-
processamento ou todo o pro-
cessamento vai ser feito direto
no dispositivo, permitindo tare-
fas como tradução simultânea
sem conexão com a internet.
Qual é a vantagem de uma
IA híbrida?
A primeira é o custo da transa-
ção. Se você fizer toda transa-
ção baseada em nuvem, o custo
dessa transação e o consumo
de energia que você tem são
muito superiores a de um pro-
cessamento direto no celular
ou no computador, por exem-
plo. A segunda coisa é a segu-
rança. Quando falamos de IA,
falamos de assistente persona-
lizado, de uma exposição das
suas preferências, gostos e da-
dos. Na IA embutida no apare-
lho, essas informações não vão
para a nuvem. Então, pela parte
de segurança, é um fator impor-
tante você ter esses dados ar-
mazenados e selecionados por
você e pelo seu assistente pes-
soal ou virtual. A terceira é que
acreditamos que a IA vai estar
em tudo: nos carros, nos celula-
res, nos computadores e vai
transitar em todos esses apare-
lhos simultaneamente.
O que muda em um chip
quando ele tem a função de
processar uma inteligên-
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
nar o mercado. De robôs inteli-
gentes, que se adaptam ao esti-
lo de vida dos usuários, até im-
plantes cerebrais que prome-
tem devolver movimentos a
pessoas paralisadas – a CES
mostrou que o futuro é agora.
E o empreendedor que não es-
tiver atento a essas tendên-
cias, se preparando para inte-
grá-las a seus negócios, estará
fadado a ficar para trás, perden-
do o desfile da inovação.
A verdade é que os empreen-
dedores visionários já estão na
avenida, desfilando suas ideias
inovadoras, prontos para cap-
turar a atenção de clientes e
consumidores. Portanto, caro
leitor, se você almeja o sucesso
QUALCOMM/DIVULGAÇÃO
“Temos excelentes
universidades, excelente
mão de obra. Mas é uma
questão de decisões. Se
os setores econômicos
no Brasil quiserem,
eles podem usufruir,
usar e criar
(ferramentas de IA)”
cia artificial?
A gente está acostumado a sem-
pre falar de CPU, que é capacida-
de de processamento central.
Quando a gente vai para IA, a
gente fala de NPU, que é a capaci-
dade de processamento neural.
É sobre a quantidade de parâme-
tros que o processador tem. Eles
são importantes porque defi-
nem a quantidade de dados já in-
seridos no processador, permi-
tindo que ele acesse a informa-
ção direto (no dispositivo). Uma
imagem com IA generativa pode
ser gerada assim, uma ferramen-
ta de tradução também. Não é
necessário conexão com a inter-
net para essas atividades.
Como é possível garantir a
segurança de dados dentro
desses parâmetros, que es-
tão a todo momento bus-
cando informações para se
O ESTADO DE S. PAULO
em seus empreendimentos,
deixe-se levar pela música da
inovação e do planejamento es-
tratégico. O carnaval ensina
que, para ganhar a nota 10, é
preciso mais do que apenas
participar: é necessário se des-
tacar, brilhar e, acima de tudo,
dançar conforme a música do
mercado, sempre um passo à
frente.
Que o espírito carnavalesco
de superação e alegria inspire
sua jornada empreendedora, e
que você possa desfilar na aveni-
da do sucesso com a majestade
de um verdadeiro campeão. l
INVESTIDORA-ANJO E PRESIDENTE DA
BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL
alimentar?
Todas as informações são crip-
tografadas dentro do próprio
chipset, elas não são abertas.
Então, não há dados seguindo
para um software. Toda transa-
ção tem de ser aprovada pelo
processador, e o usuário pode
abrir a informação criptografa-
da, mover arquivos de lugar e
trancá-la novamente nesse
“cofre”. É importante, porque
a informação vai se tornar ca-
da vez mais pessoal.
O Brasil pode ser um polo
de desenvolvimento de IA?
Por quê?
A primeira resposta é que sim.
Mas eu acredito que o Brasil po-
de, dentro das matrizes do que
é importante economicamen-
te e socialmente para o País, co-
meçar a desenvolver aplica-
ções. Por exemplo: será que eu
não posso ter máquinas com IA
no agronegócio? Tomando de-
cisões e ajudando a aumentar a
produtividade, a competitivida-
de do Brasil? Eu acho que a gen-
te tem excelentes universida-
des, excelente mão de obra.
Mas é uma questão de deci-
sões. Se os setores econômicos
no Brasil quiserem, eles podem
usufruir, usar e criar (ferramen-
tas de IA), e eu acho que tem
mão de obra e capacidade inte-
lectual local para isso.
A IA é 100% o foco da Qual-
comm agora?
Sim. Nós nos colocamos como
a empresa da IA híbrida. Va-
mos estar em todos os apare-
lhos, desde um IoT (internet
das coisas) até o smartphone,
computador e até servidores
no futuro, por que não? A gente
acredita que precisa espalhar
IA por toda a cadeia. Por que eu
tenho de ter IA só no celular? A
experiência do usuário daqui
para frente vai ter a IA espalha-
da por tudo que é lado. l

C6 E C7 A fundo
Água
subterrânea
some em
metade
dos reservatórios
Música Lançamento
Nasi revisita repertório a partir
da mistura de rock, soul e blues
Cantor grava álbum com releituras de nomes como Zé Rodrix, Tim
Maia e Jerry Lee Lewis e critica atual estado da produção brasileira
GABRIEL ZORZETTO
ESPECIAL PARA O ESTADÃO
Menos irado e mais sereno,
mas sem jamais perder o es-
pírito desafiador, Nasi acaba
de celebrar 62 anos de uma
vida recheada de sabores e
dissabores. Com cigarro na
mão, o vocalista do Ira! con-
versou com o Estadão, entre
uma tragada e outra, sobre o
momento político do Brasil,
o cenário da música atual, o
revival do rock nacional,
além de seu novo álbum Rock-
soulblues, já disponível nas
plataformas de streaming.
O líder da icônica banda
formada em 1981 tentou expli-
car os motivos para uma es-
pécie de redescoberta do gê-
nero que bombou no Brasil du-
rante a década de 1980, evi-
denciada não apenas no suces-
so das turnês do conjunto res-
ponsável por clássicos como
Envelheço na Cidade e Eu Que-
ro Sempre Mais, mas também
na estrondosa reunião dos Ti-
tãs, que lotou estádios pelo
País no ano passado.
“Não quero ser saudosista
ou pessimista. É óbvio que
existem jovens talentos, mas
aquela era uma época de gran-
des letristas, como Renato
Russo, que tocavam muito
nas rádios. Hoje em dia o ne-
gócio é cantar com autotune
(recurso que corrige erros e im-
perfeições vocais) e as vozes
são todas iguais”, opina.
Apesar de o rock ter ganho
força no mercado ao vivo, o
estilo mais ouvido no Brasil
em 2023 foi o sertanejo, se-
guido de perto pelo funk. Na-
si acredita que essa falta de
diversidade seja prejudicial
para a indústria.
“Todo movimento musical
hegemônico faz mal para o
próprio gênero. Quer falar de
sertanejo? É Chitãozinho &
Xororó pra trás. Isso daí não é
música sertaneja. Todos com
o mesmo timbre, nasalados.
Fiquei chocado ao descobrir
que existe um sujeito que
compõe as músicas pros ca-
ras. Ele rima ‘beija’ com ‘cerve-
ja’ e faz a fórmula. E no funk
carioca, ao contrário do rap –
que tem conteúdo e reflete a
realidade das periferias –, os
COMPORTAMENTO
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
Mais sereno, mas ainda bem crítico, Nasi se diz decepcionado com a falta de diversidade da indústria
MCs só falam de ostentação,
um sexismo barato”, afirma.
Como cantor de um grupo
que transmite como nenhum
outro o DNA da capital paulis-
ta, Marcos Valadão (seu nome
de batismo) não esconde suas
decepções com a situação
atual da cidade. “São Paulo
cresce de uma forma mons-
truosa e maligna. A questão da
CULTURA&
O ESTADO DE S. PAULO
rede elétrica, da manutenção,
a Cracolândia, o lixo. Nada mu-
da, só piora. O paulistano é um
herói – no sentido de ter de fu-
gir de bandidos, viciados e poli-
ciais violentos”, observa ele.
Crítico da extrema direita,
Nasi já está acostumado a res-
ponder sobre os colegas ro-
queiros, em especial Lobão e
Roger Moreira, que se associa-
C2
ANA KARINA ZARATIN
ram a um posicionamento po-
lítico que ele condena. “Ouvi
coisas abomináveis, mas cada
um é dono da sua própria bio-
grafia. Eles são minoria. Os ro-
queiros da minha geração são
caras de centro esquerda, no
mínimo, e de uma visão huma-
nista”, garante. No momento,
porém, o artista anda mais
preocupado com as eleições
C1
americanas do que com a po-
lítica nacional. “O fenômeno
Trump me preocupa muito,
porque este homem represen-
ta o que existe de pior na
América misógina e racista.”
O disco Rocksoulblues traz
oito faixas que passeiam pe-
los gêneros sugeridos no títu-
lo. Com exceção da inédita
Blues do Gato Preto, o álbum
oferece releituras surpreen-
dentes de interpretações de
nomes como Zé Rodrix, Tim
Maia, Erasmo Carlos, Jerry
Lee Lewis, Martinho da Vila e
Robert Johnson, além de
uma versão blues de Dias de
Luta, hit do Ira!
MEIO TARANTINO. “Esse disco
eu fiz pra mim, primeiramen-
te. E se eu me agrado, é óbvio
que muitos fãs também vão
gostar. Eu quis fazer um mer-
gulho em cada gênero que esta-
va visitando e pude me des-
prender das amarras de estar à
frente de uma banda fixa. O Ca-
veira, por exemplo, é um sam-
ba que gosto desde moleque,
mas eu não ia gravar um sam-
ba, seria um acinte! Foi então
que optamos por fazer algo
meio country-western, meio
deserto, Tarantino”, explica.
“Todo movimento
musical hegemônico faz
mal para o próprio
gênero. Quer falar de
sertanejo? É Chitãozinho
& Xororó pra trás. Isso
daí não é sertanejo. Todos
com o mesmo timbre,
nasalados. Fiquei
chocado ao descobrir
que existe um sujeito
que compõe as músicas.
Ele rima ‘beija’ com
‘cerveja’ e faz a fórmula”
Nasi
Vocalista
E mesmo um standard tão
conhecido do blues como Rol-
lin’ and Tumblin’, regravado
por Jeff Beck, B.B. King, Eric
Clapton, Muddy Waters, en-
tre outros, ganhou uma rou-
pagem moderna, com toques
de hip-hop e música eletrôni-
ca, sob a tradução criativa de
Não Vá me Machucar.
“Foi até difícil descobrir pa-
ra quem dar o crédito, pois é
uma música de domínio públi-
co. A primeira gravação foi em
1927 e dois anos depois o Ro-
bert Johnson a popularizou. É
difícil fazer uma tradução poé-
tica, mas procurei adaptar a le-
tra com o espírito do blues. É
das faixas de que eu tenho
mais orgulho no disco. O
blues está na raiz de tudo.
Tem a máxima do Willie Di-
xon: “The blues are the roots,
the rest are the fruits!” – o
blues é a raiz, o resto são os
frutos”, completa Nasi. l
 QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
C2 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Direto da Fonte MARCELA PAES | MARCELA.PAES@ESTADAO.COM

PAULA BONELLI | PAULA.BONELLI@ESTADAO.COM

Gilberto Amendola gilberto.amendola@estadao.com

BRENDON CAMPOS
Homenagem ao
Nova edição do ‘Anoitecer crítico Alberto Guzik
Inhotim’ será em agosto O crítico de teatro Alberto Gu-
zik (1944-2010) dá nome à re-

O
Instituto Inhotim irá realizar a terceira edi- vista A(L)BERTO – referência
ção do “Anoitecer Inhotim”, festa de captação na reflexão teatral do País, que
terá um novo número lançado
de fundos para o Museu de Arte Contemporâ- no dia 21, às 19h, A publicação é
nea e Jardim Botânico, no dia 31 de agosto, um editada pela SP Escola de Tea-
sábado. Para Paula Azevedo, diretora-presidente da tro. O lançamento acontece no
instituição, a prática de fundraising é uma das for- hall da unidade Roosevelt da
mas da sociedade civil abraçar as instituições e con- SPE, com distribuição gratui-
tribuir para a sua perenidade. Na edição do ano passa- ta. Na foto, Rodolfo Garcia Vaz-
quez_e_Ivam Cabral.
do, estiveram presentes mais de 400 pessoas no Anoi-
tecer Inhotim e foram arrecadados quase R$ 3 mi- ADDAP

lhões. Para 2024, o Instituto Inhotim prepara uma

grande festa, com jantar ao redor da obra Elevazione
(2001), de Giuseppe Penone, e balada no rooftop da
Galeria Cosmococa, que abriga obras de Hélio Oitici-
ca e Neville D’Almeida. A galeria também estará aber-
ta para visitação. Como nos anos anteriores, o Inho-
tim vai oferecer ao público visitante do dia 1º de se-
tembro, domingo, uma atração cultural gratuita. Paula Azevedo, diretora-presidente do Instituto Inhotim

FREDY UEHARA

João Adibe Marques é presença confirmada Romero Britto em um

em conferência realizada em Harvard hangar de Congonhas
BRUNO VON ENCK

João Adibe Marques, presiden- os palestrantes confirmados A Voar Aviation inaugura em

te da Cimed, falará sobre sua
trajetória empreendedora du-
rante a 10º edição da Brazil
Conference at Harvard & MIT.
O evento anual, promovido pe-
la comunidade de estudantes
brasileiros, ocorrerá nos dias 6
e 7 de abril em Cambridge,
EUA, com o tema ‘O Encontro
dos Vários Brasis’. Junto com
João Adibe Marques, estarão
para a conferência: Vera Lúcia seu hangar no aeroporto de
Araújo, Edmund Phelps (Prê- Congonhas uma exposição do
mio Nobel de Economia), So- artista plástico Romero Britto.
nia Guimarães, Ivete Sangalo, A exibição reúne 15 peças origi-
Seu Jorge, Drauzio Varella, Jor- nais, entre pinturas e escultu-
ge Paulo Lemann, Luiz Felipe ras. “Estamos muito felizes
D’Avila, Tiago Leifert, Gil do com esta parceria que transfor-
Vigor, Tabata Amaral, entre ou- ma nossas instalações em um
tros. Os ingressos para a confe- ambiente ainda mais alegre e
rência podem ser adquiridos colorido”, diz Alessandra
no site oficial do evento. Abrãoo, CEO da Voar.

1. Paulo Darzé
3 4
2 na Galeria
Mercado
Modelo de
Salvador,
Bahia.
2. Cadeh
Juaçaba,
Marina Bidu
e Kilson Lima.
3. Ieda Jardim.
1 4. Antonio
Almeida.
DENISE ANDRADE
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
História Carnaval
Clássico brasileiro
inspirou desfile
da Portela
Após apresentação da
escola, ‘Um Defeito de
Cor’, de Ana Maria
Gonçalves, chegou ao
topo da lista de mais
vendidos da Amazon
SABRINA LEGRAMANDI
A Portela escolheu basear o en-
redo de seu desfile na segunda-
feira, 12, em um clássico da lite-
ratura antirracista nacional.
Um Defeito de Cor, de Ana Ma-
ria Gonçalves, inspirou a passa-
gem da escola pela Marquês de
Sapucaí, no Rio. Com 952 pági-
nas, o livro apareceu em pri-
meiro lugar entre os mais ven-
didos na Amazon nesta terça-
feira, 13, logo após a segunda
noite de desfiles das principais
escolas de samba do Rio.
Apesar de ser um romance,
o livro é baseado em fatos his-
tóricos. Ilustra a trajetória da
ex-escrava Luísa Mahin, figu-
ra importante na Revolta dos
Malês, na Bahia, tida como
mãe do abolicionista Luiz Ga-
ma. Na obra, Luísa, também
conhecida como Kehinde, vol-
ta ao Brasil, cega, para procu-
rar o filho desaparecido.
A narrativa é centrada em Ke-
hinde, mas são muitos os per-
sonagens que dão vida à histó-
ria: 416, até o início do nono
capítulo, muitos deles inspira-
dos em pessoas reais.
“Quis contar principalmen-
te a história das mulheres, que
tiveram um papel importan-
tíssimo durante a escravidão.
Não se tem quase nada de in-
formações sobre elas, nem no
Brasil nem na África”, comen-
tou a autora em entrevista ao
Cinema Premiação
‘Sociedade da Neve’ entra na lista de
mais vitoriosos da história do Goya
Longa se tornou o
terceiro filme com mais
láureas em 38 edições
da competição e levou
categorias como
melhor filme e diretor
A Sociedade da Neve foi consagra-
do, no sábado, 10, como o tercei-
ro filme mais premiado do cine-
ma espanhol depois de vencer a
38.ª edição dos Prêmios Goya. A
Estadão em 2007, pouco de-
pois do lançamento do livro,
À época, Ana Maria Gonçal-
ves afirmou que não escreveu
a obra com a intenção de uma
adaptação cinematográfica no
futuro, mas como “um livro
que gostaria de ter lido sobre
todas aquelas histórias esque-
cidas e perdidas nos arquivos”.
“Há histórias comoventes de
mães que sacrificam os filhos
para que não passem por aqui-
lo que viveram”, disse.
Uma dessas histórias é a de
uma escrava impedida de
amamentar os filhos para dar
leite ao bebê da patroa. Tran-
cada em um quartinho após
desobedecer à ordem, ela e
as crianças passam a ser ali-
mentadas com apenas uma la-
ta de arroz por dia. A mulher,
então, enlouquece e estran-
gula os dois bebês, tentando
cortar o pescoço com a tam-
pa da lata. “É uma história
que li num jornal, como mui-
tas que estão no livro”, lem-
brou a escritora.
MOVIMENTOS. No argumento
para o enredo deste ano, a Por-
tela descreveu que a vida de
Luísa “poderia ser a história
da mãe de qualquer um de
nós, ou melhor dizendo, é a
história das negras mães de to-
dos nós”. “Precisamos não
apenas nos espelhar na histó-
ria, mas principalmente valori-
zar as descendentes desses
movimentos de coragem por
amor à continuidade”, argu-
mentou a escola a respeito do
tema. “Através de seu filho,
Luiz Gama, sonhamos com
uma carta em que o importan-
te abolicionista responde à
sua mãe sobre o legado da me-
superprodução sobre um aci-
dente de avião na Cordilheira
dos Andes levou 12 dos 13 prê-
mios que disputou, incluindo
melhor filme e diretor para
Juan Antonio Bayona.
“Passamos dez anos ouvin-
do pessoas nos dizendo que es-
se filme não era possível, que
um filme em espanhol não pode-
ria ser feito com esse nível de
ambição”, disse Bayona, que já
levou três Goyas como diretor,
Desfile da Portela na Marquês de Sapucaí na segunda, 12: enredo relembrou o escritor Luiz Gama
“Quis contar a história
das mulheres, que
tiveram um papel
importantíssimo
durante a escravidão”
Ana Maria Gonçalves
Autora, em entrevista ao
‘Estadão’ em 2007
“Não é somente a ficção,
mas é a história do Brasil.
A história das mulheres
negras brasileiras”
Iraneide Soares dos Santos
Presidente da ABPN
Um Defeito de Cor
Ana Maria Gonçalves
Editora: Record
952 págs., R$ 99,90 R$ 41,94 o e-book
mas nunca tinha visto um de
seus trabalhos reconhecidos co-
mo o melhor do ano. “Eles esta-
vam errados porque tem 150 mi-
lhões de telespectadores em to-
do o mundo. Um filme feito na
Espanha. Em espanhol.”
O filme, rodado entre Espa-
nha, Uruguai e Argentina e
que concorre ao Oscar de fil-
me estrangeiro, começou a
noite com 10 prêmios, inclu-
indo em todas as categorias
CULTURA&COMPORTAMENTO
mória que ela deixou: o livro.”
Ao Estadão, Iraneide Soa-
res da Silva, presidente da As-
sociação Brasileira de Pesqui-
sadores Negros (ABPN), ava-
lia que Um Defeito de Cor é um
livro que “ultrapassa a literatu-
ra”. “Não é somente a ficção
que está ali, mas é a história do
Brasil. A história das mulheres
negras brasileiras”, diz.
Ela considera que a escola
foi “muito feliz” com a escolha
e em levar o tema do antirracis-
mo para a Marquês de Sapucaí.
“Quando eu assisti ao desfile,
fiquei encantada, porque con-
segui ver a história que a gente
tem tentado contar e recontar
do Brasil”, comenta.
Para ela, Um Defeito de Cor
no carnaval significa a possi-
bilidade de fortalecer a revi-
são historiográfica do Brasil,
especialmente em relação às
mulheres negras. A importân-
cia de livros como o de Ana
Maria Gonçalves – Iraneide
também cita Quarto de Despe-
jo, de Carolina Maria de Je-
sus – é de aproximar o públi-
co do que já é pesquisado
acerca do antirracismo.
A pesquisadora pontua que
NETFLIX
Inspiração para o filme foi
acidente nos Andes em 1972
C3
PEDRO KIRILOS/ESTADÃO
não há como se imaginar o car-
naval sem pensar na participa-
ção negra no Brasil. Ela frisa,
porém, que em blocos e festas
tradicionais, como em Salva-
dor ou Olinda, não é possível
visualizar, de modo geral, os
negros usufruindo da data.
TRADIÇÃO. “As escolas de sam-
ba tradicionais, sobretudo do
Rio de Janeiro, são constituí-
das pela população negra, pe-
las comunidades, mas quem es-
tá dirigindo, muitas vezes, não
somos nós”, afirma. Para Ira-
neide, o carnaval tem sofrido
“apropriação”, mas, ao mesmo
tempo, não há como fugir de
temas da negritude.
“Essa tradição não tem co-
mo fugir da gente, da popula-
ção negra”, comenta. “Mas, a
gente precisa ter uma partici-
pação mais expressiva, sobre-
tudo em grandes blocos do
carnaval, que são privatiza-
dos. Neles, ainda estamos car-
regando carrinho e empurran-
do o carro.” l
ESTE CONTEÚDO FOI PRODUZIDO EM
PARCERIA COM A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE PESQUISADORES NEGROS (ABPN)
técnicas, desde som à direção
de arte, montagem, efeitos es-
peciais ou maquiagem e pen-
teado, cuja equipe também
disputará o Oscar.
“Acredito no cinema espa-
nhol e penso nessas pessoas
que estiveram na montanha, e
dadas como mortas no meio
do nada, e conseguiram sair
porque trabalharam juntas pa-
ra fazer o impossível. E essa é a
ideia que sempre quis da nossa
família no cinema espanhol:
juntos podemos conseguir o
que queremos”, acrescentou
Bayona, emocionado.
Apenas Mar Adentro, de
2004, com 14 Goyas, e Ay, Car-
mela!, de 1990, com 13, supera-
ram longa de Bayona. l AP
 QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
C4 CULTURA&COMPORTAMENTO O ESTADO DE S. PAULO

Horóscopo Ciência História cola de Darwin, revelando a

Quiroga Catálogo completo da

profundidade de suas leituras
desde a juventude. Registros
de leilões desempenharam pa-
oscar@quiroga.net
pel crucial na reconstrução da

Das cinzas surge o espírito
Data estelar: Lua Vazia das
7h20 até 12h03
ção para obter essa consciên-
cia, e a sintamos distante de
nossa efemeridade, pelo me-
nos por um instante nos con-
biblioteca de Charles história de certos itens, como
um artigo de 1826 de John Ja-
Darwin é digitalizado mes Audubon e um romance
de Elizabeth Gaskell, de 1880.
Antes desse levantamento,

A
inda que efêmeros e
não mais que poeira
diante das proporções
cósmicas em que nos
movimentamos e tentamos
ser, mesmo assim dancemos
com alegria e leveza enquan-
to buscamos o que também
nos busca, para que o infinite-
simal que nos sentimos se
conecte com o infinito que
pressentimos, e mesmo que a
eternidade seja a única condi-
ÁRIES 21-3 a 20-4
Para as pessoas traba-
lharem em conjunto e
cooperarem entre si é
preciso deixar de lado o velho e
conhecido egoísmo, que é tei-
moso o suficiente para parecer
que dá abertura, mas só para se
manifestar de outra maneira.
fortaremos com levitar no
infinito, que é nossa mais
real e verdadeira condição.
Se somos pó ou espírito
infinito é uma pergunta irrele-
vante, porque apesar de nos-
sas dúvidas, em alguns mo-
mentos se expressam ecos
cósmicos em nossas palavras,
ou nos espaços de silêncio
entre elas, e nesses instantes
das cinzas que somos surge o
espírito eterno. l
TOURO 21-4 a 20-5
Chegou a hora de você
impor sua autoridade,
mas esse movimento
precisa ser muito bem calcula-
do, para que não seja uma atitu-
de vazia, sem outro motivo dife-
rente que o de abaixar a bola das
outras pessoas. Conteúdo.
Site oferece detalhes
sobre milhares de
livros, periódicos e
documentos que
moldaram ideias
do naturalista
Em um feito inédito, o públi-
co agora tem acesso ao catá-
logo completo da biblioteca
pessoal de Charles Darwin,
que inclui desde estudos so-
bre porquinhos-da-índia
epilépticos até os romances
preferidos do cientista.
Quase duas décadas de in-
QUADRINHOS
Minduim Charles M. Schulz
vestigação meticulosa permi-
tiu localizar milhares de livros,
periódicos, panfletos e artigos
que constituíam a coleção do
naturalista. As informações
são do The Guardian.
John van Wyhe, líder do pro-
jeto, destacou a amplitude e di-
versidade das leituras de
Darwin, que abarcavam uma
variedade surpreendente de te-
mas. O catálogo de 300 pági-
nas, Darwin Online, enumera
7.400 títulos e 13 mil itens,
abrangendo jornais, panfletos
e críticas. Alguns desses mate-
riais remontam aos dias de es-
apenas 15% do conteúdo real
da biblioteca de Darwin era co-
nhecido. Mais da metade das
obras está em inglês, com o res-
tante em línguas como alemão,
francês e italiano, incluindo o
primeiro registro fotográfico
conhecido de bactérias.
Além de compilar os títulos,
o projeto traz links para cópias
gratuitas de 9.300 obras, reafir-
mando o impacto duradouro
de Darwin no entendimento
do mundo natural. A publica-
ção do catálogo coincide com
o aniversário de 215 anos de
Darwin, realçando a vastidão
de seu legado intelectual. l

GÊMEOS 21-5 a 20-6 CÂNCER 21-6 a 21-7

Diante de você há uma
bifurcação, e recai sobre
suas costas a responsa-
bilidade de fazer a melhor esco-
lha possível, a qual, teoricamen-
te sempre é bastante fácil, mas
de muito difícil prática. Tome
seu tempo para agir.
Há coisas que precisam
ser feitas, independente-
mente de você ter apre-
ço por elas ou não. A necessida-
de, e não o desejo, há de reger
nesta parte do caminho, porque
atuando assim você conseguirá
se livrar de muita coisa. Recruta Zero Mort Walker

LEÃO 22-7 a 22-8 VIRGEM 23-8 a 22-9

Nem tudo são elogios,
mas tampouco as críti-
cas devem pesar muito
nesta parte do caminho. Tenha
em mente que você está lidando
com pessoas difíceis, que se im-
portam muito em manter o do-
mínio sobre você e sobre tudo.
Muito provavelmente,
ao alcance de sua mão
se encontram todos os
ingredientes necessários para
construir o destino que sua alma
sonha, mas como também sonha
com que tudo se faça por si só,
Turma da Mônica Maurício de Sousa
passa tudo despercebido.

LIBRA 23-9 a 22-10 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11

O jogo é difícil, mas não
é impossível você obter
os resultados pretendi-
dos. Importante é que você man-
tenha a bola em jogo e que não
se importe com eventuais contra-
riedades, mas que siga em frente
com o sabor da vitória.
O futuro acena com
experiências formidá-
veis, mas para as des-
frutar você precisa se desape-
gar de como tudo foi sempre
feito, e se atrever a testar o
que, por enquanto, são meros O melhor de Calvin Bill Watterson
pressentimentos e sensações.

SAGITÁRIO 22-11 a 21-12 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

Pensamentos agita-
dos e febris não ajuda-
rão você a se esclare-
cer sobre os fatos que pertur-
bam sua alma. É preciso você
recuperar a serenidade da me-
lhor forma possível antes de
tomar qualquer decisão.
Agora é um daqueles
momentos em que, por
mais justas que sejam
as razões dos conflitos, ainda
assim melhor evitar as tensões,
porque as coisas podem rapida-
Frank & Ernest Bob Thaves
mente se descontrolar e isso
não seria bom para ninguém.

AQUÁRIO 21-1 a 19-2 PEIXES 20-2 a 20-3

Domine seus impulsos,
para não se precipitar
na direção de experiên-
cias que ainda não estão madu-
ras o suficiente para brindarem
com resultados positivos. Outor-
gue tempo ao tempo, nada preci-
sa ser urgente e de imediato.
Ainda que seja difícil
tomar as devidas inicia-
tivas, e ainda que você
se sinta completamente inca-
paz de seguir em frente, mes-
mo assim valerá a pena conti-
nuar tentando e tomando ini-
ciativas. Alguma vai dar certo. BEM PENSADO “Nosso século é de fuga, tempo de febre e esquecimento” Le Clézio
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
R
espondo sem medo de er-
ro, de cara limpa e sem
uísque: porque é uma fes-
ta recorrente e repetitiva
e, desse modo, reproduz as idas
e vindas ambíguas do País.
O carnaval está colado ao ca-
lendário católico e faz parte da
concepção de tempo do Brasil.
Um tempo cíclico, avesso à
transformação que, em cada mo-
vimento de mudança, se perso-
naliza e se reproduz, retomando
ou simplesmente reconstruin-
do o passado costumeiro. O car-
naval também redefine o espa-
ço, porque ele contemporiza a
hierarquia e instala um ambien-
te de escolhas individuais e gru-
pais que competem entre si sam-
SEG Simião Castro (quinzenal) l TER. Patrícia Ferraz l QUA. Roberto DaMatta l QUI. Luciana Garbin (quinzenal), Patricia Ferraz l SEX. Marcelo Rubens Paiva (quinzenal) e
Maria Fernanda Rodrigues l SAB. Alice Ferraz, Suzana Barelli, e Daniel Martins de Barros (quinzenal) l DOM. Leandro Karnal, Sérgio Augusto e Ignácio de Loyola Brandão (quinzenal)
CRUZADAS
SUDOKU
Roberto DaMatta
Por que carnaval e Brasil?
bando e cantando em desfiles
majoritariamente míticos. Na
de Momo, a rua selvagem vira
sala de visita. Transforma-se
num local de harmonia, deixan-
do de lado a casa com suas por-
tas e familismos.
Pessoas que se sabem “po-
bres” se destacam e viram o jo-
go, usando fantasias que contras-
tam com os papéis que ocupam
nas suas vidas diárias. As popula-
ções de bairros periféricos se
transformam em atores e desem-
penham um drama feliz, conta-
giante e, claro, fazendo sombra
às peripécias quase sempre legal-
mente absurdas dos políticos.
O carnaval e algumas festas
de santo são as únicas festivida-
NA WEB
NA WEB Jogue o sudoku
https://bit.ly/4bEkR5c
des nas quais o “Estado” e seus
“governos” desaparecem. É fes-
ta do povo enquanto povo...
Os “de baixo” transfor-
mam-se nos ícones de procis-
sões-desfile – e viram os san-
tos heróis míticos fantasiosos
que protegem nossas vidas do
“alto” onde vivem, engendran-
do sentimentos de identidade
e solidariedade entre camadas
que num passado recente e ain-
da vivo eram enjauladas como
senhores e escravos.
Essa liberdade festiva e apai-
xonada na sua sensual e sedu-
tora democracia, revela o talen-
to desprezado dos “pobres”.
Ela é espírito do carnaval e um
breve sonho brasileiro.
Jogue as cruzadas
https://bit.ly/49wHy9w
SOLUÇÕES
CULTURA&COMPORTAMENTO
É o fogo da nossa folia-loucu-
ra que ainda não sacou que o
mundo de ponta-cabeça é um
ato afim da tão prometida e
aguardada igualdade democráti-
ca. Ato que não deve vir de ne-
nhum “salvador-enterrador” pá-
trio, porque ele é do povo livre
na sua alegria modulada por
música e ritmo que afirma e cele-
bra o direito de “brincar”. Ou se-
ja: de viver uma igualdade mode-
rada e breve que, por isso mes-
mo, só pode acontecer neste
tempo de reversão e “pecado”
que anuncia a pobreza e a disci-
plina contida da Quaresma.
Tempo de a sociedade se redi-
mir de seus pecados. Quarta-fei-
ra de Cinzas, símbolo de culpa e
CRIPTOGRAMA E CAÇA-PALAVRAS Nesta seção, todos os dias, um jogo diferente para você
C5
arrependimento até a Páscoa.
Todo ritual orgiástico inver-
te o mundo. Se tivesse um pin-
go de componente político ex-
plícito seria revolucionário e re-
primido. Mas seu enredo não
fala em transformação social,
mas em reforço e alegria de per-
tencer a uma ordem humana
que se repete ousadamente so-
mente nas festas.
Tal como também se repete
e se satisfaz na política carnava-
lizada na qual até o passado é
desfeito. Essa região onde tudo
pode mudar e, para nossa vergo-
nha, nada muda. l
É ANTROPÓLOGO, ESCRITOR E AUTOR
DE ‘CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS’
C6 QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

A FUNDO AMBIENTE O ESTADO DE S. PAULO

MAPEAMENTO

Estudo analisou
dados sobre águas D
subterrâneas em A
diferentes partes do B
mundo. H C
Nível caiu em quase
metade das análises I
desde o ano 2000 F
E

Nível de água
subterrânea
BASEADO EM
MONITORAMENTO DE
DADOS DE POÇOS

BASEADO EM REVISÃO
DE LITERATURA

J
G

EM ALTA EM QUEDA

-0.50 -0.25 -010 0.10 0.25 0.50

DELGER ERDENESANAA
MIRA ROJANASAKUL
Investigação em 1.700 aquíferos concluiu que
THE NEW YORK TIMES

ma investigação em
só 7% tiveram aumento de nível em 20 anos
U 1.700 aquíferos em

Água subterrânea
mais de 40 países re-
velou que os níveis de água sub-
terrânea em quase metade de-
les caiu desde 2000. Só cerca
de 7% dos aquíferos inquiridos
registraram aumento dos ní-

some em metade
veis durante o período.
Os declínios foram mais evi-
dentes em regiões com clima
seco e muita terra cultivada pa-
ra a agricultura, incluindo o Va-
le Central da Califórnia e a re-
gião das Planícies Altas, nos Es-

dos reservatórios
tados Unidos. Foram encontra-
das ainda grandes áreas de
águas subterrâneas em queda
acentuada no Irã.
O estudo é um dos primei-
ros a compilar dados de poços
de monitoramento do mundo
todo para tentar construir Maior precisão
uma imagem global detalhada
dos níveis das águas subterrâ- Estudo é um dos primeiros a compilar dados de poços de monitoramento do
neas. “O declínio das águas mundo para ter imagem global detalhada dos níveis das águas subterrâneas
subterrâneas tem consequên-
cias”, afirmou Scott Jasechko,
professor-associado da Bren
School of Environmental
Science and Management da
Universidade da Califórnia,
em Santa Bárbara, principal au-
tor do estudo. “Essas conse-
quências podem incluir esva-
ziamento de riachos, afunda-
mento de terras, contamina-
ção de aquíferos costeiros pela
água do mar e secagem de po-
ços”, afirmou.
Segundo a pesquisa, os estu-
dos globais anteriores basea-
ram-se em observações de sa-
télite com resolução menos
precisa e em modelos que cal-
culam os níveis das águas sub-
terrâneas em vez de os medi-
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
O ESTADO DE S. PAULO
A B
E F
NATHAN WEYLAND/THE NEW YORK TIMES
Fora das cidades, a irrigação para a agricultura tende a ser a atividade que mais utiliza águas subterrâneas, conforme a investigação
rem diretamente.
A investigação, publicada
em 24 de janeiro na revista Na-
ture, confirma os declínios ge-
neralizados das águas subterrâ-
neas anteriormente encontra-
dos com satélites e modelos,
disse Marc Bierkens, profes-
sor de Hidrologia na Universi-
dade de Utrecht, que não este-
ve envolvido na investigação.
Segundo ele, o documento
também oferece novas desco-
bertas sobre os aquíferos em
recuperação.
Os pesquisadores compara-
ram os níveis de água de 2000
a 2020 com as tendências de
C D
G H
1980 a 2000 em cerca de 500
aquíferos. Esta comparação
com uma época anterior reve-
lou um quadro mais otimista
do que a simples análise dos
níveis de água desde 2000.
Em 30% do menor grupo de
aquíferos, os níveis das águas
subterrâneas baixaram mais ra-
pidamente desde 2000 do que
nas duas décadas anteriores.
Porém, em 20% desses aquífe-
ros, o declínio das águas sub-
terrâneas abrandou em compa-
ração com o que se verificava
anteriormente e, em outros
16%, as tendências inverte-
ram-se completamente e os ní-
I J
veis das águas subterrâneas es-
tão subindo.
OTIMISMO CAUTELOSO. As me-
lhorias estão acontecendo em
aquíferos de todo o mundo,
em locais tão diversos como a
Austrália, a China, a Arábia Sau-
dita, a África do Sul, a Espanha,
a Tailândia e os EUA. Estes
aquíferos são motivo para um
otimismo cauteloso, disse De-
bra Perrone, professora-asso-
ciada do Programa de Estudos
Ambientais da Universidade
da Califórnia em Santa Bárba-
ra e coautora da investigação.
“Podemos ser otimistas na
“As consequências
podem incluir
esvaziamento de
riachos, afundamento
de terras,
contaminação de
aquíferos costeiros
pela água do mar e
secagem de poços”
Scott Jasechko
Professor da Universidade da
Califórnia em Santa Bárbara e
principal autor do estudo
“Podemos ser otimistas
na medida em que em
mais de cem aquíferos o
declínio do nível das
águas subterrâneas
abrandou, parou ou
inverteu-se. E podemos
ser cautelosos na
medida em que os níveis
estão aumentando a
taxas muito inferiores
às do declínio”
Debra Perrone
Professora da Universidade da
Califórnia em Santa Bárbara e
coautora da investigação
medida em que os nossos da-
dos revelam mais de cem aquí-
feros onde o declínio do nível
das águas subterrâneas abran-
dou, parou ou inverteu-se.
Mas podemos ser cautelosos
na medida em que os níveis
das águas subterrâneas estão
aumentando a taxas muito in-
feriores às do declínio”, disse.
“É muito mais fácil piorar as
coisas do que melhorá-las.”
O estudo baseia-se em da-
dos de cerca de 170 mil poços
de monitoramento que agên-
cias governamentais e pesqui-
sadores utilizam para analisar
o nível do lençol freático.
A FUNDO C7
Uma investigação recente
do New York Times, que anali-
sou mais de 80 mil poços de
monitoramento nos EUA, en-
controu tendências muito se-
melhantes no país. As causas
do declínio das águas subterrâ-
neas diferem de local para lo-
cal. Algumas grandes cidades
dependem dessas águas para
uso doméstico. Fora das cida-
des, a irrigação para a agricultu-
ra tende a ser a atividade que
mais utiliza águas subterrâ-
neas. “Não me surpreenderia
se muitas das tendências a que
assistimos a nível mundial esti-
vessem, pelo menos em parte,
relacionadas com a agricultu-
ra irrigada alimentada por
águas subterrâneas”, afirmou
Jasechko.
CHUVA OU NEVE. Uma correla-
ção comum que os pesquisado-
res identificaram foi uma alte-
ração na quantidade de chuva
ou neve que cai sobre uma re-
gião. Em 80% dos aquíferos on-
de o declínio das águas subter-
râneas acelerou, a precipita-
ção também diminuiu durante
o período de 40 anos.
Quedas acentuadas
Declínios foram mais
evidentes em regiões
com clima seco e muito
cultivo de terra para
a agricultura
Nas áreas onde os aquíferos
estão se recuperando, as cau-
sas variam. Em locais como o
Vale Coachella, na Califórnia,
os governos criaram regula-
mentos e programas para redu-
zir a utilização das águas sub-
terrâneas. Em outros, incluin-
do várias zonas do sudoeste
dos Estados Unidos, as comu-
nidades estão desviando mais
água dos rios.
No Vale de Avra, no Arizona,
as autoridades estão recarre-
gando ativamente o seu aquífe-
ro com água do Rio Colorado,
uma massa de água que enfren-
ta pressões próprias. Na Espa-
nha, os gestores da água estão
recarregando o aquífero Los
Arenales utilizando uma com-
binação de água dos rios, águas
residuais recuperadas e escoa-
mento dos telhados.
Uma contribuição valiosa
desta nova investigação é a
identificação de distinções lo-
cais, onde os dados dos poços
no terreno divergem das ten-
dências regionais mais amplas
que os satélites podem identifi-
car, disse Donald John MacAl-
lister, hidrogeólogo do British
Geological Survey que anali-
sou o documento. “O que ouvi-
mos frequentemente é que o
declínio das águas subterrâ-
neas está acontecendo em to-
das as partes. Na verdade, o ce-
nário tem muito mais nuances
do que isso”, afirmou. “Precisa-
mos aprender lições de luga-
res onde as coisas são talvez
um pouco mais aceleradas.” l

C8 CULTURA&COMPORTAMENTO
Paladar Teste
Cor, textura,
dulçor, aroma e
gominhos: os
melhores sucos
de laranja
Júri provou às cegas
11 marcas; refrescos,
néctares e versões
adicionadas de açúcar
e conservantes
ficaram de fora
DANIELLE NAGASE
A praticidade cobra um preço
alto quando o assunto é suco
de laranja. Optar por uma ver-
são comprada pronta no mer-
cado, em vez de fazer um suco
fresquinho na hora, pode amar-
gar a sua experiência, literal-
mente. Mais do que outras fru-
tas, a laranja sente o passar do
tempo e, aparentemente, até a
indústria pena para evitar a oxi-
dação e fermentação do produ-
to. Por isso, é tão difícil encon-
trar um suco de laranja indus-
trializado que não seja amargo
nem tenha aquele cheirinho in-
desejado de fruta passada.
Em socorro aos consumido-
res que não têm tempo nem
disposição para espremer
meia dúzia de laranjas toda vez
que bate a vontade de tomar
um suco, o Paladar organizou
um teste com opções de suco
100% laranja encontradas no
Outras marcas avaliadas
l Campo Largo
O amargor acentuado foi o
grande responsável por tirar a
amostra do páreo. No mais, o
suco “fugiu dos erros”, como
pontuou um jurado. Apresen-
tou cor alaranjada, parecida
com a de um suco natural, tex-
tura homogênea e aroma agra-
dável (R$ 11,99; 900 ml).
l Del Valle 100%
Não fosse o aroma artificial e
o leve amargor que deu as ca-
ras no final da degustação, a
amostra poderia ter conquis-
tado um lugar mais alto no
ranking. Além da boa aparên-
cia, homogênea e brilhante, o
suco apresentou acidez e dul-
çor na medida (R$ 11,75, 1l).
l Do Bem
Apesar do bom aspecto vi-
mercado. Com esse recorte, fi-
caram de fora da avaliação os
refrescos (que têm, em volu-
me, ao menos 30% de suco na-
tural) e os néctares (com 50%
de suco natural), além de ver-
sões adicionadas de açúcar,
conservantes e outros ingre-
dientes artificiais.
Alternativas adoçadas com
suco de maçã também ficaram
de fora. Na seleção, portanto,
entraram apenas opções inte-
grais (sem adição de água ou
qualquer outra coisa), concen-
tradas (quando o suco é par-
cialmente desidratado) e re-
constituídas (quando se adi-
ciona água à versão concentra-
da) com, no máximo, acidulan-
te ácido cítrico, vitamina C e
aroma natural somados à enxu-
ta lista de ingredientes.
A convite do Paladar, o júri
avaliou às cegas 11 mostras.
Participaram do teste Mario
Panezo, chef do restaurante
Feriae; Nicholas Fullen, sócio
do Locale Caffè; Rachel Loui-
se, bartender do Tuju; Ricar-
do Takahashi, bartender do
Beef Bar; e Ygor Lopes, chef
do AE Café. Aspecto visual,
aroma e sabor estavam em jo-
go na degustação; confira os
resultados a seguir. l
sual, na boca, o suco da marca
não passou pelo paladar crítico
dos jurados. Eles reclamaram
do corpo denso da bebida, do
aroma de fruta levemente pas-
sada, além da acidez e amargor
intensos, que arruinaram a ex-
periência (R$ 11,98, 1l).
l Laranja Legal
Por não ser pasteurizado e não
ter conservantes, o suco de la-
ranja da marca é distribuído
congelado e há toda uma carti-
lha de descongelamento para
preservar suas características.
Na prova, o excesso de sedimen-
tos, que não sumiram após agi-
tação da garrafa, causou má im-
pressão nos jurados. “Parece
um líquido talhado.” A amostra
em questão, vale dizer, foi ad-
quirida no mercado já descon-
gelada, mas dentro do prazo
Para especialistas, oxidação é o grande desafio à qualidade
estipulado de cinco dias para o
consumo (R$ 21,69; 1l).
l Natural One
Denso, ácido, amargo, artificial.
Não houve quesito que salvasse
o desempenho dessa amostra
na degustação. “Nem parece
laranja”, reclamou um jurado
(R$ 12,99; 900 ml).
l Tial 100%
Por pouco, o suco da marca
não conquistou um lugar no
pódio e a culpa foi, especialmen-
te, da acidez elevada, que domi-
nou o sabor, e do aroma leve-
mente lácteo detectado por par-
te dos jurados (R$ 9,19; 1l).
l Tropisuco
“Agite antes de beber”, orienta
o rótulo. E, assim, deu-se o de-
sarranjo. Tão logo a tampa foi
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
FOTOS LEO MARTINS/ESTADÃO
aberta, o suco, aparentemen-
te fermentado, fez aquele
“tssss” característico de bebi-
das gaseificadas e transbor-
dou. Suspeita-se que a amos-
tra (que estava dentro do pra-
zo de validade e foi mantida
em geladeira após a compra)
tenha sofrido com problemas
de armazenamento no merca-
do, prejudicando a avaliação
(R$ 13,99; 900 ml).
l Xandô
O sabor suave, com acidez
controlada e dulçor na medi-
da certa, quase foi suficiente
para colocar o suco integral
da marca no pódio. O proble-
ma é que o retrogosto um
pouco amargo e o leve aro-
ma de fruta passada foram
percebidos pelos jurados
(R$ 10,98, 900 ml).
O ESTADO DE S. PAULO
As melhores marcas
1.º Fazenda
Bela Vista
“De tudo o que provamos,
esse é o que mais lembra
um suco natural de laranja
espremido em casa”, defi-
niu um jurado. Não à toa,
a amostra conquistou o
primeiro lugar no pódio da
degustação e, com isso,
arrematou o cobiçado selo
Paladar. Culpa de sua boa
aparência, do aroma agra-
dável, da acidez e do dul-
çor na medida certa –
além do amargor quase
inexistente, que não chega
a atrapalhar o sabor.
(R$ 12,49; 900 ml)
2.º OQ
O equilíbrio entre acidez,
dulçor e amargor garantiu
à amostra do suco da OQ –
que também apresentou
boa aparência e textura em
boca – o segundo lugar no
pódio da degustação. “Lem-
bra suco de laranja feito
em casa”, afirmou um jura-
do. “Compraria tranquila-
mente para consumo pró-
prio”, admitiu outro.
(R$ 13,99; 1l)
3.º Pratis
A textura com gominhos
conquistou o coração dos
jurados, é verdade, mas a
amostra também se saiu
bem em outros aspectos
e, por isso, conquistou a
terceira colocação no
pódio. Além da cor, que
condiz com a de um suco
natural, a bebida tem sa-
bor agradável, com acidez
e dulçor na medida. Per-
deu alguns pontinhos pelo
leve aroma de fruta um
pouco passada.
(R$ 12,98; 900 ml)
 D1
JORNAL
DO CARRO
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024 l ANO 42 l Nº 2111 O ESTADO DE S. PAULO JC
Avaliação

Novo Mercedes-Benz Classe E tem

sistema híbrido leve e muito luxo
Oferecida no Brasil em versão única, 300 Exclusive, 11ª geração do sedã alemão
tem motor 2.0 turbo de 258 cv, ‘booster’ que garante 23 cv e várias soluções eletrônicas
FOTOS: MERCEDES-BENZ

THAIS VILLAÇA
ESPECIAL PARA O JORNAL DO CARRO

A Mercedes-Benz traz ao Bra-

sil a 11ª geração do Classe E.
Com mais de 75 anos de histó-
ria, o sedã médio-grande de lu-
xo é o primeiro de 15 lançamen-
tos que a marca alemã prome-
te fazer no mercado brasileiro
ao longo de 2024. Disponível
em versão única, E 300 Exclusi-
ve, o modelo tem preço sugeri-
do de R$ 639.900.
O novo Classe E 300 Exclusi-
ve tem sistema híbrido leve,
que une motor 2.0 de quatro
cilindros a gasolina, com po-
tência de 258 cv e torque de
40,8 mkgf. O conjunto elétrico
garante outros 23 cv, disponí-
veis para situações como reto-
madas de velocidade e ultra-
passagens, por exemplo.
Completa o trem de força o
câmbio automático de nove ve-
locidades. Conforme a Merce-
des-Benz, o sedã pode acelerar
de 0 a 100 km/h em 6,3 segun-
dos e chegar a 250 km/h – essa
velocidade máxima é limitada
eletronicamente.
De série, o sedã tem suspen-
são a ar com ajuste de altura,
além de esterçamento das ro-
das do eixo traseiro em até
4,5°. Essa solução aumenta sig-
nificativamente a estabilidade
do carro em curvas.
Embora mantenha o DNA
das gerações anteriores, o no-
vo Classe E incorpora as atuali-
zações visuais feitas nos de-
mais carros da marca. Por
exemplo, há novos vincos no
capô, que dão um ar esportivo
à dianteira, e elementos croma-
dos, que remetem ao luxo.
A grade tridimensional in-
corpora sensores dos assisten-
tes de condução, bem como câ-
meras e radares. O destaque
na dianteira é a estrela de três
pontas no capô, que ressurge
após anos fora de cena. Por
fim, as rodas de 20 polegadas
raiadas arrematam o estilo
atemporal do Classe E.
Na cabine, o acabamento é
caprichado e elegante e há vá-
rias soluções eletrônicas mo-
dernas. É o caso do MBUX Su-
perscreen, sistema que integra
em uma peça única a central
multimídia, com tela de 14,4
Símbolo da
marca, estrela
sobre o capô
está de volta
polegadas, e outra de 12,3” pa-
Ficha técnica
ra o passageiro da dianteira.
Por meio dela é possível con-
trolar funções como as do sis-
l Mercedes-Benz E 300 tema de som. O painel de ins-
trumentos também é uma tela,
Preço sugerido R$ 639.900 com sistema 3D de 12,3”.
Motor 2.0, 4 cil., 16V, turbo, gas. O som da marca Burmester
Potência 258 cv a 5.800 rpm tem 17 alto-falantes e 730W de
Torque 40,8 mkgf a 3.200 rpm potência. Há, ainda, navega-
Câmbio Automático, 9 m. dor com informações de tráfe-
Comprimento 4,95 metros go em tempo real, revestimen-
Largura 1,95 metro tos de couro Nappa, assistente
Entre-eixos 2,93 metros de manobras de estacionamen-
Porta-malas 540 litros to e câmeras de 360 graus.
FONTE: MERCEDES-BENZ Na cabine, painel digital tem 12,3” e há duas telas de 14,4” e 12,3” Uma câmera no painel, cha-
mada de selfie, permite que os
ocupantes tirem fotos e façam
vídeos quando o carro estiver
Prós & contras
parado. Por fim, há sete recur-
sos de condução semiautôno-
ma, como ACC, frenagem de
l Desempenho emergência, alerta de ponto ce-
Posição de dirigir go e assistente de permanên-
agrada, há boas cia na faixa de rolagem.
soluções de tecnologia e Nosso contato com o novo
segurança e respostas do sedã foi limitado a 15 minutos.
motor são vigorosas; Porém, deu para sentir como
ele responde bem aos coman-
l Posicionamento dos do acelerador e seu bom
Preço é maior que nível de conforto, a despeito
o de rivais e ajuste do ajuste firme da suspensão.
da suspensão poderia ser A posição de guiar é excelente,
mais voltado ao conforto. Rodas raiadas dão charme ao sedã e porta-malas tem 540 litros assim como a visibilidade. l

D2 JORNAL DO CARRO
HONDA
1 versão única;
Mercado
CR-V híbrido, Kardian e Titano
estreiam no primeiro trimestre
Nova versão do SUV primeiro trimestre de 2024: a tor 2.0 a gasolina de ciclo Atkin-
da Honda e modelos versão híbrida do SUV médio son e dois elétricos, sendo um
Honda CR-V e os inéditos SUV gerador de energia e o outro
inéditos de Renault compacto Renault Kardian e a para tracionar o carro. Juntos,
e Fiat estão entre picape média Fiat Titano. A pri- geram potência de 207 cv e tor-
os mais de 30 carros meira virá da Tailândia e as ou- que de 34,1 mkgf.
que chegam em 2024 tras serão fabricadas no Brasil. O conjunto garante autono-
Embora a Honda não confir- mia superior a 82 km no modo
me, o SUV deve vir ao País em 100% elétrico. A tração é nas
TIÃO OLIVEIRA versão única, Touring. A sexta quatro rodas e, ao menos por
geração do CR-V traz o mesmo ora, não há informações sobre
Ao menos três novidades che- conjunto híbrido dos novos se- desempenho. O preço deverá
gam ao mercado brasileiro no dãs Accord e Civic. Ou seja, mo- ficar acima dos R$ 300 mil.
l POLO MAIS ECONÔMICO. A tabela
2024 do Programa Brasileiro
de Etiquetagem Veicular, do
Inmetro, revela que o Volkswa-
gen Polo ficou mais econômi-
co nas versões Track e MPI.
Ambas, aliás, têm motor 1.0 de
MIN. IND. E TEC. DA INFORMAÇÃO DA CHINA
três cilindros flexível de 84 cv
de potência e 10,4 mkgf de tor-
que, com etanol, e câmbio ma-
nual de cinco marchas. A mar-
ca não informou se o hatch re-
cebeu atualizações no trem de
força. Segundo o Inmetro, a
melhora foi de 0,2 km/l na cida-
de e 0,3 km/l na estrada. Ou
seja, com um litro de etanol o
hatch pode rodar, em média,
BYD Seal 06 é sedã híbrido 9,4 km na cidade e 10,8 km na
estrada. Com gasolina, as mé-
plug-in que deve vir ao País dias são de, respectiva-
mente, 13,5 km/l e
15,2 km/l.
BYD vai lançar em breve, no mercado chinês,
A
Agora, sua
o Seal 06, sedã híbrido plug-in (com baterias nota é “A” no
que podem ser recarregadas em tomadas). O segmento e
carro teve imagens reveladas pelo Ministério “B” na lista-
gem geral.
da Indústria e Tecnologia da Informação da China. A
novidade é similar ao Seal EV, sedã elétrico vendido
no Brasil. Serão duas opções de trem de força, com l SPIN 2024
motor 1.5 a gasolina e outro elétrico e até 218 cv. É TEM DESCONTÃO. Com a proxi-
grande a chance de o modelo também vir ao País. l midade da estreia da linha
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
2
Da Renault, o Kardian será o
lançamento mais importante
do ano no Brasil. Inédito, o pri-
meiro carro de uma nova linha
de produtos da marca, o SUV
compacto será feito em São Jo-
sé dos Pinhais, no Paraná.
Entre os destaques está o
também inédito motor 1.0 tur-
bo flexível com injeção direta,
que é produzido no planta pa-
ranaense. O três-cilindros ge-
ra até 125 cv e 22,4 mkgf, com
2025, que recebeu várias atuali-
zações, as versões 2024 da mi-
nivan Spin podem ser encon-
tradas com descontos nas con-
cessionárias Chevrolet. O aba-
timento chega a R$ 12 mil. Vale
lembrar que os bônus são ofe-
recidos pelas lojas e, portanto,
variam também de acordo
com a região. Entre as ofertas,
a versão Premier pode sair por
R$ 126.480, por exemplo, e a
Activ7, para sete pessoas, por
R$ 129.220. A mecânica da li-
nha 2024 foi mantida na 2025.
Ou seja, o motor é o 1.8 de qua-
tro cilindros, flexível, que gera
DIOGO DE OLIVEIRA/ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO
RENAULT
1. CR-V terá
2. Kardian
trará 1.0 flex
de 125 cv;
3. Titano será
rival de Hilux,
S10 e Ranger
FIAT
etanol. O câmbio será automa-
tizado de dupla embreagem e
seis marchas. O preço deve va-
riar de R$ 110 mil a R$ 130 mil.
FIAT TITANO. Primeira picape
média da Fiat, a Titano é basea-
da na Peugeot Landtrek, vai
ser feita no Uruguai e já está à
venda na Argélia. Será rival de
Toyota Hilux, Ford Ranger e
Chevrolet S10, por exemplo.
A Titano tem 5,33 metros de
comprimento, 1,92 m de largu-
ra e 3,18 m de distância entre
os eixos. A capacidade de carga
varia de 1.020 kg a 1.100 kg, de
acordo com a configuração.
O motor deve ser o 2.2 turbo-
diesel de 200 cv e 45,9 mkgf,
haverá câmbio manual e auto-
mático – de seis marchas – e
tração 4x2 e 4x4. O preço parti-
rá de menos de R$ 300 mil. l
até 111 cv e 17,7 mkgf, com eta-
nol. O câmbio é automático de
sete velocidades.
l KWID ELÉTRICO MAIS BARATO. A
Renault reduziu o preço sugeri-
do do Kwid E-Tech (abaixo),
versão elétrica de seu modelo
de entrada, para R$ 99.990.
Com isso, o hatch feito na Chi-
na passa a ser o carro elétrico
mais barato do Brasil. Na com-
paração com a tabela divulga-
da pela marca em agosto de
2023, o preço baixou R$ 50 mil,
o que equivale a uma redu-
ção de mais de 33%.
Primeiro elétrico
disponível no
País com tabela
abaixo de R$
100 mil, o Kwid
E-Tech ficou
R$ 27 mil mais
barato que o
também chi-
nês JAC E-JS1. A
estratégia da Renault po-
de estar relacionada à vinda do
BYD Dolphin Mini, que deve
chegar nas próximas semanas
por cerca de R$ 100 mil.
D7 Francisco D3
MOBILIDADE
M
Christovam
Transporte
público deve
ter foco nas QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024 O ESTADO DE S. PAULO
eleições
EDIÇÃO ESPECIAL

Inovação

Mercedes-Benz lança serviço de

locação de caminhões no Brasil
Novidade da marca no País, aluguel inclui modelos rodoviários e urbanos, como
Accelo, Atego e Actros; modalidade é boa opção para renovação ou ampliação da frota

ANDREA RAMOS/ESTADÃO

ANDREA RAMOS
ESTRADÃO

A Mercedes-Benz acaba de lan-

çar um serviço chamado Merce-
des-Benz Locações Cami-
nhões e Ônibus no Brasil, que
chega ao País por meio da
Daimler Truck Financial Servi-
ces , braço financeiro do Grupo
Daimler. A informação foi ante-
cipada pelo Estradão no dia 22
de janeiro. Por ora, a locação
está disponível para os cami-
nhões rodoviários e urbanos
da marca, como os modelos Ac-
celo, Atego e Actros.
Segundo a head da Daimler
Truck Locações e Serviços,
Cristina Rensi, em um segun-
do momento a oferta incluirá
os demais veículos da marca
alemã. Nesse caso, ela se refe-
re aos caminhões fora de estra-
da e vocacionais, bem como
ônibus. Assim, vai incluir tam-
bém a versão elétrica eO500U.

IMPLEMENTOS. De acordo com

a Mercedes-Benz, o serviço de
locação não ficará restrito aos
caminhões e ônibus. Ou seja, o
interessado poderá também
alugar implementos rodoviá-
rios. Portanto, o conjunto com-
pleto. Da mesma forma, será
possível incluir no pacote ser-
viços de manutenção, seguro,
gerenciamento de frota, docu-
mentação e até mesmo even-
tuais multas.
Conforme a marca, por ora
não há parceria com nenhuma
fabricante de implementos. As-
sim, o locador poderá optar pe-
la marca e modelo que desejar.
Após definir suas preferências,
a Mercedes-Benz Locações po-
de buscar as melhores opções
disponíveis no mercado.
A contratação do novo ser-
viço já pode ser feita em qual-
quer das 180 concessionárias
da marca no Brasil. Porém, só
está disponível para quem
precisa alugar, no mínimo,
três caminhões. De acordo
Por enquanto, marca deve iniciar as operações com 100 veículos; até o final do ano, mais 100 podem ser incluídos no serviço
“Locação de caminhão é
uma boa oportunidade
para o cliente testar se
vale fazer a gestão pela
própria empresa ou
se é melhor deixar
para a locadora”
Cristina Henzi
Head da Daimler Truck
Locações e Serviços
com a empresa, os contratos
de locação têm prazos de 36,
48 e 60 meses.
APOSTA NO CRESCIMENTO. Se-
gundo a Mercedes-Benz, a lo-
cação representa apenas 2%
do mercado de veículos comer-
ciais no Brasil. Para compara-
ção, nos Estados Unidos o seg-
mento é responsável por entre
25% e 30% do mercado.
Atualmente, marcas como
Volkswagen Caminhões e Ôni-
bus, Scania e Volvo já operam
no setor no País. Além das fa-
bricantes, há a locadora Va-
mos, uma das maiores empre-
sas do segmento.
Embora a Mercedes-Benz es-
teja lançando o serviço no País
agora, nos EUA e na Europa a
empresa oferece a modalidade
há quase 30 anos. A locação é
uma alternativa para renovar e
ampliar a frota sem necessida-
de grandes investimentos. Afi-
nal, com a mudança das regras
de emissões, os caminhões fi-
caram até 30% mais caros.
Além disso, os modelos a gás
e elétricos também são muito
caros. Assim, dependendo do ti-
po de operação do cliente, pode
fazer mais sentido a locação.
"Uma nova tecnologia gera mui-
tas incertezas. Uma delas é com
relação à revenda. No caso dos
elétricos, como fica o valor resi-
dual das baterias? A locação é
uma boa porta de entrada e
oportunidade para o cliente tes-
tar se vale fazer a gestão pela
própria empresa ou se é mais
indicado a locadora se responsa-
bilizar por esse trabalho.”
Seja como for, Rensi diz ain-
da que o negócio de locação de
veículos comerciais vai evo-
luir. "Há inúmeras vantagens
para os clientes. Entre elas, a
obtenção de benefícios fiscais,
a não preocupação com a reno-
vação da frota e revenda dos
veículos”, lembra.
Nesse sentido, ao final do
contrato da locação, os cami-
nhões voltam para a Merce-
des-Benz. Precisamente para
serem revendidos pela Selec-
Trucks, loja de seminovos e
usados da marca da estrela.
Para este ano, a Mercedes-
Benz estima atender uma de-
manda de mercado com 200
caminhões. Por ora, porém, a
marca inicia as operações com
100 unidades. l
NA WEB
Para ter acesso a outras notícias
sobre o mercado de pesados, acesse:
estradao.estadao.com.br

Logística __ D4 Sustentabilidade __ D6 Descarbonização __ D8

Reaproveitamento Empresas turísticas PepsiCo investe
de contêineres oferecem bicicletas em caminhão 100%
ADOBE STOCK
aumenta eficiência elétricas a hóspedes MARIO PINTO/PEPSICO
elétrico da Scania

D4 MOBILIDADE
Contêiner
parado no
porto é
prejuízo
certo
Frotas&Logística
Reaproveitar
contêiner gera
até 40% de
economia na
exportação
Unir operação com
importação evita que
o equipamento retorne
vazio para o porto, o
que pode dobrar a
eficiência logística
REDAÇÃO MOBILIDADE
Contêiner que viaja vazio repre-
senta prejuízo. Após uma entre-
ga, se o equipamento volta des-
carregado alguém está pagando
pelo combustível do caminhão,
diária do motorista, pedágios
etc. É como se um taxista levas-
se um passageiro até um desti-
no distante e não conseguisse
nenhum cliente para a volta.
Nessa hipótese, parte do lucro
vai embora. No caso de contêi-
ner, a perda é muito maior, por-
que envolve trajetos maiores,
especialmente levando-se em
conta as dimensões do Brasil.
O problema, porém, está
sendo contornado pela Asia
Shipping, multinacional brasi-
leira que faz intermediação de
cargas. Ao combinar opera-
ções de importadores com ex-
portadores, a economia no fre-
te de retorno (exportação) po-
de chegar a 40%, sem contar
outras vantagens, já que o ex-
portador não precisa ir buscar
contêiner no porto de Santos,
por exemplo. Dessa forma,
com contêineres carregados
em ambas as operações (im-
portação e exportação), a ope-
ração dobra a eficiência.
“Nosso trabalho é literal-
mente ligar pontos”, resume
Greisson Ribeiro, gerente da
empresa de logística na região
Sul. Um dos exemplos dessa
união vem ocorrendo no Triân-
gulo Mineiro. A companhia le-
va contêineres carregados de
itens automotivos que são im-
portados por duas montado-
ras de automóveis instaladas
na região Centro-Oeste. Em-
bora ele não revele o nome das
empresas, a região tem fábri-
cas da Caoa (que produz mode-
los da Chery e da Hyundai, em
Anápolis) e da Mitsubishi (em
Catalão), ambas em Goiás.
Após descarregar os compo-
nentes automotivos, os contêi-
neres não voltam ao Porto de
Santos vazios. Para se ter uma
ideia, 665 km de distância sepa-
ram Uberlândia (MG) e San-
tos (SP), o que representa um
dia de viagem de caminhão.
Em vez de realizar o trajeto
sem carga, há um ano os equi-
pamentos fazem escala em Ara-
guari, também no Triângulo
Mineiro, onde recebem carga
de soja na CJ Selecta, uma das
maiores exportadoras de pro-
dutos derivados de soja.
De acordo com Ribeiro,
práticas como essa ainda não
são muito comuns, porque há
a necessidade de casar as ope-
rações do importador com o
exportador. O executivo diz
que alguns fatores são essen-
ciais para que essa conjunção
ocorra. Um deles é o volume
de operações tanto de importa-
ção como de exportação na
mesma região.
O fato de a CJ Selecta ter
sede em Uberlândia e unidade
industrial em Araguari, não
muito distante das plantas das
duas montadoras de automó-
veis locais, foi fundamental. A
operação de importação das
duas empresas resulta em um
grande estoque de contêine-
res na importação, que são
aproveitados pela exportação.
“A quantidade de
contêineres recusados
é mínima devido
à qualidade dos
equipamentos liberados
para o cliente
automotivo”
Greisson Ribeiro
Gerente da Asia Shipping,
empresa de logística
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
A CJ Selecta movimenta cerca
de 4 mil contêineres por ano.
“Dessa forma, o exportador
não precisa ir a Santos buscar
o equipamento”, diz Ribeiro,
acrescentando que há um gar-
galo na logística gerado pela
falta de contêineres em deter-
minados períodos do ano. “En-
contrar contêiner vazio e de
boa qualidade é difícil.”
CONTÊINER NOVO. A qualidade
do equipamento também é um
componente importante. O exe-
cutivo informa que, por se tra-
tar de carga automotiva, “obri-
gatoriamente” os contêineres
vêm em bom estado, o que facili-
ta o atendimento na operação
de exportação da indústria ali-
mentícia, caso da CJ Selecta.
Ribeiro diz que, para o se-
tor automotivo, os equipamen-
tos que os armadores (opera-
dores ou donos dos navios) li-
beram são novos, não têm
odor e não precisam passar
por lavagem. “O cliente econo-
miza nisso”, diz. Com essas ca-
racterísticas, eles são aptos a
receber a soja a ser exportada.
Para alimentos, Ribeiro diz
que o contêiner tem de estar
limpo, não pode ter odor e tem
de ter aparência de novo.
De acordo com o executivo,
a Asia Shipping conseguiu se es-
pecializar nesse tipo de opera-
ção. “No nosso dia a dia, a quan-
tidade de contêineres recusa-
dos é mínima, devido à qualida-
de dos equipamentos liberados
para o cliente automotivo.”
Além da economia, Ribeiro
diz que o ganho para o cliente
vai muito além do frete. “Não
ter de ir a Santos (ao porto)
buscar contêiner não tem pre-
ço. O exportador pode perder
uma venda, um embarque, o
faturamento do mês”, afirma,
O ESTADO DE S. PAULO
ADOBE STOCK
referindo-se à dificuldade de
encontrar equipamento dispo-
nível, dependendo do momen-
to. Ele acrescenta que a Asia
Shipping garante a qualidade
do equipamento. “Fazemos a
gestão dos contêineres e o in-
ventário para o cliente.”
De acordo com ele, após
uma viagem de 38 dias entre os
portos de Xangai, na China, e
Santos, no Brasil, em mais três
ou quatro dias a carga está na
planta do importador, em Goi-
ás. “O desembaraço da carga é
rápido quando se trata de (e-
quipamento) automotivo”,
diz. Com o contêiner liberado,
ele é destinado para a próxima
etapa, nas instalações do ex-
portador, que consiste na “es-
Gargalo no setor
Em alguns períodos do ano
as empresas de logística
não encontram contêiner
vazio e de boa qualidade
tufagem” – o carregamento do
contêiner, geralmente em
bags, grandes sacos onde é ar-
mazenada a soja. “Disponibili-
zamos até os lacres”, diz, refe-
rindo-se à trava que garante a
inviolabilidade da carga duran-
te o transporte. Ele acrescenta
que cada contêiner pode levar
até 26 toneladas.
Depois da soja, o executivo
informa que está expandindo
as operações para o açúcar. E,
além do Triângulo Mineiro,
ele diz que está também alcan-
çando regiões como Rondonó-
polis, em Mato Grosso. l
NA WEB
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referentes a frotas e logística, acesse:
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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024 MOBILIDADE D5

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disponíveis no website hyundai.com.br, assim como no Manual do Proprietário. O Hyundai HB20 e Creta estão em conformidade com o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE. As
informações e ilustrações se baseiam nos dados disponíveis no momento da publicação e estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As condições podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. Hyundai CRETA
foi o SUV com maior número de emplacamentos para a venda varejo de janeiro a dezembro/2023, totalizando 58.081 unidades, de acordo com a Fenabrave (página 30 do informativo de emplacamentos). As ofertas de bônus
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D6 MOBILIDADE
Mobilidade limpa
Empresas de turismo sustentável
oferecem bicicletas elétricas
Veículo versátil e
eficiente garante
diversas opções de
lazer a hóspedes
em diferentes
terrenos e regiões
ERICK SOUZA
Hotéis de turismo sustentável
estão apostando nas bikes elé-
tricas como atrativo de hospe-
dagem. Estudo feito em 2022
pela Booking.com aponta que
93% dos viajantes brasileiros
pretendem se hospedar em um
estabelecimento sustentável
pelo menos uma vez.
A versatilidade das e-bikes
pode permitir experiências
únicas em conhecidos desti-
nos turísticos, por oferecer
um meio de transporte ecológi-
co e potente. Elas permitem
também novos itinerários,
mais longos que os feitos com
bikes convencionais, possibili-
tando maneiras diferentes de
Bicicletas elétricas podem ser alternativas interessantes para diversos tipos de passeios e terrenos
explorar os mais variados ter-
renos. Modelos como as mou-
tain bikes, construídas para
terrenos difíceis e pouco urba-
nos, podem ser atrativos para
quem procura aventura.
“As e-bikes estão impactando
de forma positiva nossa realida-
de, tanto em relação ao meio am-
biente quanto na saúde das pes-
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
ADOBE STOCK
soas”, afirma Tiago Sangeon,
head de operações da E-Moving,
startup de soluções em mobili-
dade urbana. Segundo ele, os ho-
téis que oferecem esses serviços
O ESTADO DE S. PAULO
mostram ser possível levar um
estilo de vida mais saudável no
retorno à cidade dos viajantes,
estimulando, assim, a prática.
A E-Moving, empresa especia-
lizada em soluções de mobilida-
de urbana aliada à tecnologia,
presta um serviço de assinatura
mensal de bikes elétricas para al-
guns hotéis. A empresa oferece
bikes para turismo sustentável
nas cidades de Gramado (RS),
Foz do Iguaçu (PR), Natal (RN)
e Porto de Galinhas (PE).
Onde há e-bikes
Hotéis em Gramado (RS),
Foz do Iguaçu (PR), Natal
(RN) e Porto de Galinhas (PE)
oferecem as bicicletas
SEM CUSTO. Em maio de 2023, o
hotel Wish Serrano de Grama-
do, no Rio Grande do Sul, fe-
chou uma parceria com a E-
Moving para oferecer e-bikes
aos hóspedes. O acesso às bici-
cletas elétricas não tem ne-
nhum custo adicional para o
hóspede. Já para o estabeleci-
mento, o aluguel também in-
clui as manutenções dos veícu-
los, que ficam sob a responsa-
bilidade da empresa. l
NA WEB
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QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024

O ESTADO DE S. PAULO MOBILIDADE D7

Francisco Christovam
Compromisso com o transporte urbano
este ano, os 5.568 muni- tacar que o transporte público sageiro; na concessão de subsí- clusive, o acesso aos demais

N
cípios brasileiros terão
eleições municipais pa-
ra a escolha dos prefei-
tos e prefeitas bem como dos
vereadores e vereadoras que de-
verão conduzir o destino de
suas cidades entre 2025 e 2028.
Nos meses que antecedem
as eleições, equipes dos candi-
datos de todos os partidos tra-
balham na elaboração de pro-
gramas de governo ou de uma
lista de propostas e projetos
que irá embasar a discussão
com os eleitores, e para a reali-
zação de comícios e debates or-
ganizados, normalmente, pe-
los jornais ou pelas emissoras
de rádio e de televisão locais.
Tradicionalmente, serviços
públicos, emprego e zeladoria
são os temas que mais interes-
sam aos eleitores. E, por isso,
acabam recebendo maior aten-
ção por parte dos candidatos.
O transporte coletivo urba-
no, mesmo sendo um serviço
público essencial, estratégico e
fundamental para o desenvolvi-
é, também, um dever do Esta-
do e um direito social, como
educação, saúde, alimentação,
trabalho, moradia, entre ou-
tros, nos termos do artigo 6º da
Constituição Federal.
É muito comum que, na área
dos transportes urbanos, as
propostas apresentadas pelos
candidatos se restrinjam à re-
dução ou manutenção de tari-
fas, aumento das gratuidades,
crescimento da frota de ônibus
e do número de linhas.
PROMESSAS. Infelizmente, na
maioria dos casos, as propos-
tas têm caráter eleitoreiro, não
são factíveis e não possuem ne-
nhum compromisso com as ne-
cessidades da população.
Neste momento, o setor pas-
sa por uma relevante mudança
de visão por parte das autorida-
des, das empresas operadoras
e dos próprios passageiros. Es-
sas transformações são mate-
rializadas, principalmente, na
discussão da desoneração da fo-
Nas eleições
dios públicos às passagens, que
municipais de podem chegar até a zerar a tari-
outubro, o foco dos fa, como já acontece em 105 ci-
candidatos deveria dades brasileiras, número que
vem aumentando a cada dia; e
ser a busca por um na descarbonização da frota de
transporte público ônibus, com a substituição de
de melhor qualidade veículos convencionais por no-
vos que poluem menos.
Parte dessas mudanças pode
ser resolvida com a aprovação
do novo marco legal do trans-
porte público, que tramita no
Congresso, e estabelecerá no-
vas regras na relação entre po-
der concedente e empresas pri-
vadas, que operam os serviços
de transportes de passageiros.
Todas essas iniciativas preci-
sam garantir a prestação de
um serviço de qualidade, de
baixo custo, com característi-
cas de universalidade e de aces-
sibilidade. Os futuros gestores
das cidades brasileiras preci-
sam introjetar as mudanças
em andamento, incorporar no-
vos conceitos e enxergar o
transporte urbano não como
serviços públicos.
Sem um transporte adequa-
do, o doente não chega ao hos-
pital, o estudante não vai à esco-
la, o trabalhador não se desloca
até o local do seu emprego e a
população não tem acesso às
demais atividades inerentes à
vida nas cidades.
É preciso investir na moder-
nização da infraestrutura ne-
cessária para a prestação de um
melhor serviço, com efetiva
prioridade ao transporte coleti-
vo; respeitar os contratos de
concessão ou permissão com
as empresas operadoras, para
que elas possam dispor de uma
frota de ônibus moderna, com
veículos confortáveis e com bai-
xa idade média. E, também, ga-
rantir uma tarifa pública módi-
ca aos passageiros, para que
mais gente faça a opção por es-
se meio de transporte em seus
deslocamentos diários. l
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS
EMPRESAS DE TRANSPORTES URBANO (NTU)

mento socioeconômico das ci-
dades, não tem sido tratado
com a devida importância nas
campanhas eleitorais. Vale des-
lha de pagamento das empre- um negócio de empresa priva-
NA WEB
sas e da reforma tributária, que da; mas, como um serviço pú- Para saber o que pensam outros
podem reduzir o custo do servi- blico (dever do Estado e direi- embaixadores da Mobilidade, acesse:
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ço e o preço da tarifa para o pas- to do cidadão) que garante, in- embaixadores

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D8 MOBILIDADE
Logística
Caminhão semipesado elétrico da Scania
faz parte da descarbonização da PepsiCo
Como mais uma ação
de sustentabilidade da
empresa, veículo vai
operar entre centros
de distribuição no
interior de São Paulo
MÁRIO SÉRGIO VENDITTI
Depois dos veículos comer-
ciais de menor porte, os cami-
nhões elétricos começam a ga-
nhar espaço nas operações lo-
gísticas das empresas. Nessa
área, a Volkswagen tem o e-De-
livery, a BYD oferece eT7 e T18
e a JAC é representada por
EJT12,5 e EJT18,0.
Agora surge um novo perso-
nagem, o caminhão Scania P25
6x2, com autonomia de 200
quilômetros. Ele foi comprado
pela PepsiCo, empresa de ali-
mentos e bebidas, para operar
entre os centros de distribui-
ção das cidades paulistas de Ca-
breúva, Itu, Valinhos, Indaiatu-
ba e Sorocaba.
A compra do semipesado im-
portado da Suécia faz parte da
estratégia global da empresa, ba-
tizada de PepsiCo Positive
(pep+). “A missão desse progra-
ma é transformar nossa cadeia
de valor de ponta a ponta, redu-
zir em 40% as emissões de gases
de efeito estufa até 2030 e che-
gar a zero em 2040”, afirma An-
derson Pinheiro, diretor de lo-
gística da PepsiCo Brasil, em en-
trevista ao Mobilidade.
A política da PepsiCo rumo à
descarbonização é forte. A em-
presa tem no País uma frota de
4 mil veículos, sendo 160 elétri-
cos e GNV. Em 2020, ela pas-
sou a usar dez caminhões elé-
tricos e 18 unidades movidas a
GNV, responsáveis por dimi-
nuir em 23% as emissões de
CO2, em comparação aos cami-
nhões tradicionais.
Enel X inaugura hub de
recarga em São Paulo
Seja com caminhões ou automó-
veis de passeio, o crescimento
da frota de veículos elétricos no
Brasil vem exigindo investimen-
tos na infraestrutura de recarga.
A Enel X, divisão do Grupo
Enel, inaugurou, no dia 6 de fe-
vereiro, seu primeiro hub de re-
cargas. Localizado no estacio-
namento do Shopping SP
Market, zona sul de São Paulo,
o eletroposto pode abastecer
20 veículos ao mesmo tempo.
Ocupando uma área de 230
m², a estação oferece a possibi-
Scania P25 tem motor 100% elétrico, de 310 cv de potência; veículo pode transportar até 23 toneladas
SISTEMA ORENGE. “Até hoje, a fro-
ta deixou de emitir 5 mil tonela-
das de CO2, valor equivalente ao
plantio de mais de 36 mil árvo-
res”, destaca Pinheiro. “Além dis-
so, a PepsiCo implementou pai-
néis de filmes fotovoltaicos orgâ-
nicos em 250 caminhões. É uma
tecnologia pioneira para a recar-
ga utilizando energia solar”, co-
menta Pinheiro.
O sistema, chamado Oren-
ge, contribuirá para reduzir
ainda mais a pegada de carbo-
no da companhia, ao evitar o
despejo anual de 7,8 toneladas
de CO2 na atmosfera.
Segundo Pinheiro, a frota se-
cundária da PepsiCo – compos-
ta por veículos que fazem a últi-
ma milha dentro das áreas urba-
nas – recebeu painéis solares a
lidade de recargas rápidas, que
duram só 30 minutos. Com 195
kW de potência instalada, o
hub permite o pagamento pelo
aplicativo da empresa Zletric.
“Ao aumentar o número de
eletropostos que combinam se-
gurança, conforto e rapidez, re-
forçamos a confiança do consu-
midor na aquisição de veículos
elétricos”, acredita Francisco
Scroffa, diretor geral da Enel X.
Em 2023, a empresa instalou
mais de 500 carregadores públi-
cos e semipúblicos no País.
fim de absorver a energia neces-
sária para alimentar a bateria.
Outra medida em prol da sus-
tentabilidade é o aproveitamen-
to de material reciclável. A Pep-
siCo usa em seus caminhões
Redução nas emissões
Em 2020, a empresa
passou a usar dez
caminhões elétricos e 18
unidades movidas a GNV
400 baús produzidos com fi-
bras extraídas de garrafas PET e
embalagens de plástico flexível
de snacks pós-consumo.
“Com essa iniciativa, utiliza-
mos nos baús 10 toneladas de
plástico, o equivalente a 150
Polo de carregamento recém-aberto na capital paulista atende até 20 veículos simultaneamente
“Eles foram colocados em es-
tradas, postos de combustí-
veis, áreas comerciais, indus-
triais e residenciais”, diz o exe-
QUARTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2024
MARCO PINTO/PEPSICO
mil garrafas PET e 370 mil em-
balagens”, diz o executivo.
E-DELIVERY. Se a Scania acaba
de entrar no segmento dos elé-
tricos, a Volkswagen Cami-
nhões e Ônibus (VWCO) segue
expandindo suas negociações
com as empresas com o e-Deli-
very, que estreou em 2021.
Até agora, a fabricante já co-
mercializou 500 unidades do e-
Delivery, desenvolvido espe-
cialmente para o mercado brasi-
leiro. “O veículo, que está prepa-
rado para diferentes aplica-
ções, atende a certos nichos e
em pequenos volumes”, define
Argel Franceschini, gerente exe-
cutivo de e-Mobility da VWCO.
Para ele, o e-Delivery tem
grande capacidade de inovação.
cutivo. “É o nosso compromis-
so com a inovação e a sustenta-
bilidade na eletromobilidade
brasileira.” l
O ESTADO DE S. PAULO
“Um dos destaques é a versatili-
dade para o segmento urbano,
porque é o caminhão elétrico
com mais variantes de aplica-
ção no Brasil. De Norte a Sul, ele
é encontrado com mais de dez
implementos diferentes”, diz.
Franceschini dá alguns exem-
plos. O e-Delivery está nas ruas
na distribuição de bebidas e no
transporte de combustível.
Além disso, o veículo pode ope-
rar em condições severas, co-
mo a de coleta de resíduos ou
com cargas frigorificadas.
“Nada melhor do que um ca-
minhão sob medida para a ati-
vidade do cliente, com baixo
impacto ambiental, emissão
zero de poluentes e custo de
manutenção reduzido”, ressal-
ta Franceschini.
PARCEIROS. Para o transporte
de bebidas, a VWCO tem par-
ceiros importantes, como Am-
bev e Coca-Cola, rival da Pepsi-
Co que preferiu a Scania. Um
dos implementos usados nesse
trabalho é o baú de alumínio,
ideal para entregas urbanas.
O e-Delivery também atua
em operações especiais. No Ae-
roporto de Guarulhos (SP),
ele é dotado de toda infraestru-
tura para levar o combustível
dos tanques subterrâneos até
os aviões. Já no Aeroporto de
Manaus (AM), o caminhão es-
tá a serviço da BR Aviation e da
Pioneiro Combustíveis.
Outra parceria de sucesso
acontece com a Audi para as pri-
meiras entregas 100% sustentá-
veis de veículos no País. O e-Deli-
very assumiu o transporte do
modelo Audi RS eTron GT para
seus novos proprietários.
Para isso, o modelo versão 4x2
de 11 toneladas ganhou platafor-
ma-guincho para o transporte
dos automóveis, garantindo a se-
gurança no trajeto das lojas até
as garagens do consumidor. l
FOTOS: ENEL-X
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