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HISTÓRIA DO DIREITO
São José
2017
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INTRODUÇÃO
As leis eram aplicadas na República Romana pelos pontífices e representantes da classe dos
patrícios que as guardavam em segredo. Em especial, eram majoritariamente aplicadas contra
os plebeus. Por esse motivo, um plebeu de nome Terentílio propôs no ano de 462 a.C. que
houvesse uma compilação e publicação de um código legal oficial. A iniciativa visava
permitir que os plebeus também conhecessem as leis e impedir o abuso que era feito delas
pelos pontífices e patrícios.
A ideia de se criar uma lei oficial publicada foi recusada pelos patrícios durante muito tempo,
já que tentaram manter por mais tempo possível o privilégio no controle jurídico sobre a
população romana. Essa condição dava aos patrícios enormes poderes de manipulação e
repressão aos plebeus. Somente em 451 a.C. que um grupo formado por dez homens foi
reunido para preparar o projeto oficial. É possível que uma equipe tenha ido à Grécia estudar
as leis utilizadas por Sólon.
No ano em que o grupo se formou para elaborar as leis, foram publicados dez códigos. No
ano seguinte, foram incluídos mais dois. Assim se formaram as Doze Tábuas, nome utilizado
justamente porque as leis foram publicadas em doze tabletes de madeira, os quais foram
afixados no Fórum Romano para que todos pudessem ler.
A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado na época.
Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando a
família e rituais para negócios formais. O texto oficial foi perdido junto com diversos outros
documentos quando os gauleses colocaram fogo em Roma no ano 390 a.C. Hoje conhecemos
apenas fragmentos obtidos através de versões não oficiais e citações feitas por outros autores.
O conteúdo do código foi reconstituído pelos historiadores com as informações que foram
encontradas. Sabe-se que a Lei das Doze Tábuas versava sobre organização e procedimento
judicial, normas para os inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, propriedade, servidões,
delitos, direito público e direito sagrado, além de alguns assuntos complementares.
Assim como as leis que existiam anteriormente, o código oficial publicado combinava penas
rigorosas com procedimentos severos. A Lei das Doze Tábuas diz muito sobre a sociedade e
os métodos judiciais dos romanos, mas sua implicância vai muito além disso. Os tabletes
representaram o primeiro documento legal a oficializar o Direito Romano, de onde se
estruturam todos os corpos jurídicos do Ocidente. Procuramos estabelecer um paralelo direto
entre algumas destas normas em consonância com normas e procedimentos do Código de
Processo Civil Brasileiro que nos interessa mais proximamente.
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OBJETIVOS
Objetivo geral
Analisar e interpretar as leis da antiga legislação do direito romano, chamada leis das doze
tábuas com relação as leis civis e penais do Direito brasileiro em vigor.
Objetivos específicos
Associar os artigos das normas antigas com as normas e leis do Direito brasileiro atual;
Relacionar a constante evolução das normas e leis que regem o Direito civil e penal brasileiro.
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TÁBUA PRIMEIRA
Do chamamento a Juízo
Comparando-se o inciso XI da Tábua I com o art. 172 do Código de Processo Civil, nota-se
semelhança na delimitação relativa ao horário dos atos processuais.
Há, porém, diferenças entre códigos pela aceitação de exceções pelo Código de
Processo Civil brasileiro, segundo o qual:
Art.172 – os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às (vinte) 20 horas.
Parágrafo primeiro: Serão, todavia, concluídos, depois das 20 (vinte) horas, os atos iniciados
antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.
TÁBUA SEXTA
Do direito de propriedade e da posse
1. Se alguém empenha a sua coisa ou vende em presença de testemunhas, o que prometeu tem
força de lei.
2. Se não cumpre o que prometeu, que seja condenado em dobro.
3. O escravo a quem foi concedida a liberdade por testamento, sob a condição de pagar uma
certa quantia, e que é vendido em seguida, tornar-se-á livre se pagar a mesma quantia ao
comprador.
4. A coisa vendida, embora entregue, só será adquirida pelo comprador depois de pago o
preço.
5. As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas móveis
depois de um ano.
6. A mulher que residiu durante um ano em casa de um homem, como se fora sua esposa, é
adquirida por esse homem e cai sob o seu poder, salvo se se ausentar da casa por 3 noites.
7. Se uma coisa é litigiosa, que o pretor a entregue provisoriamente àquele que detém a posse;
mas se se tratar da liberdade de um homem que está em escravidão, que o pretor lhe conceda a
liberdade provisória.
8. Que a madeira utilizada para a construção de uma casa, ou para amparar videira, não seja
retirada só porque o proprietário a reivindica; mas aquele que utilizou a madeira que não lhe
pertencia, seja condenado a pagar o dobro do valor; e se a madeira é destacada da construção
ou do vinhedo, que seja permitido ao proprietário reivindicá-la.
9. Se alguém quer repudiar a sua mulher, que apresente as razões desse repúdio.
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As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas móveis
depois de um ano.
Com respeito à propriedade rural, salienta -se na legislação brasileira que o agente não deve
ser proprietário de nenhum imóvel rural ou urbano.
Art. 1.238, Código Civil. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-
fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de
caráter produtivo. No entanto, diferenciam-se, no artigo 1.238 do Código Civil. O prazo de
quinze anos expresso no caput do artigo é reduzido a dez anos em seu parágrafo único caso o
possuidor tenha estabelecido moradia ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo no
imóvel.
Art.1.239, Código Civil. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
nela sua mor adia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.240, Código Civil. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.
TÁBUA SEGUNDA
Dos julgamentos e dos furtos
1. ... cauções... subcauções ... a não ser que uma doença grave ... um voto ..., uma ausência a
serviço da república, ou uma citação por parte de estrangeiro, deem margem ao impedimento;
pois se o citado, o juiz ou o árbitro, sofre qualquer desses impedimentos, que seja adiado o
julgamento.
2. Aquele que não tiver testemunhas irá, por três dias de feira, para a porta da casa da parte
contrária, anunciar a sua causa em altas vozes injuriosas, para que ela se defenda.
3. Se alguém comete furto à noite e é morto em flagrante, o que matou não será punido.
4. Se o furto ocorre durante o dia e o ladrão é flagrado, que seja fustigado e entregue como
escravo à vítima. Se é escravo, que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpeia.
5. Se ainda não atingiu a puberdade, que seja fustigado com varas a critério do pretor, e que
indenize o dano.
6. Se o ladrão durante o dia se defende com arma, que a vítima peça socorro em altas vozes e
se, depois disso, mata o ladrão, que fique impune.
7. Se, pela procura cum lance licioque, a coisa furtada é encontrada na casa de alguém, que
seja punido como se fora um furto manifesto.
8. Se alguém intenta ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado no dobro.
9. Se alguém, sem razão, cortou árvore de outrem, que seja condenado a indenizar à razão de
25 asses por árvore cortada.
10. Se transigiu com um furto, que a ação seja considerada, extinta.
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TÁBUA QUINTA
Das heranças e tutelas
1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens ou a tutela dos filhos
terão a força de lei.
2. Se o pai de família morre intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que o agnado
mais próximo seja o herdeiro.
3. Se não há agnados, que a herança seja entregue aos gentis.
4. Se um liberto morre intestado, sem deixar herdeiros seus, mas o patrono ou os filhos do
patrono a ele sobrevivem, que a sucessão desse liberto transfira ao parente mais próximo na
família do patrono.
5. Que as dividas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão de
cada um.
6. Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros, poderão partilhá-los, se assim o
desejarem; para esse fim o pretor poderá indicar 3 árbitros.
7. Se o pai de família morre sem deixar testamento, ficando um herdeiro seu impúbere, que o
agnado mais próximo seja o seu tutor.
8. Se alguém se torna louco ou pródigo e nato tem tutor, que a sua pessoa e seus bens, sejam
confiados à curatela dos aguados e, se não há agnados, à dos gentis.
Art. 1.784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
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I. Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for
atribuída ao filho;
II. Se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que
couber a cada um daqueles;
III. Se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança.
IV. Não havendo parentes sucessíveis, terá direito a totalidade da herança.
TÁBUA OITAVA
Dos direitos prediais
Prevê o art. 1.277 do Código Civil que "o proprietário ou o possuidor de um prédio tem o
direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que
o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha".
Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato ilícito; abusivos,
aqueles que causam incômodo ao vizinho, mas estão nos limites da propriedade (barulho
excessivo, por exemplo); lesivos, que causam danos ao vizinho, porém não decorre de uso
anormal da propriedade (indústria cuja fuligem polui o ambiente, por exemplo).
Os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal de propriedade, posto que ultrapassam os
limites toleráveis da propriedade. Outro ponto a ser analisado para verificar a normalidade de
uso é a zona de conflito, somados aos costumes locais, já que são diferentes num bairro
residencial e industrial, por exemplo. Além disso, deve-se considerar a anterioridade da posse,
pois a pessoa que comprou o imóvel próximo de estabelecimentos barulhentos não tem razão
de reclamar.
Entende-se que os primeiros a se instalarem num certo local determinam a sua destinação, no
entanto, esta teoria não é absoluta, ou seja, os proprietários não podem se valer da
anterioridade para justificar a moléstia ao vizinho.
Soluções
As reclamações serão atendidas apenas se danos forem intoleráveis. Sendo assim, deve o juiz
primeiro determinar a sua redução, de modo a torná-lo suportável pelo homem normal.
De acordo com o art. 1.279 do CC "ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as
interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas, se
tornarem possíveis".
Porém, se não for possível que o dano seja reduzido a um nível normal de tolerância,
determinará o juiz a cessação da atividade causadora do incômodo (fechamento da indústria,
p.ex.). Deve-se observar, no entanto, que se a atividade for de interesse social, determina-se
que o causador do dano pague indenização ao vizinho (art. 1.278 do CC).
A ação que deve ser interposta nestes casos é a cominatória, que pode ser ajuizada pelo
proprietário, pelo possuidor ou pelo compromissário comprador. Porém, se o dano for
consumado, caberá ação de ressarcimento de danos.
Estabelece ainda o art. 1.280 do CC que "o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do
dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como
que lhe preste caução pelo dano iminente".
Árvores Limítrofes
Dispõe o art. 1.282 do CC que "a árvore, cujo o tronco estiver na linha divisória, presume-se
pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes".
Pode ainda, conforme previsto no art. 1.283, o proprietário do terreno invadido pelas raízes ou
ramos de árvore que ultrapassarem a estrema do prédio, cortá-los até o plano divisório.
Tem direito, também, o vizinho aos frutos que caírem naturalmente no solo de seu imóvel, se
este for particular. Já se cair em propriedade pública, o proprietário continuará sendo seu
dono.
Cabe lembrar que, sendo comum a árvore, os frutos e o tronco, pertencem a ambos os
proprietários e, por isso, não pode um deles arrancá-lo sem o consentimento do outro.
Das águas
De acordo com o art. 1.288 do CC "o dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a
receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que
embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser
agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior".
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Prevê ainda o art. 1.290 do mesmo código o direito às sobras das águas nascentes e pluviais
dos prédios inferiores, que poderão utilizá-las através de servidão.
Não pode o proprietário do prédio superior poluir as águas indispensáveis às necessidades
primordiais dos possuidores dos imóveis inferiores e deverá recuperar ou ressarcir os danos
pelas demais que poluírem, conforme dispõe o art. 1.291 do CC.
Estabelece também o art. 1.292 do mesmo diploma que "o proprietário tem direito de
construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as
águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano
sofrido, deduzido o valor do benefício obtido".
Limites entre prédios e direito de tapagem
Preceitua o art. 1.297 do CC: "o proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de
qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder
com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas
despesas.
É interesse do dono de um prédio que se estabeleça os limites extremos de sua propriedade".
A ação cabível para solucionar as confusões entre as linhas divisórias é a demarcatória, que
não se confunde com ações possessórias e reivindicatórias.
Interposta tal ação o juiz delimitará as áreas de acordo com a posse justa e, no caso de a
mesma não ser provada, o terreno será dividido em partes iguais entre os prédios ou, não
sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro
(art. 1.298 do CC).
Entende-se que os tapumes pertencem a ambos os proprietários confinantes que, por isso,
devem arcar com as despesas de conservação e construção em partes iguais.
Porém, para "a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles,
pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas".
Limitações e responsabilidades
O art. 1.299 do C.C. que "o proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos".
Assim, todo o proprietário deve ressarcir o seu vizinho pelos danos causados pela construção,
podendo este último valer-se da ação de indenização, na qual provará a ocorrência do dano e o
nexo de causalidade com a construção.
Cabe lembrar que os construtores, arquitetos e empresas que prestam serviços de construção
civil respondem solidariamente com os proprietários pelos danos causados pela obra, já que
são técnicos habilitados para realizá-la. Se os danos decorrem de imperícia ou negligência do
construtor, pode o proprietário que pagar sozinho valer-se de ação regressiva contra àquele.
Já na zona rural não se pode levantar edificações a menos de três metros do terreno vizinho
(art. 1.303 do CC).
Águas e beirais
Estabelece o art. 1.300 do Código Civil que "o proprietário construirá de maneira que o seu
prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho", portanto, as águas pluviais
devem ser despejadas no solo do proprietário e não no do vizinho, já que este só está obrigado
a receber as águas que naturalmente correm para seu prédio.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com relação as leis antigas e as atuais nota-se que algumas questões daquela época ainda são
presentes nos dias de hoje, como por exemplo da primeira tábua, onde o acusado teria que
comparecer ao tribunal em data estabelecida pelo magistrado, da mesma forma que acontece
atualmente. Outro exemplo é da tábua de número 4, onde o pai tinha o total poder sobre o
filho, com um pouco mais de rigorosidade, mas não muito diferente de hoje, onde o pai tem
total responsabilidade sobre os atos do filho até ele atingir a sua maioridade (18 anos, no caso
da lei atual), mas também algumas poucas tabuas, diferem totalmente dos dias atuais, citando
como exemplo a tábua que pune os inadimplentes, que o homicida pagava com a vida, caso
totalmente contra as nossas leis, onde o direito de matar se aplica apenas na legítima defesa,
sendo então negado essa possibilidade ao Estado. As penas corpóreas foram sendo
abandonadas, tendo em vista a ineficácia da sua aplicação como exemplo, pois muitas vezes
essa aplicação, acabava sendo excessivamente cruel ou desumana, levando em conta que às
vezes se prolongava e o povo acabava se revoltando.
Hoje, graças a tecnologia, temos um maior acesso as informações. Isso faz com que
consigamos denunciaras injustiças sociais e provocar o direito para que ele atinja a maior
parte da população possível. Fazendo isso, queremos transformar o direito que serve a poucos,
seja alternado em um direito de todos.
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REFERÊNCIAS
Sites: