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Foi uma matéria que começou por ser regulada logo nas Ordenações Manuelinas, também
integrada nas Filipinas e vai ser agora regulada pela Lei da Boa Razão.
O diploma vai definir com muito pormenor como é que os Assentos deviam ser elaborados,
suscitados, aprovados, publicados, nos parágrafos I a III. Introduz uma nova maneira de
suscitar assentos: quando os advogados das partes tivessem um entendimento diferente sobre
a interpretação da lei.
Acentuava a exigência de publicidade e a sua natureza geral, abstrata e vinculativa, no
parágrafo IV. Define também que os Assentos, que existiam para interpretar a Lei Régia,
tinham exatamente o mesmo valor destas. Logo, a Lei da Boa Razão vai reforçar o papel dos
assentos interpretativos.
No parágrafo VIII é denunciada a prática abusiva das Relações do Porto, Bahia, Rio de Janeiro e
Índia praticavam, ao invocarem que também podiam emitir assentos interpretativos
vinculativos. Porém, isto tratava-se de uma prática contra legem, pois as Ordenações definiam
que apenas os assentos interpretativos da Casa da Suplicação podiam ser vinculativos. A Lei da
Razão explica o porquê, ao referir que os juízes da Casa da Suplicação eram os mais
experientes, com grande proximidade ao trono, com facilidade de recorrerem ao Rei em caso
de dúvida, etc.
Assim, proíbe-se que as Relações e os restantes Tribunais, exceto a Casa da Suplicação,
emitissem assentos interpretativos vinculativos autonomamente. Mas é permitido que os
Tribunais das Relações enviem os seus assentos para a Casa da Suplicação, cabendo a esta
aprovar ou reprovar o assento.
É possível concluir que se tratou de uma lei importantíssima, que prosseguiu vários objetivos
como impedir as irregularidades em matéria de assentos e quanto à aplicação do direito
subsidiário, mas também fixar normas sobre a validade do costume e os elementos que o
intérprete podia recorrer para o preenchimento de lacunas. Introduziu uma reforma muito
importante para o Direito Português, que muitos autores consideram ter preparado o
Monismo Jurídico.